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SUMÁRIO
LITERATURA E A HISTÓRIA DA LITERATURA ...................................................................................................... 2
LITERATURA ................................................................................................................................................... 2
FUNÇÃO DA LITERATURA .......................................................................................................................... 2
HISTORIOGRAFIA LITERÁRIA ...................................................................................................................... 2
O MODERNISMO ........................................................................................................................................... 3
PRIMEIRA FASE .......................................................................................................................................... 3
SEGUNDA FASE .......................................................................................................................................... 4
TERCEIRA FASE DO MODERNISMO ............................................................................................................ 4
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 5
GABARITO ...................................................................................................................................................... 7

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LITERATURA E A HISTÓRIA DA LITERATURA


LITERATURA
A literatura (do latim littera, que significa “letra”) é uma das manifestações artísticas do
ser humano, ao lado da música, dança, teatro, escultura, arquitetura, dentre outras.
Ela representa comunicação, linguagem e criatividade, sendo considerada a arte das
palavras.
Trata-se, portanto, de uma manifestação artística, em prosa ou verso, muito antiga que
utiliza das palavras para criar arte, ou seja, a matéria prima da literatura são as palavras, tal
qual as tintas é a matéria prima do pintor.
De tal maneira, o conceito de literatura também pode compreender o conjunto de estórias
fictícias inventadas por escritores em determinadas épocas e lugares, sejam poemas, romances,
contos, crônicas, novelas.
Os textos literários possuem uma função muito importante para o ser humano, de forma
que provocam sensações e produzem efeitos estéticos os quais nos fazem entender melhor nós
mesmos, nossas ações bem como a sociedade em que vivemos. Segundo o crítico literário
Afrânio Coutinho:
"A Literatura é, assim, a vida, parte da vida, não se admitindo possa haver conflito entre
uma e outra. Através das obras literárias, tomamos contato com a vida, nas suas verdades
eternas, comuns a todos os homens e lugares, porque são as verdades da mesma condição
humana."
Nesse sentido, devemos lembrar que o conceito de literatura foi se alterando ao longo do
tempo, e seu significado tal qual conhecemos hoje, é diferente da visão clássica de antanho.
Para o filósofo Grego Aristóteles, um dos primeiros a focar nos estudos sobre essa arte: “A
Arte literária é mimese (imitação); é a arte que imita pela palavra”.
Com efeito, o conceito de literatura foi se ampliando e abrangendo assim, diversos textos
que englobam os gêneros literários que hoje conhecemos: literatura infantil, literatura de
cordel, literatura marginal, literatura erótica, dentre outros.
FUNÇÃO DA LITERATURA
A arte literária representa recriações da realidade produzidas de maneira artística, ou
seja, que possui um valor estético, donde o autor utiliza das palavras em seu sentido conotativo
(figurado) para oferecer maior expressividade, subjetividade e sentimentos ao texto. Dessa
forma, a literatura possui um importante papel social e cultural envolvido no contexto em que
fora criada, posto que abarca diversos aspectos de determinada sociedade, dos homens e de
suas ações e, portanto, que provoca sensações e reflexões do leitor. Para o filósofo francês
Louis-Gabriel-Ambroise, Visconde de Bonald: “A literatura é a expressão da sociedade, como a
palavra é a expressão do homem.”
HISTORIOGRAFIA LITERÁRIA
As escolas literárias são mundiais, começam na Europa e influenciam todo o mundo.
Trovadorismo (1189 – 1418)
É o primeiro movimento literário da língua portuguesa, por meios quatro diferentes tipos
de cantigas: Cantigas de amor, de Amigo, de Escárnio e de Maldizer. As cantigas do
trovadorismo eram carregadas de valores típicos de Idade Média.
Humanismo (1418-1527)
É do Humanismo que nasce o Renascimento cultural, as prosas eram dirigidas a nobreza
e as poesias eram feitas por fidalgos. Deus para de ser o centro do universo e o homem começa
a ser o centro de tudo.

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Quinhentismo (1500 – 1601)


Essa escola literária se resume a toda e qualquer produção feita em 1500, na época do
descobrimento do Brasil. Eram cartas, crônicas, sermões que foram produzidos nesse período.
Classicismo (1527 – 1580)
Camões é o grande nome desse período, existe uma valorização da cultura greco-romana
e do racionalismo. As verdades universais passam a principal preocupação e os assuntos
pessoais são deixados de lado.
Barroco (1601 – 1768)
Enquanto no mundo havia uma crise do homem com a igreja, essa escola literária aparece
com a intenção de reconciliar o homem com a fé. Era comum encontrar o uso de imagens
contrastante como o crepúsculo (dia/noite) e a aurora (noite/dia)
Arcadismo (1768 – 1836)
A principal característica dessa escola é a exaltação da natureza. Resgata elementos da
antiguidade clássica e busca sempre a conciliação entre homem e os elementos da natureza.
Romantismo (1836 – 1881)
Essa escola literária se caracteriza pelo tema do amor constante e do sofrimento e,
também, a subjetividade e a liberdade formal. Muitos autores desse período eram jovens e
morreram cedo.
Realismo e Naturalismo (1881 – 1922)
O mundo romântico é substituído pelo desencanto e pela crença no material e no racional.
O escritor vira apenas um observador da vida das personagens.
Parnasianismo (1882 – 1922)
Nessa escola a liberdade formal do Romantismo era desprezada e a busca pela perfeição
era exaltada.
Simbolismo (1893 – 1922)
Reagindo aos avanços tecnológicos essa escola literária era espiritualizada e se
concentrava no poder da sugestão.
Pré-Modernismo (1902-1922)
Nessa escola literária começa a surgir um olhar critico aos problemas sociais do Brasil e
um nacionalismo crítico começa a aparecer.
Após o pré-modernismo surge o modernismo e suas outras correntes, cada uma com a
sua característica.

O MODERNISMO
PRIMEIRA FASE
Início: Semana de Arte Moderna de 1922
Contexto histórico: Fundação do Partido Comunista Brasileiro. O Tenentismo, movimento
liderado por jovens militares em contestação ao poder das Oligarquias e contra a corrupção em
geral. Em 1930 os “Tenentes” chegam ao poder com Getúlio Vargas.
Características: Poesia nacionalista. Espírito irreverente, polêmico e destruidor,
movimento contra. Anarquismo, luta contra o tradicionalismo; paródia, humor. Liberdade de
estética. Verso livre sem uso da métrica. Linguagem coloquial.
Destacaram-se no Modernismo no Brasil:
• Mário de Andrade – Obra: Pauliceia desvairada (Prefácio Interessantíssimo)
• Oswald de Andrade – Obra: Manifesto antropofágico / Pau-Brasil
• Manuel Bandeira – Obra: Libertinagem

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SEGUNDA FASE
Contexto histórico: A Era Vargas. Lampião e o cangaço no sertão
Características: Destaca-se a prosa regionalista nordestina (prosa neo-realista e neo-
naturalista).
Representantes da Segunda Fase:
• Graciliano Ramos – representante maior, criador do romance psicológico
nordestino – Obras: Vidas Secas; São Bernardo.
• Jorge Amado – Obras: Mar Morto; Capitães da Areia.
• José Lins do Rego – Obras: Menino de Engenho; Fogo Morto.
• Rachel de Queiroz – Obra: O Quinze.
• José Américo de Almeida – Obra: A Bagaceira
Poesia 30/45 – ruma para o universal.
Carlos Drummond de Andrade faz poesia de tensão ideológica.
Fases de Drummond: – Eu maior que o mundo – poema, humor, piada.
• Eu menor que o mundo – poesia de ação.
• Eu igual ao mundo – poesia metafísica.
Poetas espiritualistas: – Cecília Meireles – herdeira do Simbolismo.
• Jorge de Lima – Invenção de Orpheu.
• Vinícius de Moraes – Soneto da Fidelidade.
TERCEIRA FASE DO MODERNISMO
Contexto histórico: A Redemocratização do Brasil. A ditadura militar no Brasil. Continua
predominando a prosa.
Representantes:
• Guimarães Rosa – Neologismo – Obra: Sagarana.
• Clarice Lispector – Introspectiva – Obra: Laços de Família, onde a autora procura
retratar o cotidiano monótono e sufocante da família burguesa brasileira.
A Poesia concreta: – João Cabral de Melo Neto – poeta de poucas palavras. Obra de maior
relevância literária: Morte e Vida Severina. Tem intertextualidade com o teatro Vicentino.
OBS: É muito importante estar atento ao contexto histórico em que a obra está inserida.
A literatura nada mais é que um registro social de uma época. Reflete suas características
e anseios. Por isso cada Escola Literária está envolta por aspectos exclusivos.

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EXERCÍCIOS
I. “Ah! enquanto os Destinos impiedosos
Não voltam contra nós a face irada,
Façamos, sim façamos, doce amada,
Os nossos breves dias mais ditosos”.

II. “É a vaidade, Fábio, nesta vida,


Rosa, que da manhã lisonjeada,
Púrpuras mil, com ambição dourada,
Airosa rompe, arrasta presumida”.

III. “E quando eu durmo… e o coração ainda


Procura na ilusão tua lembrança,
Anjo da vida passa nos meus sonhos
E meus lábios orvalha d’esperança!”
1. Associe os trechos acima com os respectivos movimentos literários, cujas características
estão enumeradas abaixo:
Romantismo: evasão e devaneio na realização de um erotismo difuso.
Arcadismo: aproveitamento do momento presente (“carpe diem”).
Barroco: efemeridade da beleza física, brevidade enganosa da vida.
a) I – Romantismo; II – Arcadismo; III – Barroco
b) I – Barroco; II – Arcadismo; III – Romantismo
c) I – Arcadismo; II – Romantismo; III – Barroco
d) I – Arcadismo; II – Barroco; III – Romantismo
e) I – Barroco; II – Romantismo; III – Arcadismo
2. (UFSM) – Numere a primeira coluna de acordo com a segunda:
( ) Compensação de frustrações sentimentais na fuga da realidade através da imaginação.
( ) Literatura de informação que resgata as origens da nacionalidade brasileira, refletindo um
certo didatismo.
( ) Reconhecimento da realidade através dos sentidos, revelando uma preocupação com
aspectos religiosos.
( ) Utilização de linguagem simbólica para a expressão da fugacidade das coisas, marcadas pelo
paradoxo e pela gradação.
( ) Utilização de linguagem metafórica para expressar sentimentos individuais e de culto à
nacionalidade.
(1) Romantismo
(2) Barroco
(3) Quinhentismo
A sequência correta é:
a) 3, 2, 2, 1, 1
b) 3, 1, 3, 1, 2
c) 1, 3, 2, 2, 1
d) 1, 3, 2, 1, 2
e) 2, 1, 3, 1, 3

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3. O indianismo de nossos poetas românticos é:


a) uma forma de apresentar o índio em toda a sua realidade objetiva; o índio como
elemento étnico da futura raça brasileira.
b) um meio de reconstruir o grave perigo que o índio representava durante a instalação da
capitania de São Vicente.
c) um modelo francês seguido no Brasil; uma necessidade de exotismo que em nada difere
do modelo europeu.
d) um meio de eternizar liricamente a aceitação, pelo índio, da nova civilização que se
instalava.
e) uma forma de apresentar o índio como motivo estético; idealização com simpatia e
piedade; exaltação da bravura, do heroísmo e de todas as qualidades morais superiores.

4. Assinale a alternativa que contém a afirmação correta sobre o Naturalismo no Brasil.


a) O Naturalismo, por seus princípios científicos, considerava as narrativas literárias
exemplos de demonstração de teses e ideias sobre a sociedade e o homem.
b) O Naturalismo usou elementos da natureza selvagem do Brasil do século XIX para
defender teses sobre os defeitos da cultura primitiva.
c) A valorização da natureza rude verificada nos poetas árcades se prolonga na visão
naturalista do século XIX, que toma a natureza decadente dos cortiços para provar os
malefícios da mestiçagem.
d) O Naturalismo no Brasil esteve sempre ligado à beleza das paisagens das cidades e do
interior do Brasil.
e) O Naturalismo do século XIX no Brasil difundiu na literatura uma linguagem científica e
hermética, fazendo com que os textos literários fossem lidos apenas por intelectuais.
5. No trecho abaixo, o narrador, ao descrever a personagem, critica sutilmente um outro
estilo de época: o romantismo.
“Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a mais atrevida
criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que já lhe coubesse
a primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o
autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não digo
que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía das
mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a outro
indivíduo, para os fins secretos da criação.”
ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Jackson, 1957.

A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao romantismo está transcrita


na alternativa:
a) … o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas…
b) … era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça…
c) Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, …
d) Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos…
e) … o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.

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GABARITO
1. D
2. C
3. E
4. A
5. A

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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO AOS GÊNEROS LITERÁRIOS ......................................................................................................... 2
OS GÊNEROS LITERÁRIOS .............................................................................................................................. 2
GÊNERO NARRATIVO ................................................................................................................................. 2
GÊNERO DRAMÁTICO ................................................................................................................................ 3
GÊNERO LÍRICO .......................................................................................................................................... 3
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 4
GABARITO ...................................................................................................................................................... 7

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INTRODUÇÃO AOS GÊNEROS LITERÁRIOS


OS GÊNEROS LITERÁRIOS
A Literatura é uma manifestação artística difícil de ser conceituada. Para nos ajudar a
melhor entendê-la, Aristóteles, em sua Arte Poética, definiu aquilo que chamamos de gêneros
literários. Portanto, é interessante observar que a história da teoria dos gêneros pode ser
contada a partir da Antiguidade greco-romana, quando também surgiram as primeiras
manifestações poéticas da cultura ocidental.
Os gêneros literários reúnem um conjunto de obras que apresentam características
análogas de forma e conteúdo. Essa classificação pode ser feita de acordo com critérios
semânticos, sintáticos, fonológicos, formais, contextuais, entre outros. Eles se dividem em três
categorias básicas: gêneros épico, lírico e dramático. Vale salientar também que, atualmente, os
textos literários são organizados em três gêneros: narrativo, lírico e dramático.
Gênero épico ou narrativo: No gênero épico ou narrativo há a presença de um narrador,
responsável por contar uma história na qual as personagens atuam em um determinado espaço
e tempo. Pertencem a esse gênero as seguintes modalidades:
Épico; Fábula; Epopeia; Novela; Conto; Crônica; Ensaio; Romance.
Gênero lírico: Os textos do gênero lírico, que expressam sentimentos e emoções, são
permeados pela função poética da linguagem. Neles há a predominância de pronomes e verbos
na 1ª pessoa, além da exploração da musicalidade das palavras. Estão, entre as principais
estruturas utilizadas para a composição do poema:
Elegia; Ode; Écloga; Soneto.
Gênero dramático: De acordo com a definição de Aristóteles em sua Arte Poética, os
textos dramáticos são próprios para a representação e apreendem a obra literária em verso ou
prosa passíveis de encenação teatral. A voz narrativa está entregue às personagens, atores que
contam uma história por meio de diálogos ou monólogos. Pertencem ao gênero dramático os
seguintes textos:
Auto; Comédia; Tragédia; Tragicomédia; Farsa.

GÊNERO NARRATIVO
Romance, novela, conto, crônica e fábula são algumas das formas apresentadas pelo
gênero narrativo, marcado pela presença de narrador, tempo, espaço, enredo e personagens.
O termo “narrar” vem do latim “narratio” e quer dizer o ato de narrar acontecimentos
reais ou fictícios. Na Antiguidade Clássica, os padrões literários reconhecidos eram apenas o
épico, o lírico e o dramático. Com o passar dos anos surgiu dentro do gênero épico a variante:
gênero narrativo, a qual apresentou concepções de prosa com características diferentes, o que
fez com que surgissem divisões de outros gêneros literários dentro do estilo narrativo: o
romance, a novela, o conto, a crônica, a fábula. Porém, praticamente todas as obras narrativas
possuem elementos estruturais e estilísticos em comum e devem responder a
questionamentos, como: quem?, que? quando? onde? por quê? Vejamos a seguir:
• Narrador: é o que narra a história, pode ser onisciente (terceira pessoa,
observador, tem conhecimento da história e das personagens, observa e conta o
que está acontecendo ou aconteceu) ou personagem (em primeira pessoa; narra
e participa da história e, contudo, narra os fatos à medida em que acontecem, não
pode prever o que acontecerá com as demais personagens).
• Tempo: é um determinado momento em que as personagens vivenciam as suas
experiências e ações. Pode ser cronológico (um dia, um mês, dois anos) ou
psicológico (memória de quem narra, flash-back feito pelo narrador).

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• Espaço: lugar onde as ações acontecem e se desenvolvem.


• Enredo: é a trama, o que está envolvido na trama que precisa ser resolvido, e a
sua resolução, ou seja, todo enredo tem início, desenvolvimento, clímax e
desfecho.
• Personagens: através das personagens, seres fictícios da trama, encadeiam-se os
fatos que geram os conflitos e ações. À personagem principal dá-se o nome de
protagonista e pode ser uma pessoa, animal ou objeto inanimado, como nas
fábulas.
O que vimos foram os recursos que os estilos narrativos têm em comum, agora
vejamos cada um deles e suas características separadamente:
• Romance: é uma narrativa longa, geralmente dividida em capítulos, possui
personagens variadas em torno das quais acontece a história principal e também
histórias paralelas a essa, pode apresentar espaço e tempo variados.
• Novela: é um módulo mais compilado do romance e também mais dinâmico, é
dividida em episódios, são contínuos e não têm interrupções.
• Conto: é uma narrativa curta que gira em torno de um só conflito, com poucos
personagens.
• Crônica: é uma narrativa breve que tem por objetivo comentar algo do cotidiano;
é um relato pessoal do autor sobre determinado fato do dia a dia.
GÊNERO DRAMÁTICO
A palavra “drama” vem do grego e significa “ação”, logo, é um acontecimento ou situação
com intensidade emocional, a qual pode ser representada. No sentido literário, falar de drama
é falar de teatro. Este gênero começou com a encenação em cultos a divindades gregas. A
princípio os gregos abordavam apenas dois tipos de peças teatrais: a tragédia e a comédia.
Algumas peças são bastante conhecidas e lidas até hoje, por serem marcos da dramaturgia da
época: Prometeu acorrentado de Ésquilo; Édipo-rei e Electra de Sófocles; Medéia de Eurípedes
e Menandro de Antífanes.
Neste estilo literário o narrador conta a história enquanto os atores encenam e dialogam
através das personagens. Quanto aos estilos literários, esta modalidade literária compreende:
• Tragédia: representação de um fato trágico que causa catarse a quem assiste, ou
seja, provoca alívio emocional da audiência.
• Comédia: representação de um fato cômico, que causa riso.
• Tragicomédia: é a mistura de elementos trágicos e cômicos.
• Farsa: peça teatral de caráter puramente caricatural, de crítica à sociedade,
porém, sem preocupação de questionamento de valores.
GÊNERO LÍRICO
O termo “lírico” vem do latim (lyricu) e quer dizer “lira”, um instrumento musical grego.
Durante o período da Idade Média os poemas eram cantados e divididos por métricas (a medida
de um verso, definida pelo número de sílabas poéticas). A combinação de palavras, aliterações
e rima, por exemplo, foram cultivadas pelos poetas como forma de manter o ritmo musical.
Logo, essa é a origem da métrica e da musicalidade na poesia. A temática lírica geralmente
envolve a emoção, o estado de alma, os pensamentos, os sentimentos do eu-lírico, e também os
pontos de vista do autor e, portanto, é inteiramente subjetiva.
Esse gênero é geralmente expresso pela poesia, contudo, não é toda poesia que pertence
ao gênero referido, já que dependerá dos elementos literários inseridos nela.
Quanto à forma, da Idade Média aos dias de hoje, o estilo de poema que permaneceu com
intensidade foi o soneto, poesia rimada, composta por quatorze versos, dois quartetos e dois

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tercetos, com métrica composta de versos decassílabos (dez sílabas) e versos alexandrinos (12
sílabas).
Quanto ao conteúdo, predominantemente subjetivo, destacam-se:
• Elegia – vem do grego e significa “canto triste”; poesia lírica que expressa
sentimentos tristes ou morte. Um exemplo frequente é “O cântico do calvário” de
Fagundes Varela.
• Idílio e écloga – são poemas breves com temática pastoril. A écloga, na maioria
das vezes, apresenta diálogo.
• Epitalâmio – na literatura grega é um poema de homenagem aos noivos no
momento do casamento. Logo, é uma exaltação às núpcias de alguém.
• Ode ou hino – derivam do grego e significam “canto”. Ode é uma poesia que exalta
algo e hino que glorifica a pátria.
• Sátira – poesia que ridiculariza os defeitos humanos ou determinadas situações.

EXERCÍCIOS
1. As obras lidas para este vestibular pertencem a gêneros e períodos distintos de nossa
produção literária. A respeito delas, analise as afirmativas a seguir e identifique a(s)
correta(s).
I. Vidas secas apresenta um vocabulário seco, como a temática tratada. O narrador, ao
contar a saga de Fabiano, Sinhá Vitória, dos meninos sem nome e da cachorra Baleia, registra
a marginalização social, a exploração do homem pelo homem, a desumanização dos
personagens e a falta de comunicação nas relações familiares, entre outras abordagens.
II. Memórias póstumas de Brás Cubas, a obra que inicia o Realismo brasileiro, é impregnada
da visão cientificista, bem ao gosto do público da época. Questões como o Determinismo
biológico, social e histórico, o materialismo, o predomínio do instinto sobre a razão e do
psicológico sobre a ação são algumas das características mais marcantes da obra.
III. Memórias de um sargento de milícias pode ser entendida como uma obra de transição
entre o Romantismo e o Realismo. A história de Leonardinho é permeada por aventuras nos
subúrbios cariocas e mostra um herói atrevido, politicamente incorreto e irreverente. Além
disso, a voz narrativa antecipa a conversa com o leitor e a metanarrativa que ganhará força
com a literatura machadiana.
IV. Sentimento de mundo mostra um eu lírico que se reconhece no mundo que precisa ser
salvo, mas que reconhece também o fatal distanciamento entre os homens. O poeta solitário
se transforma, então, em poeta solidário, que recria o mundo pela depuração, buscando sua
essência.
É correto o que se afirma apenas em:
a) II, III e IV.
b) I, III e IV.
c) II e IV.
d) I e III.
e) I, II, III e IV.
2. Os excertos a seguir são de Cecília Meireles e Carpinejar, respectivamente.
“Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre dos meus dedos
colore as areias desertas”.
(MEIRELES, 2000, p. 27).

