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COLÉGIO ADVENTISTA IAM

LITERATURA
Realismo e Naturalismo (O corti o)

Parnasianismo e Simbolismo (Pr -Modernismo e Vanguardas Europeias)

Manaus - AM

Novembro/2022

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COLÉGIO ADVENTISTA IAM

Aluno: Gabriel Henrique Cabral de Almeida

LITERATURA
Realismo e Naturalismo (O corti o)

Parnasianismo e Simbolismo (Pr -Modernismo e Vanguardas Europeias)

Tr a b a l h o a p r e s e n t a d o a o C o l é g i o
Adventista IAM sob orientação do
professor Nonato França da disciplina de
Língua Portuguesa e Literatura, 3° Ano AM.

Manaus - AM

Novembro/2022

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Sumário

Introdução 4

1. Realismo 5

1.1. Características do movimento realista 5

1.2. Contexto histórico do realismo 6

2. Naturalismo 6

2.1. Características do Naturalismo 7

3. Parnasianismo 8

3.1. Características do Parnasianismo 9

3.2. Contexto histórico 10

3.3. Autores do Parnasianismo no Brasil 10

3.4. Autores do Parnasianismo em Portugal 10

4. Simbolismo 10

4.1. Contexto histórico do simbolismo 11

4.2. As características do simbolismo 12

4.3. O simbolismo no Brasil 14

4.4. Principais poetas simbolistas brasileiros e suas obras 14

Acrobata da Dor 15
Ismália 16
Sob os ramos 16
4.5. O simbolismo em Portugal 17

4.6. Principais poetas simbolistas portugueses e suas obras 17

Um sonho (trecho do poema) 17


A vida (trecho do poema publicado na obra Só) 18
Caminho (poema publicado na obra Clepsidra) 19
4.7. O simbolismo na Europa 19

Correspondências 20
4.8. O simbolismo nas artes plásticas 21

Conclusão 24

Bibliogra a 25

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Introdução

Este trabalho tem como objetivo apresentar um pouco dos períodos do Realismo,
Naturalismo, Parnasianismo e Simbolismo.

O realismo foi um movimento literário e artístico que teve início em meados do


século XIX, na França.

Como o próprio nome sugere, essa manifestação cultural signi cou um olhar mais
realista e objetivo sobre a existência e as relações humanas, surgindo como oposição ao
romantismo e sua visão idealizada da vida.

A vertente se manifestou principalmente na literatura, sendo seu marco inicial o


romance realista

O naturalismo foi um movimento artístico e cultural que se manifestou na literatura,


no teatro e nas artes plásticas, e teve como principais características a objetividade, a
impessoalidade e o retrato el da realidade.

O Parnasianismo é um movimento literário que surgiu na mesma época do


Realismo e do Naturalismo, no nal do século XIX. De in uência e tradição

clássica, tem origem na França.

O simbolismo é um movimento artístico que surgiu no século XIX e teve como


principais características o subjetivismo, o espiritualismo, a religiosidade e o misticismo.

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1. Realismo

Como o próprio nome sugere, essa manifestação cultural signi cou um olhar mais
realista e objetivo sobre a existência e as relações humanas, surgindo como oposição ao
romantismo e sua visão idealizada da vida.

A vertente se manifestou principalmente na literatura, sendo seu marco inicial o romance


realista Madame Bovary, de Gustave Flaubert, em 1857.

Entretanto, é possível encontrar também nas artes visuais, sobretudo na pintura,


obras de cunho realista. Foram artistas de destaque Gustav Courbet, na França, e
Almeida Junior, no Brasil.

O movimento se estendeu para várias partes do mundo e teve espaço em solo


brasileiro, principalmente na literatura de Machado de Assis.

1.1. Características do movimento realista

As principais características da escola realista são:

• oposição ao romantismo;

• objetividade, trazendo cenas e situações de forma direta;

• caráter descritivo;

• análise de traços de personalidade e da psique das personagens;

• tom crítico sobre as instituições e a sociedade, sobretudo a elite;

• exibição de falhas de caráter, derrotas pessoais e comportamentos duvidosos;

• interesse em incitar questionamentos no público;

• valorização da coletividade;

• valorização de conhecimentos cientí cos propostos em teorias como o


Darwinismo, Socialismo Utópico e Cientí co, Positivismo, Evolucionismo;

• enfoque em temas contemporâneos e cotidianos;

• na literatura desenvolveu-se mais intensamente na prosa e no conto;

• caráter de denúncia social.

As características citadas contemplam principalmente a escola literária realista.


