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O VERSO E O REVERSO: NOTAS SOBRE O CORDEL EMPODERADO DE


SALETE MARIA

Stélio Torquato Lima 1

INTRODUÇÃO
O conservadorismo e as formas inovadoras coexistem
na base das manifestações populares
Antonio Gramsci

Os analistas sobre a cultura popular costumam acentuar uma aparente


contradição nessa modalidade de criação: a convivência entre o questionamento e a
conservação do status quo. Em relação ao primeiro aspecto, cabe acentuar o
elemento de contestação presente na cultura do povo destacado por Mikhail Bakhtin
em A cultura popular na Idade Média e no Renascimento (BAKHTIN, 2000), tendo
em vista que, apoiado na leitura de obras de François Rabelais, o teórico russo
demonstra como a carnavalização serviu como estratégia de crítica à cultura oficial
do medievo.
No outro extremo, observa-se que muitas obras de autores populares (ou de
autores eruditos que estilizaram obras da cultura popular) tendem a se mostrarem
refratários a quaisquer mudanças, mesmo as de natureza menos ameaçadoras da
estrutura social vigente. Sobre essa questão, focada em específico sobre o cordel,
assim explica a pesquisadora Martine Kunz:

Parece-nos impossível conceber a literatura de cordel como um todo


monolítico e catalogá-la como conservadora, alienada ou revolucionária.
Multifacetada, é sua diversidade que seduz, muito mais que sua elaboração
em sistema coerente e homogêneo. No entanto, é verdade dizer que, entre
silêncios e protestos, raramente surge uma vontade de mudança: os
conflitos são neutralizados, o governo não é considerado como acidente
histórico mas como poder de direito divino. A contestação da ordem
terrestre abalaria a ordem celeste... O receio de cair na desordem e na
subversão desvia o discurso de sua função libertadora. Mas, ainda que
exprima de modo espontâneo uma crítica social sem palavras de ordem que
coalizem, o poeta oferece ao seu público, através de seus versos, uma
forma de revanche poética. (KUNZ, 2001, p. 61. Grifos nossos)

1
Doutor em Letras pela Universidade Federal da Paraíba – UFPB – e professor de Literaturas
Africanas de Língua Portuguesa na Universidade Federal do Ceará – UFC. É cordelista e coordena
o grupo de estudos Literatura Popular – GELP. Endereço eletrônico: profstelio@yahoo.com.br
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Portanto, como se pode observar nas palavras da pesquisadora, sobrevivem


lado a lado na literatura de cordel, por esta não ser monolítica ideologicamente, um
senso de preservação e de contestação do status quo. No último caso, é digno de
nota que muitos dos “vilões” do cordel estão associados a figuras da elite econômica
e política que tradicionalmente se colocam como opositores do povo. No caso da
peça O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, por exemplo, os “inimigos” de
João Grilo e Chicó são os patrões (padeiros) que os exploram, o fazendeiro mandão
e truculento Antônio Morais, o bispo (que, por interesse material, costuma agradar a
classe dominante) e até mesmo o policial que se mostra valente para os pequenos,
mas subserviente aos poderosos.
Muitas obras em cordel, no entanto, mostram uma clara face conservadora.
Cordéis como História de um Homem que falou com o Diabo em Juazeiro (de João
de Cristo-Rei), Estória de Marieta, a Moça que dançou no Inferno (de Joaquim
Batista de Sena) e A Marcha dos Cabeludos e os Usos de Hoje em Dia (de Expedito
Sebastião da Silva), por exemplo, fazem uma crítica explícita das mudanças
comportamentais, incluindo-se aí o vestuário. É do último deles, à guisa de
ilustração, a seguinte passagem:

Os cabelos crescem tanto


Que dão laçadas por trás
Quem vê de longe não sabe
Se é moça ou é rapaz
Pelo semblante não nota
Se é aquela marmota
Gente, bicho ou satanás (SILVA, s.d.)

Além da oposição à moda, muitas obras em cordel mostraram-se


impiedosas para com o negro, a mulher, o protestante, o homossexual, etc. Nesse
sentido, não exagera Francinete Fernandes de Sousa ao afirmar que, no cordel, “o
poeta absorve os preconceitos da sociedade ao mesmo tempo em que, com sua
poesia, ajuda a disseminá-los e confirmá-los.” (SOUSA, 2009, p. 39).
Como será mostrado nesta comunicação, no entanto, a conquista do papel
de sujeito da escrita por parte de membros de grupos tradicionalmente
estereotipados no âmbito literário trouxe um redirecionamento radical, passando a
questionar e a reescrever as antigas “verdades” difundidas pelas obras de ficção. É
nesse contexto que iremos destacar a obra da advogada, professora, militante dos
direitos humanos, pesquisadora e cordelista Salete Maria da Silva.
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A MISOGINIA NA LITERATURA DE CORDEL

