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1527 - 1580
ENEM
e VESTIBULARES
Teoria e Exercícios
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Henrique Landim
Classicismo
no ENEM
CLASSICISMO (1527-1580)
Iniciado por volta de 1527 com a chegada de Sá de Miranda a Portugal, após uma longa
estadia na Itália, este movimento marca a introdução das formas e dos ideais do Renascimento
na literatura portuguesa. Sá de Miranda trouxe consigo novas formas poéticas, como o soneto, a
ode, a écloga e a canção, todas com uma forte influência italiana, especialmente de autores como
Petrarca.
O Classicismo caracteriza-se pela busca do equilíbrio, da harmonia e da perfeição formal,
bem como pelo humanismo e pelo retorno aos ideais da Antiguidade Clássica greco-romana.
A literatura deste período valoriza a razão, a medida, a proporção e a imitação dos clássicos,
servindo-se da mitologia greco-romana como uma fonte importante de inspiração e referência.
Os valores greco-romanos que permeiam o Classicismo são fundamentais para entender a
essência desse período, marcado por uma profunda admiração e imitação das culturas da Anti-
guidade Clássica. Aqui estão alguns dos valores e ideais mais significativos:
a) Humanismo: Este é talvez o valor central do Classicismo, enfatizando a dignidade, o
potencial e a importância do ser humano individual. Inspirado pelos textos filosóficos e
literários da Grécia e de Roma, o humanismo clássico celebra as capacidades racionais
do homem, sua liberdade, criatividade e poder de autoaperfeiçoamento.
b) Racionalismo: A confiança na razão
como a melhor guia para a compre-
ensão do mundo deriva dos filósofos
gregos, especialmente de Sócrates,
Platão e Aristóteles. O Classicismo re-
flete essa crença na ordem, na clareza,
na proporção e na harmonia, tanto na
arte quanto no pensamento.
c) Equilíbrio e harmonia: Inspirados
pela arquitetura e pela escultura gre-
co-romanas, os clássicos buscavam
uma perfeita proporção e equilíbrio
em suas obras, uma simetria que refle-
tisse a ordem do universo. Isso se ma-
nifesta na poesia através de estruturas
formais rígidas, como o soneto, e na
prosa, por meio de uma organização
lógica e clara das ideias.
d) Imitação dos antigos: A imitatio (imitação) dos autores clássicos não era vista como
uma simples cópia, mas como uma forma de assimilar e superar os modelos antigos. A
literatura clássica fornecia exemplos de excelência em virtude, ética e estética, que os
escritores do Classicismo aspiravam emular e atualizar.
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LUÍS DE CAMÕES
Sem dúvida, o expoente máximo do Clas-
sicismo português, especialmente com a publi-
cação de Os Lusíadas em 1572, obra que cele-
bra os feitos dos navegadores portugueses e, em
particular, a viagem de Vasco da Gama à Índia.
Camões conseguiu equilibrar a inovação com a
tradição, a aventura com a reflexão filosófica, o
nacionalismo com a universalidade, e o huma-
nismo com a crítica social, tudo numa lingua-
gem poética de extraordinária beleza e riqueza.
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Este período também coincide com o auge dos descobrimentos portugueses, o que am-
pliou o horizonte cultural e intelectual da sociedade portuguesa, expondo-a a novas realida-
des e conhecimentos.
A ÉPICA CAMONIANA
A poesia épica de Luís de Camões, especialmente sua obra mais famosa Os Lusíadas, é
caracterizada por uma série de elementos distintivos que a tornam uma das mais importantes
da literatura mundial. Aqui estão algumas características fundamentais da poesia épica de
Camões:
a) Tema Heroico: Os Lusíadas é uma epopeia que narra as viagens dos navegadores por-
tugueses liderados por Vasco da Gama às Índias. O tema central é a busca por glória,
honra e expansão do império português, que reflete os ideais de heroísmo e exploração
marítima característicos do período das grandes descobertas.
c) Universalidade e Relevância Permanente: Embora Os Lusíadas seja uma obra que ce-
lebra as conquistas específicas de Portugal, ela também aborda temas universais, como
a busca pelo desconhecido, o conflito entre o homem e os deuses, e as vicissitudes da
condição humana. Essa universalidade dá à obra uma relevância duradoura que trans-
cende as fronteiras geográficas e temporais.
