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Apresentação
Seja bem-vindo!
É muito importante para qualquer ser humano saber escrever. No entanto, muitas pessoas estando
ou não em um ambiente profissional, consideram essa atividade muito difícil. Alguns alegam não
conhecer profundamente a Língua Portuguesa, outros não organizam as ideias de forma coerente.
Por isso, é fundamental saber como compor um texto, seja escrito em uma linguagem formal ou
informal.
Bons estudos.
Texto I:
Tinha Larissa, uma menina tímida que - se me permite dizer - precisa de uma sacudida pelos ombros
para ver se acorda para a vida, Renato, que embora fosse o mais popular, era muito fofoqueiro (eu
mesmo não confiaria nele) e Martina, garota bastante talentosa e íntegra.
Eles levantaram da mesa da lanchonete e foram em direção ao carro de Martina. O sol estava muito
forte, todos suavam visivelmente. As roupas de marca de Renato estavam tão encharcadas que
parecia que pertenciam a um morador de rua.
Martina, mesmo com sua camiseta velha e todo seu suor, irradiava uma confiança e um poder que
só ela conseguia.
Texto II:
Já era a terceira vez essa semana que Amanda e Bárbara discutiam. Já estavam juntas há mais de
quatro anos e ainda viviam feito cão e gato.
Bianca resolveu ficar longe, pois não gostava de se meter quando isso acontecia.
Já a Bárbara não gosta tanto assim Bianca. Às vezes, Amanda acha que é ciúme, embora ela já
tenha dito mil vezes que não tem nada a ver, que Bianca é totalmente apaixonada por Tomé.
Texto III:
Eu estava assustado. Era meu primeiro dia naquela nova escola.
Entrei, apressadamente, pelos corredores. Tentei manter a cabeça baixa em todo o tempo. Imaginei
que se evitasse qualquer contato visual, teria menos riscos de chamar atenção.
Depois de me perder pela escola gigante, cheguei atrasado para a minha primeira aula.
Assim que entrei, olhei para o fundo da sala com esperanças de encontrar um lugar por lá e meus
olhos foram direto para os dele: eram de um verde-esmeralda, profundos e misteriosos. Meu
coração disparou.
Texto IV:
O dia estava bastante chuvoso. Os garotos estavam todos na sala de estar da família Cortina. No
canto, uma pilha de livros abandonados, indicando que o motivo do encontro (fazer o trabalho de
ciências), tinha sido deixado de lado por outro motivo, que se podia enxergar bem na frente deles: o
videogame.
Antônio sabia que sua mãe lhe colocaria de castigo se soubesse que ele ignorou as tarefas mais
uma vez, mas dessa vez ele não se importava, ela não chegaria em casa até de noite. Ele tinha
tempo o suficiente para se divertir e depois fazer o que tinha que fazer.
Sofia, mãe de Antônio, estava apenas alguns quarteirões de distância. Sentiu dor de cabeça no
trabalho e resolveu ir para casa mais cedo. Pretendia chegar em casa, tomar um banho e não se
estressar pelo resto da noite. Mal sabia o que encontraria na sua sala.
Infográfico
No Infográfico a seguir, você irá conhecer os elementos principais de uma narrativa: apresentação,
complicação, clímax, desfecho, tempo, espaço, personagem, narrador e foco narrativo.
Aponte a câmera para o
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Conteúdo do livro
É importante destacar que todas as pessoas, atuantes ou não no mercado de trabalho, precisam
demonstrar sua capacidade de escrever bem, compondo um texto claro e coerente, que
contenha os principais elementos de composição textual.
No capítulo Composição textual, da obra Fundamentos da língua portuguesa, você irá aprender
sobre os componentes fundamentais de um texto argumentativo: a introdução, o desenvolvimento
e a conclusão. Além de ler sobre componentes essenciais de um texto narrativo: espaço, tempo,
personagens e narrador. Por fim, você irá observar os diferentes tipos de narrador e as distintas
perspectivas trazidas por cada um deles.
FUNDAMENTOS
DA LÍNGUA
PORTUGUESA
Asafe Cortina
Composição textual
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste capítulo, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Neste capítulo, você estudará sobre alguns elementos de composição
textual.