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“A matilha dos filhos


fareja o sonho inacabado,
perseguindo tua lapela castanha,
o açúcar do linho,
olor de café aquecido”.
(CARPINEJAR, 2008, p. 58-59).

Em ambas as composições, os versos acima revelam que o sujeito lírico tem do mundo
uma percepção
a) emotiva.
b) sensorial.
c) onírica.
d) racional.
e) sentimental.
3. Sobre os gêneros literários, afirma-se:
I. O gênero dramático abrange textos que tematizam o sofrimento e a aflição da condição
humana.
II. Textos pertencentes ao gênero lírico privilegiam a expressão subjetiva de estados
interiores.
III. O gênero épico compreende textos sobre acontecimentos grandiosos protagonizados
por heróis.
IV. Em literatura, o romance e a novela são formas narrativas pertencentes ao gênero
dramático.
Estão corretas apenas as afirmativas
a) I e II.
b) I e IV.
c) III e IV.
d) II e III.
4. Leia.
Gênero dramático é aquele em que o artista usa como intermediária entre si e o público a
representação. A palavra vem do grego drao (fazer) e quer dizer ação. A peça teatral é, pois,
uma composição literária destinada à apresentação por atores em um palco, atuando e
dialogando entre si. O texto dramático é complementado pela atuação dos atores no espetáculo
teatral e possui uma estrutura específica, caracterizada: 1) pela presença de personagens que
devem estar ligados com lógica uns aos outros e à ação; 2) pela ação dramática (trama, enredo),
que é o conjunto de atos dramáticos, maneiras de ser e de agir das personagens encadeadas à
unidade do efeito e segundo uma ordem composta de exposição, conflito, complicação, clímax
e desfecho; 3) pela situação ou ambiente, que é o conjunto de circunstâncias físicas, sociais,
espirituais em que se situa a ação; 4) pelo tema, ou seja, a ideia que o autor (dramaturgo) deseja
expor, ou sua interpretação real por meio da representação.
COUTINHO, A. Notas de teoria literária. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1973. (Adaptado.)

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Considerando o texto e analisando os elementos que constituem um espetáculo teatral,


conclui-se que:
a) a criação do espetáculo teatral apresenta-se como um fenômeno de ordem individual,
pois não é possível sua concepção de forma coletiva.
b) o cenário onde se desenrola a ação cênica é concebido e construído pelo cenógrafo de
modo autônomo e independente do tema da peça e do trabalho interpretativo dos
atores.
c) o texto cênico pode originar-se dos mais variados gêneros textuais, como contos, lendas,
romances, poesias, crônicas, notícias, imagens e fragmentos textuais, entre outros.
d) o corpo do ator na cena tem pouca importância na comunicação teatral, visto que o mais
importante é a expressão verbal, base da comunicação cênica em toda a trajetória do
teatro até os dias atuais.
e) a iluminação e o som de um espetáculo cênico independem do processo de
produção/recepção do espetáculo teatral, já que se trata de linguagens artísticas
diferentes, agregadas posteriormente à cena teatral.
Leia o poema narrativo de Manuel Bandeira:
POEMA TIRADO DE UMA NOTÍCIA DE JORNAL
João Gostoso era carregador de feira-livre e morava
no morro da Babilônia num barracão sem número.
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e
morreu afogado.
5. De acordo com as suas características, o poema pode ser classificado como um texto
a) lírico.
b) épico
c) narrativo.
d) dramático.
6. São características do gênero dramático:
I. Representa sentimentos e emoções a partir da expressão individual e subjetiva. Nos
textos dramáticos há a predominância de pronomes e verbos na 1ª pessoa e a exploração da
musicalidade das palavras.
II. Nos textos dramáticos o poeta despoja-se do seu “eu” sentimental para atirar-se na
direção dos acontecimentos que o rodeiam. O amor é uma temática, mas na narrativa
dramática ele é abordado em episódios isolados.
III. Os textos dramáticos são produzidos para serem representados, pois a voz narrativa
está entregue às personagens, que contam a história por meio de diálogos ou monólogos sem
mediação do narrador.
IV. O auto, a comédia, a tragédia, a tragicomédia e a farsa integram-se ao gênero dramático.
a) III e IV estão corretas.
b) I e III estão corretas.
c) I e II estão corretas.
d) I e IV estão corretas.
e) II, III e IV estão corretas.

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GABARITO
1. B
2. B
3. D
4. C
5. D
6. B

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SUMÁRIO
LINGUAGEM LITERÁRIA ..................................................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO A LINGUAGEM LITERÁRIA....................................................................................................... 2
LINGUAGEM LITERÁRIA ................................................................................................................................. 2
LINGUAGEM NÃO LITERÁRIA ......................................................................................................................... 2
CARACTERÍTICAS DA LINGUAGEM LITERÁRIA ............................................................................................... 3
FIGURAS DE LINGUAGEM .............................................................................................................................. 3
FIGURAS DE SINTAXE OU CONSTRUÇÃO ....................................................................................................... 4
FIGURAS DE PALAVRAS OU SEMÂNTICAS ..................................................................................................... 5
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 7
GABARITO ...................................................................................................................................................... 9

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LINGUAGEM LITERÁRIA
INTRODUÇÃO A LINGUAGEM LITERÁRIA
Os textos podem ser divididos conforme a linguagem escolhida para a construção do
discurso. São dois grandes grupos, que privilegiam a linguagem literária e a linguagem não
literária. Apesar de os textos literários e não literários apresentarem pontos convergentes em
sua elaboração, existem alguns aspectos que tornam possível a diferenciação entre eles. Saber
identificá-los e reconhecê-los conforme o tipo de linguagem adotado é fundamental para a
compreensão dos diversos gêneros textuais aos quais estamos expostos no nosso dia a dia.
Nessa questão, não existe uma linguagem que seja superior à outra: ambas são
importantes e estão representadas pelos incontáveis gêneros textuais. As diferenças nos tipos
de linguagem estão ancoradas pela necessidade de adequação do discurso, pois para cada
situação escolhemos a maneira mais apropriada para elaborar um texto. Se a intenção é
comunicar ou informar, certamente adotaremos recursos de linguagem que privilegiem o
perfeito entendimento da mensagem, evitando assim entraves linguísticos que possam
dificultar o acesso às informações. Se a intenção é privilegiar a arte, através da escrita de
poemas, contos ou crônicas, estarão à nossa disposição recursos linguísticos adequados para
esse fim, tais como o uso da conotação, das figuras de linguagem, entre outros elementos que
confiram ao texto um valor estético.
Dessa maneira, confira as principais diferenças entre a linguagem literária e a linguagem
não literária:

LINGUAGEM LITERÁRIA
Pode ser encontrada na prosa, em narrativas de ficção, na crônica, no conto, na novela, no
romance e também em verso, no caso dos poemas. Apresenta características como a
variabilidade, a complexidade, a conotação, a multissignificação e a liberdade de criação. A
Literatura deve ser compreendida como arte e, como tal, não possui compromisso com a
objetividade e com a transparência na emissão de ideias. A linguagem literária faz da linguagem
um objeto estético, e não meramente linguístico, ao qual podemos inferir significados de acordo
com nossas singularidades e perspectivas. É comum na linguagem literária o emprego da
conotação, de figuras de linguagem e figuras de construção, além da subversão à gramática
normativa.

LINGUAGEM NÃO LITERÁRIA


Pode ser encontrada em notícias, artigos jornalísticos, textos didáticos, verbetes de
dicionários e enciclopédias, propagandas publicitárias, textos científicos, receitas culinárias,
manuais, entre outros gêneros textuais que privilegiem o emprego de uma linguagem objetiva,
clara e concisa. Considerados esses aspectos, a informação será repassada de maneira a evitar
possíveis entraves para a compreensão da mensagem. No discurso não literário, as convenções
prescritas na gramática normativa são adotadas.
A linguagem nada mais é do que a expressão do pensamento por meio de palavras, sinais
visuais ou fonéticos, através dos quais conseguimos estabelecer a comunicação. Compreender
os aspectos presentes em cada uma das linguagens é fundamental para a melhor compreensão
dos diferentes tipos de discurso que produzimos e aos quais estamos expostos em diferentes
situações comunicacionais.

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CARACTERÍTICAS DA LINGUAGEM LITERÁRIA


A linguagem literária apresenta algumas singularidades, entre elas a complexidade e a
multissignificação, responsáveis por diferenciá-la da chamada linguagem não literária.
Existem, basicamente, dois grandes grupos de texto quando o assunto é a linguagem.
Temos os chamados textos não literários e os chamados textos literários, que serão nosso
objeto de análise. É fundamental observar os recursos linguísticos empregados em cada tipo de
discurso para assim classificá-los corretamente. Nos textos literários, cuja linguagem literária
predomina, existem alguns aspectos que devem ser considerados.
Distinguir a linguagem literária da não literária não é tão difícil. Apesar de haver aspectos
convergentes nos dois tipos de discurso, Domício Proença Filho, notável pesquisador da língua
portuguesa e da Literatura brasileira, definiu algumas particularidades que somente são
observadas em um texto literário. São elas:
 Complexidade: é uma das características do discurso literário. Talvez seja por esse
motivo que muitos leitores ainda encontrem certa resistência aos textos literários,
já que a Literatura não tem compromisso em dar às palavras seus exatos sentidos, o
que certamente pode ser um entrave linguístico. Nos textos literários, a semântica é
subvertida, bem como as regras da gramática normativa.
 Multissignificação: diz respeito às variadas interpretações que um texto literário
permite. A subjetividade e o emprego de recursos estilísticos são responsáveis por
essa variação de sentidos. Cada leitor, de acordo com seu senso estético e repertório
cultural, pode fazer uma leitura diferente para um poema, um conto, uma crônica e
demais textos literários.
A linguagem literária subverte a semântica e a gramática normativa: é preciso
sensibilidade e apuro estético para compreendê-la
A linguagem literária subverte a semântica e a gramática normativa: é preciso
sensibilidade e apuro estético para compreendê-la
 Conotação: O emprego da conotação é uma das principais características do
discurso literário, pois ela permite que ideias e associações extrapolem o sentido
original da palavra, assumindo assim um sentido figurado e simbólico. Por isso o
emprego de tantas figuras de linguagem e figuras de sintaxe, elementos inerentes à
linguagem literária.
 Liberdade na criação: O artista não possui compromisso apenas com o objeto
linguístico. A literatura tem um forte apelo estético, e por esse motivo quem escreve
utilizando o discurso literário pode afastar-se dos padrões convencionais da língua,
inventando assim novas maneiras de expressão.
 Variabilidade: Na linguagem literária, assim como na língua, ocorrem mudanças
culturais que podem ser observadas no discurso individual e no discurso cultural.
A linguagem literária pode ser encontrada em vários gêneros, como na prosa, nas
narrativas de ficção, na crônica, no conto, na novela, no romance e nos poemas.
Compreendê-la demanda cuidado e aguçado senso estético para interpretar e
analisar esse tipo de discurso que foge das convenções e oferece o que a arte da
literatura tem de melhor.

FIGURAS DE LINGUAGEM
As figuras de linguagem são recursos linguísticos a que os autores recorrem para tornar
a linguagem mais rica e expressiva. Esses recursos revelam a sensibilidade de quem os utiliza,
traduzindo particularidades estilísticas do emissor da linguagem. As figuras de linguagem
exprimem também o pensamento de modo original e criativo, exploram o sentido não literal
das palavras, realçam sonoridade de vocábulos e frases e até mesmo, organizam orações,

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afastando-a, de algum modo, de uma estrutura gramatical padrão, a fim de dar destaque a algum
de seus elementos. As figuras de linguagem costumam ser classificadas em figuras de som,
figuras de construção e figuras de palavras ou semânticas. Para dominarmos o uso das figuras
de linguagem de maneira correta, estudaremos, de modo sintetizado, os conceitos de denotação
e conotação.
Denotação
Ocorre denotação quando a palavra é empregada em sua significação usual, literal,
referindo-se a uma realidade concreta ou imaginária.
Já é a quinta vez que perco as chaves do meu armário
Aquela sobremesa estava muito azeda, não gostei.
Conotação
Ocorre a conotação quando a palavra é empregada em sentido figurado, associativo,
possibilitando várias interpretações. Ou seja, o sentido conotativo tem a propriedade de
atribuir às palavras significados diferentes de seu sentido original.
A chave da questão é você ser feliz independente do momento
Margarida é uma mulher azeda, está sempre de péssimo humor.
Podemos perceber que as palavras chave e azeda ganham novos sentidos além dos quais
encontramos nos dicionários. O sentido das palavras está de acordo com a ideia que o emissor
quis transmitir. Sendo assim, a conotação é um recurso que consiste em atribuir novos
significados ao sentido denotativo da palavra.
Figuras de som ou sonoras
As figuras de som ou figuras sonoras são aquelas que se utilizam de efeitos da linguagem
para reproduzir os sons presentes nos seres. São as seguintes: aliteração, assonância,
paronomásia e onomatopeia.
Aliteração: consiste na repetição ordenada de mesmos sons consonantais.
“Boi bem bravo, bate baixo, bota baba, boi berrando...Dança doido, dá de duro, dá de
dentro, dá direito”. (Guimarães Rosa)
Assonância: consiste na repetição ordenada de mesmos sons vocálicos.
“O que o vago e incógnito desejo/de ser eu mesmo de meu ser me deu”. (Fernando Pessoa)
Paronomásia: consiste na aproximação de palavras de sons parecidos, mas de
significados distintos.
“Conhecer as manhas e as manhãs/ O sabor das massas e das maçãs”. (Almir Sater e
Renato Teixeira)
Onomatopeia: consiste na criação de uma palavra para imitar sons e ruídos. É uma figura
que procura imitar os ruídos e não apenas sugeri-los.
Chega de blá-blá-blá-blá!
É importante destacar que a existência de uma figura de linguagem não exclui outras. Em
um mesmo texto podemos encontrar aliteração, assonância, paronomásia e onomatopeia.

FIGURAS DE SINTAXE OU CONSTRUÇÃO


As figuras de construção ou figuras de sintaxe são desvios que são evidenciados na
construção normal do período. Elas ocorrem na concordância, na ordem e na construção dos
termos da oração. São as seguintes: elipse, zeugma, pleonasmo, assíndeto, polissíndeto,
anacoluto, hipérbato, hipálage, anáfora e silepse.
Elipse: consiste na omissão de um termo facilmente identificável pelo contexto.
Na sala, apenas quatro ou cinco convidados. (omissão de havia)
Zeugma: ocorre quando se omite um termo que já apareceu antes. Ou seja, consiste na
elipse de um termo que antes fora mencionado.
Nem ele entende a nós, nem nós a ele. (omissão do termo entendemos)
Pleonasmo: é uma redundância cuja finalidade é reforçar a mensagem.
“E rir meu riso e derramar meu pranto....” (Vinicius de Moraes)

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Assíndeto: é a supressão de um conectivo entre elementos coordenados


“Todo coberto de medo, juro, minto, afirmo, assino.” (Cecília Meireles)
Acordei, levantei, comi, saí, trabalhei, voltei.
Polissíndeto: consiste na repetição de conectivos ligando termos da oração ou elementos
do período.
“...e planta, e colhe, e mata, e vive, e morre...” (Clarice Lispector)
Anacoluto: consiste em deixar um termo solto na frase. Isso ocorre, geralmente, porque
se inicia uma determinada construção sintática e depois se opta por outra.
“Eu, que me chamava de amor e minha esperança de amor.”
“Aquela mina de ouro, ela não ia deixar que outras espertas botassem as mãos.” (Camilo
Castelo Branco)
Os termos destacados não se ligam sintaticamente à oração. Embora esclareçam a frase,
não cumprem nenhuma função sintática nos exemplos.
Hipérbato ou Inversão: consiste no deslocamento dos termos da oração ou das orações
no período. Ou seja, é a mudança da ordem natural dos termos na frase.
São como cristais suas lágrimas.
Batia acelerado meu coração.
Na ordem direta, as frases dos exemplos expostos seriam:
Suas lágrimas são como cristais.
Meu coração batia acelerado.
Hipálage: ocorre quando se atribui a uma palavra uma característica que pertence a outra
da mesma frase:
Esse sapato não entra no meu pé! (= Eu não entro nesse sapato!)
Essa blusa não cabe em mim. (= Eu não caibo mais nessa blusa.)
Anáfora: é a repetição da mesma palavra ou expressão no início de várias orações,
períodos ou versos.
“Tudo é silêncio, tudo calma, tudo mudez.” (Olavo Bilac)
Silepse: ocorre quando a concordância se faz com a ideia subentendida, com o que está
implícito e não com os termos expressos. A silepse pode ser:
De gênero:
Vossa excelência é pouco conhecido. (concorda com a pessoa representada pelo pronome)
De número:
Corria gente de todos os lados, e gritavam. (gente dá ideia de plural, gritavam concorda
com “gente”)
De pessoa
Os brasileiros somos bastante otimistas. (brasileiros dá ideia de nós (1º p. do plural)
somos, 1º p. do plural “concorda” com “somos”)

FIGURAS DE PALAVRAS OU SEMÂNTICAS


Consistem no emprego de uma palavra num sentido não convencional, ou seja, num
sentido conotativo. São as seguintes: comparação, metáfora, catacrese, metonímia,
antonomásia, sinestesia, antítese, eufemismo, gradação, hipérbole, prosopopeia, paradoxo,
perífrase, apóstrofe e ironia.
Comparação ou símile: ocorre comparação quando se estabelece aproximação entre
dois elementos que se identificam, ligados por nexos comparativos explícitos, como tal qual,
assim como, que nem e etc. A principal diferenciação entre a comparação e a metáfora é a
presença dos nexos comparativos.
“E flutuou no ar como se fosse um príncipe.” (Chico Buarque)
Metáfora: consiste em empregar um termo com significado diferente do habitual, com
base numa relação de similaridade entre o sentido próprio e o sentido figurado. Na metáfora
ocorre uma comparação em que o conectivo comparativo fica subentendido.

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“Meu pensamento é um rio subterrâneo”. (Fernando Pessoa)


Catacrese: ocorre quando, por falta de um termo específico para designar um conceito, toma-
se outro por empréstimo.
Ele comprou dois dentes de alho para colocar na comida.
O pé da mesa estava quebrado.
Não sente no braço do sofá.
Metonímia: assim como a metáfora, consiste numa transposição de significado, ou seja, uma
palavra que usualmente significa uma coisa passa a ser utilizada com outro sentido. Ou seja, é
o emprego de um nome por outro em virtude de haver entre eles algum relacionamento. A
metonímia ocorre quando se emprega:
A causa pelo efeito: vivo do meu trabalho (do produto do trabalho = alimento)
O efeito pela causa: aquele poeta bebeu a morte (= veneno)
O instrumento pelo usuário: os microfones corriam no pátio = repórteres).
Antonomásia: É a figura que designa uma pessoa por uma característica, feito ou fato que
a tornou notória.
A cidade eterna (em vez de Roma)
Sinestesia: Trata-se de mesclar, numa expressão, sensações percebidas por diferentes
órgãos sensoriais.
Um doce abraço ele recebeu da irmã. (sensação gustativa e sensação tátil)
Antítese: é o emprego de palavras ou expressões de significados opostos.
Os jardins têm vida e morte.
Eufemismo: consiste em atenuar um pensamento desagradável ou chocante.
Ele sempre faltava com a verdade (= mentia)
Gradação ou clímax: é uma sequência de palavras que intensificam uma ideia.
Porque gado a gente marca,/ tange, ferra, engorda e mata,/ mas com gente é diferente.
Hipérbole: trata-se de exagerar uma ideia com finalidade enfática.
Estou morrendo de sede!
Não vejo você há séculos!
Prosopopeia ou personificação: consiste em atribuir a seres inanimados características
próprias dos seres humanos.
O jardim olhava as crianças sem dizer nada.
Paradoxo: consiste no uso de palavras de sentido oposto que parecem excluir-se
mutuamente, mas, no contexto se completam, reforçam uma ideia e/ou expressão.
Estou cego, mas agora consigo ver.
Perífrase: é uma expressão que designa um ser por meio de alguma de suas
características ou atributos.
O ouro negro foi o grande assunto do século. (= petróleo)
Apóstrofe: é a interpelação enfática de pessoas ou seres personificados.
“Senhor Deus dos desgraçados!/ Dizei-me vós, Senhor Deus!” (Castro Alves)
Ironia: é o recurso linguístico que consiste em afirmar o contrário do que se pensa.
Que pessoa educada! Entrou sem cumprimentar ninguém.

