Você está na página 1de 26

- Trabalho

De
Literatura -
(Assunto: Classicismo)

Ipu- CE
2020
● O que o classicismo?

Doutrina ou tendência (estética, literária, artística, ,teatral,


filosófica etc.) que se funda no respeito da tradição
clássica e tem como principais características os ideais
da Antiguidade greco-latina e, ainda, a noção das
proporções, o gosto das composições, equilibradas, a
busca da harmonia das formas e a idealização da
realidade.

1
● Classicismo como escola literária :

Entre os anos de 1450 e 1600 surgiu na Europa um


movimento chamado classicismo (também conhecido
como Renascimento), que tinha como base a valorização
da antiguidade clássica (greco-romana). Daí advém o
nome classicismo.

O Classicismo possibilitou o exercício da poesia, da


historiografia, da literatura, de viagem, da novelística, da
prosa doutrinária e do teatro classicismo.

Em Portugal, o classicismo iniciou-se em 1527 ano em


que Sá de Miranda retornou da Itália (país onde o
movimento se iniciou), e divulgou as ideias renascentistas.
E teve seu fim aproximadamente em 1580, ano da
morte de Luiz Vaz de Camões, e época em que
Portugal caiu sobre o domínio espanhol.

➢ Características do Classicismo:

➔ Busca pelo equilíbrio, pela proporção, pela


objetividade e pela transparência.
➔ Obra mimética como reflexão de uma natureza que
segue leis universais, ou seja, a obra como
concerto harmônico.
➔ Contenção da subjetividade, dos ímpetos da
interioridade: o que vale é a obra, não o que sente

2
ou pensa o autor. O autor deve desaparecer
perante a obra.
➔ Rigor formal: cada forma utilizada no texto clássico
deve seguir um conjunto de regras próprio.
➔ Separação das artes: os gêneros textuais não se
misturam. A poesia lírica tem seu próprio método e
características que não devem ser confundidos
com aqueles da poesia épica, ou da dramaturgia,
por exemplo.
➔ Noção do ideal de beleza grego, também norteado
pela proporção e pelo equilíbrio das formas.
➔ Neoplatonismo.
➔ Temas da mitologia greco-romana.
➔ Valorização da racionalidade em oposição à
sentimentalidade e do universal em detrimento do
particular.
➔ Antropocentrismo, a centralidade da existência
humana em relação ao Universo e àquilo que o
compõe.
➔ Obra como veiculadora de verdades e
ensinamentos que permitam aperfeiçoar a alma
humana.

➔ Adoção de formas textuais da Antiguidade


Clássica, predominantemente a dramaturgia e os
gêneros da tragédia e da comédia, e a poesia, nos
gêneros lírico e épico.

3
➢Contexto histórico:

O período da Idade Média durou cerca de 10 séculos


na Europa (século V – século XV). Durante esse longo
período de tempo, o desenvolvimento científico e
cultural dependia do aval ou do aceite da Igreja
Católica, que exercia influência política e
socioeconômica em toda a Europa.

Enquanto a riqueza na Idade Média estava relacionada


à posse da terra e à tradição, as trocas comerciais que
se estabeleceram com o mercantilismo tornaram o
dinheiro a grande fonte de poder. O intercâmbio com
civilizações da Ásia e da África, sobretudo com povos

4
de origem árabe, abriu para os europeus novos
horizontes, como o desenvolvimento da matemática e
os instrumentos de navegação, como o astrolábio.

Os espaços geográficos abriam-se, com a descoberta


de novas rotas pelo mar, levando até a chegada aos
territórios do grande continente americano: eram as
Grandes Navegações.

Escultura romana de Menelau, trazendo a proporção e o ideal de


beleza grego.
Tudo isso foi possível graças ao Renascimento,
movimento científico e cultural que tomou conta da
Europa no século XV. Esquivando-se da censura
ideológica da Igreja, pensadores e cientistas elaboraram
novas teorias e invenções: Nicolau Copérnico propõe
o modelo heliocêntrico do Universo, Galileu Galilei

5
descobre as leis que regem a queda dos corpos,
Johann Gutenberg inventa os tipos móveis para
imprimir os livros, tarefa antes delegada aos monges
copistas.

