Você está na página 1de 42

Composição textual

Apresentação
Seja bem-vindo!

É muito importante para qualquer ser humano saber escrever. No entanto, muitas pessoas estando
ou não em um ambiente profissional, consideram essa atividade muito difícil. Alguns alegam não
conhecer profundamente a Língua Portuguesa, outros não organizam as ideias de forma coerente.
Por isso, é fundamental saber como compor um texto, seja escrito em uma linguagem formal ou
informal.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá estudar os componentes fundamentais de um texto


argumentativo-dissertativo. Além disso, você também irá conhecer os elementos fundamentais de
um texto narrativo. Por fim, você irá entender os diferentes tipos de narrador e como o foco da
narrativa altera pelas limitações e conhecimentos de cada um deles.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Classificar as partes que compõem o texto: introdução, desenvolvimento e conclusão.

• Apontar os elementos fundamentais do texto: tempo, espaço, tema, personagens, etc.

• Determinar o foco narrativo: tipos de narrador e os efeitos decorrentes no texto.


Desafio
A leitura é uma das formas que pode potencializar a evolução da sociedade. Por meio dela, as
pessoas adquirem mais conhecimento e aprendizado. Para isso, todo profissional necessita
compreender o que está lendo.

Observe os textos a seguir e defina o tipo de narrador, podendo ser: narrador-personagem,


narrador-observador, narrador-onisciente neutro ou narrador-onisciente seletivo.

Texto I:

Era no verão de 2014, em São Paulo.

O grupo de amigos era bastante diferenciado.

Tinha Larissa, uma menina tímida que - se me permite dizer - precisa de uma sacudida pelos ombros
para ver se acorda para a vida, Renato, que embora fosse o mais popular, era muito fofoqueiro (eu
mesmo não confiaria nele) e Martina, garota bastante talentosa e íntegra.

Eles levantaram da mesa da lanchonete e foram em direção ao carro de Martina. O sol estava muito
forte, todos suavam visivelmente. As roupas de marca de Renato estavam tão encharcadas que
parecia que pertenciam a um morador de rua.

Martina, mesmo com sua camiseta velha e todo seu suor, irradiava uma confiança e um poder que
só ela conseguia.

Mal sabiam eles que tudo mudaria em apenas alguns segundos.

Texto II:

Eles estavam brigando mais uma vez!

Já era a terceira vez essa semana que Amanda e Bárbara discutiam. Já estavam juntas há mais de
quatro anos e ainda viviam feito cão e gato.

Bianca resolveu ficar longe, pois não gostava de se meter quando isso acontecia.

Bianca é a melhor amiga de Amanda, a garota mais popular da história.

Já a Bárbara não gosta tanto assim Bianca. Às vezes, Amanda acha que é ciúme, embora ela já
tenha dito mil vezes que não tem nada a ver, que Bianca é totalmente apaixonada por Tomé.

Texto III:
Eu estava assustado. Era meu primeiro dia naquela nova escola.

Entrei, apressadamente, pelos corredores. Tentei manter a cabeça baixa em todo o tempo. Imaginei
que se evitasse qualquer contato visual, teria menos riscos de chamar atenção.

Depois de me perder pela escola gigante, cheguei atrasado para a minha primeira aula.

Assim que entrei, olhei para o fundo da sala com esperanças de encontrar um lugar por lá e meus
olhos foram direto para os dele: eram de um verde-esmeralda, profundos e misteriosos. Meu
coração disparou.

Texto IV:

O dia estava bastante chuvoso. Os garotos estavam todos na sala de estar da família Cortina. No
canto, uma pilha de livros abandonados, indicando que o motivo do encontro (fazer o trabalho de
ciências), tinha sido deixado de lado por outro motivo, que se podia enxergar bem na frente deles: o
videogame.

Antônio sabia que sua mãe lhe colocaria de castigo se soubesse que ele ignorou as tarefas mais
uma vez, mas dessa vez ele não se importava, ela não chegaria em casa até de noite. Ele tinha
tempo o suficiente para se divertir e depois fazer o que tinha que fazer.

Sofia, mãe de Antônio, estava apenas alguns quarteirões de distância. Sentiu dor de cabeça no
trabalho e resolveu ir para casa mais cedo. Pretendia chegar em casa, tomar um banho e não se
estressar pelo resto da noite. Mal sabia o que encontraria na sua sala.
Infográfico
No Infográfico a seguir, você irá conhecer os elementos principais de uma narrativa: apresentação,
complicação, clímax, desfecho, tempo, espaço, personagem, narrador e foco narrativo.
Aponte a câmera para o
código e acesse o link do
conteúdo ou clique no
código para acessar.
Conteúdo do livro
É importante destacar que todas as pessoas, atuantes ou não no mercado de trabalho, precisam
demonstrar sua capacidade de escrever bem, compondo um texto claro e coerente, que
contenha os principais elementos de composição textual.

No capítulo Composição textual, da obra Fundamentos da língua portuguesa, você irá aprender
sobre os componentes fundamentais de um texto argumentativo: a introdução, o desenvolvimento
e a conclusão. Além de ler sobre componentes essenciais de um texto narrativo: espaço, tempo,
personagens e narrador. Por fim, você irá observar os diferentes tipos de narrador e as distintas
perspectivas trazidas por cada um deles.
FUNDAMENTOS
DA LÍNGUA
PORTUGUESA

Asafe Cortina
Composição textual
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste capítulo, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Classificar as partes que compõem o texto: introdução, desenvolvi-


mento e conclusão, bem como suas características.
„„ Elencar os elementos fundamentais do texto: tempo, espaço, tema,
personagens etc.
„„ Determinar o foco narrativo: tipos de narrador e os efeitos decorrentes
no texto.

Introdução
Neste capítulo, você estudará sobre alguns elementos de composição
textual.
Primeiramente, você lerá sobre os componentes fundamentais de
um texto argumentativo-dissertativo, que também compõem outros
gêneros textuais, embora se manifestem de formas diferentes. São elas:
introdução, desenvolvimento e conclusão.
Em seguida, você observará os elementos fundamentais de um texto
narrativo que, além do tema (assunto sobre o qual o texto tratará), cola-
boram e constroem o cenário textual, sendo eles: tempo, personagens,
espaço e narrador.
Por fim, você conhecerá os diferentes tipos de narrador e saberá
como o foco da narrativa altera pelas limitações e conhecimentos de
cada um deles.
2 Composição textual

Componentes de um texto argumentativo


Como sabemos, existem diversos gêneros textuais, que são manifestações
culturais que cumprem determinados propósitos de comunicação social e que
se apresentam de formas distintas. São exemplos de gêneros textuais os dife-
rentes tipos de textos que exercem alguma função, como prosas, poemas, listas
de compras, listas telefônicas, artigos científicos, redações argumentativas,
notícias jornalísticas etc. Podemos entender que qualquer formato específico
de texto que se manifeste de determinados modos e que cumpram propósitos
pontuais podem ser considerados gêneros textuais.
Além de cumprir funções comunicativas sociais, os gêneros textuais “de-
limitam” certos padrões de produção; ou seja, espera-se que uma lista de
compras, por exemplo, seja escrita de uma determinada maneira, que uma
poesia, de outra e assim por diante. Logo, cada gênero textual pré-determina
quais componentes são fundamentais para que um texto se enquadre em cada
classificação. Embora essas regras não sejam fixas e imutáveis, podem ser
entendidas como convenções que devem ser seguidas ao produzir textos de
diferentes gêneros. Portanto, cada gênero “define” quais são os itens neces-
sários para seus textos.
Pense em um artigo jornalístico, por exemplo. Quais são os componentes
que você julga necessários para que uma notícia se enquadre corretamente
nesse gênero?
Observe a Figura 1.
Composição textual 3

Figura 1. Exemplo de texto jornalístico.