Como afirmado anteriormente, a literatura de cordel, marcadamente até a


década de setenta do século passado, foi extremamente preconceituosa para com
os negros, as mulheres, os homossexuais e os protestantes. No caso do negro, por
exemplo, este frequentemente foi representado a partir de estereótipos, destacando-
se entre eles a associação do negro com o Diabo, sua pretensa inclinação “natural”
para a feitiçaria, o de ser portador de um corpo sem formosura e de supostamente
ter uma tendência para a sexualidade bestial, não raro sendo visto como tarado e,
portanto, como uma ameaça às mulheres.
Tal como o negro, a mulher veio a ser frequentemente representada num
plano desabonador. Mesmo em cordéis em que é representada como bela e
religiosa, observa-se uma “infantilização” do “sexo frágil”, que se mostra sempre
carente da proteção masculina. Até mesmo em A Donzela Teodora, uma obra
clássica antiquíssima transposta para o cordel por Leandro Gomes de Barros e
figurada entre os cinco livros do povo por Câmara Cascudo (Cf. CASCUDO, 1953), é
importante destacar que, apesar de inteligentíssima, ela é uma escrava,
constituindo-se o casamento a única forma de emancipá-la.
A fixação da mentalidade patriarcal (e, por vezes, misógina até) no âmbito
do cordel diz muito do contexto social em que esse gênero se formou, o da
sociedade canavieira nordestina, o qual “manteve traços peculiares da sociedade
[medieval] portuguesa, tais como o feudalismo/patrimonialismo, o arcaísmo, o
cosmopolitismo” (VASSALO, 1993, p. 63), e na qual “a durabilidade, a estabilidade e
o isolamento do contexto nordestino como os fatores responsáveis pelo facies
próprio adquirido pela cultura local (...) [veio a transparecer] tanto na literatura
erudita quanto na popular” (Idem, p. 64).
De fato, a literatura de cordel mantém um forte vínculo com a região que lhe
serviu de berço. Em estreito diálogo com o contexto sócio-histórico e cultural em que
se desenvolveu, o cordel expressa a visão de mundo do nordestino, transforma as
demandas existenciais da população do semiárido em temas centrais, transforma
em personagens indivíduos identificados com o povo sofrido do sertão. A
religiosidade popular, as crenças, a luta contra as secas, a fome, o mandonismo dos
coronéis, etc. não são apenas referências de um Nordeste ainda em luta consigo
mesmo com vistas ao seu pleno desenvolvimento; são também as marcas de uma
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literatura ao mesmo tempo rústica e singela, que questiona e que entretém. Nesse
pormenor, Diegues Júnior enfatiza o contexto sócio-histórico nordestino como fator
decisivo para o surgimento da literatura de cordel:

No Nordeste, por condições sociais e culturais peculiares, foi possível o


surgimento da literatura de cordel, de maneira como se tornou hoje em dia
característica da própria fisionomia cultural da região. Fatores de formação
social contribuíram para isso; a organização da sociedade patriarcal, o
surgimento de manifestações messiânicas, o aparecimento de bandos de
cangaceiros ou bandidos, as secas periódicas provocando desequilíbrios
econômicos e sociais, as lutas de família deram oportunidade, entre outros
fatores, para que se verificasse o surgimento de grupos de cantadores como
instrumento do pensamento coletivo, das manifestações da memória
popular. (DIEGUES JÚNIOR, apud MELO, 1983, p.12).

Portanto, a misoginia se apresenta no cordel como uma herança da


sociedade patriarcal que caracterizou o período colonial e imperial no Brasil. Durante
todo esse tempo, a condição da mulher brasileira em geral era de extrema opressão.
Reprimidas pela sociedade e pela igreja, as mulheres eram vítimas de uma espécie
de sadismo por parte dos pais ou dos maridos, como destaca Gilberto Freyre em
Casa-grande e senzala:

Resultado da ação persistente desse sadismo, de conquistador sobre


conquistado, de senhor sobre escravo, parece-nos o fato, ligado
naturalmente à circunstância econômica da nossa formação patriarcal, da
mulher ser tantas vezes no Brasil vítima inerme do domínio ou do abuso do
homem; criatura reprimida sexual e socialmente dentro da sombra do pai ou
do marido. Não convém, entretanto, esquecer-se o sadismo da mulher,
quando grande senhora, sobre os escravos, principalmente sobre as
mulatas; com relação a estas, por ciúme ou inveja sexual. (FREYRE, 2004,
p. 114).

