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SUMÁRIO
LITERATURA E A HISTÓRIA DA LITERATURA ...................................................................................................... 2
LITERATURA ................................................................................................................................................... 2
FUNÇÃO DA LITERATURA .......................................................................................................................... 2
HISTORIOGRAFIA LITERÁRIA ...................................................................................................................... 2
O MODERNISMO ........................................................................................................................................... 3
PRIMEIRA FASE .......................................................................................................................................... 3
SEGUNDA FASE .......................................................................................................................................... 4
TERCEIRA FASE DO MODERNISMO ............................................................................................................ 4
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 5
GABARITO ...................................................................................................................................................... 7
O MODERNISMO
PRIMEIRA FASE
Início: Semana de Arte Moderna de 1922
Contexto histórico: Fundação do Partido Comunista Brasileiro. O Tenentismo, movimento
liderado por jovens militares em contestação ao poder das Oligarquias e contra a corrupção em
geral. Em 1930 os “Tenentes” chegam ao poder com Getúlio Vargas.
Características: Poesia nacionalista. Espírito irreverente, polêmico e destruidor,
movimento contra. Anarquismo, luta contra o tradicionalismo; paródia, humor. Liberdade de
estética. Verso livre sem uso da métrica. Linguagem coloquial.
Destacaram-se no Modernismo no Brasil:
• Mário de Andrade – Obra: Pauliceia desvairada (Prefácio Interessantíssimo)
• Oswald de Andrade – Obra: Manifesto antropofágico / Pau-Brasil
• Manuel Bandeira – Obra: Libertinagem
SEGUNDA FASE
Contexto histórico: A Era Vargas. Lampião e o cangaço no sertão
Características: Destaca-se a prosa regionalista nordestina (prosa neo-realista e neo-
naturalista).
Representantes da Segunda Fase:
• Graciliano Ramos – representante maior, criador do romance psicológico
nordestino – Obras: Vidas Secas; São Bernardo.
• Jorge Amado – Obras: Mar Morto; Capitães da Areia.
• José Lins do Rego – Obras: Menino de Engenho; Fogo Morto.
• Rachel de Queiroz – Obra: O Quinze.
• José Américo de Almeida – Obra: A Bagaceira
Poesia 30/45 – ruma para o universal.
Carlos Drummond de Andrade faz poesia de tensão ideológica.
Fases de Drummond: – Eu maior que o mundo – poema, humor, piada.
• Eu menor que o mundo – poesia de ação.
• Eu igual ao mundo – poesia metafísica.
Poetas espiritualistas: – Cecília Meireles – herdeira do Simbolismo.
• Jorge de Lima – Invenção de Orpheu.
• Vinícius de Moraes – Soneto da Fidelidade.
TERCEIRA FASE DO MODERNISMO
Contexto histórico: A Redemocratização do Brasil. A ditadura militar no Brasil. Continua
predominando a prosa.
Representantes:
• Guimarães Rosa – Neologismo – Obra: Sagarana.
• Clarice Lispector – Introspectiva – Obra: Laços de Família, onde a autora procura
retratar o cotidiano monótono e sufocante da família burguesa brasileira.
A Poesia concreta: – João Cabral de Melo Neto – poeta de poucas palavras. Obra de maior
relevância literária: Morte e Vida Severina. Tem intertextualidade com o teatro Vicentino.
OBS: É muito importante estar atento ao contexto histórico em que a obra está inserida.
A literatura nada mais é que um registro social de uma época. Reflete suas características
e anseios. Por isso cada Escola Literária está envolta por aspectos exclusivos.
EXERCÍCIOS
I. “Ah! enquanto os Destinos impiedosos
Não voltam contra nós a face irada,
Façamos, sim façamos, doce amada,
Os nossos breves dias mais ditosos”.
GABARITO
1. D
2. C
3. E
4. A
5. A
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO AOS GÊNEROS LITERÁRIOS ......................................................................................................... 2
OS GÊNEROS LITERÁRIOS .............................................................................................................................. 2
GÊNERO NARRATIVO ................................................................................................................................. 2
GÊNERO DRAMÁTICO ................................................................................................................................ 3
GÊNERO LÍRICO .......................................................................................................................................... 3
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 4
GABARITO ...................................................................................................................................................... 7
GÊNERO NARRATIVO
Romance, novela, conto, crônica e fábula são algumas das formas apresentadas pelo
gênero narrativo, marcado pela presença de narrador, tempo, espaço, enredo e personagens.
O termo “narrar” vem do latim “narratio” e quer dizer o ato de narrar acontecimentos
reais ou fictícios. Na Antiguidade Clássica, os padrões literários reconhecidos eram apenas o
épico, o lírico e o dramático. Com o passar dos anos surgiu dentro do gênero épico a variante:
gênero narrativo, a qual apresentou concepções de prosa com características diferentes, o que
fez com que surgissem divisões de outros gêneros literários dentro do estilo narrativo: o
romance, a novela, o conto, a crônica, a fábula. Porém, praticamente todas as obras narrativas
possuem elementos estruturais e estilísticos em comum e devem responder a
questionamentos, como: quem?, que? quando? onde? por quê? Vejamos a seguir:
• Narrador: é o que narra a história, pode ser onisciente (terceira pessoa,
observador, tem conhecimento da história e das personagens, observa e conta o
que está acontecendo ou aconteceu) ou personagem (em primeira pessoa; narra
e participa da história e, contudo, narra os fatos à medida em que acontecem, não
pode prever o que acontecerá com as demais personagens).
• Tempo: é um determinado momento em que as personagens vivenciam as suas
experiências e ações. Pode ser cronológico (um dia, um mês, dois anos) ou
psicológico (memória de quem narra, flash-back feito pelo narrador).
tercetos, com métrica composta de versos decassílabos (dez sílabas) e versos alexandrinos (12
sílabas).
Quanto ao conteúdo, predominantemente subjetivo, destacam-se:
• Elegia – vem do grego e significa “canto triste”; poesia lírica que expressa
sentimentos tristes ou morte. Um exemplo frequente é “O cântico do calvário” de
Fagundes Varela.
• Idílio e écloga – são poemas breves com temática pastoril. A écloga, na maioria
das vezes, apresenta diálogo.
• Epitalâmio – na literatura grega é um poema de homenagem aos noivos no
momento do casamento. Logo, é uma exaltação às núpcias de alguém.
• Ode ou hino – derivam do grego e significam “canto”. Ode é uma poesia que exalta
algo e hino que glorifica a pátria.
• Sátira – poesia que ridiculariza os defeitos humanos ou determinadas situações.
EXERCÍCIOS
1. As obras lidas para este vestibular pertencem a gêneros e períodos distintos de nossa
produção literária. A respeito delas, analise as afirmativas a seguir e identifique a(s)
correta(s).
I. Vidas secas apresenta um vocabulário seco, como a temática tratada. O narrador, ao
contar a saga de Fabiano, Sinhá Vitória, dos meninos sem nome e da cachorra Baleia, registra
a marginalização social, a exploração do homem pelo homem, a desumanização dos
personagens e a falta de comunicação nas relações familiares, entre outras abordagens.
II. Memórias póstumas de Brás Cubas, a obra que inicia o Realismo brasileiro, é impregnada
da visão cientificista, bem ao gosto do público da época. Questões como o Determinismo
biológico, social e histórico, o materialismo, o predomínio do instinto sobre a razão e do
psicológico sobre a ação são algumas das características mais marcantes da obra.
III. Memórias de um sargento de milícias pode ser entendida como uma obra de transição
entre o Romantismo e o Realismo. A história de Leonardinho é permeada por aventuras nos
subúrbios cariocas e mostra um herói atrevido, politicamente incorreto e irreverente. Além
disso, a voz narrativa antecipa a conversa com o leitor e a metanarrativa que ganhará força
com a literatura machadiana.
IV. Sentimento de mundo mostra um eu lírico que se reconhece no mundo que precisa ser
salvo, mas que reconhece também o fatal distanciamento entre os homens. O poeta solitário
se transforma, então, em poeta solidário, que recria o mundo pela depuração, buscando sua
essência.
É correto o que se afirma apenas em:
a) II, III e IV.
b) I, III e IV.
c) II e IV.
d) I e III.
e) I, II, III e IV.
2. Os excertos a seguir são de Cecília Meireles e Carpinejar, respectivamente.
“Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre dos meus dedos
colore as areias desertas”.
(MEIRELES, 2000, p. 27).
Em ambas as composições, os versos acima revelam que o sujeito lírico tem do mundo
uma percepção
a) emotiva.
b) sensorial.
c) onírica.
d) racional.
e) sentimental.
3. Sobre os gêneros literários, afirma-se:
I. O gênero dramático abrange textos que tematizam o sofrimento e a aflição da condição
humana.
II. Textos pertencentes ao gênero lírico privilegiam a expressão subjetiva de estados
interiores.
III. O gênero épico compreende textos sobre acontecimentos grandiosos protagonizados
por heróis.
IV. Em literatura, o romance e a novela são formas narrativas pertencentes ao gênero
dramático.
Estão corretas apenas as afirmativas
a) I e II.
b) I e IV.
c) III e IV.
d) II e III.
4. Leia.
Gênero dramático é aquele em que o artista usa como intermediária entre si e o público a
representação. A palavra vem do grego drao (fazer) e quer dizer ação. A peça teatral é, pois,
uma composição literária destinada à apresentação por atores em um palco, atuando e
dialogando entre si. O texto dramático é complementado pela atuação dos atores no espetáculo
teatral e possui uma estrutura específica, caracterizada: 1) pela presença de personagens que
devem estar ligados com lógica uns aos outros e à ação; 2) pela ação dramática (trama, enredo),
que é o conjunto de atos dramáticos, maneiras de ser e de agir das personagens encadeadas à
unidade do efeito e segundo uma ordem composta de exposição, conflito, complicação, clímax
e desfecho; 3) pela situação ou ambiente, que é o conjunto de circunstâncias físicas, sociais,
espirituais em que se situa a ação; 4) pelo tema, ou seja, a ideia que o autor (dramaturgo) deseja
expor, ou sua interpretação real por meio da representação.
COUTINHO, A. Notas de teoria literária. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1973. (Adaptado.)
GABARITO
1. B
2. B
3. D
4. C
5. D
6. B
SUMÁRIO
LINGUAGEM LITERÁRIA ..................................................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO A LINGUAGEM LITERÁRIA....................................................................................................... 2
LINGUAGEM LITERÁRIA ................................................................................................................................. 2
LINGUAGEM NÃO LITERÁRIA ......................................................................................................................... 2
CARACTERÍTICAS DA LINGUAGEM LITERÁRIA ............................................................................................... 3
FIGURAS DE LINGUAGEM .............................................................................................................................. 3
FIGURAS DE SINTAXE OU CONSTRUÇÃO ....................................................................................................... 4
FIGURAS DE PALAVRAS OU SEMÂNTICAS ..................................................................................................... 5
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 7
GABARITO ...................................................................................................................................................... 9
LINGUAGEM LITERÁRIA
INTRODUÇÃO A LINGUAGEM LITERÁRIA
Os textos podem ser divididos conforme a linguagem escolhida para a construção do
discurso. São dois grandes grupos, que privilegiam a linguagem literária e a linguagem não
literária. Apesar de os textos literários e não literários apresentarem pontos convergentes em
sua elaboração, existem alguns aspectos que tornam possível a diferenciação entre eles. Saber
identificá-los e reconhecê-los conforme o tipo de linguagem adotado é fundamental para a
compreensão dos diversos gêneros textuais aos quais estamos expostos no nosso dia a dia.
Nessa questão, não existe uma linguagem que seja superior à outra: ambas são
importantes e estão representadas pelos incontáveis gêneros textuais. As diferenças nos tipos
de linguagem estão ancoradas pela necessidade de adequação do discurso, pois para cada
situação escolhemos a maneira mais apropriada para elaborar um texto. Se a intenção é
comunicar ou informar, certamente adotaremos recursos de linguagem que privilegiem o
perfeito entendimento da mensagem, evitando assim entraves linguísticos que possam
dificultar o acesso às informações. Se a intenção é privilegiar a arte, através da escrita de
poemas, contos ou crônicas, estarão à nossa disposição recursos linguísticos adequados para
esse fim, tais como o uso da conotação, das figuras de linguagem, entre outros elementos que
confiram ao texto um valor estético.
Dessa maneira, confira as principais diferenças entre a linguagem literária e a linguagem
não literária:
LINGUAGEM LITERÁRIA
Pode ser encontrada na prosa, em narrativas de ficção, na crônica, no conto, na novela, no
romance e também em verso, no caso dos poemas. Apresenta características como a
variabilidade, a complexidade, a conotação, a multissignificação e a liberdade de criação. A
Literatura deve ser compreendida como arte e, como tal, não possui compromisso com a
objetividade e com a transparência na emissão de ideias. A linguagem literária faz da linguagem
um objeto estético, e não meramente linguístico, ao qual podemos inferir significados de acordo
com nossas singularidades e perspectivas. É comum na linguagem literária o emprego da
conotação, de figuras de linguagem e figuras de construção, além da subversão à gramática
normativa.
FIGURAS DE LINGUAGEM
As figuras de linguagem são recursos linguísticos a que os autores recorrem para tornar
a linguagem mais rica e expressiva. Esses recursos revelam a sensibilidade de quem os utiliza,
traduzindo particularidades estilísticas do emissor da linguagem. As figuras de linguagem
exprimem também o pensamento de modo original e criativo, exploram o sentido não literal
das palavras, realçam sonoridade de vocábulos e frases e até mesmo, organizam orações,
afastando-a, de algum modo, de uma estrutura gramatical padrão, a fim de dar destaque a algum
de seus elementos. As figuras de linguagem costumam ser classificadas em figuras de som,
figuras de construção e figuras de palavras ou semânticas. Para dominarmos o uso das figuras
de linguagem de maneira correta, estudaremos, de modo sintetizado, os conceitos de denotação
e conotação.
Denotação
Ocorre denotação quando a palavra é empregada em sua significação usual, literal,
referindo-se a uma realidade concreta ou imaginária.
Já é a quinta vez que perco as chaves do meu armário
Aquela sobremesa estava muito azeda, não gostei.
Conotação
Ocorre a conotação quando a palavra é empregada em sentido figurado, associativo,
possibilitando várias interpretações. Ou seja, o sentido conotativo tem a propriedade de
atribuir às palavras significados diferentes de seu sentido original.
A chave da questão é você ser feliz independente do momento
Margarida é uma mulher azeda, está sempre de péssimo humor.
Podemos perceber que as palavras chave e azeda ganham novos sentidos além dos quais
encontramos nos dicionários. O sentido das palavras está de acordo com a ideia que o emissor
quis transmitir. Sendo assim, a conotação é um recurso que consiste em atribuir novos
significados ao sentido denotativo da palavra.
Figuras de som ou sonoras
As figuras de som ou figuras sonoras são aquelas que se utilizam de efeitos da linguagem
para reproduzir os sons presentes nos seres. São as seguintes: aliteração, assonância,
paronomásia e onomatopeia.
Aliteração: consiste na repetição ordenada de mesmos sons consonantais.
“Boi bem bravo, bate baixo, bota baba, boi berrando...Dança doido, dá de duro, dá de
dentro, dá direito”. (Guimarães Rosa)
Assonância: consiste na repetição ordenada de mesmos sons vocálicos.
“O que o vago e incógnito desejo/de ser eu mesmo de meu ser me deu”. (Fernando Pessoa)
Paronomásia: consiste na aproximação de palavras de sons parecidos, mas de
significados distintos.
“Conhecer as manhas e as manhãs/ O sabor das massas e das maçãs”. (Almir Sater e
Renato Teixeira)
Onomatopeia: consiste na criação de uma palavra para imitar sons e ruídos. É uma figura
que procura imitar os ruídos e não apenas sugeri-los.
Chega de blá-blá-blá-blá!
É importante destacar que a existência de uma figura de linguagem não exclui outras. Em
um mesmo texto podemos encontrar aliteração, assonância, paronomásia e onomatopeia.
EXERCÍCIOS
1. Sobre a linguagem não literária é correto afirmar, exceto:
a) É utilizada, sobretudo, em textos cujo caráter seja essencialmente informativo.
b) Sua principal característica é a objetividade.
c) Utiliza recursos como a conotação para conferir às palavras sentidos mais amplos do
que elas realmente possuem.
d) Utiliza a linguagem denotativa para expressar o real significado das palavras, sem
metáforas ou preocupações artísticas.
2. Leia
SOBRE A ORIGEM DA POESIA
A origem da poesia se confunde com a origem da própria linguagem.
Talvez fizesse mais sentido perguntar quando a linguagem verbal deixou de ser poesia. Ou: qual
a origem do discurso não poético, já que, restituindo laços mais íntimos entre os signos e as
coisas por eles designadas, a poesia aponta para um uso muito primário da linguagem, que
parece anterior ao perfil de sua ocorrência nas conversas, nos jornais, nas aulas, conferências,
discussões, discursos, ensaios ou telefonemas [...]
No seu estado de língua, no dicionário, as palavras intermedeiam nossa relação com as coisas,
impedindo nosso contato direto com elas. A linguagem poética inverte essa relação, pois, vindo
a se tornar, ela em si, coisa, oferece uma via de acesso sensível mais direto entre nós e o mundo
[...]
Já perdemos a inocência de uma linguagem plena assim. As palavras se desapegaram das coisas,
assim como os olhos se desapegaram dos ouvidos, ou como a criação se dasapegou da vida. Mas
temos esses pequenos oásis – os poemas – contaminando o deserto de referencialidade.
ARNALDO ANTUNES
(Texto 2) O bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
(Manuel Bandeira. Em Seleta em prosa e verso. Rio de Janeiro: J. Olympio/MEC, 1971, p.145)
GABARITO
1. B
2. B
3. C
4. D
5. C
6. C
SUMÁRIO
ELEMENTOS DA NARRATIVA.............................................................................................................................. 2
ESTRUTURA DA NARRATIVA .......................................................................................................................... 2
ELEMENTOS DA NARRATIVA.......................................................................................................................... 2
TIPOS DE NARRADOR..................................................................................................................................... 3
TIPOS DE PERSONAGENS ............................................................................................................................... 3
TIPOLOGIA NARRATIVA - CONTO .................................................................................................................. 4
CARACTERÍSTICAS DO CONTO ................................................................................................................... 4
DISCURSOS NARRATIVOS .............................................................................................................................. 4
LEITURAS........................................................................................................................................................ 5
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 7
GABARITO ...................................................................................................................................................... 9
ELEMENTOS DA NARRATIVA
ESTRUTURA DA NARRATIVA
Diferente da dissertação, a narrativa é um texto que trata de acontecimentos e ações
realizadas por personagens fictícios ou reais. Na Literatura, ela aparece principalmente em
romances, novelas, fábulas, contos e crônicas. Ela também é a base de muitas peças de teatro e
dos filmes produzidos pelo cinema. Mas, para que o leitor se sinta atraído e até mesmo entenda
toda a situação, ela precisa ter uma estrutura e elementos essenciais ao desenvolvimento da
história. A narrativa começa com a introdução, que é seguida pelo desenvolvimento e o clímax.
Finalmente, a história termina com uma conclusão ou desfecho, que coloca um ponto final nas
aventuras do personagem e nas expectativas do leitor. Vamos falar de cada uma delas a seguir.
Introdução
É a parte do texto que apresenta as personagens e mostra ao leitor onde elas se localizam em
relação ao tempo e espaço.
Desenvolvimento
Nesse trecho, o autor conta as ações da personagem. A ideia é formar uma trama com os
acontecimentos, mostrar a ocorrência de um problema ou complicação com objetivo de criar
algum tipo de suspense que vai conduzir ao clímax da história.
Conclusão
Trata-se do final da história. Na maioria das vezes, os autores concluem encerrando a trama
com um desfecho favorável ou não para o problema. No entanto, essa é apenas uma forma de
fazer a conclusão. A criatividade pode levar a outros caminhos e até mesmo criar um suspense
ainda maior.
ELEMENTOS DA NARRATIVA
Depois de conhecer essa estrutura, é importante entender quais são os elementos que não
podem faltar em uma narrativa.
Enredo
O enredo é um elemento fundamental para a narrativa. Trata-se do conjunto de fatos que
acontecem, ligados entre si, e que contam as ações dos personagens. Ele é dividido em algumas
partes:
Situação inicial: é quando o autor apresenta os personagens e mostra o tempo e o espaço
em que estão inseridos, geralmente logo na introdução;
Estabelecimento de um conflito: um acontecimento é responsável por modificar a situação
inicial dos personagens, exigindo algum tipo de ação;
Desenvolvimento: ao longo desta seção, o autor conta o que os personagens fizeram para
tentar solucionar o conflito;
Clímax: depois de diversas ações dos personagens, a narrativa é levada a um ponto de alta
tensão ou emoção, uma espécie de “encruzilhada literária” que exige uma decisão ou desfecho;
Desfecho: é a parte da narrativa que mostra a solução para o conflito.
Espaço
Espaço é o lugar em que a narrativa acontece. Ele é importante não só para situar o leitor
quanto ao local, mas principalmente porque contribui para a elaboração dos personagens.
Afinal, o espaço onde as pessoas (mesmo que fictícias) vivem interfere na sua aparência,
vestimenta, costumes, oportunidades, atividades e até mesmo sua personalidade.
Tempo
O tempo da narrativa diz respeito ao desencadear das ações, e pode ser dividido em
Cronológico
Está relacionado a passagem das horas, dos dias, meses, anos etc.
Psicológico
Está relacionado às lembranças da personagem e aos sentimentos vivenciados por ele.
Assim como espaço, ele é muito importante para definir características das personagens,
principalmente as psicológicas. Afinal, pessoas que vivem em épocas diferentes costumam ter
visões de mundo, atitudes, pensamentos e situações também diferentes.
Ação
Envolve tudo que as personagens fazem na narrativa. Inclui não só os movimentos, mas
também aquilo que falam e pensam no decorrer da história.
TIPOS DE NARRADOR
Sempre que existe uma narrativa, a história é contada por alguém. Esse é o papel do
narrador. Ele pode relatar os fatos a partir de perspectivas diferentes, o que pode transformá-
lo em um personagem, um observador ou um ser onisciente. Entenda as diferenças:
Narrador personagem
Neste caso, o narrador participa da história, e por isso o texto é escrito em primeira pessoa
do singular ou plural (eu, nós).
Narrador observador
Também existe a possibilidade de o narrador não participar da história. Ele observa a
situação de fora, o que faz o texto ser escrito em terceira pessoa (ele, ela, eles, elas).
Narrador onisciente
É aquele que sabe de todos os fatos, mesmo que não participe da história. Sua
compreensão costuma ir além dos acontecimentos. Ele consegue narrar até mesmo os
pensamentos e sentimentos dos personagens, como se tivesse um conhecimento sobrenatural.
Pelo falo desse narrador conhecer muito os personagens, bem como seus pensamentos,
sentimentos, ideias, atitudes, etc, ele pode opinar sobre tais comportamentos ao longo da
narrativa.
TIPOS DE PERSONAGENS
Finalmente, vamos falar das estrelas da narrativa: os personagens. São os seres reais ou
fictícios que participam da história. Como a Literatura é criativa, pode ser uma pessoa, um
animal, um ser mitológico ou fantástico, um objeto personificado ou até mesmo um sentimento.
Os personagens podem ser divididos entre:
Protagonistas: são destaques da narrativa, ocupam o lugar principal da história;
Antagonistas: são os adversários dos protagonistas, aqueles que vão criar ou alimentar
o conflito, dificultando a vida dos principais;
Secundários: são personagens menos importantes na história, mas que de alguma forma
contribuem para a sequência de fatos do enredo.
Exemplos de elementos da narrativa
Se você acha difícil entender o conceito e as diferenças, basta pensar no enredo de um
filme ou novela conhecidos. Apenas como exemplo, pense na seguinte possibilidade:
Um rapaz e sua namorada estão apaixonados (situação inicial);
Um dia, ela desaparece e todas as evidências apontam para ele (conflito);
Ele precisa fugir da polícia e começa a investigar o desaparecimento por conta própria,
coletando provas de que houve uma armação (desenvolvimento);
Ele confronta o verdadeiro vilão em um encontro eletrizante (clímax);
O rapaz consegue provar sua inocência e recuperar a namorada mantida em cativeiro
(desfecho).
Parece dramático? Pois esse é um enredo básico. Aliás, um ótimo exercício é começar a
analisar alguns dos últimos filmes que assistiu e identificar essas etapas da narrativa. Ainda
podemos destacar que nesse caso, teríamos vários personagens: o rapaz, a namorada
(protagonistas), o vilão (antagonista) e outros secundários (policiais, familiares, amigos etc).
Entre as ações, podemos destacar a fuga, a investigação, os perigos que ele tenha passado, os
diálogos e até mesmo os pensamentos de todos os envolvidos. O espaço e tempo ficam por conta
da sua imaginação: a história pode se passar tanto na Inglaterra do século XVII quanto no Rio
de Janeiro do século XXI, mas isso alteraria uma série de situações.
DISCURSOS NARRATIVOS
O conto pode apresentar-se em discurso:
• Direto: (discurso direto) as personagens conversam entre si; usam-se os
travessões. Além de ser o mais conhecido é, também, predominante no conto.
Exemplo:
(...)
Depois da sobremesa, boca pedindo água depois de tanto doce caseiro, o velho
Arquimedes disse:
— Ocês tão bebendo tanta água, sem nojo...
— Bisavô, era brincadeira!
— Eu também fiz uma brincadeira: durante todo esse tempo que fiquei banguela, minha
dentadura ficou de molho, dentro do filtro!
O Bisavô e a Dentadura. Sylvia Orthof
LEITURAS
Leia:
Uma vela para Dario
Dalton Trevisan
Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina,
diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-
-se na calçada, ainda úmida de chuva, e descansou na pedra o cachimbo.
Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a boca,
moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia sofrer de
ataque.
Ele reclinou-se mais um pouco, estendido agora na calçada, e o cachimbo tinha apagado. O rapaz
de bigode pediu aos outros que se afastassem e o deixassem respirar. Abriu-lhe o paletó, o
colarinho, a gravata e a cinta. Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou feio e bolhas de
espuma surgiram no canto da boca.
Cada pessoa que chegava erguia-se na ponta dos pés, embora não o pudesse ver. Os moradores
da rua conversavam de uma porta à outra, as crianças foram despertadas e de pijama acudiram
à janela. O senhor gordo repetia que Dario sentara-se na calçada, soprando ainda a fumaça do
cachimbo e encostando o guarda-chuva na parede. Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo
ao seu lado.
A velhinha de cabeça grisalha gritou que ele estava morrendo. Um grupo o arrastou para o táxi
da esquina. Já no carro a metade do corpo, protestou o motorista: quem pagaria a corrida?
Concordaram chamar a ambulância. Dario conduzido de volta e recostado à parede - não tinha
os sapatos nem o alfinete de pérola na gravata.
Alguém informou da farmácia na outra rua. Não carregaram Dario além da esquina; a farmácia
no fim do quarteirão e, além do mais, muito pesado. Foi largado na porta de uma peixaria.
Enxame de moscas lhe cobriu o rosto, sem que fizesse um gesto para espantá-las.
Ocupado o café próximo pelas pessoas que vieram apreciar o incidente e, agora, comendo e
bebendo, gozavam as delicias da noite. Dario ficou torto como o deixaram, no degrau da
peixaria, sem o relógio de pulso.
Um terceiro sugeriu que lhe examinassem os papéis, retirados - com vários objetos - de seus
bolsos e alinhados sobre a camisa branca. Ficaram sabendo do nome, idade; sinal de nascença.