Fonte: Jornal Valor Econômico (2016, documento on-line).

Na Figura 1, podemos perceber elementos canônicos de um texto jorna-


lístico, como manchete (título principal), título auxiliar (subtítulo), lide (que
diz respeito ao primeiro parágrafo e às informações utilizadas para iniciar a
leitura e despertar o interesse do leitor), corpo da notícia e outros elementos
gráficos para complementar as informações. Logo, o gênero textual jornalístico
necessita de alguns componentes essenciais que podem ser encontrados na
maior parte dos textos que se enquadram nessa categoria.
Agora, pense a respeito de um artigo científico. Quais são seus principais
componentes? Será que são construídos da mesma maneira que um artigo
jornalístico ou uma poesia?
Quem conhece esse gênero textual sabe que alguns componentes e algumas
padronizações estruturais são necessárias para que um texto seja aceito como
artigo e, então, publicado. Essas partes normalmente são: título, resumo,
introdução, materiais/métodos, resultados, discussão, conclusões etc.
4 Composição textual

Embora não seja obrigatório que todos os itens estejam presentes em todos
os artigos científicos (algumas organizações especificam quais são esperados
e quais não são), alguns deles são fundamentais em todos, como o título, a
introdução e o resumo.
Com esses dois exemplos (do artigo jornalístico e do científico), podemos
concluir que diferentes gêneros textuais requerem diferentes constituintes.
Entre os gêneros textuais, a redação argumentativa (texto dissertativo
argumentativo) ocupa um papel importante nas funções comunicativas. Ela é
necessária na escola, para o vestibular, em concursos etc. Assim como qualquer
outro gênero, ela também requer determinados componentes e também exige
uma certa padronização em estrutura.
Ainda que alguns gêneros sejam mais flexíveis na estruturação e nos
componentes de seus textos (como listas de compras, diários etc.), a redação
argumentativa é um pouco mais rigorosa no que diz respeito aos seus elementos
e à sua estruturação.
Antes de mais nada, é preciso saber que redação argumentativa tem por
objetivo apresentar um determinado assunto, informações e argumentos para
conduzir a uma certa linha de raciocínio. Para isso, existe uma certa estrutura
canônica que é fundamental para a construção desse gênero de texto, como
veremos a seguir.

Introdução
A introdução, como o nome claramente sugere, tem o objetivo de introduzir
um assunto, ou seja, é preciso abrir a produção textual situando o leitor a
respeito do assunto que será abordado ao longo do texto.
Além de apresentar o tópico do texto, a introdução, geralmente, também
cumpre outras funções importantes: definir o tom do texto e expor (ainda que
brevemente) a posição do autor a respeito daquele assunto.
Ademais, a composição da introdução pode ser responsável pela continuação
ou desistência da leitura, uma vez que é ela que oferece o primeiro contato
do leitor com o texto.
Nesse gênero textual, a introdução costuma ser feita em apenas um pará-
grafo. Contudo, um grande número de gêneros textuais diferentes exige uma
introdução e, em cada um, a extensão pode variar; embora o objetivo seja
sempre o mesmo.
Observe, agora, dois exemplos de introdução.
Composição textual 5

Exemplo 1
Tema: A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira.
(Tema da redação do ENEM de 2015).
Introdução:
A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira
é um problema muito presente. Isso deve ser enfrentado, uma vez que,
diariamente, mulheres são vítimas dessa questão. Nesse sentido, dois
aspectos fazem-se relevantes: o legado histórico-cultural e o desrespeito
às leis.
Fonte: Furtado (2015, documento on-line).

Exemplo 2
Tema: A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira.
(Tema da redação do ENEM de 2015).
Introdução:
Um exemplo da persistência da violência contra a mulher na sociedade
brasileira é a quantidade de casos relatados por diversas delegacias a
respeito de abuso doméstico. Um estudo estatístico demonstrou que
três a cada cinco mulheres já sofreram algum tipo de violência em seus
relacionamentos, seja física, psicológica ou sexual, posicionando o Brasil
como um dos países com mais indícios de agressão contra a mulher.
Fonte: Furtado (2015, documento on-line).

No exemplo 1, vemos uma introdução perfeitamente estruturada, extraída


de uma redação com nota máxima no ENEM de 2015. Ao analisarmos esse
segmento, notamos os seguintes componentes:

1. Apresentação do tema: “A persistência da violência contra a mulher


na sociedade brasileira é um problema muito presente”.
2. Tom da redação e vestígios da posição da autora: “Isso deve ser en-
frentado, uma vez que, diariamente, mulheres são vítimas desta questão”.
3. Informações para contextualizar o assunto a ser desenvolvido:
“Nesse sentido, dois aspectos fazem-se relevantes: o legado histórico-
-cultural e o desrespeito às leis”.
6 Composição textual

Os componentes, da forma como foram destacados acima, não são obri-


gatórios para todos os textos desse gênero, mas tornam a introdução mais
completa e eficiente.
Já o exemplo 2, escrito exclusivamente para os propósitos desta seção, não
consegue cumprir as funções principais de uma introdução. Embora possa
parecer introduzir o tema, pode-se observar que as informações presentes
no parágrafo poderiam ser utilizadas (de outra maneira) como um texto de
desenvolvimento, e não de introdução. O autor não situou o leitor a respeito
do assunto da forma como seria necessária e não levantou informações que
fossem suficientes para introduzir o assunto.
Em suma, a introdução tem um papel crucial em uma redação, não só por
apresentar o assunto, mas também pelo poder que tem de convencer um leitor
a prosseguir com a leitura ou convencê-lo de desistir dela.

Desenvolvimento
O desenvolvimento é considerado a parte mais importante de uma redação. É
por meio dele que as ideias são apresentadas, os argumentos são levantados e
o conteúdo do texto é desenvolvido. Novamente, diferentes tipos de gêneros
textuais requerem diferentes estruturas para o desenvolvimento.
Em uma redação argumentativa, o desenvolvimento geralmente é apresen-
tado em dois ou três parágrafos, de forma que cada um aborde um objetivo
diferente e que a relação entre eles seja estabelecida de forma coesiva e coerente.
É importante que o desenvolvimento esteja estruturado de modo a construir
uma linha de raciocínio lógica e linear e que permita ao leitor entender os
objetivos do autor do e aceitar (ou rejeitar) suas argumentações.
Embora pareça que o objetivo do desenvolvimento é convencer o leitor a
aceitar a posição do autor, isso não é uma obrigação. Uma redação argumen-
tativa tem por objetivo construir argumentos lógicos e coerentes para que o
leitor consiga entender, por meio do texto, o ponto de vista do autor, de forma
que seu pensamento se torne claro e ele possa compreender os motivos pelos
quais o autor se posiciona de um modo ou de outro. Aceitar ou rejeitar a opinião
dele é de responsabilidade do leitor; o importante é que ele tenha informações
suficientes no desenvolvimento para construir um raciocínio lógico que lhe
ajude a concordar ou discordar da linha de pensamento apresentada.
Composição textual 7

Os conteúdos dos parágrafos de desenvolvimento devem ser elaborados e limitados


pelo autor, de forma que o texto fique claro. É importante, contudo, não misturar as
informações que deveriam estar separadas em parágrafos distintos.

