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⁸ESCOLA ESTADUAL NEMÉSIO CÂNDIDO GOMES

Escolas Literárias

Rayssa Silva de Melo

São Paulo
2

2022

Rayssa Silva de Melo

Escolas Literárias

Trabalho sobre a Escolas Literárias,


apresentada a matéria de Português
na Escola Nemésio Cândido Gomes,
orientado pela professora Michelle,
como requisito final à obtenção de
nota na matéria de Português.
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São Paulo
2022

SUMÁRIO

Introdução 04
Realismo e Naturalismo 05
Realismo 07
Naturalismo 12
Parnasianismo 21
Simbolismo 25
Pré- modernismo 32
Modernismo 35
Pós-Modernismo 39
Conclusão 41
Referências Bibliográfica 42
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. Realismo e Naturalismo
O Realismo e Naturalismo são movimentos literários que surgiram na Europa em meados do
século XIX.

O marco inicial do realismo foi a publicação da obra Madame Bovary (1857), de Gustave
Flaubert.

Já o naturalismo, tem início em 1867 quando foi publicado o romance Thérèse Raquin, de
Émile Zola.

O que o realismo e o naturalismo têm em comum?


 contrários ao Romantismo, negam a fuga da realidade;
 resgate do objetivismo com descrições detalhadas;
 sugerem a representação fiel da realidade;
 apontam falhas e propõem mudanças de comportamentos humanos e das instituições;
 substituem os heróis românticos por pessoas limitadas e comuns.

Quais as diferenças entre o realismo e o naturalismo?


1. Linguagem
Realismo

 Linguagem direta;
 Uso de adjetivos realistas.

Naturalismo

 Linguagem simples;
 Uso de regionalismos.

2. Personagens
Realismo

 Heróis são mostrados como pessoas comuns, com defeitos, incertezas e manias;
 Personagens com elaboração psicológica trabalhada;
 Demonstração dos defeitos e detalhes da mulher.

Naturalismo

 Ser humano é mostrado como animal;


 Personagens patológicas;
 Impessoalidade.
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3. Influências
Realismo

 Materialismo;
 Universalismo;
 Cientificismo.

Naturalismo

 Objetivismo científico;
 Determinismo.

4. Narrativa
Realismo

 Descrições de ambientes e personagens;


 Narrativa lenta.

Naturalismo

 Demonstração de detalhes;
 Harmonia e clareza na composição.

5. Principais temas
Realismo

 Vida cotidiana;
 Subordinação do amor aos interesses sociais;
 Críticas às instituições sociais e aos valores burgueses.

Naturalismo

 Sensualismo e erotismo;
 Temas mais sombrios;
 Engajamento social.

Principais Autores do Realismo no Brasil

 Machado de Assis (1839-1908) - foi o principal autor do movimento literário Realismo no


Brasil. Entre suas obras destacam-se: Memórias Póstumas de Brás Cubas, Dom
Casmurro, Esaú e Jacó e Memorial de Aires.
 Raul Pompeia (1863-1895) destaca-se com sua obra O Ateneu.

Principais autores do Naturalismo no Brasil


 Aluísio Azevedo (1857-1913) - a publicação de O Mulato, em 1881, do autor Aluísio
Azevedo, marca o início do Naturalismo no Brasil. Azevedo também publicou Casa de
Pensão (1884) e O Cortiço (1890).
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 Adolfo Ferreira Caminha (1867-1897) - a obra de Caminha que merece destaque é A


Normalista (1893).

Realismo
O realismo foi um movimento literário e artístico que teve início em meados do século XIX,
na França.

Como o próprio nome sugere, essa manifestação cultural significou um olhar mais realista e
objetivo sobre a existência e as relações humanas, surgindo como oposição ao romantismo e
sua visão idealizada da vida.

A vertente se manifestou principalmente na literatura, sendo seu marco inicial o romance


realista Madame Bovary, de Gustave Flaubert, em 1857.

Entretanto, é possível encontrar também nas artes visuais, sobretudo na pintura, obras de
cunho realista. Foram artistas de destaque Gustav Courbet, na França, e Almeida Junior, no
Brasil.

O movimento se estendeu para várias partes do mundo e teve espaço em solo brasileiro,
principalmente na literatura de Machado de Assis.

Características do movimento realista


As principais características da escola realista são:

 oposição ao romantismo;
 objetividade, trazendo cenas e situações de forma direta;
 caráter descritivo;
 análise de traços de personalidade e da psique das personagens;
 tom crítico sobre as instituições e a sociedade, sobretudo a elite;
 exibição de falhas de caráter, derrotas pessoais e comportamentos duvidosos;
 interesse em incitar questionamentos no público;
 valorização da coletividade;
 valorização de conhecimentos científicos propostos em teorias como o Darwinismo,
Socialismo Utópico e Científico, Positivismo, Evolucionismo;
 enfoque em temas contemporâneos e cotidianos;
 na literatura desenvolveu-se mais intensamente na prosa e no conto;
 caráter de denúncia social.

As características citadas contemplam principalmente a escola literária realista. Entretanto, a


mesma atmosfera objetiva e crítica foi retratada nas outras linguagens da arte, como na
pintura realista.

Contexto histórico do realismo


O contexto histórico e social no período do realismo foi bastante conturbado. Foi uma época
de grandes transformações que revolucionaram a forma das pessoas se relacionarem e
entenderem a realidade ao seu redor.
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O modelo capitalista se intensificou e a classe burguesa passou a ter maior poder de decisão,
gerando um aprofundamento das desigualdades sociais, com maior exploração da classe
trabalhadora, exposta a longas jornadas de trabalho.

É quando ocorre a Segunda Revolução Industrial e o crescimento da urbanização, assim


como da poluição nas grandes cidades e demais problemas urbanos.

Soma-se a esse cenário avanços tecnológicos importantes, como a lâmpada e o carro movido
à gasolina.

É ainda nesse contexto que surgem teorias científicas que objetivavam interpretar e explicar o
mundo, como o Evolucionismo de Darwin e o Positivismo de Auguste Comte.

Assim, os pensadores da época, artistas e escritores, são influenciados pelos acontecimentos


ao redor e pelos anseios da sociedade.

O movimento realista reflete seu tempo, na busca por uma linguagem mais clara e verossímil,
ao passo que questiona os princípios e padrões burgueses.

Vale destacar que a vertente surge também como um contraponto ao romantismo, movimento
vigente que trazia o individualismo e a idealização da realidade como características
marcantes.

Realismo literário
O movimento realista têm origem na literatura com o lançamento do romance inaugural do
realismo, Madame Bovary, de Gustave Flaubert em 1857, na França.

8A obra teve destaque na época, sendo considerada um ícone da literatura francesa. Flaubert
inovou na narrativa ao expor um casamento infeliz, questionando a idealização romântica e
trazendo assuntos polêmicos, como o adultério e o suicídio.

Na França, além de Flaubert, teve destaque Emile Zola, com a obra Les Rougon-
Macquart (1871).

Essa nova forma de enxergar e retratar a realidade disseminou-se por outros países.

Em Portugal, Eça de Queiroz destaca-se como escritor realista, com O Primo Basílio (1878)
e O crime do Padre Amaro (1875).

Em solo britânico, temos a escritora Mary Ann Evans, que sob o pesudônimo de George
Eliot, escreveu algumas obras realistas, como Middlemarch (1871). Há ainda Henry James,
autor de Retrato de uma Senhora (1881).

Na Rússia, são muito reconhecidos os escritores realistas Fiódor Dostoiévski, Liev Tolstói e
Anton Tchekhov.

Eles produziram obras icônicas da literatura mundial como Crime e Castigo (1866), de
Dostoiévski, Anna Karenina (1877), de Tolstoi e As três irmãs (1901) de Tchekhov.
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Influenciados pelo movimento europeu, o realismo estende-se também para as terras


brasileiras.

Realismo no Brasil
No Brasil, o realismo surge durante do Segundo Reinado de Dom Pedro II como uma
maneira de criticar a sociedade burguesa e a monarquia, expondo contradições e
desigualdades sociais.