O endereço na carteira era de outra cidade.
Registrou-se correria de mais de duzentos curiosos que, a essa hora, ocupavam toda a rua e as
calçadas: era a polícia. O carro negro investiu a multidão. Várias pessoas tropeçaram no corpo
de Dario, que foi pisoteado dezessete vezes.
DESEMPREGO
― Não está me reconhecendo? Sou a terceira mulher do Sabonete Araxá. Aquelas do anúncio.
― Eu sei. As três mulheres do poema de Manuel Bandeira.
― Não, do anúncio do sabonete. O poema veio depois, nós já existíamos antes.
― E que foi feito das duas outras?
― A primeira passou a trabalhar para a Sentinela Juropapo. A segunda está no galarim, só
trabalha para a Secom. Eu estou desempregada, não dá para me arranjar a boa mordomia no
INPS? Sei que é difícil me aposentar, porque já tenho idade de sobra, mas...
Carlos Drummond de Andrade. In Contos Plausíveis.José Olympio, 1985
EXERCÍCIOS
1. Com base no texto abaixo, indique a alternativa cujo elemento estruturador da narrativa
não foi interposto no episódio:
“Porque não quis pagar uma garrafa de cerveja, Pedro da Silva, pedreiro, de trinta anos,
residente na rua Xavier, 25, Penha, matou ontem em Vigário Geral, o seu colega Joaquim
de Oliveira.”
a) Lugar
b) Época
c) Personagens
d) Fato
e) Modo
2. Considere o texto:
“O incidente que se vai narrar, e de que Antares foi teatro na sexta-feira 13 de dezembro
do ano de 1963, tornou essa localidade conhecida e de certo modo famosa da noite para
o dia. (…) Bem, mas não convém antecipar fatos nem ditos. Melhor será contar primeiro,
de maneira tão sucinta e imparcial quanto possível, a história de Antares e de seus
habitantes, para que se possa ter uma ideia mais clara do palco, do cenário e
principalmente das personagens principais, bem como da comparsaria, desse drama
talvez inédito nos anais da espécie humana.”
(Érico Veríssimo)
uma terrinha. Se não era outra provocação, era uma boa. Terra era o que não faltava.
Passou anos ouvindo falar em reforma agrária. Em voltar à terra. Em ter a terra que nunca
tivera. Amanhã. No próximo ano. No próximo governo. Concluiu que era provocação. Mais
uma. Finalmente ouviu dizer que desta vez a reforma agrária vinha mesmo. Para valer.
Garantida. Se animou. Se mobilizou. Pegou a enxada e foi brigar pelo que pudesse
conseguir. Estava disposto a aceitar qualquer coisa. Só não estava mais disposto a aceitar
provocação. Aí ouviu que a reforma agrária não era bem assim. Talvez amanhã. Talvez no
próximo ano... Então protestou. Na décima milésima provocação, reagiu. E ouviu
espantado, as pessoas dizerem, horrorizadas com ele:
- Violência, não!
Luis Fernando Veríssimo
GABARITO
1. E
2. C
3. A
4. D
5. D
SUMÁRIO
TROVADORISMO................................................................................................................................................ 2
TROVADORISMO............................................................................................................................................ 2
CONTEXTO HISTÓRICO .............................................................................................................................. 2
CARACTERÍSTICAS DO TROVADORISMO.................................................................................................... 2
CANTIGAS LÍRICAS ..................................................................................................................................... 2
CANTIGAS SATÍRICAS ................................................................................................................................. 3
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 5
GABARITO ...................................................................................................................................................... 8
TROVADORISMO
TROVADORISMO
Cumpre dizer, antes de tudo, que o Trovadorismo se manifestou na Idade Média, período
que teve início com o fim do Império Romano (destruído no século V com a invasão dos
bárbaros, vindos do norte da Europa), e estendeu-se até o século XV, quando se deu a época do
Renascimento. Nesse sentido, o artigo ora em questão tem por finalidade abordar acerca do
contexto histórico-social, cultural e artístico que tanto demarcou esse importante período da
arte literária.
CONTEXTO HISTÓRICO
No que diz respeito ao aspecto econômico, toda a Europa dessa época sofria com as
sucessivas invasões dos povos germânicos, fato que culminava em inúmeras guerras. Nessa
conjuntura, desenvolveu-se o sistema econômico denominado de feudalismo, no qual o direito
de governar se concentrava somente nas mãos do senhor feudal, o qual mantinha plenos
poderes sobre todos os seus servos e vassalos que trabalhavam em suas terras. Esse senhor,
também chamado de suserano, cedia a posse de terras a um vassalo, que se comprometia a
cultivá-las, repassando, assim, parte da produção ao dono do feudo. Em troca dessa fidelidade
e trabalho, os servos contavam com a proteção militar e judicial, no caso de possíveis ataques e
invasões. A essa relação subordinada dava-se o nome de vassalagem.
Quanto ao contexto cultural e artístico, podemos afirmar que toda a Idade Média foi
fortemente influenciada pela Igreja, a qual detinha o poder político e econômico, mantendo-se
acima até de toda a nobreza feudal. Nesse ínterim, figurava uma visão de mundo baseada tão
somente no teocentrismo, cuja ideologia afirmava que Deus era o centro de todas as coisas.
Assim, o homem mantinha-se totalmente crédulo e religioso, cujos posicionamentos estavam
sempre à mercê da vontade divina, assim como todos os fenômenos naturais.
Na arquitetura, toda a produção artística esteve voltada para a construção de igrejas,
mosteiros, abadias e catedrais, tanto na Alta Idade Média, na qual predominou o estilo
romântico, quanto na Baixa Idade Média, predominando o estilo gótico. No que tange às
produções literárias, todas elas eram feitas em galego-português, denominadas de cantigas.
CARACTERÍSTICAS DO TROVADORISMO
No intuito de retratar a vida aristocrática nas cortes portuguesas, as cantigas receberam
influência de um tipo de poesia originário da Provença – região sul da França, daí o nome de
poesia provençal –, como também da poesia popular, ligada à música e à dança. No que tange à
temática, elas estavam relacionadas a determinados valores culturais e a certos tipos de
comportamento difundidos pela cavalaria feudal, que até então lutava nas Cruzadas no intuito
de resgatar a Terra Santa do domínio dos mouros. Percebe-se, portanto, que nas cantigas
prevaleciam distintos propósitos: havia aquelas em que se manifestavam juras de amor feitas à
mulher do cavaleiro, outras em que predominava o sofrimento de amor da jovem em razão de
o namorado ter partido para as Cruzadas, e ainda outras, em que a intenção era descrever, de
forma irônica, os costumes da sociedade portuguesa, então vigente. Assim, em virtude do
aspecto que apresentavam, as cantigas se subdividiam em:
CANTIGAS LÍRICAS
DE AMOR
DE AMIGO
CANTIGAS SATÍRICAS
DE ESCÁRNIO
DE MALDIZER
Cantigas de amor
O sentimento oriundo da submissão entre o servo e o senhor feudal transformou-se no que
chamamos de vassalagem amorosa, preconizando, assim, um amor cortês. O amante vive
sempre em estado de sofrimento, também chamado de coita, visto que não é correspondido.
Ainda assim, ele dedica à mulher amada (senhor) fidelidade, respeito e submissão. Nesse
cenário, a mulher é tida como um ser inatingível, à qual o cavaleiro deseja servir como vassalo.
A título de ilustração, observemos, pois, um exemplo:
Cantiga da Ribeirinha
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No mundo non me sei parelha,
entre me for como me vai,
Cá já moiro por vós, e - ai!
Mia senhor branca e vermelha.
Queredes que vos retraya
Quando vos eu vi em saya!
Mau dia me levantei,
Que vos enton non vi fea!
E, mia senhor, desdaqueldi, ai!
Me foi a mi mui mal,
E vós, filha de don Paai
Moniz, e bem vos semelha
Dhaver eu por vós guarvaia,
Pois eu, mia senhor, dalfaia
Nunca de vós houve nem hei
Valia dua correa.
Paio Soares de Taveirós
Vocabulário:
Nom me sei parelha: não conheço ninguém igual a mim.
Mentre: enquanto.
Ca: pois.
Branca e vermelha: a cor branca da pele, contrastando com o vermelho do rosto, rosada.
Retraya: descreva, pinte, retrate.
En saya: na intimidade; sem manto.
Que: pois.
Des: desde.
Semelha: parece.
D’haver eu por vós: que eu vos cubra.
Guarvaya: manto vermelho que geralmente é usado pela nobreza.
Alfaya: presente.
Valia d’ua correa: objeto de pequeno valor.
Cantigas de amigo
Surgidas na própria Península Ibérica, as cantigas de amigo eram inspiradas em cantigas
populares, fato que as concebe como sendo mais ricas e mais variadas no que diz respeito à
temática e à forma, além de serem mais antigas. Diferentemente da cantiga de amor, na qual o
sentimento expresso é masculino, a cantiga de amigo é expressa em uma voz feminina, embora
seja de autoria masculina, em virtude de que naquela época às mulheres não era concedido o
direito de alfabetização.
Tais cantigas tinham como cenário a vida campesina ou nas aldeias, e geralmente exprimiam o
sofrimento da mulher separada de seu amado (também chamado de amigo), vivendo sempre
ausente em virtude de guerras ou viagens inexplicadas. O eu lírico, materializado pela voz
feminina, sempre tinha um confidente com o qual compartilhava seus sentimentos,
representado pela figura da mãe, amigas ou os próprios elementos da natureza, tais como
pássaros, fontes, árvores ou o mar. Constatemos um exemplo:
Cantigas satíricas
De origem popular, essas cantigas retratavam uma temática originária de assuntos proferidos
nas ruas, praças e feiras. Tendo como suporte o mundo boêmio e marginal dos jograis, fidalgos,
bailarinas, artistas da corte, aos quais se misturavam até mesmo reis e religiosos, tinham por
finalidade retratar os usos e costumes da época por meio de uma crítica mordaz. Assim, havia
duas categorias: a de escárnio e a de maldizer.
Apesar de a diferença entre ambas ser sutil, as cantigas de escárnio eram aquelas em que a
crítica não era feita de forma direta. Rebuscadas de uma linguagem conotativa, não indicavam
o nome da pessoa satirizada. Verifiquemos:
Nas cantigas de maldizer, como bem nos retrata o nome, a crítica era feita de maneira direta, e
mencionava o nome da pessoa satirizada. Assim, envolvidas por uma linguagem chula,
destacavam-se palavrões, geralmente envoltos por um tom de obscenidade, fazendo referência
a situações relacionadas a adultério, prostituição, imoralidade dos padres, entre outros
aspectos. Vejamos, pois:
Roi queimado morreu con amor
Em seus cantares por Sancta Maria
por ua dona que gran bem queria
e por se meter por mais trovador
porque lhela non quis [o] benfazer
fez-sel en seus cantares morrer
mas ressurgiu depois ao tercer dia!...
Pero Garcia Burgalês
EXERCÍCIOS
1. Assinale a afirmativa correta com relação ao Trovadorismo.
Texto I
Ondas do mar de Vigo,
se vistes meu amigo!
E ai Deus, se verrá cedo!
Ondas do mar levado,
se vistes meu amado!
E ai Deus, se verrá cedo!
Martim Codax
Obs.: verrá = virá levado = agitado.
Texto II
1Me sinto com a cara no chão, mas a verdade precisa ser dita ao
2menos uma vez: aos 52 anos eu ignorava a admirável forma lírica da
3canção paralelística (...).
4O “Cantar de amor” foi fruto de meses de leitura dos cancioneiros.
5Li tanto e tão seguidamente aquelas deliciosas cantigas, que fiquei
6com a cabeça cheia de “velidas” e “mha senhor” e “nula ren”;
7sonhava com as ondas do mar de Vigo e com romarias a San Servando.
8O único jeito de me livrar da obsessão era fazer uma cantiga.
Manuel Bandeira
a) Um dos temas mais explorados por esse estilo de época é a exaltação do amor sensual
entre nobres e mulheres camponesas.
b) Desenvolveu-se especialmente no século XV e refletiu a transição da cultura teocêntrica
para a cultura antropocêntrica.
c) Devido ao grande prestígio que teve durante toda a Idade Média, foi recuperado pelos
poetas da Renascença, época em que alcançou níveis estéticos insuperáveis.
d) Valorizou recursos formais que tiveram não apenas a função de produzir efeito musical,
como também a função de facilitar a memorização, já que as composições eram
transmitidas oralmente.
e) Tanto no plano temático como no plano expressivo, esse estilo de época absorveu a
influência dos padrões estéticos greco-romanos
Mays: mais.
Senhor: senhora.
Mi: mim.
Fremosa: formosa, bonita.
Assy: assim.
Mesurada: comedida.
Guisar: decidir, preparar.
Bon prez: honrada.
Quigi: dei, dediquei.
Foron: foram.
A todo meu poder: de
Pero: já que, porém.
Des: desde. todo meu coração.
GABARITO
1. D
2. A
3. D
4. D
SUMÁRIO
HUMANISMO ..................................................................................................................................................... 2
HUMANISMO ................................................................................................................................................. 2
CARACTERÍSTICAS DO HUMANISMO ......................................................................................................... 2
HUMANISMO EM PORTUGAL .................................................................................................................... 2
LINGUAGEM DO HUMANISMO ................................................................................................................. 3
AUTORES DO HUMANISMO....................................................................................................................... 3
LEITURAS........................................................................................................................................................ 4
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 5
GABARITO ...................................................................................................................................................... 8
HUMANISMO
HUMANISMO
O Humanismo é o nome dado a uma corrente filosófica e artística que surgiu no século
XV na Europa.
Na literatura, ele representou o período de transição (escola
literária) entre o Trovadorismo e o Classicismo, bem como da Idade
Média para a Idade Moderna.
Note que o termo “Humanismo” abriga diversas concepções. No
geral, corresponde ao conjunto de valores filosóficos, morais e
estéticos que focam no ser humano, daí surge seu nome. Do latim, o
termo humanus significa “humano”.
Trata-se de uma ciência que permitiu ao homem compreender
melhor o mundo e o próprio ser. Isso ocorreu durante o período do
Renascimento Cultural.
Homem Vitruviano (1590) de Leonardo da Vinci: símbolo do
antropocentrismo humanista
CARACTERÍSTICAS DO HUMANISMO
As principais características do Humanismo são:
• Racionalidade
• Antropocentrismo
• Cientificismo
• Modelo Clássico
• Valorização do corpo humano e das emoções
• Busca da beleza e perfeição
HUMANISMO EM PORTUGAL
O marco inicial do humanismo literário português foi a nomeação de Fernão Lopes para
cronista-mor da Torre do Tombo, em 1418.
O movimento com foco na prosa, poesia e teatro, terminou com a chegada do poeta Sá de
Miranda da Itália em 1527.
Isso porque ele trouxe inspirações literárias baseadas na nova medida chamada de “dolce
stil nuevo” (Doce estilo novo). Esse fato permitiu o início do classicismo como escola literária.
Autores e Obras
O teatro popular, a poesia palaciana e a crônica histórica foram os gêneros mais
explorados durante o período do humanismo em Portugal.
Gil Vicente (1465-1536) foi considerado o pai do teatro português, escrevendo “Autos” e
“Farsas”, dos quais se destacam:
• Auto da Visitação (1502)
• O Velho da Horta (1512)
• Auto da Barca do Inferno (1516)
• Farsa de Inês Pereira (1523)
Características do Humanismo
O movimento humanista surgiu no século XV em Florença, Itália, cidade considerada o berço do
Renascimento.
As principais características do humanismo refletem a preocupação com as questões humanas
onde o homem passa a ser o centro das atenções (Antropocentrismo).
O nome desse movimento literário e cultural está associado à crise do feudalismo e às
descobertas científicas. Essas, foram essenciais para trazer à tona as características
do Humanismo Renascentista.
As ideias estavam aliadas ao antropocentrismo (homem no centro do mundo), em
contraposição ao teocentrismo (Deus como centro do mundo) medieval.
Ou seja, nesse momento, ocorre a transição da Idade Média para a Idade Moderna, ou ainda, da
cultura medieval para a cultura clássica. Por fim, o Humanismo estende-se de 1434 até 1527,
quando começa o classicismo.
LEITURAS
Trecho da obra “Triunfo da Morte” de Francesco Petrarca
“Aquela bela dama e gloriosa,
Que hoje é nu 'spírito e pouca terra,
E foi alta coluna e valorosa;
Tornava com grande honra de sua guerra,
Deixando já vencido o grande inimigo,
Que com seu doce fogo o mundo aterra.
Não com mais armas que respeito altivo,
Honestidade em rosto e pensamento,
Coração casto e de virtude amigo.
Grande espanto era ver tal vencimento,
As armas d'amor rotas e desfeitas,
E os vencidos dele em mor tormento.
A bela dama e as outras eleitas
Se vinham gloriando da vitória,
Em bela esquadra juntas e restreitas.
Poucas eram, que rara é vera glória,
Mas dinas, da primeira à derradeira,
De claríssimo poema e de história.
Traziam, por insígnia, na bandeira
Em campo verde um branco armelino
D'ouro fino, e topazes a coleira.
Não humano, certamente, mas divino”
EXERCÍCIOS
1. (UFES) – A imagem do “Homem Vitruviano” é uma representação elaborada no final do
século XV por Leonardo da Vinci e exprime o antropocentrismo e a harmonia das formas
que caracterizaram as obras artísticas do período renascentista. Sobre o renascimento,
não é correto afirmar que:
a) um dos seus principais fundamentos intelectuais foi o Humanismo, concepção segundo
a qual o homem deveria ser valorizado como o epicentro do mundo e da história, como
havia ocorrido na Antiguidade Clássica.
b) o estudo do homem e da natureza, nesse período, fundamentava-se no espírito crítico, o
que possibilitou o desenvolvimento do pensamento científico, como se comprova na
defesa da teoria heliocêntrica por Nicolau de Cusa e Nicolau Copérnico.
c) os homens da época tenderam a valorizar a produção artística e intelectual das
civilizações do Oriente Médio, especialmente a egípcia e a mesopotâmica, pela conexão
que estas guardavam com a história hebraica descrita na Bíblia.
“Eu não te dei, Adão, nem um lugar predeterminado, nem quaisquer prerrogativas. […] Tu
mesmo fixarás as tuas leis sem estar constrangido por nenhum entrave, segundo teu livre-
arbítrio, a cujo domínio te confiei […]. Poderás degenerar à maneira das coisas inferiores, que
são os brutos, ou poderás, segundo tua vontade, te regenerar à maneira dos superiores, que são
as divinas.”
MIRANDOLA, Pico della, Sobre a dignidade do homem, 1463-1494.
Os textos acima apresentam elementos comuns sobre a visão que os autores detêm sobre
os seres humanos. Frente a esses, elementos avalie as afirmativas abaixo.
I. Os três autores entendem o mundo a partir da superior capacidade de raciocínio que
detém o homem, e de suas potencialidades de atuação sobre os demais animais e sobre a
natureza.
II. O terceiro autor afirma que apesar de capacidade do livre-arbítrio que detém Adão, este
seria incapaz de atuar autonomamente, sendo sempre dependente da vontade e do destino
imposto por Deus.
III. Os três textos expõem uma visão teocêntrica do mundo.
a) se todas as alternativas estiverem corretas.
b) se todas as alternativas estiverem incorretas.
c) se apenas as alternativas I e II estiverem corretas.
d) se apenas as alternativas II e III estiverem incorretas.
e) se apenas a alternativa I estiver incorreta.
GABARITO
1. C
2. B
3. E
4. B
5. D
SUMÁRIO
CLASSICISMO ..................................................................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO AO CLASSICISMO .................................................................................................................... 2
CONTEXTO HISTÓRICO .............................................................................................................................. 2
CARACTERÍSTICAS DO CLASSICISMO ......................................................................................................... 2
CLASSICISMO EM PORTUGAL .................................................................................................................... 3
AUTORES E OBRAS ..................................................................................................................................... 3
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 5
GABARITO ...................................................................................................................................................... 8
CLASSICISMO
INTRODUÇÃO AO CLASSICISMO
O Classicismo foi um movimento cultural que fez parte do Renascimento europeu,
durante os séculos XV e XVI. Como o próprio nome aponta, a proposta do Classicismo era
um retorno às formas e temas da Antiguidade Clássica, ou seja, Grécia e Roma antigas.
CONTEXTO HISTÓRICO
O período da Idade Média durou cerca de 10 séculos na Europa (século V – século XV).
Durante esse longo período de tempo, o desenvolvimento científico e cultural dependia do aval
ou do aceite da Igreja Católica, que exercia influência política e socioeconômica em toda a
Europa.
Enquanto a riqueza na Idade Média estava relacionada à posse da terra e à tradição, as
trocas comerciais que se estabeleceram com o mercantilismo tornaram o dinheiro a grande
fonte de poder. O intercâmbio com civilizações da Ásia e da África, sobretudo com povos de
origem árabe, abriu para os europeus novos horizontes, como o desenvolvimento da
matemática e os instrumentos de navegação, como o astrolábio.
Os espaços geográficos abriam-se, com a descoberta de novas rotas pelo mar, levando até
a chegada aos territórios do grande continente americano: eram as Grandes Navegações.
Tudo isso foi possível graças ao Renascimento, movimento científico e cultural que tomou
conta da Europa no século XV. Esquivando-se da censura ideológica da Igreja, pensadores e
cientistas elaboraram novas teorias e invenções: Nicolau Copérnico propõe o modelo
heliocêntrico do Universo, Galileu Galilei descobre as leis que regem a queda dos corpos,
Johann Gutemberg inventa os tipos móveis para imprimir os livros, tarefa antes delegada aos
monges copistas.
O horizonte cultural do Renascimento era a Antiguidade Clássica. A Grécia Antiga é
considerada o berço do pensamento ocidental (tendo influenciado diretamente a cultura dos
romanos), por isso o retorno às formas clássicas foi o propósito estético dos renascentistas. O
Classicismo tem sua gênese na Itália, ao final do século XIII, com o surgimento do pensamento
humanista.
CARACTERÍSTICAS DO CLASSICISMO
• Busca pelo equilíbrio, pela proporção, pela objetividade e pela transparência.
• Obra mimética como reflexão de uma natureza que segue leis universais, ou seja,
a obra como concerto harmônico.
• Contenção da subjetividade, dos ímpetos da interioridade: o que vale é a obra,
não o que sente ou pensa o autor. O autor deve desaparecer perante a obra.
• Rigor formal: cada forma utilizada no texto clássico deve seguir um conjunto de
regras próprio.
• Separação das artes: os gêneros textuais não se misturam. A poesia lírica tem seu
próprio método e características que não devem ser confundidos com aqueles
da poesia épica, ou da dramaturgia, por exemplo.
• Noção do ideal de beleza grego, também norteado pela proporção e pelo
equilíbrio das formas.
• Neoplatonismo.
• Temas da mitologia greco-romana.
• Valorização da racionalidade em oposição à sentimentalidade e do universal em
detrimento do particular.
• Os Lusíadas
Camões ficou muito conhecido por seu trabalho como sonetista, mas sua grande obra
foi Os Lusíadas, poema épico de cunho nacionalista que exalta o período das Grandes
Navegações portuguesas. Inspirado em Virgílio e Homero pela forma e pelo tema, Camões
utiliza-se também da mitologia greco-romana para tecer a epopeia: Baco teria se voltado contra
os portugueses, por ser dono dos territórios indianos, e Vênus, por gostar do povo lusitano,
estaria a seu favor.
Assim, a viagem real de Vasco da Gama mistura-se a essa narrativa mitológica. Escritos
em 10 cantos com oito estrofes cada um, Os Lusíadas é obra de linguagem culta e elevada,
conforme a característica da poesia épica, e canta heroicamente os reis e os fidalgos
portugueses a partir da conquista dos novos territórios, adicionando também outros episódios
gloriosos da história de Portugal.
Canto I
As armas e os barões assinalados
Que, da Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca dantes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo reino, que tanto sublimaram;
E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando:
Cantando espalharei por toda a parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e a arte.
[...]
(Camões, Os Lusíadas.)
EXERCÍCIOS
1. O Classicismo é a face literária do Renascimento, movimento de renovação científica,
artística e cultural que marcou o fim da Idade Média e o nascimento da Idade Moderna
na Europa. Teve início em 1527, e suas principais características foram o culto aos
valores universais – o Belo, o Bem, a Verdade e a Perfeição – e a preocupação com a forma.
Tais valores aproximaram o Classicismo de duas escolas posteriores. São elas:
a) Barroco e Simbolismo;
b) Arcadismo e Parnasianismo;
c) Romantismo e Modernismo;
d) Trovadorismo e Humanismo;
e) Realismo e Naturalismo.
2. Estão, entre os principais representantes do Classicismo português:
a) Mário de Sá-Carneiro e Fernando Pessoa.
b) Florbela Espanca e Almeida Garrett.
c) Antero de Quental e Almada Negreiros.
d) Francisco de Sá de Miranda e Luís Vaz de Camões.
e) Eça de Queiroz e Miguel Torga.
Trata-se do:
a) Modernismo.
b) Barroco.
c) Romantismo.
d) Classicismo.
e) Realismo.
4. Leia o soneto de Luís Vaz de Camões para responder à questão:
Alma minha gentil, que te partiste
Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente,
E viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta sida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cd me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.
Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"
5. Leia
LXXVIII (Camões, 1525?-1580)
Leda serenidade deleitosa,
Que representa em terra um paraíso;
Entre rubis e perlas doce riso;
Debaixo de ouro e neve cor-de-rosa;
Presença moderada e graciosa,
Onde ensinando estão despejo e siso
Que se pode por arte e por aviso,
Como por natureza, ser fermosa;
Fala de quem a morte e a vida pende,
Rara, suave; enfim, Senhora, vossa;
Repouso nela alegre e comedido:
Estas as armas são com que me rende
E me cativa Amor; mas não que possa
Despojar-me da glória de rendido.
CAMÕES, L. Obra completa. Rio de janeiro: Nova Aguilar, 2008.
SANZIO, R. (1483-1520) A mulher com o unicórnio. Roma, Galleria Borghese. Disponível em:
www.arquipelagos.pt. Acesso em: 29 fev. 2012. (Foto: Reprodução/Enem)
GABARITO
1. B
2. D
3. D
4. A
5. C
SUMÁRIO
QUINHENTISMO ................................................................................................................................................ 2
INTRODUÇÃO AO QUINHETISMO .................................................................................................................. 2
PRODUÇÕES LITERÁRIAS NO BRASIL REALIZADAS EM 1500 ..................................................................... 2
CRÔNICAS .................................................................................................................................................. 2
LITERATURA JESUÍTICA .................................................................................................................................. 3
LITERATURA DE FORMAÇÃO ..................................................................................................................... 3
CARACTERÍSTICAS QUINHENTISTA ............................................................................................................ 5
FIXAÇÃO ............................................................................................................................................................. 6
GABARITO ...................................................................................................................................................... 9
QUINHENTISMO
INTRODUÇÃO AO QUINHETISMO
PRODUÇÕES LITERÁRIAS NO BRASIL REALIZADAS EM 1500
O Quinhentismo foi o conjunto de produções literárias produzidas no Brasil no século XVI.
Nesse período os países europeus, entre eles Portugal, iniciaram a busca de trocas
comercias lucrativas, exploração de pedras preciosas e matéria-prima, além da difusão
do Cristianismo na expansão marítima europeia. E foram nessas viagens marítimas em busca
de novos territórios que as embarcações portuguesas avistaram o Monte Pascal. Então, nessas
embarcações estavam aqueles que deram início às relações de colonização de exploração nas
novas terras descobertas e aqueles que escreveram relatos de tudo o que foi visto e encontrado.