O horizonte cultural do Renascimento era a


Antiguidade Clássica. A Grécia Antiga é considerada o
berço do pensamento ocidental (tendo influenciado
diretamente a cultura dos romanos), por isso o retorno às
formas clássicas foi o propósito estético dos
renascentistas. O Classicismo tem sua gênese na Itália,
ao final do século XIII, com o surgimento do
pensamento humanista.

➢Principais Autores Desse Período:

6
O maior autor português deste período é Camões,
destacando-se ainda Sá de Miranda, Antônio Ferreira
(teatro), Diogo Bernardes e Cristóvão Falcão (poesia),
João de Barros e Damião de Góis (historiografia)
Fernão Mendes Pinto (literatura de viagens) Bernardim
Ribeiro, Francisco de Morais e Gonçalo Fernandes
Truncoso (novela); Frei Amador Arrais e Samuel
Usque (prosa doutrinária).

➔ Luís Vaz De Camões:

Nascido provavelmente Lisboa, em 1524 (não se sabe ao


certo), morreu em 1580. Estudou em Coimbra, travando
contato com escritores de Antiguidade Clássica. De
família fidalga, frequentou a Corte até 1549, quando
partiu para Ceuta, para servir como soldado.

Perdeu uma vista numa das batalhas de que participou.


Em seu regresso à Lisboa, em 1552, feriu um servidor
do Paço, Gonçalo Borges, sendo preso por isso. Foi
libertado mediante a promessa de servir como militar no
Oriente. Partindo para a Índia, em 1553, tornou-se "o
provedor dos defuntos e ausentes". Numa viagem a
Goa, naufragou na foz do rio Mecon, onde, diz a lenda,
salvou os manuscritos de Os Lusíadas, deixando
morrer sua companheira Dinamene. Viveu ainda em
Málaga e nas ilhas da Malásia.

7
Voltando para Lisboa em 1569, publicou Os
Lusíadas,em 1572. Empobrecido, morreu na miséria.
Escreveu poesia lírica, épica e clássica (da qual Os
Lusíadas é o exemplo mais famoso), além do teatro (popular e
clássico).

Soneto:
" Tanto de meu estado me acho incerto".
- Luís Vaz De Camões -

" Tanto de meu estado me acho incerto,


Que em vivo ardor tremendo estou de frio;
Sem causa, justamente choro e rio,
O mundo todo abarco e nada aperto.

É tudo quanto sinto, um desconcerto;


Da alma um fogo me sai, da vista um rio;
Agora espero, agora desconfio,

8
Agora desvario, agora acerto.

Estando em terra, chego ao Céu voando;


Numa hora acho mil anos, e é jeito
Que em mil anos não posso achar uma hora.

Se me pergunta alguém por que assim ando,


Respondo que não sei; porém suspeito
Que só porque vos vi, minha Senhora."

➔ Sá De Miranda:

Francisco Sá de Miranda, nasceu em 1481 e faleceu


em 1558. Poeta português, famoso por introduzir o
soneto e o Dolce Stil Nuovo ( locução italiana que significa
"o doce estilo novo". Expressão de Dante que designa a escola
poética de que foi o melhor representante, e que se caracteriza por
uma concepção espiritualista do amor.)
na língua
portuguesa, também foi o responsável pela introdução
do Classicismo em Portugal.

Escreveu poesia clássica, teatro e "trovas" à


maneira antiga.

É tido como o escritor mais lido durante o esse período


(depois de Camões).

9
Sonetos:
" O sol é grande, caem co'a calma as aves".
- Sá de Miranda -

" O sol é grande, caem co'a calma as aves,


do tempo em tal sazão, que sói ser fria;
esta água que d'alto cai acordar-m'-ia
do sono não, mas de cuidados graves.

ó cousas, todas vãs todas mudaves,


qual é tal coração qu'em vós confia?
Passam os tempos vai dia trás dia,
incertos muito mais que ao vento as naves.

10
Eu vira já aqui sombras, vira flores,
vi tantas águas, vi tanta verdura,
as aves todas cantavam d'amores.

Tudo é seco e mudo; e, de mestura,


também mudando-m'eu fiz doutras cores:
e tudo o mais renova, isto é sem cura!"