Isso porque, foi o período em que ocorre a abolição da escravatura, a chegada de imigrantes e
diversos avanços tecnológicos.

Assim, é na figura de Machado de Assis que o movimento ganha seu maior representante
nacional.

A publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, em 1881, foi o marco do movimento no


país, sendo considerado o primeiro romance realista brasileiro.

Autores e obras realistas brasileiras


Machado de Assis (1839-1908)
Machado de Assis foi um escritor negro nascido em Livramento, no Rio de Janeiro. Vindo de
uma família humilde, Machado de Assis estudou por conta própria e tornou-se um dos
escritores de maior reconhecimento do país.

Além de romancista, Machado de Assis também foi crítico literário, jornalista, poeta, cronista
e um dos fundadores da Academia brasileira de Letras.

Teve uma carreira fértil na literatura, produzindo diversas obras importantes, com destaque
para Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Quincas Borba (1891), Dom
Casmurro (1899), Esaú e Jacó (1904) e Memorial de Aires (1908).

Raul Pompeia (1863-1895)


Raul D’Ávila Pompeia foi escritor, jornalista e professor. Publicou em 1880 a obra Uma
tragédia no Amazonas, seu primeiro romance. Mas foi com O ateneu, em 1888, que o autor
ganha destaque no realismo.

Pompeia foi um homem de princípios, defensor da abolição da escravatura e das causas


republicanas. Deixava transparecer seus ideais em seus textos realistas, o que acabou por
causar grande polêmica.

Com uma vida conturbada, Raul de Pompeia comete suicídio aos 32 anos em 1895.

Visconde de Taunay (1843-1899)


Visconde de Taunay, cujo nome de batismo era Alfredo Maria Adriano d'Escragnolle
Taunay, foi um escritor, militar e político brasileiro.

Filho de família aristocrata, era defensor da monarquia e teve o título de Visconde concedido
por D. Pedro II, em 1889.
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Mesclando aspectos do romantismo e do realismo, a obra Inocência (1872) é a mais


conhecida de Taunay.

Realismo em Portugal
Em Portugal, a vertente se consolidou através de um episódio conhecido como Questão
Coimbrã, ocorrido em 1865.

Havia um clima de disputa entre os escritores do romantismo e novos autores que buscavam
outra leitura da realidade.

O escritor Feliciano de Castilho, que se identificava como romântico, escreveu em uma carta
duras críticas a autores da nova geração que estudavam na Universidade de Coimbra, como
Antero de Quental, Vieira de Castro e Teófilo Braga.

Castilho afirmou que os colegas não possuíam “bom senso e bom gosto”, devida à maneira
oposta a dos românticos de se expressar. Por conta disso, Antero de Quental decide escrever
uma obra que leva justamente o título Bom senso e bom gosto, lançada no mesmo ano de
1865.

A partir de então, o texto de Quental em resposta a Feliciano de Castilho torna-se um marco


na literatura realista portuguesa e o movimento passa a ter destaque no país.

Um nome essencial quando se fala em realismo português é Eça de Queiroz, autor dos
romances O Primo Basílio (1878), O Mandarim (1879), Os Maias (1888).

Realismo na Arte
Nas artes plásticas, sobretudo na pintura, o movimento realista também floresceu, ainda que
em menor intensidade.

Gustav Coubert (1819-1877) foi um dos artistas que utilizou a pintura como forma de
expressar suas ideias e concepções realistas. O francês abordava em suas telas cenas de
trabalho, buscando a denúncia social.

Outro pintor francês de destaque na arte realista foi Jean-François Millet (1814-1875), que
também se valia do universo do trabalho, principalmente do campo, como inspiração para sua
pintura. Millet carregava em suas telas uma atmosfera poética que dava voz aos camponeses.
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No Brasil, o artista do realismo que ganhou mais destaque foi Almeida Junior, responsável
por telas importantes como Caipira picando fumo (1893), O Violeiro (1899)
e Saudade (1899).

Romantismo, realismo e naturalismo


O romantismo foi a vertente cultural já acorria antes do realismo. Nela, a visão de mundo era
idealizada, fantasiosa e subjetiva. A linguagem empregada era metafórica e evasiva, com a
valorização do sentimento e emoção.

O realismo, vertente que surge como oposição ao romantismo, a linguagem é culta e direta,
mas ainda assim detalhando com precisão cenas e personagens. Tem a intenção de retratar o
mundo como ele é, explicando o ser humano objetivamente e sem ilusões.

Já o naturalismo é um movimento que desponta como um aprofundamento de realismo,


trazendo linguagem simplificada, representando tipos humanos animalizados e patológicos.
Busca o engajamento social e o cientificismo.

Muitas vezes realismo e naturalismo surgem em uma mesma obra literária.

Naturalismo
O naturalismo foi um movimento artístico e cultural que se manifestou na literatura, no teatro
e nas artes plásticas, e teve como principais características a objetividade, a impessoalidade e
o retrato fiel da realidade.

Ele surgiu na França, em meados do século XIX, e se espalhou rapidamente para outros
países da Europa e do mundo.

Oposto ao Romantismo, que apresentava uma face sonhadora, com idealizações,


subjetivismos e fuga da realidade, o naturalismo prezou pelo objetivismo científico.
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Influenciado pelas correntes científicas e filosóficas que surgiam na Europa como o


determinismo, o darwinismo e o cientificismo, para os artistas naturalistas, tudo estava
determinado e possuía uma explicação lógica pautada na ciência.

Através de uma visão imparcial dos fatos, nada era sugerido ou apresentado de maneira
subjetiva. O ser humano passou a ser visto como uma máquina, sem livre arbítrio, e
influenciado pelo meio social e físico em que está inserido.

Assim, surge uma arte de denúncia social, focada nos temas da pobreza, das desigualdades,
da disputa de poder e das patologias sociais.

No Brasil, o movimento naturalista começa em 1881 com a publicação da obra O Mulato, de


Aluísio de Azevedo. Já em Portugal, o movimento surge em 1875 com o romance O crime do
padre Amaro, do escritor Eça de Queiroz.

Características do naturalismo
Determinismo: segundo essa corrente teórica, a natureza determina o caráter e o
comportamento do ser humano, uma vez que tudo já está pré-determinado e estabelecido. Por
essa perspectiva, o homem é influenciado pelo meio em que vive, sendo fruto dele.

Positivismo: corrente filosófica que se apoia na ciência para atingir o conhecimento


verdadeiro. Para esses teóricos, o conhecimento científico é utilizado para explicar as teorias
e as leis científicas, bem como o ser humano e a sociedade.

Objetivismo científico: para os naturalistas, a ciência era a chave e os fatos eram explicados
à luz das correntes científicas que vigoravam em meados do século XIX. Assim, os artistas
naturalistas não projetam em suas obras utopias e ideias idealizadas.

Darwinismo social: pautado nas ideias de Charles Darwin, como a seleção natural e o
evolucionismo, esse conceito sugere que os mais fortes sobrevivem às adversidades da
sociedade, enquanto os outros enfraquecem.

Oposição ao Romantismo: avesso às ideias românticas de fuga da realidade e subjetividade,


o naturalismo focou em aspectos da objetividade, além de retratar a realidade sem idealismos.

Imparcialidade e impessoalidade: apoiados em correntes científicas para explicar a


realidade, os autores do naturalismo costumam ser objetivos, imparciais e impessoais em suas
descrições. Assim, deixam de lado os juízos de valores e opiniões que não estejam
fundamentados em teorias.

Descrições detalhadas: na literatura naturalista, existe grande preocupação com as minúcias,


pois os autores pretendem fazer um retrato fiel de onde se passa a trama. Para isso, as
narrativas naturalistas costumam ser lentas e cheia de detalhes.

Zoomorfização: influenciado pelo darwinismo social, no naturalismo as personagens


apresentam características animalescas e instintivas, através de uma perspectiva biológica.
Assim, os comportamentos humanos se aproximam dos animais, mostrando que o homem é
condicionado pelo meio em que vive.
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Retrato fiel da realidade: na arte naturalista, é notória a preocupação em observar o mundo


e as coisas que nos rodeiam de maneira bastante minuciosa para entregar ao expectador um
retrato verossímil da realidade.