Desse modo, na época do descobrimento do Brasil os registos escritos sobre os índios
brasileiros, a fauna e a flora, bem como as características da região, eram chamados
de literatura quinhentista. O nome Quinhentismo faz referência justamente ao ano do
descobrimento – 1500.
E nesse momento do colonialismo não existia uma literatura nacional. Uma vez que os
relatos da literatura quinhentista eram sob a ótica dos portugueses e não de escritores nascidos
na própria pátria.
A concepção de identidade e a literatura brasileira só foram construídas séculos depois
da colonização portuguesa.
CRÔNICAS
Os portugueses que escreviam cartas com a finalidade de manter o rei português, D.
Manuel I, bem informado sobre o “novo mundo” não tinham características propriamente de
literatura ou o valor literário.
A prova disso é que essas produções escritas tratavam dos objetivos materiais e
capitalistas da coroa portuguesa. Uma vez que descreviam sobre as riquezas naturais, a cultura
dos povos nativos, os animais, os recursos hídricos e todo levantamento para estabelecer a
relação metrópole-colônia. Dessa maneira, eram produções escritas mais históricas do que
literárias. E, por isso, muitos historiadores as consideram como crônicas
históricas ou literatura dos viajantes.
A carta do principal escrivão-mor português, Pero Vaz de Caminha, inaugurou a literatura
quinhentista de cunho histórico no Brasil.
Leia o trecho abaixo da carta de Pero Vaz de Caminha e preste atenção às palavras
grafadas:
E uma daquelas moças era toda tinta, de fundo a cima, daquela tintura, a qual, certo, era
tão bem feita e tão redonda e sua vergonha, que ela não tinha, tão graciosa, que a muitas
mulheres de nossa terra, vendo-lhes tais feições, fizera vergonha, por não terem a sua
como ela. (...)
O capitão, quando eles vieram, estava assentado em uma cadeira e uma alcatifa aos pés
por estrado, e bem vestido, com um colar d'ouro mui grande ao pescoço. (...) Um deles,
porém, pôs olho no colar do capitão e começou d'acenar com a mão para a terra e despois
para o colar, como que nos dizia que havia em terra ouro. E também viu um castiçal de
prata e assim mesmo acenava para a terra e então para o castiçal, como que havia
também prata (...)
Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro;
nem lha vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados como
os de Entre-Douro-e-Minho, porque neste tempo d'agora assim os achávamos como os
de lá. Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a
aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem! Porém, o melhor fruto que
dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal
semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. (...) [grifos nossos]
LITERATURA JESUÍTICA
LITERATURA DE FORMAÇÃO
Também conhecida como literatura catequética, esse grupo literário é composto por
poemas, cartas, sermões e peças de teatro produzidos pelos padres jesuítas que
desembarcaram no Brasil no início da colonização. De modo breve, é possível dizer que tais
produções tinham como principal função catequizar os nativos do território.
A catequização pode ser compreendida como uma espécie de colonização religiosa, haja
vista que os deuses e cultos indígenas foram demonizados pelos jesuítas, que impuseram o
catolicismo na região. Dessa forma, portanto, o Estado português dominou o território, e a
Igreja Católica colonizou a religião dos nativos.
Depois da chegada dos primeiros colonizadores os próximos viajantes que atravessaram
o Oceano Atlântico foram os padres jesuítas.
Os padres chegaram em 1549 na chamada Campanha de Jesus, com o objetivo
de catequizar os indígenas e os filhos dos colonizadores que moravam ou já nasciam na colônia
brasileira. Para isso, os religiosos utilizavam e produziam textos mais elaborados que as
crônicas históricas para difundir o Cristianismo. Muitos desses textos eram fundamentados no
movimento da Contrarreforma
da Igreja Católica, que objetivava a
conquista e reconquista de fiéis pelo
mundo a fora. Entre os pregadores
católicos destaca-se o padre José de
Anchieta, que produziu grande acervo
da Literatura jesuíta, como sermões,
poemas autos e cartas.
José de Anchieta é considerado o
pai do teatro brasileiro porque utilizou-
se, na época, dessa arte para produzir
muitas peças teatrais inspiradas na
bíblia, e assim divulgar o evangelho
entre os povos indígenas.
Os padres jesuítas utilizavam a Literatura jesuíta para fins religiosos. (Foto: Wikipédia)
Leia abaixo a cena do segundo ato da peça teatral “Auto de São Lourenço” de José de
Anchieta e preste atenção nas palavras negritadas:
GUAIXARÁ
Esta virtude estrangeira
Me irrita sobremaneira.
Quem a teria trazido,
com seus hábitos polidos
estragando a terra inteira?
Só eu
permaneço nesta aldeia
como chefe guardião.
Minha lei é a inspiração
que lhe dou, daqui vou longe
visitar outro torrão.
Observe que foi utilizado elemento da cultura indígena, nesse caso a “aldeia”, para
interagir, ensinar e doutrinar os índios. E ainda conceitos do Catolicismo, como a ideia de
“diabo”.
Na literatura jesuíta ainda teve destaque o fundador do Colégio São Paulo, na aldeia de
Piratininga, em 1553, padre Manuel da Nóbrega. Suas obras foram:
• Diálogo sobre a conversão do gentio;
• Informação das coisas da terra e necessidade que há para se proceder nela;
• Cartas do Brasil;
• Tratado contra a Antropofagia e contra os Cristãos Seculares e Eclesiásticos que
a Fomentam e a Consentem;
• Caso de Consciência para a Liberdade dos Índios.
CARACTERÍSTICAS QUINHENTISTA
• Narrativas textuais com caráter informativos e descritivo
• Usos de muitos adjetivos;
• Marcas da subjetividade dos autores;
• Linguagem sem rebuscamentos;
• Levantamento das principais questões de interesse capitalista;
• Narrativas mais elaborada para fins doutrinários e religiosos.
FIXAÇÃO
TEXTO I
Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a pouco começaram a vir mais.
E parece-me que viriam, este dia, à praia, quatrocentos ou quatrocentos e cinquenta. Alguns
deles traziam arcos e flechas, que todos trocaram por carapuças ou por qualquer coisa que lhes
davam. […] Andavam todos tão bem-dispostos, tão bem feitos e galantes com suas tinturas que
muito agradavam.
CASTRO, S. “A carta de Pero Vaz de Caminha”. Porto Alegre: L&PM, 1996 (fragmento).
TEXTO II
2. (UFSM 2014) A Carta de Pero Vaz de Caminha é o primeiro relato sobre a terra que viria
a ser chamada de Brasil. Ali, percebe-se não apenas a curiosidade do europeu pelo nativo,
mas também seu pasmo diante da exuberância da natureza da nova terra, que, hoje em
dia, já se encontra degradada em muitos dos locais avistados por Caminha.
Tendo isso em vista, leia o fragmento a seguir.
Esta terra, Senhor, parece-me que, da ponta que mais contra o sul vimos, até outra ponta que
contra o norte vem, de que nós deste ponto temos vista, será tamanha que haverá nela bem
vinte ou vinte e cinco léguas por costa. Tem, ao longo do mar, em algumas partes, grandes
barreiras, algumas vermelhas, outras brancas; e a terra por cima é toda chã e muito cheia de
grandes arvoredos. De ponta a ponta é tudo praia redonda, muito chã e muito formosa.
Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque a estender d’olhos não podíamos
ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa.
Nela até agora não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou
ferro; nem o vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados como
os de Entre-Douro e Minho, porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá.
As águas são muitas e infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo aproveitá-la, tudo
dará nela, por causa das águas que tem.
CASTRO, Sílvio (org.). A Carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, 2003, p. 115-6.
5. A famosa “Carta de achamento do Brasil”, mais conhecida como “A carta de Pero Vaz de
Caminha”, foi o primeiro manuscrito que teve como objeto a terra recém-descoberta.
Nela encontramos o primeiro registro de nosso país, feito pelo escrivão do rei de
Portugal, Pero Vaz de Caminha. Podemos inferir, então, a seguinte intenção dos
portugueses:
a) objetivavam o resgate de valores e conceitos sociais brasileiros.
b) buscavam descobrir, através da arte, a história da terra recém-descoberta.
c) estavam empenhados em conhecer um pouco mais sobre a arte brasileira.
d) firmar um pacto de cordialidade com os nativos da terra descoberta.
e) explorar a tão promissora nova terra.
GABARITO
1. C
2. A
3. C
4. A
5. E
SUMÁRIO
BARROCO ........................................................................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO AO BARROCO .......................................................................................................................... 2
PRINCIPAIS AUTORES................................................................................................................................. 3
FIXAÇÃO ............................................................................................................................................................. 3
GABARITO ...................................................................................................................................................... 6
BARROCO
Para entendermos o sentido do Barroco, devemos relembrar certos períodos anteriores
que fornecem a base ideológica desse movimento. Uma visada sobre o Renascimento oferecerá
melhor material de análise.
*Renascimento: preparado pelo Humanismo quatrocentista, o Renascimento explodiu,
nas três primeiras décadas do século XVI, como um movimento artístico internacional de vigor
extraordinário, sobretudo nas artes plásticas.
O Classicismo é a expressão literária do Renascimento – movimento de renovação cultural
europeia que significou avanços decisivos em todos os campos do conhecimento humano. Esse
movimento chega a Portugal através do poeta Sá de Miranda, que visitara a Itália e lá trouxera
fortes influências, mas é com Luís de Camões que atingirá seu maior momento.
Veja:
“Amor é um fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.”
(Luís de Camões)
INTRODUÇÃO AO BARROCO
Movimento artístico e literário iniciado no fim do século XVI na Itália e que se estendeu
principalmente pela Europa católica durante o século XVII e as primeiras décadas do XVIII, o
barroco caracteriza-se pelo uso exagerado de recursos estilísticos, a busca de efeitos e a
complexidade da forma e do fundo. Ideologicamente, seus temas, embora alguns de
procedência renascentista, transmitem uma visão negativa do mundo e do homem, o que
resultou num sentimento de desilusão que impregna a obra de muitos escritores. Por isso
surgiram tantas obras moralizadoras, ascéticas e satíricas. Na forma, a expressão é retorcida e
rebuscada e cultivava o jogo engenhoso de palavras ou da linguagem.
O Barroco é um momento de conflito. Isso porque, com a Contra-Reforma, movimento
reacionário da igreja que reage contra o Protestantismo, são revigorados o teocentrismo e o
misticismo medievais. Porem, era impossível apagar o legado renascentista e, assim, o homem
da época barroca vive a antítese de duas influências contrárias. O racional renascentista x o
irracional medieval. O antropocentrismo x o teocentrismo. Sendo assim, podemos constatar
que o barroco é um movimento marcado pelo desequilíbrio, pela instabilidade, pela morbidez.
Fragilizado o homem, ressurge também o ideal do carpe diem, ou seja, a idéia de que a vida
deve ser aproveitada antes que acabe.
A obra considerada tradicionalmente o marco inicial do Barroco brasileiro é
Prosopopéia (1601), de Bento Teixeira, um poema que procura imitar Os lusíadas.
Os escritores barrocos que mais se destacaram em nossa literatura são:
• Na poesia: Gregório de Matos, Bento Teixeira, Botelho de Oliveira e Frei
Itaparica;
• Na prosa: Pe. Antonio Vieira, Sebastião da Rocha Pita e Nuno Marques Pereira.
PRINCIPAIS AUTORES
GREGÓRIO DE MATOS GUERRA (1636 – 1696)
Nasceu na Bahia, filho de pessoas abastadas, tendo inclusive estudado na Universidade de
Coimbra. No Brasil, ocupou postos importantes da vida burocrática, mas por sua veia satírica e
por sua vida desregrada foi demitido e desterrado para Angola. De volta, não podendo ficar na
Bahia, fixou-se no Recife, onde morreu.
ANTONIO VIEIRA (1608 – 1697)
Nasceu em Lisboa, veio menino para a Bahia com seu pai, alto funcionário da Coroa.
Estudou com os jesuítas, ordenando-se aos 26 anos. Em 1641, retorna a Lisboa, tornando-se o
grande pregador da corte. Defendeu a necessidade de uma burguesia contra o espírito
reacionário do santo ofício. A pedido do rei, executou várias funções políticas e diplomáticas.
Voltando ao Brasil, fixou-se no Maranhão, onde despertou o ódio dos colonos por sua
encarniçada defesa dos índios. Condenado pela Inquisição, viajou para Roma, conseguindo
absolvição e prestígio. Com 73 anos, estabeleceu residência definitiva na Bahia.
FIXAÇÃO
1. A obra de Gregório de Matos – autor que se destaca na literatura barroca brasileira –
compreende:
a) poesia épico-amorosa e obras dramáticas.
b) poesia satírica e contos burlescos.
c) poesia lírica, de caráter religioso e amoroso, e poesia satírica.
d) poesia confessional e autos religiosos.
e) poesia lírica e teatro de costumes.
LEIA
"Quando jovem, Antônio Vieira acreditava nas palavras, especialmente nas que eram
ditas com fé. No entanto, todas as palavras que ele dissera, nos púlpitos, na salas de aula,
nas reuniões, nas catequeses, nos corredores, nos ouvidos dos reis, clérigos, inquisidores,
duques, marqueses, ouvidores, governadores, ministros, presidentes, rainhas, príncipes,
indígenas, desses milhões de palavras ditas com esforço de pensamento, poucas - ou
nenhuma delas - havia surtido efeito. O mundo continuava exatamente o de sempre. O
homem, igual a si mesmo."
Ana Miranda, BOCA DO INFERNO.
3. Essa passagem do texto faz referência a um traço da linguagem barroca presente na obra
de Vieira; trata-se do:
a) gongorismo, caracterizado pelo jogo de idéias.
b) cultismo, caracterizado pela exploração da sonoridade das palavras.
c) cultismo, caracterizado pelo conflito entre fé e razão.
d) conceptismo, caracterizado pelo vocabulário preciosista e pela exploração de
aliterações.
e) conceptismo, caracterizado pela exploração das relações lógicas, da argumentação.
"A morte tem duas portas. Uma porta de vidro, por onde se sai da vida; outra porta de
diamante, por onde se entra à eternidade. Entre estas duas portas se acha subitamente
um homem no instante da morte, sem poder tornar atrás, nem parar, nem fugir, nem
dilatar, senão entrar para onde não sabe, e para sempre. Oh que transe tão apertado! oh
que passo tão estreito! oh que momento tão terrível! Aristóteles disse que entre todas as
coisas terríveis, a mais terrível é a morte. Disse bem; mas não entendeu o que disse. Não
é terrível a morte pela vida que acaba, senão pela eternidade que começa. Não é terrível
a porta por onde se sai; a terrível é a porta por onde se entra. Se olhais para cima: uma
escada que chega ao céu; se olhais para baixo: um precipício que vai parar no inferno. E
isto incerto".
Como bom barroco e oportunista que era, este poeta de um lado lisonjeia a vaidade dos
fidalgos e poderosos, de outro investe contra os governadores, os "falsos fidalgos". O fato
é que seus poemas satíricos constituem um vasto painel ________, que ________ compôs com
rancor e engenho ainda hoje admirados pela expressividade.
a) do Brasil do século XIX - Gregório de Matos.
b) da sociedade mineira do século XVIII - Cláudio Manuel da Costa.
c) da Bahia do século XVII - Gregório de Matos.
d) do ciclo da cana-de-açúcar - Antônio Vieira.
e) da exploração do ouro em Minas - Cláudio Manuel da Costa.
GABARITO
1-C
2-D
3-E
4-C
5-C
SUMÁRIO
ARCADISMO ....................................................................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO AO ARCADISMO ...................................................................................................................... 2
O ARCADISMO NO BRASIL ............................................................................................................................. 2
A IMPORTÂNCIA DO ARCADISMO ............................................................................................................. 3
SINOPSE DE IDEAIS .................................................................................................................................... 3
FIXAÇÃO ............................................................................................................................................................. 4
GABARITO ...................................................................................................................................................... 7
ARCADISMO
INTRODUÇÃO AO ARCADISMO
O da época, século XVIII corresponde, na história literária, ao período neoclássico. Nesse
período, também conhecido como Século das Luzes ou Iluminismo, toda a cultura européia
teve uma forte marca francesa. A literatura passou por profundas transformações: submetida a
um conjunto de normas, converteu-se em veículo das idéias iluministas. Fundaram-se as
academias que impuseram, de acordo com o espírito da época uma norma autoritária de
inspiração clássica, asfixiando o impulso criador, originando um ambiente pouco favorável ao
cultivo das letras e promovendo uma literatura intelectual, utilitária, moralista e educativa. Nas
décadas posteriores houve uma reação, o pré-romantismo, que voltou a valorizar a imaginação
e o mundo dos sentimentos.
Se no século XVII, durante o período do Barroco, são construídas igreja e palácios que
solenes que causam um misto de respeito e admiração por aquilo que significam: o Poder do
Deus e o Poder do Estado; no século XVIII são construídas casas graciosas e belos jardins,
anunciando um novo sentido de vida. Ao mármore, ao bronze, ao ouro, preferem-se pedras mais
simples. Às cores sérias das igrejas e dos castelos, preferem-se o verde, o rosa. Ao pomposo, se
prefere o íntimo e o frívolo.
As manifestações artísticas do século XVIII refletem a ideologia da classe aristocrática em
decadência e da alta burguesia, insatisfeitas com o absolutismo real, como a pesada solenidade
do Barroco, com as formas sociais de convivência rígidas, artificiais e complicadas.
Também a filosofia do Iluminismo, em seu primeiro momento conciliando os interesses
da burguesia com certas parcelas da nobreza, através de um fenômeno típico do século XVIII; o
despotismo esclarecido, e afirmando que todas as coisas podem ser compreendidas,
resolvidas e decididas pelo poder da razão, assenta um golpe definitivo na visão de mundo
barroco, baseada mais no sensitivo do que no racional.
Portanto, no século XVIII procura-se simplificar a arte. E esta simplificação se dará na
pintura, na música, na literatura e na arquitetura, pela imitação dos clássicos, pela aproximação
com a natureza e pela valorização das atividades galantes dos frequentadores dos salões da
nobreza europeia.
Blz
O ARCADISMO NO BRASIL
A primeira alteração significativa que ocorre na estrutura da sociedade colonial
brasileira é o surgimento da atividade mineradora, no século XVIII.
Até então, tínhamos uma sociedade dualista, composta somente por senhores-de-terra
e escravos ou agregados. A mineração ocasiona o desenvolvimento urbano e a criação de uma
incipiente classe média que nasce das necessidades de uma aparelhagem administrativa,
financeira e militar com a qual a coroa portuguesa pudesse exercer controle sobre a produção
do ouro.
Por outro lado, o progresso das cidades origina o surgimento de um comércio múltiplo,
de várias profissões urbanas, aproxima as pessoas através da vizinhança, traduz-se em relações
sociais, em concorrência, em novos estímulos.
A literatura funcionou, neste momento, como elemento de ligação social, de
conversação e prestígio. Nos saraus, os funcionários públicos e os profissionais liberais
declamavam seus poemas para um publico predominantemente composto por amigos e
familiares.
Claro que jamais se pensou na criação de uma literatura autônoma, pois a dependência
econômica e política era também a dependência cultural. Vivia-se nas metrópoles européias o
Arcadismo. Aqui, se imitava a “civilização”: Claudio Manoel da Costa, Tomás Antonio Gonzaga e
outros eram árcades, isto é, seguiam os modelos poéticos em voga nos países imperiais. Neste
aspecto o Arcadismo pouco contribuiu para a efetivação de uma literatura tipicamente
brasileira. A participação dos árcades na Inconfidência foi pouco menos do que um equívoco,
alimentando, entretanto, a crença ingênua junto aos pósteros de que teriam, em suas vidas e
obras, profundas intenções nacionalistas.
A cópia dos padrões europeus se reflete na criação de Academias e Arcádias,
associações de poetas com objetivos e princípios literários comuns: eliminar a estética barroca
e revitalizar o CLASSICISMO. No Brasil, as diversas academias assumiam outra função: uma
aliança entre os letrados com fins de preservação e estímulo da vida cultural, constantemente
ameaçada pela indiferença do meio.
A IMPORTÂNCIA DO ARCADISMO
A importância do Arcadismo para a nossa história literária não reside, contudo, nas obras
ou na formação de academias. Sua validade consiste num dado sociológico estabelecido a partir
de débil efervescência cultural da época: um público leitor permanente e regular.
PRINCIPAIS REPRESENTANTES
CLAUDIO MANUEL DA COSTA (1729 – 1789)
Nasceu em Mariana, filho de portugueses ligados à mineração. Estudou com os jesuítas no
Rio de Janeiro e formou-se em Vila Rica, exercendo a advocacia. Preso por suposta participação
na Inconfidência, acabou suicidando-se na prisão.
SINOPSE DE IDEAIS
INUTILIA TRUNCAT: todas as inutilidades deveriam ser retiradas da poesia, para que esta
retornasse aos ideais gregos de objetividade e equilíbrio.
FUGERE URBEM: a tranqüilidade, a paz necessária para a contemplação não seria encontrada
na cidade, de onde é necessário fugir em direção ao campo (lócus amoenus)
CARPE DIEM: permanece a idéia de aproveitar o tempo enquanto se pode. Se o tempo passa
rápido, se a beleza logo acaba, se tudo, enfim, é efêmero, resta apenas viver o presente sem se
preocupar com o amanhã.
FIXAÇÃO
1. Uma das afirmações abaixo é incorreta. Assinale-a:
a) O escritor árcade reaproveita os seres criados pela mitologia greco-romana, deuses e
entidades pagãs. Mas esses mesmos deuses convivem com outros seres do mundo
cristão.
b) A produção literária do Arcadismo brasileiro constitui-se sobretudo de poesia, que pode
ser lírico-amorosa, épica e satírica.
c) O árcade recusa o jogo de palavras e as complicadas construções da linguagem barroca,
preferindo a clareza, a ordem lógica na escrita.
d) O poema épico Caramuru, de Santa Rita Durão, tem como assunto o descobrimento da
Bahia, levado a efeito por Diogo Álvares Correia, misto de missionários e colonos
português.
e) A morte de Moema, índia que se deixa picar por uma serpente, como prova de fidelidade
e amor ao índio Cacambo, é trecho mais conhecido da obra O Uruguai, de Basílio da
Gama.
Carpe Diem.
2. Assinale o movimento literário ao qual ele pertence, bem como o seu autor:
a) Romantismo, de autoria de Gonçalves Dias.
b) Arcadismo, de autoria de Santa Rita Durão.
c) Arcadismo, de autoria de Tomás Antônio Gonzaga.
d) Simbolismo, de Alphonsus de Guimaraens.
e) Romantismo, de autoria de Álvares de Azevedo.
Texto 1
Eu quero uma casa no campo
do tamanho ideal
pau-a-pique e sapê
Onde eu possa plantar meus amigos
meus discos
meus livros
e nada mais
(Zé Rodrix e Tavito)
Texto 2
Se o bem desta choupana pode tanto,
Que chega a ter mais preço, e mais valia,
Que da cidade o lisonjeiro encanto;
Aqui descanse a louca fantasia;
E o que té agora se tornava em pranto,
Se converta em afetos de alegria.
(Cláudio Manuel da Costa)
3. Embora muito distantes entre si na linha do tempo, os textos aproximam-se, pois o ideal
que defendem é
a) o uso da emoção em detrimento da razão, pois esta retira do homem seus melhores
sentimentos.
b) o desejo de enriquecer no campo, aproveitando as riquezas naturais.
c) a dedicação à produção poética junto à natureza, fonte de inspiração dos poetas.
d) o aproveitamento do dia presente - o carpe diem-, pois o tempo passa rapidamente.
e) o sonho de uma vida mais simples e natural, distante dos centros urbanos.
d) O desejo de aproveitar o dia e a vida enquanto é possível, também conhecido como carpe
diem.
e) A poesia árcade apresentou um convencionalismo amoroso: não há variações
emocionais de um poema para o outro nem de poeta para poeta, importando mais
escrever poemas como os poetas clássicos escreviam.
SONETO
Obrei quanto o discurso me guiava,
Ouvi aos sábios quando errar temia;
Aos bons no gabinete o peito abria,
Na rua a todos como iguais tratava.
GABARITO
1. E
2. C
3. A
4. B
5. C
SUMÁRIO
ROMANTISMO POESIA ...................................................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO................................................................................................................................................. 2
ROMANTISMO NO BRASIL ............................................................................................................................. 2
CARATERÍSTICAS DA POESIA ROMÂNTICA .................................................................................................... 2
BIOGRAFIA DE GONÇALVES DIAS................................................................................................................... 3
PRINCIPAIS OBRAS E CARACTERÍSTICAS .................................................................................................... 3
TEXTOS DE GONÇALVES DIAS .................................................................................................................... 4
BIOGRAFIA ALVARES DE AZEVEDO ................................................................................................................ 6
OBRAS E CARACTERÍSTICAS ....................................................................................................................... 6
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 8
GABARITO .................................................................................................................................................... 14
ROMANTISMO POESIA
INTRODUÇÃO
A poesia romântica brasileira é aquela que foi produzida durante o período do
Romantismo no Brasil. Além da prosa, nesse período teve destaque a poesia romântica. Vale
lembrar que esse termo pode ser utilizado para as poesias que envolvem a subjetividade do eu-
lírico e seus aspectos românticos.
ROMANTISMO NO BRASIL
Antes de estudar sobre os aspectos mais importantes da poesia romântica, vale
mencionar que o romantismo no Brasil teve início em 1836, com a publicação da obra “Suspiros
Poéticos e Saudades”, de Gonçalves de Magalhães.
O movimento esteve dividido em três períodos:
• Primeira Geração: no contexto pós independência do país, a primeira geração
esteve marcada pelo binômio “nacionalismo-indianismo”.
• Segunda Geração: é chamada de “Mal do Século” ou “Ultrarromantismo” e
recebeu grande influência do poeta inglês Lord Byron.
• Terceira Geração: chamada de “Condoreirismo” ou “Geração Condoreira”, essa
fase foi influenciada pela poesia social do poeta francês Victor Hugo.
Gonçalves Dias foi um dos maiores poetas da primeira geração romântica do Brasil. Foi
patrono da cadeira 15 na Academia Brasileira de Letras (ABL). Lembrado como poeta
indianista, ele escreveu sobre temas relacionados à figura do índio. Além de poeta, ele foi
jornalista, advogado e etnólogo. Gonçalves Dias foi um dos maiores poetas da primeira geração
romântica do Brasil. Foi patrono da cadeira 15 na Academia Brasileira de Letras (ABL).
Lembrado como poeta indianista, ele escreveu sobre temas relacionados à figura do índio. Além
de poeta, ele foi jornalista, advogado e etnólogo.
OBRAS LÍRICO-AMOROSAS
Nessa fase Gonçalves Dias exaltou o amor, a tristeza, a saudade e a melancolia. De sua obra
poética merecem destaque:
• Se se morre de amor
• Ainda uma vez-adeus!
• Seus olhos
• Canção do exílio
• Sextilhas de Frei Antão
Os principais livros de Gonçalves Dias são:
• Primeiros Cantos
• Segundos Cantos
• Últimos Cantos
• Cantos
TEXTOS DE GONÇALVES DIAS
CANÇÃO DO EXÍLIO
Sem dúvida, a Canção do Exílio é um dos poemas mais emblemáticos do escritor.
Publicado em 1857, nesse poema Gonçalves Dias expressou a solidão e a saudade que sentia da
sua terra quando esteve em Portugal.
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Confira abaixo também alguns trechos dos melhores poemas de Gonçalves Dias:
Canção do Tamoio
Um dia vivemos!