Como exemplo, pense no tema: “O uso da internet na adolescência”.


É possível, por exemplo, definir os seguintes conteúdos dos parágrafos
de desenvolvimento.

„„ Parágrafo 1: benefícios do uso da internet na adolescência.


„„ Parágrafo 2: desvantagens do uso da internet na adolescência.
„„ Parágrafo 3: exemplos de usos da internet na adolescência.

Embora essa seja uma forma de apresentar o desenvolvimento a respeito


do assunto, podemos perceber que o conteúdo de cada parágrafo pode ser
apresentado em ordens diferentes.
O importante, contudo, é que as informações sejam delimitadas. Se no
parágrafo 1 decidirmos falar sobre benefícios, não devemos falar sobre as
desvantagens. Se no parágrafo 2 desejamos escrever sobre as desvantagens,
não devemos citar os benefícios. É preciso coesão e coerência para que o
desenvolvimento seja eficiente.
Vamos, agora, voltar para o exemplo de redação com nota máxima no
ENEM apresentado acima. Observe os parágrafos de desenvolvimento:

Segundo a História, a mulher sempre foi vista como inferior e submissa


ao homem. Comprova-se isso pelo fato de elas poderem exercer direitos,
ingressarem no mercado de trabalho e escolherem suas próprias roupas
muito tempo depois do gênero oposto.
Esse cenário, juntamente aos inúmeros casos de violência contra as
mulheres, corroboram a ideia de que elas são vítimas de um histórico-
-cultural. Nesse ínterim, a cultura machista prevaleceu ao longo dos anos
a ponto de enraizar-se na sociedade contemporânea, mesmo que de
forma implícita à primeira vista.
Conforme previsto pela Constituição Brasileira, todos são iguais perante
à lei, independente de cor, raça ou gênero, sendo a isonomia salarial,
aquela que prevê mesmo salário para mesma função, também garantidas
8 Composição textual

por lei. No entanto, o que se observa em diversas partes do País, é a gri-


tante diferença entre os salários de homens e mulheres, principalmente se
estas forem negras. Esse fato causa extrema decepção e constrangimento
a elas, que se sentem inseguras e sem ter a quem recorrer. Desse modo,
medidas fazem-se necessárias para corrigir a problemática (FURTADO,
2015, documento on-line).

O primeiro parágrafo de desenvolvimento apresentou exemplos a respeito


do assunto e informações contextualizadas sobre o tópico.
Já no segundo parágrafo de desenvolvimento, podemos ver uma argumen-
tação a respeito das consequências e impactos históricos e sociais que são
derivados da violência contra as mulheres.
No terceiro parágrafo, temos informações que se relacionam com o assunto
e que servem como uma corroboração do que fora falado anteriormente. Há,
também, a apresentação de informações novas e fortemente relacionadas ao
tópico principal (diferença entre salários, diferença racial etc.). Ao fim do pará-
grafo, é feita uma conclusão sobre o assunto: esse problema deve ser resolvido.
Não confunda, contudo, uma conclusão sobre o assunto com a conclusão
do texto; são duas coisas diferentes. No terceiro parágrafo de desenvolvi-
mento dessa redação, a oração “Desse modo, medidas fazem-se necessárias
para corrigir a problemática” é uma ideia conclusiva diante dos exemplos de
problemas apresentados durante o desenvolvimento do texto.
A função da conclusão da redação como um todo é outra, como veremos
no próximo tópico.

Conclusão
A principal função da conclusão de uma redação argumentativa é “fechar”
o texto. Existem diversas estratégias a respeito do conteúdo do parágrafo de
conclusão, de forma que diferentes abordagens podem ser adotadas.
No que diz respeito à estrutura, a conclusão desse gênero textual é apresen-
tada em um parágrafo. Em textos de outros gêneros, ela se estrutura de outra
maneira. Em artigos acadêmicos, por exemplo, essa parte do texto é geralmente
chamada de “considerações finais” e se estende por mais de um parágrafo.
A conclusão em uma redação argumentativa deve concluir uma linha
de pensamento, retomando (brevemente) a argumentação construída pelos
parágrafos de desenvolvimento e apresentando uma informação que proponha
uma solução para o tópico ou que complete o raciocínio.
Composição textual 9

Observe a conclusão da redação com a nota máxima no ENEM:

Diante dos argumentos supracitados, é dever do Estado proteger as


mulheres da violência, tanto física quanto moral, criando campanhas
de combate à violência, além de impor leis mais rígidas e punições mais
severas para aqueles que não as cumprem. Some-se a isso investimentos
em educação, valorizando e capacitando os professores, no intuito de
formar cidadãos comprometidos em garantir o bem-estar da sociedade
como um todo (FURTADO, 2015, documento on-line).

Podemos observar que o parágrafo de conclusão da candidata retoma o


assunto, conecta o parágrafo com as informações apresentadas no desenvol-
vimento e apresenta qual seria, na opinião dela, uma solução para o problema.
Por fim, é preciso lembrar que diferentes gêneros textuais requerem diferen-
tes componentes. A redação argumentativa, como vimos, exige que um texto
tenha uma introdução, uma conclusão e um desenvolvimento – componentes
que também se manifestam em outros gêneros textuais, porém de outras formas.

Elementos fundamentais de um texto narrativo


Além do tema, que é o assunto sobre o qual um texto decorre, alguns gêneros
textuais, como contos, fábulas, peças de teatro ou demais narrativas têm
componentes e estruturas fundamentais para o desenvolvimento do texto.
No que diz respeito à estrutura, quatro elementos são fundamentais:

1. Apresentação: parte do texto onde algumas circunstâncias da história


são apresentadas, como personagens, espaço, tempo, características etc.
2. Complicação: sucessão textual onde a ação começa a se desenvolver
e que leva ao clímax.
3. Clímax: ponto crítico da ação.
4. Desfecho: soluções dos conflitos realizadas pelos personagens.

Já os componentes principais, que são conhecidos como elementos da


narrativa, se dividem em espaço, tempo, personagens e narrador.
10 Composição textual

Espaço
Espaço é onde a narrativa ocorre, podendo ser categorizado em: espaço físico,
espaço social (posição dos personagens em uma configuração social) ou espaço
psicológico (no interior dos personagens, reunindo vivências, memórias etc.)
O espaço é um item fundamental de uma narrativa, pois nos permite
construir o imaginário (personificar) e situar a posição dos personagens tanto
na esfera física quanto na social.
Os detalhes a seu respeito nos permitem inferir informações sobre os
personagens e suas ações, além de construírem um plano de fundo para que
o leitor possa “visualizar” onde a história acontece.
Além de tudo, o espaço pode refletir o psicológico e os sentimentos de um
personagem. Se, por exemplo, um personagem-narrador conta que estava em
um espaço frio, escuro e solitário, o leitor consegue inferir alguns sentimentos
do personagem em determinado ponto da história.
Observe esse parágrafo:

[...] era iluminado por milhares de velas que flutuavam no ar sobre quatro
mesas compridas, onde os demais estudantes já se encontravam sen-
tados. As mesas estavam postas com pratos e taças douradas. No outro
extremo do salão havia mais uma mesa comprida em que se sentavam
os professores. A Professora Minerva levou os alunos de primeiro ano até
ali, de modo que eles pararam enfileirados diante dos outros, tendo os
professores às suas costas. [...] As centenas de rostos que os contemplavam
pareciam lanternas fracas à luz trêmula das velas. Misturados aqui e ali aos
estudantes, os fantasmas brilhavam como prata envolta em névoa. [...]
Principalmente para evitar os olhares fixos neles, Harry olhou para cima e
viu um teto aveludado e negro salpicado de estrelas [...] (ROWLING, 2000).