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EXERCÍCIOS
1. Sobre a linguagem não literária é correto afirmar, exceto:
a) É utilizada, sobretudo, em textos cujo caráter seja essencialmente informativo.
b) Sua principal característica é a objetividade.
c) Utiliza recursos como a conotação para conferir às palavras sentidos mais amplos do
que elas realmente possuem.
d) Utiliza a linguagem denotativa para expressar o real significado das palavras, sem
metáforas ou preocupações artísticas.
2. Leia
SOBRE A ORIGEM DA POESIA
A origem da poesia se confunde com a origem da própria linguagem.
Talvez fizesse mais sentido perguntar quando a linguagem verbal deixou de ser poesia. Ou: qual
a origem do discurso não poético, já que, restituindo laços mais íntimos entre os signos e as
coisas por eles designadas, a poesia aponta para um uso muito primário da linguagem, que
parece anterior ao perfil de sua ocorrência nas conversas, nos jornais, nas aulas, conferências,
discussões, discursos, ensaios ou telefonemas [...]
No seu estado de língua, no dicionário, as palavras intermedeiam nossa relação com as coisas,
impedindo nosso contato direto com elas. A linguagem poética inverte essa relação, pois, vindo
a se tornar, ela em si, coisa, oferece uma via de acesso sensível mais direto entre nós e o mundo
[...]
Já perdemos a inocência de uma linguagem plena assim. As palavras se desapegaram das coisas,
assim como os olhos se desapegaram dos ouvidos, ou como a criação se dasapegou da vida. Mas
temos esses pequenos oásis – os poemas – contaminando o deserto de referencialidade.
ARNALDO ANTUNES

No último parágrafo, o autor se refere à plenitude da linguagem poética, fazendo, em


seguida, uma descrição que corresponde à linguagem não poética, ou seja, à linguagem
referencial. Pela descrição apresentada, a linguagem referencial teria, em sua origem, o
seguinte traço fundamental:
a) O desgaste da intuição
b) dissolução da memória
c) A fragmentação da experiência
d) O enfraquecimento da percepção
3. Leia os textos abaixo para responder à questão:
(Texto 1) Descuidar do lixo é sujeira
Diariamente, duas horas antes da chegada do caminhão da prefeitura, a gerência de uma das
filiais do McDonald’s deposita na calçada dezenas de sacos plásticos recheados de papelão,
isopor, restos de sanduíches. Isso acaba propiciando um lamentável banquete de mendigos.
Dezenas deles vão ali revirar o material e acabam deixando os restos espalhados pelo calçadão.
(Veja São Paulo, 23-29/12/92)

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(Texto 2) O bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
(Manuel Bandeira. Em Seleta em prosa e verso. Rio de Janeiro: J. Olympio/MEC, 1971, p.145)

I. No primeiro texto, publicado por uma revista, a linguagem predominante é a literária,


pois sua principal função é informar o leitor sobre os transtornos causados pelos
detritos.
II. No segundo texto, do escritor Manuel Bandeira, a linguagem não literária é
predominante, pois o poeta faz uso de uma linguagem objetiva para informar o leitor.
III. No texto “Descuidar do lixo é sujeira”, a intenção é informar sobre o lixo que diariamente
é depositado nas calçadas através de uma linguagem objetiva e concisa, marca dos textos
não literários.
IV. O texto “O bicho” é construído em versos e estrofes e apresenta uma linguagem
plurissignificativa, isto é, permeada por metáforas e simbologias, traços determinantes
da linguagem literária.
Estão corretas as proposições:
a) I, III e IV.
b) III e IV.
c) I, II, III e IV.
d) I e IV.
e) II, III e IV.
Canção do vento e da minha vida
O vento varria as folhas,
O vento varria os frutos,
O vento varria as flores...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De frutos, de flores, de folhas.
[...]
O vento varria os sonhos
E varria as amizades...
O vento varria as mulheres...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De afetos e de mulheres.
O vento varria os meses
E varria os teus sorrisos...
O vento varria tudo!
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De tudo.
BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1967.

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4. Na estruturação do texto, destaca-se:


a) a construção de oposições semânticas.
b) a apresentação de ideias de forma objetiva.
c) o emprego recorrente de figuras de linguagem, como o eufemismo.
d) a repetição de sons e de construções sintáticas semelhantes.
e) a inversão da ordem sintática das palavras
Cidade grande
Que beleza, Montes Claros.
Como cresceu Montes Claros.
Quanta indústria em Montes Claros.
Montes Claros cresceu tanto,
ficou urbe tão notória,
prima-rica do Rio de Janeiro,
que já tem cinco favelas
por enquanto, e mais promete.
(Carlos Drummond de Andrade)

5. Entre os recursos expressivos empregados no texto, destaca-se a


a) metalinguagem, que consiste em fazer a linguagem referir-se à própria linguagem.
b) intertextualidade, na qual o texto retoma e reelabora outros textos.
c) ironia, que consiste em se dizer o contrário do que se pensa, com intenção crítica.
d) denotação, caracterizada pelo uso das palavras em seu sentido próprio e objetivo.
e) prosopopeia, que consiste em personificar coisas inanimadas, atribuindo-lhes vida.
6. Em qual das opções há erro de identificação das figuras?
a) "Um dia hei de ir embora / Adormecer no derradeiro sono." (eufemismo)
b) "A neblina, roçando o chão, cicia, em prece. (prosopopeia)
c) “Sua doce voz nos encanta.” (eufemismo)
d) "E fria, fluente, frouxa claridade / Flutua..." (aliteração)
e) "Oh sonora audição colorida do aroma." (sinestesia).

GABARITO
1. B
2. B
3. C
4. D
5. C
6. C

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SUMÁRIO
ELEMENTOS DA NARRATIVA.............................................................................................................................. 2
ESTRUTURA DA NARRATIVA .......................................................................................................................... 2
ELEMENTOS DA NARRATIVA.......................................................................................................................... 2
TIPOS DE NARRADOR..................................................................................................................................... 3
TIPOS DE PERSONAGENS ............................................................................................................................... 3
TIPOLOGIA NARRATIVA - CONTO .................................................................................................................. 4
CARACTERÍSTICAS DO CONTO ................................................................................................................... 4
DISCURSOS NARRATIVOS .............................................................................................................................. 4
LEITURAS........................................................................................................................................................ 5
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 7
GABARITO ...................................................................................................................................................... 9

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ELEMENTOS DA NARRATIVA
ESTRUTURA DA NARRATIVA
Diferente da dissertação, a narrativa é um texto que trata de acontecimentos e ações
realizadas por personagens fictícios ou reais. Na Literatura, ela aparece principalmente em
romances, novelas, fábulas, contos e crônicas. Ela também é a base de muitas peças de teatro e
dos filmes produzidos pelo cinema. Mas, para que o leitor se sinta atraído e até mesmo entenda
toda a situação, ela precisa ter uma estrutura e elementos essenciais ao desenvolvimento da
história. A narrativa começa com a introdução, que é seguida pelo desenvolvimento e o clímax.
Finalmente, a história termina com uma conclusão ou desfecho, que coloca um ponto final nas
aventuras do personagem e nas expectativas do leitor. Vamos falar de cada uma delas a seguir.
Introdução
É a parte do texto que apresenta as personagens e mostra ao leitor onde elas se localizam em
relação ao tempo e espaço.
Desenvolvimento
Nesse trecho, o autor conta as ações da personagem. A ideia é formar uma trama com os
acontecimentos, mostrar a ocorrência de um problema ou complicação com objetivo de criar
algum tipo de suspense que vai conduzir ao clímax da história.
Conclusão
Trata-se do final da história. Na maioria das vezes, os autores concluem encerrando a trama
com um desfecho favorável ou não para o problema. No entanto, essa é apenas uma forma de
fazer a conclusão. A criatividade pode levar a outros caminhos e até mesmo criar um suspense
ainda maior.

ELEMENTOS DA NARRATIVA
Depois de conhecer essa estrutura, é importante entender quais são os elementos que não
podem faltar em uma narrativa.
Enredo
O enredo é um elemento fundamental para a narrativa. Trata-se do conjunto de fatos que
acontecem, ligados entre si, e que contam as ações dos personagens. Ele é dividido em algumas
partes:
Situação inicial: é quando o autor apresenta os personagens e mostra o tempo e o espaço
em que estão inseridos, geralmente logo na introdução;
Estabelecimento de um conflito: um acontecimento é responsável por modificar a situação
inicial dos personagens, exigindo algum tipo de ação;
Desenvolvimento: ao longo desta seção, o autor conta o que os personagens fizeram para
tentar solucionar o conflito;
Clímax: depois de diversas ações dos personagens, a narrativa é levada a um ponto de alta
tensão ou emoção, uma espécie de “encruzilhada literária” que exige uma decisão ou desfecho;
Desfecho: é a parte da narrativa que mostra a solução para o conflito.
Espaço
Espaço é o lugar em que a narrativa acontece. Ele é importante não só para situar o leitor
quanto ao local, mas principalmente porque contribui para a elaboração dos personagens.
Afinal, o espaço onde as pessoas (mesmo que fictícias) vivem interfere na sua aparência,
vestimenta, costumes, oportunidades, atividades e até mesmo sua personalidade.
Tempo
O tempo da narrativa diz respeito ao desencadear das ações, e pode ser dividido em

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Cronológico
Está relacionado a passagem das horas, dos dias, meses, anos etc.
Psicológico
Está relacionado às lembranças da personagem e aos sentimentos vivenciados por ele.
Assim como espaço, ele é muito importante para definir características das personagens,
principalmente as psicológicas. Afinal, pessoas que vivem em épocas diferentes costumam ter
visões de mundo, atitudes, pensamentos e situações também diferentes.
Ação
Envolve tudo que as personagens fazem na narrativa. Inclui não só os movimentos, mas
também aquilo que falam e pensam no decorrer da história.

TIPOS DE NARRADOR
Sempre que existe uma narrativa, a história é contada por alguém. Esse é o papel do
narrador. Ele pode relatar os fatos a partir de perspectivas diferentes, o que pode transformá-
lo em um personagem, um observador ou um ser onisciente. Entenda as diferenças:
Narrador personagem
Neste caso, o narrador participa da história, e por isso o texto é escrito em primeira pessoa
do singular ou plural (eu, nós).
Narrador observador
Também existe a possibilidade de o narrador não participar da história. Ele observa a
situação de fora, o que faz o texto ser escrito em terceira pessoa (ele, ela, eles, elas).
Narrador onisciente
É aquele que sabe de todos os fatos, mesmo que não participe da história. Sua
compreensão costuma ir além dos acontecimentos. Ele consegue narrar até mesmo os
pensamentos e sentimentos dos personagens, como se tivesse um conhecimento sobrenatural.
Pelo falo desse narrador conhecer muito os personagens, bem como seus pensamentos,
sentimentos, ideias, atitudes, etc, ele pode opinar sobre tais comportamentos ao longo da
narrativa.

TIPOS DE PERSONAGENS
Finalmente, vamos falar das estrelas da narrativa: os personagens. São os seres reais ou
fictícios que participam da história. Como a Literatura é criativa, pode ser uma pessoa, um
animal, um ser mitológico ou fantástico, um objeto personificado ou até mesmo um sentimento.
Os personagens podem ser divididos entre:
Protagonistas: são destaques da narrativa, ocupam o lugar principal da história;
Antagonistas: são os adversários dos protagonistas, aqueles que vão criar ou alimentar
o conflito, dificultando a vida dos principais;
Secundários: são personagens menos importantes na história, mas que de alguma forma
contribuem para a sequência de fatos do enredo.
Exemplos de elementos da narrativa
Se você acha difícil entender o conceito e as diferenças, basta pensar no enredo de um
filme ou novela conhecidos. Apenas como exemplo, pense na seguinte possibilidade:
Um rapaz e sua namorada estão apaixonados (situação inicial);
Um dia, ela desaparece e todas as evidências apontam para ele (conflito);
Ele precisa fugir da polícia e começa a investigar o desaparecimento por conta própria,
coletando provas de que houve uma armação (desenvolvimento);
Ele confronta o verdadeiro vilão em um encontro eletrizante (clímax);
O rapaz consegue provar sua inocência e recuperar a namorada mantida em cativeiro
(desfecho).

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Parece dramático? Pois esse é um enredo básico. Aliás, um ótimo exercício é começar a
analisar alguns dos últimos filmes que assistiu e identificar essas etapas da narrativa. Ainda
podemos destacar que nesse caso, teríamos vários personagens: o rapaz, a namorada
(protagonistas), o vilão (antagonista) e outros secundários (policiais, familiares, amigos etc).
Entre as ações, podemos destacar a fuga, a investigação, os perigos que ele tenha passado, os
diálogos e até mesmo os pensamentos de todos os envolvidos. O espaço e tempo ficam por conta
da sua imaginação: a história pode se passar tanto na Inglaterra do século XVII quanto no Rio
de Janeiro do século XXI, mas isso alteraria uma série de situações.

TIPOLOGIA NARRATIVA - CONTO


O conto é uma obra de ficção. Cria um universo de seres e acontecimentos de ficção, de
fantasia ou imaginação. O conto apresenta um narrador, personagens e enredo.
CARACTERÍSTICAS DO CONTO
• É uma narrativa linear e curta, tanto em extensão quanto no tempo em que se
passa.
• A linguagem é simples e direta, não se utiliza de muitas figuras de linguagem ou
de expressões com pluralidade de sentidos.
• Todas as ações se encaminham diretamente para o desfecho.
• Envolve poucas personagens, e, as que existem se movimentam em torno de uma
única ação.
• As ações se passam em um só espaço, constituem um só eixo temático e um só
conflito.
Focos narrativos:
• Primeira pessoa: Personagem principal conta sua história; este narrador limita-
se ao saber de si próprio, fala de sua própria vivência.
• Terceira pessoa: O texto é narrado em 3ª pessoa e neste caso podemos ter:
a) narrador observador: o narrador limita-se a descrever o que está acontecendo,
"falando" do exterior, não nos colocando dentro da cabeça da personagem; assim não sabemos
suas emoções, ideias, pensamentos; o narrador apenas descreve o que vê, no mais, especula;
b) narrador onisciente: conta a história; o narrador tudo sabe sobre a vida das
personagens, sobre seus destinos, ideias, pensamentos; como se narrasse de dentro da cabeça
delas.

DISCURSOS NARRATIVOS
O conto pode apresentar-se em discurso:
• Direto: (discurso direto) as personagens conversam entre si; usam-se os
travessões. Além de ser o mais conhecido é, também, predominante no conto.
Exemplo:
(...)
Depois da sobremesa, boca pedindo água depois de tanto doce caseiro, o velho
Arquimedes disse:
— Ocês tão bebendo tanta água, sem nojo...
— Bisavô, era brincadeira!
— Eu também fiz uma brincadeira: durante todo esse tempo que fiquei banguela, minha
dentadura ficou de molho, dentro do filtro!
O Bisavô e a Dentadura. Sylvia Orthof

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• Indireto: (discurso indireto) quando o escritor resume a fala da personagem


em forma narrativa, sem destacá-la. Ele conta como aconteceu o diálogo, quase
que reproduzindo-o.
Exemplo:
“Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a
boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia
sofrer de ataque.
(...)
A velhinha de cabeça grisalha gritou que ele estava morrendo.”
Uma vela para Dario. Dalton Trevisan
• Indireto livre (discurso indireto livre) é a fusão entre autor e personagem
(primeira e terceira pessoa da narrativa); o narrador narra, mas no meio da
narrativa surgem diálogos indiretos da personagem como que complementando
o que disse o narrador.

LEITURAS
Leia:
Uma vela para Dario
Dalton Trevisan

Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina,
diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-
-se na calçada, ainda úmida de chuva, e descansou na pedra o cachimbo.
Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a boca,
moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia sofrer de
ataque.
Ele reclinou-se mais um pouco, estendido agora na calçada, e o cachimbo tinha apagado. O rapaz
de bigode pediu aos outros que se afastassem e o deixassem respirar. Abriu-lhe o paletó, o
colarinho, a gravata e a cinta. Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou feio e bolhas de
espuma surgiram no canto da boca.
Cada pessoa que chegava erguia-se na ponta dos pés, embora não o pudesse ver. Os moradores
da rua conversavam de uma porta à outra, as crianças foram despertadas e de pijama acudiram
à janela. O senhor gordo repetia que Dario sentara-se na calçada, soprando ainda a fumaça do
cachimbo e encostando o guarda-chuva na parede. Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo
ao seu lado.
A velhinha de cabeça grisalha gritou que ele estava morrendo. Um grupo o arrastou para o táxi
da esquina. Já no carro a metade do corpo, protestou o motorista: quem pagaria a corrida?
Concordaram chamar a ambulância. Dario conduzido de volta e recostado à parede - não tinha
os sapatos nem o alfinete de pérola na gravata.
Alguém informou da farmácia na outra rua. Não carregaram Dario além da esquina; a farmácia
no fim do quarteirão e, além do mais, muito pesado. Foi largado na porta de uma peixaria.
Enxame de moscas lhe cobriu o rosto, sem que fizesse um gesto para espantá-las.
Ocupado o café próximo pelas pessoas que vieram apreciar o incidente e, agora, comendo e
bebendo, gozavam as delicias da noite. Dario ficou torto como o deixaram, no degrau da
peixaria, sem o relógio de pulso.
Um terceiro sugeriu que lhe examinassem os papéis, retirados - com vários objetos - de seus
bolsos e alinhados sobre a camisa branca. Ficaram sabendo do nome, idade; sinal de nascença.
O endereço na carteira era de outra cidade.
Registrou-se correria de mais de duzentos curiosos que, a essa hora, ocupavam toda a rua e as
calçadas: era a polícia. O carro negro investiu a multidão. Várias pessoas tropeçaram no corpo
de Dario, que foi pisoteado dezessete vezes.

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O guarda aproximou-se do cadáver e não pôde identificá-lo — os bolsos vazios. Restava a


aliança de ouro na mão esquerda, que ele próprio quando vivo - só podia destacar umedecida
com sabonete. Ficou decidido que o caso era com o rabecão.
A última boca repetiu — Ele morreu, ele morreu. A gente começou a se dispersar. Dario levara
duas horas para morrer, ninguém acreditou que estivesse no fim. Agora, aos que podiam vê-lo,
tinha todo o ar de um defunto.
Um senhor piedoso despiu o paletó de Dario para lhe sustentar a cabeça. Cruzou as suas mãos
no peito. Não pôde fechar os olhos nem a boca, onde a espuma tinha desaparecido. Apenas um
homem morto e a multidão se espalhou, as mesas do café ficaram vazias. Na janela alguns
moradores com almofadas para descansar os cotovelos.
Um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acendeu ao lado do cadáver. Parecia morto
há muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado pela chuva.
Fecharam-se uma a uma as janelas e, três horas depois, lá estava Dario à espera do rabecão. A
cabeça agora na pedra, sem o paletó, e o dedo sem a aliança. A vela tinha queimado até a metade
e apagou-se às primeiras gotas da chuva, que voltava a cair.
Texto extraído do livro "Vinte Contos Menores", Editora Record. Rio
de Janeiro, 1979, pág. 20. Este texto faz parte dos 100 melhores
contos brasileiros do século, seleção de Ítalo Moriconi para a
Editora Objetiva.
A OPINIÃO EM PALÁCIO
O Rei fartou-se de reinar sozinho e decidiu partilhar o poder com a Opinião Pública.
― Chamem a Opinião Pública ― ordenou aos serviçais.
Eles percorreram as praças da cidade e não a encontraram. Havia muito que a Opinião Pública
deixara de freqüentar lugares públicos. Recolhera-se ao Beco sem Saída, onde, furtivamente,
abria só um olho, isso mesmo lá de vez em quando.
Descoberta, afinal, depois de muitas buscas, ela consentiu em comparecer ao Palácio Real, onde
Sua Majestade, acariciando-lhe docemente o queixo, lhe disse:
― Preciso de ti.
A Opinião, muda como entrara, muda se conservou. Perdera o uso da palavra ou preferia não
exercitá-lo. O Rei insistia, oferecendo-lhe sequilhos e perguntando o que ela pensava disso e
daquilo, se acreditava em discos voadores, horóscopos, correção monetária, essas coisas. E
outras. A Opinião Pública abanava a cabeça: não tinha opinião.
― Vou te obrigar a ter opinião ― disse o Rei, zangado. ― Meus especialistas te dirão o que deves
pensar e manifestar. Não posso mais reinar sem o teu concurso. Instruída devidamente sobre
todas as matérias, e tendo assimilado o que é preciso achar sobre cada uma em particular e
sobre a problemática geral, tu me serás indispensável.
E virando-se para os serviçais:
― Levem esta senhora para o Curso Intensivo de Conceitos Oficiais. E que ela só volte aqui
depois de decorar bem as apostilas.
Carlos Drummond de Andrade. In Contos Plausíveis.José Olympio, 1985

DESEMPREGO
― Não está me reconhecendo? Sou a terceira mulher do Sabonete Araxá. Aquelas do anúncio.
― Eu sei. As três mulheres do poema de Manuel Bandeira.
― Não, do anúncio do sabonete. O poema veio depois, nós já existíamos antes.
― E que foi feito das duas outras?
― A primeira passou a trabalhar para a Sentinela Juropapo. A segunda está no galarim, só
trabalha para a Secom. Eu estou desempregada, não dá para me arranjar a boa mordomia no
INPS? Sei que é difícil me aposentar, porque já tenho idade de sobra, mas...
Carlos Drummond de Andrade. In Contos Plausíveis.José Olympio, 1985

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EXERCÍCIOS
1. Com base no texto abaixo, indique a alternativa cujo elemento estruturador da narrativa
não foi interposto no episódio:
“Porque não quis pagar uma garrafa de cerveja, Pedro da Silva, pedreiro, de trinta anos,
residente na rua Xavier, 25, Penha, matou ontem em Vigário Geral, o seu colega Joaquim
de Oliveira.”
a) Lugar
b) Época
c) Personagens
d) Fato
e) Modo
2. Considere o texto:
“O incidente que se vai narrar, e de que Antares foi teatro na sexta-feira 13 de dezembro
do ano de 1963, tornou essa localidade conhecida e de certo modo famosa da noite para
o dia. (…) Bem, mas não convém antecipar fatos nem ditos. Melhor será contar primeiro,
de maneira tão sucinta e imparcial quanto possível, a história de Antares e de seus
habitantes, para que se possa ter uma ideia mais clara do palco, do cenário e
principalmente das personagens principais, bem como da comparsaria, desse drama
talvez inédito nos anais da espécie humana.”
(Érico Veríssimo)