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OS LUSÍADAS
A epopeia começa com uma invocação às musas e à intervenção do próprio épico, Camões,
pedindo inspiração divina para contar a história dos portugueses. A ação principal inicia-se
com a reunião dos deuses do Olimpo, que discutem a possibilidade de os portugueses serem
capazes de superar os desafios que enfrentarão durante suas viagens marítimas.
A narrativa então se concentra na jornada de Vasco
da Gama, que parte de Portugal em busca de uma rota
marítima para as Índias, enfrentando diversos obstácu-
los e perigos ao longo do caminho. Durante a viagem,
Vasco da Gama e sua tripulação enfrentam tempestades,
monstros marinhos e até mesmo a oposição dos próprios
deuses.
Ao longo da epopeia, Camões também faz diversas
digressões, inserindo episódios históricos, mitológicos e
alegóricos que enriquecem a narrativa e refletem sobre
temas universais como a glória, o destino, a virtude e o
amor.
O ponto alto da epopeia ocorre quando Vasco da
Gama finalmente chega à Índia, após ultrapassar todos
os desafios, e é recebido pelo rei local. Ele relata suas des-
cobertas, celebrando a grandeza e a coragem dos portu-
gueses.
Os Lusíadas
A epopeia termina com um olhar profético sobre o futuro de Portugal, destacando seu papel
na expansão marítima e sua relevância histórica. Camões encerra a obra com uma mensagem de
esperança e louvor à nação portuguesa.
Os Lusíadas é uma obra monumental que combina história, mitologia, política e poesia em
uma narrativa épica de grandeza universal. É um testemunho da genialidade de Camões e con-
tinua a ser uma fonte de inspiração e orgulho para o povo português até os dias de hoje. Abaixo
inserimos a primeira estrofe do livro Os lusíadas:
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Essa estrofe inicial de Os Lusíadas apresenta vários elementos importantes que estabelecem
o tom e o tema da epopeia. A estrofe começa invocando as “armas” e os “barões assinalados”,
indicando que a narrativa épica irá abordar as proezas guerreiras e os feitos heroicos dos nave-
gadores portugueses. Essa invocação é uma marca típica da poesia épica, destinada a chamar a
atenção do leitor para os eventos grandiosos que serão narrados.
A menção à “ocidental praia Lusitana” refere-se a Portugal, o país de origem dos protago-
nistas da epopeia. Este é o primeiro indício de que a história celebrará os feitos dos portugueses
durante a Era dos Descobrimentos.
O verso “Por mares nunca de antes navegados” destaca a ousadia e a coragem dos nave-
gadores portugueses, que se aventuraram em mares desconhecidos em busca de novas rotas
comerciais e terras desconhecidas.
A referência à Taprobana (hoje conhecida como Sri Lanka) destaca as conquistas geográfi-
cas e territoriais dos portugueses, que expandiram os limites do conhecimento humano e esta-
beleceram novos territórios além do mundo conhecido.
A estrofe menciona os “perigos e guerras esfor-
çados”, sugerindo que os navegadores portugueses
enfrentaram uma série de desafios e obstáculos du-
rante suas viagens. Isso ressalta a tenacidade e a de-
terminação dos heróis em superar as adversidades.
A estrofe conclui com a ideia de que os portu-
gueses “edificaram Novo Reino”, referindo-se à fun-
dação de colônias e assentamentos em terras dis-
tantes. Essa conquista é vista como um triunfo da
civilização e uma expansão do domínio português.
A história de Luís de Camões preferindo
salvar Os Lusíadas em vez de Dinamene, sua ama-
da, é um relato lendário que faz parte da tradição
em torno da vida do poeta. No entanto, é importan-
te destacar que essa história é mais uma lenda do
que um fato comprovado.
Segundo a lenda, Camões teria naufragado em uma tempestade durante sua viagem de Goa
para Portugal. Enquanto lutava para sobreviver, ele teria sido confrontado com a difícil escolha
de salvar sua obra-prima, Os Lusíadas, ou salvar Dinamene, sua amada. Diz-se que ele escolheu
salvar o manuscrito de Os Lusíadas, mantendo-o seguro dentro de uma bolsa de couro que ele
prendeu ao seu próprio corpo.
No entanto, não há evidências históricas concretas para apoiar essa história. Muitos consi-
deram essa narrativa como uma expressão simbólica do compromisso de Camões com sua obra
e com a literatura como um todo, destacando a importância que ele atribuía à sua contribuição
para a cultura portuguesa.
