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• Ênfase no lado mais animalesco do homem: a fome, o instinto, a parte “não civilizada”, a sexualidade etc., bem
como a zoomorfização de personagens;
• Determinismo: o indivíduo não é mais sujeito, mas um figurante da história, resultado das influências do meio;
• Cientificismo: o homem é entendido como produto das leis naturais;
• Patologias sociais: as obras naturalistas enfatizam esses temas, trazendo à tona tópicos como as taras sexuais, os
vícios, as doenças, o incesto, o adultério;
• Objetividade e impessoalidade narrativas;
• Preferência por temas cotidianos, frequentemente priorizando as relações e vivências das classes “inferiores”;
• Predominância da forma descritiva;
• Obras comumente engajadas, denúncias de aspectos socialmente retrógrados, da miséria e do sistema de
desigualdades que fundamentava o capitalismo que surgia.
Émile Zola (Paris,1840-1902)
Considerado o fundador da estética naturalista, foi
romancista, contista, dramaturgo, poeta, jornalista e
crítico literário. Entendido como pai do romance
experimental, Zola tencionava fazer da literatura um
P R IN C I PAI S A U TO R E S instrumento efetivo de luta para mudanças sociais.
D O N AT U R A L I S M O Autor prolífico, de sua vasta obra destacam-se os
títulos A
Taberna (1886), Naná (1880), Germinal (1885), A
besta humana (1890) e J’accuse (1898). Exerceu
influência decisiva na maioria dos escritores
naturalistas.
Aluísio Azevedo – escritor, dramaturgo, pintor, caricaturista e,
no final de sua carreira, diplomata – foi o autor que
inaugurou a estética naturalista no Brasil. Sua obra O
Mulato (1881) é tida como o primeiro expoente dessa corrente
literária, que alcançou o seu auge com o célebre O
Cortiço (1890), romance em que descreve em minúcias
(patológicas) a organização social da periferia carioca, onde o
português é o dono do imóvel, dividido em porções menores e
alugado aos brasileiros das classes mais baixas, que se veem
diante de diversas barreiras sociais, como o preconceito e a
exploração constantes.
Adolfo Caminha (Aracati-CE, 1867 – Rio de Janeiro, 1897)
Escritor, jornalista e oficial da Marinha do Brasil, sua morte precoce por
tuberculose não o impediu de ser um dos mais veementes naturalistas do
cânone nacional. Estreou em 1886 com a publicação em versos Voos
Incertos, mas foi com a obra A Normalista (1893) que se consolidou como
autor naturalista: trata-se de uma chocante narrativa cujo enredo centra-se
em uma relação incestuosa.
Aclamado por suas descrições minuciosas, o mais famoso romance de
Caminha é O Bom Crioulo (1895), protagonizado por um oficial da
Marinha que se envolve amorosa e sexualmente com um grumete
(graduação mais inferior das praças da Armada). Trata-se da primeira obra
brasileira centrada em uma relação homossexual.
NATURALISMO NO BRASIL
O naturalismo é entendido como uma corrente mais radical do realismo. As duas escolas compartilham, portanto,
algumas premissas: o retrato verossímil da realidade, a preferência por cenas cotidianas, a objetividade das obras, o
desprezo pelas idealizações românticas – retratando o adultério em oposição à realização amorosa matrimonial e o
fracasso social ao contrário do herói idealizado –, a crítica da moralidade burguesa e a impessoalidade.
O que diferencia o naturalismo é a abordagem patológica das personagens e situações. Enquanto o realismo privilegia
mergulhos psicológicos nas personagens, o naturalismo possui um olhar anatômico, ressaltando a doença e o aspecto
animalesco do ser humano. As personagens são abordadas de fora para dentro, enfatizando as ações exteriores, sem
preocupação com o aprofundamento psicológico. O realismo retrata o homem psicológico, enquanto o naturalismo
propõe o homem biológico.
Se o realismo propõe retratar o homem em interação com seu meio, o naturalismo vai ainda um pouco além: expõe o
indivíduo como um produto biológico, cujo comportamento é determinado a partir dessas relações com o meio e de
acordo com suas características hereditárias.