Assinale a alternativa que evidencia o papel do narrador no fragmento acima:


a) O narrador tem senso prático, utilitário e quer transmitir uma experiência pessoal.
b) É um narrador introspectivo, que relata experiências que aconteceram no passado, em
1963.
c) Em atitude semelhante à de um jornalista ou de um espectador, escreve para narrar o
que aconteceu com x ou y em tal lugar ou tal hora.
d) Fala de maneira exemplar ao leitor, porque considera sua visão a mais correta.
e) É um narrador neutro, que não deixa o leitor perceber sua presença.
A primeira provocação
A primeira provocação ele aguentou calado. Na verdade, gritou e esperneou. Mas todos
os bebês fazem assim, mesmo os que nascem em maternidade, ajudados por
especialistas. E não como ele, numa toca, aparado só pelo chão. A segunda provocação foi
a alimentação que lhe deram, depois do leite da mãe. Uma porcaria. Não reclamou porque
não era disso. Outra provocação foi perder a metade dos seus dez irmãos, por doença e
falta de atendimento. Não gostou nada daquilo. Mas ficou firme. Era de boa paz. Foram
lhe provocando por toda a vida.
Não pode ir à escola porque tinha que ajudar na roça. Tudo bem, gostava da roça. Mas aí
lhe tiraram a roça. Na cidade, para onde teve que ir com a família, era provocação de tudo
que era lado. Resistiu a todas. Morar em barraco. Depois perder o barraco, que estava
onde não podia estar. Ir para um barraco pior. Ficou firme. Queria um emprego, só
conseguiu um subemprego. Queria casar, conseguiu uma submulher. Tiveram subfilhos.
Subnutridos. Para conseguir ajuda, só entrando em fila. E a ajuda não ajudava. Estavam
lhe provocando. Gostava da roça. O negócio dele era a roça. Queria voltar pra roça. Ouvira
falar de uma tal reforma agrária. Não sabia bem o que era. Parece que a ideia era lhe dar

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uma terrinha. Se não era outra provocação, era uma boa. Terra era o que não faltava.
Passou anos ouvindo falar em reforma agrária. Em voltar à terra. Em ter a terra que nunca
tivera. Amanhã. No próximo ano. No próximo governo. Concluiu que era provocação. Mais
uma. Finalmente ouviu dizer que desta vez a reforma agrária vinha mesmo. Para valer.
Garantida. Se animou. Se mobilizou. Pegou a enxada e foi brigar pelo que pudesse
conseguir. Estava disposto a aceitar qualquer coisa. Só não estava mais disposto a aceitar
provocação. Aí ouviu que a reforma agrária não era bem assim. Talvez amanhã. Talvez no
próximo ano... Então protestou. Na décima milésima provocação, reagiu. E ouviu
espantado, as pessoas dizerem, horrorizadas com ele:
- Violência, não!
Luis Fernando Veríssimo

3. A partir da análise das características do texto de Luis Fernando Veríssimo, podemos


afirmar que se trata de um texto do tipo:
a) Crônica.
b) Conto.
c) Fábula.
d) Epopeia.
O LOBO E O CÃO
Um lobo e um cão se encontraram num caminho. Disse o lobo:
— Companheiro, você está com ótimo aspecto: gordo, o pêlo lustroso… estou até com
inveja!
— Ora, faça como eu — respondeu o cão. — Arranje um bom amo. Eu tenho comida na
hora certa, sou bem tratado… Minha única obrigação é latir à noite, quando aparecem
ladrões. Venha comigo e você terá o mesmo tratamento.
O lobo achou ótima ideia e se puseram a caminho.
Mas, de repente, o lobo reparou numa coisa.
— O que é isso no seu pescoço, amigo? Parece um pouco esfolado… — observou ele.
— Bem — disse o cão — isso é da coleira. Sabe? Durante o dia, meu amo me prende com
uma coleira, que é para eu não assustar as pessoas que vêm visitá-lo.
O lobo se despediu do amigo ali mesmo:
— Vamos esquecer — disse ele. — Prefiro minha liberdade à sua fartura.
Antes faminto, mas livre, do que gordo, mas cativo.
La Fontaine

4. Assinale a questão que contenha as principais características do gênero fábula:


a) Apresenta um acontecimento ficcional girando em torno de vários conflitos. Possibilita
o desenvolvimento de outras tramas ao longo da história.
b) Tipo de narrativa que apresenta apenas um núcleo, cuja trajetória gira em torno de um
único personagem. Apresenta recursos narrativos limitados.
c) Narrativa cuja principal característica é o tempo reduzido, apresenta poucas
personagens que existem em função de um núcleo.
d) Semelhante ao conto em sua extensão e narrativa, apresenta personagens animais com
características peculiares aos seres humanos. Seu principal objetivo é apresentar juízos
de valores e lições de moral.

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5. (UFRGS) Considere as alternativas abaixo sobre o gênero crônica:


I. A neutralidade e a isenção do cronista são fatores preponderantes para a realização de
uma boa crônica.
II. A crônica é escrita para durar pouco; daí advém o seu caráter efêmero e datado, bem
como o interesse muitas vezes momentâneo.
III. Rubem Braga, ao contrário de Carlos Drummond de Andrade e Fernando Sabino,
concentrou sua obra na crônica.
IV. Qual(is) está(ão) correta(s)?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e II.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.

GABARITO
1. E
2. C
3. A
4. D
5. D

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SUMÁRIO
TROVADORISMO................................................................................................................................................ 2
TROVADORISMO............................................................................................................................................ 2
CONTEXTO HISTÓRICO .............................................................................................................................. 2
CARACTERÍSTICAS DO TROVADORISMO.................................................................................................... 2
CANTIGAS LÍRICAS ..................................................................................................................................... 2
CANTIGAS SATÍRICAS ................................................................................................................................. 3
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 5
GABARITO ...................................................................................................................................................... 8

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TROVADORISMO
TROVADORISMO
Cumpre dizer, antes de tudo, que o Trovadorismo se manifestou na Idade Média, período
que teve início com o fim do Império Romano (destruído no século V com a invasão dos
bárbaros, vindos do norte da Europa), e estendeu-se até o século XV, quando se deu a época do
Renascimento. Nesse sentido, o artigo ora em questão tem por finalidade abordar acerca do
contexto histórico-social, cultural e artístico que tanto demarcou esse importante período da
arte literária.
CONTEXTO HISTÓRICO
No que diz respeito ao aspecto econômico, toda a Europa dessa época sofria com as
sucessivas invasões dos povos germânicos, fato que culminava em inúmeras guerras. Nessa
conjuntura, desenvolveu-se o sistema econômico denominado de feudalismo, no qual o direito
de governar se concentrava somente nas mãos do senhor feudal, o qual mantinha plenos
poderes sobre todos os seus servos e vassalos que trabalhavam em suas terras. Esse senhor,
também chamado de suserano, cedia a posse de terras a um vassalo, que se comprometia a
cultivá-las, repassando, assim, parte da produção ao dono do feudo. Em troca dessa fidelidade
e trabalho, os servos contavam com a proteção militar e judicial, no caso de possíveis ataques e
invasões. A essa relação subordinada dava-se o nome de vassalagem.
Quanto ao contexto cultural e artístico, podemos afirmar que toda a Idade Média foi
fortemente influenciada pela Igreja, a qual detinha o poder político e econômico, mantendo-se
acima até de toda a nobreza feudal. Nesse ínterim, figurava uma visão de mundo baseada tão
somente no teocentrismo, cuja ideologia afirmava que Deus era o centro de todas as coisas.
Assim, o homem mantinha-se totalmente crédulo e religioso, cujos posicionamentos estavam
sempre à mercê da vontade divina, assim como todos os fenômenos naturais.
Na arquitetura, toda a produção artística esteve voltada para a construção de igrejas,
mosteiros, abadias e catedrais, tanto na Alta Idade Média, na qual predominou o estilo
romântico, quanto na Baixa Idade Média, predominando o estilo gótico. No que tange às
produções literárias, todas elas eram feitas em galego-português, denominadas de cantigas.
CARACTERÍSTICAS DO TROVADORISMO
No intuito de retratar a vida aristocrática nas cortes portuguesas, as cantigas receberam
influência de um tipo de poesia originário da Provença – região sul da França, daí o nome de
poesia provençal –, como também da poesia popular, ligada à música e à dança. No que tange à
temática, elas estavam relacionadas a determinados valores culturais e a certos tipos de
comportamento difundidos pela cavalaria feudal, que até então lutava nas Cruzadas no intuito
de resgatar a Terra Santa do domínio dos mouros. Percebe-se, portanto, que nas cantigas
prevaleciam distintos propósitos: havia aquelas em que se manifestavam juras de amor feitas à
mulher do cavaleiro, outras em que predominava o sofrimento de amor da jovem em razão de
o namorado ter partido para as Cruzadas, e ainda outras, em que a intenção era descrever, de
forma irônica, os costumes da sociedade portuguesa, então vigente. Assim, em virtude do
aspecto que apresentavam, as cantigas se subdividiam em:
CANTIGAS LÍRICAS
DE AMOR
DE AMIGO

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CANTIGAS SATÍRICAS
DE ESCÁRNIO
DE MALDIZER
Cantigas de amor
O sentimento oriundo da submissão entre o servo e o senhor feudal transformou-se no que
chamamos de vassalagem amorosa, preconizando, assim, um amor cortês. O amante vive
sempre em estado de sofrimento, também chamado de coita, visto que não é correspondido.
Ainda assim, ele dedica à mulher amada (senhor) fidelidade, respeito e submissão. Nesse
cenário, a mulher é tida como um ser inatingível, à qual o cavaleiro deseja servir como vassalo.
A título de ilustração, observemos, pois, um exemplo:

Cantiga da Ribeirinha
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No mundo non me sei parelha,
entre me for como me vai,
Cá já moiro por vós, e - ai!
Mia senhor branca e vermelha.
Queredes que vos retraya
Quando vos eu vi em saya!
Mau dia me levantei,
Que vos enton non vi fea!
E, mia senhor, desdaqueldi, ai!
Me foi a mi mui mal,
E vós, filha de don Paai
Moniz, e bem vos semelha
Dhaver eu por vós guarvaia,
Pois eu, mia senhor, dalfaia
Nunca de vós houve nem hei
Valia dua correa.
Paio Soares de Taveirós

Vocabulário:
Nom me sei parelha: não conheço ninguém igual a mim.
Mentre: enquanto.
Ca: pois.
Branca e vermelha: a cor branca da pele, contrastando com o vermelho do rosto, rosada.
Retraya: descreva, pinte, retrate.
En saya: na intimidade; sem manto.
Que: pois.
Des: desde.
Semelha: parece.
D’haver eu por vós: que eu vos cubra.
Guarvaya: manto vermelho que geralmente é usado pela nobreza.
Alfaya: presente.
Valia d’ua correa: objeto de pequeno valor.

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Cantigas de amigo
Surgidas na própria Península Ibérica, as cantigas de amigo eram inspiradas em cantigas
populares, fato que as concebe como sendo mais ricas e mais variadas no que diz respeito à
temática e à forma, além de serem mais antigas. Diferentemente da cantiga de amor, na qual o
sentimento expresso é masculino, a cantiga de amigo é expressa em uma voz feminina, embora
seja de autoria masculina, em virtude de que naquela época às mulheres não era concedido o
direito de alfabetização.
Tais cantigas tinham como cenário a vida campesina ou nas aldeias, e geralmente exprimiam o
sofrimento da mulher separada de seu amado (também chamado de amigo), vivendo sempre
ausente em virtude de guerras ou viagens inexplicadas. O eu lírico, materializado pela voz
feminina, sempre tinha um confidente com o qual compartilhava seus sentimentos,
representado pela figura da mãe, amigas ou os próprios elementos da natureza, tais como
pássaros, fontes, árvores ou o mar. Constatemos um exemplo:

Ai flores, ai flores do verde pinho


se sabedes novas do meu amigo,
ai deus, e u é?

Ai flores, ai flores do verde ramo,


se sabedes novas do meu amado,
ai deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amigo,


aquele que mentiu do que pôs comigo,
ai deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amado,


aquele que mentiu do que me há jurado
ai deus, e u é?
(...)
D. Dinis

Cantigas satíricas
De origem popular, essas cantigas retratavam uma temática originária de assuntos proferidos
nas ruas, praças e feiras. Tendo como suporte o mundo boêmio e marginal dos jograis, fidalgos,
bailarinas, artistas da corte, aos quais se misturavam até mesmo reis e religiosos, tinham por
finalidade retratar os usos e costumes da época por meio de uma crítica mordaz. Assim, havia
duas categorias: a de escárnio e a de maldizer.
Apesar de a diferença entre ambas ser sutil, as cantigas de escárnio eram aquelas em que a
crítica não era feita de forma direta. Rebuscadas de uma linguagem conotativa, não indicavam
o nome da pessoa satirizada. Verifiquemos:

Ai, dona fea, foste-vos queixar


que vos nunca louv[o] em meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!...
João Garcia de Guilhade

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Nas cantigas de maldizer, como bem nos retrata o nome, a crítica era feita de maneira direta, e
mencionava o nome da pessoa satirizada. Assim, envolvidas por uma linguagem chula,
destacavam-se palavrões, geralmente envoltos por um tom de obscenidade, fazendo referência
a situações relacionadas a adultério, prostituição, imoralidade dos padres, entre outros
aspectos. Vejamos, pois:
Roi queimado morreu con amor
Em seus cantares por Sancta Maria
por ua dona que gran bem queria
e por se meter por mais trovador
porque lhela non quis [o] benfazer
fez-sel en seus cantares morrer
mas ressurgiu depois ao tercer dia!...
Pero Garcia Burgalês

EXERCÍCIOS
1. Assinale a afirmativa correta com relação ao Trovadorismo.

Texto I
Ondas do mar de Vigo,
se vistes meu amigo!
E ai Deus, se verrá cedo!
Ondas do mar levado,
se vistes meu amado!
E ai Deus, se verrá cedo!
Martim Codax
Obs.: verrá = virá levado = agitado.

Texto II
1Me sinto com a cara no chão, mas a verdade precisa ser dita ao
2menos uma vez: aos 52 anos eu ignorava a admirável forma lírica da
3canção paralelística (...).
4O “Cantar de amor” foi fruto de meses de leitura dos cancioneiros.
5Li tanto e tão seguidamente aquelas deliciosas cantigas, que fiquei
6com a cabeça cheia de “velidas” e “mha senhor” e “nula ren”;
7sonhava com as ondas do mar de Vigo e com romarias a San Servando.
8O único jeito de me livrar da obsessão era fazer uma cantiga.

Manuel Bandeira

a) Um dos temas mais explorados por esse estilo de época é a exaltação do amor sensual
entre nobres e mulheres camponesas.
b) Desenvolveu-se especialmente no século XV e refletiu a transição da cultura teocêntrica
para a cultura antropocêntrica.
c) Devido ao grande prestígio que teve durante toda a Idade Média, foi recuperado pelos
poetas da Renascença, época em que alcançou níveis estéticos insuperáveis.
d) Valorizou recursos formais que tiveram não apenas a função de produzir efeito musical,
como também a função de facilitar a memorização, já que as composições eram
transmitidas oralmente.
e) Tanto no plano temático como no plano expressivo, esse estilo de época absorveu a
influência dos padrões estéticos greco-romanos

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2. Assinale a alternativa incorreta a respeito do Trovadorismo em Portugal.


a) Durante o Trovadorismo, ocorreu a separação entre poesia e a música.
b) Muitas cantigas trovadorescas foram reunidas em livros ou coletâneas que receberam o
nome de cancioneiros.
c) Nas cantigas de amor, há o reflexo do relacionamento entre o senhor e vassalo na
sociedade feudal: distância e extrema submissão.
d) Nas cantigas de amigo, o trovador escreve o poema do ponto de vista feminino.
e) A influência dos trovadores provençais é nítida nas cantigas de amor galego-
portuguesas.
3. Sobre as principais características do Trovadorismo, estão corretas:
I. Primeiro movimento literário da língua portuguesa, o Trovadorismo surgiu em um
período no qual a escrita era pouco difundida, por esse motivo, os poetas transmitiam
suas poesias oralmente, na maioria das vezes cantando-as.
II. Foi marcado pela transição do mundo medieval para o mundo moderno, conduzindo as
artes ao Renascimento cultural. Na literatura, deu-se a consolidação da prosa
historiográfica, do teatro e da poesia palaciana.
III. Os primeiros textos da literatura portuguesa receberam o nome
de cantigas, tradicionalmente divididas em cantigas de amor, de amigo, escárnio e
maldizer, representadas por nomes como Dom Duarte, Dom Dinis, Paio Soares de
Taveirós, João Garcia de Guilhade, Aires Nunes, entre outros.
IV. Inspirado na cultura clássica greco-latina, o Trovadorismo foi marcado pela introdução
de novos gêneros literários, entre eles os romances de cavalaria e a literatura de
viagens.
V. Os poetas do Trovadorismo pertenciam à nobreza ou ao clero e, além da letra, criavam
também a música das composições que executavam para o seleto público das cortes.
a) III e IV.
b) I, II e V.
c) III, IV e V.
d) I, III e V.
e) III e IV.
4. Leia
Peguntar-vos quero por Deus
Senhor fremosa, que vos fez
mesurada e de bon prez,
que pecados forom os meus
que nunca tevestes por ben
de nunca mi fazerdes ben.

Pero sempre vos soub' amar,


des aquel dia que vos vi,
mays que os meus olhos em mi,
e assy o quis Deus guisar,
que nunca tevestes por ben
de nunca mi fazerdes ben.

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Des que vos vi, sempr' o mayor


ben que vos podia querer
vos quigi, a todo meu poder,
e pero quis Nostro Senhor
que nunca tevestes por ben
de nunca mi fazerdes ben.

Mays, senhor, ainda com ben


se cobraria ben por bem.
Dom Dinis
Notas de tradução:

Mays: mais.
Senhor: senhora.
Mi: mim.
Fremosa: formosa, bonita.
Assy: assim.
Mesurada: comedida.
Guisar: decidir, preparar.
Bon prez: honrada.
Quigi: dei, dediquei.
Foron: foram.
A todo meu poder: de
Pero: já que, porém.
Des: desde. todo meu coração.

Na cantiga de Dom Dinis, predominam as características de uma


a) cantiga de amigo
b) cantiga de maldizer
c) cantiga de escárnio
d) cantiga de amor

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GABARITO
1. D
2. A
3. D
4. D

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SUMÁRIO
HUMANISMO ..................................................................................................................................................... 2
HUMANISMO ................................................................................................................................................. 2
CARACTERÍSTICAS DO HUMANISMO ......................................................................................................... 2
HUMANISMO EM PORTUGAL .................................................................................................................... 2
LINGUAGEM DO HUMANISMO ................................................................................................................. 3
AUTORES DO HUMANISMO....................................................................................................................... 3
LEITURAS........................................................................................................................................................ 4
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 5
GABARITO ...................................................................................................................................................... 8

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HUMANISMO
HUMANISMO
O Humanismo é o nome dado a uma corrente filosófica e artística que surgiu no século
XV na Europa.
Na literatura, ele representou o período de transição (escola
literária) entre o Trovadorismo e o Classicismo, bem como da Idade
Média para a Idade Moderna.
Note que o termo “Humanismo” abriga diversas concepções. No
geral, corresponde ao conjunto de valores filosóficos, morais e
estéticos que focam no ser humano, daí surge seu nome. Do latim, o
termo humanus significa “humano”.
Trata-se de uma ciência que permitiu ao homem compreender
melhor o mundo e o próprio ser. Isso ocorreu durante o período do
Renascimento Cultural.
Homem Vitruviano (1590) de Leonardo da Vinci: símbolo do
antropocentrismo humanista

CARACTERÍSTICAS DO HUMANISMO
As principais características do Humanismo são:
• Racionalidade
• Antropocentrismo
• Cientificismo
• Modelo Clássico
• Valorização do corpo humano e das emoções
• Busca da beleza e perfeição
HUMANISMO EM PORTUGAL
O marco inicial do humanismo literário português foi a nomeação de Fernão Lopes para
cronista-mor da Torre do Tombo, em 1418.
O movimento com foco na prosa, poesia e teatro, terminou com a chegada do poeta Sá de
Miranda da Itália em 1527.
Isso porque ele trouxe inspirações literárias baseadas na nova medida chamada de “dolce
stil nuevo” (Doce estilo novo). Esse fato permitiu o início do classicismo como escola literária.

Autores e Obras
O teatro popular, a poesia palaciana e a crônica histórica foram os gêneros mais
explorados durante o período do humanismo em Portugal.
Gil Vicente (1465-1536) foi considerado o pai do teatro português, escrevendo “Autos” e
“Farsas”, dos quais se destacam:
• Auto da Visitação (1502)
• O Velho da Horta (1512)
• Auto da Barca do Inferno (1516)
• Farsa de Inês Pereira (1523)

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Fernão Lopes (1390-1460) foi o maior representante da prosa historiográfica humanista,


além de fundador da historiografia portuguesa. De suas obras merecem destaque:
• Crônica de El-Rei D. Pedro I
• Crônica de El-Rei D. Fernando
• Crônica de El-Rei D. João I
Com destaque para a poesia palaciana, Garcia de Resende (1470-1536) foi o maior
representante com sua obra Cancioneiro Geral (1516).
LINGUAGEM DO HUMANISMO
A linguagem do humanismo é racional, histórica, política e teatral. Está baseada,
sobretudo, na valorização do ser humano e no universo psicológico das personagens.
Lembre-se que o humanismo representa um momento de transição entre o trovadorismo
e o classicismo. Sua principal característica está na preocupação com o ser humano e suas
emoções.
A poesia palaciana, as crônicas históricas e os textos teatrais foram os mais explorados
pelos escritores humanistas.
AUTORES DO HUMANISMO
Principais Autores e Obras do Humanismo
Francesco Petrarca (1304-1374)
Humanista italiano, Petrarca foi um dos mais importantes escritores humanistas. Á ele, está
associado a criação dos sonetos, forma poética fixa composta de 2 quartetos e 2 tercetos.
Petrarca produziu cerca de 300 sonetos e de sua obra destacam-se: Cancioneiro e o Triunfo,
Meu Livro Secreto e Itinerário para a Terra Santa.

Dante Alighieri (1265-1321)


Humanista italiano, autor do poema épico e teológico intitulado “Divina Comédia”.
Dante é considerado um dos mais importantes poetas do humanismo. Ele escreveu vários
textos líricos, filosóficos e políticos, dos quais se destacam: Vida Nova, Monarquia e O Convívio.