O parágrafo acima, encontrado em Harry Potter e a Pedra Filosofal,


descreve um espaço de extrema importância no enredo do livro. Os detalhes
apresentados ajudam o leitor a criar uma personificação a respeito do local
e colaboram para que ele possa entender o sentimento dos personagens ao
entrarem, pela primeira vez, no salão comunal (lugar que está sendo descrito).
Composição textual 11

Tempo
O tempo, em narrativas, pode ser entendido por meio de diferentes perspec-
tivas: poder ser a data em que a história se desenvolveu, o tempo que durou o
percurso dos fatos ou a evolução psicológica dos personagens.
É dividido em duas categorias: tempo cronológico e tempo psicológico.

Tempo cronológico

É o tipo de tempo histórico, real; ou seja, o tempo no sentido de “data” e no


sentido do desencadear cronológico dos fatos.
O tempo cronológico é, geralmente, o mesmo para todos os personagens;
salvo algumas histórias que apresentam personagens distintos em tempos
distintos. Na construção textual, é marcado por advérbios (ou locuções ad-
verbiais) temporais.
Observe o exemplo abaixo: “Era um dia frio e luminoso de abril, e os
relógios davam treze horas. Winston Smith, queixo enfiado no peito no esforço
de esquivar-se do vento cruel [...]” (ORWELL, 2014)

Tempo psicológico

É o tempo que decorre a partir de uma perspectiva interior, relacionada ao psico-


lógico dos personagens, não necessariamente seguindo uma linha cronológica.
Esse tipo de tempo revela muitos detalhes a respeito da posição e dos
sentimentos do personagem e é considerado individual, aocontrário do tempo
cronológico, que é coletivo. Podemos entendê-lo como um fluxo psicológico,
marcado por lembranças, imaginação, sonhos, devaneios etc.
Observe o exemplo a seguir: “Os minutos voavam, ao contrário do que
costumam fazer, quando são de espera; ouvi bater onze horas, mas quase sem
dar por elas, um acaso” (ASSIS, 1986).

Personagens
Personagens, como é evidente, diz respeito a “quem” ou a “que” a história
se elabora.
Devemos manter em mente que personagem não é, necessariamente, uma
figura humana. Pense sobre os seguintes filmes: Titanic, Toy Story, 101 Dál-
12 Composição textual

matas e Cinderela. No primeiro título (Titanic), temos uma história sobre


personagens humanos. No segundo, os personagens são objetos (brinquedos).
No terceiro, animais e no quarto, humanos e animais.
Existem diferentes tipos de personagens em uma narrativa: os principais
e os secundários, sendo que se subdividem em protagonista (personagem
principal) e antagonista (que se opõe ao protagonista).
É um erro muito comum assumir que o personagem protagonista é uma
representação do bem e o antagonista, do mal. A verdade é que o protagonista
é o personagem principal, seja ele herói ou vilão, bom ou mau; e o antagonista
é o que se opõe ao protagonista, independentemente de suas características.
Uma história em quadrinhos do Batman, por exemplo, tem o Batman
como protagonista e o Coringa como antagonista; sendo que o primeiro é um
herói e o segundo, um vilão. Já em quadrinhos cujo título fossem “Coringa”,
este assumiria o papel de protagonista e o Batman de antagonista, embora o
protagonista seja o vilão.
Outro ponto importante a respeito dos personagens é sua personificação
e apresentação. Um personagem pode ser diretamente descrito na narrativa,
quando o narrador conta detalhes físicos e/ou psicológicos dele; ou descrito
sob a perspectiva de outro personagem que, quando ocorre, pode não retratar
a realidade sobre o personagem, mas sim uma representação e impressão.

Narrador
O narrador é o elemento responsável por contar a história. De acordo com
sua posição e perspectiva, acessamos a história de diferentes modos. Por
ser um item fundamental e detalhado, trataremos dele, exclusivamente, na
próxima seção.

Foco narrativo e tipos de narrador


Foco narrativo é um constituinte estrutural de uma narrativa e está relacionado
à perspectiva do desenrolar do enredo; ou seja, é o ponto de vista por meio
do qual a história é apresentada ao leitor. Esse ponto de vista é marcado pela
posição que o narrador assume na história: apenas como observador, como
personagem, ou os dois.
Diz-se que o foco narrativo é em primeira pessoa quando o enredo é
desenvolvido de uma perspectiva pessoal, quando a história é contada em
Composição textual 13

primeira pessoa, utilizando pronomes como “eu”, “meu” etc. O foco narrativo
está em terceira pessoa quando a história é contada por alguém que vivenciou
o enredo, por meio de pronomes como “ele”, “ela”, “elas” etc.
O foco narrativo é responsável por alguns efeitos no texto: o primeiro diz
respeito à credibilidade da história. Um foco narrativo em primeira pessoa
tende a apresentar fatos de forma mais verídica, uma vez que a história é
narrada por quem viveu, de fato, os acontecimentos da narrativa. Já um foco
narrativo em terceira pessoa, embora possa ter credibilidade, pode omitir
ou distorcer algumas informações, uma vez que os fatos são contados pela
perspectiva de outra pessoa.
Além disso, o foco narrativo também carrega o efeito de maior ou menor
detalhamento sobre os fatos e acontecimentos da história. Em primeira pessoa,
a perspectiva do narrador-personagem permite uma descrição com maiores
detalhes, enquanto em terceira pessoa o leitor recebe apenas um recorte da
narração por meio de um ponto de vista específico.
Por isso, é fundamental conhecer os diferentes tipos de narrador, que são:
narrador-personagem, narrador-observador e narrador-onisciente.