Entretanto, a mesma atmosfera objetiva e crítica foi retratada nas outras linguagens da
arte, como na pintura realista.

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1.2. Contexto histórico do realismo

O contexto histórico e social no período do realismo foi bastante conturbado. Foi


uma época de grandes transformações que revolucionaram a forma das pessoas se
relacionarem e entenderem a realidade ao seu redor.

O modelo capitalista se intensi cou e a classe burguesa passou a ter maior poder
de decisão, gerando um aprofundamento das desigualdades sociais, com maior
exploração da classe trabalhadora, exposta a longas jornadas de trabalho.

É quando ocorre a Segunda Revolução Industrial e o crescimento da urbanização,


assim como da poluição nas grandes cidades e demais problemas urbanos.

Soma-se a esse cenário avanços tecnológicos importantes, como a lâmpada e o carro


movido à gasolina.

É ainda nesse contexto que surgem teorias cientí cas que objetivavam interpretar
e explicar o mundo, como o Evolucionismo de Darwin e o Positivismo de Auguste Comte.

Assim, os pensadores da época, artistas e escritores, são in uenciados pelos


acontecimentos ao redor e pelos anseios da sociedade.

O movimento realista re ete seu tempo, na busca por uma linguagem mais clara e
verossímil, ao passo que questiona os princípios e padrões burgueses.

Vale destacar que a vertente surge também como um contraponto ao romantismo,


movimento vigente que trazia o individualismo e a idealização da realidade como
características marcantes.

2. Naturalismo

O naturalismo foi um movimento artístico e cultural que se manifestou na literatura,


no teatro e nas artes plásticas, e teve como principais características a objetividade, a
impessoalidade e o retrato el da realidade.

Ele surgiu na França, em meados do século XIX, e se espalhou rapidamente para


outros países da Europa e do mundo.

Oposto ao Romantismo, que apresentava uma face sonhadora, com idealizações,


subjetivismos e fuga da realidade, o naturalismo prezou pelo objetivismo cientí co.

In uenciado pelas correntes cientí cas e losó cas que surgiam na Europa como
o determinismo, o darwinismo e o cienti cismo, para os artistas naturalistas, tudo estava
determinado e possuía uma explicação lógica pautada na ciência.

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Através de uma visão imparcial dos fatos, nada era sugerido ou apresentado de
maneira subjetiva. O ser humano passou a ser visto como uma máquina, sem livre
arbítrio, e in uenciado pelo meio social e físico em que está inserido.

Assim, surge uma arte de denúncia social, focada nos temas da pobreza, das
desigualdades, da disputa de poder e das patologias sociais.

No Brasil, o movimento naturalista começa em 1881 com a publicação da obra O


Mulato, de Aluísio de Azevedo. Já em Portugal, o movimento surge em 1875 com o
romance O crime do padre Amaro, do escritor Eça de Queiroz.

2.1. Características do Naturalismo

Determinismo: segundo essa corrente teórica, a natureza determina o caráter e o


comportamento do ser humano, uma vez que tudo já está pré-determinado e
estabelecido. Por essa perspectiva, o homem é in uenciado pelo meio em que vive,
sendo fruto dele.

Positivismo: corrente losó ca que se apoia na ciência para atingir o


conhecimento verdadeiro. Para esses teóricos, o conhecimento cientí co é utilizado para
explicar as teorias e as leis cientí cas, bem como o ser humano e a sociedade.

Objetivismo cientí co: para os naturalistas, a ciência era a chave e os fatos eram
explicados à luz das correntes cientí cas que vigoravam em meados do século XIX.
Assim, os artistas naturalistas não projetam em suas obras utopias e ideias idealizadas.

Darwinismo social: pautado nas ideias de Charles Darwin, como a seleção


natural e o evolucionismo, esse conceito sugere que os mais fortes sobrevivem às
adversidades da sociedade, enquanto os outros enfraquecem.

Oposição ao Romantismo: avesso às ideias românticas de fuga da realidade e


subjetividade, o naturalismo focou em aspectos da objetividade, além de retratar a
realidade sem idealismos.

Imparcialidade e impessoalidade: apoiados em correntes cientí cas para


explicar a realidade, os autores do naturalismo costumam ser objetivos, imparciais e
impessoais em suas descrições. Assim, deixam de lado os juízos de valores e opiniões
que não estejam fundamentados em teorias.

Descrições detalhadas: na literatura naturalista, existe grande preocupação com


as minúcias, pois os autores pretendem fazer um retrato el de onde se passa a trama.
Para isso, as narrativas naturalistas costumam ser lentas e cheia de detalhes.