Giovanni Bocaccio (1313-1375)


Poeta humanista, considerado o criador da prosa italiana. Bocaccio é autor da obra de novelas
"Decamerão", que apresenta como temática da natureza humana. Além de Decamerão, de sua
obra literária merecem destaque: Mulheres Famosas, Filocolo e Teseida.

Erasmo de Roterdã (1466-1536)


Humanista neerlandês, autor de diversas obras de caráter humanista. Sua obra mais importante
é “O Elogio da Loucura”, publicada em 1509, na qual defende a liberdade do pensamento
humano.
Além dela, merecem destaque: Os Pais Cristãos, Colóquios Familiares e Preparação para a
Morte.

Michel de Montaigne (1533-1592)


Humanista francês, Montaigne é considerado o criador do gênero literário ensaio pessoal.
Publicou a obra “Ensaios” em 1580.
Fernão Lopes (1390-1460)
Escritor humanista português, nomeado cronista-mor da Torre do Tombo, em 1418. Escreveu
diversos textos denominados de prosa historiográfica. Foi fundador da historiografia
portuguesa e de sua obra literária merece destaque: Crônica de El-Rei D. Pedro I, Crônica de El-
Rei D. Fernando e Crônica de El-Rei D. João I.

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Gil Vicente (1465-1536)


Dramaturgo português, considerado o “Pai do Teatro Português” sendo um dos principais
dramaturgos humanistas. Destacou-se com sua produção literária associada ao teatro.
De sua obra, merece destaque Auto da Visitação, O Velho da Horta, Auto da Barca do Inferno e
a Farsa de Inês Pereira.

Características do Humanismo
O movimento humanista surgiu no século XV em Florença, Itália, cidade considerada o berço do
Renascimento.
As principais características do humanismo refletem a preocupação com as questões humanas
onde o homem passa a ser o centro das atenções (Antropocentrismo).
O nome desse movimento literário e cultural está associado à crise do feudalismo e às
descobertas científicas. Essas, foram essenciais para trazer à tona as características
do Humanismo Renascentista.
As ideias estavam aliadas ao antropocentrismo (homem no centro do mundo), em
contraposição ao teocentrismo (Deus como centro do mundo) medieval.
Ou seja, nesse momento, ocorre a transição da Idade Média para a Idade Moderna, ou ainda, da
cultura medieval para a cultura clássica. Por fim, o Humanismo estende-se de 1434 até 1527,
quando começa o classicismo.

LEITURAS
Trecho da obra “Triunfo da Morte” de Francesco Petrarca
“Aquela bela dama e gloriosa,
Que hoje é nu 'spírito e pouca terra,
E foi alta coluna e valorosa;
Tornava com grande honra de sua guerra,
Deixando já vencido o grande inimigo,
Que com seu doce fogo o mundo aterra.
Não com mais armas que respeito altivo,
Honestidade em rosto e pensamento,
Coração casto e de virtude amigo.
Grande espanto era ver tal vencimento,
As armas d'amor rotas e desfeitas,
E os vencidos dele em mor tormento.
A bela dama e as outras eleitas
Se vinham gloriando da vitória,
Em bela esquadra juntas e restreitas.
Poucas eram, que rara é vera glória,
Mas dinas, da primeira à derradeira,
De claríssimo poema e de história.
Traziam, por insígnia, na bandeira
Em campo verde um branco armelino
D'ouro fino, e topazes a coleira.
Não humano, certamente, mas divino”

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Trecho da obra “Farsa de Inês Pereira” de Gil Vicente


“INÊS Renego deste lavrar
E do primeiro que o usou;
Ó diabo que o eu dou,
Que tão mau é d'aturar.
Oh Jesu! que enfadamento,
E que raiva, e que tormento,
Que cegueira, e que canseira!
Eu hei-de buscar maneira
D'algum outro aviamento.
Coitada, assi hei-de estar
Encerrada nesta casa
Como panela sem asa,
Que sempre está num lugar?
E assi hão-de ser logrados
Dous dias amargurados,
Que eu possa durar viva?
E assim hei-de estar cativa
Em poder de desfiados?
Antes o darei ao Diabo
Que lavrar mais nem pontada.
Já tenho a vida cansada
De fazer sempre dum cabo.
Todas folgam, e eu não,
Todas vêm e todas vão
Onde querem, senão eu.
Hui! e que pecado é o meu,
Ou que dor de coração?”

EXERCÍCIOS
1. (UFES) – A imagem do “Homem Vitruviano” é uma representação elaborada no final do
século XV por Leonardo da Vinci e exprime o antropocentrismo e a harmonia das formas
que caracterizaram as obras artísticas do período renascentista. Sobre o renascimento,
não é correto afirmar que:
a) um dos seus principais fundamentos intelectuais foi o Humanismo, concepção segundo
a qual o homem deveria ser valorizado como o epicentro do mundo e da história, como
havia ocorrido na Antiguidade Clássica.
b) o estudo do homem e da natureza, nesse período, fundamentava-se no espírito crítico, o
que possibilitou o desenvolvimento do pensamento científico, como se comprova na
defesa da teoria heliocêntrica por Nicolau de Cusa e Nicolau Copérnico.
c) os homens da época tenderam a valorizar a produção artística e intelectual das
civilizações do Oriente Médio, especialmente a egípcia e a mesopotâmica, pela conexão
que estas guardavam com a história hebraica descrita na Bíblia.

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d) um dos seus maiores expoentes foi Leonardo da Vinci, um modelo do intelectual


renascentista, pelo fato de se ter dedicado a múltiplas áreas do conhecimento, como, por
exemplo, à Anatomia, à Física e à Botânica, além de à Pintura.
e) o termo “Renascimento” designa uma modalidade de expressão intelectual urbana e
burguesa originária da Península Itálica, que se constituiu a partir do sincretismo entre
a Cultura Clássica e a tradição judaico-critã.
2. (UNAMA/PA) – “Humanismo é uma palavra inventada no século XIX para descrever o
programa de estudos, e seu condicionamento de pensamento e expressão, que era
conhecido desde o final do século XV”. HALE, John. Dicionário do renascimento italiano.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1988. p. 187. De acordo com o trecho anterior, e por
meio de seus estudos históricos, é correto afirmar que o programa humanista:
a) Era encabeçado por reis e papas (os mecenas), os quais auxiliavam, humanitariamente,
os artistas do século XIX a compreender as formas artísticas do Renascimento.
b) Atrelava-se ao modo de pensar renascentista, no qual o homem e a natureza passavam
a ser valorizados na construção do conhecimento mundano.
c) Era marcado por uma valorização de temas naturalistas, opondo-se aos temas religiosos
e sua ligação e proximidade com a Igreja católica e a protestante do século XIX.
d) Constituía-se por uma aproximação com o mundo grego e romano, valorizando o
equilíbrio das formas e proporções, num exemplo de arte barroca (humanista) do século
XV.
e) A valorização de ideias como a coletividade e a expropriação da propriedade privada.
3. (UEL-PR) – O renascimento, amplo movimento artístico, literário e científico, expandiu-
se da Península Itálica por quase toda a Europa, provocando transformações na
sociedade. Sobre o tema, é correto afirmar:
a) O racionalismo renascentista reforçou o princípio da autoridade da ciência teológica e
da tradição medieval.
b) Houve o resgate, pelos intelectuais renascentistas, dos ideais medievais ligados aos
dogmas do catolicismo, sobretudo na concepção teocêntrica do mundo.
c) Nesse período, reafirmou-se a ideia do homem cidadão, que terminou por enfraquecer
os sentidos de identidade nacional e cultural, os quais contribuíram para o fim das
monarquias absolutas.
d) O humanismo pregou a determinação das ações humanas pelo divino e negou que o
homem tivesse a capacidade de agir sobre o mundo, transformando-o de acordo com
sua vontade e interesse.
e) Os estudiosos do período buscaram apoio na observação, no modelo experimental e na
reflexão racional, valorizando a natureza e o ser humano.
4. (Centec-BA) – Leia o texto abaixo para poder responder às duas questões que em
seguida serão apresentadas.
“Os teólogos, portanto, tinham toda a preocupação voltada para as almas e para Deus, ou
seja, para o mundo transcendente, o mundo dos fenômenos espirituais e imateriais. Os
humanistas, por sua vez, voltavam-se para o aqui e agora, para o mundo concreto dos seres
humanos em luta entre si e com a natureza, a fim de terem um controle maior sobre o próprio
destino. Por outro lado, a pregação do clero tradicional reforçava a submissão total do homem,
em primeiro lugar, à onipotência divina, em segundo, à orientação do clero e, em terceiro, à
tutela da nobreza, exaltando no ser humano, sobretudo, os valores de piedade, da mansidão e
da disciplina. A postura dos humanistas era completamente diferente, valorizava o que de
divino havia em cada homem, induzindo-o a expandir suas forças, a criar e a produzir, agindo
sobre o mundo para transformá-lo de acordo com sua vontade e interesse. ”
(SEVCENKO, p. 15)

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I. No texto, a característica marcante do movimento humanista-renascentista é:


1espíritocrítico voltado para o estímulo às mudanças.
2supremacia do mundo espiritual sobre o material.
3valorização da piedade, da mansidão e da disciplina.
4defesa da Igreja e da cultura medievais.
5reprodução da crença dogmática dos teólogos medievais.

II. A crítica dos humanistas era dirigida à sociedade:


a) capitalista.
b) feudal.
c) comunista.
d) escravista.
e) socialista.
5. Leia atentamente os textos abaixo.
“Há muitas maravilhas mas nenhuma é tão maravilhosa quanto o homem. […] homem de
engenhos e artes inesgotáveis […] soube sozinho aprender a usar a fala e o pensamento mais
veloz que o vento […] sagaz de certo modo na inventiva além do que seria de esperar e na
destreza, que o desvia às vezes para a maldade, às vezes para o bem […].”
SÓFOCLES, Antígona, 497-406 a.C.

“Este animal previdente, sagaz, complexo, penetrante, dotado de memória, capaz de


raciocinar e de refletir, ao qual damos o nome de homem […] único entre todos os vivos e entre
todas as naturezas animais, só ele raciocina e pensa. Ora, o que há […] de mais divino que a
razão, que chegada à maturidade e à sua perfeição é justamente chamada de sabedoria?”
CÍCERO, Sobre as lei, 106-46 a.C.

“Eu não te dei, Adão, nem um lugar predeterminado, nem quaisquer prerrogativas. […] Tu
mesmo fixarás as tuas leis sem estar constrangido por nenhum entrave, segundo teu livre-
arbítrio, a cujo domínio te confiei […]. Poderás degenerar à maneira das coisas inferiores, que
são os brutos, ou poderás, segundo tua vontade, te regenerar à maneira dos superiores, que são
as divinas.”
MIRANDOLA, Pico della, Sobre a dignidade do homem, 1463-1494.

Os textos acima apresentam elementos comuns sobre a visão que os autores detêm sobre
os seres humanos. Frente a esses, elementos avalie as afirmativas abaixo.
I. Os três autores entendem o mundo a partir da superior capacidade de raciocínio que
detém o homem, e de suas potencialidades de atuação sobre os demais animais e sobre a
natureza.
II. O terceiro autor afirma que apesar de capacidade do livre-arbítrio que detém Adão, este
seria incapaz de atuar autonomamente, sendo sempre dependente da vontade e do destino
imposto por Deus.
III. Os três textos expõem uma visão teocêntrica do mundo.
a) se todas as alternativas estiverem corretas.
b) se todas as alternativas estiverem incorretas.
c) se apenas as alternativas I e II estiverem corretas.
d) se apenas as alternativas II e III estiverem incorretas.
e) se apenas a alternativa I estiver incorreta.

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GABARITO
1. C
2. B
3. E
4. B
5. D

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SUMÁRIO
CLASSICISMO ..................................................................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO AO CLASSICISMO .................................................................................................................... 2
CONTEXTO HISTÓRICO .............................................................................................................................. 2
CARACTERÍSTICAS DO CLASSICISMO ......................................................................................................... 2
CLASSICISMO EM PORTUGAL .................................................................................................................... 3
AUTORES E OBRAS ..................................................................................................................................... 3
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 5
GABARITO ...................................................................................................................................................... 8

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CLASSICISMO
INTRODUÇÃO AO CLASSICISMO
O Classicismo foi um movimento cultural que fez parte do Renascimento europeu,
durante os séculos XV e XVI. Como o próprio nome aponta, a proposta do Classicismo era
um retorno às formas e temas da Antiguidade Clássica, ou seja, Grécia e Roma antigas.
CONTEXTO HISTÓRICO
O período da Idade Média durou cerca de 10 séculos na Europa (século V – século XV).
Durante esse longo período de tempo, o desenvolvimento científico e cultural dependia do aval
ou do aceite da Igreja Católica, que exercia influência política e socioeconômica em toda a
Europa.
Enquanto a riqueza na Idade Média estava relacionada à posse da terra e à tradição, as
trocas comerciais que se estabeleceram com o mercantilismo tornaram o dinheiro a grande
fonte de poder. O intercâmbio com civilizações da Ásia e da África, sobretudo com povos de
origem árabe, abriu para os europeus novos horizontes, como o desenvolvimento da
matemática e os instrumentos de navegação, como o astrolábio.
Os espaços geográficos abriam-se, com a descoberta de novas rotas pelo mar, levando até
a chegada aos territórios do grande continente americano: eram as Grandes Navegações.
Tudo isso foi possível graças ao Renascimento, movimento científico e cultural que tomou
conta da Europa no século XV. Esquivando-se da censura ideológica da Igreja, pensadores e
cientistas elaboraram novas teorias e invenções: Nicolau Copérnico propõe o modelo
heliocêntrico do Universo, Galileu Galilei descobre as leis que regem a queda dos corpos,
Johann Gutemberg inventa os tipos móveis para imprimir os livros, tarefa antes delegada aos
monges copistas.
O horizonte cultural do Renascimento era a Antiguidade Clássica. A Grécia Antiga é
considerada o berço do pensamento ocidental (tendo influenciado diretamente a cultura dos
romanos), por isso o retorno às formas clássicas foi o propósito estético dos renascentistas. O
Classicismo tem sua gênese na Itália, ao final do século XIII, com o surgimento do pensamento
humanista.
CARACTERÍSTICAS DO CLASSICISMO
• Busca pelo equilíbrio, pela proporção, pela objetividade e pela transparência.
• Obra mimética como reflexão de uma natureza que segue leis universais, ou seja,
a obra como concerto harmônico.
• Contenção da subjetividade, dos ímpetos da interioridade: o que vale é a obra,
não o que sente ou pensa o autor. O autor deve desaparecer perante a obra.
• Rigor formal: cada forma utilizada no texto clássico deve seguir um conjunto de
regras próprio.
• Separação das artes: os gêneros textuais não se misturam. A poesia lírica tem seu
próprio método e características que não devem ser confundidos com aqueles
da poesia épica, ou da dramaturgia, por exemplo.
• Noção do ideal de beleza grego, também norteado pela proporção e pelo
equilíbrio das formas.
• Neoplatonismo.
• Temas da mitologia greco-romana.
• Valorização da racionalidade em oposição à sentimentalidade e do universal em
detrimento do particular.

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• Antropocentrismo, a centralidade da existência humana em relação ao Universo


e àquilo que o compõe.
• Obra como veiculadora de verdades e ensinamentos que permitam aperfeiçoar a
alma humana.
• Adoção de formas textuais da Antiguidade Clássica, predominantemente a
dramaturgia e os gêneros da tragédia e da comédia, e a poesia, nos gêneros lírico
e épico.
CLASSICISMO EM PORTUGAL
Embora na Itália o Classicismo tenha se insinuado em meados do século XIII, é apenas em
1527, com Sá de Miranda, que o movimento tem início em Portugal. Influenciado pelo dolce stil
nuovo, “doce estilo novo”, em tradução livre, que aprendera na Itália, Sá de Miranda introduz à
literatura o gênero do soneto decassílabo, que ficaria conhecido como “medida nova”, em
oposição à “medida velha”, a das redondilhas (cinco ou sete sílabas métricas).
Foi predominante no Classicismo português a temática do neoplatonismo, escola
filosófica que retomava a filosofia amorosa de Platão, tratando o amor não a partir da
sensualidade, mas por seu viés filosófico e religioso. Além disso, os poetas do período
valorizaram sobretudo os grandes feitos nacionais, as conquistas do povo português, assunto
da poesia épica. Pode-se entender, portanto, que o Classicismo em Portugal voltou-se para dois
principais temas: amor e bravura.
AUTORES E OBRAS
• Francisco de Sá de Miranda (Coimbra, 1481 – Amares, 1558)
Precursor do Classicismo português, foi o responsável pela introdução do verso
decassílabo em Portugal. Teve algumas poesias publicadas no Cancioneiro geral (1516),
compilado antológico da poesia humanista.
Introduziu também, em língua portuguesa, as formas da canção da sextina e as produções
em tercetos e em oitavas, sendo responsável pela formação dos poetas portugueses, tendo
grande influência na literatura que se desenvolveu no período.
Eram parte de suas temáticas a reflexão moral, filosófica e política, além do lirismo
amoroso. Escreveu também textos dramatúrgicos e cartas em forma de verso.
• Exemplo de soneto de Sá de Miranda
Comigo me desavim,
Sou posto em todo perigo;
Não posso viver comigo
Nem posso fugir de mim.
Com dor da gente fugia,
Antes que esta assi crecesse:
Agora já fugiria
De mim, se de mim pudesse.
Que meo espero ou que fim
Do vão trabalho que sigo,
Pois que trago a mim comigo
Tamanho imigo de mim?
(Sá de Miranda)

• Luís Vaz de Camões (1524/1525-1580)

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O berço de nascimento de Camões é incerto: provavelmente Lisboa, provavelmente em


1524 ou 1525, mas as cidades de Coimbra, Santarém e Alenquer também reivindicam ser o local
onde o poeta nasceu.
De origem fidalga, Camões teve uma educação sólida e era conhecedor
de história, geografia e literatura. Deu início ao curso de Teologia na Universidade de Coimbra,
que abandonou por levar uma vida incompatível com os preceitos religiosos. Conquistador,
Camões teve muitas paixões e seus versos eram muito prestigiados pelas damas da corte.
Envolveu-se em duelos e fez inimizades, o que o levou a alistar-se e embarcar, como
soldado, para Ceuta, lutando contra os mouros e perdendo o olho direito em combate. Já em
liberdade, embarcou para a Índia, em 1554, e viveu também em Macau. Salvou-se de um
naufrágio em 1556, levando consigo os originais de sua mais célebre obra, o poema épico Os
Lusíadas. Morreu em Portugal, em 1580.
Camões é considerado o mais importante poeta de língua portuguesa e um dos
maiores da literatura universal. Sua produção literária é múltipla e contempla tanto as formas
eruditas quanto as formas populares, de trovas, inspiradas em velhas cantigas medievais. A
obra de Camões pode ser dividida em dois eixos principais: a poesia lírica e a épica.
A lírica camoniana é composta principalmente de temas amorosos, bastante
influenciada pelo neoplatonismo, que convive com os temas sensuais, estabelecendo quase
sempre uma contradição. As antíteses da presença-ausência, amor espiritual-amor carnal,
vida-morte, sonho-realidade são muito presentes em seus poemas, o que o torna um
antecipador do movimento maneirista.
Além disso, Camões compôs na chamada “medida velha”, as redondilhas, ligadas à
tradição popular, e na “medida nova”, o poema decassílabo, forma preferida para a exposição
de temas e sentimentos complexos.
• Exemplo da poesia de Camões
Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,


Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te


Algua cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,


Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.
(Camões)

• Os Lusíadas
Camões ficou muito conhecido por seu trabalho como sonetista, mas sua grande obra
foi Os Lusíadas, poema épico de cunho nacionalista que exalta o período das Grandes
Navegações portuguesas. Inspirado em Virgílio e Homero pela forma e pelo tema, Camões
utiliza-se também da mitologia greco-romana para tecer a epopeia: Baco teria se voltado contra
os portugueses, por ser dono dos territórios indianos, e Vênus, por gostar do povo lusitano,
estaria a seu favor.

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Assim, a viagem real de Vasco da Gama mistura-se a essa narrativa mitológica. Escritos
em 10 cantos com oito estrofes cada um, Os Lusíadas é obra de linguagem culta e elevada,
conforme a característica da poesia épica, e canta heroicamente os reis e os fidalgos
portugueses a partir da conquista dos novos territórios, adicionando também outros episódios
gloriosos da história de Portugal.
Canto I
As armas e os barões assinalados
Que, da Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca dantes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo reino, que tanto sublimaram;
E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando:
Cantando espalharei por toda a parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e a arte.
[...]
(Camões, Os Lusíadas.)

EXERCÍCIOS
1. O Classicismo é a face literária do Renascimento, movimento de renovação científica,
artística e cultural que marcou o fim da Idade Média e o nascimento da Idade Moderna
na Europa. Teve início em 1527, e suas principais características foram o culto aos
valores universais – o Belo, o Bem, a Verdade e a Perfeição – e a preocupação com a forma.
Tais valores aproximaram o Classicismo de duas escolas posteriores. São elas:
a) Barroco e Simbolismo;
b) Arcadismo e Parnasianismo;
c) Romantismo e Modernismo;
d) Trovadorismo e Humanismo;
e) Realismo e Naturalismo.
2. Estão, entre os principais representantes do Classicismo português:
a) Mário de Sá-Carneiro e Fernando Pessoa.
b) Florbela Espanca e Almeida Garrett.
c) Antero de Quental e Almada Negreiros.
d) Francisco de Sá de Miranda e Luís Vaz de Camões.
e) Eça de Queiroz e Miguel Torga.

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3. Assinale a alternativa que completa corretamente a afirmação seguinte:


O movimento desenvolveu-se no apogeu político de Portugal; consiste numa concepção
artística baseada na imitação dos modelos clássicos gregos e latinos. Nele, o pensamento
lógico predomina sobre a emoção, e a estrutura da composição poética obedece a formas
fixas, com a introdução da medida nova, que convive com a medida velha das formas
tradicionais.