Temas degradantes e de patologia social: na arte naturalista, o tom é de denúncia com foco para os
problemas sociais e morais. Os temas mais explorados pelos

artistas são: a pobreza extrema, as injustiças, as desigualdades sociais, a violência, as


perversões, os crimes e a falta de caráter.

Passividade do ser humano: na arte naturalista, os seres humanos são produtos das forças do
mundo, e, por isso, não possuem livre-arbítrio. Eles são guiados pelas leis científicas e
influenciados pelo meio social e físico em que vivem.

O naturalismo na literatura
A literatura naturalista surge em 1867, na França, com a publicação da obra Thérèse Raquin,
de Émile Zola (1840-1902). Esse é considerado o primeiro romance naturalista e que
posteriormente inspirou muitos escritores.

Naquele momento, a obra foi criticada por abordar temas relacionados com a morte, os
interesses e a sexualidade. Sobre a publicação de Thérèse Raquin, Ferragus, crítico do século
XIX, comenta:

Estabeleceu-se há alguns anos uma escola monstruosa de romancistas, que pretende substituir
a eloqüência da carnagem pela eloqüência da carne, que apela para as curiosidades mais
cirúrgicas, que reúne pestíferos para nos fazer admirar as veias saltadas, que se inspira
diretamente do cólera, seu mestre, e que faz sair pus da consciência. (…) Thérèse Raquin é o
resíduo de todos esses horrores publicados precedentemente. Nele, escorrem todo o sangue e
todas as infâmias…

Embora Thérèse Raquin tenha inaugurado a literatura naturalista, a obra de Émile


Zola, Germinal (1881), foi considerada uma das mais importantes do naturalismo francês.
Nela, o escritor apresenta as condições subumanas de trabalho em uma mina de carvão.

Vale ressaltar que o romance naturalista também é conhecido pelo nome “romance de tese”,
pois defende um ponto de vista. Apoiado em diversas correntes teóricas como o
determinismo, o positivismo e o evolucionismo, ele busca na ciência explicações para os
fenômenos.

Realismo e naturalismo
Surgidos no século XIX na Europa, os movimentos realista e naturalista apresentam
diferenças e similaridades.

Opostos ao movimento artístico anterior, o Romantismo, ambos buscam apresentar um


retrato fiel da realidade, sem idealismos e subjetividades.
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Na literatura realista e naturalista, os escritores fazem descrições minuciosas do ambiente e


das personagens. No entanto, como diferenças, podemos apontar as personagens e os temas
abordados.

No naturalismo, há uma animalização das personagens, as quais são movidas por instintos.
Geralmente, são apresentadas personagens de classe mais baixa. Os temas mais explorados
são a pobreza, as desigualdades, a corrupção, a violência, o sensualismo e o erotismo.

Já no realismo, as personagens também são pessoas comuns, com defeitos e manias, mas
pertencentes à classe média. No realismo, há um maior aprofundamento psicológico das
personagens e os temas preferidos pelos escritores versam sobre o cotidiano, os defeitos
humanos, as instituições, o poder e as diferenças sociais.

Dessa maneira, podemos considerar o naturalismo como um desdobramento do realismo,


sendo mais radical e exagerado que ele.

O naturalismo no Brasil
O naturalismo brasileiro surge no final do século XIX em meio a agitação política e social
promovida pela crise do Segundo Reinado, que culminaria na Proclamação da República, em
1889.

Na literatura, o marco inicial do naturalismo brasileiro é a publicação da obra, em 1881, O


Mulato, do escritor Aluísio Azevedo. Considerado o primeiro romance de tese do Brasil, a
obra aborda o tema do preconceito racial, muito vigente na sociedade da época.

Além do precursor do movimento naturalista, Aluísio de Azevedo, outros autores que


contribuíram com seus escritos foram: Raul Pompeia, Adolfo Caminha e Inglês de Sousa.

Autores naturalistas brasileiros e suas obras


Aluísio de Azevedo (1857-1913), nascido em São Luís do Maranhão, foi um dos principais
escritores do movimento naturalista.

Embora O Mulato seja o romance que inaugura o movimento naturalista no Brasil, sem
dúvida, O Cortiço, publicado em 1890, é sua obra de maior importância.

Nela, o escritor retrata a vida de diversos personagens que vivem em um cortiço no Rio de
Janeiro, revelando aspectos da sociedade carioca em finais do século XIX.

Suas obras de maior destaque são: O Mulato (1881), Casa de Pensão (1884) e O
Cortiço (1890).

Trecho da obra O Cortiço

Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade
de portas e janelas alinhadas.

Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada sete horas de chumbo. Como
que se sentiam ainda na indolência de neblina as derradeiras notas da ultima guitarra da noite
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antecedente, dissolvendo-se à luz loura e tenra da aurora, que nem um suspiro de saudade
perdido em terra alheia.

A roupa lavada, que ficara de véspera nos coradouros, umedecia o ar e punha-lhe um farto
acre de sabão ordinário. As pedras do chão, esbranquiçadas no lugar da lavagem e em alguns
pontos azuladas pelo anil, mostravam uma palidez grisalha e triste, feita de acumulações de
espumas secas. Entretanto, das portas surgiam cabeças congestionadas de sono; ouviam-se
amplos bocejos, fortes como o marulhar das ondas; pigarreava-se grosso por toda a parte;
começavam as xícaras a tilintar; o cheiro quente do café aquecia, suplantando todos os
outros; trocavam-se de janela para janela as primeiras palavras, os bons-dias; reatavam-se
conversas interrompidas à noite; a pequenada cá fora traquinava já, e lá dentro das casas
vinham choros abafados de crianças que ainda não andam.

O segredo ficaria entre ele e a afilhada, inviolável como a sepultura de um santo. E ia


parafusando num meio simples e natural de conquistar o coração de Maria. — Toda a questão
era de oportunidade.

Inglês de Souza (1853-1918), nascido na cidade de Óbidos, no Pará, participou da fundação


da Academia Brasileira de Letras (ABL), embora tenha se destacado na política.

Alguns críticos o consideram introdutor do naturalismo no Brasil, com a publicação da


obra O Coronel Sangrado (1877). No entanto, esse romance não teve muito reconhecimento
no momento em que foi publicado.

A obra que o consagrou foi O Missionário, publicada em 1891, que aborda os aspectos
morais de um religioso que começa a se interessar por uma mestiça, Clarinha.

Trecho da obra O Missionário

E daí em diante, nos dias seguintes, sempre aquele vulto de mulher, indo e vindo pelo quarto,
cuidadosa, falando meigamente, e com uma solicitude incômoda. E então a figura de João
Pimenta, calado e estúpido, limitando-se a duas saudações por dia, a do Felisberto, falando
sem parar, curioso, impertinente, fatigante com o seu latim das brenhas e as suas receitas da
mãe Benta de Maués para todas as moléstias, e a da Clarinha, a mameluca, a irmã do
Felisberto, com a sua saia de chita verde sobre a camisa, sem anáguas, e o seu cabeção
rendado que, num descaro impudente, deixava ver a pele acetinada e clara, trotavam-lhe na
cabeça, num vaivém contínuo de entradas e saídas, entremeadas de palavras ocas duma
sensibilidade extrema, de cuidados excessivos que lhe deixavam, sobretudo as palavras e os
cuidados da rapariga, uma impressão penosa. Aquela mameluca incomodava-o, irritava-lhe
os nervos doentes, com o seu pisar firme de moça do campo, a voz doce e arrastada, os olhos
lânguidos de crioula derretida.

O naturalismo em Portugal
O naturalismo em Portugal tem início na década de 70, se manifestando na literatura e na
pintura.

O marco da literatura naturalista portuguesa é a publicação do romance O crime do padre


Amaro, em 1875, do escritor Eça de Queiroz. Essa obra reúne aspectos da escola realista e
naturalista, movimentos que se complementaram e aconteceram de maneira simultânea.
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Além do introdutor do movimento português naturalista, Eça de Queiroz, outros escritores


são: Abel Botelho e Júlio Lourenço Pinto.