O homem que é forte
Não teme da morte;
Só teme fugir;
No arco que entesa
Tem certa uma presa,
Quer seja tapuia,
Condor ou tapir.
I-Juca-Pirama
Da tribo pujante,
Que agora anda errante
Por fado inconstante,
Guerreiros, nasci:
Sou bravo, sou forte,
Sou filho do Norte;
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi.
OBRAS E CARACTERÍSTICAS
Devido a sua morte prematura, a produção literária de Álvares de Azevedo foi publicada
postumamente.
Merece destaque a antologia poética “Lira dos Vinte Anos”, única obra que o poeta
preparou para publicação, e que foi somente publicada em 1853.
Essa obra foi parte de um projeto que não se realizou, criado em parceria com os amigos
e escritores mineiros Bernardo Guimarães (1825-1884) e Aureliano Lessa (1828-1861). A ideia
era que a publicação seria chamada de “As Três Liras”.
Seus escritos foram fortemente influenciados pelas obras do poeta inglês romântico Lord
Byron (1788-1824). Vale lembrar que, a segunda geração do romantismo recebeu o nome de
"Byroniana ou Ultrarromântica", justamente por estar inspirada na produção desse poeta.
Assim, as obras de Álvares de Azevedo estiveram marcadas pelo pessimismo. Nota-se a
escolha de temas sobre a morte, dor, enfermidade, desilusão amorosa e frustração, permeadas
muitas vezes, por um tom sarcástico e irônico.
OUTRAS OBRAS QUE FORAM PUBLICADAS POSTUMAMENTE:
• Poesias Diversas (1853)
• Noite na Taverna (1855)
• Macário (1855)
• Poema do Frade (1862)
• O Conde Lopo (1866)
Confira abaixo dois poemas que compõem a obra mais emblemática de Álvares de
Azevedo: “Lira dos Vinte Anos”:
Minha Desgraça
O Lenço Dela
FRASES
“A vida é um escárnio sem sentido. Comédia infame que ensanguenta o lodo.”
“Em negócios de amor, nada de sócios.”
“Deixo a vida como deixo o tédio.”
“Feliz daquele que no livro d'alma não tem folhas escritas. E nem saudade amarga,
arrependida, nem lágrimas malditas.”
“Não há melhor túmulo para a dor do que uma taça cheia de vinho ou uns olhos negros
cheios de languidez.”
“Todo o vaporoso da visão abstrata não interessa tanto como a realidade da bela
mulher a quem amamos.”
EXERCÍCIOS
1. Leia atentamente e responda:
CANÇÃO DO EXÍLIO
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
4. O nú cleo temá tico do soneto citado é tı́pico da segunda geração romântica, porém
configura um lirismo que o projeta para além desse momento específico. O fundamento
desse lirismo é
a) a angú stia alimentada pela constataç ão da irreversibilidade da morte.
b) a melancolia que frustra a possibilidade de reaç ão diante da perda.
c) o descontrole das emoç ões provocado pela autopiedade.
d) o desejo de morrer como alı́vio para a desilusã o amorosa.
e) o gosto pela escuridã o como soluç ão para o sofrimento.
“Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a mais atrevida
criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que já lhe coubesse a
primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o autor
sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não digo que lhe
maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía das mãos da
natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a outro indivíduo,
para os fins secretos da criação.”
ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Jackson,1957.
[...]
TEXTO B
Canto de regresso à Pátria
Os passarinhos daqui
Eu quero tudo de lá
GABARITO
1. C
2. E
3. A
4. B
5. A
6. B
7. C
SUMÁRIO
ROMANTISMO POESIA II ................................................................................................................................... 2
TERCEIRA GERAÇÂO ...................................................................................................................................... 2
CARACTERÍSTICAS ...................................................................................................................................... 2
ESTILO DE CASTRO ALVES .............................................................................................................................. 3
ÊNFASE SOCIAL .......................................................................................................................................... 3
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 6
GABARITO ...................................................................................................................................................... 8
ROMANTISMO POESIA II
TERCEIRA GERAÇÂO
A Terceira Geração Romântica no Brasil é o período que corresponde de 1870 a 1880.
Conhecida como "Geração Condoreira", uma vez que esteve marcada pela liberdade e uma visão
mais ampla, características da ave que habita a Cordilheira dos Andes: Condor. Nesse período,
a literatura sofre forte influência do escritor francês Victor-Marie Hugo (1802-1885) recebendo
o nome de "Geração Hugoniana". Importante notar que nessa fase, a busca pela identidade
nacional ainda continua, não só focada nas etnias europeia e indígena, mas também na
identidade negra do país. Por esse motivo, o tema do abolicionismo foi bastante explorado pelos
escritores, com destaque para Castro Alves, que ficou conhecido como o "poeta dos escravos".
CARACTERÍSTICAS
A Terceira Geração Romântica tem como principais características:
• Erotismo
• Pecado
• Liberdade
• Abolicionismo
• Realidade social
• Negação do amor platônico
PRINCIPAIS AUTORES
Os principais escritores brasileiros dessa fase:
Antônio Frederico de Castro Alves (1847-1871)
Escritor baiano de maior destaque da terceira geração romântica, Castro Alves, chamado
de "Poeta dos Escravos” apresenta uma poesia dividida em duas temáticas: a poesia social e a
poesia lírico-amorosa. Dentre elas podemos destacar: O Navio Negreiro (1869), Espumas
Flutuantes (1870), A Cachoeira de Paulo Afonso (1876), Os Escravos (1883).
Joaquim de Sousa Andrade (1833-1902)
Mais conhecido por Sousândrade, Joaquim de Sousa Andrade foi um escritor e poeta
maranhense muito influente da literatura brasileira. Em 1857, publicou seu primeiro livro de
poesia “Harpas Selvagens”(1857). Sua obra mais destacada é o poema narrativo: O Guesa
(1871) baseado na lenda indígena Guesa Errante.
Tobias Barreto de Meneses (1839-1889)
Tobias Barreto foi poeta, filósofo e crítico brasileiro, notável pelos seus poemas
românticos com grande influência do escritor Victor-Marie Hugo (1802-1885). Suas obras:
Glosa (1864), Amar (1866), O Gênio da Humanidade (1866), A Escravidão (1868).
Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo (1849-1910)
Um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, Joaquim Nabuco foi um poeta,
jornalista, diplomata, orador, político e historiador brasileiro. Os principais temas de sua obra:
abolição da escravatura e liberdade religiosa. Suas obras: Abolicionismo (1883), Escravos
(1886), Minha formação (1900).
Se é loucura… se é verdade
A poesia social de Castro Alves é caracterizada: pelo discurso retórico, declamativo; uso
exagerado de hipérboles e antíteses; acúmulo sucessivo de metáforas; movimento, com o
objetivo de demonstrar concretamente o ritmo da luta da humanidade em busca da liberdade;
e impressionante capacidade de comunicação. A poesia, portanto, perde terreno para a
propaganda política. Pragmático, o poeta usa a poesia para levar o leitor à ação, para
transformar e não só para deleitar. Trata-se de uma arte engajada no marketing das ideias
sociais e políticas:
Convite à senzala
Para convencer o ouvinte/leitor, Castro Alves convida-o a descer à senzala e conhecer o
terrível drama humano que lá se encena:
Leitor, se não tens desprezo
(…)
ou em “A Órfã na Sepultura”:
Mãe, minha voz já me assusta…
EXERCÍCIOS
1. Sobre a literatura produzida por Castro Alves, assinale as alternativas corretas:
I. Representa, na evolução da poesia romântica brasileira, um momento de maturidade e
transição, substituindo temáticas ufanistas e de idealização do amor por temáticas mais
críticas e realistas;
II. Sua produção literária estava voltada ao projeto de construção da cultura brasileira,
dando destaque ao romance indianista;
III. Desprezou o rigor das regras gramaticais, aproximando a linguagem literária da
linguagem falada pelo povo brasileiro;
IV. A ironia era um traço constante em sua obra, representando uma forma não passiva de
ver a realidade, tecendo uma fina crítica à noção de ordem e às convenções do mundo
burguês;
V. Apresenta uma linguagem voltada para a defesa de seus ideais liberais e, por isso, é
grandiosa e hiperbólica, prenunciando a perspectiva crítica e objetiva do Realismo.
a) Todas as alternativas estão corretas.
b) Apenas I está correta.
c) Apenas III e V estão corretas.
d) Apenas I e V estão corretas.
2. (FUC-MT) Considerando os seguintes itens:
I. Autor da obra Cantos e Fantasias e O Estandarte Auriverde.
II. Foi chamado de “o poeta dos escravos” por seus textos contra a escravidão.
III. Autor de Juca Pirama, belo poema de inspiração indianista.
IV. Sua poesia é extremamente egocêntrica e sentimental, exprimindo um pessimismo
doentio, uma descrença generalizada, um tédio de vida que impregna tudo de tristeza e
desilusão.
V. Seu estilo vibrante e oratório empolgava os ouvintes, popularizando seus poemas de
caráter social.
GABARITO
1. D
2. E
3. A
4. C
SUMÁRIO
A PROSA ROMÂNTICA ....................................................................................................................................... 2
O ROMANCE ROMÂNTICO............................................................................................................................. 2
O ROMANCE NO BRASIL ............................................................................................................................ 2
ROMANCES URBANOS ............................................................................................................................... 2
ROMANCES REGIONALISTAS ..................................................................................................................... 3
ROMANCES HISTORICOS E INDIANISTAS ................................................................................................... 3
GABARITO ...................................................................................................................................................... 5
A PROSA ROMÂNTICA
O ROMANCE ROMÂNTICO
Os romances dos românticos europeus, Vitor Hugo, Alexandre Dumas, Eugêne Sue,
Walter Scott, etc., tornam populares no Brasil, através de publicações em jornais, depois de
1830, criando no publico o gosto por um gênero ainda desconhecido entre nós.
Na Europa e nas traduções brasileiras, essas narrativas eram editadas sob a forma de
capítulos, aumentando extraordinariamente a tiragem dos periódicos. Os leitores se
entusiasmavam pelo desenvolvimento das histórias, seduzidos pela riqueza de acontecimentos
bombásticos, pelas emoções desenfreadas, pela linguagem acessível, pela ausência de qualquer
abstração, ansiosos pelo ultimo capitulo, quando tudo se ajustava e explicava.
Tais romances receberam o nome de folhetins. Ao escrever um folhetim, o artista
submetia-se às exigências do poblico burguês e dos diretores dos jornais. Sue, romancista
francês, ressuscitou um personagem porque os leitores não haviam se conformado com sua
morte, e isto ameaçava a venda do periódico, onde a narrativa era publicada. Alem disso, os
folhetins não podiam criticar os valores da época, reivindicar o verdadeiro humanismo, pois
obrigatoriamente tinham de se sujeitar aos valores ideológicos do público, constituindo-se
assim numa arte de evasão e alienação da realidade.
O ROMANCE NO BRASIL
O sucesso do folhetim europeu em jornais brasileiros possibilitou o surgimento de
vulgares adaptações, feitas por escritores de segunda categoria, até que, em 1844, sai à luz do
romance A moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, mais do que uma simples cópia de
narrativas européias. Surgia o romance brasileiro (em certos aspectos). E o nosso romance
começava sob a dimensão do romantismo.
CLASSIFICAÇÃO DO ROMANCE BRASILEIRO
• ROMANCES URBANOS
• ROMANCES INDIANISTAS
• ROMANCES HISTÓRICOS E REGIONALISTAS.
ROMANCES URBANOS
Numa corte onde a imitação de costumes europeus se misturava com a mediocridade da
vida local, Alencar percebeu a existência de uma tensão: “a luta entre o espírito conterrâneo e
a invasão estrangeira”. E tentou retratar essa duplicidade. Mas lhe faltou clareza ideológica.
Seus relatos urbanos são tão contraditórios quanto a sociedade que procura refletir. Oscilam
entre a estrutura do folhetim e a percepção da realidade brasileira. Só que esta era de tal forma
pobre, que não bastaria para um romancista seduzido pela idéia de grandeza. Precisou inventar
paixões violentas, renuncias sublimes, etc., o que geralmente compromete suas narrativas com
valores alienígenas.
Contudo, dois relatos permanecerão modelares. Neles, a autor além de traçar os seus
“perfis femininos” – foi capaz de relacionar o drama dos indivíduos com o organismo social.
Num, (Lucíola) a impossibilidade da união entre dois grupos distintos, o marginal e o burguês.
Noutro, (Senhora) o casamento por interesse, um dos poucos móveis de ascensão econômica
na sociedade brasileira da eopca.
ROMANCES REGIONALISTAS
Os chamados romances “regionalistas” são também construídos a partir daquele
nacionalismo que constitui uma das idéias chaves do autor. Alencar vê as regiões “de fora”,
mesmo quando escreve “O sertanejo”, cuja realidade devia conhecer bem. Não está
interessado em revelar o cerne de um mundo diferenciado do litoral. Pelo contrario, quer
integrar as regiões ao corpo de uma nação centralizada, sob o comando das elites imperiais.
Alencar torna-se o porta-voz artístico da unificação nacional. E o resultado é uma literatura
mítica, celebratória dos encantos regionais, porem insuficiente para descrever as
peculiaridades e o atraso das províncias periféricas do país.
FIXAÇÃO
1. O Romance Urbano ou Romance de Costumes designam as obras que retratam o Brasil,
principalmente o Rio de Janeiro, no Segundo Reinado (1831-1840). Apontam os aspectos
da vida urbana e dos costumes burgueses. Esses romances abordam as intrigas amorosas
e as desigualdades econômicas. O fim é, invariavelmente, feliz e com a vitória do amor. O
romance Lucíola pertence à chamada fase urbana da produção ficcional de José de
Alencar. Nesse livro:
a) o autor discute a desigualdade social no meio urbano.
b) o autor mostra a prostituição como um grave problema social urbano.
c) não há uma típica narrativa romântica, pois o autor fala da prostituição, que é um tema
naturalista.
d) não existe a presença do amor; há apenas promiscuidade sexual.
e) o autor focaliza o drama da prostituição na esfera do indivíduo, mostrando a diferença
entre o ser e o parecer.
LEIA.
“Vocês mulheres têm isso de comum com as flores, que umas são filhas da sombra e
abrem com a noite, e outras são filhas da luz e carecem do Sol. Aurélia é como estas;
nasceu para a riqueza. Quando admirava a sua formosura naquela salinha térrea de Santa
Tereza, parecia-me que ela vivia ali exilada. Faltava o diadema, o trono, as galas, a
multidão submissa; mas a rainha ali estava em todo o seu esplendor. Deus a destinara à
opulência.”
3. (FUVEST) Ao final da narrativa, Ceci decide permanecer na selva com Peri: “— Peri não
pode viver junto de sua irmã na cidade dos brancos, sua irmã fica com ele no deserto, no
meio da floresta.”
A decisão de Ceci traduz:
a) a supremacia da cultura indígena sobre a branca europeia.
b) a capacidade de renúncia da mulher que, por amor, submete-se a intensos sacrifícios.
c) a impossibilidade de Peri habitar a cidade, entre os civilizados.
d) o entrelaçamento da civilização branca europeia e da cultura natural indígena.
e) o reconhecimento de que o ambiente natural é o espaço perfeito para a realização
amorosa.
GABARITO
1. E
2. E
3. D
SUMÁRIO
REALISMO .......................................................................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO AO REALISMO ......................................................................................................................... 2
O SURGIMENTO DO REALISMO ..................................................................................................................... 2
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS REALISTAS ................................................................................................. 3
BIOGRAFIA MACHADO DE ASSIS ................................................................................................................... 3
CARACTERÍSTICAS REALISTAS .................................................................................................................... 3
OBRAS ........................................................................................................................................................ 4
FASES MACHADIANA ..................................................................................................................................... 4
FASE ROMÂNTICA ...................................................................................................................................... 4
FASE REALISTA ........................................................................................................................................... 5
GABARITO ...................................................................................................................................................... 8
REALISMO
INTRODUÇÃO AO REALISMO
A segunda metade do século XIX, na Europa, define-se por uma série de transformações,
cientificas e ideológicas que possibilitam o surgimento de uma estética antirromântica.
Uma nova revolução industrial, caracterizada pelo avanço tecnológico e progresso
cientifico, modifica não apenas os processos de produção, mas a própria estrutura econômica.
Os negócios familiares em pequena escala são substituídos por trustes e cartéis, a população se
concentra em vastos aglomerados urbanos, impelida pela unificação das empresas. Estas
empresas têm a voragem dos mercados internacionais, e as nações, que delas se tornam
representantes, fazem-se imperialistas, partindo para a conquista direta ou indireta de
considerável parcela de países não-europeus. É o grande momento da Europa: a burguesia
urbana, enriquecida pelo episódio colonial, vive o luxo, goza o poder sobre o mundo.
Um mundo que agora se explica a partir de si mesmo: Comte cria o pensamento
positivismo, e a sociedade passa a ser entendida em sua existência concreta, “positivista”;
Darwin elabora a teoria da evolução das espécies; Lamrck estabelece bases reais para a
Biologia; a Psicologia é associada à Fisiologia; a Medicina se torna experimental; Pasteur
penetra nos segredos de microorganismos; Taine organiza padrões objetivos para a crítica
literária: eis um mundo claro, sem abismos, mundo que racionaliza o seu próprio
irracionalismo, que já não encerra mistérios, como diziam os cientista da época.
As contradições, no entanto, estavam latentes: as cidades, crescendo sem planejamento,
não ofereciam as mínimas condições de conforto e higiene; acentuava-se a divisão do trabalho
entre a burguesia e o proletariado; o socialismo de Marx ganhava adeptos; irrompem revoltas
de trabalhadores que são reprimidas brutalmente. Nesse universo que é, ao mesmo tempo, o
da euforia burguesa e o do capitalismo desumano, os valores românticos entram em crise.
Já não é possível a fantasia, nem o mito da natureza, nem o fechar-se na própria
interioridade. Os acontecimentos exigem o artista.
Agora ele é um participante do mundo, ou, ao menos, um observador do mundo.
Verdade que o sentimento desagradável da realidade persistirá em sua alma, herança do
Romantismo. Mas em vez de transformar esse sentimento em desabafo, ou grito, como o
romântico, o artista procurará examiná-lo à luz de teorias sociológicas, psicológicas ou
biológicas.
O SURGIMENTO DO REALISMO
Realismo é um termo bastante amplo que serve para designar as mais variadas
tendências artísticas, porém, como doutrina estética, surge depois de 1850, na França, com
Madame Bovary de Gustave Flaubert.
Colocando a romântica Ema Bovary em contato com a realidade, Flaubert reflete sobre
a impossibilidade de concretização das fantasias sentimentais. E ao destroçar estes sonhos, os
sonhos da senhora Bovary, o autor caracteriza a impotência e a alienação romântica diante dos
princípios da realidade, embora, para Flaubert, a realidade fosse uma coisa grosseira e pouco
gratificante.
Mesmo assim, podemos dizer que o Realismo já se estruturara, em termos práticos,
alguns anos antes, com Balzac e Stendhal. Em seus melhores romances (Ilusões perdidas e O
vermelho e o negro) postulados realistas são facilmente identificáveis.
Balzac olha indivíduos sempre como representantes de certos grupos sociais, e esses
indivíduos só possuem significado dentro das narrativas se expressarem as vivencias e as ideias
CARACTERÍSTICAS REALISTAS
O autor criticou vários valores burgueses por meio de ironias e metalinguagens.
Precedendo não só o próprio realismo, instaurou o realismo psicológico, claramente visto em
seus romances por fazer diálogos diretos com o leitor e também por conta de pensamentos
pontuais que surgem ao longo da narrativa como uma reflexão sobre os acontecimentos que se
passam no romance, similar à quebra da quarta parede no teatro, quando o ator cria um diálogo
direto com o espectador.
Machado tratava com frequência sobre a ascensão social e a manutenção das aparências
sociais por meio de críticas à burguesia, dando luz ao realismo brasileiro. Suas obras, recheadas
de ironias, abordam o que o autor observava na sociedade da época. O Rio de Janeiro do Brasil
passava por uma transição da falta de infraestrutura, ganhando planejamento baseado no
urbanismo de Paris, na França: sofisticação para satisfazer a proeminente parcela burguesa da
população da época. Estima-se que de 200 mil cidadãos cariocas, 100 mil eram escravos e, desse
total, apenas 20% eram letrados, configurando uma população em que 80% eram analfabetos.
Sua carreira pode ser dividida em duas fases, sendo a primeira caracteristicamente
mais romântica, predominando obras como seu primeiro romance, ‘Ressureição’; sua primeira
peça, ‘Queda que as mulheres têm pelos tolos’; e o livro de poesias ‘Crisálidas’. A fase
romântica perdurou entre 1864 e meados de 1878.
Sua segunda fase teve início com a publicação do livro ‘Memórias póstumas de Brás
Cubas’, livro escrito logo após ser internado devido ao seu quadro de epilepsia, que o forçava a
tomar remédios fortes, que lhe desgastavam a saúde. Ainda internado, chegou a enviar alguns
capítulos do romance à sua esposa, Carolina Augusta Xavier de Novais. Como um marco entre
uma fase e outra, percebe-se que, nessa nova fase, Machado apresenta fortes traços de
pessimismo e ironia, que se tornam grandes características da obra do autor, acompanhando-o
até seus últimos dias.
OBRAS
Com uma carreira cheia de publicações dos mais variados gêneros, Machado de Assis
publicou 10 romances, 10 peças teatrais, 200 contos, 5 coletâneas de poemas e sonetos e mais
de 600 crônicas. São exemplos:
• O poema ‘Ela’ (1855), seu primeiro poema publicado;
• As peças teatrais de comédia ‘O protocolo’ e ‘O caminho da porta’ (1863);
• Seu primeiro livro de versos, ‘Crisálidas’ (1864);
• Seu primeiro romance, ‘Ressurreição’ (1872);
• O livro de contos ‘Histórias da meia-noite’ (1873);
• O romance ‘Iaiá Garcia’ (1878);
• Um dos mais importantes livros de sua carreira: ‘Memórias póstumas de Brás
Cubas’ (1881);
• O romance ‘Quincas Borba’ (1891);
• O romance ‘Dom Casmurro’ (1899);
• O romance ‘Esaú e Jacó’ (1904).
FASES MACHADIANA
Machado de Assis é considerado o maior escritor brasileiro e um dos maiores do mundo.
Sua obra extensa tem crônicas, contos, poesias, romances e teatro, divididos entre as fases
romântica e realista.
Mulato, de família pobre e órfão de mãe desde muito cedo, Machado de Assis foi criado no
Morro do Livramento e estudou por conta própria e em escolas públicas até escrever seu
primeiro soneto “A Ilma Sra. D.P.J.A.”. Trabalhou como tipógrafo, revisor e redator até que
começou a publicar seus primeiros livros, chegando às suas principais obras primas e sendo o
fundador-presidente da Academia Brasileira de Letras.
FASE ROMÂNTICA
O escritor Machado de Assis é da última geração do romantismo e se inspirou nessa
primeira escola para criar suas primeiras histórias. Mesmo avesso a rigidez de escolas literárias
e criando um estilo próprio e exclusivo, Machado de Assis criou obras com o amor como tema,
relações amorosas.
Sua primeira obra dessa fase foi Ressurreição, um romance que se seguiu de A Mão e a
Luva, Helena, Iaiá Garcia, Contos Fluminenses e Histórias da Meia Noite. Mesmo com todos os
ingredientes do romantismo, nessas histórias já havia o senso crítico e psicológico dos
personagens, uma das principais características de seus textos.
FASE REALISTA
O período mais fértil da obra literária de Machado de Assis foi na fase realista. A
objetividade diante da realidade encontrou no seu texto o campo perfeito para a criação. O país
vivia um momento de intensas transformações, com a abolição da escravatura, o início da
república, além de influências de ideais liberais, socialistas, positivistas entre outros.
Toda sua produção datada a partir de 1880 é considerada realista, com joias literárias
mundiais e que demonstram a maturidade do escritor. Neste período Machado de Assis
demonstrou sua ironia feroz, tons de amargura e rigidez.
As questões psicológicas dos personagens foram amplamente demonstradas em
romances como Memórias Póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro, Quincas Borba, Memórias
de Aires, Esaú e Jacó e contos como O Alienista, A Cartomante e Missa do Galo.
FIXAÇÃO
1. Leia o texto de Machado de Assis para responder.
“A aranha parece-vos inferior, justamente porque não a conheceis. Amais o cão, prezais
o gato e a galinha, e não advertis que a aranha não pula nem ladra como o cão, não mia
como o gato, não cacareja como a galinha, não zune nem morde como o mosquito, não
nos leva o sangue e o sono como a pulga. Todos esses bichos são o modelo acabado da
vadiação e do parasitismo. A mesma formiga, tão gabada por certas qualidades boas, dá
no nosso açúcar e nas nossas plantações, e funda a sua propriedade roubando a alheia. A
aranha, senhores, não nos aflige nem defrauda; apanha as moscas, nossas inimigas, fia,
tece, trabalha e morre. Que melhor exemplo de paciência, de ordem, de previsão, de
respeito e de humanidade? Quanto aos seus talentos, não há duas opiniões. Desde Plínio
até Darwin, os naturalistas do mundo inteiro formam um só coro de admiração em torno
desse bichinho, cuja maravilhosa teia a vassoura que vosso criado destrói em menos de
um minuto.”
(A Sereníssima República. Papéis Avulsos, 1882)
2. Neste episódio, Rita Baiana dança aos olhos de Jerônimo, português recém-chegado ao
Brasil
E viu Rita Baiana, que fora trocar o vestido por uma saia, surgir de ombros e braços nus,
para dançar. A lua destoldara-se nesse momento, envolvendo-a na sua cama de prata, a
cujo refulgir os maneios da mestiça melhor se acentuavam, cheios de uma graça
irresistível, simples, primitiva, feita toda de pecado, toda de paraíso, com muito de
serpente e muito de mulher.
Ela saltou em meio da roda, com os braços na cintura, rebolando as ilhargas e
bamboleando a cabeça, ora para a esquerda, ora para a direita, como numa sofreguidão
de gozo carnal num requebrado luxurioso que a punha ofegante; já correndo de barriga
empinada; já recuando de braços estendidos, a tremer toda, como se fosse afundando
num prazer grosso que nem azeite em que se não toma pé nunca se encontra fundo.
Depois, como se voltasse à vida, soltava um gemido prolongado, estalando os dedos no
ar e vergando as pernas, descendo, subindo, sem nunca parar com os quadris, e em
seguida sapateava, miúdo e cerrado freneticamente, erguendo e abaixando os braços, que
dobrava, ora um, ora outro, sobre a nuca, enquanto a carne lhe fervia toda, fibra por fibra
titilando.
[...]
Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu
chegando aqui: era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas da
fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas
brasileiras; era a palmeira virginal e esquiva que não torce a nenhuma outra planta; era
o veneno e era o açúcar gostoso; era o sapoti mais doce que mel e era a castanha do caju,
que abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta
viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo dele,
assanhando-lhe os desejos, acordando-lhe as fibras embabecidas pela saudade da terra,
piscando-lhe as artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha daquele amor
setentrional, uma nota daquela música feita de gemidos de prazer, uma larva daquela
nuvem de cantárdidas que zumbiam em torno da Rita Baiana e espalhavam-se pelo ar
numa fosforescência afrodisíaca.
