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Impressões de
viagem – CPC, Vanguarda e Desbunde: 1960/1970. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2004 [1980]. p. 61-99.
CAPÍTULO 2
Absurdo,
O Brasil pode ser um absurdo
Até aí tudo bem, nada mal...
Pode ser um absurdo
Mas ele não é surdo
O Brasil tem um ouvido musical
Que não é normal...
falar do "povo" não produzia mais efeito. Era preciso pensar a pr6-
pria contradição das pessoas informadas, dos estudantes, dos inte-
lectuais, do público:
Não é com literatura, não é com letras ... Eu acho que ficou
uma esquerda literária. Como no caso de O rei da vela, na es-
querda há um processo de utilização de pessoas ocupando pos-
tos de poder que acabam dizendo "não mexam porque estamos
aqui". Na verdade isso é uma defesa de posição de poder.
COGITO
O dr. Oswaldo não pode fugir nem fingir; mas isso eu comecei
a ver, de fato, logo mais quando teremos nossa primeira entre-
vista. O anonimato me assegura uma segurança incrível; já não
preciso mais (pelo menos enquanto estiver aqui) liquidar meu
nome e formar nova reputação como vinha fazendo sistemati-
camente como parte do processo autodestrutivo em que em-
barquei- e do qual, certamente, jamais me safarei por com-
pleto, mas sobre isso, prefiro dar mais tempo ao tempo: eu
sou obrigado a acreditar no meu destino (isso é outra conversa
que só rogério entenderia), tem um livro chamado: o hospício
é deus. eu queria ler esse livro, foi escrito, penso, neste mes-
mo sanatório, vou pedir a alguém para me conseguir o livro.
80
)E
&
Sendo eu o feliz proprietário de uma
inteligência verdadeiramente fantástica
aprendi desde cedo a rir da desgraça alheia
como se fosse um poema doloroso demais
para você &
&
A gente deixa de escrever quando sente que as
queixas fundamentais já foram formuladas
e a gente perde, vai perdendo aquele inicial
entusiasmo pela palavra &
)E
desenhar sobre as velhas
matrizes
GOSTO DESGOSTO
desenhar sobre as velhas matrizes
nossos mais íntimos pensamentos
4- FORÇAR A BARRA:
estou possuído da ENERGIA TERRÍVEL que os traduto-
res chamam ÓDIO-ausência de pais: rechaçar a tradição
judeo-cristiana - ausência de pais culturais - ausência
de laços de fann1ia -
Nada me prende a nada -
Produzir sem nada esperar receber em troca:
O mito de sisifud.
Produzir o melhor de mim pari-passu com a perda da
esperança de recomPensão Paraíso.
FIM DA FEBRE
DE
PRêMIOS & PENSÕES
DUM
POETA SEM
LLAAUURREEAASS
................................................................... ................................
·
85
PICKWICK TEA
Poeta: quando na rua alguém fala comigo "Oi gente boa", pen-
sa que é pra alguém que passa ao meu lado queu passo
absorto - duas metades a sonhar.
LANÇAMENTO DE VERÃO
(pandeiros rasgados)
do guarani ao guaraná
quem foi que inventou?
o brasil? Manhã de luz: lurdes
de oliveira vai ao encontro do orfeu do carnaval
peitos arfantes vestido de cetim roxo justíssimo
sol
/Ili
livro-espetáculo
profetizado na sábia preguiça solar rio
fantasia/
concretizada entre beijos e bodas - são paulo
por josé simão
um momo candidato ao trono vale tudo
Iluminação
claro - escuro
SAMPA
Notas
14
VELOSO, Caetano. Alegria, alegria. Rio de Janeiro, Pedra Q Ronca, 1977.
P· 2.
15
CAMPOS, Augusto de. Balanço da bossa e outras bossas. S. Paulo, Perspecti-
va, 1978. p. 153.
16
BENJAMIN, Walter. A modernidade. Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro, (26/
27): 7639, jan-mar/1971.
17
AUERBACH, Erich. Scenes jrom the dramma ef european literature. N. York,
Meridien Books, 1959. p. 13.
18
BENJAMIN, Walter. 11 drammabarrocotedesco. Torino, EinaudiEd., 1971.
98
19
LUKÁCS, Georg. Estética, vol. I. Barcelona, Grijalbo, 1967.
20
SCHWARZ, Roberto. "Cultura e política, 1964-1969". Op. cit. p. 76.
21
Entrevista com José Celso Martinez Correa concedida à autora na Facul-
dade de Letras da UFRJ em 19/out/1978.
22
MACIEL, Luiz Carlos. "Cultura de Verão". Pasquim, 13/nov/1969.
23
VELHO, Gilberto. Nobres e Anjos - um estudo de t6xicos e hierarquia.
S. Paulo, Faculdade de Filosofia e Letras, USP, 1975. /mimeo.
24
Entrevista com Hélio Oiticica concedida à autora na Faculdade de Letras
da UFRJ em 15/mai/1978.
25
Entrevista com Wally Sailormoon concedida à autora na Faculdade de
Letras da UFRJ em 30/mar/1978.