A literatura de cordel, surgindo na segunda metade do século XIX, foi


fortemente influenciada por essa visão equivocada em relação às mulheres. Mesmo
os cordelistas mais esclarecidos, como é o caso de Leandro Gomes de Barros
(1865-1918), terminaram por difundir essa visão estereotipada e rebaixadora da
mulher, como se vê na estrofe de abertura do cordel “O inferno da vida”, publicado
pelo autor em data incerta:

A mulher é uma chaga


Que o homem tem sobre o peito
Não há remédio que cure
Só a morte dá um jeito,
É um asmático vexado
Que traz o homem atacado
Como a tísica pulmonar
É um aneurisma forte
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Que só por meio da morte


Tem-se alívio desse mal (BARROS, on-line).

Interessante registrar no tocante ao bardo de Pombal que algumas vezes ele


lançou mão de estereótipos contra a mulher por motivações puramente
mercadológicas. Explica-se: como acentua Arievaldo Vianna (2015), biógrafo do
autor, embora Leandro faça várias críticas às sogras em folhetos como A Alma de
uma Sogra, A sogra enganando o Diabo e Testamento de uma Sogra, tudo indica
que o poeta tinha uma relação bastante afetuosa com a sogra, fazendo com que as
“críticas à sogra [viessem a ser] (...) apenas um golpe de marketing muito bem
elaborado para ampliar a venda de seus livrinhos.” (VIANNA, 2015, p. 50).
Vários cordelistas que se seguiram a Leandro Gomes de Barros também
transmitiram visões misóginas, ainda que “só por brincadeira”. Manoel Monteiro, por
exemplo, no cordel “A mulher de antigamente e a mulher de hoje em dia”, ressalta a
falta de juízo de Eva como a causa da expulsão de Adão do paraíso edênico,
reavivando a antiga ideia que associa a mulher com a origem dos males:

Deus após formar o mundo


Achou que era preciso
Povoá-lo, fez Adão.
Mas fez Eva sem juízo
E deixou os dois flertando
No pomar do Paraíso...

[...]

Mas no começo do mundo


Tudo era diferente
Trabalhar não precisava
Adão vivia contente
Só arrumou ao juntar-se
Eva, a maçã e a serpente (MONTEIRO, on-line).

Em seguida, comparando a mulher passiva e obediente do passado com a


mulher aguerrida e decidida do presente, o autor se queixa do espaço que os
homens vão perdendo para as mulheres:

Elas estão todo dia


Tomando o nosso lugar
Se continuarem assim
Só o que vai nos sobrar
É o tanque de lavar roupa
E o ferro de engomar

Em toda repartição
Tem uma mulher mandando
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Elas estão assumindo


Todos os postos de mando
E enquanto isso no lar
Tem uma mulher faltando. (MONTEIRO, on-line)

A crítica contra a mulher hodierna, assim, está diretamente vinculada com


uma sensação de que o homem vai aos poucos assumindo funções antes
associadas com as mulheres e vice-versa.
Essa visão claramente misógina, no entanto, se evidenciará ainda com mais
clareza quando o objeto da representação é a mulher negra, como demonstra a
pesquisadora Francinete Fernandes de Sousa: “Nos folhetos sobre as personagens
negras, [...] a mulher-personagem nem é levada a sério nem carrega uma identidade
feminina. Ela configura-se mais como ′uma coisa′ ou objeto, que representa e
sintetiza um complexo de estereótipos e preconceitos.” (SOUSA, 2009, p. 18)
Sintetizando as ideias defendidas pela autora, pode-se afirmar que os
cordelistas descrevem a mulher negra como um ser martirizado, sendo vítima da
violência de seu amo, ou como um ser diabólico e/ou excessivamente erotizado. No
primeiro caso, reforça-se a ideia da fragilidade feminina; no segundo, os cordelistas
veiculam quatro ideias básicas: a) a de que a mulher negra traz uma inclinação
“natural” para a feitiçaria; b) a de que os ritos afro-brasileiros se constituem, na
verdade, de rituais diabólicos; c) a de que o corpo da mulher negra é deformado e
despido de formosura; d) a de que a sexualidade exacerbada e até mesmo bestial é
uma marca da mulher negra. Comprovam o argumento da pesquisadora as ideias
presentes nos seguintes cordéis, entre outros: “A briga do trocador com a nêga do
Pirambu” (de João Rodrigues Amaro – o Jotamaro), “A vitória de Floriano e a negra
feiticeira” (de Manoel d’Almeida Filho), “A negra da trouxa misteriosa procurando tu”
(de Rodolfo Coelho Cavalcante), “A negra do penteado e a trouxa misteriosa” (de
Severino F. Carlos), “A macumba da negra saiu errada” (de Rodolfo Coelho
Cavalcante), “Vida e morte de Helena do Bode: a gorda macumbeira baiana” (de
Franklin Maxado), “Peleja de Severino Borges com a negra Furacão” (de João José
da Silva), “A embolada da Nega Fulô” (de Antonio Almeida da Silva), “A luta de
Antônio Silvino com a Negra dum peito só” (de José Costa Leite) e “Os mamadores
da negra dum peito só” (de José Pacheco).
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A VIRADA DE MESA: A MULHER COMO CORDELISTA

