Naturalismo
Oposição ao Romantismo: avesso às ideias
O Naturalismo foi um movimento artístico e cultural
que se manifestou na literatura, no teatro e nas artes
plásticas, e teve como principais características a
objetividade, a impessoalidade e o retrato fiel da
realidade.
Ele surgiu na França, em meados do século XIX, e se
espalhou rapidamente para outros países da Europa e
do mundo.
Oposto ao Romantismo, que apresentava uma face
sonhadora, com idealizações, subjetivismos e fuga da
realidade, o naturalismo prezou pelo objetivismo
científico.
Influenciado pelas correntes científicas e filosóficas
que surgiam na Europa como o determinismo, o
darwinismo e o cientificismo, para os artistas
naturalistas, tudo estava determinado e possuía uma
explicação lógica pautada na ciência.
Através de uma visão imparcial dos fatos, nada era
sugerido ou apresentado de maneira subjetiva. O ser
humano passou a ser visto como uma máquina, sem
livre arbítrio, e influenciado pelo meio social e físico em
que está inserido.
Assim, surge uma arte de denúncia social, focada nos
temas da pobreza, das desigualdades, da disputa de
poder e das patologias sociais.
No Brasil, o movimento naturalista começa em 1881
com a publicação da obra O Mulato, de Aluísio de
Azevedo. Já em Portugal, o movimento surge em 1875
com o romance O crime do padre Amaro, do escritor Eça
de Queiroz.
Características do Naturalismo
Determinismo: segundo essa corrente teórica, a
natureza determina o caráter e o comportamento do ser
humano, uma vez que tudo já está pré-determinado e
estabelecido. Por essa perspectiva, o homem é
influenciado pelo meio em que vive, sendo fruto dele.
Positivismo: corrente filosófica que se apoia na
ciência para atingir o conhecimento verdadeiro. Para
esses teóricos, o conhecimento científico é utilizado
para explicar as teorias e as leis científicas, bem como o
ser humano e a sociedade.
Objetivismo científico: para os naturalistas, a ciência
era a chave e os fatos eram explicados à luz das
correntes científicas que vigoravam em meados do
século XIX. Assim, os artistas naturalistas não projetam
em suas obras utopias e ideias idealizadas.
Darwinismo social: pautado nas ideias de Charles
Darwin, como a seleção natural e o evolucionismo, esse
conceito sugere que os mais fortes sobrevivem às
adversidades da sociedade, enquanto os outros
enfraquecem.
românticas de fuga da realidade e subjetividade, o
Naturalismo focou em aspectos da objetividade, além
de retratar a realidade sem idealismos.
Imparcialidade e impessoalidade: apoiados em
correntes científicas para explicar a realidade, os autores
do naturalismo costumam ser objetivos, imparciais e
impessoais em suas descrições. Assim, deixam de lado
os juízos de valores e opiniões que não estejam
fundamentados em teorias.
Descrições detalhadas: na literatura naturalista, existe
grande preocupação com as minúcias, pois os autores
pretendem fazer um retrato fiel de onde se passa a
trama. Para isso, as narrativas naturalistas costumam ser
lentas e cheia de detalhes.
Zoomorfização: influenciado pelo darwinismo social,
no Naturalismo as personagens apresentam
características animalescas e instintivas, através de uma
perspectiva biológica. Assim, os comportamentos
humanos se aproximam dos animais, mostrando que o
homem é condicionado pelo meio em que vive.
Retrato fiel da realidade: na arte naturalista, é
notória a preocupação em observar o mundo e as
coisas que nos rodeiam de maneira bastante minuciosa
para entregar ao expectador um retrato verossímil da
realidade.
Temas degradantes e de patologia social: na arte
naturalista, o tom é de denúncia com foco para os
problemas sociais e morais. Os temas mais explorados
pelos artistas são: a pobreza extrema, as injustiças, as
desigualdades sociais, a violência, as perversões, os
crimes e a falta de caráter.
Passividade do ser humano: na arte naturalista, os
seres humanos são produtos das forças do mundo, e,
por isso, não possuem livre-arbítrio. Eles são guiados
pelas leis científicas e influenciados pelo meio social e
físico em que vivem.
O Naturalismo na literatura
A literatura naturalista surge em 1867, na França,
com a publicação da obra Thérèse Raquin, de Émile Zola
(1840-1902). Esse é considerado o primeiro romance
naturalista e que posteriormente inspirou muitos
escritores.
Naquele momento, a obra foi criticada por abordar
temas relacionados com a morte, os interesses e a
sexualidade. Sobre a publicação de Thérèse Raquin,
Ferragus, crítico do século XIX, comenta:
Estabeleceu-se há alguns anos uma escola
monstruosa de romancistas, que pretende substituir a
eloquência da carnagem pela eloquência da carne, que
apela para as curiosidades mais cirúrgicas, que reúne
pestíferos para nos fazer admirar as veias saltadas, que escritos foram: Raul Pompeia, Adolfo Caminha e Inglês
se inspira diretamente do cólera, seu mestre, e que faz de Sousa.
sair pus da consciência. (…) Thérèse Raquin é o resíduo Autores naturalistas brasileiros e suas obras
de todos esses horrores publicados precedentemente.