Narrador-personagem
É o tipo de narrador que também participa da história, de forma que ele é
narrador e personagem ao mesmo tempo. A história é contada através de sua
perspectiva e seus conhecimentos sobre os demais personagens e o desenca-
dear dos fatos é limitado; ou seja, o narrador conhece os detalhes da história
à medida que ela ocorre.
O narrador-personagem pode assumir qualquer papel na história: protago-
nista, antagonista, testemunha etc. Quando existe um narrador-personagem, é
possível apresentar a mesma história de formas bastantes distintas, porque cada
personagem vivencia o enredo de maneira diferente e apresenta a narrativa
de acordo com a sua perspectiva.
Um exemplo bastante atual é o livro que se tornou best-seller na maior parte
do mundo, da autora E.L James: Cinquenta tons de cinza. Na saga original,
podemos ver Anastácia, a narradora-personagem, contar, de sua perspectiva,
a história de como se apaixonou por um homem peculiar e tudo que aconteceu
a partir então. Sua narração tem limitações, porque ela só consegue relatar
o que vivencia.
14 Composição textual

Alguns anos depois, a autora do livro lançou a mesma história sobre uma
perspectiva diferente: dessa vez, o narrador-personagem era o homem por
quem Anastácia se apaixonou: Christian Grey.
Por meio de sua narração, vemos detalhes e fatos que antes nos eram des-
conhecidos, porque também eram desconhecidos pela narradora-personagem
do primeiro livro.
Veja exemplos de narradores-personagens nos livros mencionados acima e
como as duas perspectivas diferentes adicionam detalhes distintos à história:

Exemplo 1
Empurro a porta, tropeço nos meus próprios pés e caio estatelada no
escritório.
Merda: eu e meus dois pés esquerdos! Caio de quatro no vão da
porta da sala do Sr. Grey, e mãos delicadas me envolvem, ajudando-me
a me levantar.
Que vergonha, que droga de falta de jeito! Tenho que me armar de
coragem para erguer os olhos. Caramba... ele é muito jovem.
— Srta. Kavanagh. — Ele me estende uma mão de dedos longos
quando já estou em pé. — Sou Christian Grey. A senhorita está bem?
Gostaria de se sentar?
Muito jovem. E atraente, muito atraente. É alto, está vestido com um
belo terno cinza, camisa branca, e gravata preta, tem o cabelo revolto
acobreado, e olhos cinzentos vivos que me olham com astúcia. Custo
um pouco a conseguir falar.
— Hum. Na verdade... — murmuro.
Se esse cara tiver mais de trinta anos, eu sou mico de circo. Aturdida,
coloco minha mão na dele e nos cumprimentamos. Quando nossos
dedos se tocam, sinto um arrepio excitante me percorrer. Retiro a mão
apressadamente, envergonhada. Deve ser eletricidade estática. Pisco
depressa, pestanejando no ritmo da minha pulsação.
— A Srta. Kavanagh está indisposta, e me mandou no lugar dela.
Espero que não se importe, Sr. Grey (JAMES, 2012).

Exemplo 2
Um tumulto na porta traz a meus pés um turbilhão de longos cabelos
castanhos, membros pálidos e botas marrons mergulhando de cabeça
em meu escritório. Reprimindo meu aborrecimento natural a tal falta de
jeito, eu me apresso até a garota que aterrou com suas mãos e joelhos
no chão. Segurando ombros magros, ajudo-a a ficar de pé. Olhos claros
Composição textual 15

e envergonhados encontram os meus e me deixam surpreso. Eles são


de uma cor extraordinária, muito azuis e sinceros, e por um momento
horrível, acho que ela pode ver através de mim e o que me deixa... exposto.
O pensamento é enervante, então o descarto imediatamente. Ela tem
um rosto pequeno e doce que está corando agora, num pálido e inocente
rosa. Pergunto-me brevemente se toda a sua pele é assim – perfeita – e
se poderia parecer rosada e aquecida a partir da picada de um açoite.
Droga. Paro meus pensamentos traiçoeiros, alarmados com a sua direção.
O que diabos você está pensando, Grey? Esta menina é muito jovem.
Ela olha boquiaberta para mim, e resisto em revirar os olhos. Yeah,
yeah, baby, é apenas um rosto, e é apenas superficial. Preciso dissipar
aquele olhar de admiração daqueles olhos, mas enquanto isso, vamos
ter algum divertimento!
— Senhorita Kavanagh. Sou Christian Grey. Você está bem? Você
gostaria de se sentar?
Há um enrubescer novamente. No comando mais uma vez, eu a
estudo. Ela é bastante atraente – pequena, pálida, com cabelos escuros
mal contidos por um laço. Uma morena. Sim, ela é atraente.
Estendo minha mão enquanto ela gagueja o início de um pedido
mortificado de desculpas e coloca sua mão na minha. Sua pele é fresca
e suave, mas seu aperto de mão é surpreendentemente firme.
— Senhorita Kavanagh está indisposta, então ela me enviou em seu
lugar. Eu espero que você não se importe, Sr. Grey.
Sua voz é tranquila, com uma musicalidade hesitante, e ela pisca de
forma irregular, longos cílios tremulantes (JAMES, 2015).

Os textos acima nos mostram a mesma situação por meio de duas pers-
pectivas diferentes, porque temos dois narradores-personagens diferentes.
Desse modo, podemos ver detalhes que em uma perspectiva ou outra nos
eram desconhecidos.
No desenrolar da história, descobrimos que Anastácia se apaixona por
Christian, mas imagina que ele seja “muito” para ela e que ele jamais se
apaixonaria por alguém do seu perfil. É preciso alguns capítulos para que o
leitor descubra que Christian também está atraído por Anastácia.
Contudo, quando lemos a mesma situação em duas perspectivas paralelas,
podemos notar que Christian se atrai por Anastácia desde o primeiro momento.
Logo, o narrador-personagem tem limitações a respeito dos detalhes da
história e conta ao leitor somente aquilo que sua perspectiva lhe permite
observar.
16 Composição textual

Narrador-observador
É o tipo de narrador que conta a história para o leitor por meio da perspectiva
de alguém que apenas observa o que acontece. Esse tipo de narração acontece
em terceira pessoa. O narrador presencia a história e, por isso, apresenta
limitações temporais e espaciais, uma vez que a narrativa ocorre de apenas
um ângulo e por meio de sua interpretação. Basicamente, é como se você visse
um determinado acontecimento e contasse para alguém o que sabe.
Imagine a seguinte cena: você observa, pela janela, dois vizinhos discu-
tindo e gritando um com outro. Algum tempo depois, você conta para um
amigo o que viu, dizendo que os vizinhos estavam se atacando de uma forma
muito agressiva. Você, nesse caso, é um narrador-observador que relatou o
acontecimento através da sua perspectiva, de acordo com as suas limitações
de tempo e espaço.
Contudo, no outro dia, a vizinha que você viu brigando com o marido
conversa com você e diz: “Espero não ter te assustado. Meu marido e eu vamos
participar de uma peça de teatro e passamos o dia inteiro ontem ensaiando.
Na peça, somos um casal que tem vários conflitos”.
Logo, a história que você contou para a sua amiga a respeito de um casal
brigando tem uma perspectiva muito diferente da realidade. Se ela tivesse
sido contada por outro tipo de narrador, como o narrador-personagem (ou
seja, pela esposa, por exemplo, o enredo seria outro.
Dessa forma, conseguimos entender que o foco narrativo de um narrador-
-observador é mais limitado do que o de um narrador personagem, porque
além de apenas observar um recorte temporal e espacial, ele não tem acesso
aos sentimentos e às percepções dos protagonistas e antagonistas.
Observe o exemplo abaixo:

A velhota puxou os óculos para baixo e, por cima deles, olhou o quarto
em volta; tornou a puxá-los para cima e olhou através deles. Raras vezes
ou nunca procurava de óculos uma coisa tão pequena como um rapaz,
mas este par era o de luxo, o seu orgulho; eram só para vista e não para
serviço, pois via tão bem por eles como através das portas do fogão.
Durante um momento pareceu indecisa e, por fim, disse, não muito de
rijo, mas em voz suficientemente alta para os móveis a ouvirem:
— Garanto que, se te apanho, te...
Não acabou, porque nesta ocasião estava curvada a dar vassouradas
embaixo da cama e, se continuasse a falar, faltava-lhe o ar. Só conseguiu
fazer sair de lá o gato.
Composição textual 17

— Nunca vi um rapaz como este!