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Zoomor zação: in uenciado pelo darwinismo social, no naturalismo as
personagens apresentam características animalescas e instintivas, através de uma
perspectiva biológica. Assim, os comportamentos humanos se aproximam dos animais,
mostrando que o homem é condicionado pelo meio em que vive.

Retrato el da realidade: na arte naturalista, é notória a preocupação em


observar o mundo e as coisas que nos rodeiam de maneira bastante minuciosa para
entregar ao expectador um retrato verossímil da realidade.

Temas degradantes e de patologia social: na arte naturalista, o tom é de


denúncia com foco para os problemas sociais e morais. Os temas mais explorados pelos
artistas são: a pobreza extrema, as injustiças, as desigualdades sociais, a violência, as
perversões, os crimes e a falta de caráter.

Passividade do ser humano: na arte naturalista, os seres humanos são produtos


das forças do mundo, e, por isso, não possuem livre-arbítrio. Eles são guiados pelas leis
cientí cas e in uenciados pelo meio social e físico em que vivem.

3. Parnasianismo

O Parnasianismo é um movimento literário que surgiu na mesma época do


Realismo e do Naturalismo, no nal do século XIX. De in uência e tradição clássica, tem
origem na França.

Seu nome surge de Parnase Contemporain, antologias publicadas em Paris a


partir de 1866. Parnaso é como se chama a montanha consagrada a Apolo e às musas
da poesia na mitologia grega.

Em 1882, Fanfarras, de Teó lo Dias, é a obra que inaugura o parnasianismo


brasileiro, movimento que se prolonga até a Semana de Arte Moderna, em 1922.

De postura anti-romântica, o Parnasianismo é baseado no culto da forma, na


impassibilidade e impessoalidade, na poesia universalista e no racionalismo.

Tríade parnasiana: Olavo Bilac, Raimundo Corrêa e Alberto de Oliveira

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Os autores parnasianos criticavam a simplicidade da linguagem, a valorização da
paisagem nacional e o sentimentalismo. Para eles, essa era uma forma de subjugar os
valores da poesia.

A proposta inovadora era de uma poesia de linguagem rebuscada, racional e


perfeita do ponto de vista formal. Acreditavam que, se estivessem apoiados no modelo
clássico poderiam contrapor os exageros e a fantasia típica do movimento literário
Romantismo.

Ao Parnasianismo, seguiu-se o Simbolismo, movimento que exalta a realidade


subjetiva e que nega a razão explorada pelos parnasianos.

3.1. Características do Parnasianismo

Os parnasianos são esteticamente detalhistas. Ao se preocupar com a forma,


valorizam o vocabulário culto, os sonetos, bem como as rimas raras.

Também de forma marcante, os temas da antiguidade clássica são observados


nessa escola literária, cujos autores são realistas e objetivos e mostram as coisas como
elas se apresentam, ou seja, de forma descritiva e sem lirismo, ou com exaltação de
sentimentos muita vaga. Isso porque entendem que a arte já seja bela, de modo que não
precisa ser explicada, pois ela vale por si.

Muitas características do Parnasianismo encontram-se presentes no Realismo.


Observe, no entanto que, no Parnasianismo foram criadas apenas poesias, não existe
prosa parnasiana.

Em resumo, as características do Parnasianismo são:

• Idealização da arte pela arte

• Busca da perfeição formal

• Preferência pelo soneto

• Preferência pela descrição

• Rimas raras

• Vocabulário culto

• Objetivismo

• Racionalismo

• Universalismo

• Apego à tradição clássica

• Gosto pela mitologia greco-latina

• Rejeição do lirismo

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3.2. Contexto histórico

O fato dos parnasianos interpretarem o mundo de forma cienti cista e positivista


resulta do período em que esteve inserido, época de muitas invenções e avanços que
traziam mudanças não só à economia, mas que transformavam a mentalidade das
pessoas.

Isso porque, a valorização da ciência rompe com o subjetivismo, marca da escola


literária anterior, o Romantismo.

3.3. Autores do Parnasianismo no Brasil

Os principais autores do Parnasianismo no Brasil foram Olavo Bilac (1865- 1918),


Raimundo Corrêa (1859-1911) e Alberto de Oliveira (1857-1937). Os três formavam a
chamada tríade parnasiana.

Além deles, outros autores também merecem destaque: Augusto de Lima


(1859-1937), Bernardino Lopes (1859-1916), Fontoura Xavier (1856-1922), Francisca Júlia
(1871-1920) e Múcio Teixeira (1857-1926).

