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REALISMO E

NATURALISMO
Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
2ª série do Ensino Médio
Profª. Lívia Carneiro
O REALISMO
O Registro da Realidade
• A arte realista se caracterizou pelo esforço
em reproduzir com fidelidade a vida humana
em todos os seus aspectos. A Literatura
adotou a tendência de mostrar o ser humano
como de fato ele é: com todos os seu
defeitos e desvios de comportamento.
• A pintura e a escultura do período também
trabalhavam com a reprodução do real.
Figuras humanas eram representadas de
forma a permitir ao observador a associação
imediata com elementos da realidade.
• Essa preocupação em registrar o real de maneira fidedigna não se limita à
arte realista do século XIX. Em outros momentos históricos, muitos artistas
evidenciaram a tendência a transformar a arte em um instrumento de
revelação de aspetos da realidade.
• Essa tendência estética na pintura e na escultura é chamada hiper-realismo,
que reproduz com fidelidade os detalhes do corpo humano e de outros
elementos, produzindo um efeito semelhante ao de uma imagem em alta
resolução.
Contexto Histórico-Cultural
• A Revolução Francesa de 1879 marcou a ascensão da burguesia ao poder político na
Europa. No século seguinte, essa posição se consolida com o fortalecimento das relações
capitalistas de trabalho. A industrialização passou a dividir com a atividade comercial a
condição de principal força produtora de riqueza, principalmente depois da Revolução
Industrial.
• Embora a máquina a vapor, as estradas de ferro e o telégrafo traduzissem o avanço
tecnológico, a população pobre aumentava nos grandes centros.
• Os países mais desenvolvidos necessitavam de áreas de influência política, que serviriam
de espaço de extração de matéria-prima e como mercados para introdução dos produtos
industrializados. A disputa por estas áreas gerou crises internacionais.
• Quando a diplomacia não foi suficiente para solucionar os conflitos, as guerras se
tornaram inevitáveis. O agravamento das tensões políticas desse momento conduziu à
Primeira Guerra Mundial, em 1914.
Um Novo Poder: a Ciência
• A busca humana por explicações a
respeito do mundo em que se vive
sempre existiu. Na segunda metade
do século XIX, ela foi representada
por um conjunto de teorias
científicas que se arrogavam o
poder de explicar tudo
• Auguste Comte (1798-1857), criador do
Positivismo Positivismo, concebeu uma ciência
baseada na observação dos fenômenos
sociais. Baseados na teoria positivista,
escritores realistas produziram uma
literatura quase documental, fundamentada
na observação detalhada e precisa da
realidade. O Positivismo se propunha ser
uma teoria geral do conhecimento, por
intermédio da qual as crenças metafísicas
seriam superadas pela aquisição de
conhecimentos baseados na certeza e na
ciência.
• Hippolyte Taine (1828-1893) foi um
Determinismo legítimo representante do cientificismo
de seu tempo. Ele acreditava que a
aplicação de métodos científicos das
ciências naturais ao conhecimento da
psicologia e da história humanas
poderia conduzir à verdade sobre as
sociedades. Partindo desse ponto, criou
o Determinismo, teoria segundo a qual
existem três fatores que determinam as
ações humanas: o meio, a raça e o
momento.
Evolucionismo • Charles Darwin (1809-1882), criador
da obra A origem das espécies. Os
londrinos queriam saber detalhes das
ideias do cientista que ousou desafiar a
Igreja Católica com a proposta do
Evolucionismo. Darwin contestava o
Criacionismo, teoria segundo a qual o
universo foi criado por uma entidade
sobrenatural Para ele, a evolução
humana era resultado de uma seleção
natural contínua e ainda em andamento.
Socialismo • No século XIX, a miséria passou a
ser vista com mais interesse.
Escritores expressavam sua
indignação diante da pobreza e
pensadores a transformavam em
objeto de reflexão, como fez Karl
Marx (1818-1883), o filósofo do
Socialismo. O Manifesto Comunista
de Marx e Friedrich Engels foi o
produto mais explosivo da corrente
de pensamento socialista, fazendo
estremecer as elites do mundo
inteiro.
Pessimismo • O entusiasmo criado pela crença na ciência e
na racionalidade não era unanimidade na
Europa novecentista. Embora não se possa
conferir ao Pessimismo o estatuto de
formulação filosófica, a postura de
desencanto e ceticismo convivia com o
otimismo gerado pelo cientificismo. Arthur
Schopenhauer (1788-1860) pode ser
considerado o criador do Pessimismo
existencialista, influenciando autores como
Eça de Queirós e Machado de Assis.
• Nesse contexto, surgiu o Realismo, que se caracterizou pelo enfoque em temas
sociais e cotidianos: preconceito, exploração de trabalhadores, pobreza, entre
outros.
• A idealização e a subjetividade do Romantismo cederam lugar à objetividade e à
observação minuciosa da realidade, instituindo uma fase de crítica contundente
às injustiças relacionadas a grupos marginalizados, excluídos dos interesses das