Primeiramente, você lerá sobre os componentes fundamentais de
um texto argumentativo-dissertativo, que também compõem outros
gêneros textuais, embora se manifestem de formas diferentes. São elas:
introdução, desenvolvimento e conclusão.
Em seguida, você observará os elementos fundamentais de um texto
narrativo que, além do tema (assunto sobre o qual o texto tratará), cola-
boram e constroem o cenário textual, sendo eles: tempo, personagens,
espaço e narrador.
Por fim, você conhecerá os diferentes tipos de narrador e saberá
como o foco da narrativa altera pelas limitações e conhecimentos de
cada um deles.
2 Composição textual
Embora não seja obrigatório que todos os itens estejam presentes em todos
os artigos científicos (algumas organizações especificam quais são esperados
e quais não são), alguns deles são fundamentais em todos, como o título, a
introdução e o resumo.
Com esses dois exemplos (do artigo jornalístico e do científico), podemos
concluir que diferentes gêneros textuais requerem diferentes constituintes.
Entre os gêneros textuais, a redação argumentativa (texto dissertativo
argumentativo) ocupa um papel importante nas funções comunicativas. Ela é
necessária na escola, para o vestibular, em concursos etc. Assim como qualquer
outro gênero, ela também requer determinados componentes e também exige
uma certa padronização em estrutura.
Ainda que alguns gêneros sejam mais flexíveis na estruturação e nos
componentes de seus textos (como listas de compras, diários etc.), a redação
argumentativa é um pouco mais rigorosa no que diz respeito aos seus elementos
e à sua estruturação.
Antes de mais nada, é preciso saber que redação argumentativa tem por
objetivo apresentar um determinado assunto, informações e argumentos para
conduzir a uma certa linha de raciocínio. Para isso, existe uma certa estrutura
canônica que é fundamental para a construção desse gênero de texto, como
veremos a seguir.
Introdução
A introdução, como o nome claramente sugere, tem o objetivo de introduzir
um assunto, ou seja, é preciso abrir a produção textual situando o leitor a
respeito do assunto que será abordado ao longo do texto.
Além de apresentar o tópico do texto, a introdução, geralmente, também
cumpre outras funções importantes: definir o tom do texto e expor (ainda que
brevemente) a posição do autor a respeito daquele assunto.
Ademais, a composição da introdução pode ser responsável pela continuação
ou desistência da leitura, uma vez que é ela que oferece o primeiro contato
do leitor com o texto.
Nesse gênero textual, a introdução costuma ser feita em apenas um pará-
grafo. Contudo, um grande número de gêneros textuais diferentes exige uma
introdução e, em cada um, a extensão pode variar; embora o objetivo seja
sempre o mesmo.
Observe, agora, dois exemplos de introdução.
Composição textual 5
Exemplo 1
Tema: A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira.
(Tema da redação do ENEM de 2015).
Introdução:
A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira
é um problema muito presente. Isso deve ser enfrentado, uma vez que,
diariamente, mulheres são vítimas dessa questão. Nesse sentido, dois
aspectos fazem-se relevantes: o legado histórico-cultural e o desrespeito
às leis.
Fonte: Furtado (2015, documento on-line).
Exemplo 2
Tema: A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira.
(Tema da redação do ENEM de 2015).
Introdução:
Um exemplo da persistência da violência contra a mulher na sociedade
brasileira é a quantidade de casos relatados por diversas delegacias a
respeito de abuso doméstico. Um estudo estatístico demonstrou que
três a cada cinco mulheres já sofreram algum tipo de violência em seus
relacionamentos, seja física, psicológica ou sexual, posicionando o Brasil
como um dos países com mais indícios de agressão contra a mulher.
Fonte: Furtado (2015, documento on-line).
Desenvolvimento
O desenvolvimento é considerado a parte mais importante de uma redação. É
por meio dele que as ideias são apresentadas, os argumentos são levantados e
o conteúdo do texto é desenvolvido. Novamente, diferentes tipos de gêneros
textuais requerem diferentes estruturas para o desenvolvimento.
Em uma redação argumentativa, o desenvolvimento geralmente é apresen-
tado em dois ou três parágrafos, de forma que cada um aborde um objetivo
diferente e que a relação entre eles seja estabelecida de forma coesiva e coerente.
É importante que o desenvolvimento esteja estruturado de modo a construir
uma linha de raciocínio lógica e linear e que permita ao leitor entender os
objetivos do autor do e aceitar (ou rejeitar) suas argumentações.