➔ António Ferreira:

Filho de Martim Ferreira (escrivão de Fazenda de dom


Jorge de Lencastre, duque de Coimbra) e de Mexia
Fróis Varela. Antonio Ferreira, nasceu em Lisboa, 1528
e faleceu em 29 de novembro de 1569, aos 41 anos.
Humanista e escritor português, conhecido como ―o
Horácio português‖. É considerado um dos maiores
poetas do classicismo renascentista de língua
portuguesa.

Frequentou o curso de Humanidades e Leis na


Universidade de Coimbra (durante o período áureo do
Humanismo Bordalês, em que pontificaram nomes
como os Gouveia (André, Marcial, Diogo Júlio), Diogo
de Teive, João da Costa, António Mendes, Jorge
Buchanan, Arnaldo Fabrício, Guilherme de Guérente,
Nicolau Grouchy e Elias Vinet.), onde se doutorou em
Cânones. Foi temporariamente professor na mesma
Universidade.

11
Em 1567, foi nomeado desembargador do Tribunal da
Relação de Lisboa.

A sua obra mais conhecida é uma tragédia, "A Castro"


ou "Tragédia de Inês de Castro", de inspiração clássica
em cinco actos, na qual aparece um coro grego, tendo
sido escrita em verso polimétrico. O tema, os amores do
príncipe dom Pedro de Portugal pela nobre Inês de
Castro e o assassinato desta em 1355 por razão de
estado, por ordem do pai do príncipe, o rei Afonso IV de
Portugal, será, depois, um dos mais tratados pelos
dramaturgos europeus. Esta tragédia só foi impressa
em 1587. E também foi, autor de "História de Santa
Comba dos Vales", primeiro registo da lenda de Santa
Comba dos Vales.

Muita da sua obra está incluída na coleção "Poemas


Lusitanos", espécie de colectânea de "obra completa".

Faleceu em Lisboa, vítima de peste, deixando dois


filhos.

12
Poema:
"Livro, se Luz Desejas".
- António Ferreira -

Livro, se luz desejas, mal te enganas.


Quanto melhor será dentro em teu muro
Quieto, e humilde estar, inda que escuro,
Onde ninguém t'impece, a ninguém danas!

Sujeitas sempre ao tempo obras humanas


Coa novidade aprazem; logo em duro
Ódio e desprezo ficam: ama o seguro
Silêncio, fuge o povo, e mãos profanas.

Ah! não te posso ter! deixa ir comprindo


Primeiro tua idade; quem te move

13
Te defenda do tempo, e de seus danos.

Dirás que a pesar meu fostes fugindo,


Reinando Sebastião, Rei de quatro anos:
Ano cinquenta e sete: eu vinte e nove.

➢Principais Obras do Classicismo:

➔ Os Lusíadas, de Luís de Camões.

➔ Cantiga sua à Senhora Maria Coresma, de


Bernardim Ribeiro.

➔ Redondilhas, de Luís de Camões.

➔ Écloga de Jano e Franco, de Bernardim Ribeiro.

➔ Sonetos, de Luís de Camões.

➔ Hontem Pos-se a Sol, de Bernardim Ribeiro.

➔ Os Estrangeiros, de Sá de Miranda.

➔ A Menina e a Moça, de Bernardim Ribeiro.

➔ A Divina Comédia, de Dante Alighieri.

➔ Ensaios, de Michel de Montaigne.

➔ Decamerão, de Giovanni Bocaccio.

➔ A Utopia, de Thomas Morus.

➔ O Príncipe, de Nicolau Maquiavel.

14
➔ Hamlet, de William Shakespeare

➔ Elogio à loucura, de Erasmo de Roterdã

➔O Cancioneiro, de Francesco Petrarca

★Os Lusíadas:

Camões ficou muito conhecido por seu trabalho como


sonetista, mas sua grande obra foi Os Lusíadas, poema
épico de cunho nacionalista que exalta o período das
Grandes Navegações portuguesas. Inspirado em
Virgílio e Homero pela forma e pelo tema, Camões
utiliza-se também da mitologia greco-romana para tecer
a epopeia: Baco teria se voltado contra os portugueses,
por ser dono dos territórios indianos, e Vênus, por
gostar do povo lusitano, estaria a seu favor.