classes dominantes.
Convenções Realistas
• Para conseguir a reprodução fiel da realidade, os realistas seguiam certas normas
estéticas, criadas ao longo da vigência do movimento: o anti-Romantismo, a
objetividade, as personagens associadas a pessoas comuns, a erudição do estilo
narrativo e o resgate da fala coloquial das pessoas mais simples.
Oposição ao Romantismo
• Os realistas escreviam como se tivessem a missão de
desmascarar a literatura romântica. A simplificação
das narrativas românticas que dividia as personagens
entre as categorias do Bem e do Mal foi rejeitada pela
literatura realista, cujos protagonistas manifestavam
personalidades complexas.
• A tendência romântica à idealização era entendida
como mistificadora, pois mostrava uma realidade
mascarada e falseada. As grandes paixões das
narrativas românticas foram substituídas por amores
banais, muitas vezes movidos por interesses materiais.
Gestos exagerados deram lugar a atitudes planejadas.
O impulso saiu de cena; em seu lugar, entrou a frieza.
• Na segunda metade do século XIX, as ciências
naturais consolidaram sua metodologia de
Visão Objetiva análise com a definição dos seguintes passos
básicos: observação do fenômeno, levantamento
de hipóteses explicativas para ele, experiências
para comprovação da hipótese, análise e
interpretação dos resultados e conclusão.
• A ficção realista explorou essa metodologia.
Observando a sociedade, o escritor criava a
atmosfera de seus romances. As personagens
reagiam aos fatos conforme as hipóteses criadas.
Pelo autor a respeito das ações humanas. Uma
arte assim concebida possuía um caráter
francamente documental.
Pessoas comuns
como personagens
• Os realistas deram preferência a
indivíduos comuns, que experimentam
a banalidade da vida cotidiana, mesmo
para as personagens secundárias.
Estilo erudito e Linguagem popular
• Em 1897, foi fundada, no Rio de Janeiro, a Academia Brasileira de Letras,
cujo primeiro presidente foi Machado de Assis, o maior escritor realista do
país. Ela reunia parte significativa da intelectualidade da época, desejosa de
defender interesses comuns. Uma das formas para realizar essa defesa era
prestigiar a língua nacional. Assim, favoreceu-se o surgimento de um estilo
literário erudito, refinada e, muitas vezes, difícil.
• Ao lado desse preciosismo formal, os romances traziam as marcas da
oralidade nas falas de personagens incultas. Essa postura contribuía para
tornar mais evidente a condição culta dos escritores. A distância entre o
narrador e as personagens servia para estabelecer fronteiras rígidas entre a
elite intelectual e o povo.
Marco do Realismo
• Publicado em forma de
folhetim em 1856,
Madame Bovary, de
Gustave Flaubert, é
considerado o romance
precursor do Realismo,
inaugurando a narrativa
realista moderna. 
O NATURALISMO
https://www.youtube.com/watch?v=78Rh7PCCmtY
Convenções Naturalistas
• O Naturalismo foi uma corrente da estética realista que, por sua importância no
panorama cultural brasileiro da época, justifica um tratamento específico.
• O grande interesse por mostrar paisagens, ambientes externos e pessoas comuns
sem idealizações marcou a arte da segunda metade do século XIX.
• Na literatura, os naturalistas optaram por
mostrar o ser humano agindo em função de
seus instintos básicos. Isso os reduziria à sua
natureza (daí o uso da expressão
Naturalismo) primitiva e animalesca.
• Em 1864, o médico francês Claude Bernard
lançou a obra Introdução ao estudo da
medicina experimental, onde propunha uma
metodologia científica que partisse da
observação direta dos fenômenos. Emile
Zola, seu compatriota, defendeu a aplicação
desse procedimento na criação artística.
• Assim, a ligação estreita do Naturalismo com
a natureza humana e o cientificismo é uma
marca de nascença.
Influência do Determinismo

• Do Determinismo de Taine, o
Naturalismo herdou a
consideração dos fatos
mesológicos (influência do meio
ambiente), genéticos e
históricos na conduta das
personagens.
Jerônimo – O Cortiço –
Aluísio de Azevedo.
Animalização
• Do Evolucionismo de Charles
Darwin, os naturalistas
aproveitaram a sugestão de
parentesco entre o ser humano e
outros animais. As descrições das
figuras humanas evidenciavam essa
ligação.

Bento Alves – O Ateneu – Raul Pompeia


Força da Sexualidade
• Concebidas como animais, as
personagens agiam de acordo
com o instinto de preservação
da espécie, o que conduzia à
exacerbação da sexualidade.

Rita baiana – O cortiço – Aluísio de Azevedo


Linguagem Científica
•O Cientificismo dominante
contaminou a linguagem literária.
Um dos representantes desta
tendência foi o escritor Rodolfo
Teófilo, também professor,
historiador, farmacêutico e
higienista, ajudou a combater a
varíola e participou de
movimentos ela abolição da
escravatura.
Marco do Naturalismo

• O Naturalismo teve como marco


inicial a publicação, em 1881,
de Germinal, de Emile Zola, na
Europa.

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