Embora pareça que o objetivo do desenvolvimento é convencer o leitor a
aceitar a posição do autor, isso não é uma obrigação. Uma redação argumen-
tativa tem por objetivo construir argumentos lógicos e coerentes para que o
leitor consiga entender, por meio do texto, o ponto de vista do autor, de forma
que seu pensamento se torne claro e ele possa compreender os motivos pelos
quais o autor se posiciona de um modo ou de outro. Aceitar ou rejeitar a opinião
dele é de responsabilidade do leitor; o importante é que ele tenha informações
suficientes no desenvolvimento para construir um raciocínio lógico que lhe
ajude a concordar ou discordar da linha de pensamento apresentada.
Composição textual 7
Conclusão
A principal função da conclusão de uma redação argumentativa é “fechar”
o texto. Existem diversas estratégias a respeito do conteúdo do parágrafo de
conclusão, de forma que diferentes abordagens podem ser adotadas.
No que diz respeito à estrutura, a conclusão desse gênero textual é apresen-
tada em um parágrafo. Em textos de outros gêneros, ela se estrutura de outra
maneira. Em artigos acadêmicos, por exemplo, essa parte do texto é geralmente
chamada de “considerações finais” e se estende por mais de um parágrafo.
A conclusão em uma redação argumentativa deve concluir uma linha
de pensamento, retomando (brevemente) a argumentação construída pelos
parágrafos de desenvolvimento e apresentando uma informação que proponha
uma solução para o tópico ou que complete o raciocínio.
Composição textual 9
Espaço
Espaço é onde a narrativa ocorre, podendo ser categorizado em: espaço físico,
espaço social (posição dos personagens em uma configuração social) ou espaço
psicológico (no interior dos personagens, reunindo vivências, memórias etc.)
O espaço é um item fundamental de uma narrativa, pois nos permite
construir o imaginário (personificar) e situar a posição dos personagens tanto
na esfera física quanto na social.
Os detalhes a seu respeito nos permitem inferir informações sobre os
personagens e suas ações, além de construírem um plano de fundo para que
o leitor possa “visualizar” onde a história acontece.
Além de tudo, o espaço pode refletir o psicológico e os sentimentos de um
personagem. Se, por exemplo, um personagem-narrador conta que estava em
um espaço frio, escuro e solitário, o leitor consegue inferir alguns sentimentos
do personagem em determinado ponto da história.
Observe esse parágrafo:
[...] era iluminado por milhares de velas que flutuavam no ar sobre quatro
mesas compridas, onde os demais estudantes já se encontravam sen-
tados. As mesas estavam postas com pratos e taças douradas. No outro
extremo do salão havia mais uma mesa comprida em que se sentavam
os professores. A Professora Minerva levou os alunos de primeiro ano até
ali, de modo que eles pararam enfileirados diante dos outros, tendo os
professores às suas costas. [...] As centenas de rostos que os contemplavam
pareciam lanternas fracas à luz trêmula das velas. Misturados aqui e ali aos
estudantes, os fantasmas brilhavam como prata envolta em névoa. [...]
Principalmente para evitar os olhares fixos neles, Harry olhou para cima e
viu um teto aveludado e negro salpicado de estrelas [...] (ROWLING, 2000).
Tempo
O tempo, em narrativas, pode ser entendido por meio de diferentes perspec-
tivas: poder ser a data em que a história se desenvolveu, o tempo que durou o
percurso dos fatos ou a evolução psicológica dos personagens.
É dividido em duas categorias: tempo cronológico e tempo psicológico.
Tempo cronológico
Tempo psicológico
Personagens
Personagens, como é evidente, diz respeito a “quem” ou a “que” a história
se elabora.
Devemos manter em mente que personagem não é, necessariamente, uma
figura humana. Pense sobre os seguintes filmes: Titanic, Toy Story, 101 Dál-
12 Composição textual
Narrador
O narrador é o elemento responsável por contar a história. De acordo com
sua posição e perspectiva, acessamos a história de diferentes modos. Por
ser um item fundamental e detalhado, trataremos dele, exclusivamente, na
próxima seção.
primeira pessoa, utilizando pronomes como “eu”, “meu” etc. O foco narrativo
está em terceira pessoa quando a história é contada por alguém que vivenciou
o enredo, por meio de pronomes como “ele”, “ela”, “elas” etc.