3.4. Autores do Parnasianismo em Portugal

Embora tenha sido mais representativo no Brasil, alguns autores se destacam no


Parnasianismo em Portugal. São exemplos: António Feijó (1859-1917), Cesário Verde
(1855-1886), Gonçalves Crespo (1846-1883) e João Penha (1838-1919).

4. Simbolismo

O simbolismo é um movimento artístico que surgiu no século XIX e teve como


principais características o subjetivismo, o espiritualismo, a religiosidade e o misticismo.

Na época em que se desenvolveu, o capitalismo e a industrialização estavam se


consolidando na cena mundial, e diversas descobertas cientí cas transmitiam a ideia de
evolução da civilização.

No entanto, isso acabou gerando muitos problemas sociais, como o aumento das
desigualdades, o que levou os artistas a negarem a ideia de progresso.

Essa corrente artística, que se manifestou na literatura e na pintura, se aproximou


dos ideais românticos de subjetivismo, idealismo e individualismo. Assim, a objetividade

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foi posta de lado para dar lugar a uma nova abordagem mais subjetiva, individual,
pessimista e ilógica.

Se por um lado ele apresentou uma ligação com o romantismo, por outro, o
simbolismo rejeitou as ideias dos movimentos anteriores do realismo, do parnasianismo e
do naturalismo.

Ele se afastou do rigor estético e do equilíbrio formal do movimento parnasiano,


buscando se distanciar do materialismo extremo e da razão. Dessa forma, explorou
temas mais espirituais representando a realidade de uma forma diferente e mais
idealizada.

Houve grande interesse pelas zonas mais profundas da mente humana, como o
universo inconsciente e subconsciente, mostrando uma arte mais pessoal, emocional e
misteriosa.

4.1. Contexto histórico do simbolismo

O movimento simbolista surge nas últimas décadas do século XIX na França, num
momento em que o continente Europeu assistia à ascensão da burguesia industrial. O
capitalismo se fortalecia com a II Revolução Industrial, permitindo a industrialização de
diversos países.

Esse processo industrial foi alavancado pela uni cação da Alemanha, em 1870, e
da Itália, no ano seguinte. Por outro lado, esse progresso capitalista gerou uma grande
desigualdade social, levando a insatisfação dos trabalhadores mais pobres.

Nessa fase, muitas inovações no campo cientí co levaram a ideia de progresso,


como, por exemplo, o uso da energia elétrica, de produtos químicos e do petróleo para a
produção de combustível.

Há, assim, a disputa das grandes potências (como Inglaterra, Alemanha e Rússia)
pela diversi cação de mercados, de consumidores e matéria-prima.

É também o momento do neocolonialismo que fragmenta a África e a Ásia, devido


ao imperialismo de alguns países europeus industrializados, considerados as grandes
potências mundiais.

Por m, todos esses fatores irão desencadear a Primeira Guerra Mundial


(1914-1918) no início do século XX:

• o progresso do capitalismo;

• o aumento das desigualdades sociais;

• a disputa dos interesses econômicos e políticos de algumas potências europeias;

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• o imperialismo e o neocolonialismo alavancados pela industrialização.

Diante desse panorama, o movimento simbolista surge para desa ar esse cenário
opondo-se às correntes materialistas, cienti cistas e racionalistas que vigoravam,
negando a realidade objetiva.

Além disso, ele vem apoiar a camada da sociedade que está à margem do
processo de avanço tecnológico e cientí co, promovido pelo capitalismo.

4.2. As características do simbolismo

1. Oposição à realidade objetiva


Os temas abordados pelos artistas simbolistas como a morte, a dor de existir, a
loucura e o pessimismo são subjetivos, se afastando da realidade objetiva e de assuntos
relacionados com a esfera social.

A projeção é de frustração, medo e desilusão, e o simbolismo surge como uma


forma de negar a realidade objetiva. Renascem, assim, os ideais espiritualistas.

2. Transcendência, misticismo e espiritualidade


A arte simbolista busca transcender a realidade por meio do misticismo e da
espiritualidade, ao mesmo tempo que tenta encontrar nas zonas mais profundas da alma
respostas para as angústias e dores.

Esses fatores se relacionam diretamente com o contexto histórico em que está


inserida essa corrente artística, pois esse momento é marcado por uma crise espiritual.
Isso leva os artistas a sentirem e analisarem o mundo, as coisas e os seres de maneira
diferente.