Trata-se do:
a) Modernismo.
b) Barroco.
c) Romantismo.
d) Classicismo.
e) Realismo.
4. Leia o soneto de Luís Vaz de Camões para responder à questão:
Alma minha gentil, que te partiste
Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente,
E viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta sida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cd me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.
Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"

No poema de Camões, podemos perceber algumas características do Classicismo. São


elas:
a) equilíbrio entre os transes existenciais do poeta com a disciplina clássica: emoção e
razão, expressão pessoal e imitação são concebidas por meio de uma dicção sóbria,
contida, mas nem por isso menos comovente. No poema também podemos perceber que,
embora o homem sempre queira atingir o ideal e a perfeição, ele sempre encontra em
seu caminho a restrição imposta pela própria condição humana.
b) o assunto principal do poema é o sofrimento amoroso do eu lírico perante uma mulher
idealizada e distante. Há uma ambientação aristocrática da corte e uma forte influência
provençal na lírica camoniana.
c) predomínio da musicalidade e grande influência da tradição oral ibérica. O assunto
principal do poema é o lamento da moça cujo namorado partiu. Os paralelismos
semânticos, o refrão, reiterações e estribilho estão presentes em seus versos: esses
elementos tinham como finalidade facilitar a memorização do texto para que ele fosse
cantado.
d) O poema de Camões é marcado por uma linguagem rebuscada, permeada por figuras de
linguagem de difícil compreensão. Seu tema principal é a luta entre classes sociais e as
crises religiosas.

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5. Leia
LXXVIII (Camões, 1525?-1580)
Leda serenidade deleitosa,
Que representa em terra um paraíso;
Entre rubis e perlas doce riso;
Debaixo de ouro e neve cor-de-rosa;
Presença moderada e graciosa,
Onde ensinando estão despejo e siso
Que se pode por arte e por aviso,
Como por natureza, ser fermosa;
Fala de quem a morte e a vida pende,
Rara, suave; enfim, Senhora, vossa;
Repouso nela alegre e comedido:
Estas as armas são com que me rende
E me cativa Amor; mas não que possa
Despojar-me da glória de rendido.
CAMÕES, L. Obra completa. Rio de janeiro: Nova Aguilar, 2008.

SANZIO, R. (1483-1520) A mulher com o unicórnio. Roma, Galleria Borghese. Disponível em:
www.arquipelagos.pt. Acesso em: 29 fev. 2012. (Foto: Reprodução/Enem)

A pintura e o poema, embora sendo produtos de duas linguagens artísticas diferentes,


participaram do mesmo contexto social e cultural de produção pelo fato de ambos
a) apresentarem um retrato realista, evidenciado pelo unicórnio presente na pintura e
pelos adjetivos usados no poema.
b) valorizarem o excesso de enfeites na apresentação pessoal e na variação de atitudes da
mulher, evidenciadas pelos adjetivos do poema.
c) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela sobriedade e o equilíbrio,
evidenciados pela postura, expressão e vestimenta da moça e os adjetivos usados no
poema.
d) desprezarem o conceito medieval da idealização da mulher como base da produção
artística, evidenciado pelos adjetivos usados no poema.
e) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela emotividade e o conflito
interior, evidenciados pela expressão da moça e pelos adjetivos do poema.

MUDE SUA VIDA!


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GABARITO
1. B
2. D
3. D
4. A
5. C

MUDE SUA VIDA!


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SUMÁRIO
QUINHENTISMO ................................................................................................................................................ 2
INTRODUÇÃO AO QUINHETISMO .................................................................................................................. 2
PRODUÇÕES LITERÁRIAS NO BRASIL REALIZADAS EM 1500 ..................................................................... 2
CRÔNICAS .................................................................................................................................................. 2
LITERATURA JESUÍTICA .................................................................................................................................. 3
LITERATURA DE FORMAÇÃO ..................................................................................................................... 3
CARACTERÍSTICAS QUINHENTISTA ............................................................................................................ 5
FIXAÇÃO ............................................................................................................................................................. 6
GABARITO ...................................................................................................................................................... 9

MUDE SUA VIDA!


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QUINHENTISMO
INTRODUÇÃO AO QUINHETISMO
PRODUÇÕES LITERÁRIAS NO BRASIL REALIZADAS EM 1500
O Quinhentismo foi o conjunto de produções literárias produzidas no Brasil no século XVI.
Nesse período os países europeus, entre eles Portugal, iniciaram a busca de trocas
comercias lucrativas, exploração de pedras preciosas e matéria-prima, além da difusão
do Cristianismo na expansão marítima europeia. E foram nessas viagens marítimas em busca
de novos territórios que as embarcações portuguesas avistaram o Monte Pascal. Então, nessas
embarcações estavam aqueles que deram início às relações de colonização de exploração nas
novas terras descobertas e aqueles que escreveram relatos de tudo o que foi visto e encontrado.
Desse modo, na época do descobrimento do Brasil os registos escritos sobre os índios
brasileiros, a fauna e a flora, bem como as características da região, eram chamados
de literatura quinhentista. O nome Quinhentismo faz referência justamente ao ano do
descobrimento – 1500.
E nesse momento do colonialismo não existia uma literatura nacional. Uma vez que os
relatos da literatura quinhentista eram sob a ótica dos portugueses e não de escritores nascidos
na própria pátria.
A concepção de identidade e a literatura brasileira só foram construídas séculos depois
da colonização portuguesa.

É importante destacar ainda que no Quinhentismo haviam os textos com características


linguísticas descritivas e informativas. Portanto, eram classificados como literatura de
informação ou crônicas históricas.
Ainda dentro do conjunto de textos da literatura quinhentista existiam aquelas produções
com finalidades religiosas e doutrinárias, as quais eram classificadas como literatura jesuíta.

CRÔNICAS
Os portugueses que escreviam cartas com a finalidade de manter o rei português, D.
Manuel I, bem informado sobre o “novo mundo” não tinham características propriamente de
literatura ou o valor literário.
A prova disso é que essas produções escritas tratavam dos objetivos materiais e
capitalistas da coroa portuguesa. Uma vez que descreviam sobre as riquezas naturais, a cultura
dos povos nativos, os animais, os recursos hídricos e todo levantamento para estabelecer a
relação metrópole-colônia. Dessa maneira, eram produções escritas mais históricas do que
literárias. E, por isso, muitos historiadores as consideram como crônicas
históricas ou literatura dos viajantes.
A carta do principal escrivão-mor português, Pero Vaz de Caminha, inaugurou a literatura
quinhentista de cunho histórico no Brasil.
Leia o trecho abaixo da carta de Pero Vaz de Caminha e preste atenção às palavras
grafadas:
E uma daquelas moças era toda tinta, de fundo a cima, daquela tintura, a qual, certo, era
tão bem feita e tão redonda e sua vergonha, que ela não tinha, tão graciosa, que a muitas
mulheres de nossa terra, vendo-lhes tais feições, fizera vergonha, por não terem a sua
como ela. (...)

MUDE SUA VIDA!


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O capitão, quando eles vieram, estava assentado em uma cadeira e uma alcatifa aos pés
por estrado, e bem vestido, com um colar d'ouro mui grande ao pescoço. (...) Um deles,
porém, pôs olho no colar do capitão e começou d'acenar com a mão para a terra e despois
para o colar, como que nos dizia que havia em terra ouro. E também viu um castiçal de
prata e assim mesmo acenava para a terra e então para o castiçal, como que havia
também prata (...)
Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro;
nem lha vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados como
os de Entre-Douro-e-Minho, porque neste tempo d'agora assim os achávamos como os
de lá. Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a
aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem! Porém, o melhor fruto que
dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal
semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. (...) [grifos nossos]

Observe que o texto apresenta a marca da pessoalidade do escrivão


europeu quanto ao costume cultural indígena, as ambições
capitalistas pelas pedras preciosas (ouro e prata), encantamento pela
abundância hídrica e fertilidade do solo brasileiro.

A carta de Pero Vaz de Caminha é uma crônica histórica. (Foto:


Wikimedia Commons)
Destacam-se ainda nas crônicas históricas quinhentistas os seguintes autores:
• Pero de Magalhães Gândavo
Obras: Tratado da Terra do Brasil e História da província de Santa Cruz;
• Gabriel Soares de Souza
Obra: Tratado Descritivo do Brasil;
• Hans Staden
Obra: Meu cativeiro entre os índios do Brasil

LITERATURA JESUÍTICA
LITERATURA DE FORMAÇÃO
Também conhecida como literatura catequética, esse grupo literário é composto por
poemas, cartas, sermões e peças de teatro produzidos pelos padres jesuítas que
desembarcaram no Brasil no início da colonização. De modo breve, é possível dizer que tais
produções tinham como principal função catequizar os nativos do território.
A catequização pode ser compreendida como uma espécie de colonização religiosa, haja
vista que os deuses e cultos indígenas foram demonizados pelos jesuítas, que impuseram o
catolicismo na região. Dessa forma, portanto, o Estado português dominou o território, e a
Igreja Católica colonizou a religião dos nativos.
Depois da chegada dos primeiros colonizadores os próximos viajantes que atravessaram
o Oceano Atlântico foram os padres jesuítas.
Os padres chegaram em 1549 na chamada Campanha de Jesus, com o objetivo
de catequizar os indígenas e os filhos dos colonizadores que moravam ou já nasciam na colônia

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brasileira. Para isso, os religiosos utilizavam e produziam textos mais elaborados que as
crônicas históricas para difundir o Cristianismo. Muitos desses textos eram fundamentados no
movimento da Contrarreforma
da Igreja Católica, que objetivava a
conquista e reconquista de fiéis pelo
mundo a fora. Entre os pregadores
católicos destaca-se o padre José de
Anchieta, que produziu grande acervo
da Literatura jesuíta, como sermões,
poemas autos e cartas.
José de Anchieta é considerado o
pai do teatro brasileiro porque utilizou-
se, na época, dessa arte para produzir
muitas peças teatrais inspiradas na
bíblia, e assim divulgar o evangelho
entre os povos indígenas.
Os padres jesuítas utilizavam a Literatura jesuíta para fins religiosos. (Foto: Wikipédia)

Leia abaixo a cena do segundo ato da peça teatral “Auto de São Lourenço” de José de
Anchieta e preste atenção nas palavras negritadas:

GUAIXARÁ
Esta virtude estrangeira
Me irrita sobremaneira.
Quem a teria trazido,
com seus hábitos polidos
estragando a terra inteira?

Só eu
permaneço nesta aldeia
como chefe guardião.
Minha lei é a inspiração
que lhe dou, daqui vou longe
visitar outro torrão.

Quem é forte como eu?


Como eu, conceituado?
Sou diabo bem assado.
A fama me precedeu;
Guaixará sou chamado.

Meu sistema é o bem viver.


Que não seja constrangido
o prazer, nem abolido.
Quero as tabas acender
com meu fogo preferido

Boa medida é beber


cauim até vomitar.
Isto é jeito de gozar
a vida, e se recomenda
a quem queira aproveitar.

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Observe que foi utilizado elemento da cultura indígena, nesse caso a “aldeia”, para
interagir, ensinar e doutrinar os índios. E ainda conceitos do Catolicismo, como a ideia de
“diabo”.
Na literatura jesuíta ainda teve destaque o fundador do Colégio São Paulo, na aldeia de
Piratininga, em 1553, padre Manuel da Nóbrega. Suas obras foram:
• Diálogo sobre a conversão do gentio;
• Informação das coisas da terra e necessidade que há para se proceder nela;
• Cartas do Brasil;
• Tratado contra a Antropofagia e contra os Cristãos Seculares e Eclesiásticos que
a Fomentam e a Consentem;
• Caso de Consciência para a Liberdade dos Índios.

CARACTERÍSTICAS QUINHENTISTA
• Narrativas textuais com caráter informativos e descritivo
• Usos de muitos adjetivos;
• Marcas da subjetividade dos autores;
• Linguagem sem rebuscamentos;
• Levantamento das principais questões de interesse capitalista;
• Narrativas mais elaborada para fins doutrinários e religiosos.

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FIXAÇÃO
TEXTO I
Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a pouco começaram a vir mais.
E parece-me que viriam, este dia, à praia, quatrocentos ou quatrocentos e cinquenta. Alguns
deles traziam arcos e flechas, que todos trocaram por carapuças ou por qualquer coisa que lhes
davam. […] Andavam todos tão bem-dispostos, tão bem feitos e galantes com suas tinturas que
muito agradavam.
CASTRO, S. “A carta de Pero Vaz de Caminha”. Porto Alegre: L&PM, 1996 (fragmento).

TEXTO II

1. Pertencentes ao patrimônio cultural brasileiro, a carta de Pero Vaz de Caminha e a obra


de Portinari retratam a chegada dos portugueses ao Brasil. Da leitura dos textos,
constata-se que
a) a carta de Pero Vaz de Caminha representa uma das primeiras manifestações artísticas
dos portugueses em terras brasileiras e preocupa-se apenas com a estética literária.
b) a tela de Portinari retrata indígenas nus com corpos pintados, cuja grande significação é
a afirmação da arte acadêmica brasileira e a contestação de uma linguagem moderna.
c) a carta, como testemunho histórico-político, mostra o olhar do colonizador sobre a gente
da terra, e a pintura destaca, em primeiro plano, a inquietação dos nativos.
d) as duas produções, embora usem linguagens diferentes — verbal e não verbal —,
cumprem a mesma função social e artística.
e) a pintura e a carta de Caminha são manifestações de grupos étnicos diferentes,
produzidas em um mesmo momento histórico, retratando a colonização.

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2. (UFSM 2014) A Carta de Pero Vaz de Caminha é o primeiro relato sobre a terra que viria
a ser chamada de Brasil. Ali, percebe-se não apenas a curiosidade do europeu pelo nativo,
mas também seu pasmo diante da exuberância da natureza da nova terra, que, hoje em
dia, já se encontra degradada em muitos dos locais avistados por Caminha.
Tendo isso em vista, leia o fragmento a seguir.

Esta terra, Senhor, parece-me que, da ponta que mais contra o sul vimos, até outra ponta que
contra o norte vem, de que nós deste ponto temos vista, será tamanha que haverá nela bem
vinte ou vinte e cinco léguas por costa. Tem, ao longo do mar, em algumas partes, grandes
barreiras, algumas vermelhas, outras brancas; e a terra por cima é toda chã e muito cheia de
grandes arvoredos. De ponta a ponta é tudo praia redonda, muito chã e muito formosa.
Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque a estender d’olhos não podíamos
ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa.
Nela até agora não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou
ferro; nem o vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados como
os de Entre-Douro e Minho, porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá.
As águas são muitas e infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo aproveitá-la, tudo
dará nela, por causa das águas que tem.
CASTRO, Sílvio (org.). A Carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, 2003, p. 115-6.

Esse fragmento apresenta-se como um texto


a) descritivo, uma vez que Caminha ocupa-se em dar um retrato objetivo da terra
descoberta, abordando suas características físicas e potencialidades de exploração.
b) narrativo, pois a “Carta” é, basicamente, uma narração da viagem de Pedro Álvares
Cabral e sua frota até o Brasil, relatando, numa sucessão de eventos, tudo o que ocorreu
desde a chegada dos portugueses até sua partida.
c) argumentativo, pois Caminha está preocupado em apresentar elementos que
justifiquem a exploração da terra descoberta, os quais se pautam pela confiabilidade e
abrangência de suas observações.
d) lírico, uma vez que a apresentação hiperbólica da terra por Caminha mostra a
subjetividade de seu relato, carregado de emotividade, o que confere à “Carta” seu
caráter especificamente literário.
e) narrativo-argumentativo, pois a apresentação sequencial dos elementos físicos da terra
descoberta serve para dar suporte à ideia defendida por Caminha de exploração do novo
território.
3. (UFSM) Sobre a literatura produzida no primeiro século da vida colonial brasileira, é
correto afirmar que:
a) É formada principalmente de poemas narrativos e textos dramáticos que visavam à
catequese.
b) Inicia com Prosopopeia, de Bento Teixeira.
c) É constituída por documentos que informam acerca da terra brasileira e pela literatura
jesuítica.
d) Os textos que a constituem apresentam evidente preocupação artística e pedagógica.
e) Descreve com fidelidade e sem idealizações a terra e o homem, ao relatar as condições
encontradas no Novo Mundo.

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4. (UFV) Leia a estrofe abaixo e faça o que se pede:

Dos vícios já desligados


nos pajés não crendo mais,
nem suas danças rituais,
nem seus mágicos cuidados.
(ANCHIETA, José de. O auto de São Lourenço [tradução e adaptação de Walmir Ayala] Rio de Janeiro: Ediouro[s.d.]p. 110)

Assinale a afirmativa verdadeira, considerando a estrofe acima, pronunciada pelos


meninos índios em procissão:
a) Os meninos índios representam o processo de aculturação em sua concretude mais
visível, como produto final de todo um empreendimento do qual participaram com igual
empenho a Coroa Portuguesa e a Companhia de Jesus.
b) A presença dos meninos índios representa uma síntese perfeita e acabada daquilo que
se convencionou chamar de literatura informativa.
c) Os meninos índios estão afirmando os valores de sua própria cultura, ao mencionar as
danças rituais e as magias praticadas pelos pajés.
d) Os meninos índios são figuras alegóricas cuja construção como personagens atende a
todos os requintes da dramaturgia renascentista.
e) Os meninos índios representam a revolta dos nativos contra a catequese trazida pelos
jesuítas, de quem querem libertar-se tão logo seja possível.

5. A famosa “Carta de achamento do Brasil”, mais conhecida como “A carta de Pero Vaz de
Caminha”, foi o primeiro manuscrito que teve como objeto a terra recém-descoberta.
Nela encontramos o primeiro registro de nosso país, feito pelo escrivão do rei de
Portugal, Pero Vaz de Caminha. Podemos inferir, então, a seguinte intenção dos
portugueses:
a) objetivavam o resgate de valores e conceitos sociais brasileiros.
b) buscavam descobrir, através da arte, a história da terra recém-descoberta.
c) estavam empenhados em conhecer um pouco mais sobre a arte brasileira.
d) firmar um pacto de cordialidade com os nativos da terra descoberta.
e) explorar a tão promissora nova terra.

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GABARITO
1. C
2. A
3. C
4. A
5. E

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SUMÁRIO
BARROCO ........................................................................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO AO BARROCO .......................................................................................................................... 2
PRINCIPAIS AUTORES................................................................................................................................. 3
FIXAÇÃO ............................................................................................................................................................. 3
GABARITO ...................................................................................................................................................... 6

MUDE SUA VIDA!


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BARROCO
Para entendermos o sentido do Barroco, devemos relembrar certos períodos anteriores
que fornecem a base ideológica desse movimento. Uma visada sobre o Renascimento oferecerá
melhor material de análise.
*Renascimento: preparado pelo Humanismo quatrocentista, o Renascimento explodiu,
nas três primeiras décadas do século XVI, como um movimento artístico internacional de vigor
extraordinário, sobretudo nas artes plásticas.
O Classicismo é a expressão literária do Renascimento – movimento de renovação cultural
europeia que significou avanços decisivos em todos os campos do conhecimento humano. Esse
movimento chega a Portugal através do poeta Sá de Miranda, que visitara a Itália e lá trouxera
fortes influências, mas é com Luís de Camões que atingirá seu maior momento.
Veja:
“Amor é um fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.”
(Luís de Camões)

INTRODUÇÃO AO BARROCO
Movimento artístico e literário iniciado no fim do século XVI na Itália e que se estendeu
principalmente pela Europa católica durante o século XVII e as primeiras décadas do XVIII, o
barroco caracteriza-se pelo uso exagerado de recursos estilísticos, a busca de efeitos e a
complexidade da forma e do fundo. Ideologicamente, seus temas, embora alguns de
procedência renascentista, transmitem uma visão negativa do mundo e do homem, o que
resultou num sentimento de desilusão que impregna a obra de muitos escritores. Por isso
surgiram tantas obras moralizadoras, ascéticas e satíricas. Na forma, a expressão é retorcida e
rebuscada e cultivava o jogo engenhoso de palavras ou da linguagem.
O Barroco é um momento de conflito. Isso porque, com a Contra-Reforma, movimento
reacionário da igreja que reage contra o Protestantismo, são revigorados o teocentrismo e o
misticismo medievais. Porem, era impossível apagar o legado renascentista e, assim, o homem
da época barroca vive a antítese de duas influências contrárias. O racional renascentista x o
irracional medieval. O antropocentrismo x o teocentrismo. Sendo assim, podemos constatar
que o barroco é um movimento marcado pelo desequilíbrio, pela instabilidade, pela morbidez.
Fragilizado o homem, ressurge também o ideal do carpe diem, ou seja, a idéia de que a vida
deve ser aproveitada antes que acabe.
A obra considerada tradicionalmente o marco inicial do Barroco brasileiro é
Prosopopéia (1601), de Bento Teixeira, um poema que procura imitar Os lusíadas.
Os escritores barrocos que mais se destacaram em nossa literatura são:
• Na poesia: Gregório de Matos, Bento Teixeira, Botelho de Oliveira e Frei
Itaparica;
• Na prosa: Pe. Antonio Vieira, Sebastião da Rocha Pita e Nuno Marques Pereira.

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PRINCIPAIS AUTORES
GREGÓRIO DE MATOS GUERRA (1636 – 1696)
Nasceu na Bahia, filho de pessoas abastadas, tendo inclusive estudado na Universidade de
Coimbra. No Brasil, ocupou postos importantes da vida burocrática, mas por sua veia satírica e
por sua vida desregrada foi demitido e desterrado para Angola. De volta, não podendo ficar na
Bahia, fixou-se no Recife, onde morreu.
ANTONIO VIEIRA (1608 – 1697)
Nasceu em Lisboa, veio menino para a Bahia com seu pai, alto funcionário da Coroa.
Estudou com os jesuítas, ordenando-se aos 26 anos. Em 1641, retorna a Lisboa, tornando-se o
grande pregador da corte. Defendeu a necessidade de uma burguesia contra o espírito
reacionário do santo ofício. A pedido do rei, executou várias funções políticas e diplomáticas.
Voltando ao Brasil, fixou-se no Maranhão, onde despertou o ódio dos colonos por sua
encarniçada defesa dos índios. Condenado pela Inquisição, viajou para Roma, conseguindo
absolvição e prestígio. Com 73 anos, estabeleceu residência definitiva na Bahia.