O foco narrativo é responsável por alguns efeitos no texto: o primeiro diz
respeito à credibilidade da história. Um foco narrativo em primeira pessoa
tende a apresentar fatos de forma mais verídica, uma vez que a história é
narrada por quem viveu, de fato, os acontecimentos da narrativa. Já um foco
narrativo em terceira pessoa, embora possa ter credibilidade, pode omitir
ou distorcer algumas informações, uma vez que os fatos são contados pela
perspectiva de outra pessoa.
Além disso, o foco narrativo também carrega o efeito de maior ou menor
detalhamento sobre os fatos e acontecimentos da história. Em primeira pessoa,
a perspectiva do narrador-personagem permite uma descrição com maiores
detalhes, enquanto em terceira pessoa o leitor recebe apenas um recorte da
narração por meio de um ponto de vista específico.
Por isso, é fundamental conhecer os diferentes tipos de narrador, que são:
narrador-personagem, narrador-observador e narrador-onisciente.
Narrador-personagem
É o tipo de narrador que também participa da história, de forma que ele é
narrador e personagem ao mesmo tempo. A história é contada através de sua
perspectiva e seus conhecimentos sobre os demais personagens e o desenca-
dear dos fatos é limitado; ou seja, o narrador conhece os detalhes da história
à medida que ela ocorre.
O narrador-personagem pode assumir qualquer papel na história: protago-
nista, antagonista, testemunha etc. Quando existe um narrador-personagem, é
possível apresentar a mesma história de formas bastantes distintas, porque cada
personagem vivencia o enredo de maneira diferente e apresenta a narrativa
de acordo com a sua perspectiva.
Um exemplo bastante atual é o livro que se tornou best-seller na maior parte
do mundo, da autora E.L James: Cinquenta tons de cinza. Na saga original,
podemos ver Anastácia, a narradora-personagem, contar, de sua perspectiva,
a história de como se apaixonou por um homem peculiar e tudo que aconteceu
a partir então. Sua narração tem limitações, porque ela só consegue relatar
o que vivencia.
14 Composição textual
Alguns anos depois, a autora do livro lançou a mesma história sobre uma
perspectiva diferente: dessa vez, o narrador-personagem era o homem por
quem Anastácia se apaixonou: Christian Grey.
Por meio de sua narração, vemos detalhes e fatos que antes nos eram des-
conhecidos, porque também eram desconhecidos pela narradora-personagem
do primeiro livro.
Veja exemplos de narradores-personagens nos livros mencionados acima e
como as duas perspectivas diferentes adicionam detalhes distintos à história:
Exemplo 1
Empurro a porta, tropeço nos meus próprios pés e caio estatelada no
escritório.
Merda: eu e meus dois pés esquerdos! Caio de quatro no vão da
porta da sala do Sr. Grey, e mãos delicadas me envolvem, ajudando-me
a me levantar.
Que vergonha, que droga de falta de jeito! Tenho que me armar de
coragem para erguer os olhos. Caramba... ele é muito jovem.
— Srta. Kavanagh. — Ele me estende uma mão de dedos longos
quando já estou em pé. — Sou Christian Grey. A senhorita está bem?
Gostaria de se sentar?
Muito jovem. E atraente, muito atraente. É alto, está vestido com um
belo terno cinza, camisa branca, e gravata preta, tem o cabelo revolto
acobreado, e olhos cinzentos vivos que me olham com astúcia. Custo
um pouco a conseguir falar.
— Hum. Na verdade... — murmuro.
Se esse cara tiver mais de trinta anos, eu sou mico de circo. Aturdida,
coloco minha mão na dele e nos cumprimentamos. Quando nossos
dedos se tocam, sinto um arrepio excitante me percorrer. Retiro a mão
apressadamente, envergonhada. Deve ser eletricidade estática. Pisco
depressa, pestanejando no ritmo da minha pulsação.
— A Srta. Kavanagh está indisposta, e me mandou no lugar dela.
Espero que não se importe, Sr. Grey (JAMES, 2012).