3. Presença de religiosidade
Embora diversos temas da arte simbolista estejam relacionados com um universo
mais sombrio e misterioso, é possível identi car em algumas obras uma visão cristã
aliada ao desejo da fuga da realidade.

Marcado pela busca do homem pelo sacro e de um sentimento de totalidade, a


literatura simbolista faz da poesia uma espécie de religião. Dessa forma, muitos
escritores simbolistas utilizam palavras do vocabulário litúrgico que reforçam essa
característica, tais como: altar, arcanjo, catedral, incenso, salmo, cântico.

4. Valorização do “eu” e da psiquê humana


Contrário ao objetivismo, no movimento simbolista o “eu” é valorizado e a verdade
é encontrada através da consciência humana.

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Dessa maneira, há um grande interesse pelas zonas mais profundas da mente,
como o inconsciente e o subconsciente.

5. Linguagem vaga, imprecisa e sugestiva


O simbolismo apresenta uma linguagem muito particular, envolta em mistério e
com grande expressividade e musicalidade. Esses atributos proporcionam às obras os
ideais imateriais e psíquicos característicos do movimento.

Assim, a linguagem simbolista é sugestiva, pois sugere algo em vez de nomear, ou


explicar objetivamente.

6. Uso excessivo de guras de linguagem


Nas obras simbolistas, há forte presença das guras de linguagem, pois mais
importante do que o signi cado real das palavras, estão os sentidos poéticos, as
sonoridades e as sensações.

As guras mais utilizadas são: as metáforas e as comparações (que focam no


sentido poético); as aliterações, as assonâncias e as onomatopeias (que promovem a
sonoridade); e as sinestesias (que sugerem a mistura de campos sensoriais distintos).

7. Preferência pelos sonetos


Embora tenha se manifestado na prosa, foi na poesia que o simbolismo atingiu
grande reconhecimento.

De caráter subjetivo e lírico, os escritores simbolistas preferiram expressar seus


dramas existenciais através de sonetos, forma xa poética composta por dois quartetos
e dois tercetos.

8. Retomada de elementos românticos


O simbolismo retoma alguns elementos românticos almejando ir além do aspecto
palpável das coisas. Podemos citar o subjetivismo, a irracionalidade, o gosto pelo
mistério e por ambientes noturnos.

Dessa forma, os temas explorados por ambos movimentos se aproximam como a


dor de viver, a angústia do ser humano, os dramas existenciais, a tristeza profunda e a
insatisfação.

9. Valorização da simbologia, em oposição ao cienti cismo

A arte simbolista opõe-se ao cienti cismo, levantando a questão sobre a validade


da ciência para explicar os fenômenos da natureza.

Os artistas simbolistas acreditam que a ciência é limitante, colocando em dúvida


sua capacidade absoluta. Dessa maneira, as ideias são apresentadas de maneira
simbólica, na qual se acredita estar o verdadeiro sentido de tudo.

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10. Oposição ao mecanicismo e a aproximação do universo do sonho

O movimento simbolista passa a ser a rejeição ao mecanicismo, por meio do


sonho, da tendência cósmica e do absoluto.

Aliado à sondagem interior da mente, os artistas humanistas buscavam


explicações através de sonhos, onde o universo onírico (relativo aos sonhos) fazia parte
da realidade subjetiva e dos estados contemplativos.

4.3. O simbolismo no Brasil

O simbolismo no Brasil começou em 1893 com a publicação das obras de Cruz e


Sousa: Missal (prosa) e Broquéis (poesia). Esse movimento permanece até o ano de
1910, quando se inicia o Pré-Modernismo.

O momento é de agitação política, pois, com a Proclamação da República em


1889, o país estava passando por um momento de transição. Há, assim, uma
transformação na cena política, com a passagem do regime monárquico para o regime
republicano.

Com a instauração da República da Espada em 1889, alguns con itos


despontaram por conta da crise política e de disputa de poder.

Houve, assim, a Revolução Federalista (1893-1895), que aconteceu nos estados


do sul do país, e a Revolta da Armada (1891-1894), ocorrida no Rio de Janeiro.

Assim, em meio a esse contexto de insegurança e insatisfação, surge o


movimento simbolista.

4.4. Principais poetas simbolistas brasileiros e suas obras

Além do precursor do movimento, Cruz e Sousa, Alphonsus de Guimaraens e


Pedro Kilkerry merecem destaque na poesia simbolista brasileira. João da Cruz e Sousa
(1861-1898), nascido em Florianópolis, Santa Catarina, foi o mais importante poeta
simbolista. Filho de escravos, teve uma vida confortável entre uma família aristocrata que
o ajudou nos estudos.