(Aluísio de Azevedo. O Cortiço. 9. Ed. São Paulo: Ática, 1970.p. 56 e 57)
De acordo com as teses biológicas então dominantes, o homem recebia por herança o
temperamento. Mais do que uma propensão ou tendência, como alguns o entendem hoje,
o temperamento funcionava, na ciência e literatura naturalista, como suporte decisivo da
construção da personalidade e mola propulsora do comportamento individual. Tomando
como base o texto acima responda, podemos inferir que o romance O Cortiço:
a) Podemos surpreender as características básicas da prosa romântica: narrativa
passional, tipos humanos idealizados, disputa entre o interesse material e os
sentimentos mais nobres.
b) As personagens são apresentadas sob o ponto de vista psicológico, desnudando-se ante
os olhos do leitor graças à delicada sutileza com que o autor as analisa e expressa.
c) O leitor é transportado ao doloroso universo dos miseráveis e oprimidos que, tangidos
pela seca, abrigam-se em acomodações coletivas, à espera de uma oportunidade.
d) Vemos renascer, na década de 30 do nosso século, uma prosa viril, de cunho regionalista,
atenta às nossas mazelas sociais e capaz de objetivar em estilo seco parte de nossa dura
realidade.
e) Consagra-se entre nós a prosa naturalista, marcada pela associação direta entre meio e
personagens e pelo estilo agressivo que está a serviço das teses deterministas da época.
“O Realismo é a anatomia do caráter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos
próprios olhos – para nos conhecermos, para que saibamos se somos verdadeiros ou
falsos, para condenar o que houver de mau na nossa sociedade.”
Para realizar essa proposta literária, quais os recursos utilizados no discurso realista?
Selecione-os na relação abaixo e depois assinale a alternativa que os contém:
GABARITO
1. C
2. E
3. A
4. A
5. B
SUMÁRIO
NATURALISMO................................................................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO AO NATURALISMO ................................................................................................................. 2
PRINCIPAIS CARACTERISTICAS ................................................................................................................... 2
NATURALISMO NO BRASIL ............................................................................................................................ 2
FASES MACHADIANAS ............................................................................................................................... 3
OS TEMAS PRINCIPAIS DO ROMANCISTA NA SEGUNDA FASE .................................................................. 3
O ROMANCE IMPRESSIONISTA ...................................................................................................................... 3
PRINCIPAIS ESCRITORES DO NATURALISMO ................................................................................................. 4
ESTRANGEIROS .......................................................................................................................................... 4
AUTORES BRASILEIROS .............................................................................................................................. 4
FIXAÇÃO ............................................................................................................................................................. 5
GABARITO ...................................................................................................................................................... 8
NATURALISMO
INTRODUÇÃO AO NATURALISMO
O Naturalismo é um “prolongamento do Realismo”. Os dois movimentos são quase
paralelos e muitos críticos vêem no primeiro apenas uma manifestação do segundo. Com efeito,
O Naturalismo assume todos os princípios e características do Realismo, tais como
predomínio da objetividade, da observação, da verossimilhança, etc,. acrescentando a isso (e
eis seu traço particular) uma visão científica da existência.
Conseqüência das novas idéias cientificas e sociológicas que varriam a Europa, a visão
naturalista ergue-se sobre os preceitos do evolucionismo, da hereditariedade biológica, do
positivismo e da medicina experimental. O maior dos naturalistas, Émile Zola, delimita o caráter
dessa junção entre literatura e atividade científica, e a subordinação da primeira à segunda:
“Meu desejo é pintar a vida, e para este fim devo pedir à Ciência que me explique o que é a
vida, para que eu a fique conhecendo.”
O romancista procura se equiparar ao médico, seu método de composição artística
pressupõe uma objetividade e um rigor tão absoluta que o escritor se transforma num mero
ilustrador de postulados das ciências.
O Naturalismo surge como programa e atividade no romance Teresa Raquin (1868), de
Zola, que apresenta um prólogo muito ilustrativo das tendências cientificas do movimento.
PRINCIPAIS CARACTERISTICAS
• Determinação do meio ambiente
• Determinação do instinto
• Determinismo da hereditariedade
• Personagens patológicos
• Crítica social e explicita
• Forma descritiva
• Romance experimental
NATURALISMO NO BRASIL
As crises da sociedade agrária brasileira se acentuam depois de 1870. A fundação do
Clube Republicano, a Questão Religiosa, a Questão Militar, a Abolição e o fim da Monarquia são
alguns dos aspectos dessas crises que, se jamais ameaçam a hegemonia da classe rural
exportadora, permitem o surgimento de focos de pensamento crítico, nascidos em setores da
classe média urbana.
Novas ideias positivistas e republicanas, paralelas a ideias antiromânticas, são agitadas
um pouco desordenadamente no Recife por Tobias Barreto, antigo colega de Castro Alves. Um
discípulo do pensador pernambucano, Silvio Romero, já no inicio da década de 70,
influenciado por teorias realistas, passa o atestado de óbito da poesia romântica, acusando-a de
“lirismo retumbante e indianismo decrépito” . A morte de Castro Alves em 1871
representara o fim de um ciclo literário: os românticos posteriores mergulhariam na
decadência, conforme as análises penetrantes de Silvio Romero. Mas o Real-naturalismo se
imporia apenas uma década depois.
FASES MACHADIANAS
1ª FASE: composta por quatro romances:
Ressurreição (1872);
A mão e a luva (1874);
Helena (1876);
Iaiá Garcia (1878).
São relatos ainda comprometidos com o idealismo romântico. Poderíamos resumir os
principais defeitos desses livros:
a) Conformismo do autor com os preconceitos e falsos valores da sociedade imperial;
b) Esquematismo psicologico;
c) Linguagem carregada de lugares-comum.
O ROMANCE IMPRESSIONISTA
O Impressionismo foi um estilo que teve o seu apogeu nas últimas décadas do século XIX,
no campo das artes plásticas, principalmente.
Seu princípio básico é o de que todo e qualquer conhecimento racional e objetivo da
realidade é precedido de uma sensação. Ou seja, de uma impressão sobre essa realidade. E
se até ali, a arte concentrara-se na observação detalhada das múltiplas facetas do real, agora, ao
inverso, a arte procuraria reproduzir as impressões do sujeito perante determinados objetos.
Thomas Hardy (1840-1928): foi um novelista e poeta inglês, conhecido por obras de grande
importância que traziam um pessimismo radical em seus romances. Suas principais obras: “A
Bem-Amada”, “Judas”, “O Obscuro”.
AUTORES BRASILEIROS
Aluísio de Azevedo (1857 – 1913): O autor é considerado o precursor do Naturalismo no
Brasil. Sua obra “O Mulato” foi considerada o marco inicial da época, que traz como tema central
o preconceito racial. Também escreveu “O Cortiço”, que trata sobre a realidade brasileira do
século XIX: as relações e o comportamento dos personagens.
Adolfo Ferreira Caminha (1867-1897): O autor é considerado um dos maiores representantes
da literatura naturalista brasileira. Sua obra que merece destaque é “A Normalista”, de cunho
regionalista. Também escreveu “Bom Criolo” que foi considerado um romance ousado, uma vez
que trata sobre a homossexualidade. As suas obras tratam sobre temas de violência, perversão,
crimes e tragédias, além da homossexualidade citada acima.
Herculano Marcos Inglês de Sousa (1853-1918): Foi um dos fundadores da Academia
Brasileira de Letras. Publicou “O Coronel Sangrado”, mas em 1891 foi reconhecido pela obra “O
Missionário”, que trata sobre a influência do meio sobre o indivíduo.
Raul Pompéia (1863-1895): foi um escritor carioca. Sua principal obra é “O Ateneu”, que traz
como personagem principal um menino que é enviado a um colégio agropecuário. A obra critica
a sociedade brasileira do final do século XX, retratando que um lugar onde quem vence sempre
é o mais forte.
Adherbal de Carvalho (1869-1915): foi um romancista, crítico literário, jurista, ensaísta,
tradutor, poeta e professor. Sua principal obra é “A Noiva”, um livro em forma de folhetim que
não teve muita repercussão.
FIXAÇÃO
1. Assinale a alternativa correta.
“Mas Luísa, a Luisinha, saiu muito boa dona de casa; tinha cuidados muito simpáticos nos
seus arranjos; era asseada, alegre como um passarinho, como um passarinho amiga do
ninho e das carícias do macho; e aquele serzinho louro e meigo veio dar à sua casa um
encanto sério. (…)
Estavam casados havia três anos. Que bom que tinha sido! Ele próprio melhorara;
achava-se mais inteligente, mais alegre … E recordando aquela existência fácil e doce,
soprava o fumo do charuto, a perna traçada, a alma dilatada, sentindo-se tão bem na vida
como no seu jaquetão de flanela!”
(Eça de Queirós, O primo Basílio)
a) A prosa realista, com intuito moralizador, desmascara o casamento por interesse, tão
comum no século XIX, para defender uma relação amorosa autêntica, segundo princípios
filosóficos do platonismo.
b) A prosa romântica analisa mais profundamente a natureza humana, evitando a
apresentação de caracteres padronizados em termos de paixões, virtudes e defeitos.
c) A prosa realista põe em cena personagens tipificados que, metamorfoseados em heróis
valorosos, correspondem à expressão da consciência e valores coletivos.
d) A prosa realista, apoiando-se em teorias cientificistas do século XIX, empreende a análise
de instituições burguesas, como o casamento, por exemplo, denunciando as bases frágeis
dessa união.
e) A prosa romântica recria o passado histórico com o intuito de ironizar os mitos
nacionais.
O cortiço
Fechou-se um entra-e-sai de marimbondos defronte daquelas cem casinhas ameaçadas
pelo fogo. Homens e mulheres corriam de cá para lá com os tarecos ao ombro, numa
balbúrdia de doidos. O pátio e a rua enchiam-se agora de camas velhas e colchões
espocados. Ninguém se conhecia naquela zumba de gritos sem nexo, e choro de crianças
esmagadas, e pragas arrancadas pela dor e pelo desespero. Da casa do Barão saíam
clamores apopléticos; ouviam-se os guinchos de Zulmira que se espolinhava com um
ataque. E começou a aparecer água. Quem a trouxe? Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se
baldes e baldes que se despejavam sobre as chamas.
Os sinos da vizinhança começaram a badalar.
E tudo era um clamor.
A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa. Estava horrível;
nunca fora tão bruxa. O seu moreno trigueiro, de cabocla velha, reluzia que nem metal
em brasa; a sua crina preta, desgrenhada, escorrida e abundante como as das éguas
selvagens, dava-lhe um caráter fantástico de fúria saída do inferno. E ela ria-se, ébria de
satisfação, sem sentir as queimaduras e as feridas, vitoriosa no meio daquela orgia de
fogo, com que ultimamente vivia a sonhar em segredo a sua alma extravagante de maluca.
Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa incendiada, que
abateu rapidamente, sepultando a louca num montão de brasas.
(Aluísio Azevedo. O cortiço)
GABARITO
1. D
2. A
3. A
4. A
5. C
SUMÁRIO
PARNASIANISMO ............................................................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO AO PARNASIANISMO .............................................................................................................. 2
CARACTERÍSTICAS PARNASIANAS .................................................................................................................. 2
TEMÁTICA GRECO-ROMANA ......................................................................................................................... 3
O PARNASIANISMO NO BRASIL ..................................................................................................................... 3
AUTORES PARNASIANOS ........................................................................................................................... 4
GABARITO ...................................................................................................................................................... 7
PARNASIANISMO
INTRODUÇÃO AO PARNASIANISMO
O Parnasianismo foi um movimento essencialmente poético que reagiu contra os abusos
sentimentais dos românticos. Alguns críticos chegaram a considerá-lo uma espécie de Realismo
na poesia. Tal aproximação é visões distintas. O autor realista percebe a crise da “síntese
burguesa”, já não acredita em nenhum dos valores da classe dominante e a fustiga social e
moralmente. Em compensação, o autor parnasiano mantém uma soberba indiferença frente aos
dramas do cotidiano, isolando-se na sua “torre de marfim”, onde elabora teorias formalistas de
acordo com a inconseqüência e o hedonismo das frações burguesas vitoriosas.
Neste sentido, o Parnasianismo pode ser associado à “belle époque” – época dourada das
elites européias, que se divertem com os lucros do espólio imperialistas. O can-can, os cabarés
e cafés parisienses, os janotas que bebem licor e prostitutas de alta classe formam a imagem
frenética de um mundo enriquecido e alegre. Assim, o Parnasianismo é a poesia desse período,
no qual a forma se sobressai às idéias. Seu surgimento deu-se na década de60, através de Revue
Parnase Contemporain, dirigida por Théophile Gautier. O único poeta expressivo do grupo
colaborador era Charles Baudelaire. Mais tarde, também ele romperia com a pesada estética
parnasiana.
CARACTERÍSTICAS PARNASIANAS
ARTE PELA ARTE
Os parnasianos ressuscitam o preceito latino de que a arte é gratuita, que só vale por si
própria e em si própria. Ela não teria nenhum sentido utilitário, nenhum tipo de compromisso.
Seria auto-suficiente. Justificada por sua beleza formal. A arte passava apenas a ser apenas um
jogo frívolo de espíritos elegantes.
CULTO DA FORMA
O resultado imediato dessa visão seria o endeusamento dos processos formais do
poema. A verdade de uma obra residiria em sua beleza. E a beleza seria dada pela elaboração
formal. Logo:
VERDADE = BELEZA – FORMA=POESIA
Mas o que era forma para os parnasianos? Eles consideravam como forma a maneira do
poema se apresentar, seus aspectos exteriores. A forma seria assim a técnica de construção do
poema. Isso constituía uma simplificação primária do fazer poético e do próprio conceito de
forma que passava a ser apenas uma fórmula. Uma fórmula resumida em alguns itens básicos:
1. Metrificação rigorosa: os versos devem ter o mesmo número de sílabas poéticas ou
apresentarem uma simetria constante, gênero: “primeiro verso de dez sílabas, segundo
de quatro sílabas, terceiro de dez sílabas, quarto com quatro sílabas, etc.
2. Rimas ricas: os poetas devem evitar as rimas pobres, isto é, aquelas estabelecidas por
palavras da mesma classe gramatical, como substantivo com substantivo, adjetivo com
adjetivo, etc.
3. Objetividade e impassibilidade: o artista deve ser impessoal, fugindo de confissão e do
extravasamento subjetivo. Além de fugir do EU, o poeta deve manter uma serenidade e
uma neutralidade olímpicas face ao espetáculo humano.
4. Preferência pelo soneto: os parnasianos reivindicam a tradição clássica do soneto,
composição poética centrada obrigatoriamente em dois quartetos e dois tercetos e que
se encerra com uma “chave de ouro” – último verso, espécie de síntese do poema.
TEMÁTICA GRECO-ROMANA
Apesar de todo o esforço, os parnasianos não conseguiriam articular poemas sem
conteúdo e tiveram de achar um assunto desvinculado do mundo concreto para motivo de suas
criações. Escolheram a Antiguidade clássica, sua história e sua mitologia. Assisitmos então
a centenas de textos que falam de deuses, heróis, personagens históricos, cortesãs, fatos
lendários e atpe mesmo objetos. A sesta de Nero, de Olavo Bilac foi considerado, na época um
grande poema:
“Fulge de luz banhado, esplêndido e suntuoso,
O palácio imperial de pórfiro luzente
É marmor da Lacõnia. O teto caprichoso
Mostra em prata incrustado, o nácar de Oriente.”
O PARNASIANISMO NO BRASIL
No Brasil, o Parnasianismo representou um desligamento da realidade local no que essa
tinha de pobre, feia e suja. Na adoção de valores europeus, os poetas do período fecharam suas
obras para um mundo grosseiro, feito de hordas de miseráveis, pestes e exploração sonhando
apenas com Paris, a cidade-luz que os fascinava. Procuraram imitar os cacoetes e modismos da
burguesia internacional, criando algo como uma “belle époque” cabocla. Empertigados em seus
ternos de casimira, bebendo licores franceses, reunidos em cafés, envergonhavam-se do atraso
da nação e suspiravam pelas “cocottes” dos cabarés parisienses.
Tal era o desenraizamento cultural dessa gente que Olavo Bilac – o mais bem dotado entre
os parnasianos – resolveu, num mecanismo de compensação, elaborar uma poesia nacional. O
resultado foi quase sempre lamentável: poemetos patrioteiros, dentro daquela exaltação
ufanista própria de efemérides cívicas em perdidas cidadezinhas do interior. O nacionalismo
ingênuo de Bilac era fruto da alienação e do escoamento das verdadeiras contradições
brasileiras.
No entanto, junto à pequena elite leitora de fins do século passado e das duas primeiras
décadas do século XX, - no Maximo cinco por cento da população – o Parnasianismo se impôs
completamente. A ponto que, por mais de trinta anos, o poeta insubmisso aos princípios do
movimento fosse considerado artista inferior. Os simbolistas, por exemplo, seriam
ridicularizados ou ignorados. Tamanho foi este domínio que a Semana de Arte Moderna teve,
na questão literária, o objetivo de destruir os resíduos parnasianos, ainda envolventes e
atuantes.
A primeira manifestação parnasiana no Brasil data de 1882 quando da publicação de
Fanfarras de Teófilo Dias. O movimento estrutura-se e ganha prestígio popular com Olavo
Bilac, Raimundo Correia e Alberto de Oliveira, que constituem a famosa tríade parnasiana.
AUTORES PARNASIANOS
Alberto de Oliveira
Considerado um mestre da estética, Alberto de Oliveira (1857-1937) também ficou
conhecido como o mais perfeito dos poetas parnasianos. Destacava em seus poemas a perfeição
formal, bem como a métrica rígida e a linguagem esmerada.
É enquadrado no Parnasianismo a partir do seu segundo livro, Meridionais.
Vaso Grego
Esta, de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.
Via Láctea
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" Eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
EXERCÍCIOS
1. Leia.
Mal secreto
Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;
GABARITO
1. A
2. B
3. C
4. D
5. A
SUMÁRIO
SIMBOLISMO ..................................................................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO AO SIMBOLISMO .................................................................................................................... 2
CARACTERÍSTICAS SIMBOLISTAS ............................................................................................................... 2
O SIMBOLISMO BRASILEIRO .......................................................................................................................... 3
O POETA SIMBOLISTA CRUZ E SOUSA ....................................................................................................... 4
REPRESENTANTES ...................................................................................................................................... 4
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 5
GABARITO ...................................................................................................................................................... 6
SIMBOLISMO
INTRODUÇÃO AO SIMBOLISMO
A partir de 1880, na França, verifica-se uma reação contra as soluções cientificistas da
classe dominante, representadas pelo fatalismo naturalista e pelo rigor parnasiano.
Neste sentido, o Simbolismo surge não apenas como uma estética oposta à
literatura (poesia especificamente) objetiva, plástica e descritiva, mas como uma recusa
a todos os valores ideológicos e existenciais da burguesia. Em vez da “belle époque” do
capitalismo financeiro e industrial, do Imperialismo que se adonava de boa parte do mundo,
temos o marginalismo de Verlaine, o amoralismo de Rimbaud e a destruição da linguagem por
Mallarmé.
O artista experimenta agora, à maneira dos românticos, um profundo mal-estar na cultura
e na realidade. Mergulha então no irracional, fugindo ao mundo proposto pelo racionalismo
burguês, e descobrindo neste mergulho um universo estranho de associações de idéias,
lembranças sem um significado definido. Universo etéreo e brumoso, de sensações
evanescentes que o poeta deve reproduzir através da palavra escrita, se é que existem palavras
para exprimi-las:
“Névoas e névoas frígidas ondulam
Alagam lácteos e fulgentes rios
Que na enluarada refração tremulam
Dentre fosforescência, calafrios...”
(Cruz e Sousa)
b) Sugestão:
Sua observação é chave para o entendimento da poética simbolista. Abandona-se o
descritivismo parnasiano em busca de uma revitalização do gênero lírico. São criadas novas
imagens, novas metáforas, símbolos. Acentua-se o caráter obscuro de certas palavras, o emotivo
de outras, tudo como repúdio à linguagem poética usual, carregada de lugares-comuns, clichês,
frases-feitas que se repetiam de geração a geração. Trata-se de reinventar a linguagem, explorar
suas possibilidades, recriá-la palavra após palavra, à procura de imagens originais e
envolventes. A verdadeira poesia consiste em não-dizer, em insinuar, sugerir.
Cruz e Sousa foi especilalista na utilização de imagens ousadas com efeito de sugestão.
Angustia sexual e erotismo misturam-se na exaltação de uma mulher:
“Cróton selvagem, tinhorão lascivo
Planta mortal, carnívora, sangrenta,
De tua carne báquica rebenta
A vermelha explosão de um sangue vivo.”
c) Musicalidade:
Na tentativa de sugerir infinitas sensações aos leitores, os simbolistas aproximarão a
poesia da música. Entendamos: não se trata de poesia com fundo musical, mas poesia com
musicalidade em si mesma, através do manejo especial de ritmos da linguagem, esquisitas
combinações de rimas, repetição intencional de certos fonemas, etc. realiza-se assim a exigência
de Verlaine: “A música antes de qualquer coisa”. Somos atingidos pela sonoridade de qualquer
bom poema simbolista:
“Vozes, veladas, veludosas vozes
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”
(Cruz e Sousa)
d) Irracionalismo e mistério
No principio, os simbolistas têm como projeto “revestir” as idéias de uma “forma
sensível”, isto é, traduzi-las para uma linguagem simbólica e musical. Pouco a pouco, este
intelectualismo se converte numa aventura antiintelectual, numa negativa às chances de
comunicação lógica entre os homens. “Nós não estamos no mundo”, brada Rimbaud, o mundo
concreto se esvaiu em nossos pés, perdeu sua inteligibilidade. Agora é puro mistério: atrás da
ordem aparente das coisas estão o caos, a névoa, a bruma, a neblina, o incorpóreo, o
fantasmagórico, o estranho, o inefável.
“Infinitos, espíritos dispersos
Inefáveis, edênicos, aéreos
Fecundai o Mistério destes versos
Com a chama ideal de todos os mistérios.”
(Cruz e Sousa)
O SIMBOLISMO BRASILEIRO
O Simbolismo foi entre nós um movimento marginal. Desenvolveu-se apenas em estados
periféricos e de pouca ressonância cultural: estados do Sul e Minas Gerais. Sufocados pela
dominação parnasiana, os poetas simbolistas não tiveram maior repercussão junto ao publico
e à crítica da época. Depois de 1922, alguns deles foram revalorizados.
Não se pense, contudo, que a marginalidade simbolista implicou numa mudança das
relações de dependência estabelecidas entre os nossos letrados e os valores europeus. A
exemplo dos parnasianos – e às vezes é difícil identificar as diferenças entre ambos, inclusive
poeticamente – os simbolistas transplantaram uma cultura que não tinha nada a ver com o
nosso contexto. Daí uma poesia completamente afastada do espaço histórico brasileiro. E que
desse ponto de vista tem sua validade literária comprometida.
As primeiras experiências da nova estética foram realizadas por Medeiros e Albuquerque,
a partir de 1890. Porém, as manifestações basicamente simbolistas competiriam a Cruz e Sousa
que, em 1893, lançava dosi textos sob a égide renovadora: Broquéis e Missal. O primeiro era
poesia em versos, e o segundo, um livro constituído por poemas em prosa.
O POETA SIMBOLISTA CRUZ E SOUSA
A poesia de Cruz e Sousa refelte a ambigüidade quase inevitável dos letrados procedentes
de grupos marginalizados. Ao se alçarem, eles sentem uma espécie de compromisso com o
passado, mas não conseguem fugir do prestigio das formas de expressão da classe dominante.
A vingança de Cruz e Sousa contra o preconceito de cor não se daria através de uma
aproximação com seu mundo étnico. Ele buscaria na aristocratização intelectual, no
hermetismo, na imitação do “dernier cri” parisiense, o sinal de sua diferença em relação aos
escritores brancos vinculados ao Parnasianismo. Como diz Roger Bastide, ele quis mostrar que
o negro não era um materialista, preso à terra e ao prazer dos sentidos.
Daí a espiritualização contínua de sua poesia, que sonha em desfazer-se de todos os
referenciais concretos. Trata-se de uma poesia limpa das impurezas da vida, imaculada,
obsessivamente branca.
Essa tendência à espiritualização, ao idealismo platônico encontra a sua correspondência
numa linguagem difícil, requintada, musical, dominada por palavras que indicam a cor branca.
“Ó Formas alvas, brancas, Formas claras
De luares, de neves de neblinas!”
REPRESENTANTES
• Cruz e Sousa
• Alphonsus de Guimaraens
Cruz e Sousa (1861-1898)
Considerado o precursor do simbolismo no Brasil, João da Cruz e Sousa foi um poeta
brasileiro nascido em Florianópolis. Sua obra é marcada pela musicalidade e espiritualidade
com temáticas individualistas, satânicas, sensuais. Suas principais obras: Missal (1893),
Broquéis (1893), Tropos e fantasias (1885), Faróis (1900) e Últimos Sonetos (1905).
Alphonsus de Guimarães (1870-1921)
Um dos principais poetas simbolistas do Brasil, Afonso Henrique da Costa Guimarães,
possui uma obra marcada pela sensibilidade, espiritualidade, misticismo, religiosidade. Sua
temática é a morte, a solidão, o sofrimento e o amor. Sua produção literária apresenta
características neorromântico, árcades e simbolistas. Suas principais obras: Setenário das
dores de Nossa Senhora (1899), Dona Mística (1899), Kyriale (1902), Pastoral aos crentes do
amor e da morte (1923).
EXERCÍCIOS
1. LEIA
Vida obscura
Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro
ó ser humilde entre os humildes seres,
embriagado, tonto de prazeres,
o mundo para ti foi negro e duro.
Atravessaste no silêncio escuro
a vida presa a trágicos deveres
e chegaste ao saber de altos saberes
tornando-te mais simples e mais puro.
Ninguém te viu o sofrimento inquieto,
magoado, oculto e aterrador, secreto,
que o coração te apunhalou no mundo,
Mas eu que sempre te segui os passos
sei que a cruz infernal prendeu-te os braços
e o teu suspiro como foi profundo!
(SOUSA, C. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1961)
Com uma obra densa e expressiva no Simbolismo brasileiro, Cruz e Souza transpôs para
seu lirismo uma sensibilidade em conflito com a realidade vivenciada. No soneto, essa
percepção traduz-se em
a) sofrimento tácito diante dos limites impostos pela discriminação.
b) tendência latente ao vício como resposta ao isolamento social.
c) extenuação condicionada a uma rotina de tarefas degradantes.
d) frustração amorosa canalizada para as atividades intelectuais.
e) vocação religiosa manifesta na aproximação com a fé cristã.
2. (Mackenzie)
“Ah! plangentes violões dormentes, mornos,
Soluços ao luar, choros ao vento…
Tristes perfis, os mais vagos contornos,
Bocas murmurejantes de lamento.
Sutis palpitações à luz da lua.
Anseio dos momentos mais saudosos,
Quando lá choram na deserta rua
As cordas vivas dos violões chorosos.
Quando os sons dos violões vão soluçando,
Quando os sons dos violões nas cordas gemem,
E vão dilacerando e deliciando,
Rasgando as almas que nas sombras tremem.
Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”
As estrofes anteriores, claramente representativas do_____ , não apresentam _____ .