Assim, a viagem real de Vasco da Gama mistura-se a


essa narrativa mitológica. Escritos em 10 cantos com
oito estrofes cada um, Os Lusíadas é obra de
linguagem culta e elevada, conforme a característica da
poesia épica, e canta heroicamente os reis e os fidalgos
portugueses a partir da conquista dos novos territórios,
adicionando também outros episódios gloriosos da
história de Portugal.

15
★A Divina Comédia:

A Divina Comédia (em italiano: Divina Commedia,


originalmente Comedìa e, mais tarde, denominada Divina Comédia
por Giovanni Boccaccio)é um poema de viés épico e
teológico da literatura italiana e mundial, escrito por
Dante Alighieri no século XIV e dividido em três partes:
o Inferno, o Purgatório e o Paraíso.
Guiado pelo poeta romano Virgílio e em busca de sua
amada Beatriz, Dante viaja entre eles.

16
☆Inferno:

O Inferno é a primeira parte da "Divina Comédia" de Dante


Alighieri. Para ele, o inferno é dividido em nove círculos que se
constroem dentro da Terra. Até mesmo o clero (papa) pode ser
vistos pagando pelos seus pecados.
O livro é dividido em trinta e quatro cantos (uma divisão de longas
poesias), possuindo um canto a mais que as outras duas partes,
que serve de introdução ao poema. E foi escrito no início do século
XIV.

17
Os mais variados pintores de todos os tempos criaram ilustrações
sobre esta obra, se destacando Sandro Botticelli, Gustave Doré e
Salvador Dalí.

☆Purgatório:

O Purgatório é a segunda parte da Divina Comédia de Dante


Alighieri. Está dividido em trinta e três cantos.
É a criação mais original de Dante, pois ao contrário do Inferno e
do Paraíso, conceções imaginadas por diversas religiões, o
Purgatório, na época em que A Divina Comédia foi escrita, era um
novo dogma da Igreja Católica.

18
Segundo Dante, o Purgatório é um espaço intermediário, que se
encontra na porção austral do planeta, onde existe uma única ilha
com uma grande montanha no centro, que sobe até alcançar os
céus: o Monte Purgatório. O Purgatório seria uma montanha
composta por círculos ascendentes (as cornijas), reservados
àqueles que se arrependeram em vida de seus pecados e estão
em processo de expiação dos mesmos. No Purgatório as almas
assistem às punições das outras almas que por pecarem mais
"intensamente" foram para o Inferno. Antes das Sete Cornijas onde
as almas expiam seus pecados, está o Ante-Purgatório, onde ficam
as almas que se arrependeram no último instante. O Ante-
Purgatório é dividido em três degraus.

O Purgatório, geograficamente, se divide em 6 partes:

1. O Rio Tibre, onde um anjo em uma barca leva as almas até o


Purgatório.

2. O Ante-Purgatório, onde estão as almas dos que se


arrependeram no último instante.

3. O Baixo Purgatório, onde estão as almas daqueles que


perverteram o amor.

4. O Médio Purgatório, onde estão as almas daqueles que não


conseguiram amar.

5. O Alto Purgatório, onde ficam aqueles que amaram em excesso.

6. O Paraíso Terrestre, ou o Jardim do Éden.

Ao contrário do Inferno, onde os pecados que aparecem no início


são os mais leves e quanto mais se desce, mais graves eles ficam,

19
no Purgatório, os piores pecados aparecem no Baixo Purgatório e
os menores, no Alto.

☆Paraíso:

O Paraíso (italiano para "Paraíso" ou "Céu") é a terceira e última parte


da Divina Comédia de Dante. É uma alegoria, dizendo da visão de
Dante do céu, guiado por Beatriz, amor platônico de Dante. No
poema, o Paraíso é retratado como um conjunto de esferas
concêntricas que cercam a terra, que consiste na Lua, Mercúrio,
Vênus, Sol, Marte, Júpiter, Saturno, as estrelas fixas, o "Primum
Mobile" e, finalmente, o Empírico. Foi escrito no início do século
XIV.