Exemplo 2
Um tumulto na porta traz a meus pés um turbilhão de longos cabelos
castanhos, membros pálidos e botas marrons mergulhando de cabeça
em meu escritório. Reprimindo meu aborrecimento natural a tal falta de
jeito, eu me apresso até a garota que aterrou com suas mãos e joelhos
no chão. Segurando ombros magros, ajudo-a a ficar de pé. Olhos claros
Composição textual 15
Os textos acima nos mostram a mesma situação por meio de duas pers-
pectivas diferentes, porque temos dois narradores-personagens diferentes.
Desse modo, podemos ver detalhes que em uma perspectiva ou outra nos
eram desconhecidos.
No desenrolar da história, descobrimos que Anastácia se apaixona por
Christian, mas imagina que ele seja “muito” para ela e que ele jamais se
apaixonaria por alguém do seu perfil. É preciso alguns capítulos para que o
leitor descubra que Christian também está atraído por Anastácia.
Contudo, quando lemos a mesma situação em duas perspectivas paralelas,
podemos notar que Christian se atrai por Anastácia desde o primeiro momento.
Logo, o narrador-personagem tem limitações a respeito dos detalhes da
história e conta ao leitor somente aquilo que sua perspectiva lhe permite
observar.
16 Composição textual
Narrador-observador
É o tipo de narrador que conta a história para o leitor por meio da perspectiva
de alguém que apenas observa o que acontece. Esse tipo de narração acontece
em terceira pessoa. O narrador presencia a história e, por isso, apresenta
limitações temporais e espaciais, uma vez que a narrativa ocorre de apenas
um ângulo e por meio de sua interpretação. Basicamente, é como se você visse
um determinado acontecimento e contasse para alguém o que sabe.
Imagine a seguinte cena: você observa, pela janela, dois vizinhos discu-
tindo e gritando um com outro. Algum tempo depois, você conta para um
amigo o que viu, dizendo que os vizinhos estavam se atacando de uma forma
muito agressiva. Você, nesse caso, é um narrador-observador que relatou o
acontecimento através da sua perspectiva, de acordo com as suas limitações
de tempo e espaço.
Contudo, no outro dia, a vizinha que você viu brigando com o marido
conversa com você e diz: “Espero não ter te assustado. Meu marido e eu vamos
participar de uma peça de teatro e passamos o dia inteiro ontem ensaiando.
Na peça, somos um casal que tem vários conflitos”.
Logo, a história que você contou para a sua amiga a respeito de um casal
brigando tem uma perspectiva muito diferente da realidade. Se ela tivesse
sido contada por outro tipo de narrador, como o narrador-personagem (ou
seja, pela esposa, por exemplo, o enredo seria outro.
Dessa forma, conseguimos entender que o foco narrativo de um narrador-
-observador é mais limitado do que o de um narrador personagem, porque
além de apenas observar um recorte temporal e espacial, ele não tem acesso
aos sentimentos e às percepções dos protagonistas e antagonistas.
Observe o exemplo abaixo:
A velhota puxou os óculos para baixo e, por cima deles, olhou o quarto
em volta; tornou a puxá-los para cima e olhou através deles. Raras vezes
ou nunca procurava de óculos uma coisa tão pequena como um rapaz,
mas este par era o de luxo, o seu orgulho; eram só para vista e não para
serviço, pois via tão bem por eles como através das portas do fogão.
Durante um momento pareceu indecisa e, por fim, disse, não muito de
rijo, mas em voz suficientemente alta para os móveis a ouvirem:
— Garanto que, se te apanho, te...
Não acabou, porque nesta ocasião estava curvada a dar vassouradas
embaixo da cama e, se continuasse a falar, faltava-lhe o ar. Só conseguiu
fazer sair de lá o gato.
Composição textual 17
O leitor não me conhece, a não ser que haja lido as Aventuras de Tom Sa-
wyer, escritas por um tal Mark Twain. Tudo quanto esse livro diz é verdade,
com um pouquinho de exagero, apenas. Ainda não conheci ninguém
que não mentisse lá uma vez ou outra — exceto Tia Polly (tia de Tom,
não minha), Mary e a viúva Douglas, todas três personagens daquele livro.
Quem leu tais aventuras estará lembrado do modo pelo qual Tom e
eu descobrimos o dinheiro escondido na caverna dos ladrões. Isso nos
fez ricos dum momento para outro. Seis mil dólares para cada um, e em
ouro! O juiz Thatcher tomou conta dessa pequena fortuna para pô-la a
render e cada um de nós passou a usufruir um dólar por dia. Era dinheiro
a rodo (TWAIN, 2013).