GABARITO
1.A
2.E
3.A
4.A
5.B
SUMÁRIO
PRÉ-MODERNISMO............................................................................................................................................ 2
INTRODUÇÃO AO PRÉ-MODERNISMO .......................................................................................................... 2
CARACTERÍSTICAS DO PRÉ-MODERNISMO................................................................................................ 2
A QUESTÃO DA CLASSIFICAÇÃO DO PERÍODO LITERÁRIO ............................................................................. 3
REPRESENTANTES (AURORES) ................................................................................................................... 3
GABARITO ...................................................................................................................................................... 8
PRÉ-MODERNISMO
INTRODUÇÃO AO PRÉ-MODERNISMO
As duas primeiras décadas do século XX não registraram, no Brasil, convulsões
semelhantes às ocorridas na Europa. A abolição da escravatura e o golpe republicano não
haviam alterado as estruturas básicas do país. A economia – ainda voltada para as necessidades
dos países europeus – assentava-se na dependência externa e no domínio interno dos
cafeicultores.
Porém, algumas mudanças iam se desenhando. A urbanização, o crescimento industrial e
a imigração modificam a fisionomia da sociedade brasileira. Nas cidades, formava-se uma classe
média reformista. Simultaneamente, emergia uma massa popular insatisfeita e propensa a
revoltas irracionais: por exemplo, a rebelião contra a vacina obrigatória. Na zona rural, havia
cisões de maior ou menor intensidade dentro das classes dominantes. Das violentas, mas
restritas lutas entre coronéis em determinada região, até a verdadeira guerra civil – travada no
Rio Grande do sul – entre republicanos e maragatos. Não esqueçamos também que, nesse
período, irrompem as revoluções camponesas de Canudos (1896 – 1897) e do Contestado
(1912).
CARACTERÍSTICAS DO PRÉ-MODERNISMO
O movimento pendular da realidade brasileira entre imobilismo e modernização seria
transferido para a literatura. Com efeito, os primeiros vinte anos do século são marcados tanto
pela presença de resíduos culturais do século XIX, como pela busca de novas formas de
expressão. E acima de tudo, um desejo – um projeto, talvez – de redescoberta do Brasil. Do
Brasil doente, pobre, esquecido, ignorado. Uma tentativa de reinterpretação social do atraso e
da miséria.
Contudo, em termos gerias, a estética parnasiana ainda imperava, com sua ridícula
valorização do mundo Greco-latino, sua ideia da literatura como mera elaboração formal, como
“sorriso da sociedade”. Essas concepções pareciam ser o reflexo da “belle époque” cabocla, feita
de brilhos e luzes falsas, o Rio de Janeiro tentando se travestir de Paris. Ao lado do beletrismo
e da inflexão bacharelesca, os simbolistas retardatários ainda sonhavam com neves e neblinas,
escutavam os violinos de Verlaine, tomadas por estremecimentos e outras sensações inefáveis,
perdendo completamente o rumo da realidade, a ponto de poderem gritar, como Rimbaud: “Nós
não estamos no mundo”.
O pêndulo balançava, entretanto. Alguns artistas manifestavam o seu inconformismo com
o universo dos grupos dirigentes. Euclides da Cunha denunciaria o massacre do povo sertanejo,
em Canudos, no que chamou “crime da nacionalidade”. Lima Barreto satirizaria o oportunismo
e a mediocridade dos letrados ornamentais ao mesmo tempo que incorporava à ficção os
habitantes pobres dos subúrbios. Monteiro Lobato descobriria o caboclo das cidades mortas do
interior de São Paul, com seus o, Simões Lopes Neto registraria a violência da campanha
meridional, enquanto Graça aranha elogiaria o espírito modernizador da imigração. Por outro
lado, contra a poesia de “mármores helênicos” de Bilac constrói-se a poesia suja e “impura” de
Augusto dos Anjos, com seus versos intencionalmente grotescos, cheios de vermes e cadáveres.
Compreende-se hoje porque aqueles autores que tinham algo de novo a dizer foram
objetos de uma indiferença arbitrária. É que teimavam em mostrar a face mais sórdida e mais
sombria da nação. Fechou-se sobre uma conspiração de silencio e de esquecimento que ainda
agora é preciso romper.
REPRESENTANTES (AURORES)
• Euclides da Cunha
• Graça Aranha
• Lima Barreto
• Monteiro lobato
• Augusto dos Anjos
• Simões Lopes Neto
FIXAÇÃO
1. A produção literária de Lima Barreto foi marcada pela investigação das desigualdades
sociais. Houve, por parte do escritor, uma leitura crítica sobre os homens e suas relações
em uma sociedade provinciana e hipócrita. De acordo com essas afirmações, é correto
dizer que Lima Barreto filiou-se à corrente literária denominada Pré-Modernismo, cujas
principais características eram:
a) desencadeada tardiamente nos anos 20, foi fortemente influenciada pelas vanguardas
europeias e possuiu amplo espectro cultural, cujo ápice foi a realização da Semana
Nacional de Arte Moderna, em 1922.
b) movimento artístico e cultural que se desenvolveu na segunda metade do século XIX,
suas principais características foram a abordagem de temas sociais, expondo as mazelas
do homem e sua sociedade, além da retratação do homem através de uma visão objetiva.
c) Situada aproximadamente nas duas primeiras décadas do século XX, não é associada a
nenhuma escola literária, visto que não correspondia às estéticas propagadas à época.
Apresentou novas vertentes estilísticas e novas temáticas em nossa literatura.
d) Importante corrente de vanguarda iniciada em 1956, rompeu drasticamente com os
padrões da arte tradicional ao apresentar uma literatura de caráter agressivo e
experimental, influenciando poetas, artistas plásticos e músicos.
e) Período de transição para a Literatura Contemporânea. Teve como representantes:
Décio Pignatari, Ferreira Gullar e Cacaso.
2. Leia.
O personagem Jeca Tatu é um dos mais famosos da obra de Monteiro Lobato. No livro Urupês,
Lobato desconstrói a imagem idealizada do homem rural
Esse anúncio retratava aspectos da sociedade brasileira da época, expressando críticas
principalmente às condições de:
a) acesso à escolarização
b) assistência médico-hospitalar
c) salubridade nas áreas rurais
d) integração econômica regional
e) êxodo Rural
3. Leia.
Saia de mim como suor
Tudo o que eu sei de cor
Sai de mim como excreto
Tudo que está correto
Saia de mim [...]
Tudo o que for perfeito
Saia de mim como um grito
Tudo o que eu acredito
Tudo que eu não esqueça
Tudo que for certeza
Saia de mim vomitado,
Expelido, exorcizado
Tudo que está estagnado
Saia de mim como escarro [...]
Sangue, lágrima, catarro
Saia de mim a verdade!”.
Saia de mim – Arnaldo Antunes
Podemos perceber, nos versos da música Saia de mim, do grupo Titãs, uma linguagem que tem
nitidamente como intenção chocar e subverter valores sociais regidos por uma tendência
politicamente correta. As palavras incomuns utilizadas nos versos denunciam uma forte
influência do seguinte poeta:
a) Paulo Leminski.
b) Haroldo de Campos.
c) Gregório de Matos.
d) Augusto dos Anjos.
e) Monteiro Lobato
5. Considere os dados:
I. Contraste entre um Brasil arcaico – representado principalmente pelo tradicionalismo
agrário – e outro, com novos centros urbanos marcados pelo início da industrialização e
pela emergência de novas classes socioeconômicas;
II. Problematização da realidade social e cultural pela revelação das tensões da vida
nacional;
III. Primeira Guerra Mundial e crise da República Velha;
IV. Modernidade estilística e negação do estilo da belle époque.
Caracterizam o período histórico e cultural do Pré-Modernismo, em que se insere Lima Barreto,
os dados contidos em:
a) I, II, III e IV.
b) II e III, apenas.
c) I, II e III, apenas.
d) II, III e IV, apenas.
e) I e II, apenas.
GABARITO
1.C
2.C
3.D
4.D
5.A
SUMÁRIO
VANGUARDAS EUROPEIAS ................................................................................................................................ 2
VANGUARDAS EUROPEIAS ............................................................................................................................ 2
CONTEXTO HISTÓRIC DAS VANGURADAS EUROPEIAS .................................................................................. 2
EXPRESSIONISMO ...................................................................................................................................... 2
FAUVISMO ................................................................................................................................................. 3
CUBISMO ................................................................................................................................................... 3
FIXAÇÃO ............................................................................................................................................................. 4
GABARITO ...................................................................................................................................................... 8
VANGUARDAS EUROPEIAS
VANGUARDAS EUROPEIAS
As Vanguardas Europeias representam um conjunto de movimentos artísticos-culturais
que ocorreram em diversos locais da Europa a partir do início do século XX. As vanguardas
artísticas europeias que se destacaram foram: Expressionismo, Fauvismo, Cubismo, Futurismo,
Dadaísmo, Surrealismo. Juntos, esses movimentos influenciaram a arte moderna mundial desde
pintura, escultura, arquitetura, literatura, cinema, teatro música, etc.
As vanguardas artísticas ultrapassaram o limite até então encontrado nas artes, propondo
assim, novas formas de atuação estética ao questionar os padrões impostos. No Brasil, elas
influenciaram diretamente o movimento modernista, que teve início com a Semana de Arte
Moderna de 1922. A palavra vanguarda, do francês “avant-garde” significa a “guarda avançada”,
o que pressupõe, nesse contexto, um movimento pioneiro das artes.
EXPRESSIONISMO
O
Grito (1893) de Edvard Munch
FAUVISMO
CUBISMO
FIXAÇÃO
1. Observe a imagem a seguir.
Com base na pintura de Matisse e nos conhecimentos sobre as vanguardas europeias, considere
as afirmativas a seguir.
I. Matisse utiliza o equilíbrio entre a cor e o traço; a aparente simplicidade reitera certo
lirismo da pintura.
II. Os trabalhos de Matisse fazem parte de um contexto caracterizado por experimentações
para transcender a natureza.
III. A pintura faz parte de um momento da pesquisa artística de Matisse em que buscava
uma rígida estruturação formal em suas composições.
IV. Nessa imagem, Matisse expressou sentimentos dramáticos, tais como a solidão, a morte
e o abandono, notados nos elementos compositivos.
AMARAL, Tarsila do. O mamoeiro. 1925, óleo sobre tela, 65x70, IEB//USP
3. Na obra Cabeça de touro, o material descartado torna-se objeto de arte por meio da
a) reciclagem da matéria-prima original.
b) complexidade da combinação de formas abstratas.
c) perenidade dos elementos que constituem a escultura.
d) mudança da funcionalidade pela integração dos objetos.
e) fragmentação da imagem no uso de elementos diversificados.
GABARITO
1. A
2. B
3. D
4. A
5. A
SUMÁRIO
VANGUARDAS EUROPEIAS II ............................................................................................................................. 2
VANGUARDAS EUROPEIAS ............................................................................................................................ 2
FUTURISMO ............................................................................................................................................... 2
DADAÍSMO................................................................................................................................................. 2
SURREALISMO ........................................................................................................................................... 3
FIXAÇÃO ............................................................................................................................................................. 4
GABARITO ...................................................................................................................................................... 8
VANGUARDAS EUROPEIAS II
VANGUARDAS EUROPEIAS
FUTURISMO
O movimento futurista foi encabeçado pelo poeta italiano Filippo Marinetti no dia 20 de
fevereiro de 1909. E no ano seguinte, diversos artistas lançam um Manifesto Futurista
relacionado diretamente com a pintura.
Suas principais características eram a exaltação da tecnologia, das máquinas, da
velocidade e do progresso. Um dos expoentes da pintura futurista foi o artista italiano Giacomo
Balla. Outros representantes são: Umberto Boccioni, Carlo Carrà, Luigi Russolo e Gino Severini.
No Brasil, os ideais da Semana de Arte Moderna, que inauguraram o movimento
modernista no país, sofreram grande influência do futurismo. Isso porque a rejeição ao passado,
bem como o culto do futuro, propulsionaram as ideias modernistas.
DADAÍSMO
O dadaísmo foi um movimento ilógico encabeçado por Tristan Tzara em 1916, que mais
tarde ficou conhecido como o propulsor dos ideais surrealistas. Além dele, outros líderes do
movimento foram: o poeta alemão Hugo Ball e o pintor, escultor e poeta franco-alemão Hans
Arp.
As principais características do dadaísmo são: a espontaneidade da arte pautada na
liberdade de expressão, no absurdo e irracionalidade. Sem dúvida, o pintor e escultor
francês Marcel Duchamp foi uma das figuras mais emblemáticas do movimento dadaísta com
seus objetos prontos (ready-made) que se afastam de sua função original. A Fonte é uma das
obras mais representativas desse momento.
SURREALISMO
A
Persistência da Memória (1931) de Salvador Dalí
FIXAÇÃO
1. Sobre o Futurismo, estão corretas as seguintes alternativas:
3. O autor foi o criador do Ready-made, termo criado para designar um tipo de objeto, por
ele inventado, que consiste em um ou mais artigos de uso cotidiano, produzidos em
massa, selecionados sem critério estético e expostos como obras de arte em espaços
especializados como museus e galerias. Ao transformar qualquer objeto em obra de arte,
o artista realiza uma crítica radical ao sistema da arte.
Os quadros tratam do mesmo tema, embora pertençam a dois momentos distintos da história
da arte. O confronto entre as imagens revela um traço fundamental da pintura moderna, que se
caracteriza pela:
a) tentativa de compor o espaço pictórico com base nas figuras naturais.
b) ruptura com o princípio de imitação característico das artes visuais no Ocidente.
c) continuidade da preocupação com a nitidez das figuras representadas
d) secularização dos temas e dos objetos figurados com base na assimilação de técnicas do
Oriente.
e) busca em fundar a representação na evidência dos objetos.
5. As vanguardas europeias não devem ser vistas isoladamente, uma vez que elas
apresentam alguns conceitos estéticos e visuais que se aproximam. Com base nos
conceitos vanguardistas, entre eles o de exploração de formas geometrizadas do
Cubismo, no início do século XX, o quadro Soldados jogando cartas explora uma:
GABARITO
1. C
2. D
3. A
4. B
5. B
SUMÁRIO
MODERNISMO 1ª FASE...................................................................................................................................... 2
MODERNISMO ............................................................................................................................................... 2
MOVIMENTOS VANGUARDISTAS .............................................................................................................. 2
A PROSA DE FICÇÃO................................................................................................................................... 2
CARACTERISTICAS GERAIS DA LITERATURA MODERNA ................................................................................ 3
LIBERDADE DE EXPRESSÃO ........................................................................................................................ 3
INCORPORAÇÃO DO COTIDIANO ............................................................................................................... 3
LINGUAGEM COLOQUIAL .......................................................................................................................... 3
INOVAÇÕES TÉCNICAS ............................................................................................................................... 3
AMBIGUIDADE ........................................................................................................................................... 4
PARÓDIA .................................................................................................................................................... 4
A SEMANA DE ARTE MODERNA .................................................................................................................... 4
ANTECEDENTES NACIONAIS ...................................................................................................................... 4
A SEMANA ................................................................................................................................................. 4
OS MOVIMENTOS “PRIMITIVISTAS” .......................................................................................................... 5
OS REPRESENTANTES DE 22 ...................................................................................................................... 5
PRINCIPAIS REPRESENTANTES ................................................................................................................... 5
FIXAÇÃO ........................................................................................................................................................... 10
GABARITO .................................................................................................................................................... 14
MODERNISMO 1ª FASE
MODERNISMO
A I Guerra Mundial representou o colapso do universo europeu. Durante quatro anos, os
principais países da Europa envolveram-se num conflito sem precedentes, causado pela
ambição imperialista de suas burguesias e pela manipulação do nacionalismo “Chauvinista” das
camadas populares. Prevista para durar pouco tempo, a guerra não foi a aventura épica que
supunham os altos-comandos militares. Interminável, estendeu-se nas trincheiras, onde os
soldados morriam como moscas. O morticínio, a brutalidade, o sacrifício inútil de milhões de
vítimas, além da ruína econômica, levaram à bancarrota todos os valores. Os códigos, os
padrões, a moral, a filosofia, a religião não podiam explicar a violência e a desintegração que
impregnavam a realidade. A própria linguagem artística parecia ultrapassada diante da
ferocidade dos eventos. E também ela – a exemplo do mundo que significava – era destruída e
substituída por novas tendências.
“Aquilo que entendemos por arte moderna já se presentificara na
primeira década do século XX, mas sua expansão e vitalidade deu-se na
segunda década, quando a guerra, as crises sociais e existências, a
Revolução na Rússia, o fim do grande ciclo burguês, favoreceram o
desenvolvimento de uma arte polêmica e destruidora. Por romper com
uma série de cânones, essa arte recebeu o nome de vanguarda, a que está
à frente do tempo.”
No contexto turbulento, os vários grupos inovadores se multiplicaram, levando suas
ousadias formais e temáticas até a negação de possibilidade da arte comunicar qualquer coisa.
Constituíram-se muitas “vanguardas”. No conjunto, não legaram obras-primas, mas
contribuíram para a liberdade de expressão e para a pesquisa estética. Interessam-nos aqui
apenas as revoltas literárias, especificamente as que tiveram repercussão no Brasil: Futurismo
e Dadaísmo.
MOVIMENTOS VANGUARDISTAS
• Futurismo
• Dadaísmo
• Expressionismo
• Cubismo
• Surrealismo
A PROSA DE FICÇÃO
Os romancistas e contistas estiveram menos vinculados aos agrupamentos de vanguarda.
Revolucionaram as formas narrativas de maneira individual, ainda que sob o influxo do
vanguardismo. Joyce estabeleceu o triunfo do “fluxo de consciência” nesse monumento à
banalidade e à insipidez do cotidiano que é Ulisses. Kafka mostrou o absurdo da vida na Europa,
após a guerra, com O processo e A metamorfose. Nos estados Unidos, John dos Passos e
William Faulkner contribuíram radicalmente para a emergência de novos procedimentos
narrativos
AMBIGUIDADE
O discurso literário perde o sentido “fechado” que geralmente possuía no século XIX. Ou
seja, ele oferecia ao leitor apenas um sentido, uma interpretação. Agora, ele tem valor
polissêmico. Uma rede de significações, que permite múltiplos níveis de leitura. É a chamada
obra aberta, obra que não apresenta univocidade.
PARÓDIA
Os modernistas realizam uma releitura de textos famosos do passados, reescrevendo-os
em termos de parodia. Um dos livros de crítica literária de Mário de Andrade chama-se A
escrava que não é Isaura, numa evidente alusão ao conhecido relato de Bernardo Guimarães.
Oswald de Andrade baseia –se na Canção do exílio de Gonçalves Dias para escrever Canto de
regresso à pátria.
“Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos aqui
Não cantam como os de lá.
Se a Semana foi realizada por jovens inexperientes, sob o domínio de doutrinas européias
mal-assimiladas, conforme acentuam alguns críticos, ela significou também o atestado de óbito
da arte dominante. O academicismo plástico, o romantismo musical e o parnasianismo literário
esboroam-se por inteiro.
Mário de Andrade diria mais tarde que faltou aos modernistas de 22 um maior empenho
social, uma maior impregnação “com a angustia do tempo”. Com efeito, os autores que
organizaram a Semana colocaram a Renovação estética acima de outras preocupações
importantes. De qualquer maneira, o espírito modernista destruiu um imobilismo cultural que
entravava as criações mais revolucionárias e complexas, possibilitando um caminho livre à
geração posterior.
Apesar de todos os limites, a Semana de Arte Moderna deixou-nos vários legados. Caberia
a Mário de Andrade – verdadeiro líder e principal teórico do movimento sintetizar a herança
de 22.
OS MOVIMENTOS “PRIMITIVISTAS”
• Pau-Brasil;
• Antropofafia;
• Verde-Amarelo;
• Anta
OS REPRESENTANTES DE 22
• Oswald de Andrade
• Mário de Andrade
• Raul Bopp
• Cassiano Ricardo
• Plínio salgado
• Antonio de Alcântara Machado
PRINCIPAIS REPRESENTANTES
Oswald de Andrade (1890-1954)
Desencanto
Manuel Bandeira publicou uma vasta obra até sua morte, desde contos, poesias, traduções
e críticas literárias. Junto ao movimento literário do modernismo, colaborou com publicações
em algumas revistas como a klaxon e a Antropofagia. No segundo dia da Semana de Arte
Moderna, seu poema Os Sapos foi lido por Ronald Carvalho.
Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.
Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
Em sua trajetória laboral, destaca sua atuação como professor de Literatura Universal no
Externato do Colégio Pedro II, em 1938. Foi também professor de Literatura Hispano-
Americana, de 1942 a 1956, da Faculdade Nacional de Filosofia, onde se aposentou. Faleceu no
Rio de Janeiro, aos 82 anos, em 13 de outubro de 1968, vítima de hemorragia gástrica.
Obras
Manoel Bandeira possui uma das maiores obras poéticas da moderna literatura brasileira,
dentre poesias, prosas, antologias e traduções:
Poesia
A Cinza das Horas (1917)
Carnaval (1919)
Libertinagem (1930)
Estrela da Manhã (1936)
Lira dos Cinquent'anos (1940)
FIXAÇÃO
1. Sobre a Semana de Arte Moderna, é incorreto afirmar:
a) evento realizado em São Paulo no ano de 1922, tinha como principal objetivo ratificar
os padrões estéticos vigentes à época frente às investidas de um grupo de jovens artistas
que propunha a renovação radical no campo das artes influenciados pelas vanguardas
europeias.
b) o principal foco de descontentamento com a ordem estética estabelecida estava no
campo da literatura (e da poesia, em especial). Exemplares do Futurismo italiano
chegavam ao país e começavam a influenciar alguns escritores, como Oswald de
Andrade e Guilherme de Almeida.
c) Alvo de críticas e em parte ignorada, a Semana não foi bem entendida em sua época. Esse
evento ocorreu no contexto da República Velha, controlada pelas oligarquias cafeeiras e
pela política do café com leite. O capitalismo crescia no Brasil, consolidando a República
e a elite paulista, esta totalmente influenciada pelos padrões estéticos europeus mais
tradicionais.
d) Os modernistas não apresentavam um projeto estético em comum, mas entre eles
imperava a ideia de que era preciso renovar, dar às artes características genuinamente
brasileiras. Para os jovens artistas, era indispensável a ruptura com a tradição clássica
para abolir os moldes europeus que ditavam as regras na literatura, nas artes plásticas,
na arquitetura, na música etc.
e) A Semana de Arte Moderna de 1922 foi uma consequência do nacionalismo emergente
da Primeira Guerra Mundial e também do entusiasmo dos jovens intelectuais brasileiros
pelas comemorações do Centenário da Independência do Brasil.
O trovador
3. A Semana da Arte Moderna de 1922 tinha como uma das grandes aspirações renovar o
ambiente artístico e cultural do país, produzindo uma arte brasileira afinada com as
tendências vanguardistas europeias, sem, contudo, perder o caráter nacional; para isso
contou com a participação de escritores, artistas plásticos, músicos, entre outros. Analise
as sequências que reúnam as proposições corretas em relação à Semana da Arte
Moderna.
I. O movimento modernista buscava resgatar alguns pontos em comum com o Barroco,
como os contos sobre a natureza; e com o Parnasianismo, como o estilo simples da
linguagem.
II. A exposição da artista plástica Anita Malfatti representou um marco para o modernismo
brasileiro; suas obras apresentavam tendências vanguardistas europeias, o que de certa
forma chocou grande parte do público; foi criticada pela corrente conservadora, mas
despertou os jovens para a renovação da arte brasileira.
III. O escritor Graça Aranha foi quem abriu o evento com a sua conferência inaugural "A
emoção estética na Arte Moderna"; em seguida, apresentou suas obras Pauliceia
desvairada e Amar, verbo intransitivo.
IV. O maestro e compositor Villa-Lobos foi um dos mais importantes e atuantes
participantes da Semana.
V. As esculturas de Brecheret, impregnadas de modernidade, foram um dos estandartes da
Semana; sua maquete do Movimento às Bandeiras foi recusada pelas autoridades
paulistas; hoje, umas das esculturas públicas mais admiradas em São Paulo.
Assinale a alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo.
a) II, III e V.
b) II, IV e V
c) I e III.
d) I e IV.
e) II e V.
Estrada
Esta estrada onde moro, entre duas voltas do caminho,
Interessa mais que uma avenida urbana.
Nas cidades todas as pessoas se parecem.
Todo mundo é igual. Todo mundo é toda a gente.
Aqui, não: sente-se bem que cada um traz a sua alma.
Cada criatura é única.
Até os cães.
Estes cães da roça parecem homens de negócios:
Andam sempre preocupados.
E quanta gente vem e vai!
E tudo tem aquele caráter impressivo que faz meditar:
Enterro a pé ou a carrocinha de leite puxada por um bodezinho manhoso.
Nem falta o murmúrio da água, para sugerir, pela voz dos símbolos,
Que a vida passa! que a vida passa!
E que a mocidade vai acabar.
BANDEIRA, M. O ritmo dissoluto. Rio de Janeiro: Aguilar, 1967.
5. Leia.
Poética
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. Diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
[...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
(BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de janeiro: José
Aguilar, 1974)
GABARITO
1. A
2. D
3. B
4. B
5. E
SUMÁRIO
MODERNISMO 2ª FASE...................................................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO MODERNISMO DE 2ª FASE ..................................................................................................... 2
CONTEXTO HISTÓRICO .............................................................................................................................. 2
CARACTERÍSTICAS ...................................................................................................................................... 2
POESIA DE 30 ................................................................................................................................................ 3
PRINCIPAIS AUTORES................................................................................................................................. 3
PRINCIPAIS REPRESENTANTES ................................................................................................................... 3
FIXAÇÃO ........................................................................................................................................................... 12
GABARITO .................................................................................................................................................... 17
MODERNISMO 2ª FASE
INTRODUÇÃO MODERNISMO DE 2ª FASE
A segunda geração modernista ou segunda fase do modernismo representa o segundo
momento do movimento modernista no Brasil que se estende de 1930 a 1945. Chamada de
“Geração de 30”, essa fase foi marcada pela consolidação dos ideais modernistas, apresentados
na Semana de 1922. Lembre-se que esse evento marcou o início do Modernismo rompendo com
a arte tradicional. A publicação “Alguma Poesia” (1930) de Carlos Drummond de Andrade
marcou o início da intensa produção literária poética desse período. Na prosa, temos a
publicação do romance regionalista “A Bagaceira” (1928) do escritor José Américo de Almeida.
Para muitos estudiosos do tema, a segunda geração modernista representou um período muito
fértil e rico para a literatura brasileira. Também chamada de “Fase de Consolidação”, a
literatura brasileira estava vivendo uma fase de maturação, com a concretização e afirmação
dos novos valores modernos. Além da prosa, a poesia foi um grande foco dos literatos. Temas
nacionais, sociais e históricos foram os preferidos pelos escritores dessa fase.
CONTEXTO HISTÓRICO
A segunda fase do modernismo no Brasil surgiu num contexto conturbado. Após a crise
de 1929 em Nova York, (depressão econômica) muitos países estavam mergulhados numa crise
econômica, social e política.
Isso fez surgir diversos governos totalitários e ditatoriais na Europa, os quais levariam ao
início da segunda guerra mundial (1939-1945).
Além do aumento do desemprego, a falência de fábricas, a fome e miséria, no Brasil a
Revolução de 30 representou um golpe de estado. O presidente da República Washington Luís
foi deposto, impedindo assim, a posse do presidente eleito Júlio Prestes.
Foi o início da Era Vargas e o fim das Oligarquias de Minas Gerais e São Paulo, denominado
de "política do café com leite". Com a chegada de Getúlio ao poder, a ditadura no país também
se aproximava com o Estado Novo (1937-1945).
CARACTERÍSTICAS
As principais características dessa fase foram:
• Influência do realismo e romantismo;
• Nacionalismo, universalismo e regionalismo;
• Realidade social, cultural e econômica;
• Valorização da cultura brasileira;
• Influência da psicanálise de Freud;
• Temática cotidiana e linguagem coloquial;
• Uso de versos livres e branco
POESIA DE 30
O melhor momento da poesia brasileira aconteceu na segunda fase do modernismo.