Na pintura naturalista portuguesa, os artistas que tiveram grande notoriedade foram: Silva
Porto (1850-1893), José Malhoa (1855-1933) e Columbano Bordalo Pinheiro (1857-1929).

Todos eles fizeram parte de um grupo que ficou conhecido como o “Grupo do Leão”,
formado por artistas naturalistas que se reuniam em Lisboa e contribuíram para a divulgação
da arte naturalista.

Autores naturalistas portugueses e suas obras


Eça de Queiroz (1845-1900), nascido na cidade de Póvoa do Varzim, no norte de Portugal,
foi considerado um dos maiores escritores portugueses.

Sua obra que inaugura o movimento naturalista em Portugal, O crime do Padre


Amaro (1875), relata o envolvimento amoroso de um pároco com uma mulher noiva. O livro
recebeu diversas críticas, pois abordou temas polêmicos para a época.

Além desse romance, merece destaque: O Mistério da Estrada de Sintra (1970) e A Tragédia
da Rua das Flores (1877).

Trecho da obra O crime do Padre Amaro

E esta paixão, sendo para ele como a indefinida justificação das suas misérias, tomava-o aos
seus próprios olhos interessante. Era "um mártir de amor"; isto consolava-o, como o
consolara nas suas primeiras desesperações considerar-se "uma vítima das perseguições
religiosas". Não era um pobre-diabo banal a quem o acaso, a preguiça, a falta de amigos, a
sorte e os remendos do casaco mantêm fatalmente nas privações da dependência: era um
homem de grande coração, a quem uma catástrofe em parte amorosa e em parte política, um
drama doméstico e social, forçara assim, depois de lutas heróicas, a viajar de um a outro
cartório com um saco de lustrina cheio de autos. O destino tornara-o igual a tantos heróis que
lera nas novelas sentimentais... E o seu paletó coçado, os seus jantares a quatro vinténs, os
dias em que não tinha dinheiro para tabaco, tudo atribuía ao amor fatal de Amélia e à
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perseguição duma classe poderosa, dando assim, por um instinto muito humano, uma origem
grandiosa às suas misérias triviais…

Abel Botelho (1856-1917), nascido em Tabuaço, na região norte de Portugal, teve uma
carreira política, militar e diplomata. Além disso, ele foi crítico literário e contribuiu com
seus escritos para os movimentos realista e naturalista. Escreveu uma série de romances
focados em temas de patologia social.

Em Barão de Lavos (1891), o autor versa sobre o tema da homossexualidade e faz críticas à
sociedade portuguesa da época. Além desse romance, destacam-se: Amanhã! (1901), Fatal
Dilema (1907) e Próspero Fortuna (1910).

Trecho da obra Barão de Lavos

A plenitude da vida, a arrogância genital, a evolução orgânica ao máximo, própria dos 32


anos, mantinham no barão ainda fortes e dominantes as tendências naturais da virilidade. Ele
tinha por enquanto junto do efebo os mesmos apetites de penetração e de posse que o homem
sente de ordinário para com a mulher. Todavia, em raros momentos de vertigem, ao contato
da sua carne com aquela outra virilidade impetuosa e fresca, percorria-lhe os músculos,
fugidio, breve, um movimento efeminado; faiscava-lhe no espírito uma pregustação de prazer
que tivesse por base a passividade, o abandono; entrava de suporar-lhe da vontade uma
solicitação em escorço de não se entregar, de ser possuído, de ser femeado, em suma. O que
era, a um tempo, corolário do seu temperamento, é sinal patognômico do finalizar de uma
raça inútil, do agonizar de uma família que vinha assim desfazer-se, podre das últimas
aberrações e das últimas baixezas, na pessoa do seu representante derradeiro.

Júlio Lourenço Pinto (1842-1907) nasceu no Porto, no norte de Portugal, e se destacou como
crítico literário e escritor realista-naturalista.

Publicada em 1879, sua obra Margarida apresenta críticas à sociedade portuguesa do final do
século XIX, desvendando patologias sociais, morais e psíquicas.

Além dela, escreveu os romances: Vida Atribulada (1880), O Homem Indispensável (1883)
e O Bastardo (1889).

Trecho da obra Margarida

E ai d’daquela de entre vós, a desgraçada! se alguma ahi commette porventura o nefando


crime de esconder algum pensamento ruim, de ocultar algum pecado, de abrigar no coração,
como uma víbora venenosa, alguma impureza não confessada. Ai d’ela! essa seria a ovelha
leprosa entre o rebanho imaculado, essa seria, como uma herva ruim, de que as outras
deveriam fugir! E se essa tal, de coração impuro, ahi está, que se apresente, que se afaste das
outras, que confesse humilde e contricta o seu hediondo pecado, que se roje aos pés
do*Senhor, que desarme, em quanto é tempo, a cólera celeste. E ai d’aquela que n’este
momento augusto for indigna de tocar com os seus lábios maculados o pão eucharistico, este
pão dos anjos, este alimento delicioso, precioso sangue do divino Esposo. Ai. d’quela que
n’este momento solemnissimo não derrama sinceras lagrimas de arrependimento pelas
ofensas que fez a Deus, porque sobre ela recairá todo o rigor das penas eternas!
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Além dela, escreveu os romances: Vida Atribulada (1880), O Homem Indispensável (1883)
e O Bastardo (1889).

A pintura naturalista
Além da literatura, o naturalismo se destacou na pintura. Na arte naturalista, os pintores
apresentam paisagens naturais e cenas cotidianas com personagens de classe mais baixa.

Da mesma forma que na literatura, a pintura naturalista se opõe à escola romântica, focando
na objetividade e na representação mais fiel da realidade, sem idealizações e subjetivismos.

Na França, destaca-se o pintor Honoré Daumier (1808-1879) e na Alemanha Johann Georg


Grimm (1846-1887), que se radicou no Brasil.

No Brasil, grande parte dos pintores de estética naturalista faziam parte do Grupo Grimm,
orientado pelo alemão Georg Grimm e focado nas pinturas de paisagens.

Alguns nomes mais representativos do grupo Grimm são:

 Antônio Parreiras (1860-1937)


 Garcia y Vasquez (1859-1912)
 Joaquim de França Júnior (1838-1890)
 Francisco Joaquim Ribeiro (1855-1900)
 Giovanni Battista Castagneto (1851-1900)
 Hipólito Boaventura Caron (1862-1892)
19

O teatro naturalista
Muitos literatos do naturalismo produziram textos de dramaturgia e, assim, o teatro teve
também um grande destaque no movimento. Os palcos naturalistas estavam focados nos
detalhes para melhor representar os objetos em cena.

O precursor do naturalismo literário na França, Émile Zola, foi um dos que contribuíram para
o desenvolvimento do teatro naturalista, com sua obra de dramaturgia Thérèse Raquin, de
1873.

O escritor francês adaptou seu romance que inaugurou o movimento literário naturalista em
uma peça teatral, dividida em 4 atos.

Na Alemanha, Gerhart Hauptmann (1862-1946) é considerado um dos introdutores da


estética naturalista no teatro. Sua obra mais emblemática do período é Os Tecelões, escrita
em 1892. Nela, o autor retrata a luta de trabalhadores de uma fábrica de tecido e suas
inquietações.

Na Rússia, destaca-se o dramaturgo Máximo Gorki (1868-1936) e sua obra teatral Pequenos
burgueses, escrita em 1901, e que aborda o tema das classes sociais e o espírito burguês.

Parnasianismo
O Parnasianismo é um movimento literário que surgiu na mesma época do Realismo e do
Naturalismo, no final do século XIX. De influência e tradição clássica, tem origem na França.

Seu nome surge de Parnase Contemporain, antologias publicadas em Paris a partir de 1866.
Parnaso é como se chama a montanha consagrada a Apolo e às musas da poesia na mitologia
grega.