Tendo em vista ter sido o contexto em que se desenvolvia o cordel


marcadamente preconceituoso para com a mulher, entende-se o porquê de a
primeira mulher que ousou publicar cordéis não ter se sentido à vontade para
estampar seu nome na capa de suas obras: filha do poeta e editor Chagas Batista,
Maria das Neves Batista Pimentel achou por bem utilizar o pseudônimo Altino
Alagoano na capa de seu cordel O Violino do Diabo, publicado em 1938. Sobre isso,
assim se pronuncia em versos a também poeta Dalinha Catunda em sua obra As
herdeiras de Maria:

Lá pra mil e novecentos,


E trinta e oito asseguro,
Foi que a mulher editou,
E plantou para o futuro,
O folheto feminino,
Com o nome masculino,
Que hoje aqui emolduro.

Quando a mulher resolveu


Escrever o seu cordel,
Ainda meio acanhada...
Não quis botar no papel,
Seu santo nome de pia,
Porém foi uma Maria,
A primeira do painel.

Era Altino Alagoano


Que assinava a autoria.
A do primeiro folheto,
Que a mulher se atrevia
A escrever sem assinar
Para o marido alcunhar
Com nome de Fantasia. (CATUNDA, 2017, p. 1)

Todavia, o ato libertário de Maria Pimentel, ainda que compreensivelmente


hesitante, não teve pronta continuidade: somente décadas depois a mulher passaria
de fato a se estabelecer como autora de cordéis. Mesmo em pleno século XXI, em
termos comparativos, ainda é pequeno o número de mulheres cordelistas: a
pesquisadora Doralice Alves de Queiroz, investigando os títulos do acervo de várias
instituições brasileiras, observou que, entre 31105 títulos analisados, somente 120
cordéis eram de autoria feminina. (Cf. QUEIROZ, 2006).
A despeito disso, é importante ressaltar que a transformação das mulheres
em sujeito da escrita do cordel veio a representar uma revisão crítica dos
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estereótipos que a tradição dos folhetos sedimentou em relação a elas. Neste


processo de quebra de paradigmas pelas mulheres cordelistas,

Emergem várias mulheres dando um cunho diferenciado aos novos temas


da literatura de cordel. As poetisas Salete Maria, Rivaneide, Edianne, Maria
dos Santos, Madalena de Souza, Luiza Campos, Silvia Matos, Camila
Alenquer encontram na Sociedade dos Mauditos significativo apoio para
divulgar suas produções. (QUEIROZ, 2006, p. 89)

No caso específico do Ceará, é muito significativo que a mudança tenha


começado por Juazeiro do Norte, berço do cordel cearense, onde brilharam nomes
como o do alagoano José Bernardo da Silva (que instalou em Juazeiro a maior
editora de cordéis que já existiu, a Tipografia São Francisco), o do paraibano João
de Cristo Rei (cujos cordéis, geralmente sobre temas religiosos, expressavam a
mentalidade dos romeiros do Padim) e os dos juazeirenses Manoel Caboclo e
Expedito Sebastião da Silva, ambos defensores e divulgadores da obra do Padre
Cícero. Na obra dos quatro, devido à devoção ao Padrinho, observa-se uma clara
reação aos modismos, aos novos costumes, incluindo o Protestantismo, sempre a
partir de uma clara orientação católica.
Foi exatamente na Meca do Cariri, tradicionalmente ligada à preservação
dos velhos costumes, inclusive no âmbito cordelístico, que surge o movimento
Cordel de Saias, nascido a partir do blog homônimo criado pelas cordelistas Dalinha
Catunda e Maria Rosário Pinto. O referido espaço, segundo as próprias fundadoras,
é “direcionado à cultura popular, onde a mulher terá vez, mas não será um espaço
estritamente feminino. Aqui receberemos democraticamente, homens e mulheres
amantes e praticantes deste contagiante mundo encantado da Literatura de cordel.”
(Cf. CATUNDA;PINTO, on-line).
Ainda mais radical na crítica dos costumes tem sido a Sociedade dos
Cordelistas Mauditos (sic): fundada no ano 2000 em Juazeiro do Norte, é um
importante movimento de jovens poetas, cantadores e performers. Nesse contexto,
produzindo obras marcadamente “engajadas” na luta dos direitos humanos, não raro
suas ideias entram em choque com o conservadorismo predominante na sociedade
caririrense. E, entre seus integrantes, tem destaque a ação poética de Salete Maria.
Nascida em São Paulo, em 1969, Salete Maria da Silva trabalha atualmente
como professora do Bacharelado em Estudos de Gênero e Diversidade da
Universidade Federal da Bahia-UFBA. Durante anos, foi professora do Curso de
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Direito da Universidade Regional do Cariri-URCA, sediada no sul do Ceará, onde,