Foi à porta, abriu-a e ficou a olhar para fora, procurando-o entre os
tomateiros e as outras plantas que constituíam a horta. Nem sombra de
Tom (TWAIN, 2009).

No texto acima, temos um exemplo de narrador-observador que se limita


a contar a história sob a perspectiva de alguém que a observa de fora. No
decorrer do livro, percebemos que o narrador é o próprio autor.
Em um livro posterior do mesmo autor, As aventuras de Huckleberry Finn,
dessa vez narrado por um narrador-personagem, a história se inicia com o
seguinte texto:

O leitor não me conhece, a não ser que haja lido as Aventuras de Tom Sa-
wyer, escritas por um tal Mark Twain. Tudo quanto esse livro diz é verdade,
com um pouquinho de exagero, apenas. Ainda não conheci ninguém
que não mentisse lá uma vez ou outra — exceto Tia Polly (tia de Tom,
não minha), Mary e a viúva Douglas, todas três personagens daquele livro.
Quem leu tais aventuras estará lembrado do modo pelo qual Tom e
eu descobrimos o dinheiro escondido na caverna dos ladrões. Isso nos
fez ricos dum momento para outro. Seis mil dólares para cada um, e em
ouro! O juiz Thatcher tomou conta dessa pequena fortuna para pô-la a
render e cada um de nós passou a usufruir um dólar por dia. Era dinheiro
a rodo (TWAIN, 2013).

Esse segmento nos mostra que o narrador-personagem, que também era


personagem do livro anterior, se refere à perspectiva do narrador anterior
(TWAIN, 2013) e conta ao leitor que a história foi contada com “um pouquinho
de exagero”.
Esse exemplo serve para nos mostrar que um narrador-observador sempre
irá relatar uma história de acordo com a sua própria perspectiva, levando em
consideração seus sentimentos e impressões a respeito dos acontecimentos
e dos personagens.

Narrador-onisciente
É o tipo de narrador que sabe todos os detalhes sobre os personagens, sobre a
história, sobre tudo. Ele conta a história e os detalhes por meio de um ponto
de vista que tudo vê, como na posição de um deus.
18 Composição textual

Existem vários tipos de narradores-oniscientes, mas podemos classificá-los


de duas maneiras principais:

a) Narrador-onisciente neutro: aquele que se preocupa em contar os


detalhes da história e do personagem de modo que o leitor possa com-
preender o todo. Ele não tenta convencer o leitor a assumir algum tipo
de opinião e não relata seus próprios pensamentos e impressões; por
isso, é neutro.

Observe um exemplo de narrador-onisciente neutro:

O Sr. Dursley sempre sentava de costas para a janela em seu escritório


no nono andar. Se não o fizesse, talvez tivesse achado mais difícil se
concentrar em brocas aquela manhã. Ele não viu as corujas que voavam
velozes em plena luz do dia, embora as pessoas na rua as vissem; elas
apontavam e se espantavam enquanto coruja atrás de coruja passava no
alto. A maioria jamais vira uma coruja mesmo à noite. O Sr. Dursley, porém,
teve uma manhã perfeitamente normal sem corujas. Gritou com cinco
pessoas diferentes. Deu vários telefonemas importantes e gritou mais um
pouco. Estava de excelente humor até a hora do almoço, quando pensou
em esticar as pernas e atravessar a rua para comprar um pãozinho doce
na padaria defronte. (ROWLING, 2000)

b) Narrador-onisciente seletivo: também chamado de narrador-onisciente


intruso, é aquele que narra a história emitindo suas opiniões e impres-
sões sobre algum componente, seja personagem, espaço ou enredo,
influenciando o leitor a se posicionar de determinadas maneiras a
respeito da história.

Observe um exemplo de narrador-onisciente seletivo:

Deixemos Rubião na sala de Botafogo, batendo com as borlas do chambre


nos joelhos, e cuidando na bela Sofia. Vem comigo, leitor; vamos vê-lo,
meses antes, à cabeceira do Quincas Borba.
Este Quincas Borba, se acaso me fizeste o favor de ler as Memórias
Póstumas de Brás Cubas, é aquele mesmo náufrago da existência, que ali
aparece, mendigo, herdeiro inopinado, e inventor de uma filosofia. Aqui
o tens agora em Barbacena.
Composição textual 19

Logo que chegou, enamorou-se de uma viúva, senhora de condição


mediana e parcos meios de vida; mas, tão acanhada, que os suspiros no
namorado ficavam sem eco. Chamava-se Maria da Piedade. Um irmão
dela, que é o presente Rubião, fez todo o possível para casá-los. Piedade
resistiu, um pleuris a levou.
Foi esse trechozinho de romance que ligou os dois homens. Saberia
Rubião que o nosso Quincas Borba trazia aquele grãozinho de sandice,
que um médico supôs achar-lhe? Seguramente, não; tinha-o por homem
esquisito (Assis, 2012).

Em suma, o tipo de narrador é o principal responsável pelo foco narrativo,


determinando a forma como a história será apresentada e o recorte por meio

1. Qual alternativa apresenta abrangentes e se torne ciente


um parágrafo que melhor do assunto global do material.
exemplifique uma introdução c) Era um dia frio de inverno. A
de um texto argumentativo? neve caía impetuosamente e
a) Em suma, o uso excessivo de impedia que as crianças fossem
celulares por crianças pode para o pátio brincar, o que
gerar diversos problemas, como deixava Joel completamente
problemas de visão, ansiedade impaciente e nervoso. Já andara
excessiva, dependência por toda a casa, já estava
tecnológica e vícios. A solução cansado de assistir televisão,
é adotar uma postura de queria poder correr na rua.
controle e monitor o tempo d) O uso excessivo de celulares
de uso dos aparelhos. por crianças em idade escolar
b) Um exemplo de estratégia de é um problema não só dos
leitura que colabora para uma professores e funcionários
pré-avaliação dos textos é o das escolas, mas também – e
scanning – técnica de passar principalmente – dos pais. É
o olho pelo texto, como um sabido que, atualmente, a maior
scanner, e recolher informações parte das crianças possui um
pontuais e específicas. Essa aparelho que leva para escola.
estratégia deve ser utilizada A justificativa é que, ao permitir
como pré-leitura, para que o que os estudantes tenham
leitor reúna informações mais celulares e os levem consigo
para a sala de aula, a família
20 Composição textual

