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Departamento de Filosofia.

Professora: Lilian Santiago.

Aluno: João Vitor Braz Barbeiro.

Número de matrícula :159.533

ABI :Filosofia.

Período: Noturno.

Trabalho.
Guarulhos.
2023.
Maio de 2023.

Identificar a hipótese de leitura do autor no texto: A contracultura, entre a


curtição e o experimental, de DR.Celso Favaretto.
E explicar quais são os argumentos que propõe para avançar sua hipótese.

Apesar da aparente “derrota”, dos esforços terem sido em vão e da


interrupção dos projetos de transformação sociais da década de 1960 (Mil
novecentos e sessenta), as produções artístico-cultural Brasileiras desta década,
não foram um “vazio cultural”, mas sim um período de experimentação, inovação,
busca por novas formas de expressão e uma luta pelo engajamento político da
população, em busca de seus direito e contra a opressão imposta pela ditadura
militar, que era encabeçada pelo presidente da época, Jânio Quadros, sucessor do
“grande” Juscelino Kubitschek.
O texto no qual debruça nossa investigação aborda a produção artística e
cultural Brasileira a partir dos anos de 1950 (Mil novecentos e cinquenta) até o fim
de 1970 (Mil novecentos e setenta). Nesse período, à arte Brasileira enfrentou
inúmeras dificuldades em seu desenvolvimento, principalmente enfrentando
embates políticos e ideológicos na época, e “Com a promulgação do Ato
Institucional n° 5, em 13 de dezembro de 1968, o processo artístico-cultural, tal
como vinha se desenvolvendo nas últimas décadas, foi em grande parte
inviabilizado”(FAVARETTO, 2017, p.183), o famoso AI-5, que em poucas palavras
significa, a censura, prisão e exílio de diversos artistas, o que por conseguinte,
inviabilizaria a produção artístico-cultural da época, assim “matando” a busca pelo
novo e pela experimentação.
Neste sentido, essa inviabilização pela busca do novo, ou melhor dizendo
pelo experimental, era o que Favaretto explicava como: “A interrupção do
extraordinário trabalho coletivo de comprometimento com os imperativos da justiça e
da liberdade.”(2017, p.183). Consequentemente, ao passo em que aumentavam as
censuras, aumentava também o número de manifestantes que lutavam por esse
movimento, que foi chamado de “contracultura”, “tropicalista” e “desbunde” . Foram
diversas as quantidades de manifestações a favor da contracultura, tanto em São
Paulo, quanto no Rio de Janeiro, mostrando a força deste embate contra a
burguesia e ao regime militar. A importância de compreender a contracultura,
considerando o conceito de "marginalidade", analisando a origem cultural das artes
da época, que buscavam desestabilizar a arte e enfatizar a abertura experimental.
Eventualmente sendo chamado de "Subterrânea", o que podemos deduzir como
uma “arte do esgoto”, pois, o que fica no subterrâneo das cidades ?

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1.
O que em dias atuais, pode-se ter gerado o nome para um álbum de artistas da
“quebrada” de Brasília, denominados de “Puro Suco”, artistas independentes que
tem como intuito “trazer a Brasilidade de volta”,o nome de seu álbum é: “Rataria
Popular Brasileira”, fazendo relação direta com o que outrora era um preconceito,
agora já podemos ter orgulho de ser chamados de “ratos”, mantendo viva a cultura
de luta contra o regime militar e os preconceitos da burguesia.
Todavia, para uma grande quantidade de pessoas da época, esses
movimentos “contracultura” e “tropicalista”, foram demonizados, dizendo que não
eram um movimentos em busca da liberdade, mas sim um movimento que “cultuava
as drogas”,assim como disse Luciano Martins em 1979. Favaretto busca dizer que
Martins, só havia olhando apenas para um lado dessa ambivalência, não explorando
os resultados políticos, sociais, artísticos e culturais desse movimento. Favaretto
também argumenta que a contracultura não pode ser caracterizada apenas como
“reativa”, mas como um movimento que buscou a desalienação e a reconquista pela
liberdade, outrora tomada pelo governo totalitário.
Acima de tudo, esse texto destaca o papel importante de todos os artista e a
emergência em tornar o corpo como personagem conceitual¹, “Nesta arte, o corpo
não é mero protagonista, como fonte de sensorialidade, é antes uma
estrutura-comportamento que redimensiona o sensível da arte”(FAVARETTO, 2017,
p.199), mostrando a importância da “percepção do corpo humano na vida cotidiana”
(FAVARETTO, 2017,p.199), ou seja, torna o corpo um corpo novamente, não mais
uma peça de engrenagem da máquina de produção, mas sim uma vida, que sente,
que vibra e que canta. Com toda a certeza, é por isso que Favaretto fala tanto de
Hélio Oiticica - aqui ainda não comentado-, pois, com os “Parangolés”, feitos em
1964, que eram grandes pedaços de tecidos coloridos, que poderiam ser usados
pelo seu público como capas, camisetas, "abadás", fazendo com que o corpo
interagisse com a arte, a dança e com isso, convidando as pessoas a
experimentarem diferentes sensações corporais.
Neste viés, muitos outros artistas tiveram destaque, a partir do
experimentalismo e do movimento contracultural dos anos de 1960, como:Lygia
Clark, Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil, José Agrippino de Paiva, Gramiro de
Matos, Zé Vicente, Antonio Bivar, Andrea Tonacci, Macalé e Walter Franco. Esses
artistas contribuíram para a potência da produção artística e da nova crítica cultural
da época. Além disso, o autor destaca a importância das revistas e jornais, como
Navilouca, Pólen, Código, Poesia em Greve e Artéria.