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É possível que essa lenda tenha surgido como uma maneira de glorificar a dedicação de
Camões à sua arte, retratando-o como um poeta apaixonado e comprometido com seu trabalho.
Independentemente da veracidade dessa história específica, o legado de Camões como um dos
maiores poetas da língua portuguesa permanece inegável, e Os Lusíadas continua a ser uma das
obras mais importantes da literatura mundial.
A LÍRICA CAMONIANA
Luís de Camões, como poeta renascentista, explorou uma variedade de eixos temáticos
em sua poesia lírica, incorporando elementos do maneirismo, neoplatonismo, conceito de
“Desconcerto do Mundo”, influências dantescas e o tema da morte da amada. Aqui está uma
análise desses eixos temáticos:
a) Neoplatonismo: O neoplatonismo é uma corrente filosófica que se baseia nas ideias
de Platão, especialmente a concepção de um mundo de ideias perfeitas e a busca pela
ascensão espiritual. Camões incorpora elementos neoplatônicos em sua poesia lírica,
explorando temas como a dualidade entre o mundo sensível e o mundo das ideias, a
busca pelo amor divino e a transcendência espiritual.
b) Maneirismo: O maneirismo é um estilo artístico e literário que se desenvolveu duran-
te o Renascimento tardio, caracterizado pelo uso elaborado de metáforas, simbolismo
complexo, e uma preocupação com a forma e a estilização. Camões frequentemente
emprega recursos maneiristas em sua poesia lírica, como a ambiguidade, o jogo de pa-
lavras, a alusão e a inversão sintática, criando assim uma linguagem poética rica e mul-
tifacetada.
c) Desconcerto do Mundo: O conceito de “Desconcerto do Mundo” refere-se à ideia de
que o mundo é um lugar caótico e instável, onde os valores tradicionais estão em de-
clínio e o mal prevalece sobre o bem. Camões expressa essa visão em muitos de seus
poemas líricos, refletindo sobre a transitoriedade da vida, a corrupção da sociedade e a
fragilidade da condição humana diante das forças do destino.
d) Influências Dantescas: Dante Alighieri, autor de A Divina Comédia, foi uma influên-
cia significativa na obra de Camões. Ele incorpora elementos dantescos em sua poesia
lírica, como a estruturação simbólica do universo, a jornada espiritual do eu lírico e a
exploração dos temas do amor e da redenção.
e) Morte da Amada: O tema da morte da amada é recorrente na poesia lírica de Camões,
refletindo sua própria experiência pessoal de perda e sofrimento. Ele lamenta a morte
de sua amada em vários poemas, expressando sua dor e angústia diante da separação e
da inevitabilidade da morte.
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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
01| Leia o fragmento a seguir e faça o que se pede:
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02| A visão antropocêntrica, que coloca o ser humano como centro das preocupa-
ções e interesses, é uma característica marcante em Os Lusíadas, de Luís de
Camões. Com base nesse contexto, analise a seguinte afirmação:
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06| A análise do soneto utilizado na questão anterior deixa claro que o eu lírico:
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08| Qual das seguintes afirmativas melhor representa a comparação entre a está-
tua de David, de Michelangelo, e o livro Os Lusíadas, de Luís de Camões?
09| Qual é o significado da famosa frase “Ser ou não ser, eis a questão”, proferida
pelo personagem Hamlet, de William Shakespeare?
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14| Qual é o principal efeito literário alcançado pelo episódio do “Gigante Adamas-
tor” em Os Lusíadas, de Luís de Camões?
a) Alegoria
b) Metonímia
c) Símile
d) Hipérbole
e) Prosopopeia
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GABARITOS E RESOLUÇÕES
01| Alternativa correta: D. O principal objetivo dos navegadores portugueses retra-
tados por Luís de Camões em Os Lusíadas é estabelecer colônias e fortificações
além-mar, expandindo os domínios territoriais de Portugal e consolidando seu
poder sobre novos territórios descobertos.
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07| Alternativa correta: B. O poema sugere que o eu lírico prefere evitar o amor por
medo das consequências emocionais, mantendo-se distante da pessoa amada.
A experiência do amor é comparada à sensação de medo e perigo vivenciada
por um marinheiro após sobreviver a um naufrágio.
09| A alternativa correta: A. A frase “Ser ou não ser, eis a questão” é uma das mais
conhecidas da literatura universal e sintetiza a reflexão de Hamlet sobre a de-
cisão de enfrentar os desafios da vida ou sucumbir diante das dificuldades.
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