Em 1882, Fanfarras, de Teófilo Dias, é a obra que inaugura o parnasianismo brasileiro,


movimento que se prolonga até a Semana de Arte Moderna, em 1922.
20

De postura anti-romântica, o Parnasianismo é baseado no culto da forma, na impassibilidade


e impessoalidade, na poesia universalista e no racionalismo.

Os autores parnasianos criticavam a simplicidade da linguagem, a valorização da paisagem


nacional e o sentimentalismo. Para eles, essa era uma forma de subjugar os valores da poesia.

A proposta inovadora era de uma poesia de linguagem rebuscada, racional e perfeita do ponto
de vista formal. Acreditavam que, se estivessem apoiados no modelo clássico poderiam
contrapor os exageros e a fantasia típica do movimento literário Romantismo.

Ao Parnasianismo, seguiu-se o Simbolismo, movimento que exalta a realidade subjetiva e


que nega a razão explorada pelos parnasianos.

Características do Parnasianismo
Os parnasianos são esteticamente detalhistas. Ao se preocupar com a forma, valorizam o
vocabulário culto, os sonetos, bem como as rimas raras.

Também de forma marcante, os temas da antiguidade clássica são observados nessa escola
literária, cujos autores são realistas e objetivos e mostram as coisas como elas se apresentam,
ou seja, de forma descritiva e sem lirismo, ou com exaltação de sentimentos muita vaga. Isso
porque entendem que a arte já seja bela, de modo que não precisa ser explicada, pois ela vale
por si.

Muitas características do Parnasianismo encontram-se presentes no Realismo. Observe, no


entanto que, no Parnasianismo foram criadas apenas poesias, não existe prosa parnasiana.

Em resumo, as características do Parnasianismo são:

 Idealização da arte pela arte


 Busca da perfeição formal
 Preferência pelo soneto
 Preferência pela descrição
 Rimas raras
 Vocabulário culto
 Objetivismo
 Racionalismo
 Universalismo
 Apego à tradição clássica
 Gosto pela mitologia greco-latina
 Rejeição do lirismo

Contexto histórico
O fato dos parnasianos interpretarem o mundo de forma cientificista e positivista resulta do
período em que esteve inserido, época de muitas invenções e avanços que traziam mudanças
não só à economia, mas que transformavam a mentalidade das pessoas.

Isso porque, a valorização da ciência rompe com o subjetivismo, marca da escola literária
anterior, o Romantismo.
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Autores do Parnasianismo no Brasil


Os principais autores do Parnasianismo no Brasil foram Olavo Bilac (1865- 1918), Raimundo
Corrêa (1859-1911) e Alberto de Oliveira (1857-1937). Os três formavam a chamada tríade
parnasiana.

Além deles, outros autores também merecem destaque: Augusto de Lima (1859-1937),
Bernardino Lopes (1859-1916), Fontoura Xavier (1856-1922), Francisca Júlia (1871-1920) e
Múcio Teixeira (1857-1926).

Autores do Parnasianismo em Portugal


Embora tenha sido mais representativo no Brasil, alguns autores se destacam no
Parnasianismo em Portugal. São exemplos: António Feijó (1859-1917), Cesário Verde (1855-
1886), Gonçalves Crespo (1846-1883) e João Penha (1838-1919).

Parnasianismo no Brasil
O Parnasianismo no Brasil teve como marco inicial a publicação da obra "Fanfarras", de
Teófilo Dias, em 1882.

Os mais importantes escritores brasileiros do período formavam a chamada "Tríade


Parnasiana", a qual era composta por Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e Raimundo Correia.

Os escritores parnasianos buscavam o sentido para a existência humana por meio daperfeição
estética. Por isso, a preocupação residia na "Arte pela Arte", ou seja, a forma como
caraterística principal da poesia.

Características do Parnasianismo
 Arte pela arte
 Objetivismo e universalismo
 Cientificismo e positivismo
 Temas baseados na realidade (objetos e paisagens), fatos históricos, mitologia grega e cultura
clássica
 Busca da perfeição
 Sacralidade e o culto à forma
 Preocupação com a estética, metrificação, versificação
 Utilização de rimas ricas e palavras raras
 Preferência por estruturas fixas (soneto)
 Descrição visual bem detalhada

Escritores Parnasianos Brasileiros


1. Teófilo Dias (1854-1889)
Teófilo Odorico Dias de Mesquita, sobrinho do poeta Gonçalves Dias, foi professor,
jornalista, advogado e poeta brasileiro.
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Patrono da cadeira 36 na Academia Brasileira de Letras, em 1882 publicou "Fanfarras", obra


que marca o início do parnasianismo no Brasil.

Outras obras que merecem destaque: Flores e Amores (1874), Cantos Tropicais (1878), Lira
dos Verdes Anos (1878), A Comédia dos Deuses (1888).

2. Olavo Bilac (1865-1918)


Um dos grandes escritores parnasianos, Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac, conhecido
como "Príncipe dos Poetas Brasileiros", foi jornalista, tradutor, poeta e um dos fundadores da
Academia Brasileira de Letras.

Sua obra é caracterizada pela linguagem clássica, com conteúdos: históricos, patrióticos,
emotivos, platônicos e sensuais. Vale lembrar que o Hino à Bandeira do Brasil foi escrito por
Olavo Bilac.

Suas principais obras são: Poesias (1888), Crônicas e Novelas (1894), Crítica e
Fantasia (1904), Conferências Literárias (1906), Dicionário de Rimas (1913), Tratado de
Versificação (1910), Ironia e Piedade (1916) e Tarde (1919).

3. Alberto de Oliveira (1857-1937)


Antônio Mariano de Oliveira, mais conhecido pelo pseudônimo "Alberto de Oliveira", foi um
poeta, professor, farmacêutico e um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras.

Publicou sua primeira obra, “Canções Românticas”, em 1878. A despeito desse livro
apresentar características românticas, Alberto de Oliveira foi um exímio poeta parnasiano
cuja obra é caracterizada por temáticas e estruturas parnasianas, por exemplo, descrição
minuciosa, composição de retratos, quadros e cenas.

Suas obras que merecem destaque são: Meridionais (1884), Versos e


Rimas (1895), Poesias (1900), Céu, Terra e Mar (1914), O Culto da Forma na Poesia
Brasileira (1916).

4. Raimundo Correia (1859-1911)


Raimundo da Motta de Azevedo Corrêa foi um juiz, poeta e um dos fundadores do Sodalício
Brasileiro. Maranhense, publicou seu primeiro livro de poesias "Primeiros Sonhos" em 1879.

Sua obra apresenta características românticas, parnasianas e simbolistas. Dessa maneira, suas
poesias possuem um caráter pessimista e subjetivo, ao mesmo tempo que apresentam grande
preocupação métrica.

Outras obras que merecem destaque são: Sinfonias (1883), Versos e


Versões (1887), Aleluias (1891), Poesias (1898).

Parnasianismo em Portugal
Em Portugal, o movimento parnasiano não teve a representação e a força que se desenvolveu
no Brasil e noutros países.
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Os autores parnasianos portugueses que se destacaram foram: João Penha (1838-1919),


Gonçalves Crespo (1846-1883), António Feijó (1859-1917) e Cesário Verde (1855-1886).

Curiosidade:
O nome Parnasianismo deriva do termo "Parnaso", que na mitologia grega significa a
montanha consagrada ao Deus Apolo e às musas da poesia.

Simbolismo
O simbolismo é um movimento artístico que surgiu no século XIX e teve como principais
características o subjetivismo, o espiritualismo, a religiosidade e o misticismo.

Na época em que se desenvolveu, o capitalismo e a industrialização estavam se consolidando


na cena mundial, e diversas descobertas científicas transmitiam a ideia de evolução da
civilização.

1. Oposição à realidade objetiva

Os temas abordados pelos artistas simbolistas como a morte, a dor de existir, a loucura e o
pessimismo são subjetivos, se afastando da realidade objetiva e de assuntos relacionados com
a esfera social.

A projeção é de frustração, medo e desilusão, e o simbolismo surge como uma forma de


negar a realidade objetiva. Renascem, assim, os ideais espiritualistas.