Narrador-onisciente
É o tipo de narrador que sabe todos os detalhes sobre os personagens, sobre a
história, sobre tudo. Ele conta a história e os detalhes por meio de um ponto
de vista que tudo vê, como na posição de um deus.
18 Composição textual
ASSIS, M. A missa do galo. In: ASSIS, M. Contos Consagrados. São Paulo: Ediouro, 1996.
ASSIS, M. Quincas Borba. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
FURTADO, C. I. P. Redação Enem nota 1000. 2015. Disponível em: <https://blogdoenem.
com.br/redacao_enem_nota_1000>. Acesso em: 27 mar. 2018.
JAMES, E. L. Cinquenta tons de cinza. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2012.
JAMES, E. L. Grey. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2015.
JORNAL VALOR ECONÔMICO. Notícia Espaçolaser. 2016. Disponível em: <https://
www.smzto.com.br/espacolaser/noticia/jornal-valor-economico-fala-do-sucesso-
-da-franquia-espacolaser.html>. Acesso em: 27 mar. 2018.
ORWELL, G. 1984. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
ROWLING, J. K. Harry Potter e a pedra filosofal. Rio de Janeiro: Rocco. 2000.
TWAIN, M. As aventuras de Huckleberry Finn. São Paulo: Martin Claret, 2013.
TWAIN, M. As aventuras de Tom Sawyer. São Paulo: Martin Claret, 2009.
Leitura recomendada
KOCH, I.; ELIAS, V. Ler e escrever: estratégias de produção textual. São Paulo: Contexto,
2009.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Dica do professor
Nesta Dica do Professor, você verá que os elementos como tempo, espaço, autor, personagens,
narrador e foco narrativo são essenciais para as narrativas. Além de observar, principalmente, a
diferença entre autor, personagem e narrador.
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Exercícios
A) Em suma, o uso excessivo de celulares por crianças pode gerar diversos problemas, como
problemas de visão, ansiedade excessiva, dependência tecnológica e vícios. A solução é
adotar uma postura de controle e monitorar o tempo de uso dos aparelhos.
B) Um exemplo de estratégia de leitura que colabora para uma pré-avaliação dos textos é o
scanning – técnica de passar o olho pelo texto, como um scanner, e recolher informações
pontuais e específicas. Essa estratégia deve ser utilizada pré-leitura, para que o leitor reúna
informações mais abrangentes e se torne ciente do assunto global do material.
C) Era um dia frio de inverno. A neve caia impetuosamente e impedia que as crianças fossem
para o pátio brincar, o que deixava Joel completamente impaciente e nervoso. Já andara por
toda a casa, já estava cansado de assistir televisão, queria poder correr na rua.
D) O uso excessivo de celulares por crianças em idade escolar é um problema, não só dos
professores e funcionários das escolas, mas também – e principalmente – dos pais. É sabido
que, atualmente, a maior parte das crianças tem um aparelho que leva para a escola. A
justificativa é que, ao permitir que os estudantes tenham celulares e o levem consigo para a
sala de aula, a família pode ter um contato direto em caso de emergência.
E) Cientistas prestes a revolucionar a Medicina: novo remédio que promete combater as células
cancerígenas antes do seu desenvolvimento está sendo desenvolvido.
A) Tempo cronológico é externo e medido pelo passar do tempo, como em segundos, horas,
dias, meses, anos, etc. Já o tempo psicológico é o que ocorre por uma perspectiva interior,
sem seguir, necessariamente, uma linha cronológica.
B) Tempo psicológico é externo e medido pelo passar do tempo, como em segundos, horas, dias,
meses, anos, etc. Já o tempo cronológico é o que ocorre por uma perspectiva interior.
C) Tempo cronológico é externo e medido pelo passar do tempo, como em segundos, horas,
dias, meses, anos, etc. Já o tempo psicológico é aquele que só o narrador consegue expressar.
D) Tempo cronológico é quando uma narrativa apresenta uma história seguindo um tempo
normal, como o da vida real, sem que exista qualquer omissão de tempo, narrando tudo em
ordem restritamente sequencial. Já o tempo psicológico é o que ocorre por uma perspectiva
interior, sem seguir, necessariamente, uma linha cronológica.