Enquanto as estruturas do Inferno e do Purgatório foram baseadas


em diferentes classificações de pecado, a estrutura da Paraíso é
baseada nas quatro virtudes cardinais e nas três virtudes teologais.

20
★Hamlet:

As obras de Shakespeare eram dramatúrgicas em sua


imensa maioria. Crítico das ambições políticas e
questionador dos costumes sociais ingleses, ele
utilizava de histórias reais e mitos como alegoria para
suas reflexões e costumes. The Tragedie of Hamlet,
Prince of Denmarke[1] (A tragédia de Hamlet, príncipe da
Dinamarca), não era exexceção. Geralmente abreviada
apenas como Hamlet, está é uma tragédia de William
Shakespeare, escrita entre 1599 e 1601. A peça,
situada na Dinamarca, reconta a história de como o
Príncipe Hamlet tenta vingar a morte de seu pai,

21
Hamlet, o rei, executado por Cláudio, seu irmão, que o
envenenou e em seguida tomou o trono casando-se
com a rainha. A peça traça um mapa do curso de vida
na loucura real e na loucura fingida — do sofrimento
opressivo à raiva fervorosa — e explora temas como a
traição, vingança, incesto, corrupção e moralidade.

Apesar da enorme investigação que se faz acerca do


texto, o ano exato em que Shakespeare o escreveu
permanece em debate. Três primeiras versões da peça
sobreviveram aos nossos dias: essas são conhecidas
como o Primeiro Quarto (Q1), o Segundo Quarto (Q2) e
o First Folio (F1). Cada uma dessas possui linhas ou
mesmo cenas que estão ausentes nas outras. Acredita-
se que Shakespeare escreveu Hamlet baseado na
lenda de Amleto, preservada no século XIII pelo cronista
Saxão Gramático em seu Feitos dos Danos e, mais
tarde, retomada por François de Belleforest no século
XVI, e numa suposta peça do teatro isabelino conhecida
hoje como Ur-Hamlet.

Dada a estrutura dramática e a profundidade de


caracterização, Hamlet pode ser analisada, interpretada
e debatida por diversas perspectivas. Por exemplo, os
estudiosos têm-se intrigado ao longo dos séculos sobre
a hesitação de Hamlet em matar seu tio. Alguns
encaram o ato como uma técnica de prolongar a ação
do enredo, mas outros o vêem como o resultado da
pressão exercida pelas complexas questões éticas e

22
filosóficas que cercam o assassinato a sangue-frio,
resultado de uma vingança calculada e de um desejo
frustrado. Mais recentemente, críticos psicanalíticos têm
examinado o elemento da mente inconsciente de
Hamlet, enquanto críticos feministas reavaliam e
reabilitam o caráter de personagens como Ofélia e
Gertrudes.

Hamlet é a peça mais longa de Shakespeare, e


provavelmente a que mais trabalho lhe deu, mas
encontrou nos tempos um espaço que a consagrou
como uma das mais poderosas e influentes tragédias
em língua inglesa: durante o tempo de vida de
Shakespeare, a peça estava entre uma das mais
populares da Inglaterra e ainda figura entre os textos
mais realizados do mundo, no topo, inclusive, da lista da
Royal Shakespeare Company desde 1879. Escrita para
o Lord Chamberlain's Men, calcula-se que sobre Hamlet
já se escreveram cerca de 80.000 volumes, muitos
deles certamente são obras de grandes nomes que
foram influenciados pela tragédia shakespeariana, como
Machado, Goethe, Dickens e Joyce, além de ser
considerada por muitos críticos e artistas de todo o
planeta como uma obra rica, aberta, universal e muitas
vezes perfeita.

23
Alma minha gentil, que te partiste.

" Alma minha gentil, que te partiste


Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Ceo eternamente,
E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento Ethereo, onde subiste,


Memoria desta vida se consente,
Não te esqueças de aquelle amor ardente,
Que ja nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que póde merecer-te


Algũa cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remedio, de perder-te;

24
Roga a Deos que teus annos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou."

- Luís de Camões -

25

Você também pode gostar