2. Transcendência, misticismo e espiritualidade

A arte simbolista busca transcender a realidade por meio do misticismo e da espiritualidade,


ao mesmo tempo que tenta encontrar nas zonas mais profundas da alma respostas para as
angústias e dores.

Esses fatores se relacionam diretamente com o contexto histórico em que está inserida essa
corrente artística, pois esse momento é marcado por uma crise espiritual. Isso leva os artistas
a sentirem e analisarem o mundo, as coisas e os seres de maneira diferente.

3. Presença de religiosidade

Embora diversos temas da arte simbolista estejam relacionados com um universo mais
sombrio e misterioso, é possível identificar em algumas obras uma visão cristã aliada ao
desejo da fuga da realidade.

Marcado pela busca do homem pelo sacro e de um sentimento de totalidade, a literatura


simbolista faz da poesia uma espécie de religião. Dessa forma, muitos escritores simbolistas
utilizam palavras do vocabulário litúrgico que reforçam essa característica, tais como: altar,
arcanjo, catedral, incenso, salmo, cântico.

4. Valorização do “eu” e da psiquê humana


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Contrário ao objetivismo, no movimento simbolista o “eu” é valorizado e a verdade é


encontrada através da consciência humana.

Dessa maneira, há um grande interesse pelas zonas mais profundas da mente, como o
inconsciente e o subconsciente.

5. Linguagem vaga, imprecisa e sugestiva

O simbolismo apresenta uma linguagem muito particular, envolta em mistério e com grande
expressividade e musicalidade. Esses atributos proporcionam às obras os ideais imateriais e
psíquicos característicos do movimento.

Assim, a linguagem simbolista é sugestiva, pois sugere algo em vez de nomear, ou explicar
objetivamente.

6. Uso excessivo de figuras de linguagem

Nas obras simbolistas, há forte presença das figuras de linguagem, pois mais importante do
que o significado real das palavras, estão os sentidos poéticos, as sonoridades e as sensações.

As figuras mais utilizadas são: as metáforas e as comparações (que focam no sentido


poético); as aliterações, as assonâncias e as onomatopeias (que promovem a sonoridade); e as
sinestesias (que sugerem a mistura de campos sensoriais distintos).

7. Preferência pelos sonetos

Embora tenha se manifestado na prosa, foi na poesia que o simbolismo atingiu grande
reconhecimento.

De caráter subjetivo e lírico, os escritores simbolistas preferiram expressar seus dramas


existenciais através de sonetos, forma fixa poética composta por dois quartetos e dois
tercetos.

8. Retomada de elementos românticos

O simbolismo retoma alguns elementos românticos almejando ir além do aspecto palpável


das coisas. Podemos citar o subjetivismo, a irracionalidade, o gosto pelo mistério e por
ambientes noturnos.

Dessa forma, os temas explorados por ambos movimentos se aproximam como a dor de
viver, a angústia do ser humano, os dramas existenciais, a tristeza profunda e a insatisfação.

9. Valorização da simbologia, em oposição ao cientificismo

A arte simbolista opõe-se ao cientificismo, levantando a questão sobre a validade da ciência


para explicar os fenômenos da natureza.

Os artistas simbolistas acreditam que a ciência é limitante, colocando em dúvida sua


capacidade absoluta. Dessa maneira, as ideias são apresentadas de maneira simbólica, na qual
se acredita estar o verdadeiro sentido de tudo.
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10. Oposição ao mecanicismo e a aproximação do universo do sonho

O movimento simbolista passa a ser a rejeição ao mecanicismo, por meio do sonho, da


tendência cósmica e do absoluto.

Aliado à sondagem interior da mente, os artistas humanistas buscavam explicações através de


sonhos, onde o universo onírico (relativo aos sonhos) fazia parte da realidade subjetiva e dos
estados contemplativos.

O simbolismo no Brasil
O simbolismo no Brasil começou em 1893 com a publicação das obras de Cruz e
Sousa: Missal (prosa) e Broquéis (poesia). Esse movimento permanece até o ano de 1910,
quando se inicia o Pré-Modernismo.

O momento é de agitação política, pois, com a Proclamação da República em 1889, o país


estava passando por um momento de transição. Há, assim, uma transformação na cena
política, com a passagem do regime monárquico para o regime republicano.

Com a instauração da República da Espada em 1889, alguns conflitos despontaram por conta
da crise política e de disputa de poder.

Houve, assim, a Revolução Federalista (1893-1895), que aconteceu nos estados do sul do
país, e a Revolta da Armada (1891-1894), ocorrida no Rio de Janeiro.

Assim, em meio a esse contexto de insegurança e insatisfação, surge o movimento simbolista.

Queria subir ao céu,


Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar…
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar…
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par…
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
Pedro Kilkerry (1885-1917) foi jornalista e além de publicar diversas crônicas e artigos nos
jornais, se dedicou à poesia simbolista. Foi considerado um dos grandes poetas do
movimento, descoberto recentemente pela crítica.

Durante sua vida, Kilkerry não publicou nenhuma obra, no entanto, seus escritos foram
reunidos postumamente. Com uma poesia diversa, ele explora diversos temas relacionados
com a religiosidade, o misticismo, os sonhos e o amor.
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Confira abaixo um de seus poemas, escrito em 1907 e publicado na obra Revisão de Kilkerry,
de Augusto de Campos.

Sob os ramos

É no Estio. A alma, aqui, vai-me sonora,


No meu cavalo — sob a loira poeira
Que chove o sol — e vai-me a vida inteira
No meu cavalo, pela estrada afora.
Ai! desta em que te escrevo alta mangueira
Sob a copada verde a gente mora.
E em vindo a noite, acende-se a fogueira
Que se fez cinza de fogueira agora.
Passa-me a vida pelo campo... E a vida
Levo-a cantando, pássaros no seio,
Qual se os levasse a minha mocidade...
Cada ilusão floresce renascida;
Flora, renasces ao primeiro anseio
Do teu amor... nas asas da Saudade!
O simbolismo em Portugal
O simbolismo em Portugal compreendeu o período entre 1890 e 1915, quando teve início o
modernismo.

No país, esse movimento surgiu em meio à crise da monarquia e foi inaugurado em 1890 com
a publicação da obra Oaristos, do escritor Eugênio de Castro.

Oaristos é uma coletânea de poemas que foi escrita após o regresso do seu autor da França,
onde teve contacto com poetas simbolistas, cujo movimento já influenciava a literatura
portuguesa.

Lume dos que no Mar andam botando as linhas …


Õ farolim da barra a guiar os Navegantes!
Ó pirilampos a alumiar os caminhantes,
Mais os que vão na diligência pela serra!
Ó Extrema-Unção final dos que se vão da Terra!
Camilo Pessanha (1867-1926), nascido em Coimbra, Portugal, foi o autor que melhor
correspondeu as características do movimento simbolista, e atualmente é considerado a
principal expressão do movimento.

Em sua obra, ele utiliza diversas figuras de linguagem características do movimento, além de
apresentar uma poesia repleta de simbologias e com forte musicalidade. Os temas mais
explorados estão relacionados com o pessimismo, a dor, a tristeza e a morte.

Clepsidra é seu único livro de poemas que foi publicado em 1920. O resto de seus escritos
foram publicados postumamente.

Caminho (poema publicado na obra Clepsidra)


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Tenho sonhos cruéis; n'alma doente


Sinto um vago receio prematuro.
Vou a medo na aresta do futuro,
Embebido em saudades do presente...
Saudades desta dor que em vão procuro
Do peito afugentar bem rudemente,
Devendo, ao desmaiar sobre o poente,
Cobrir-me o coração dum véu escuro!...
Porque a dor, esta falta d'harmonia,
Toda a luz desgrenhada que alumia
As almas doidamente, o céu d'agora,
Sem ela o coração é quase nada:
Um sol onde expirasse a madrugada,
Porque é só madrugada quando chora.
O simbolismo na Europa
O movimento simbolista teve sua origem na França em meados do século XIX, e na literatura
ele começou em 1857 com a publicação da obra As flores do mal, do poeta francês Charles
Baudelaire.

