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Maxwell Cruz Machado Bastos

Professor: Bruno Marconi, História Moderna

Sobre Jean Delumeau:


Historiador Francês, Delumeau, nascido em 18 de junho de 1923, na cidade de Nantes,
especializou-se em história do cristianismo e também se dedicou ao estudo do Renascimento,
em 1967 foi ganhador de um prêmio da Academia Francesa. Já em 1975-1994, em Collège
France, atuou como professor da Cadeira da História das Mentalidades Religiosas.

Renascimento e antiguidade, Capítulo 3 (pp. 85-118).


No começo da obra, Delumeau, afirma que o renascimento se direciona em relação ao
passado, querendo assim, voltar as fontes do pensamento e da beleza. Menciona Petrarca,
como o criador da noção de tempos escuros, que se relaciona ao contexto da história
medieval, sempre analisando essa época como uma era de barbárie, marcado pelas trevas, e
sempre fazendo uma romantização em relação ao passado romano, colocando assim, o
renascimento como a chegada aos valores da civilização.
No final do século XV, o autor afirma, que os movimentos humanistas alcançaram países
transalpinos, e que fora da Itália foi adotada a noção de um renascimento literário. Diz
também a respeito dos movimentos humanistas terem uma "ressonância estética" com o
termo "Renascimento".
Delumeau, fundamentalmente, nos mostra a importância, do renascimento, no que diz a
respeito de resgatar obras de autores antigos, no mérito da conservar e recopiar numerosos
escritos (pp 87). E ainda nos mostra que a Idade Média nunca perdera completamente o
contato com a antiguidade, quebrando assim, alguns estereótipos criados por Petrarca, além
de que muitos de seus escritos, ter bebido de fontes, estruturados na Era Medieval (pp 88).
"Os homens do Renascimento simplificaram a História, porque a Idade Média nunca perdera
completamente o contato com a Antiguidade. De espirito fruste e de irradiação limitada, o
Renascimento carolíngio teve, no entanto, o mérito de conservar e recopiar numerosos
manuscritos de autores antigos; uma preciosa reserva para a posteridade." (pp 88)
Por adiante, o autor continua usando exemplos de momentos e acontecimentos que reforçam
suas colocações, inclusive dizendo sobre existência de museus para apreciações de coleções
arqueológicas e a admiração a arte. "As coleções de antiguidades de Roma, mesmo as
privadas, se não estavam abertas ao público a maneira dos actuais museus, eram, pelo menos,
acessíveis aos visitantes cultos e desejosos de admira-las." (pp 101)
"Como a Antiguidade foi melhor conhecida a partir do século XVI, o curse da história
cultural e artística da Europa modificou-se. A serenidade do Apolo do Belvedere influenciou
Rafael e todos os que o imitaram: e a hipertrofia muscular e o movimento dramático do
Loocoonte foram uma revolução para Miguel Ângelo, cuja obra se explica, a partir de 1506,
em parte, com essa descoberta. A pintura escultórica de um Macrten Van Heemskerck, que,
com certo exagero, foi ja cognominado de «Miguel Ângelo do Norte», e muitas outras obras
cheias de violência, atormentadas, do período barroco, derivam, de certo modo, do Laocoorue
e também a arte helenística que, provavelmente, se rem de ligar a «Iinha serpentina e o
alongamento de forma que caracterizam a estética maneirista de Parmesão, de Correggio ", de
Cellini, da escola de Fontaincbleau • e do Greco. As consideráveis dimensões das ruínas da
Roma imperial impressionaram Bramante, Rafael, Miguel Ângelo e, mais tarde, Domenico
Fontana, arquiteto de Sisto V: daí o estilo monumental, quase colossal, do Renascimento
romano e, depois, da arte barroca europeia em geral, por oposição a discrição, mais anca, do
Renascimento florentino. Também a poesia e a música foram marcadas pelo novo favor
concedido a civilização greco-romana. Os poetas do século XVI, especialmente em Franca,
procuraram submeter os seus versos, mesmo aqueles que escreviam em língua vulgar, a
«medida a antiga». Esse ritmo repercutiu-se também na música, pais Ronsard queria que as
suas odes fossem cantadas, como as de Anacreonte ou de Pindaro. A opera italiana, que
encontrou a sua fórmula com Monteverdi·, no início do século XVII, nasceu das pesquisas
conjugadas de humanistas, músicos e poetas, desejosos de ressuscitar o teatro antigo por meio
da música. O canto representativo. Isto é, o canto dramático, evocava, para eles, a voz
acompanhada a lira da antiga Grécia. " (pp 111)

"A Grécia de outrora conquistara os seus vencedores. A Itália do século XVI, pisada a pés
pelos «Bárbaros», impôs-lhes um gosto que era o gosto da Antiguidade, mas revisto,
corrigido, transformado, pois vinha enriquecido com toda a experiencia medieval. O
Renascimento reencontrou, sem dúvida, de certo modo, os valores do mundo greco-romano.
Mas, ao mesmo tempo, tomou consciência do intransponível fosso que o separava desses
valores. Interpondo os espessos «tempos obscuros entre a Antiguidade e a nova Idade de
Ouro, relegou definitivamente para o passado. como coisa já esgotada, uma civilização em
que desejava inspirar-se, mas que não podia ressuscitar. O Renascimento, portanto, teve
consciência histórica. Essa consciência era uma novidade e era sinal de uma mentalidade
nova. Como o cristianismo tinha impregnado quinze séculos de história europeia, a mitologia
já não podia ser senão um álbum de imagens, de resto singularmente rico, e um repertório de
alegorias. Os deuses tinham abandonado os templos. Quando as ruinas antigas aparecem, e
isso é frequente numa Natividade, estão lá para significar que Jesus, ao nascer, pôs fim à
época pagã." (pp 119)

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