Ela se caracteriza pela abrangência temática em virtude da racionalidade e
questionamentos que norteavam o espírito dessa geração. Esse momento ficou conhecido com
a Poesia de 30.
PRINCIPAIS AUTORES
• Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) foi, sem dúvida, um dos maiores
representantes sendo o precursor da poesia de 30, com a publicação de “Alguma
Poesia”, em 1930.
• Cecília Meireles (1901-1964), com forte influência da psicanálise e da temática
social, é considerada uma das maiores poetisas brasileiras. Desse período
destaca-se as obras: "Batuque, samba e Macumba" (1933), "A Festa das Letras"
(1937) e "Viagem" (1939).
• Mário Quintana (1906-1994), chamado de “poeta das coisas simples”, possui
uma vasta obra poética. Desse período merece destaque seu livro de sonetos
intitulado “A Rua dos Cataventos”, publicado em 1940.
• Murilo Mendes (1901-1975), além de poeta foi destaque na prosa de 30. Atuou
como divulgador das ideias modernistas na revista criada na primeira fase
modernista “Antropofagia”. De sua obra poética merece destaque: "Poemas"
(1930), "Bumba-Meu-Poeta" (1930), "Poesia em Pânico" (1938) e "O Visionário"
(1941).
• Jorge de Lima (1893-1953), chamado de “príncipe dos poetas”, foi escritor e
artista plástico. Na poesia de 30 colaborou com as obras "Poemas" (1927), "Novos
Poemas" (1929) e "O Acendedor de Lampiões" (1932).
• Vinícius de Moraes (1913-1980) foi outro grande destaque da poesia de 30.
Compositor, diplomata, dramaturgo e poeta, publica em 1933 seu primeiro livro
de poemas “Caminho para a Distância” e, em 1936, seu longo poema “Ariana, a
mulher”.
PRINCIPAIS REPRESENTANTES
Carlos Drummond de Andrade
Biografia de Carlos Drummond de Andrade
Carlos Drummond de Andrade (1902–1987). Foi um dos maiores
poetas brasileiros do século XX. "No meio do caminho tinha uma pedra /
tinha uma pedra no meio do caminho". Este é um trecho de uma das
poesias de Drummond, que marcou o 2º Tempo do Modernismo no Brasil.
Infância e Formação
Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira de Mato Dentro,
interior de Minas Gerais, no dia 31 de outubro de 1902. Filho dos
proprietários rurais, Carlos de Paula Andrade e Julieta Augusta
Drummond de Andrade.
Em 1916, ingressou em um colégio interno em Belo Horizonte.
Doente, regressou para Itabira, onde passou a ter aulas particulares. Em 1918, foi estudar em
Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, também em colégio interno.
Família
Casado com Dolores Dutra de Morais, e pai de Maria Julieta Drummond de Andrade e de
Carlos Flávio Drummond de Andrade, em 1950, viajou para a Argentina, para o nascimento de
seu primeiro neto, filho de Julieta.
Anos 50 e 60
Ainda em 1950, Drummond estreia como ficcionista com a obra Contos de Aprendiz, mas
é na poesia que se destaca.
Em 1962 se aposenta do serviço público, mas sua produção poética não para. Escreve
também crônicas para jornais do Rio de Janeiro. Em 1967, para comemorar os 40 anos do
poema No Meio do Caminho, Drummond reuniu extenso material publicado sobre ele, no
volume Uma Pedra no Meio do Caminho - Biografia de um Poema.
Anos 80
A riqueza de sua obra foi descoberta por artistas do cinema. Argumentos de filmes foram
tirados de seus poemas, como O Padre e a Moça de Joaquim Pedro de Andrade.
A música popular brasileira adaptou vários de seus versos para a melodia, como o poema
José, gravado por Paulo Diniz. Os versos de Sonho de um Sonho foram tema-enredo de escola de
samba, adaptados por Martinho da Vila.
Carlos Drummond de Andrade faleceu no Rio de Janeiro, no dia 17 de agosto de 1987,
doze dias depois do falecimento de sua filha, a escritora Maria Julieta Drummond de Andrade.
Obras de Carlos Drummond de Andrade
Poesias
• Alguma Poesia (1930)
• Brejo das Almas (1934)
• Sentimento do Mundo (1940)
• Poesias (1942)
• A Rosa do Povo (1945)
• Poesia até Agora (1948)
• Claro Enigma (1951)
• Boitempo (1968)
Prosas
• Confissões de Minas (1942)
• Contos de Aprendiz (1951)
• Passeios na Ilha (1952)
• Cadeira de Balanço (1970)
• Moça Deitada na Grama (1987)
Vinicius de Moraes
Vinicius de Moraes (1913-1980) foi um poeta e compositor
brasileiro. "Garota de Ipanema", feita em parceria com Antônio
Carlos Jobim, é um hino da música popular brasileira.
Além de ter sido um dos mais famosos compositores da
música popular brasileira e um dos fundadores, nos anos 50, do
movimento musical Bossa Nova, foi também importante poeta da
Segunda Fase do Modernismo. Foi também dramaturgo e
diplomata.
Marcus Vinicius Melo Morais, conhecido como Vinicius de
Moraes, nasceu no Rio de Janeiro, no dia 19 de outubro de 1913.
Filho do funcionário público e poeta Clodoaldo Pereira da Silva e
da pianista Lídia Cruz desde cedo já mostrava interesse por poesia.
Ingressou no colégio jesuíta Santo Inácio onde fez os estudos secundários. Entrou para o
coral da igreja onde desenvolveu suas habilidades musicais. Em 1928 começou a fazer as
primeiras composições musicais.
Faculdade de Direito
Em 1929, Vinicius iniciou o curso de Direito da Faculdade Nacional do Rio de Janeiro. Em
1933, ano de sua formatura, publicou seu primeiro livro de poemas, O Caminho Para a
Distância, onde reúne suas poesias. Não exerceu a advocacia.
Trabalhou como representante do Ministério da Educação na censura cinematográfica,
até 1938, quando recebeu uma bolsa de estudos e seguiu para Londres, onde cursou Literatura
Inglesa na Universidade de Oxford.
Trabalhou na BBC londrina até 1939. Em 1940, iniciou, no jornal “A Manhã”, a carreira
jornalística, escrevendo uma coluna como crítico de cinema.
Carreira Diplomática
Em 1943, Vinicius de Morais é aprovado no concurso para Diplomata. Vai para os Estados
Unidos, onde assume o posto de vice-cônsul em Los Angeles. Serviu sucessivamente em Paris,
a partir de 1953, em Montevidéu a partir de 1959 e novamente em Paris, em 1963.
Vinicius voltou definitivamente ao Brasil em 1964. Em 1968 foi aposentado
compulsoriamente pelo Ato Institucional Número Cinco.
Música e Teatro
Em 1956, Vinicius de Moraes publicou a peça teatral Orfeu da Conceição, levada ao palco
do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. A peça continha músicas de Vinicius e de Tom Jobim.
Nesse mesmo ano, a peça foi levada para o cinema pelo francês Marcel Camus. O filme,
intitulado Orfeu Negro, alcançou sucesso internacional, recebendo a Palma de Ouro, em Cannes
e o Oscar de Melhor Filme estrangeiro, em Hollywood, no ano de 1959.
De volta ao Brasil, Vinicius de Moraes dedica-se à poesia e à música popular brasileira. Fez
parcerias musicais com Toquinho, Tom Jobim, Baden Powell, João Gilberto, Francis Hime, Edu
Lobo, Carlos Lyra e Chico Buarque.
Entre suas parcerias destacam-se as músicas: Garota de Ipanema, escrita em 1962 e
musicada por Antônio Carlos Jobim, e no ano seguinte foi lançada a versão em inglês, Gente
Humilde, Arrastão, A Rosa de Hiroshima, Berimbau, A Tonga da Mironga do Kaburetê, Canto de
Ossanha, Insensatez, Eu Sei Que Vou Te Amar e Chega de Saudade.
Em 1961, compõe Rancho das Flores, baseado no tema Jesus, Alegria dos Homens, de
Johann Sebastian Bach. Com Edu Lobo, ganha o Primeiro Festival Nacional de Música Popular
Brasileira, com a música Arrastão.
A parceria com o músico Toquinho foi considerada a mais produtiva. Rendeu músicas
importantes como Aquarela, A Casa, As Cores de Abril, Testamento, Maria Vai com as Outras,
Morena Flor, A Rosa Desfolhada, Para Viver Um Grande Amor e Regra Três.
Vinicius participou de vários shows e gravações com cantores e compositores
importantes como Chico Buarque de Holanda, Elis Regina, Dorival Caymmi, Maria Creuza,
Miúcha e Maria Bethânia. O Álbum Arca de Noé foi lançado em 1980 e teve vários intérpretes,
cantando a música infantil. Esse Álbum originou um especial para a televisão.
A produção poética de Vinicius de Moraes
Vinicius de Moraes foi um poeta significativo da Segunda Fase do Modernismo. Ao publicar sua Antologia
Poética, em 1955, admitiu que sua obra poética divide-se em duas fases:
• A primeira fase carregada de misticismo e profundamente cristã, começa em "O Caminho para a
Distância" (1933) e, termina com o poema, “Ariana, a Mulher” (1936).
• A segunda fase, iniciada com “Cinco Elegias” (1943), assinala a explosão de uma poesia mais viril.
“Nela – segundo ele – estão nitidamente marcados os movimentos de aproximação do mundo
material, com a difícil, mas consistente repulsa ao idealismo dos primeiros anos.”
Ao englobar o “mundo material” em sua produção artística, Vinicius se inclina por uma
lírica comprometida com o cotidiano, onde buscou os grandes dramas sociais do seu tempo. Os
poemas “Rosa de Hiroshima” (1954) e “Operário em Construção” (1956), são exemplos desse
engajamento social.
Várias experiências conjugais marcaram a vida de Vinicius, casou-se nove vezes e teve
cinco filhos. Suas esposas foram Beatriz Azevedo, Regina Pederneira, Lila Bôscoli, Maria Lúcia
Proença, Nellita de Abreu, Cristina Gurjão, Gesse Gessy, Marta Rodrigues e a última, Gilda
Matoso.
Vinicius de Moraes faleceu no Rio de Janeiro, no dia 09 de julho de 1980, devido a
problemas decorrentes de uma isquemia cerebral.
Obra de Vinicius de Moraes
Poesia:
• O Caminho Para a Distância (1933)
• Forma e Exegese (1935)
• Ariana, a Mulher (1936)
• Novos Poemas (1938)
• Cinco Elegias (1943)
• Poemas, Sonetos e Baladas (1946)
• Pátria Minha (1949)
• Antologia Poética (1955)
• Livro de Sonetos (1956)
• O Mergulhador (1965)
• A Arca de Noé (1970)
Teatro:
• Orfeu da Conceição (1954)
• Cordélia e o Peregrino (1965)
• Pobre Menina Rica (1962)
Prosa:
• O Amor dos Homens (1960)
• Para Viver Um Grande Amor (1962)
• Para Uma Menina Com Uma Flor (1966)
Cecília Meireles
Cecília Meireles (1901-1964) foi uma poetisa, professora,
jornalista e pintora brasileira. Foi a primeira voz feminina de grande
expressão na literatura brasileira, com mais de 50 obras publicadas.
Com 18 anos estreia na literatura com o livro "Espectros". Participou
do grupo literário da Revista Festa, grupo católico, conservador. Dessa
vinculação herdou a tendência espiritualista que percorre seus
trabalhos com frequência. Embora mais conhecida como poetisa,
deixou contribuições no domínio do conto, da crônica, da literatura
infantil e do folclore. Cecília Benevides de Carvalho Meireles (1901-
1964) nasceu no Rio de Janeiro no dia 7 de novembro de 1901. Perdeu
o pai poucos meses antes de seu nascimento e a mãe logo depois de
completar 3 anos. Foi criada por sua avó materna, a portuguesa Jacinta
Garcia Benevides.
Carreira literária
Em 1919, Cecília Meireles lançou seu primeiro livro de poemas, "Espectros" com 17
sonetos de temas históricos. Em 1922, por ocasião da Semana de Arte Moderna ela participou
do grupo da revista Festa, ao lado de Tasso da Silveira, Andrade Muricy e outros, que defendia
o universalismo e a preservação de certos valores tradicionais da poesia. Nesse mesmo ano,
casa-se com o artista plástico português Fernando Correia Dias, com quem teve três filhas.
Cecília Meireles estudou literatura, folclore e teoria educacional. Colaborou na imprensa
carioca escrevendo sobre folclore. Atuou como jornalista em 1930 e 1931 e publicou vários
artigos sobre educação. Fundou em 1934 a primeira biblioteca infantil no Rio de Janeiro. O
interesse de Cecília pela educação se transformou em livros didáticos e poemas infantis.
Características da obra de Cecília Meireles
A rigor, Cecília Meireles nunca esteve filiada a nenhum movimento literário. Sua poesia,
de modo geral, filia-se às tradições da lírica luso-brasileira. Apesar disso, suas publicações
iniciais evidenciam certa inclinação pelo Simbolismo, reúnem religiosidade, desespero e
individualismo. Há misticismo no campo da solidão, mas existe a consciência de seus dons e seu
destino:
Somente com o livro Viagem (1939) é que Cecília Meireles ingressa no espírito poético da
escola modernista. A poetisa foi cuidadosa com a seleção vocabular e teve forte inclinação para
a musicalidade (traço associado ao Simbolismo), para o verso curto e para os paralelismos, a
exemplo dos versos das poesia medieval portuguesa:
Música
Noite perdida
Não te lamento:
embarco a vida
No pensamento,
busco a alvorada
do sonho isento,
Poesia Reflexiva
Cecília Meireles cultivou uma poesia reflexiva, de fundo filosófico, que abordou temas
como a transitoriedade da vida, o tempo, o amor, o infinito e a natureza. Cecília foi uma escritora
intuitiva, que sempre procurou questionar e compreender o mundo a partir das próprias
experiências. Uma série de cinco poemas, todos intitulados Motivo da Rosa, da obra “Mar
Absoluto”, abordam o tema da efemeridade do tempo:
Poesia Histórica
A obra máxima de Cecília Meireles foi o poema épico-lírico Romanceiro da Inconfidência,
onde se encontram os maiores valores de sua poética. Trata-se de uma narrativa rimada, escrita
em homenagem aos heróis que lutaram e morreram pela Pátria:
Romanceiro da Inconfidência
Atrás de portas fechadas,
à luz de velas acesas,
entre sigilo e espionagem
acontece a Inconfidência.
E diz o vigário ao Poeta:
“Escreva-me aquela letra
do versinho de Virgílio...”
E dá-lhe o papel e a pena.
E diz o Poeta ao Vigário,
Com dramática prudência:
“Tenha meus dedos cortados,
antes que tal verso escrevam...”
Liberdade, Ainda que Tarde, (...)
Cecília Meireles faleceu no Rio de Janeiro, no dia 9 de novembro de 1964. Seu corpo foi
velado no Ministério da Educação e Cultura. Cecília Meireles foi homenageada pelo Banco
Central, em 1989, com sua efígie na cédula de cem cruzados novos.
FIXAÇÃO
Confidência do Itabirano
[comunicação.
[sem horizontes.
Aquele bêbado
— Juro nunca mais beber — e fez o sinal da cruz com os indicadores. Acrescentou: — Álcool.
O mais ele achou que podia beber. Bebia paisagens, músicas de Tom Jobim, versos de Mário Quintana. Tomou
um pileque de Segall. Nos fins de semana, embebedava-se de Índia Reclinada, de Celso Antônio.
Só ele sabia que andava mais bêbado que um gambá. Morreu de etilismo abstrato, no meio de uma
carraspana de pôr do sol no Leblon, e seu féretro ostentava inúmeras coroas de ex-alcoólatras anônimos.
ANDRADE, C. D. Contos plausíveis. Rio de Janeiro: Record, 1991.
Reinvenção
A vida só é possível
reinventada.
3. Podemos dizer que, nesse trecho de um poema de Cecília Meireles, encontramos traços
de seu estilo
a) a) sempre marcado pelo momento histórico.
b) b) ligado ao vanguardismo da geração de 22.
c) c) inspirado em temas genuinamente brasileiros.
d) d) vinculado à estética simbolista.
e) e) de caráter épico, com inspiração camoniana.
Soneto de fidelidade
4. Nos dois primeiros quartetos do soneto de Vinicius de Moraes, delineia-se a ideia de que
o poeta
a) não acredita no amor como entrega total entre duas pessoas.
b) acredita que, mesmo amando muito uma pessoa, é possível apaixonar-se por outra e
trocar de amor.
c) entende que somente a morte é capaz de findar com o amor de duas pessoas.
d) concebe o amor como um sentimento intenso a ser compartilhado, tanto na alegria
quanto na tristeza.
e) vê, na angústia causada pela ideia da morte, o impedimento para as pessoas se
entregarem ao amor.
Mudas telepáticas
Cegas inexatas
Rotas alteradas
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A anti-rosa atômica
GABARITO
1. C
2. A
3. D
4. D
5. B
SUMÁRIO
MODERNISMO 2ª FASE...................................................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO AO MODERNISMO 2ª FASE PROSA REGIONALISTA ................................................................ 2
CONTEXTO HISTÓRICO DA SEGUNDA GERAÇÃO MODERNISTA................................................................ 2
VERTENTES DA PROSA MODERNISTA ........................................................................................................ 2
CARACTERÍSTICAS DO MODERNISMO ....................................................................................................... 3
PRINCIPAIS AUTORES E OBRAS ...................................................................................................................... 3
BIOGRAFIA DE RACHEL DE QUEIROZ ......................................................................................................... 4
BIOGRAFIA DE GRACILIANO RAMOS ......................................................................................................... 5
BIOGRAFIA DE JOSÉ LINS DO REGO ........................................................................................................... 6
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 7
GABARITO .................................................................................................................................................... 10
MODERNISMO 2ª FASE
INTRODUÇÃO AO MODERNISMO 2ª FASE PROSA REGIONALISTA
O Modernismo Brasileiro foi um movimento de amplo espectro cultural, caracterizando-
se como uma fase de ruptura que destruiu antigas estéticas no mundo da arte, convergindo
elementos das denominadas vanguardas europeias. Além de romper com os códigos literários
do primeiro vintênio, a literatura da época também representou uma crítica global ao modo de
pensar das velhas gerações, prezando uma aproximação com a realidade.
O marco do movimento foi a Semana de Arte Moderna de 1922, realizada no Teatro
Municipal da cidade de São Paulo. Na ocasião, um grupo de artistas se reuniu para discutir e
apresentar os novos ideais estéticos. A literatura no Brasil passou a ser voltada para as raízes
nacionais, e a ideologia da época estava direcionada para a análise crítica da relação entre o
homem e a sociedade.
Também chamada de neorrealista, a fase do modernismo retomou parcialmente as ideias
do naturalismo, mas considerando o homem como um ser de conflitos interiores e traços
emocionais. Na primeira geração, a de 1922, a literatura desvinculou-se do passado colonizador
e inseriu uma linguagem de inovações formais e estéticas.
CARACTERÍSTICAS DO MODERNISMO
A característica unificadora do movimento modernista brasileiro era o desejo de
liberdade de criação e expressão, aliados aos ideais nacionalistas. Como citado anteriormente,
a Geração de 1930 buscava refletir a realidade social e econômica brasileira, revelando uma
fase muito rica na produção de poesia e prosa, refletindo os momentos históricos conturbados
vividos no país e no mundo.
Os romances eram carregados de denúncias e mostravam as relações do “eu” com o
restante do mundo. O regionalismo também teve grande importância nesta fase, destacando a
seca, a migração, os problemas do trabalhador rural e a miséria.
Dentre as temáticas trabalhadas, entraram também os romances urbanos e psicológicos.
Se comparado à era naturalista, o modernismo, em sua segunda fase, afastou-se do apego ao
cientificismo.
Poesia, prosa e romances da Segunda Geração Modernista
Tanto a prosa quanto a poesia foram ricamente produzidas durante a segunda fase
modernista, embora a primeira seja predominante. Familiarizada com a nova maneira de
expressão, a poesia se apresenta de forma mais amadurecida e politizada, comprometida com
as mudanças sociais ocorridas no país.
A poesia pós Semana de Arte Moderna de 22 mantém o verso livre e a poesia sintética,
apresentando influências de Mário e Oswald de Andrade. Destacam-se os versos de Murilo
Mendes, Cecília Meireles, Jorge de Lima e Vinicius de Moraes.
A prosa reflete o mesmo momento histórico. Portanto, apresenta um caráter mais maduro
e construtivo, com uma linguagem que adota uma postura mais documental. Isso porque, ela
expõe a realidade brasileira e busca focalizar o aspecto social.
Já os romances urbanos preocupavam-se em expor a vida nas grandes cidades, revelando
as desigualdades sociais.
Os escritores da Geração de 30 também focalizam a realidade regional do país, abordando
temas como a seca e os flagelos dela decorrentes. Há, ainda, a prosa intimista, elaborada a partir
da teoria psicanalítica freudiana, que conta com representantes como Dionélio Machado, Lúcio
Cardoso e Graciliano Ramos.
José Lins do Rego: “Menino de Engenho”, “Doidinho”, “Banguê”, “Usina” e “Fogo Morto”
Graciliano Ramos: “Caetés”, “São Bernardo”, “Angústia”, “Vidas Secas”, “Insônia”, “Infância”,
“Memórias do Cárcere” e “Viagem”
Jorge Amado: “Cacau”, “Jubiabá”, “Capitães de Areia”, “Terras do Sem-Fim”, “São Jorge dos
Ilhéus”, “Quincas Berro D´água”, “Os pastores da Noite”, “Dona Flor e seus dois maridos”, “Tenda
dos Milagres”, “Teresa Batista cansada de guerra”, “Tieta do Agreste”, “Farda, fardão, camisola
de dormir” e “A descoberta da América pelos Turcos”
Érico Veríssimo: “Clarissa”, “Música ao Longe”, “Um Lugar ao Sol”, “Olhai os Lírios do Campo”,
“O resto é silêncio”, “O Tempo e o Vento” e “O Retrato”.
Obras
Possuidora de uma vasta obra, Rachel de Queiroz escreveu romances, contos e crônicas,
com destaque para ficção social nordestina. Além disso, escreveu literatura infanto-juvenil,
antologias e peças de teatro. Segue abaixo algumas obras:
• O Quinze (1930)
• João Miguel (1932)
• Caminhos de Pedras (1937)
• As Três Marias (1939)
• Três romances (1948)
• O Galo de Ouro (1950)
• Lampião (1953)
• A Beata Maria do Egito (1958)
• Quatro Romances (1960)
• O Menino Mágico (1969)
• Seleta (1973)
Primeiras obras
Graciliano Ramos estreou na literatura em 1933 com o romance Caetés. Nessa época mantinha
contato com José Lins do Rego, Raquel de Queiroz e Jorge Amado. Em 1934 publicou o romance
São Bernardo, e em 1936 publicou Angústia. Nesse mesmo ano, ainda no cargo de Diretor da
Imprensa Oficial e da Instrução Pública do Estado, foi preso, sob a acusação de que era
comunista. Ficou nove meses na prisão, sendo solto, pois não encontraram provas.
Em 1937, Graciliano Ramos mudou-se para o Rio de Janeiro. Foi morar em um quarto de pensão
com a esposa e as filhas menores. Em 1939 foi nomeado Inspetor Federal de Ensino. Em 1945
ingressou no Partido Comunista. Em 1951 foi eleito presidente da Associação Brasileira de
Escritores. Em 1952 viajou para os países socialistas do Leste Europeu, experiência descrita na
obra Viagem, publicada em 1954, após sua morte.
• Caetés (1933)
• São Bernardo (1934)
• Angústia (1936)
• Vidas Secas (1938)
Carreira Literária
A partir de 1923, José Lins do Rego assina seus primeiros trabalhos literários para o semanário
Dom Casmurro. Em 1924 casa-se com Filomena Massa, com quem teve três filhas. Em 1925, já
formado, muda-se para Minas Gerais, onde exerceu o cargo de promotor público. Em 1926
desistiu da carreira de magistrado e muda-se para a cidade de Maceió, onde trabalha como fiscal
de bancos.
Movimento Regionalista
José Lins do Rego tornou-se amigo de Graciliano Ramos e Raquel de Queiroz. Mantinha
contato com Gilberto Freire e Olívio Montenegro, no Recife. Fez oposição ao movimento
Modernista de São Paulo e integrou o Movimento Regionalista do Nordeste que procurava a
nova linguagem “brasileira”.
Menino de Engenho
Em 1932, José Lins do Rego publica seu primeiro romance, "Menino de Engenho",
romance de características autobiográfica quando o narrador, o menino Carlos de Melo, vai
dizendo de sua infância passada na fazenda de avô Zé Paulino, no Engenho Santa Rosa. A obra
lhe deu o prêmio da Fundação Graça Aranha.
A obra de José Lins do Rego tem um fundo comum a dos demais regionalistas dos anos 30
(Segundo Tempo Modernista), como Raquel de Queiroz, Graciliano Ramos e Jorge Amado.
Segundo ele, sua obra está dividida por temáticas: Ciclo da cana de açúcar, cuja ação se
desenvolve na região nordestina dos grandes engenhos de açúcar, como Menino de Engenho,
Doidinho, Banguê e Fogo Morto – a obra-prima desse ciclo.
Ciclo do cangaço, do misticismo e da seca, com Pedra Bonita e Cangaceiros.
Obras independentes, mas também vinculadas ao Nordeste, como Pureza e Riacho Doce
(que foi transformada em minissérie para a TV), e Água Mãe e Eurídice, onde o cenário se
desloca do Nordeste para a cidade do Rio de Janeiro. José Lins do Rego faleceu no Rio de Janeiro,
no dia 12 de setembro de 1957.
EXERCÍCIOS
1. Estão, entre os principais escritores da prosa na segunda fase do modernismo:
a) Clarice Lispector, Lygia Fagundes Telles, Augusto de Campos e Dalton Trevisan.
b) Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, José Lins do Rego e Jorge Amado.
c) Graciliano Ramos, Fernando Sabino, Érico Veríssimo e Mário de Andrade.
d) Paulo Mendes Campos, Carlos Drummond de Andrade, Dionélio Machado e Hilda Hilst.
e) Lúcio Cardoso, Roberto Drummond, Jorge Amado e Adélia Prado.
No decênio de 1870, Franklin Távora defendeu a tese de que no Brasil havia duas literaturas independentes
dentro da mesma língua: uma do Norte e outra do Sul, regiões segundo ele muito diferentes por formação
histórica, composição étnica, costumes, modismos linguísticos etc. Por isso, deu aos romances regionais que
publicou o título geral de Literatura do Norte. Em nossos dias, um escritor gaúcho, Viana Moog, procurou
mostrar com bastante engenho que no Brasil há, em verdade, literaturas setoriais diversas, refletindo as
características locais.
CANDIDO, A. A nova narrativa. A educação pela noite e outros ensaios. São Paulo: Ática, 2003.
O nosso Modernismo importa, essencialmente, na libertação de uma série de recalques históricos, sociais,
étnicos, que são trazidos triunfalmente à tona da consciência literária. Esse sentimento de triunfo, que
assinala o fim da posição de inferioridade no diálogo secular com Portugal e já nem o leva mais em conta,
define a originalidade própria do Modernismo na dialética do geral e do particular.
Na nossa cultura há uma ambiguidade fundamental: a de sermos um povo latino, de herança cultural
europeia, mas etnicamente mestiço, situado no trópico, influenciado por culturas primitivas, ameríndias e
africanas. Essa ambiguidade deu sempre às afirmações particularistas um tom de constrangimento, que
geralmente se resolvia pela idealização.