Apesar de ter escrito diversos textos poéticos, publicou somente duas obras em
vida: Broquéis (1893) e Missal (1893). Missal é uma obra em que constam poemas
escritos em prosa, enquanto Broquéis apresenta 54 poemas, dentre os quais 47 são
sonetos.

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Postumamente foram publicados outros de seus escritos: Evocações (1898),
Faróis (1900) e Últimos Sonetos (1905).

Vítima de preconceito racial, o escritor lutou a favor da causa negra. Sua obra é
bem diversa e reúne temas como: obsessão pela cor branca, a dor, a morte e o
pessimismo.

Veja abaixo um de seus poemas, publicado em sua obra poética Broquéis (1893).

Acrobata da Dor
Gargalha, ri, num riso de tormenta,

como um palhaço, que desengonçado,

nervoso, ri, num riso absurdo, in ado

de uma ironia e de uma dor violenta.

Da gargalhada atroz, sanguinolenta,



agita os guizos, e convulsionado

salta, gavroche, salta clown, varado

pelo estertor dessa agonia lenta ...

Pedem-se bis e um bis não se despreza!



Vamos! retesa os músculos, retesa

nessas macabras piruetas d'aço...

E embora caias sobre o chão, fremente,



afogado em teu sangue estuoso e quente,

ri! Coração, tristíssimo palhaço.

Alphonsus de Guimaraens (1870-1921), nascido em Ouro Preto, Minas Gerais, foi


um dos grandes poetas do movimento simbolista, apresentando uma obra religiosa, de
caráter místico, espiritual e sentimental.

Os temas mais presentes em sua obra poética são: a dor do amor, a saudade da
amada e a morte. Isso porque o grande amor de sua vida, sua prima Constança, morreu
muito jovem.

De sua obra, destacam-se: Septenário das Dores de Nossa Senhora (1899), Dona
Mística (1899), Kyriale (1902), Pauvre Lyre (1921) e Pastoral aos Crentes do Amor e da
Morte (1923).

Con ra abaixo um de seus poemas mais emblemáticos, publicado no livro


Pastoral aos Crentes do Amor e da Morte, em 1923.

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Ismália
Quando Ismália enlouqueceu,

Pôs-se na torre a sonhar…

Viu uma lua no céu,

Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,



Banhou-se toda em luar…

Queria subir ao céu,

Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,

Na torre pôs-se a cantar…

Estava perto do céu,

Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu



As asas para voar…

Queria a lua do céu,

Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu



Ru aram de par em par…

Sua alma subiu ao céu,

Seu corpo desceu ao mar...

Pedro Kilkerry (1885-1917) foi jornalista e além de publicar diversas crônicas e


artigos nos jornais, se dedicou à poesia simbolista. Foi considerado um dos grandes
poetas do movimento, descoberto recentemente pela crítica.

Durante sua vida, Kilkerry não publicou nenhuma obra, no entanto, seus escritos
foram reunidos postumamente. Com uma poesia diversa, ele explora diversos temas
relacionados com a religiosidade, o misticismo, os sonhos e o amor.

Con ra abaixo um de seus poemas, escrito em 1907 e publicado na obra Revisão


de Kilkerry, de Augusto de Campos.

Sob os ramos
É no Estio. A alma, aqui, vai-me sonora,

No meu cavalo — sob a loira poeira

Que chove o sol — e vai-me a vida inteira

No meu cavalo, pela estrada afora.

Ai! desta em que te escrevo alta mangueira



Sob a copada verde a gente mora.

E em vindo a noite, acende-se a fogueira

Que se fez cinza de fogueira agora.
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Passa-me a vida pelo campo... E a vida

Levo-a cantando, pássaros no seio,

Qual se os levasse a minha mocidade...

Cada ilusão oresce renascida;



Flora, renasces ao primeiro anseio

Do teu amor... nas asas da Saudade!

4.5. O simbolismo em Portugal

O simbolismo em Portugal compreendeu o período entre 1890 e 1915, quando


teve início o modernismo.

No país, esse movimento surgiu em meio à crise da monarquia e foi inaugurado


em 1890 com a publicação da obra Oaristos, do escritor Eugênio de Castro.

Oaristos é uma coletânea de poemas que foi escrita após o regresso do seu autor
da França, onde teve contacto com poetas simbolistas, cujo movimento já in uenciava a
literatura portuguesa.

4.6. Principais poetas simbolistas portugueses e suas obras

Além de Eugênio de Castro, destacam-se os poetas simbolistas portugueses:


Antônio Nobre e Camilo Pessanha.