por mais de uma década, também foi advogada de mulheres e homossexuais
vítimas de violência, tendo, inclusive, peticionado em formato de cordel.
Aprendeu a fazer cordel com uma avó cega e analfabeta, vindo a publicar
sua primeira obra em 1994. Assim, em março de 2014, comemorou “20 anos de
cordelírio feminista e libertário”, como ela mesma acentuou em seu blog
Cordelirando, no qual divulga a íntegra de seus cordéis. Ao longo dessa trajetória,
teve cordéis premiados pela Fundação Cultural do Estado da Bahia – FUNCEB,
recitados pela atriz Deth Haak, musicados pela cantora Socorro Lira, citados pelo
jornalista Arnaldo Jabor, encomendados pelos cineastas Vagner Almeida e Orlando
Pereira e referenciados por diversos pesquisadores e amantes da literatura popular
e da cultura oral, deste e de outros países.

O CORDEL EMPODERADO DE SALETE MARIA

Embora não haja limites para a verve poética de Salete Maria, a autora tem
privilegiado as questões de gênero, feminismo, direitos humanos e outros assuntos
marginais e periféricos. Ratificam isso os títulos de algumas de suas obras: "Habeas
bocas, companheiras!"; “Cidadania, nome de mulher”; “Dia do orgulho gay”; “Do
direito de ser gay (ou condenando a homofobia)”; “Embalando meninas em tempos
de violência”; “Mulher também faz cordel”; “Mulher, amor não rima com AIDS”;
“Mulheres do Cariri: mortes e perseguição” e “O grito dos "mau" entendidos”.
Portanto, os cordéis da autora procuram intervir no seu entorno social
através da defesa dos direitos humanos. Nessa perspectiva, sua produção
cordelística acha-se intimamente integrada ao seu ativismo político, voltando-se para
o resgate das vozes marginalizadas, tendo como ênfase o tema da
homossexualidade e questões de caráter feminista, com ênfase sobre a denúncia da
violência contra a mulher. Nessa perspectiva,

são personagens de sua poesia as mulheres, os homossexuais, os negros,


as minorias. Discorre sobre o papel feminino na atualidade, a violência
contra as mulheres, o assédio sexual e moral, a velhice, os grupos de
homossexuais, cria estratégias para gerar possibilidades de resistência
social à exclusão e fazer mudar a História. (QUEIROZ, 2006, p. 89).
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A ênfase de Salete Maria na defesa da mulher, enfrentando uma sociedade


ainda patriarcal, pode ser observada já no palco do cordel, onde a autora não
apenas celebra o surgimento e a consolidação das mulheres cordelistas, como
critica as ideias equivocadas que historicamente dificultavam a transformação da
mulher como senhora da escrita:

Só agora a gente vê
Mulher costurando rima
É necessário dizer
Que de limão se faz lima
Hoje o que é limonada
Foi águas podre, parada
Salobra com lama em cima

A mulher não se atrevia


Nesse campo transitar
Por isso não produzia
Vivia para seu lar
Era o homem maioral
Vivia ele, afinal
Para o mundo desbravar

Tempo de patriarcado
Também de ortodoxia
À mulher não era dado
Sair pela cercania
Exibindo algum talento
Pois iria a julgamento
Quem não a condenaria? (SILVA, s.d.-c)

Mas a incondicional defesa da mulher por Salete Maria, infelizmente, não se


limita à afirmação do valor da mulher enquanto escritora. Antes, questões muito
mais urgentes e pungentes são enfrentadas por sua pena libertária, a começar pelo
drama da violência física e psicológica contra o sexo feminino. Para discutir essa
mazela social, Salete Maria nem precisou ir longe, vindo a analisar a questão na
região onde até há bem pouco residia, o Cariri. Nessa perspectiva, a autora veio a
publicar “Mulheres do Cariri: mortes e perseguição”, no qual se lê o seguinte:

Crimes não elucidados


A família ainda sente
Um corpo violentado
Um golpe triste na mente
A impunidade impera
O povo já não tolera
Justiça incompetente

Às ruas vão as mulheres


Exigir uma resposta
Vítimas não são talheres
Para ficarem expostas
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Querem do governador
Do juiz, do promotor
Atitude que arrosta

Desejam ver assassinos


Condenados e reclusos
E não cérebros suínos
Com discursos obtusos
Querem ter para o futuro
Um Cariri mais seguro
E não processos confusos

(...)