pode ter um contato direto história, sendo o definidor de


em caso de emergência. como e quando os eventos
e) Cientistas prestes a revolucionar acontecem. Tempo psicológico,
a medicina: novo remédio que não é presente em todas
está sendo desenvolvido as narrativas, demonstra a
que promete combater as vontade dos personagens a
células cancerígenas antes respeito do passar do tempo.
do seu desenvolvimento. 3. Qual a melhor definição para
2. Qual a diferença entre tempo “protagonista” e “antagonista”,
cronológico e tempo psicológico respectivamente?
em uma narrativa? a) Protagonista é o herói ou
a) Tempo cronológico é externo e personagem bom da história.
medido pelo passar do tempo, Antagonista é o vilão ou
como em segundos, horas, dias, o personagem mau.
meses, anos etc. Já o tempo b) Protagonista é o personagem
psicológico é o que ocorre principal. Antagonista é um
por uma perspectiva interior, personagem figurante, com pouca
sem seguir, necessariamente, ou nenhuma ação na narrativa.
uma linha cronológica. c) Protagonista é o personagem
b) Tempo psicológico é externo e que narra a história. Antagonista
medido pelo passar do tempo, é um personagem que apenas
como em segundos, horas, dias, participa da história, sem narrar.
meses, anos etc. Já o tempo d) Protagonista é o personagem
cronológico é o que ocorre principal da narrativa,
por uma perspectiva interior. independentemente de
c) Tempo cronológico é externo e ser herói ou vilão, bom
medido pelo passar do tempo, ou mau. Antagonista é o
como em segundos, horas, dias, personagem que se opõe ao
meses, anos etc. Já o tempo protagonista, podendo ser
psicológico é aquele que só o herói ou vilão, bom ou mau.
narrador consegue expressar. e) Protagonista é o personagem
d) Tempo cronológico é quando secundário, que se opõe ao
uma narrativa apresenta uma antagonista. Antagonista é
história seguindo um tempo o personagem principal.
normal como o da vida real, sem 4. Qual alternativa apresenta um
que exista qualquer omissão de exemplo de narrador-personagem?
tempo, narrando tudo em ordem a) As meninas estavam sentadas do
restritamente sequencial. Já o lado de fora da escola. Michele
tempo psicológico é o que ocorre esperava por sua mãe, que estava
por uma perspectiva interior, completamente atrasada. Do
sem seguir, necessariamente, seu lado, sua mochila estava
uma linha cronológica. aberta, somente com um
e) Tempo cronológico é o único pequeno espaço para passar o
tempo presente em uma fone de ouvido. Fernanda estava
Composição textual 21

impaciente, não conseguia não importava para nenhum


parar de mover os pés. deles. Em direção a sua casa
b) Tamara e Felipe caminhavam de vinha alguém que mudaria sua
mãos dadas pelo parque. O vento vida para sempre. Segurava em
soprava forte e incomodava o suas mãos um pequeno cesto,
casal. Seus passos se apressaram, com algo que deixaria dona Lola
não queriam pegar chuva. acordada por várias noites.
c) Enquanto eu dirigia, o vento b) Fiquei olhando para o
batia nos meus cabelos. Nunca movimento das pernas da
senti uma sensação de liberdade minha irmã, Fernanda, e estava
tão forte. Foi o melhor dia começando a me irritar. Nossa
da minha vida. O sol estava mãe tinha prometido nos
brilhando, a estrada estava vazia, buscar, mas estava atrasada, pra
meu tipo preferido de dia. variar. Tentei colocar os fones
d) Caro leitor, não posso lhe contar de ouvido e curtir a música,
agora todos os detalhes a mas já estava sem paciência.
respeito dessa fascinante história, c) Foi meu último dia de trabalho.
mas prometo que chegarei Finalmente, depois de anos
lá. Tudo começa no dia 13 de dedicados àquela empresa, era a
fevereiro de 1989, quando estava última vez que eu fazia o percurso
pra nascer um menino que entre a minha cidade e a cidade
iria revolucionar o mundo. onde ficava meu antigo trabalho.
e) As batidas do relógio estavam Dessa vez eu dirigia sem pressa,
enlouquecendo dona Lola. Ela aproveitando a paisagem, apenas
se virava de um lado para o curtindo o vento no meu rosto.
outro na cama, há horas sem d) Eu sabia que o bebê que
conseguir pegar no sono. No carregava era especial desde o
outro quarto, a televisão ainda primeiro dia. E sabia também
estava ligada, mas Dirceu dormia que o dia havia chegado: meu
profundamente no sofá. tão esperado filho estava para
5. Qual alternativa apresenta um nascer. Fui levada ao hospital às
exemplo de narrador-onisciente? pressas. Era o dia 13 de fevereiro
a) Dirceu dormiu com a televisão de 1989, o dia que mudou a
ligada. Isso é bastante rotineiro. minha vida – e ouso dizer a
Ele chega cansado do trabalho, do mundo! – para sempre.
toma um banho, janta e vê e) O tempo estava feio. Certo
televisão por alguns minutos. que iria chover. Felipe tentava
Dona Lola, coitada, mal apressar o passo, mas na
consegue dormir. Além de estar verdade eu não me importava
incrivelmente chateada pelas muito. Sempre que eu
notícias que recebeu naquela segurava a mão dele, nada
manhã, as batidas do relógio mais importava. Era como se
pareciam incrivelmente alta. A minha felicidade estivesse,
noite estava bonita, mas isso literalmente, nas mãos dele.
22 Composição textual

do qual os detalhes sobre os personagens, sobre o enredo e sobre todos os


componentes da narrativa serão contados para o leitor.

ASSIS, M. A missa do galo. In: ASSIS, M. Contos Consagrados. São Paulo: Ediouro, 1996.
ASSIS, M. Quincas Borba. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
FURTADO, C. I. P. Redação Enem nota 1000. 2015. Disponível em: <https://blogdoenem.
com.br/redacao_enem_nota_1000>. Acesso em: 27 mar. 2018.
JAMES, E. L. Cinquenta tons de cinza. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2012.
JAMES, E. L. Grey. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2015.
JORNAL VALOR ECONÔMICO. Notícia Espaçolaser. 2016. Disponível em: <https://
www.smzto.com.br/espacolaser/noticia/jornal-valor-economico-fala-do-sucesso-
-da-franquia-espacolaser.html>. Acesso em: 27 mar. 2018.
ORWELL, G. 1984. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
ROWLING, J. K. Harry Potter e a pedra filosofal. Rio de Janeiro: Rocco. 2000.
TWAIN, M. As aventuras de Huckleberry Finn. São Paulo: Martin Claret, 2013.
TWAIN, M. As aventuras de Tom Sawyer. São Paulo: Martin Claret, 2009.

Leitura recomendada
KOCH, I.; ELIAS, V. Ler e escrever: estratégias de produção textual. São Paulo: Contexto,
2009.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Dica do professor
Nesta Dica do Professor, você verá que os elementos como tempo, espaço, autor, personagens,
narrador e foco narrativo são essenciais para as narrativas. Além de observar, principalmente, a
diferença entre autor, personagem e narrador.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Exercícios

1) Qual alternativa apresenta um parágrafo que melhor exemplifica uma introdução de um


texto argumentativo?

A) Em suma, o uso excessivo de celulares por crianças pode gerar diversos problemas, como
problemas de visão, ansiedade excessiva, dependência tecnológica e vícios. A solução é
adotar uma postura de controle e monitorar o tempo de uso dos aparelhos.

B) Um exemplo de estratégia de leitura que colabora para uma pré-avaliação dos textos é o
scanning – técnica de passar o olho pelo texto, como um scanner, e recolher informações
pontuais e específicas. Essa estratégia deve ser utilizada pré-leitura, para que o leitor reúna
informações mais abrangentes e se torne ciente do assunto global do material.