Nele, escorrem todo o sangue e todas as infâmias… Aluísio de Azevedo (1857-1913), nascido em São
Embora Thérèse Raquin tenha inaugurado a literatura Luís do Maranhão, foi um dos principais escritores do
naturalista, a obra de Émile Zola, Germinal (1881), foi movimento naturalista.
considerada uma das mais importantes do Naturalismo Embora O Mulato seja o romance que inaugura o
francês. Nela, o escritor apresenta as condições movimento naturalista no Brasil, sem dúvida, O Cortiço,
subumanas de trabalho em uma mina de carvão. publicado em 1890, é sua obra de maior importância.
Vale ressaltar que o romance naturalista também é Nela, o escritor retrata a vida de diversos
conhecido pelo nome “romance de tese”, pois defende personagens que vivem em um cortiço no Rio de
um ponto de vista. Apoiado em diversas correntes Janeiro, revelando aspectos da sociedade carioca em
teóricas como o Determinismo, o Positivismo e o finais do século XIX.
Evolucionismo, ele busca na ciência explicações para os Suas obras de maior destaque são: O
fenômenos. Mulato (1881), Casa de Pensão (1884) e O Cortiço (1890).
Realismo e Naturalismo
Raul Pompeia (1863-1895), nascido em Angra dos
Surgidos no século XIX na Europa, os movimentos
Reis, no Rio de Janeiro, colaborou com a produção
realista e naturalista apresentam diferenças e
literária naturalista e realista no Brasil.
similaridades.
De estética naturalista destaca-se seu romance O
Opostos ao movimento artístico anterior, o
Ateneu (1888) que apresenta forte crítica social e moral.
Romantismo, ambos buscam apresentar um retrato fiel
A obra é repleta de descrições do ambiente em que a
da realidade, sem idealismos e subjetividades.
trama se passa (colégio interno), além de apresentar um
Na literatura realista e naturalista, os escritores fazem
retrato psicológico das personagens e de suas
descrições minuciosas do ambiente e das personagens.
características animalescas.
No entanto, como diferenças, podemos apontar as
Além de O Ateneu, outras obras do escritor são: Uma
personagens e os temas abordados.
Tragédia no Amazonas (1880) e As Joias da
No Naturalismo, há uma animalização das
Coroa (1883).
personagens, as quais são movidas por instintos.
Geralmente, são apresentadas personagens de classe
Adolfo Caminha (1867-1897), nascido em Aracati,
mais baixa. Os temas mais explorados são a pobreza, as
no Ceará, foi um grande expoente do naturalismo no
desigualdades, a corrupção, a violência, o sensualismo e
Brasil. Suas obras fazem duras criticas à sociedade e
o erotismo.
evocam diversos temas relacionados com tragédias e
Já no Realismo, as personagens também são pessoas
violências.
comuns, com defeitos e manias, mas pertencentes à
Na estética naturalista, seu romance de maior
classe média. No realismo, há um maior
relevância é A Normalista, publicado em 1893. Nele, o
aprofundamento psicológico das personagens e os
autor aborda o tema do incesto entre a personagem
temas preferidos pelos escritores versam sobre o
normalista, Maria do Carmo, e seu padrinho.
cotidiano, os defeitos humanos, as instituições, o poder
Outro romance de Adolfo Caminha que merece
e as diferenças sociais.
destaque é Bom crioulo (1895). Nesta obra, o autor traz
Dessa maneira, podemos considerar o naturalismo
à tona o assunto da homossexualidade, um tabu na
como um desdobramento do realismo, sendo mais
época em que foi publicada e, por isso, foi duramente
radical e exagerado que ele.
criticada.

O Naturalismo no Brasil Inglês de Souza (1853-1918), nascido na cidade de

O Naturalismo brasileiro surge no final do século XIX
Óbidos, no Pará, participou da fundação da Academia
em meio a agitação política e social promovida pela
Brasileira de Letras (ABL), embora tenha se destacado na
crise do Segundo Reinado, que culminaria na
política.
Proclamação da República, em 1889.
Alguns críticos o consideram introdutor do
Na literatura, o marco inicial do naturalismo
naturalismo no Brasil, com a publicação da obra O
brasileiro é a publicação da obra, em 1881, O Mulato, do
Coronel Sangrado (1877). No entanto, esse romance não
escritor Aluísio Azevedo. Considerado o primeiro
teve muito reconhecimento no momento em que foi
romance de tese do Brasil, a obra aborda o tema do
publicado.
preconceito racial, muito vigente na sociedade da
A obra que o consagrou foi O Missionário, publicada
época.
em 1891, que aborda os aspectos morais de um
Além do precursor do movimento naturalista, Aluísio
religioso que começa a se interessar por uma mestiça,
de Azevedo, outros autores que contribuíram com seus
Clarinha.