Eugênio de Castro (1869-1944), nascido em Coimbra, Portugal, se formou em


Letras, sendo precursor do movimento simbolista em Portugal.

Sua obra está dividida em duas fases: simbolista e neoclassicista. Na primeira


fase, os seus escritos revelam a aproximação com os temas e a musicalidade do
simbolismo. Já na segunda fase, suas obras retomam aspectos da literatura clássica.

De sua obra poética, destacam os livros: Oaristos (1890), Horas (1891), Interlúnio
(1894), Salomé e Outros Poemas (1896) e Saudades do Céu (1899).

Um sonho (trecho do poema)


Na messe , que enlourece, estremece a quermesse…

O sol, celestial girasol, esmorece…

E as cantilenas de serenos sons amenos

Fogem uidas, uindo a na or dos fenos...

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As estrelas em seus halos

Brilham com brilhos sinistros…

Cornamusas e crotalos,

Cítolas, cítaras, sistros,

Soam suaves, sonolentos,

Sonolentos e suaves,

Em Suaves,

Suaves, lentos lamentos

De acentos

Graves

Suaves...

Flor! enquanto na messe estremece a quermesse



E o sol,o celestial girasol,esmorece,

Deixemos estes sons tão serenos e amenos,

Fujamos, Flor!à or destes oridos fenos...

António Nobre (1867-1900), nascido no Porto, Portugal, foi um poeta simbolista


que se formou em Direito na cidade de Paris. Ali, ele publica, em 1892, sua obra mais
notável do movimento simbolista: Só. Esse livro, reúne diversos poemas que exploram
temas como a saudade e a tristeza profunda.

Outros de seus escritos foram publicados postumamente, tais como: Despedidas


(1902), Primeiros versos (1921) e Alicerces (1983)

A vida (trecho do poema publicado na obra Só)


O grandes olhos outonais! místicas luzes!

Mais tristes do que o Amor, solenes como as cruzes!

Ó olhos pretos! olhos pretos! olhos cor

Da capa de Hamlet, das gangrenas do Senhor!

Õ olhos negros como noites, como poços!

Ó fontes de luar, num corpo todo ossos!

Ó puros como o Céu! ó tristes como levas

De degredados!

Ó Quarta-Feira de Trevas!

Vossa luz é maior, que a de três Luas-Cheias



Sois vós que alumiais os Presos, nas cadeias,

Ó velas do Perdão! candeias da Desgraça!

Õ grandes olhos outonais, cheios de Graça!

Olhos acesos como altares de novena!

Olhos de génio, aonde o Bardo molha a pena!

Ó carvões que acendeis o lume das velhinhas,

Lume dos que no Mar andam botando as linhas …

Õ farolim da barra a guiar os Navegantes!

Ó pirilampos a alumiar os caminhantes,


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Mais os que vão na diligência pela serra!

Ó Extrema-Unção nal dos que se vão da Terra!

Camilo Pessanha (1867-1926), nascido em Coimbra, Portugal, foi o autor que


melhor correspondeu as características do movimento simbolista, e atualmente é
considerado a principal expressão do movimento.

Em sua obra, ele utiliza diversas guras de linguagem características do


movimento, além de apresentar uma poesia repleta de simbologias e com forte
musicalidade. Os temas mais explorados estão relacionados com o pessimismo, a dor, a
tristeza e a morte.

Clepsidra é seu único livro de poemas que foi publicado em 1920. O resto de seus
escritos foram publicados postumamente.

Caminho (poema publicado na obra Clepsidra)


Tenho sonhos cruéis; n'alma doente

Sinto um vago receio prematuro.

Vou a medo na aresta do futuro,

Embebido em saudades do presente...

Saudades desta dor que em vão procuro



Do peito afugentar bem rudemente,

Devendo, ao desmaiar sobre o poente,

Cobrir-me o coração dum véu escuro!...

Porque a dor, esta falta d'harmonia,



Toda a luz desgrenhada que alumia

As almas doidamente, o céu d'agora,

Sem ela o coração é quase nada:



Um sol onde expirasse a madrugada,

Porque é só madrugada quando chora.

4.7. O simbolismo na Europa

O movimento simbolista teve sua origem na França em meados do século XIX, e


na literatura ele começou em 1857 com a publicação da obra As ores do mal, do poeta
francês Charles Baudelaire.