Todo dia a gente fala:


Cadê a democracia?
Ao assassino se iguala
Quem persegue o nosso dia
Em bom som vamos gritar:
Estão querendo matar
A nossa autonomia (SILVA, 2004)

O tema veio a ser retomado em várias outras obras da autora. Em uma


delas, intitulada "Embalando meninas em tempos de violência", Salete Maria
demonstra toda a capacidade criativa que a tem consagrado: visitando o mundo das
cantigas de roda, a poeta as reescreve em um contexto absolutamente oposto ao
universo lúdico infantil: a dura realidade da agressão contra a mulher:

Terezinha de Jesus
De uma queda foi ao chão
Alguém viu um cavalheiro
Com uma faca na mão
Depois um tiro certeiro
Dilacerou por inteiro
O seu jovem coração

(...)

“Marido que bate, bate


Marido que já bateu”
Quem não aguenta calada
Conhece quem já morreu
Eis o que diz a moçada
À noite, pela calçada
Sobre o que aconteceu

Uma é rica, rica, rica


De mavé, mavé, mavé
Outra pobre, pobre, pobre
De mavé, mavé, mavé
Escolhei a que quiser
Pois ambas são agredidas:
À porrada e ponta-pé

“O amor que tu me tinhas


Era pouco e se acabou”
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Mas teus pés nas costas minhas


Deixou marcas, tatuou

(...)

“O Cravo brigou com a Rosa


Dentro de sua morada
A Rosa saiu ferida
E o Cravo a dar risada
A Rosa pediu socorro
E o guarda veio atender:
“Se o Cravo é seu marido,
Não devemos nos meter” (SILVA, 2001-b)

Não se limita a autora, entretanto, a trazer no referido cordel apenas o


inventário de dores das mulheres agredidas: como fecho áureo de seu cordel, a
autora aponta para uma ação imprescindível para reverter o odioso quadro:
denunciar o agressor:

Você gosta de mim, ó gatinho?


Eu também de você
Quando estamos sozinhos
Por que quer me bater?
Se tocares em mim, ó gatinho
E me fizeres sofrer
Eu prometo, gatinho, denuncio você! (SILVA, 2001-b)

A ênfase na denúncia, a propósito, é tema de outro cordel: "Habeas bocas,


companheiras!". O título da obra, cabe destacar de pronto, não se refere a todas as
mulheres, mas àquelas que operam o Direito, sejam advogadas, juízas, promotoras,
etc. “Companheiras”, portanto, diz respeito às mulheres que tiveram formação
semelhante a de Salete Maria, que não só se formou em Direito, como tem atuado
de forma louvável na defesa dos Direitos Humanos. É da obra a seguinte
passagem:
Embora advogadas
Sofrem discriminação
Lutam por valer a lei
E não fazem concessão
São signos destas mulheres
Garra e determinação

São mães, esposas e filhas


Sabem da “situação”
O compromisso com a luta
É dever da profissão
Envolve muitas mulheres
Transcende a região

(...)
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Ademais é bom lembrar


Que somos advogados
De um Brasil promissor
Que ora se encontra “roubado”
Defender a Lei Maior
Não é coisa do passado

Importa anunciar
(Preste muita atenção)
A justiça não é cega
Fala e tem audição
Esta arte entre em vigor
Com sua publicação. (SILVA, 1999)

Outra questão central na poesia libertária de Salete Maria diz respeito à


defesa dos direitos do público LGBT. Nessa perspectiva, a militância da autora em
um ambiente marcadamente místico de Juazeiro do Norte, terra do Padre Cícero e
ponto de convergência para milhares de romeiros, ajuda a explicar a presença do
Profano e do Sagrado em sua poesia, aspectos que não são obrigatoriamente
trabalhados pela autora numa perspectiva de concorrência por exclusão. Antes,
Sagrado e Profano se mantém em profundo diálogo, contribuindo não raro para a
crítica da hipocrisia de discursos que pregam o amor, mas patrocinam ações que
negam essa virtude, pois se orientam por violações dos direitos humanos, em
particular, da comunidade LGBT.
Um exemplo de como Sagrado e Profano não se repelem na obra de Salete
Maria observa-se no cordel Maria, Helena, no qual as lésbicas que protagonizam a
narrativa são mostradas como mulheres que não apenas preservam a fé herdada
dos pais, como a exercem numa condição especial: são benzedeiras:

Maria é meio calada


Vive da agricultura
Helena tange a boiada
E também faz escultura
As duas são benzedeiras
Nordestinas, brasileiras
Força, fé e formosura (SILVA, s.d.-b)

Já na segunda estrofe do referido cordel, a propósito, a poeta anuncia que


sua poesia nasce do diálogo entre dois saberes: a fé (representada pela alusão ao
bendito, ou seja, o cântico litúrgico católico) e a reflexão calcada na experiência
pessoal (as leituras do ser):

Intercalando um bendito
Com leituras do meu ser
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Tirei do dito o não-dito


Fiz a reza estremecer
Acordei fiz um cordel
Tatuando num papel
Um romance Pererê (SILVA, s.d. -b)

Uma delas, inclusive, é mostrada como devota do Padim, razão pela qual
não se esquece de vestir luto nos dias 20, alusão ao 20 de julho de 1934, data da
morte do Patriarca do Juazeiro:

Maria que é devota


Do Padim Ciço Romão
Um dia já foi cambota
Conforme a explicação
Sua mãe fez um pedido
E sendo ele atendido
A graça se fez, então

(...)

Com suas pernas perfeitas


Maria vive a orar
Anda sempre satisfeita
Todo ano a jejuar
Nos dias vinte do mês
Tira o vestido xadrez
Põe preto no seu lugar (SILVA, s.d. -b)

Ainda no mesmo cordel, o tema da sexualidade se anuncia através da


associação com a fé, ligação que é representada pela alusão do gozo da beata, sem
que seja informado se este advém do êxtase religioso ou do prazer sexual:

Fui montando minha peça


Pra Orlando encabeçar
Vai trazer prazer à beça
Pro povo do Ceará
Não tem príncipe encantado
Nem cawboy gay potentado
Mas tem beata a gozar (SILVA, s.d. -b)

Ao verso final, que soa como provocação, podem ser agregados outros,
revelando o fanatismo religioso expresso pelas beatas como um símbolo de
hipocrisia, intolerância e/ou alienação. É exemplo o trecho a seguir, extraído do
cordel Mulher, Amor não rima com AIDS:

Se você se julga “santa”


Diz que o marido é fiel
“AIDS é coisa de quenga
Que trabalha num bordel”
Tá se enganando coitada
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A AIDS chega calada


E leva você pro céu (SILVA, 2000-a)

Da mesma forma que as fiéis, também os líderes religiosos que agem com
intolerância são alvo do verso crítico e incisivo da autora, que em várias obras
manifesta uma denúncia da prática religiosa, especialmente a católica, que termina
por contradizer o amor que proclama. Exemplo é o cordel Agora são outros 500 –
mentira tem perna curta, publicado propositalmente em primeiro de abril de 2000, dia
da mentira do ano em que se comemoravam os 500 anos do descobrimento do
Brasil. É dessa obra a estrofe a seguir, na qual a poeta expressa uma visão bastante
dura acerca da missão jesuítica nos primeiros anos da colonização:

Um jesuíta otário
Veio nos domesticar
Nos índios botou rosário
Obrigou-os a rezar
Impôs língua e cenário
Mas nunca pagou salário
Pro nativo trabalhar (SILVA, 2000-b)

Nesse contexto, convém destacar que nem mesmo a figura do Padre Cícero
é poupada como uma expressão de intolerância contra o público LGBT. É o que se
observa no cordel A história de Joca e Juarez, dois homens que acabam se
apaixonando um pelo outro. O trecho a seguir trata da reação do Padim à revelação
da relação homossexual por parte de Juarez:

Disse ele: “Meu padim


O senhor tá avexado?
Mas me dê cá um tempim
P’eu lhe contar um babado
Sabe Joca Manezim?
Despertou algo em mim
E por ele estou gamado.”

Padim Ciço extasiado


Ficou teso, branco e mudo
Olhou o seu afilhado
Comentando o absurdo
“meu filho esqueça disso
Largue logo desse viço
Saia já desse chafurdo!”

“Isso é a tentação
Você precisa rezar
Peça logo a Deus perdão
Tire moça pra casar
Veja Sodoma e Gomorra
O castigo contra a zorra
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Outra vez pode se dar”.