Na época, esse livro foi censurado por conter poesias com temas eróticos, sensuais e
sombrios. Veja abaixo um soneto de Charles Baudelaire em seu livro Flores do Mal:

Correspondências

A Natureza é um templo vivo em que os pilares


Deixam filtrar não raro insólitos enredos;
O homem o cruza em meio a um bosque de segredos
Que ali o espreitam com seus olhos familiares.
Como ecos longos que à distância se matizam
Numa vertiginosa e lúgubre unidade,
Tão vasta quanto a noite e quanto a claridade,
Os sons, as cores e os perfumes se harmonizam.
Há aromas frescos como a carne dos infantes,
Doces como o oboé, verdes como a campina,
E outros, já dissolutos, ricos e triunfantes,
Com a fluidez daquilo que jamais termina,
Como o almíscar, o incenso e as resinas do Oriente,
Que a glória exaltam dos sentidos e da mente.
Entretanto, foi somente em 1886 que o termo “simbolismo” foi utilizado pela primeira vez
pelo poeta grego Jean Moréas (1856-1910). Ele escreveu o Manifesto Simbolista expondo os
princípios de uma arte mais preocupada com a espiritualidade e as sensações.

Na ocasião, Moréas identificou os três grandes artistas da literatura francesa simbolista:


Charles Baudelaire (1821-1867), Stéphane Mallarmé (1842-1898) e Paul Verlaine (1844-
1896).

Além da França, outros países europeus tiveram destaque no movimento simbolista como a
Espanha, a Itália, a Inglaterra, a Alemanha e a Rússia.
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Assim, além dos poetas franceses simbolistas mais notáveis (Charles Baudelaire, Stéphane
Mallarmé, Paul Verlaine e Arthur Rimbaud), podemos citar os poetas russos Viatcheslav
Ivánov (1866-1949), Andreï Biély (1880-1934) e Aleksandr Blok (1880-1921).

O simbolismo nas artes plásticas


Embora o simbolismo tenha começado como um movimento literário, ele também floresceu
nas artes plásticas, sobretudo na pintura.

A pintura simbolista foi diretamente influenciada pelas poesias dos poetas franceses Stéphane
Mallarmé, Paul Verlaine e Arthur Rimbaud, sendo também uma arte de oposição ao realismo.

Dessa maneira, os pintores abordavam em suas obras temas sombrios, oníricos e espirituais,
utilizando cores mais frias e escuras.

Alguns pintores franceses que tiveram grande destaque foram: Gustave Moreau (1826-1898)
e Odilon Redon (1840-1916). Além deles, merece citar as obras do alemão Carlos Schwabe
(1866-1926). Confira abaixo algumas de suas telas:

Pré-Modernismo
O Pré-Modernismo foi um período de intensa movimentação literária que marcou a
transição entre o simbolismo e o modernismo.
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Caracteriza-se pelas produções desde início do século até a Semana de Arte Moderna, em
1922.

Para muitos estudiosos, esse período não deve ser considerado uma escola literária, uma vez
que apresenta inúmeras produções artísticas e literárias distintas.

Em outras palavras, ele reúne um sincretismo estético, com presença de características neo-
realistas, neo-parnasianas e neo-simbolistas.

Características do pré-modernismo
 Ruptura com o academicismo;
 Ruptura com o passado e a linguagem parnasiana;
 Linguagem coloquial, simples;
 Exposição da realidade social brasileira;
 Regionalismo e nacionalismo;
 Marginalidade das personagens: o sertanejo, o caipira, o mulato;
 Temas: fatos históricos, políticos, econômicos e sociais.

Contexto histórico do pré-modernismo


No início do século XX, o Brasil e o mundo estavam passando por uma fase de muitas
mudanças. Podemos destacar a transição da República da Espada para a República Velha,
cuja política do café com leite concentrou o poder nas mãos das oligarquias paulistas e
mineiras.

Foi nesse panorama que o regionalismo brasileiro começa a se expandir na virada do século,
sendo enfatizado por diversos conflitos que surgiram entre a classe dominante e a classe
dominada.

Assim, além da política do café com leite, inúmeras revoltas iam surgindo, tais como: revolta
da vacina, revolta da chibata, revolta da armada, revolta de Canudos, etc.

Diante disso, os artistas do momento, gradualmente foram se voltando para a realidade


brasileira, e assim, buscando uma linguagem mais simples e coloquial, o que resultou na
produção de diversas obras de caráter social.

Na Europa, os movimentos artísticos de vanguardas (expressionismo, cubismo, futurismo,


dadaísmo e surrealismo) já começavam a mostrar uma postura inovadora. Eles anunciavam
esse novo mundo em transição e que se consolidaria aqui no Brasil com o movimento
modernista, em 1922.

Por fim, nesse momento, diversos conflitos foram se espalhando pelo mundo, os quais
culminariam na Primeira Guerra Mundial, em 1914.

Autores brasileiros pré-modernistas


Os escritores pré-modernos assumem uma posição mais crítica em relação à sociedade e aos
modelos literários anteriores.
30

Muitos deles rompem com a linguagem formal do arcadismo e, além disso, exploram temas
históricos, políticos e econômicos.

Os pré-modernistas que se destacaram na prosa foram: Euclides da Cunha, Graça Aranha,


Monteiro Lobato e Lima Barreto. Já na poesia, merece destaque o poeta paraibano Augusto
dos Anjos.

1. Euclides da Cunha (1866-1909)


Euclides Rodrigues da Cunha foi um escritor, poeta, ensaísta, jornalista, historiador,
sociólogo, geógrafo, poeta e engenheiro brasileiro. Ocupou a cadeira 7 na Academia
Brasileira de Letras de 1903 a 1906.

Publicou Os Sertões: Campanha de Canudos, em 1902, a qual é dividida em três partes: A


Terra, o Homem, A Luta. Essa obra regionalista retrata a vida do sertanejo. Publicou também
a Guerra de Canudos (1896-1897) no interior da Bahia.

2. Graça Aranha (1868-1931)


José Pereira da Graça Aranha foi um escritor, diplomata maranhense e um dos fundadores da
Academia Brasileira de Letras e organizador da Semana de Arte Moderna de 1922.

Sua obra que merece destaque é Canaã, publicada em 1902. Ela aborda sobre a migração
alemã no estado do Espírito Santo. Outras obras que merecem destaque
são: Malazarte (1914), A Estética da Vida (1921) e Espírito Moderno (1925).

3. Monteiro Lobato (1882-1948)


José Bento Renato Monteiro Lobato foi um escritor, editor, ensaísta e tradutor brasileiro

2. Graça Aranha (1868-1931)


José Pereira da Graça Aranha foi um escritor, diplomata maranhense e um dos fundadores da
Academia Brasileira de Letras e organizador da Semana de Arte Moderna de 1922.

Sua obra que merece destaque é Canaã, publicada em 1902. Ela aborda sobre a migração
alemã no estado do Espírito Santo. Outras obras que merecem destaque
são: Malazarte (1914), A Estética da Vida (1921) e Espírito Moderno (1925).

3. Monteiro Lobato (1882-1948)


José Bento Renato Monteiro Lobato foi um escritor, editor, ensaísta e tradutor brasileiro.

Um dos mais influentes escritores do século XX, Monteiro Lobato ficou muito conhecido por
suas obras infantis de caráter educativo, como, por exemplo, a série de livros do Sítio do
Picapau Amarelo.

Em 1918 publica Urupês, uma coletânea regionalista de contos e crônicas. Já em 1919


publica Cidades Mortas, livro de contos que retrata a queda do Ciclo do Café.
31

4. Lima Barreto (1881-1922)


Afonso Henriques de Lima Barreto, conhecido como Lima Barreto, foi um escritor e
jornalista brasileiro.

Autor de uma obra critica veiculada aos temas sociais, o escritor rompe com o nacionalista
ufanista e faz críticas ao positivismo.

Sua obra que merece destaque é o Triste Fim de Policarpo Quaresma escrito numa
linguagem coloquial. Nela, o autor faz crítica à sociedade urbana da época.