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Na época, esse livro foi censurado por conter poesias com temas eróticos,
sensuais e sombrios. Veja abaixo um soneto de Charles Baudelaire em seu livro Flores do
Mal:

Correspondências
A Natureza é um templo vivo em que os pilares

Deixam ltrar não raro insólitos enredos;

O homem o cruza em meio a um bosque de segredos

Que ali o espreitam com seus olhos familiares.

Como ecos longos que à distância se matizam



Numa vertiginosa e lúgubre unidade,

Tão vasta quanto a noite e quanto a claridade,

Os sons, as cores e os perfumes se harmonizam.

Há aromas frescos como a carne dos infantes,



Doces como o oboé, verdes como a campina,

E outros, já dissolutos, ricos e triunfantes,

Com a uidez daquilo que jamais termina,



Como o almíscar, o incenso e as resinas do Oriente,

Que a glória exaltam dos sentidos e da mente.

Entretanto, foi somente em 1886 que o termo “simbolismo” foi utilizado pela
primeira vez pelo poeta grego Jean Moréas (1856-1910). Ele escreveu o Manifesto
Simbolista expondo os princípios de uma arte mais preocupada com a espiritualidade e
as sensações.

Na ocasião, Moréas identi cou os três grandes artistas da literatura francesa


simbolista: Charles Baudelaire (1821-1867), Stéphane Mallarmé (1842-1898) e Paul
Verlaine (1844-1896).

Além da França, outros países europeus tiveram destaque no movimento


simbolista como a Espanha, a Itália, a Inglaterra, a Alemanha e a Rússia.

Assim, além dos poetas franceses simbolistas mais notáveis (Charles Baudelaire,
Stéphane Mallarmé, Paul Verlaine e Arthur Rimbaud), podemos citar os poetas russos
Viatcheslav Ivánov (1866-1949), Andreï Biély (1880-1934) e Aleksandr Blok (1880-1921).

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4.8. O simbolismo nas artes plásticas

Embora o simbolismo tenha começado como um movimento literário, ele também


oresceu nas artes plásticas, sobretudo na pintura.

A pintura simbolista foi diretamente in uenciada pelas poesias dos poetas franceses
Stéphane Mallarmé, Paul Verlaine e Arthur Rimbaud, sendo também uma arte de
oposição ao realismo.

Dessa maneira, os pintores abordavam em suas obras temas sombrios, oníricos e


espirituais, utilizando cores mais frias e escuras.

Alguns pintores franceses que tiveram grande destaque foram: Gustave Moreau
(1826-1898) e Odilon Redon (1840-1916). Além deles, merece citar as obras do alemão
Carlos Schwabe (1866-1926). Con ra abaixo algumas de suas telas:

Sagrado coração (1910), obra de Odilon Redon

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Salomé (1876), obra de Gustave Moreau

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A Morte do Coveiro (1895-1900), obra de Carlos Schwabe

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Conclusão

Períodos Literários descrevem as diversas escolas literárias, num determinado


período histórico, seguindo certos estilos, movimentos e preocupações da época.

A Literatura constantemente evolui à medida que novos movimentos emergem


para falar das preocupações de diferentes grupos de pessoas e períodos históricos.

No agrupamento de textos de acordo com “tipo”, o conceito de gênero é aplicado


a todas as obras literárias, passado, presente ou futuro. Assim, vendo um trabalho único
em seu contexto genérico torna-se inseparável de vê-lo como parte da história literária.


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Bibliogra a

Endereços (Links)
Toda Matéria

https://www.todamateria.com.br/simbolismo-caracteristicas-e-contexto-historico/
https://www.todamateria.com.br/parnasianismo-caracteristicas-e-contexto-historico/
https://www.todamateria.com.br/naturalismo-movimento-naturalista/
https://www.todamateria.com.br/realismo/

Livro didático: “Pré-Vestibular: Conteúdos e atividades de revisão


(Volume 2)”

Módulo 4 (Literatura)

Sistema inter@tivo de ensino : pré-vestibular :


conteúdos e atividades de revisão, volume 2.
Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2015.

Vários autores.
Suplementado pelo manual do professor.
Conteúdo: Língua portuguesa - Literatura -
Língua inglesa - Biologia - Física - Química
Matemática - História - Geogra a.
Bibliogra a.
ISBN 978-85-345-2202-1

1. Ensino médio 2. Livros-texto (Ensino médio)


3. Livros-texto (Vestibular).

Autores de Literatura:
Ronnie Roberto Campos
Wander Rocha de Oliveira

Consultoria Pedagógica:
Almir Augusto de Oliveira
Flávio Henrique Menezes da Silva
Silvia Naara da Silva Pinto

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