O Modernismo rompe com esse estado de coisas. As nossas deficiências, supostas ou reais, são
reinterpretadas como superioridades, através das vanguardas. A filosofia cósmica e superficial, que alguns
adotaram certo momento nas pegadas de Graça Aranha, atribui um significado construtivo, heroico, ao
cadinho de raças e culturas localizado numa natureza áspera. O mulato e o negro são definitivamente
incorporados como temas de estudo, inspiração, exemplo. O primitivismo é agora fonte de beleza e não mais
empecilho à elaboração da cultura. Isso, na literatura, na pintura, na música, nas ciências do homem.
Antonio Candido. Literatura e cultura de 1900 a 1945. In: Literatura e sociedade. Rio de Janeiro: Ouro Sobre Azul, 2006, p. 126-7 (com
adaptações)
Texto I
Logo depois transferiram para o trapiche o depósito dos objetos que o trabalho do dia lhes proporcionava.
Estranhas coisas entraram então para o trapiche. Não mais estranhas, porém, que aqueles meninos,
Texto II
À margem esquerda do rio Belém, nos fundos do mercado de peixe, ergue-se o velho ingazeiro – ali os bêbados
são felizes. Curitiba os considera animais sagrados, provê as suas necessidades de cachaça e pirão. No trivial
contentavam-se com as sobras do mercado.
TREVISAN, D. 35 noites de paixão: contos escolhidos. Rio de Janeiro: BestBolso, 2009 (fragmento).
GABARITO
1. B
2. D
3. C
4. B
5. D
SUMÁRIO
MODERNISMO 3ª FASE...................................................................................................................................... 2
PROSA ............................................................................................................................................................ 2
CONTEXTO HISTÓRICO .............................................................................................................................. 2
CARACTERÍSTICAS ...................................................................................................................................... 2
BIOGRAFIA DE CLARICE LISPECTOR ........................................................................................................... 3
BIOGRAFIA GUIMARÃES ROSA .................................................................................................................. 4
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 6
GABARITO ...................................................................................................................................................... 9
MODERNISMO 3ª FASE
PROSA
INTRODUÇÃO DE 45
Lembre-se que o Modernismo no Brasil está dividido em três gerações, sendo a prosa o
tipo de texto mais explorado na terceira fase.
De tal modo, os tipos de prosa do período são classificados segundo sua temática:
Prosa Urbana
Prosa Regionalista
A prosa regionalista absorve, por outro lado, aspectos do campo, da vida agrária, da fala
coloquial e regionalista, por exemplo, na obra de Guimarães Rosa.
Prosa Intimista
Por sua vez, a prosa intimista é determinada pela exploração de temas humanos e,
portanto, é mais íntima, psicológica e subjetiva. Esses aspectos são observados nas obras de
Clarice Lispector e de Lygia Fagundes Telles.
Clarice Lispector foi uma das mais destacadas escritoras da terceira fase do modernismo
brasileiro, chamada de "Geração de 45".
Recebeu diversos prêmios dentre eles o Prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal
e o Prêmio Graça Aranha.
“Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no
fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de
outro...”.
Guimarães Rosa foi um dos mais importantes escritores brasileiros do modernismo, além
de ter seguido a carreira de diplomata e médico.
Foi o terceiro ocupante da Cadeira nº 2 da Academia Brasileira de Letras (ABL), em 1967.
Fez parte da terceira geração modernista, chamada de "Geração de 45".
“Mas - o que é um pormenor de ausência. Faz diferença? “Choras os que não devias chorar. O
homem desperto nem pelos mortos nem pelos vivos se enluta" - Krishna instrui Arjuna, no
Bhágavad Gita. A gente morre é para provar que viveu. Só o epitáfio é fórmula lapidar. (...)
Alegremo-nos, suspensas ingentes lâmpadas. E: “Sobe a luz sobre o justo e dá-se ao teso coração
alegria!” - desfere então o salmo. As pessoas não morrem, ficam encantadas.”
No auge da carreira de escritor e diplomata, Guimarães Rosa, com apenas 59 anos, faleceu na
cidade do Rio de Janeiro, dia 19 de novembro de 1967, vítima de infarto.
Guimarães Rosa escreveu contos, novelas, romances. Muitas de suas obras foram
ambientadas pelo sertão brasileiro, com ênfase nos temas nacionais, marcadas pelo
regionalismo e mediadas por uma linguagem inovadora (invenções linguísticas, arcaísmo,
palavras populares e neologismos).
Rosa foi um estudioso da cultura popular brasileira. Sua obra que merece maior destaque
e por ter sido a mais premiada, é “Grande Sertão: Veredas”, publicada em 1956 e traduzida para
diversas línguas.
Sobre seus escritos, o próprio autor afirma:
“Quando escrevo, repito o que já vivi antes. E para estas duas vidas, um léxico só não é suficiente. Em outras
palavras, gostaria de ser um crocodilo vivendo no rio São Francisco. Gostaria de ser um crocodilo porque amo
os grandes rios, pois são profundos como a alma de um homem. Na superfície são muito vivazes e claros, mas
nas profundezas são tranqüilos e escuros como o sofrimento dos homens.”
Algumas Obras:
• Magma (1936)
• Sagarana (1946)
• Com o Vaqueiro Mariano (1947)
• Corpo de Baile (1956) dividida em três novelas: “Manuelzão e Miguilim”, “No
Urubuquaquá, no Pinhém” e “Noites do sertão”.
• Grande Sertão: Veredas (1956)
• Primeiras Estórias (1962)
• Campo Geral (1964)
• Noites do Sertão (1965)
EXERCÍCIOS
1. Sobre as características da obra de Clarice Lispector, é correto afirmar:
a) A causa socialista e posteriormente o ceticismo político marcaram sua vida. Sua obra
pode ser dividida em quatro fases: fase gauche, fase social, fase do “não” e fase da
memória.
b) Sua poesia é marcada pela presença constante de metáforas e símbolos, inclinação para
o surrealismo e os contrastes entre o abstrato e o concreto. Sua obra sofreu grande
influência do marxismo.
c) Sua prosa e poesia foram marcadas por temas relacionados à paisagem nordestina,
denúncia da condição de exploração e marginalização dos negros e, a partir de 1935, sua
obra ganhou também enfoque religioso em virtude de sua conversão ao catolicismo.
d) A escritora nunca esteve filiada a nenhum movimento literário, contudo, é possível
observar certa inclinação neossimbolista em razão da presença de temas como o
espiritualismo e o orientalismo em sua obra.
e) A pesquisa estética e a renovação das formas de expressão literária são características
da obra da escritora, que utilizou amplamente a técnica do fluxo de consciência,
transferindo a experiência interior para o primeiro plano da criação literária.
3. Leia.
UFPR – 2008
“(...) As palavras me antecedem e ultrapassam, elas me tentam e me modificam, e se não tomo cuidado será
tarde demais: as coisas serão ditas sem eu as ter dito. Ou, pelo menos, não era apenas isso. Meu enleio vem
de que um tapete é feito de tantos fios que posso me resignar a seguir um fio só; meu enredamento vem de
que uma história é feita de muitas histórias. (...)”
(...) Na verdade era uma vida de sonho. Às vezes, quando falavam de alguém excêntrico, diziam com a
benevolência que uma classe tem por outra: “Ah, esse leva uma vida de poeta”. Pode-se talvez dizer,
aproveitando as poucas palavras que se conheceram do casal, pode-se dizer que ambos levavam, menos a
extravagância, uma vida de mau poeta: vida de sonho. Não, não era verdade. Não era uma vida de sonho,
pois este jamais os orientara. Mas de irrealidade. (...)”
Com base nos fragmentos acima transcritos, extraídos de contos do livro Felicidade clandestina,
de Clarice Lispector, considere as seguintes afirmativas:
I. Narrar ou deixar de narrar, avaliar de diferentes maneiras um mesmo fato narrado são
hesitações frequentes dos narradores de Clarice Lispector. Como nos fragmentos acima,
também em outros contos prioriza-se a abordagem da vida interior, própria ou alheia,
revelando sutis alternâncias de percepção da realidade.
II. O aspecto metalinguístico está presente no primeiro fragmento.
III. Na ficção de Clarice Lispector, as diferenças entre a percepção masculina e a feminina
não são tematizadas, pois o ser humano está sempre condenado a viver num mundo
incompreensível.
IV. Na ficção de Clarice Lispector, apenas as personagens adultas têm consciência de seus
processos interiores. As crianças e adolescentes sofrem o impacto de novas descobertas,
mas sua inocência os afasta de qualquer comportamento perverso e os protege dos
riscos de viver mais intensamente.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas 3, 4 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
e) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.
4. Leia.
“Quem é pobre, pouco se apega, é um giro-o-giro no vago dos gerais, que nem os pássaros de rios e lagoas.
O senhor vê: o Zé-Zim, o melhor meeiro meu aqui, risonho e habilidoso. Pergunto: — Zé-Zim, por que é que
você não cria galinhas-d‘angola, como todo o mundo faz? — Quero criar nada não... — me deu resposta: —
Eu gosto muito de mudar... [...] Belo um dia, ele tora. Ninguém discrepa. Eu, tantas, mesmo digo. Eu dou
proteção. [...] Essa não faltou também à minha mãe, quando eu era menino, no sertãozinho de minha terra.
[...] Gente melhor do lugar eram todos dessa família Guedes, Jidião Guedes; quando saíram de lá, nos
trouxeram junto, minha mãe e eu. Ficamos existindo em território baixio da Sirga, da outra banda, ali onde o
de-Janeiro vai no São Francisco, o senhor sabe.”
Na passagem citada, Riobaldo expõe uma situação decorrente de uma desigualdade social típica
das áreas rurais brasileiras marcadas pela concentração de terras e pela relação de
dependência entre agregados e fazendeiros. No texto, destaca-se essa relação porque o
personagem-narrador
a) relata a seu interlocutor a história de Zé-Zim, demonstrando sua pouca disposição em
ajudar seus agregados, uma vez que superou essa condição graças à sua força de
trabalho.
b) descreve o processo de transformação de um meeiro — espécie de agregado — em
proprietário de terra.
c) denuncia a falta de compromisso e a desocupação dos moradores, que pouco se
envolvem no trabalho da terra.
d) mostra como a condição material da vida do sertanejo é dificultada pela sua dupla
condição de homem livre e, ao mesmo tempo, dependente.
e) mantém o distanciamento narrativo condizente com sua posição social, de proprietário
de terras.
5. Leia.
— Nonada. Tiros que o senhor ouviu foram de briga de homem não, Deus esteja. Alvejei mira em árvore, no
quintal, no baixo do córrego. Por meu acerto. Todo dia isso faço, gosto; desde mal em minha mocidade.
*Nonada: pode-se traduzir o significado de “nonada” como se o signo fosse um nome: “o nada”,
“coisa alguma”; como um pronome substantivo: “nada”; como um advérbio: “em lugar algum”,
“em parte alguma”, “no nada”; como uma predicação: “algo não é coisa alguma”, “isso é nada”,
“algo é no nada”, “algo é nada”.
Acompanhado dos chefes-de-turma ― que ele dava patente de serem seus sotenentes e oficiais de seu terço
― Zé Bebelo, montado num formudo ruço-pombo e com um chapéu distintíssimo na cabeça, repassava daqui
p’r’ali, eguando bem, vistoriava.
GABARITO
1. E
2. A
3. C
4. D
5. D
SUMÁRIO
MODERNISMO 3ª FASE...................................................................................................................................... 2
POESIA ........................................................................................................................................................... 2
CONTEXTO HISTÓRICO .............................................................................................................................. 2
BIOGRAFIA DE JOÃO CABRAL DE MELO NETO (1920-1999) ...................................................................... 2
FIXAÇÃO ............................................................................................................................................................. 5
GABARITO ...................................................................................................................................................... 8
MODERNISMO 3ª FASE
POESIA
INTRODUÇÃO DE 45
CONTEXTO HISTÓRICO
A Segunda Guerra Mundial ocorreu entre 1939 a 1945. Portanto, a geração de 45 marca o
início da Guerra Fria, da corrida armamentista, bem como o fim da segunda guerra e de muitos
governos totalitários, do qual se destaca o nazismo alemão.
No Brasil, o período foi da redemocratização do país e a Era Vargas. Com Getúlio Vargas
no poder, essa fase seria marcada pela repressão, censura e a ditadura que avançava.
O movimento moderno das artes buscava criticar a sociedade, ao mesmo tempo que se
distanciava da arte acadêmica. Isso, deu lugar ao folclore, aos regionalismos, aos múltiplos
subjetivismos, dentre outros.
Foi nesse contexto, que os escritores da terceira fase modernista produziram suas obras.
A Geração de 45, no contexto da Terceira Fase Modernista (1945-1980), já inclui
aspectos pós-modernos. Por isso é também chamada de “Fase Pós-Moderna”, com rupturas
entre a primeira e a segunda fase.
Assim, fica claro, que a ideia inicial difundida pelos Modernistas de 22, vinha sofrendo
mudanças com o passar do tempo.
De tal modo, a geração de 45 reuniu artistas preocupados em buscar uma nova expressão
literária, por meio da experimentação e inovações estéticas, temáticas e linguísticas.
A Geração de 45 representou uma arte mais preocupada com a palavra e a forma - no caso
de João Cabral e Guimarães Rosa - ao mesmo tempo que explorava assuntos essencialmente
humanos, como na obra de Clarice.
Tanto a prosa quanto a poesia foram exploradas nesse período, no entanto, de maneira
mais intimista, regionalista e urbana. Além da poesia intimista, merece destaque a prosa
urbana, a prosa intimista e a prosa regionalista.
Embora com extensa agenda diplomática, escreveu diversas obras, chegando ser eleito
em 15 de agosto de 1968 como membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), recebido por
José Américo. Em seu discurso de posse homenageou o jornalista Assis Chateaubriand.
Assim, para compensar o laconismo de um “muito obrigado” e expressar meu reconhecimento de
outra maneira, quero dizer que me sinto muito honrado em vir a ser um de vós. E não apenas pelo
que cada um de vós representa em nossa vida intelectual como porque a Academia, que vós todos,
em conjunto, constituís, é uma de nossas instituições em que se tem mantido mais vivo o respeito
pela liberdade do espírito. Daí (e não sei de maior elogio que se possa fazer a um corpo de
escritores, homens para quem a liberdade de espírito é condição de existência) meu empenho em
declarar que, entrando para a Academia, não tenho o sentido de estar abdicando de nenhuma das
coisas que me são importantes como escritor.
Na verdade, venho ser companheiro de escritores que representaram, ou representam, o que a
pesquisa formal, no nível da textura e da estrutura do estilo, tem de mais experimental; escritores
outros cuja obra é uma permanente, e renovada, denúncia de condições sociais que espíritos
acomodados achariam mais conveniente não dar a ver; escritores que, em momentos os mais
diversos de nossa história política, têm combatido situações políticas também as mais diversas;
escritores que, já acadêmicos, têm julgado livremente a Academia, patronos de suas Cadeiras e
membros de suas Cadeiras. E tudo isso sem que a Academia tenha procurado exercer nenhuma
censura e sem que a posição de acadêmicos tenha levado esses escritores a qualquer autocensura."
(Trecho do Discurso de Posse, 6 maio de 1969)
Obras
João Cabral escreveu diversas obras e segundo ele “escrever é estar no extremo de si mesmo”:
• Considerações sobre o poeta dormindo, 1941;
• Pedra do sono, 1942;
• O engenheiro, 1945;
• O cão sem plumas, 1950;
• O rio, 1954;
• Quaderna, 1960;
• Poemas escolhidos, 1963;
• A educação pela pedra, 1966;
• Morte e vida severina e outros poemas em voz alta, 1966;
FIXAÇÃO
1. Morte e vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, identifica-se como:
a) uma obra que, refletindo inovações e experimentações linguísticas do autor, torna
tênues as barreiras entre a prosa e poesia.
b) um auto que explora a temática do nascimento como signo do ressurgir da esperança.
c) um auto de Natal que rememora a visita dos reis Magos e pastores ao Deus Menino.
d) um poema que encerra uma síntese das propostas vanguardistas contidas na obra geral
do autor.
e) um conto cujo interesse se centraliza na preocupação do autor como problema da seca
no Nordeste.
4. Leia o que disse João Cabral de Melo Neto, poeta pernambucano, sobre a função de seus
textos:
"Falo somente com o que falo: a linguagem enxuta, contato denso; Falo somente do que falo: a vida seca,
áspera e clara do sertão; Falo somente por quem falo: o homem sertanejo sobrevivendo na adversidade e na
míngua. Falo somente para quem falo: para os que precisam ser alertados para a situação da miséria no
Nordeste."
5. (UEPA - PA)
“(...) Chega mais perto e contempla as
[palavras.
[neutra
Procura da Poesia
A evaporação, a densidade
A lição de Poesia.
As estrofes destacadas revelam que, para Drummond e João Cabral, a criação poética centra-se
no(a):
GABARITO
1. B
2. B
3. A
4. A
5. A
SUMÁRIO
TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS ..................................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO A LITERATURA BRASILEIRA CONTEMPORÃNEA ..................................................................... 2
CARACTERÍSTICAS ...................................................................................................................................... 2
PRINCIPAIS AUTORES E OBRAS .................................................................................................................. 2
CONCRETISMO............................................................................................................................................... 4
CARACTERÍSTICAS ...................................................................................................................................... 4
CONCRETISMO NO BRASIL ............................................................................................................................ 4
GRUPO CONCRETISTA DE SÃO PAULO ...................................................................................................... 4
POESIA CONCRETA..................................................................................................................................... 4
EXEMPLO DE POESIA CONCRETA............................................................................................................... 5
NEOCONCRETISMO ....................................................................................................................................... 5
EXEMPLO DE POESIA NEOCONCRETA ....................................................................................................... 5
BOSSA NOVA E TROPICALISMO ..................................................................................................................... 6
FIXAÇÃO ............................................................................................................................................................. 7
GABARITO .................................................................................................................................................... 11
TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS
INTRODUÇÃO A LITERATURA BRASILEIRA CONTEMPORÃNEA
A Literatura Brasileira Contemporânea engloba as produções do final do século XX e
da primeira metade do século XXI, sendo marcada por uma multiplicidade de tendências.
Ela reúne um conjunto de caraterísticas de diversas escolas literárias anteriores,
revelando assim, uma mistura de tendências que irão inovar a poesia e a prosa (contos,
crônicas, romances, novelas, etc.) do período.
Muitas características da literatura contemporânea estão relacionadas com o movimento
modernista, por exemplo, a ruptura com os valores tradicionais. Entretanto, a identidade nesse
momento não é mais uma busca, sendo revelada por uma crise existencial do homem pós-
moderno.
Alguns movimentos vanguardistas que assinalaram a produção contemporânea foram:
• Concretismo
• Neoconcretismo
• Poesia-Práxis
• Poesia Marginal
• Poema Processo
CARACTERÍSTICAS
As principais características da literatura contemporânea são:
• Mistura de tendências estéticas (ecletismo)
• União da arte erudita e da arte popular
• Prosa histórica, social e urbana
• Poesia intimista, visual e marginal
• Temas cotidianos e regionalistas
• Engajamento social e literatura marginal
• Experimentalismo formal
• Técnicas inovadoras (recursos gráficos, montagens, colagens, etc.).
• Formas reduzidas (minicontos, minicrônicas, etc.)
• Intertextualidade e metalinguagem
CONCRETISMO
O concretismo foi um movimento artístico e cultural que surgiu na Europa em meados
do século XX, o qual visava a criação de uma nova linguagem, uma arte abstrata.
Esse movimento de vanguarda influenciou as artes literárias, musicais e figurativas.
CARACTERÍSTICAS
As principais características do Concretismo na literatura são:
• Valorização do conteúdo visual e sonoro
• Sintaxe visual em detrimento da discursiva
• Banimento da estrutura formal, como os versos e as estrofes
• Utilização de efeitos gráficos
• O papel torna-se a tela e o artista aproveita todo o espaço
• Defesa da racionalidade
• Aversão ao Expressionismo
• Rejeição ao acaso e a abstração lírica
As principais características do Concretismo nas artes plásticas:
• Busca de precisão nas formas
• Uso de formas abstratas
• Influência do Cubismo
• União entra a forma e o conteúdo
• Defesa da racionalidade, lógica e cientificismo
CONCRETISMO NO BRASIL
No Brasil, esse movimento vanguardista chegou por volta de 1950, através do Suíço, Max
Bill (1908-1994), um dos precursores do movimento, ao lado do russo Vladimir Maiakovski
(1893-1930).
Bill popularizou as concepções dessa nova tendência na Exposição Nacional de Arte
Concreta, em 1956.
GRUPO CONCRETISTA DE SÃO PAULO
O movimento concreto se constituiu, primeiramente, na cidade de São Paulo, em meados
da década de 50, sendo liderado pelos poetas e irmãos Augusto e Haroldo de Campos, conhecido
como os "irmãos Campos”, e Décio Pignatari.
O grupo concretista de São Paulo foi fundador da Revista “Noigandres” (1952),
divulgadora das ideias atreladas ao concretismo.
POESIA CONCRETA
A poesia concreta inaugurou um novo estilo que norteou a poesia brasileira pós-
modernista, a partir de uma poesia visual, com utilização de efeitos gráficos, de forma que a
palavra concreta representa o objeto real (palavra-objeto).
Dessa forma, a poesia concreta absorve somente a palavra, ou seja, “a palavra-objeto”, sem
que haja preocupação com estruturas literárias, desde estrofes, versos e rimas.
A partir disso, há o predomínio de imagens em detrimento ao caráter discursivo da poesia.
A despeito de o concretismo não se preocupar com a temática, uma vez que o objetivo
principal era criar uma nova linguagem ao mesclar a forma e o conteúdo, alguns temas
prevaleceram na poesia concreta, desde as críticas feitas à sociedade capitalista e ao consumo
exacerbado.
BEBACOCACOLA
BABECOLA
BEBACOCA
BABECOLACACO
CACO
COLA
CLOACA
(Décio Pignatari)
NEOCONCRETISMO
O movimento neoconcreto ou neoconcretismo foi um movimento que surgiu no final da
década de 50, no Rio de janeiro, como reação ao movimento concretista criado em São Paulo.
Com isso, o Manifesto Neoconcretista foi publicado no Suplemento Dominical do Jornal do
Brasil, dia 23 de março de 1959.
Os neoconcretistas ou concretistas cariocas, acreditavam que a arte não podia ser
considerada como um mero objeto tal qual consideravam os poetas paulistas, de forma que,
para eles, a expressividade estava acima da forma.
Para tanto, criticavam a tendência racional, positivista, dogmática e técnico-científica do
concretismo ortodoxo paulista.
Nesse período (1959-1961), os artistas que mais se destacaram e participaram da “I
Exposição de Arte Neoconcreta” foram: Ferreira Gullar, Lygia Clark, Reynaldo Jardim, Theon
Spanudis, Sergio Camargo, Amílcar de Castro, Franz Weissmann e Lygia Pape.
Em resumo às ideias dos autores neoconcretos, Lygia Pape acrescentou:
“Nós nos separamos do Grupo Concreto de São Paulo porque eles queriam criar um projeto de dez
anos de trabalho para o futuro. O grupo do Rio achou que era racionalismo demais. Nós queríamos
trabalhar com a intuição, mais soltos.”
mar azul
mar azul marco azul
mar azul marco azul barco azul
mar azul marco azul barco azul arco azul
mar azul marco azul barco azul arco azul ar azul
(Ferreira Gullar)
FIXAÇÃO
Mesmo tendo a trajetória do movimento interrompida com a prisão de seus dois líderes, o tropicalismo não
deixou de cumprir seu papel de vanguarda na música popular brasileira. A partir da década de 70 do século
passado, em lugar do produto musical de exportação de nível internacional prometido pelos baianos com a
“retomada da linha evolutória”, instituiu-se nos meios de comunicação e na indústria do lazer uma nova era
musical. (TINHORÃO, J.R. Pequena história da música popular: da modinha ao tropicalismo. São Paulo: Art,
1986 [adaptado]).
1. A nova era musical mencionada no texto evidencia um gênero que incorporou a cultura
de massa e se adequou à realidade brasileira. Esse gênero está representado pela obra
cujo trecho da letra é:
a) A estrela d'alva/ no céu desponta/ E a lua tonta/ Com tamanho esplendor. (As
pastorinhas, Noel Rosa e João de Barro).
b) Hoje/ Eu quero a rosa mais linda que houver/ Quero a primeira estrela que vier/ Para
enfeitar a noite do meu bem. (A noite do meu bem, Dolores Duran).
c) No rancho fundo/ Bem pra lá do fim do mundo/ Onde a dor e a saudade/ Contam coisas
da cidade. (No rancho fundo, Ary Barroso e Lamartine Babo).
d) Baby, Baby/ Não adianta chamar/ Quando alguém está perdido/ Procurando se
encontrar. (Ovelha negra, Rita Lee.)
e) Pois há menos peixinhos a nadar no mar/ Do que beijinhos que eu darei/ Na sua boca.
(Chega de Saudade, Tom Jobim e Vinícius de Moraes).
Os versos acima são da canção “Tropicália”, de Caetano Veloso. Partindo desses versos, é
possível afirmar que:
a) Caetano Veloso não se preocupa em passar nenhuma mensagem com a música, apenas
enumera palavras soltas, sem sentido algum.
b) Caetano Veloso faz uma crítica irônica ao bairro de Ipanema nos versos finais.
c) Apesar de levar o título de “Tropicália”, essa canção nada tem a ver com o movimento
tropicalista.
d) A mistura de elementos aparentemente sem conexão dão o tom da proposta estética da
Tropicália.
e) Um dos principais aspectos do movimento tropicalista era falar exclusivamente da
cultura nacional.
Valha-me Nossa Senhora, Mãe de Deus de Nazaré! A vaca mansa dá leite, a braba dá quando quer. A mansa
dá sossegada, a braba levanta o pé. Já fui barco, fui navio, mas hoje sou escaler. Já fui menino, fui homem,
só me falta ser mulher.
João Grilo: Falta de respeito nada, rapaz! Isso é o versinho de Canário Pardo que minha mãe cantava para eu
dormir. Isso tem nada de falta de respeito!
Já fui barco, fui navio, mas hoje sou escaler. Já fui menino, fui homem, só me falta ser mulher. Valha-me.
Nossa Senhora, Mãe de Deus de Nazaré.
João Grilo: Falta de respeito foi isso agora, viu? A senhora se zangou com o verso que eu recitei?
A Compadecida: Não, João, porque eu iria me zangar? Aquele é o versinho que Canário Pardo escreveu para
mim e que eu agradeço. Não deixa de ser uma oração, uma invocação. Tem umas graças, mas isso até a torna
alegre e foi coisa de que eu sempre gostei. Quem gosta de tristeza é o diabo.
João Grilo: É porque esse camarada aí, tudo o que se diz ele enrasca a gente, dizendo que é falta de respeito.
A Compadecida: É máscara dele, João. Como todo fariseu, o diabo é muito apegado às formas exteriores. É
um fariseu consumado.
Encourado: Protesto.
Manuel: Eu já sei que você protesta, mas não tenho o que fazer, meu velho. Discordar de minha mãe é que
eu não vou.
(…)
5. Leia.
de sol a sol
soldado
de sal a sal
salgado
de sova a sova
sovado
de suco a suco
sugado
de sono a sono
sonado
sangrado
de sangue a sangue
GABARITO
1. D
2. A
3. D
4. D
5. A