5. Augusto do Anjos (1884-1914)


Apesar de ser considerado simbolista, o poeta Augusto dos Anjos teve grande destaque no
período pré-moderno.

Conhecido como o "poeta da morte" pelos temas inquietantes e sombrios explorados, ele
ocupou a cadeira n° 1 da Academia Paraibana de Letras.

Sua única obra publicada em vida, Eu (1912), reúne diversos poemas que chocam pelos
temas, pela agressividade, pelo uso de uma linguagem coloquial e cotidiana, bem como o de
palavras consideradas antipoéticas.

Modernismo
O modernismo foi uma tendência artístico-cultural ocorrida na primeira metade do século
XX.

Se manifestou em diversos campos das artes, como a pintura, escultura, arquitetura, literatura,
dança e música.

No Brasil, a linguagem de maior destaque no movimento modernista foi a literária e, assim


como as demais, tinha como objetivo questionar e romper com tradições passadas.

Origem do modernismo e contexto histórico


O movimento moderno se iniciou na primeira década do século XX, a princípio na Europa,
chegando posteriormente ao Brasil por volta dos anos 20.

Impulsionados por um contexto histórico conturbado, onde grandes transformações estavam


em curso, os artistas e intelectuais modernos passaram a repensar a maneira de produzir arte e
literatura. Eles cada vez mais valorizavam um pensamento crítico.

Assim, o modernismo acontece em um cenário de conquistas tecnológicas, progresso da


indústria, aprofundamento do sistema capitalista e das desigualdades.

É nesse momento também que ocorrem grandes conflitos, como a Primeira Guerra Mundial,
a Revolução Russa e o surgimento de regimes totalitários.
32

Podemos dizer que a corrente modernista perdurou até os anos 50, após a Segunda Guerra
Mundial.

Caraterísticas do modernismo
As características que podemos notar no modernismo de maneira geral estão relacionadas à
ruptura com os modelos artísticos-literários vigentes e a busca por inovação.

Dessa forma, os modernistas passam a produzir obras transgressoras e com maior liberdade
criativa, sem seguir necessariamente regras e padrões.

Tanto na literatura como nas demais vertentes artísticas, podemos elencar como
particularidades das obras modernistas:

 Recusa aos moldes acadêmicos;


 Liberdade criativa e de expressão;
 Valorização da experimentação;
 Busca pela aproximação da linguagem popular;
 Espontaneidade e irreverência;
 Quebra de formalismos;
 Ironia e espírito cômico.

Modernismo no Brasil
No Brasil, o movimento modernista se consolidou com a Semana de Arte Moderna, ocorrida
em 1922 no Theatro Municipal, em São Paulo. O evento contou com artistas de diversas
áreas, com representantes da literatura, pintura, música e dança.

A Semana de 22, como também é chamada, é considerada um marco da vertente no país,


entretanto, obras com características modernas já estavam sendo produzidas
anteriormente. O momento ficou conhecido como Primeira Fase do
Modernismo brasileiro.

Os artistas buscavam inspiração na arte que acontecia na Europa (as chamadas vanguardas
europeias) para produzir trabalhos com caráter inovador e ao mesmo tempo nacional.

Também é importante destacar que a realidade brasileira nesse período impulsionou o


surgimento da arte e literatura moderna nacional.
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O contexto social por aqui era bastante delicado, com a grande insatisfação popular por conta
da crescente alta dos preços, gerando manifestações e paralisações de trabalhadores.

Assim, a intelectualidade brasileira passa a criar trabalhos com o intuito de questionar os


tradicionalismos e propor uma nova visão de mundo, baseada na valorização de temas
cotidianos e nacionais.

Modernismo literário brasileiro


O modernismo literário foi uma vertente bastante forte no Brasil, sendo que a Segunda Fase
modernista no país foi marcada pela produção da literatura, com destaque para a prosa e
poesia.

Os escritores passam a usar as palavras de maneira mais flexível, abusando de versos livres,
linguagem sarcástica e cômica e renúncia à métrica e à rima.

Alguns dos escritores de maior destaque no período são: Oswald de Andrade, Mario de
Andrade, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Rachel de
Queiroz.

A partir de 1945, surge um novo momento na literatura do país, com a Terceira Fase do
Modernismo, na qual os escritores buscavam integrar novamente recursos formais com
características intimistas, regionalistas e urbanas. Os representantes dessa fase são
considerados também como “neoparnasianos”.

Modernismo nas artes


Nas artes visuais, a tendência também se deu de maneira significativa, sobretudo na Europa.
Lá ocorreram as primeiras expressões modernas, e fazem parte delas:

 Expressionismo;
 Fauvismo;
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 Cubismo;
 Abstracionismo;
 Futurismo;
 Dadaísmo;
 Surrealismo;
 Concretismo.

Essas vertentes tiveram em comum a busca pela inovação. Faziam isso por meio da
arbitrariedade no uso das cores, a deformação e geometrização das formas, a abstração das
figuras ou a busca pelo absurdo.

Essas foram as maneiras encontradas para expor e questionar o caráter ilógico e incoerente da
sociedade naquele momento.

Pós-Modernismo
O Pós-Modernismo, Pós-Modernidade, ou ainda movimento pós-industrial, é um processo
contemporâneo de mudanças significativas nas tendências artísticas, filosóficas, sociológicas
e científicas. Surgiu após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e o movimento
Modernista.

Esse conceito de pós-moderno foi introduzido a partir dos anos 60 e veio acompanhado dos
avanços tecnológicos da era digital, da expansão dos meios de comunicações, da indústria
cultural, bem como do sistema capitalista (lei de mercado e consumo) e da globalização.

Principais Características
As principais características do movimento pós-moderno são a ausência de valores e regras,
imprecisão, individualismo, pluralidade, mistura do real e do imaginário (hiper-real),
produção em série, espontaneidade e liberdade de expressão.
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Oposto ao modernismo, racionalismo, ciência e aos valores burgueses, podemos considerar o


pós-modernismo como uma combinação de várias tendências. Essas tendências vigoram até
hoje nas artes (plásticas, arquitetura, literatura), filosofia, política e no âmbito social.

De tal modo, nas artes, o pós-modernismo foca na multiplicidade e mistura de estilos. Não
existem mais compartimentos de gêneros, ou mesmo a formalidade aplicada nas artes, bem
como nos âmbitos social e cultural.

Por mais que essa era tecnológica e a expansão da homogeneização da globalização demostre
a produção em série dos produtos, o pós-modernismo é uma nova tendência que mescla tudo.

Demostra, assim, a nova vida do homem pós-moderno, que é bombardeado de informações.


A vida é baseada na efemeridade, narcisismo e no hedonismo, ou na busca incessante do
prazer.

Surge a época das incertezas, do vazio e do niilismo, onde o “e”, e não mais o “ou”,
determinará os diversos campos. Isso quer dizer que podemos gostar de música sertaneja e
pop ao mesmo tempo ou, ainda, de arte figurativa e abstracionista.

Essa nova mentalidade confere à pós-modernidade uma fragmentação estilística, ao mesmo


tempo que explora a pluralidade, mesclando vários estilos.

Arte Pós-Modernista
A arte pós-modernista, ou "arte contemporânea", é uma arte essencialmente eclética, híbrida e
sem hierarquizações.

Explora o lúdico, o humor, a metalinguagem, a pluralidade de gêneros, a polifonia,


a intertextualidade, a ironia, as fragmentações e desconstruções de princípios e valores. Tem
foco no cotidiano banalizado.

A "espetacularização" mencionada por muitos críticos e que, grosso modo, significa "tornar
espetáculo", é uma tendência aplicada às artes e à cultura pós moderna.

Podemos verificar essa “espetacularização” com a avanço dos meios de comunicação e da era
digital, onde o simulacro torna-se real, mesmo não sendo. Em outras palavras, o simulacro
substitui a própria realidade. Por fim, diferente da arte moderna, a arte pós-moderna preza a
participação e interação do público.
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Conclusão

Conclui que a Escolas Literárias tem diversas


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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Toda matéria: https://www.todamateria.com.br/escolasliterarias/ Acesso em:


09/11/2022 às 13h39

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