C) Era um dia frio de inverno. A neve caia impetuosamente e impedia que as crianças fossem
para o pátio brincar, o que deixava Joel completamente impaciente e nervoso. Já andara por
toda a casa, já estava cansado de assistir televisão, queria poder correr na rua.

D) O uso excessivo de celulares por crianças em idade escolar é um problema, não só dos
professores e funcionários das escolas, mas também – e principalmente – dos pais. É sabido
que, atualmente, a maior parte das crianças tem um aparelho que leva para a escola. A
justificativa é que, ao permitir que os estudantes tenham celulares e o levem consigo para a
sala de aula, a família pode ter um contato direto em caso de emergência.

E) Cientistas prestes a revolucionar a Medicina: novo remédio que promete combater as células
cancerígenas antes do seu desenvolvimento está sendo desenvolvido.

2) Qual a diferença entre tempo cronológico e tempo psicológico em uma narrativa?

A) Tempo cronológico é externo e medido pelo passar do tempo, como em segundos, horas,
dias, meses, anos, etc. Já o tempo psicológico é o que ocorre por uma perspectiva interior,
sem seguir, necessariamente, uma linha cronológica.

B) Tempo psicológico é externo e medido pelo passar do tempo, como em segundos, horas, dias,
meses, anos, etc. Já o tempo cronológico é o que ocorre por uma perspectiva interior.

C) Tempo cronológico é externo e medido pelo passar do tempo, como em segundos, horas,
dias, meses, anos, etc. Já o tempo psicológico é aquele que só o narrador consegue expressar.
D) Tempo cronológico é quando uma narrativa apresenta uma história seguindo um tempo
normal, como o da vida real, sem que exista qualquer omissão de tempo, narrando tudo em
ordem restritamente sequencial. Já o tempo psicológico é o que ocorre por uma perspectiva
interior, sem seguir, necessariamente, uma linha cronológica.

E) Tempo cronológico é o único tempo presente em uma história, sendo o definidor de como e
quando os eventos acontecem. Tempo psicológico, que não é presente em todas as
narrativas, demonstra a vontade dos personagens a respeito do passar do tempo.

3) Qual a melhor definição para protagonista e para antagonista, respectivamente?

A) Protagonista é o herói ou personagem bom da história. Antagonista é o vilão ou o


personagem mau.

B) Protagonista é o personagem principal. Antagonista é um personagem figurante, com pouca


ou nenhuma ação na narrativa.

C) Protagonista é o personagem que narra a história. Antagonista é um personagem que


participa da história, sem narrar.

D) Protagonista é o personagem principal da narrativa, independente de ser herói ou vilão, bom


ou mau. Antagonista é o personagem que se opõe ao protagonista, independente de ser herói
ou vilão, bom ou mau.

E) Protagonista é o personagem secundário, que se opõe ao antagonista. Antagonista é o


personagem principal.

4) Qual alternativa apresenta um exemplo de narrador-personagem?

A) As meninas estavam sentadas do lado de fora da escola. Michele esperava por sua mãe, que
estava completamente atrasada.

Do seu lado, sua mochila estava aberta, somente com um pequeno espaço para passar o fone
de ouvido.

Fernanda estava impaciente, não conseguia parar de mover os pés.

B) Tamara e Felipe caminhavam de mãos dadas pelo parque. O vento soprava forte e
incomodava o casal. Seus passos se apressaram, não queriam pegar chuva.
C) Enquanto eu dirigia, o vento batia nos meus cabelos. Nunca senti uma sensação de liberdade
tão forte. Foi o melhor dia da minha vida. O sol estava brilhando, a estrada estava vazia, meu
tipo preferido de dia.

D) Caro leitor, não posso lhe contar agora todos os detalhes a respeito dessa fascinante história,
mas prometo que chegarei lá. Tudo começa no dia 13 de fevereiro de 1989, quando estava
pra nascer um menino que iria revolucionar o mundo.

E) As batidas do relógio estavam enlouquecendo dona Lola. Ela se virava de um lado para o
outro na cama, há horas sem conseguir pegar no sono.

No outro quarto, a televisão ainda estava ligada, mas Dirceu dormia profundamente no sofá.

5) Qual alternativa apresenta um exemplo de narrador-onisciente?

A) Dirceu dormiu com a televisão ligada. Isso é bastante rotineiro. Ele chega cansado do
trabalho, toma um banho, janta e vê televisão por alguns minutos.

Dona Lola, coitada, mal consegue dormir. Além de estar incrivelmente chateada pelas notícias
que recebeu naquela manhã, as batidas do relógio pareciam incrivelmente altas.

A noite estava bonita, mas isso não importava para nenhum deles.

Em direção a sua casa vinha alguém que mudaria sua vida para sempre. Segurava em suas
mãos um pequeno cesto, com algo que deixaria dona Lola acordada por várias noites.

B) Fiquei olhando para o movimento das pernas da minha irmã, Fernanda, e estava começando a
me irritar.

Nossa mãe tinha prometido nos buscar, mas estava atrasada, pra variar.

Tentei colocar os fones de ouvido e curtir a música, mas já estava sem paciência.
C) Foi meu último dia de trabalho. Finalmente, depois de anos dedicados àquela empresa, era a
última vez que eu fazia o percurso entre a minha cidade e a cidade onde ficava meu antigo
trabalho. Dessa vez eu dirigia sem pressa, aproveitando a paisagem, apenas curtindo o vento
no meu rosto.

D) Eu sabia que o bebê que carregava era especial desde o primeiro dia. E sabia também que o
dia havia chegado: meu tão esperado filho estava para nascer. Fui levada ao hospital às
pressas. Era o dia 13 de fevereiro de 1989, o dia que mudou a minha vida – e ouso dizer a do
mundo! – para sempre.

E) O tempo estava feio. Certo que iria chover. Felipe tentava apressar o passo, mas na verdade
eu não me importava muito. Sempre que eu segurava a mão dele, nada mais importava. Era
como se minha felicidade estivesse, literalmente, nas mãos dele.
Na prática
Eduarda é uma estudante do ensino médio que pretende cursar vestibular para Medicina.

Uma vez que o curso tem um ingresso bastante disputado, ela sabe que é preciso se destacar e
tentar obter resultados melhores que os dos concorrentes e que, para o caso da Medicina,
milésimos de pontos fazem a diferença. Por isso, a estudante sabe que a redação tem um papel
fundamental na sua classificação. Diversos candidatos gabaritam as provas objetivas e o que
diferencia um do outro é, na verdade, a produção textual.

Para isso, Eduarda se inscreveu em um curso preparatório para o vestibular, especificamente sobre
redação.

Como primeira tarefa, o professor pediu que a aluna escrevesse uma redação. Veja a seguir como
ela se saiu no desenvolvimento da atividade.
Aponte a câmera para o
código e acesse o link do
conteúdo ou clique no
código para acessar.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

A problemática do narrador
Neste artigo, veja como o autor Luís Miguel Cardoso aborda o tema.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Tempo cronológico X tempo psicológico: como usar na


narrativa?
Neste vídeo, você irá entender o que é tempo cronológico e tempo psicológico e como usá-los na
narrativa.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Elementos da narrativa
Nesta aula, você irá estudar sobre os elementos que compõem a estrutura do texto narrativo.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Você também pode gostar