FIXAÇÃO
1. A obra de Gregório de Matos – autor que se destaca na literatura barroca brasileira –
compreende:
a) poesia épico-amorosa e obras dramáticas.
b) poesia satírica e contos burlescos.
c) poesia lírica, de caráter religioso e amoroso, e poesia satírica.
d) poesia confessional e autos religiosos.
e) poesia lírica e teatro de costumes.

2. Considere as seguintes afirmações sobre o Barroco brasileiro:


I. A arte barroca caracteriza-se por apresentar dualidades, conflitos, paradoxos e
contrastes, que convivem tensamente na unidade da obra.
II. O conceptismo e o cultismo, expressões da poesia barroca, apresentam um imaginário
bucólico, sempre povoado de pastoras e ninfas.
III. A oposição entre Reforma e Contrarreforma expressa, no plano religioso, os mesmos
dilemas de que o Barroco se ocupa.
Quais estão corretas:
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e III.
e) I, II e III.

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LEIA
"Quando jovem, Antônio Vieira acreditava nas palavras, especialmente nas que eram
ditas com fé. No entanto, todas as palavras que ele dissera, nos púlpitos, na salas de aula,
nas reuniões, nas catequeses, nos corredores, nos ouvidos dos reis, clérigos, inquisidores,
duques, marqueses, ouvidores, governadores, ministros, presidentes, rainhas, príncipes,
indígenas, desses milhões de palavras ditas com esforço de pensamento, poucas - ou
nenhuma delas - havia surtido efeito. O mundo continuava exatamente o de sempre. O
homem, igual a si mesmo."
Ana Miranda, BOCA DO INFERNO.

3. Essa passagem do texto faz referência a um traço da linguagem barroca presente na obra
de Vieira; trata-se do:
a) gongorismo, caracterizado pelo jogo de idéias.
b) cultismo, caracterizado pela exploração da sonoridade das palavras.
c) cultismo, caracterizado pelo conflito entre fé e razão.
d) conceptismo, caracterizado pelo vocabulário preciosista e pela exploração de
aliterações.
e) conceptismo, caracterizado pela exploração das relações lógicas, da argumentação.

4. Leia o texto e assinale a alternativa incorreta a seu propósito.

"A morte tem duas portas. Uma porta de vidro, por onde se sai da vida; outra porta de
diamante, por onde se entra à eternidade. Entre estas duas portas se acha subitamente
um homem no instante da morte, sem poder tornar atrás, nem parar, nem fugir, nem
dilatar, senão entrar para onde não sabe, e para sempre. Oh que transe tão apertado! oh
que passo tão estreito! oh que momento tão terrível! Aristóteles disse que entre todas as
coisas terríveis, a mais terrível é a morte. Disse bem; mas não entendeu o que disse. Não
é terrível a morte pela vida que acaba, senão pela eternidade que começa. Não é terrível
a porta por onde se sai; a terrível é a porta por onde se entra. Se olhais para cima: uma
escada que chega ao céu; se olhais para baixo: um precipício que vai parar no inferno. E
isto incerto".

a) Passagem famosa do Sermão da Quarta Feira de Cinza, celebrado em Roma, em 1670. O


tema canônico desse sermão encontra-se no livro bíblico do Gênese, 3, 13, nas palavras
de Deus a Adão: "Memento, homo, quia pulvis es et in pulverem reverteris" ("Lembra-
te, homem, de que és pó e ao pó voltarás"), que constitui seu conceito predicável.
b) As metáforas das portas estabelecem uma relação antitética: a imagem do vidro
desperta a noção de efemeridade das coisas da vida, que regressa ao pó de onde veio,
uma vez que o vidro é feito de areia; a imagem do diamante se associa a noção de
perenidade, significando o início da vida eterna.
c) A doutrina expressa por Vieira nessa passagem, por ser fundamentada em Aristóteles,
contrariava a visão canônica da igreja católica contra reformista, especialmente por
dizer que a existência do inferno era incerta.

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d) Nota-se bem a influência da doutrina contra reformista, na visão ameaçadora e terrível


que o texto apresenta a propósito da vida eterna. A autoridade da filosofia grega é
invocada, embora declarando sua inferioridade perante o pensamento cristão.
e) A imaginação serve de apoio à demonstração de ideias, dispostas racionalmente e
valorizadas por um estilo que sabe valer-se das figuras de construção, como a anáfora,
de pensamento, como a antítese, e tropos, como a metáfora, para, com eloquência,
melhor persuadir. Essas marcas permitem enquadrar o fragmento acima no estilo
conceptista Barroco.

5. Assinale a alternativa cujos termos preenchem corretamente as lacunas do texto inicial.

Como bom barroco e oportunista que era, este poeta de um lado lisonjeia a vaidade dos
fidalgos e poderosos, de outro investe contra os governadores, os "falsos fidalgos". O fato
é que seus poemas satíricos constituem um vasto painel ________, que ________ compôs com
rancor e engenho ainda hoje admirados pela expressividade.
a) do Brasil do século XIX - Gregório de Matos.
b) da sociedade mineira do século XVIII - Cláudio Manuel da Costa.
c) da Bahia do século XVII - Gregório de Matos.
d) do ciclo da cana-de-açúcar - Antônio Vieira.
e) da exploração do ouro em Minas - Cláudio Manuel da Costa.

MUDE SUA VIDA!


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GABARITO

1-C
2-D
3-E
4-C
5-C

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SUMÁRIO
ARCADISMO ....................................................................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO AO ARCADISMO ...................................................................................................................... 2
O ARCADISMO NO BRASIL ............................................................................................................................. 2
A IMPORTÂNCIA DO ARCADISMO ............................................................................................................. 3
SINOPSE DE IDEAIS .................................................................................................................................... 3
FIXAÇÃO ............................................................................................................................................................. 4
GABARITO ...................................................................................................................................................... 7

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ARCADISMO
INTRODUÇÃO AO ARCADISMO
O da época, século XVIII corresponde, na história literária, ao período neoclássico. Nesse
período, também conhecido como Século das Luzes ou Iluminismo, toda a cultura européia
teve uma forte marca francesa. A literatura passou por profundas transformações: submetida a
um conjunto de normas, converteu-se em veículo das idéias iluministas. Fundaram-se as
academias que impuseram, de acordo com o espírito da época uma norma autoritária de
inspiração clássica, asfixiando o impulso criador, originando um ambiente pouco favorável ao
cultivo das letras e promovendo uma literatura intelectual, utilitária, moralista e educativa. Nas
décadas posteriores houve uma reação, o pré-romantismo, que voltou a valorizar a imaginação
e o mundo dos sentimentos.
Se no século XVII, durante o período do Barroco, são construídas igreja e palácios que
solenes que causam um misto de respeito e admiração por aquilo que significam: o Poder do
Deus e o Poder do Estado; no século XVIII são construídas casas graciosas e belos jardins,
anunciando um novo sentido de vida. Ao mármore, ao bronze, ao ouro, preferem-se pedras mais
simples. Às cores sérias das igrejas e dos castelos, preferem-se o verde, o rosa. Ao pomposo, se
prefere o íntimo e o frívolo.
As manifestações artísticas do século XVIII refletem a ideologia da classe aristocrática em
decadência e da alta burguesia, insatisfeitas com o absolutismo real, como a pesada solenidade
do Barroco, com as formas sociais de convivência rígidas, artificiais e complicadas.
Também a filosofia do Iluminismo, em seu primeiro momento conciliando os interesses
da burguesia com certas parcelas da nobreza, através de um fenômeno típico do século XVIII; o
despotismo esclarecido, e afirmando que todas as coisas podem ser compreendidas,
resolvidas e decididas pelo poder da razão, assenta um golpe definitivo na visão de mundo
barroco, baseada mais no sensitivo do que no racional.
Portanto, no século XVIII procura-se simplificar a arte. E esta simplificação se dará na
pintura, na música, na literatura e na arquitetura, pela imitação dos clássicos, pela aproximação
com a natureza e pela valorização das atividades galantes dos frequentadores dos salões da
nobreza europeia.
Blz

O ARCADISMO NO BRASIL
A primeira alteração significativa que ocorre na estrutura da sociedade colonial
brasileira é o surgimento da atividade mineradora, no século XVIII.
Até então, tínhamos uma sociedade dualista, composta somente por senhores-de-terra
e escravos ou agregados. A mineração ocasiona o desenvolvimento urbano e a criação de uma
incipiente classe média que nasce das necessidades de uma aparelhagem administrativa,
financeira e militar com a qual a coroa portuguesa pudesse exercer controle sobre a produção
do ouro.
Por outro lado, o progresso das cidades origina o surgimento de um comércio múltiplo,
de várias profissões urbanas, aproxima as pessoas através da vizinhança, traduz-se em relações
sociais, em concorrência, em novos estímulos.
A literatura funcionou, neste momento, como elemento de ligação social, de
conversação e prestígio. Nos saraus, os funcionários públicos e os profissionais liberais
declamavam seus poemas para um publico predominantemente composto por amigos e
familiares.

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Claro que jamais se pensou na criação de uma literatura autônoma, pois a dependência
econômica e política era também a dependência cultural. Vivia-se nas metrópoles européias o
Arcadismo. Aqui, se imitava a “civilização”: Claudio Manoel da Costa, Tomás Antonio Gonzaga e
outros eram árcades, isto é, seguiam os modelos poéticos em voga nos países imperiais. Neste
aspecto o Arcadismo pouco contribuiu para a efetivação de uma literatura tipicamente
brasileira. A participação dos árcades na Inconfidência foi pouco menos do que um equívoco,
alimentando, entretanto, a crença ingênua junto aos pósteros de que teriam, em suas vidas e
obras, profundas intenções nacionalistas.
A cópia dos padrões europeus se reflete na criação de Academias e Arcádias,
associações de poetas com objetivos e princípios literários comuns: eliminar a estética barroca
e revitalizar o CLASSICISMO. No Brasil, as diversas academias assumiam outra função: uma
aliança entre os letrados com fins de preservação e estímulo da vida cultural, constantemente
ameaçada pela indiferença do meio.
A IMPORTÂNCIA DO ARCADISMO
A importância do Arcadismo para a nossa história literária não reside, contudo, nas obras
ou na formação de academias. Sua validade consiste num dado sociológico estabelecido a partir
de débil efervescência cultural da época: um público leitor permanente e regular.

REPRESENTATES ÁRCADES BRASILEIROS


• Na lírica: Claudio Manuel da Costa, Tomás Antonio Gonzaga e Silva Alvarenga;
• Na épica: Basílio da Gama, Santa Rita Durão e Claudio Manuel da costa.
• Na sátira: Tomás Antonio Gonzaga.
• Na encomiástica: Silva Alvarenga e Alvarenga Peixoto
A poesia laudatória ou encomiástica, gênero destinado à exlatação de alguém, foi muito
praticada no século XVIII e serviu a ideais políticas relacionadas ao Iluminismo.
A primeira obra árcade publicada no Brasil é Obras poéticas, de Claudio Manuel da
costa, em 1768.

PRINCIPAIS REPRESENTANTES
CLAUDIO MANUEL DA COSTA (1729 – 1789)
Nasceu em Mariana, filho de portugueses ligados à mineração. Estudou com os jesuítas no
Rio de Janeiro e formou-se em Vila Rica, exercendo a advocacia. Preso por suposta participação
na Inconfidência, acabou suicidando-se na prisão.

TOMÁS ANTONIO GONZAGA (1744 – 1810)


Filho de um magistrado brasileiro, nasceu, no entanto, em Portugal. Passou a infância na
Bahia, formou-se em Coimbra, e na ultima década do século XVIII, chega a Vila Rica para exercer
a procuradoria. Julgado como participante da Conjuração Mineira é degredado para
Moçambique, onde morreria mais tarde.

SINOPSE DE IDEAIS
INUTILIA TRUNCAT: todas as inutilidades deveriam ser retiradas da poesia, para que esta
retornasse aos ideais gregos de objetividade e equilíbrio.

FUGERE URBEM: a tranqüilidade, a paz necessária para a contemplação não seria encontrada
na cidade, de onde é necessário fugir em direção ao campo (lócus amoenus)

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AUREA MEDIOCRITAS: é ideal da áurea mediocridade. Ou seja, uma vida materialmente


simples, mas espiritualmente elevada.

CARPE DIEM: permanece a idéia de aproveitar o tempo enquanto se pode. Se o tempo passa
rápido, se a beleza logo acaba, se tudo, enfim, é efêmero, resta apenas viver o presente sem se
preocupar com o amanhã.

*CARAMURU: o “homem de fogo”


Diogo Álvares Correia, ao naufragar na costa brasileira em 1510, foi aprisionado pelos
tupinambás. Certa vez pegou num mosquete e atirou num pássaro, matando-o. os índios, que
não conheciam armas de fogo, ficaram impressionados com a denotação e gritaram Caramuru!
Caramuru!, vocábulo que significa “homem de fogo” ou “dragão saído do mar”. Diogo viveu
entre os índios tupinambás, na Bahia, no século XVI, e desposou Paraguaçu, ambos personagens
do poema Caramuru.

FIXAÇÃO
1. Uma das afirmações abaixo é incorreta. Assinale-a:
a) O escritor árcade reaproveita os seres criados pela mitologia greco-romana, deuses e
entidades pagãs. Mas esses mesmos deuses convivem com outros seres do mundo
cristão.
b) A produção literária do Arcadismo brasileiro constitui-se sobretudo de poesia, que pode
ser lírico-amorosa, épica e satírica.
c) O árcade recusa o jogo de palavras e as complicadas construções da linguagem barroca,
preferindo a clareza, a ordem lógica na escrita.
d) O poema épico Caramuru, de Santa Rita Durão, tem como assunto o descobrimento da
Bahia, levado a efeito por Diogo Álvares Correia, misto de missionários e colonos
português.
e) A morte de Moema, índia que se deixa picar por uma serpente, como prova de fidelidade
e amor ao índio Cacambo, é trecho mais conhecido da obra O Uruguai, de Basílio da
Gama.

Carpe Diem.

Que havemos de esperar, Marília bela?


que vão passando os florescentes dias?
As glórias que vêm tarde já vêm frias,
e pode, enfim, mudar-se a nossa estrela.
Ah! não, minha Marília,
aprovei-te o tempo, antes que faça
o estrago de roubar ao corpo as forças,
e ao semblante a graça!

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2. Assinale o movimento literário ao qual ele pertence, bem como o seu autor:
a) Romantismo, de autoria de Gonçalves Dias.
b) Arcadismo, de autoria de Santa Rita Durão.
c) Arcadismo, de autoria de Tomás Antônio Gonzaga.
d) Simbolismo, de Alphonsus de Guimaraens.
e) Romantismo, de autoria de Álvares de Azevedo.

Texto 1
Eu quero uma casa no campo
do tamanho ideal
pau-a-pique e sapê
Onde eu possa plantar meus amigos
meus discos
meus livros
e nada mais
(Zé Rodrix e Tavito)

Texto 2
Se o bem desta choupana pode tanto,
Que chega a ter mais preço, e mais valia,
Que da cidade o lisonjeiro encanto;
Aqui descanse a louca fantasia;
E o que té agora se tornava em pranto,
Se converta em afetos de alegria.
(Cláudio Manuel da Costa)

3. Embora muito distantes entre si na linha do tempo, os textos aproximam-se, pois o ideal
que defendem é
a) o uso da emoção em detrimento da razão, pois esta retira do homem seus melhores
sentimentos.
b) o desejo de enriquecer no campo, aproveitando as riquezas naturais.
c) a dedicação à produção poética junto à natureza, fonte de inspiração dos poetas.
d) o aproveitamento do dia presente - o carpe diem-, pois o tempo passa rapidamente.
e) o sonho de uma vida mais simples e natural, distante dos centros urbanos.

4. Sobre as características do Arcadismo, é correto afirmar, exceto:


a) Os poetas árcades defendiam o bucolismo como estilo de vida no campo, longe dos
centros urbanos. A vida pobre e feliz no ambiente campestre contrasta com a vida
luxuosa e triste na cidade.
b) Apego excessivo pela forma em detrimento do conteúdo. O Arcadismo defendeu a “arte
pela arte”, um retorno aos ideais literários clássicos.
c) Como expressão artística da burguesia, o Arcadismo veiculou também certos ideais
políticos e ideológicos dessa classe, formulados pelo Iluminismo.

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d) O desejo de aproveitar o dia e a vida enquanto é possível, também conhecido como carpe
diem.
e) A poesia árcade apresentou um convencionalismo amoroso: não há variações
emocionais de um poema para o outro nem de poeta para poeta, importando mais
escrever poemas como os poetas clássicos escreviam.

SONETO
Obrei quanto o discurso me guiava,
Ouvi aos sábios quando errar temia;
Aos bons no gabinete o peito abria,
Na rua a todos como iguais tratava.

Julgando os crimes nunca os votos dava,


Mais duro, ou pio do que a lei pedia:
Mas devendo salvar ao justo ria,
E devendo punir aos réu chorava.

Não foram, Vila Rica, os meus projetos,


Meter em ferro cofre cópia de ouro,
Que farte aos filhos, e que chegue aos netos:

Outras são as fortunas, que me agouro,


Ganhei saudades, adquiri afetos,
Vou fazer deste bens melhor tesouro.

5. Analisando as características do poema, assinale o movimento literário ao qual ele


pertence, bem como o seu autor:
a) Romantismo, de autoria de Gonçalves Dias.
b) Arcadismo, de autoria de Santa Rita Durão.
c) Arcadismo, de autoria de Tomás Antônio Gonzaga.
d) Simbolismo, de Alphonsus de Guimaraens.
e) Romantismo, de autoria de Álvares de Azevedo.

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GABARITO
1. E
2. C
3. A
4. B
5. C

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SUMÁRIO
ROMANTISMO POESIA ...................................................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO................................................................................................................................................. 2
ROMANTISMO NO BRASIL ............................................................................................................................. 2
CARATERÍSTICAS DA POESIA ROMÂNTICA .................................................................................................... 2
BIOGRAFIA DE GONÇALVES DIAS................................................................................................................... 3
PRINCIPAIS OBRAS E CARACTERÍSTICAS .................................................................................................... 3
TEXTOS DE GONÇALVES DIAS .................................................................................................................... 4
BIOGRAFIA ALVARES DE AZEVEDO ................................................................................................................ 6
OBRAS E CARACTERÍSTICAS ....................................................................................................................... 6
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 8
GABARITO .................................................................................................................................................... 14

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ROMANTISMO POESIA
INTRODUÇÃO
A poesia romântica brasileira é aquela que foi produzida durante o período do
Romantismo no Brasil. Além da prosa, nesse período teve destaque a poesia romântica. Vale
lembrar que esse termo pode ser utilizado para as poesias que envolvem a subjetividade do eu-
lírico e seus aspectos românticos.

ROMANTISMO NO BRASIL
Antes de estudar sobre os aspectos mais importantes da poesia romântica, vale
mencionar que o romantismo no Brasil teve início em 1836, com a publicação da obra “Suspiros
Poéticos e Saudades”, de Gonçalves de Magalhães.
O movimento esteve dividido em três períodos:
• Primeira Geração: no contexto pós independência do país, a primeira geração
esteve marcada pelo binômio “nacionalismo-indianismo”.
• Segunda Geração: é chamada de “Mal do Século” ou “Ultrarromantismo” e
recebeu grande influência do poeta inglês Lord Byron.
• Terceira Geração: chamada de “Condoreirismo” ou “Geração Condoreira”, essa
fase foi influenciada pela poesia social do poeta francês Victor Hugo.

CARATERÍSTICAS DA POESIA ROMÂNTICA


Cada período romântico no Brasil apresenta suas peculiaridades sobretudo, no conteúdo
da produção literária. Veja abaixo as principais características da poesia romântica em cada
fase:
Primeira Geração
 Busca da identidade Nacional (nacionalismo)
 Índio como herói brasileiro (indianismo)
 Exaltação da natureza
 Retorno ao passado
 Segundo Geração
 Individualismo e egocentrismo
 Eu-lirico pessimista
 Temas de amor, morte, medo.
 Fuga da realidade
Segundo Geração
 Individualismo e egocentrismo
 Eu-lirico pessimista
 Temas de amor, morte, medo.
 Fuga da realidade
Terceira Geração
 Poesia social e libertária
 Erotismo e pecado
 Negação do amor platônico

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Gonçalves Dias foi um dos maiores poetas da primeira geração romântica do Brasil. Foi
patrono da cadeira 15 na Academia Brasileira de Letras (ABL). Lembrado como poeta
indianista, ele escreveu sobre temas relacionados à figura do índio. Além de poeta, ele foi
jornalista, advogado e etnólogo. Gonçalves Dias foi um dos maiores poetas da primeira geração
romântica do Brasil. Foi patrono da cadeira 15 na Academia Brasileira de Letras (ABL).
Lembrado como poeta indianista, ele escreveu sobre temas relacionados à figura do índio. Além
de poeta, ele foi jornalista, advogado e etnólogo.