E) Tempo cronológico é o único tempo presente em uma história, sendo o definidor de como e
quando os eventos acontecem. Tempo psicológico, que não é presente em todas as
narrativas, demonstra a vontade dos personagens a respeito do passar do tempo.
A) As meninas estavam sentadas do lado de fora da escola. Michele esperava por sua mãe, que
estava completamente atrasada.
Do seu lado, sua mochila estava aberta, somente com um pequeno espaço para passar o fone
de ouvido.
B) Tamara e Felipe caminhavam de mãos dadas pelo parque. O vento soprava forte e
incomodava o casal. Seus passos se apressaram, não queriam pegar chuva.
C) Enquanto eu dirigia, o vento batia nos meus cabelos. Nunca senti uma sensação de liberdade
tão forte. Foi o melhor dia da minha vida. O sol estava brilhando, a estrada estava vazia, meu
tipo preferido de dia.
D) Caro leitor, não posso lhe contar agora todos os detalhes a respeito dessa fascinante história,
mas prometo que chegarei lá. Tudo começa no dia 13 de fevereiro de 1989, quando estava
pra nascer um menino que iria revolucionar o mundo.
E) As batidas do relógio estavam enlouquecendo dona Lola. Ela se virava de um lado para o
outro na cama, há horas sem conseguir pegar no sono.
No outro quarto, a televisão ainda estava ligada, mas Dirceu dormia profundamente no sofá.
A) Dirceu dormiu com a televisão ligada. Isso é bastante rotineiro. Ele chega cansado do
trabalho, toma um banho, janta e vê televisão por alguns minutos.
Dona Lola, coitada, mal consegue dormir. Além de estar incrivelmente chateada pelas notícias
que recebeu naquela manhã, as batidas do relógio pareciam incrivelmente altas.
A noite estava bonita, mas isso não importava para nenhum deles.
Em direção a sua casa vinha alguém que mudaria sua vida para sempre. Segurava em suas
mãos um pequeno cesto, com algo que deixaria dona Lola acordada por várias noites.
B) Fiquei olhando para o movimento das pernas da minha irmã, Fernanda, e estava começando a
me irritar.
Nossa mãe tinha prometido nos buscar, mas estava atrasada, pra variar.
Tentei colocar os fones de ouvido e curtir a música, mas já estava sem paciência.
C) Foi meu último dia de trabalho. Finalmente, depois de anos dedicados àquela empresa, era a
última vez que eu fazia o percurso entre a minha cidade e a cidade onde ficava meu antigo
trabalho. Dessa vez eu dirigia sem pressa, aproveitando a paisagem, apenas curtindo o vento
no meu rosto.
D) Eu sabia que o bebê que carregava era especial desde o primeiro dia. E sabia também que o
dia havia chegado: meu tão esperado filho estava para nascer. Fui levada ao hospital às
pressas. Era o dia 13 de fevereiro de 1989, o dia que mudou a minha vida – e ouso dizer a do
mundo! – para sempre.
E) O tempo estava feio. Certo que iria chover. Felipe tentava apressar o passo, mas na verdade
eu não me importava muito. Sempre que eu segurava a mão dele, nada mais importava. Era
como se minha felicidade estivesse, literalmente, nas mãos dele.
Na prática
Eduarda é uma estudante do ensino médio que pretende cursar vestibular para Medicina.
Uma vez que o curso tem um ingresso bastante disputado, ela sabe que é preciso se destacar e
tentar obter resultados melhores que os dos concorrentes e que, para o caso da Medicina,
milésimos de pontos fazem a diferença. Por isso, a estudante sabe que a redação tem um papel
fundamental na sua classificação. Diversos candidatos gabaritam as provas objetivas e o que
diferencia um do outro é, na verdade, a produção textual.
Para isso, Eduarda se inscreveu em um curso preparatório para o vestibular, especificamente sobre
redação.
Como primeira tarefa, o professor pediu que a aluna escrevesse uma redação. Veja a seguir como
ela se saiu no desenvolvimento da atividade.
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Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
A problemática do narrador
Neste artigo, veja como o autor Luís Miguel Cardoso aborda o tema.
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Elementos da narrativa
Nesta aula, você irá estudar sobre os elementos que compõem a estrutura do texto narrativo.
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