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O realismo foi um movimento literário e artístico que teve início em meados do

século XIX, na França.

Como o próprio nome sugere, essa manifestação cultural significou um olhar


mais realista e objetivo sobre a existência e as relações humanas, surgindo
como oposição ao romantismo e sua visão idealizada da vida.

A vertente se manifestou principalmente na literatura, sendo seu marco inicial o


romance realista Madame Bovary, de Gustave Flaubert, em 1857.

Entretanto, é possível encontrar também nas artes visuais, sobretudo na


pintura, obras de cunho realista. Foram artistas de destaque Gustav Courbet, na
França, e Almeida Junior, no Brasil.

O movimento se estendeu para várias partes do mundo e teve espaço em solo


brasileiro, principalmente na literatura de Machado de Assis.

Características do movimento realista


As principais características da escola realista são:

 oposição ao romantismo;
 objetividade, trazendo cenas e situações de forma direta;
 caráter descritivo;
 análise de traços de personalidade e da psique das personagens;
 tom crítico sobre as instituições e a sociedade, sobretudo a elite;
 exibição de falhas de caráter, derrotas pessoais e comportamentos
duvidosos;
 interesse em incitar questionamentos no público;
 valorização da coletividade;
 valorização de conhecimentos científicos propostos em teorias como o
Darwinismo, Socialismo Utópico e Científico, Positivismo,
Evolucionismo;
 enfoque em temas contemporâneos e cotidianos;
 na literatura desenvolveu-se mais intensamente na prosa e no conto;
 caráter de denúncia social.

As características citadas contemplam principalmente a escola literária


realista. Entretanto, a mesma atmosfera objetiva e crítica foi retratada nas
outras linguagens da arte, como na pintura realista.

Para se aprofundar nesse assunto, leia: Características do Realismo.

Contexto histórico do realismo


O contexto histórico e social no período do realismo foi bastante conturbado.
Foi uma época de grandes transformações que revolucionaram a forma das
pessoas se relacionarem e entenderem a realidade ao seu redor.

O modelo capitalista se intensificou e a classe burguesa passou a ter maior


poder de decisão, gerando um aprofundamento das desigualdades sociais,
com maior exploração da classe trabalhadora, exposta a longas jornadas de
trabalho.

É quando ocorre a Segunda Revolução Industrial e o crescimento da


urbanização, assim como da poluição nas grandes cidades e demais
problemas urbanos.

Soma-se a esse cenário avanços tecnológicos importantes, como a lâmpada e


o carro movido à gasolina.

É ainda nesse contexto que surgem teorias científicas que objetivavam


interpretar e explicar o mundo, como o Evolucionismo de Darwin e o
Positivismo de Auguste Comte.

Assim, os pensadores da época, artistas e escritores, são influenciados pelos


acontecimentos ao redor e pelos anseios da sociedade.

O movimento realista reflete seu tempo, na busca por uma linguagem mais
clara e verossímil, ao passo que questiona os princípios e padrões burgueses.

Vale destacar que a vertente surge também como um contraponto ao


romantismo, movimento vigente que trazia o individualismo e a idealização da
realidade como características marcantes.

Realismo literário
O movimento realista têm origem na literatura com o lançamento do romance
inaugural do realismo, Madame Bovary, de Gustave Flaubert em 1857, na
França.

A obra teve destaque na época, sendo considerada um ícone da literatura


francesa. Flaubert inovou na narrativa ao expor um casamento infeliz,
questionando a idealização romântica e trazendo assuntos polêmicos, como o
adultério e o suicídio.

Na França, além de Flaubert, teve destaque Emile Zola, com a obra Les Rougon-
Macquart (1871).
Essa nova forma de enxergar e retratar a realidade disseminou-se por outros
países.

Em Portugal, Eça de Queiroz destaca-se como escritor realista, com O Primo


Basílio (1878) e  O crime do Padre Amaro  (1875).

Em solo britânico, temos a escritora Mary Ann Evans, que sob o pesudônimo de
George Eliot, escreveu algumas obras realistas, como Middlemarch  (1871). Há
ainda Henry James, autor de Retrato de uma Senhora (1881).

Na Rússia, são muito reconhecidos os escritores realistas Fiódor Dostoiévski,


Liev Tolstói e Anton Tchekhov.

Eles produziram obras icônicas da literatura mundial como Crime e


Castigo  (1866), de Dostoiévski, Anna Karenina (1877), de Tolstoi e As três
irmãs (1901) de Tchekhov.

Influenciados pelo movimento europeu, o realismo estende-se também para as


terras brasileiras.

Realismo no Brasil
No Brasil, o realismo surge durante do Segundo Reinado de Dom Pedro II como
uma maneira de criticar a sociedade burguesa e a monarquia, expondo
contradições e desigualdades sociais.

Isso porque, foi o período em que ocorre a abolição da escravatura, a chegada


de imigrantes e diversos avanços tecnológicos.

Assim, é na figura de Machado de Assis que o movimento ganha seu maior


representante nacional.

A publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, em 1881, foi o marco do


movimento no país, sendo considerado o primeiro romance realista brasileiro.

Autores e obras realistas brasileiras


Machado de Assis (1839-1908)
Machado de Assis foi um escritor negro nascido em Livramento, no Rio de
Janeiro. Vindo de uma família humilde, Machado de Assis estudou por conta
própria e tornou-se um dos escritores de maior reconhecimento do país.

Além de romancista, Machado de Assis também foi crítico literário, jornalista,


poeta, cronista e um dos fundadores da Academia brasileira de Letras.
Teve uma carreira fértil na literatura, produzindo diversas obras importantes,
com destaque para Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Quincas
Borba (1891), Dom Casmurro (1899), Esaú e Jacó (1904) e  Memorial de
Aires (1908).

Raul Pompeia (1863-1895)


Raul D’Ávila Pompeia foi escritor, jornalista e professor. Publicou em 1880 a
obra Uma tragédia no Amazonas, seu primeiro romance. Mas foi com O ateneu,
em 1888, que o autor ganha destaque no realismo.

Pompeia foi um homem de princípios, defensor da abolição da escravatura e


das causas republicanas. Deixava transparecer seus ideais em seus textos
realistas, o que acabou por causar grande polêmica.

Com uma vida conturbada, Raul de Pompeia comete suicídio aos 32 anos em
1895.

Visconde de Taunay (1843-1899)


Visconde de Taunay, cujo nome de batismo era Alfredo Maria Adriano
d'Escragnolle Taunay, foi um escritor, militar e político brasileiro.

Filho de família aristocrata, era defensor da monarquia e teve o título de


Visconde concedido por D. Pedro II, em 1889.

Mesclando aspectos do romantismo e do realismo, a obra Inocência  (1872) é a


mais conhecida de Taunay.

Leia também: Realismo no Brasil.

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