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¹ FAVARETTO,Celso. “60/70: Da Participação ao Comportamental” .LITERATURA E SOCIEDADE | Nº 29 | P.


106 | JAN/JUN 2019

2.
Aprofundando-se no “Tropicalismo”, uma das pessoas mais importantes pela
sua criação foi Hélio Oiticica. Um movimento artístico-cultural que surgiu no final da
década de 1960, o Tropicalismo tem como finalidade a indução do corpo com a arte,
como disse anteriormente, fazendo o público se envolver em um ambiente imersivo
e sensitivo, “a arte como intervenção cultural, em que o campo de ação é a atividade
coletiva que intercepta subjetividade e significação social.”(FAVARETTO, 2019,
p.109), mostrando o valor da coletividade humana, da coletividade dos corpos, como
se unidos fôssemos mais fortes, tal qual ao que canta Froid², um cantor
contemporâneo, de Belo Horizonte “Se a gente se juntasse, seria tão forte como um
‘Megazord’”.
Oiticica, também em suas proposições, explorou essa emergência do corpo,
desde o Parangolé, como dito anteriormente, até as manifestações ambientais,
buscando “transformar os processos artísticos em sensações de vida” (OITICICA,
1969). Essa “descoberta” ou experimentação do corpo humano, manifestou essa
expressão além da arte, colocando o artista com um papel de mesma importância
que sua obra, rompendo o que muitos autores tentam fazer ao separar a obra do
artista, assim também como diz Montaigne (1961, v.2, p. 143) “Em outros casos,
pode-se apreciar a obra e não gostar do autor … Quem julgar uma coisa sem levar
em conta a outra, há-de prejudicar-se…”.
Portanto, com isso, busquei mostrar a hipótese de leitura do autor, que em
miúdos é a resistência dos artistas em decorrência das adversidades políticas e
sociais enfrentadas no Brasil, durante a década de 1960 até 1970. Gerando novas
expressões, produções artístico-culturais que foram caracterizadas pela busca de
uma “nova sensibilidade cultural"(FAVARETTO, 2017, p.187), marginalizada, por
conta da relação estabelecida ao sistema vigente da época. Essas produções foram
marcadas pela reelaboração e pela busca por formas alternativas de arte e
militância política, contra a ditadura militar.
Pelo mesmo viés, os argumentos usados para chegar à essa hipótese são a
proporção com que o movimento Tropicalista tomou, embora com protestantes
contra esse movimento, a força dos apoiadores fez com que a história dos que
lutaram a favor deste movimento não fosse esquecida, e mesmo com a “derrota” da
contracultura na época, esse movimento ultrapassou gerações e temos artistas
contemporâneos que ainda sentem a força desta luta e buscam por sempre inovar,
mas nunca se esquecendo e nunca deixando de citar os “lutadores” da briga que foi
a contracultura. Um movimento que bateu de frente com uma dos piores males que
assolaram o Brasil, que foi a ditadura militar, travando uma luta da pólvora contra à
arte, do exílio contra a liberdade. A luta contra a ditadura ainda continua, e
lembrando da história dos que passaram, podemos ter mais de suas forças e menos
das suas fraquezas, “para que nossa arte, não seja mais escrita com sangue”.

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² FROID,Renato. “Chuva”. Youtube - 2018, 2:31.

3.

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