"Ademais eu advirto
E esclareço a você
Em assunto desse tipo
Nada posso lhe dizer
É tema que não me meto
E com o devido respeito
Eu não me deixo meter." (SILVA, 2001-a)

Convém destacar, nesse pormenor, que se tratava o referido cidadão de


homem de fé, sendo devoto do Padim. Ironicamente, no entanto, o narrador do
poema identifica a paixão deste por Joca como uma obra de Satã:

Juarez era um senhor


Devoto do meu padim
Trabalhava com ardor
Cultivando seu jardim
“um dia o cão atentô”
E Juarez se apaixonou
Por Joca de Manezim! (SILVA, 2001-a)

A ideia começa a perturbar Juca, uma vez que já o padre havia advertido
que aquela forma de amor seria antinatural. Nesse contexto, a metamorfose, tão
comum em cordéis que tratam da punição ao pecado (Cf. SILVA, 2010), viria a se
processar como castigo, transformando os amantes em um monstro:

Isso se deu em meados


De mil novecentos e seis
Naquele tempo veado
Era bicho que Deus fez
“home não ama ôtro home
Senão vira Lobisomem”
Disse o padre, certa vez (SILVA, 2001-a)

Não falta ainda o louvor de um personagem “banido” pela igreja oficial, o


Conselheiro, como vemos no seguinte trecho do cordel Agora são outros 500 –
mentira tem perna curta:

Que distribua um milheiro


De panfleto por aqui
Falando de Conselheiro
Não esquecendo Zumbi
Louvando o povo mineiro
Enfim, todo brasileiro
Tiradentes vai sorrir (SILVA, 2000-b)
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A crítica tanto aos líderes religiosos quanto aos fiéis, assim, é frequente em
cordéis de Salete Maria, acusando, nestes casos, um aparente embate entre o
sagrado e o profano. Importa destacar, no entanto, que a obra da autora não se trata
obrigatoriamente de uma poesia iconoclasta ou mesmo anticlerical: em vez de uma
crítica à igreja enquanto instituição, a crítica se volta para o exercício da fé que
produz intolerância em vez de compreensão, marginalização em vez de
acolhimento. Tanto é assim que, em O grito dos “mau” entendidos, a autora mostra
um padre que acolhe um personagem gay:

Ouvindo tudo calado


Um homem ficou de pé
Na roupa tinha um bordado
Escrito: “Jesus me quer”
Gabeira disse: você
Tem algo a nos dizer?
E ele: meu nome é Dé!

O povo todo aplaudiu


E ele continuou
Confessou usar “renew”
E disse: “sou o que sou,
“E venho de uma terra
Onde um padre, numa serra
Um dia me abençoou” (SILVA, 2001-c)

A crítica à intolerância social, e não à igreja especificamente, é mostrada a


seguir pelo referido personagem:

“Falsa é a sociedade
Que nos cospe e abomina
Eu lhes digo, em verdade
Ser ‘alegre’ é minha sina
Se um dia nasci homem,
Mesmo que tudo me tomem
Eu sempre quis ser menina”

“Por que não amaldiçoam


Os governos de opressão?
Por que só de nós caçoam
Diante da multidão?
O povo tem que entender
Porque o gay pode ser
Seu primo, pai ou irmão” (SILVA, 2001-c)

A fala da personagem, assim, vem a sintetizar os valores que motivam a


escrita de Salete Maria: o desejo de que a sociedade, verdadeiramente, abra-se à
pluralidade. Trata-se, assim, de fazer da poesia um instrumento de reivindicação em
torno da igualdade, do exercício da tolerância, da convivência com o diferente.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na poesia de Salete Maria, observam-se as marcas do empoderamento


feminino. Trata-se de um cordel revolucionário, porque singular é a voz que a autora
representa: a de mulher, feminista e defensora dos Direitos Humanos, em particular,
o público LGBT.
Nesse processo, enquanto expressão de uma voz relativamente nova no
palco do cordel, Salete Maria questiona os discursos hegemônicos sobre a
sexualidade.
E escrevendo num ambiente místico, em que a figura do Padre Cícero
congrega um pensamento tanto conservador quanto intolerante para com o exercício
da sexualidade que não se ajusta aos modelos da tradição, a poeta repensa o
sagrado e profano, articulando-os numa perspectiva militante e essencialmente
libertária, em que a luta contra violência e a intolerância e a defesa do exercício
pleno da sexualidade mostram-se como temas centrais.
Em síntese, seu cordel se volta tanto para a denúncia dos ataques aos
direitos humanos quanto para a utopia de uma sociedade verdadeiramente aberta à
pluralidade. Trata-se, assim, de fazer da poesia um instrumento de reivindicação em
torno da igualdade, do exercício da tolerância, da convivência com o diferente.

REFERÊNCIAS
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