BIOGRAFIA DE GONÇALVES DIAS


Antônio Gonçalves Dias nasceu em 10 de agosto de 1823 na cidade de Caxias, Maranhão.
Ingressou na Universidade de Coimbra em 1840,
formando-se em Direito. Em 1845, retorna ao Brasil e
publica a obra "Primeiros Contos". É nomeado Professor de
Latim e História do Brasil no Colégio Pedro II, no Rio de
Janeiro. Ali, na época capital do Brasil, ele trabalhou como
jornalista e crítico literário nos jornais: Jornal do
Commercio, Gazeta Oficial, Correio da Tarde e Sentinela da
Monarquia. Também foi um dos fundadores da
Revista Guanabara, importante veículo de divulgação dos
ideais românticos. Em 1851 publica o livro "Últimos
Cantos". Nessa época conhece Ana Amélia, mas por ser
mestiço, a família dela não permitiu o casamento. Assim,
casa-se com Olímpia da Costa, com quem não era feliz. Em
1854 parte para a Europa e encontra sua Ana Amélia, já
então casada. Desse encontro nasce o poema “ Ainda uma
vez-adeus!”. Em 1864, depois de uma temporada na Europa
para tratamento de saúde, embarca de volta a sua terra
natal, ainda debilitado. No dia 3 de novembro de 1864 o navio em que estava naufraga. O poeta
falece próximo ao município de Guimarães, Maranhão, aos 41 anos de idade.
PRINCIPAIS OBRAS E CARACTERÍSTICAS
OBRAS INDIANISTAS
O indianismo marcou a primeira fase do romantismo no Brasil. Com isso, diversos
escritores focaram na figura do índio idealizado.
Além desses temas, as obras desse primeiro momento também apresentavam um caráter
muito nacionalista e patriótico. Por isso, essa fase ficou conhecida pelo binômio "indianismo-
nacionalismo".
Da obra indianista de Gonçalves Dias destacam-se:
• Canção do Tamoio
• I-Juca-Pirama
• Leito de folhas verdes
• Canto do Piaga

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OBRAS LÍRICO-AMOROSAS
Nessa fase Gonçalves Dias exaltou o amor, a tristeza, a saudade e a melancolia. De sua obra
poética merecem destaque:
• Se se morre de amor
• Ainda uma vez-adeus!
• Seus olhos
• Canção do exílio
• Sextilhas de Frei Antão
Os principais livros de Gonçalves Dias são:
• Primeiros Cantos
• Segundos Cantos
• Últimos Cantos
• Cantos
TEXTOS DE GONÇALVES DIAS
CANÇÃO DO EXÍLIO
Sem dúvida, a Canção do Exílio é um dos poemas mais emblemáticos do escritor.
Publicado em 1857, nesse poema Gonçalves Dias expressou a solidão e a saudade que sentia da
sua terra quando esteve em Portugal.
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,


Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,


Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,


Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,


Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

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Confira abaixo também alguns trechos dos melhores poemas de Gonçalves Dias:
Canção do Tamoio

Não chores, meu filho;


Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar.

Um dia vivemos!
O homem que é forte
Não teme da morte;
Só teme fugir;
No arco que entesa
Tem certa uma presa,
Quer seja tapuia,
Condor ou tapir.

I-Juca-Pirama

Meu canto de morte,


Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo tupi.

Da tribo pujante,
Que agora anda errante
Por fado inconstante,
Guerreiros, nasci:
Sou bravo, sou forte,
Sou filho do Norte;
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi.

Álvares de Azevedo foi um escritor brasileiro da segunda geração do romantismo (1853


a 1869), chamada de “geração ultrarromântica” ou “mal-do-século”. Essa denominação faz
referência aos temas escolhidos pelos escritores desse período: acontecimentos tristes e
trágicos, desilusões, amores não correspondidos, mortes, dentre outros.
Álvares de Azevedo foi Patrono da Cadeira nº 2 da Academia Brasileira de Letras (ABL).

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BIOGRAFIA ALVARES DE AZEVEDO


Manuel Antônio Álvares de Azevedo nasceu na cidade de São Paulo, dia 12 de setembro
de 1831. Flho de família ilustre, seu pai era Inácio Manuel
Álvares de Azevedo e sua mãe, Maria Luísa Mota Azevedo,
Manuel. Com apenas 2 anos, mudou-se com sua família para
a cidade do Rio de Janeiro, local onde passou sua infância.
Estudou no Colégio Stoll e no internato Pedro II, onde se
destacou como aluno excelente. Em 1848, com apenas 17
anos, matriculou-se no curso de Direito da Faculdade de
Direito de São Paulo, destacando-se pelo seu brilhantismo e
engajamento. Fundou a “Revista Mensal da Sociedade Ensaio
Filosófico Paulistana”, em 1849. Em 1851, o poeta sofreu uma
queda de cavalo, evento que favoreceu o aparecimento de um
tumor na fossa ilíaca e, consequentemente, da tuberculose
pulmonar, doença que o acompanhou até o final da vida.
Álvares de Azevedo faleceu no Rio de Janeiro, dia 25 de
abril de 1852, com apenas 20 anos. Curioso notar que um mês
antes de sua morte, ele escreveu o poema intitulado “Se eu
morresse amanhã”. A produção foi lida no dia do seu enterro pelo literato Joaquim Manuel de
Macedo (1820-1882). Segue abaixo a poesia:
Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!

Quanta glória pressinto em meu futuro!


Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!

Que sol! que céu azul! que doce n'alva


Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!

Mas essa dor da vida que devora


A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!

OBRAS E CARACTERÍSTICAS
Devido a sua morte prematura, a produção literária de Álvares de Azevedo foi publicada
postumamente.
Merece destaque a antologia poética “Lira dos Vinte Anos”, única obra que o poeta
preparou para publicação, e que foi somente publicada em 1853.
Essa obra foi parte de um projeto que não se realizou, criado em parceria com os amigos
e escritores mineiros Bernardo Guimarães (1825-1884) e Aureliano Lessa (1828-1861). A ideia
era que a publicação seria chamada de “As Três Liras”.

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Seus escritos foram fortemente influenciados pelas obras do poeta inglês romântico Lord
Byron (1788-1824). Vale lembrar que, a segunda geração do romantismo recebeu o nome de
"Byroniana ou Ultrarromântica", justamente por estar inspirada na produção desse poeta.
Assim, as obras de Álvares de Azevedo estiveram marcadas pelo pessimismo. Nota-se a
escolha de temas sobre a morte, dor, enfermidade, desilusão amorosa e frustração, permeadas
muitas vezes, por um tom sarcástico e irônico.
OUTRAS OBRAS QUE FORAM PUBLICADAS POSTUMAMENTE:
• Poesias Diversas (1853)
• Noite na Taverna (1855)
• Macário (1855)
• Poema do Frade (1862)
• O Conde Lopo (1866)
Confira abaixo dois poemas que compõem a obra mais emblemática de Álvares de
Azevedo: “Lira dos Vinte Anos”:
Minha Desgraça

Minha desgraça, não, não é ser poeta,


Nem na terra de amor não ter um eco,
E meu anjo de Deus, o meu planeta
Tratar-me como trata-se um boneco...

Não é andar de cotovelos rotos,


Ter duro como pedra o travesseiro...
Eu sei... O mundo é um lodaçal perdido
Cujo sol (quem mo dera!) é o dinheiro...

Minha desgraça, ó cândida donzela,


O que faz que o meu peito assim blasfema,
É ter para escrever todo um poema,
E não ter um vintém para uma vela.

O Lenço Dela

Quando a primeira vez, da minha terra


Deixei as noites de amoroso encanto,
A minha doce amante suspirando
Volveu-me os olhos úmidos de pranto.

Um romance cantou de despedida,


Mas a saudade amortecia o canto!
Lágrimas enxugou nos olhos belos...
E deu-me o lenço que molhava o pranto.

Quantos anos contudo já passaram!


Não olvido porém amor tão santo!
Guardo ainda num cofre perfumado
O lenço dela que molhava o pranto...

Nunca mais a encontrei na minha vida,


Eu contudo, meu Deus, amava-a tanto!
Oh! quando eu morra estendam no meu rosto
O lenço que eu banhei também de pranto!

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FRASES
 “A vida é um escárnio sem sentido. Comédia infame que ensanguenta o lodo.”
 “Em negócios de amor, nada de sócios.”
 “Deixo a vida como deixo o tédio.”
 “Feliz daquele que no livro d'alma não tem folhas escritas. E nem saudade amarga,
arrependida, nem lágrimas malditas.”
 “Não há melhor túmulo para a dor do que uma taça cheia de vinho ou uns olhos negros
cheios de languidez.”
 “Todo o vaporoso da visão abstrata não interessa tanto como a realidade da bela
mulher a quem amamos.”

EXERCÍCIOS
1. Leia atentamente e responda:
CANÇÃO DO EXÍLIO
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,


Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite –
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Gonçalves Dias

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De acordo com as características da primeira geração romântica e do poema de Gonçalves


Dias, o item falso:
a) O poema de Gonçalves Dias é ufanista, ou seja, expressa um orgulho exagerado pela
pátria.
b) A primeira geração romântica expressa um culto à figura do índio e a exaltação da
natureza.
c) O poema de Gonçalves Dias mostra uma valorização da pátria, característica da fase
condoreira na qual se insere.
d) É possível notar no poema a presença da religiosidade, que é característica da primeira
fase romântica.
2. Fuvest) "O indianismo dos românticos [...] denota tendência para particularizar os
grandes temas, as grandes atitudes de que se nutria a literatura ocidental, inserindo-as
na realidade local, tratando-as como próprias de uma tradição brasileira."
(Antonio Candido, Formação da Literatura Brasileira)

Considerando-se o texto acima, pode-se dizer que o indianismo, na literatura romântica


brasileira:
a) procurou ser uma cópia dos modelos europeus.
b) adaptou a realidade brasileira aos modelos europeus.
c) ignorou a literatura ocidental para valorizar a tradição brasileira.
d) deformou a tradição brasileira para adaptá-la à literatura ocidental.
e) procurou adaptar os modelos europeus à realidade local.
3. Em relação ao Romantismo, pode-se afirmar que:
I. O poeta romântico deixa-se arrebatar pelo conflito entre o mundo imaginário e o real,
expresso num sentimentalismo acentuado.
II. Casimiro de Abreu, Álvares de Azevedo, Fagundes Varela e Gonçalves de Magalhães
pertencem à segunda geração romântica.
III. O ilogismo leva o autor romântico a instabilidades emocionais que são traduzidas em
atitudes contraditórias: entusiasmo e depressão, alegria e tristeza.
Estão corretas as afirmativas:
a) Apenas I e III.
b) I, II e III.
c) Apenas II.
d) Apenas I e II.
e) Apenas III.

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Texto para a questão 4


Soneto
Já da morte o palor me cobre o rosto,

Nos lábios meus o alento desfalece,

Surda agonia o coração fenece,

E devora meu ser mortal desgosto!

Do leito embalde no macio encosto

Tento o sono reter!... já esmorece

O corpo exausto que o repouso esquece...

Eis o estado em que a mágoa me tem posto!

O adeus, o teu adeus, minha saudade,

Fazem que insano do viver me prive

E tenha os olhos meus na escuridade.

Dá-me a esperança com que o ser mantive!

Volve ao amante os olhos por piedade,

Olhos por quem viveu quem já não vive!


AZEVEDO, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000.

4. O nú cleo temá tico do soneto citado é tı́pico da segunda geração romântica, porém
configura um lirismo que o projeta para além desse momento específico. O fundamento
desse lirismo é
a) a angú stia alimentada pela constataç ão da irreversibilidade da morte.
b) a melancolia que frustra a possibilidade de reaç ão diante da perda.
c) o descontrole das emoç ões provocado pela autopiedade.
d) o desejo de morrer como alı́vio para a desilusã o amorosa.
e) o gosto pela escuridã o como soluç ão para o sofrimento.

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5. No trecho abaixo, o narrador, ao descrever a personagem, critica sutilmente um outro


estilo de época: o Romantismo.

“Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a mais atrevida
criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que já lhe coubesse a
primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o autor
sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não digo que lhe
maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía das mãos da
natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a outro indivíduo,
para os fins secretos da criação.”
ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Jackson,1957.

A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao romantismo está transcrita na


alternativa:
a) “… o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas …”
b) “… era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça …”
c) “Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno,
…”
d) “Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos … “
e) “… o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.”
6. Leia
A natureza, nessa estrofe:
“Do tamarindo a flor abriu-se, há pouco,
Já solta o bogari mais doce aroma!
Como prece de amor, como estas preces,
No silêncio da noite o bosque exala.”
Gonçalves Dias

Obs.: tamarindo = árvore frutífera; o fruto dessa mesma planta


bogari = arbusto de flores brancas
a) é concebida como uma força indomável que submete o eu lírico a uma experiência
erótica instintiva.
b) expressa sentimentos amorosos.
c) é representada por divindade mítica da tradição clássica.
d) funciona apenas como quadro cenográfico para o idílio amoroso.
e) é recriada objetivamente, com base em elementos da fauna e da flora nacionais.

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Textos para a questão 7


TEXTO A
Canção do exílio

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá,

As aves, que aqui gorjeiam,

Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,

Nossas várzeas tem mais flores,

Nossos bosques tem mais vida,

Nossa vida mais amores.

[...]

Minha terra tem primores,

Que tais não encontro eu cá;

Em cismar - sozinho, à noite -

Mais prazer eu encontro lá;

Minha terra tem palmeiras

Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,

Sem que eu volte para lá;

Sem que desfrute os primores

Que não encontro por cá;

Sem qu'inda aviste as palmeiras

Onde canta o Sabiá.


DIAS, G. Poesia e prosa completas. Rio de Janeiro: Aguilar, 1998.

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TEXTO B
Canto de regresso à Pátria

Minha terra tem palmares

Onde gorjeia o mar

Os passarinhos daqui

Não cantam como os de lá

Minha terra tem mais rosas

E quase tem mais amores

Minha terra tem mais ouro

Minha terra tem mais terra

Ouro terra amor e rosas

Eu quero tudo de lá

Não permita Deus que eu morra

Sem que volte para lá

Não permita Deus que eu morra

Sem que volte pra São Paulo

Sem que eu veja a Rua 15

E o progresso de São Paulo


ANDRADE, O. Cadernos de poesia do aluno Oswald. São Paulo: Círculo do Livro. s/d.

7. Os textos A e B, escritos em contextos históricos e culturais diversos, enfocam o mesmo


motivo poético: a paisagem brasileira entrevista a distância. Analisando-os, conclui-se
que:
a) o ufanismo, atitude de quem se orgulha excessivamente do país em que nasceu, e o tom
de que se revestem os dois textos.
b) a exaltação da natureza é a principal característica do texto B, que valoriza a paisagem
tropical realçada no texto A.
c) o texto B aborda o tema da nação, como o texto A, mas sem perder a visão crítica da
realidade brasileira.
d) o texto B, em oposição ao texto A, revela distanciamento geográfico do poeta em relação
à pátria.
e) ambos os textos apresentam ironicamente a paisagem brasileira.

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GABARITO
1. C
2. E
3. A
4. B
5. A
6. B
7. C

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SUMÁRIO
ROMANTISMO POESIA II ................................................................................................................................... 2
TERCEIRA GERAÇÂO ...................................................................................................................................... 2
CARACTERÍSTICAS ...................................................................................................................................... 2
ESTILO DE CASTRO ALVES .............................................................................................................................. 3
ÊNFASE SOCIAL .......................................................................................................................................... 3
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 6
GABARITO ...................................................................................................................................................... 8

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ROMANTISMO POESIA II
TERCEIRA GERAÇÂO
A Terceira Geração Romântica no Brasil é o período que corresponde de 1870 a 1880.
Conhecida como "Geração Condoreira", uma vez que esteve marcada pela liberdade e uma visão
mais ampla, características da ave que habita a Cordilheira dos Andes: Condor. Nesse período,
a literatura sofre forte influência do escritor francês Victor-Marie Hugo (1802-1885) recebendo
o nome de "Geração Hugoniana". Importante notar que nessa fase, a busca pela identidade
nacional ainda continua, não só focada nas etnias europeia e indígena, mas também na
identidade negra do país. Por esse motivo, o tema do abolicionismo foi bastante explorado pelos
escritores, com destaque para Castro Alves, que ficou conhecido como o "poeta dos escravos".
CARACTERÍSTICAS
A Terceira Geração Romântica tem como principais características:
• Erotismo
• Pecado
• Liberdade
• Abolicionismo
• Realidade social
• Negação do amor platônico
PRINCIPAIS AUTORES
Os principais escritores brasileiros dessa fase:
Antônio Frederico de Castro Alves (1847-1871)
Escritor baiano de maior destaque da terceira geração romântica, Castro Alves, chamado
de "Poeta dos Escravos” apresenta uma poesia dividida em duas temáticas: a poesia social e a
poesia lírico-amorosa. Dentre elas podemos destacar: O Navio Negreiro (1869), Espumas
Flutuantes (1870), A Cachoeira de Paulo Afonso (1876), Os Escravos (1883).
Joaquim de Sousa Andrade (1833-1902)
Mais conhecido por Sousândrade, Joaquim de Sousa Andrade foi um escritor e poeta
maranhense muito influente da literatura brasileira. Em 1857, publicou seu primeiro livro de
poesia “Harpas Selvagens”(1857). Sua obra mais destacada é o poema narrativo: O Guesa
(1871) baseado na lenda indígena Guesa Errante.
Tobias Barreto de Meneses (1839-1889)
Tobias Barreto foi poeta, filósofo e crítico brasileiro, notável pelos seus poemas
românticos com grande influência do escritor Victor-Marie Hugo (1802-1885). Suas obras:
Glosa (1864), Amar (1866), O Gênio da Humanidade (1866), A Escravidão (1868).
Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo (1849-1910)
Um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, Joaquim Nabuco foi um poeta,
jornalista, diplomata, orador, político e historiador brasileiro. Os principais temas de sua obra:
abolição da escravatura e liberdade religiosa. Suas obras: Abolicionismo (1883), Escravos
(1886), Minha formação (1900).

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Sílvio Vasconcelos da Silveira Ramos Romero (1851-1914)


Sílvio Romero, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, foi um crítico
literário, poeta, ensaísta, historiador, filósofo, professor e político brasileiro. Possui uma vasta
obra nas áreas da: filosofia, política, sociologia, literatura, folclore, etnologia, direito, poesia,
cultura popular e história. Destacam-se: A poesia contemporânea (1869), Cantos do fim do
século (1878) e Últimos harpejos (1883).

ESTILO DE CASTRO ALVES


Poucos poetas utilizaram, na Língua Portuguesa, tantas reticências, travessões e pontos
de exclamação quanto Castro Alves. A cada página do livro, os exemplos se sucedem:
Pesa-me a vida!… está deserto o Fórum!

E o tédio!… o tédio!… que infernal ideia!

Através destes recursos gráficos, o poeta procura reproduzir a oralidade do discurso


exaltado da praça pública ou das declamações nos palcos. As reticências apontam as pausas
dramáticas que reforçam a ênfase discursiva marcada pelos pontos de exclamação. Já os
travessões têm dupla função. Por vezes aparecem, como as reticências, como marcas de pausa
da elocução:
– Ave – te espera da lufada o açoite.

– Estrela – guia-te uma luz falaz.

– Aurora minha – só te aguarda a noite,

– Pobre inocente – já maldito estás.

Em muitos outros momentos, aparecem como marca do discurso direto, apresentando


uma fala que se dirige a um interlocutor específico:
– “Olhai, Signora… além dessas cortinas,

O que vedes?…” — “Eu vejo a imensidade! …”

– “E eu vejo… a Grécia… e sobre a plaga errante

Uma virgem chorando…” – “É vossa amante?…”

– “Tu disseste-o, Condessa!” É a Liberdade!!!…

O estilo retórico condoreiro se traduz na linguagem escrita através dos sinais de


pontuação, como as reticências, os travessões e os pontos de exclamação!…
ÊNFASE SOCIAL
Castro Alves, o maior representante da última geração romântica, diferente dos seus
predecessores, como Junqueira Freire e Álvares de Azevedo, projeta o drama interior do
escritor (o eu), sua intensa contradição psicológica, sobre o mundo. Enquanto que, para a
geração anterior, o conflito faz o escritor voltar-se sobre si mesmo, pois a desarmonia é
resultado das lutas internas (ultrarromantismo), para Castro Alves, são as lutas externas (do
homem contra a sociedade, do oprimido contra o opressor) que provocam essa desarmonia. É
outro modo de representar o conflito entre o bem e o mal, tão prezado pelos românticos.
Portanto, a poética deve se identificar profundamente com o ritmo da vida social e
expressar o processo de busca da humanidade por redenção, justiça e liberdade. O poeta
“condoreiro” tem um papel messiânico e afinado com o seu momento histórico. Esse

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comprometimento faz a poesia se aproximar do discurso, incorporando a ênfase oratória e a


eloquência.
Nos poemas de Os Escravos, a poesia é suplantada pelo discurso político grandiloquente
e até verborrágico. Para atingir o alvo e persuadir o leitor e, muito mais, o ouvinte, o poeta abusa
de antíteses e hipérboles e apresenta uma sucessão vertiginosa de metáforas que procuram
traduzir a mesma ideia. A poesia é feita para ser declamada e o exagero das imagens é
intencional, deliberado, para reforçar a ideia do poema. Os versos devem ressoar e traduzir o
constante movimento de forças antagônicas, como se nota logo no primeiro poema, “O Século”:
O séc’lo é grande… No espaço

Há um drama de treva e luz.

Como o Cristo – a liberdade

Sangra no poste da cruz.

Um corvo escuro, anegrado,

Obumbra o manto azulado,

Das asas d’águia dos céus…

Arquejam peitos e frontes…

Nos lábios dos horizontes

Há um riso de luz… É Deus.

Ou no célebre “O Navio Negreiro”:


Senhor Deus dos desgraçados!

Dizei-me vós, Senhor Deus!

Se é loucura… se é verdade

Tanto horror perante os céus…

Ó mar! por que não apagas

Co’a esponja de tuas vagas

De teu manto este borrão?…

Astros! noite! tempestades!

Rolai das imensidades!

Varrei os mares, tufão!…

A poesia social de Castro Alves é caracterizada: pelo discurso retórico, declamativo; uso
exagerado de hipérboles e antíteses; acúmulo sucessivo de metáforas; movimento, com o
objetivo de demonstrar concretamente o ritmo da luta da humanidade em busca da liberdade;
e impressionante capacidade de comunicação. A poesia, portanto, perde terreno para a
propaganda política. Pragmático, o poeta usa a poesia para levar o leitor à ação, para
transformar e não só para deleitar. Trata-se de uma arte engajada no marketing das ideias
sociais e políticas:

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Quebre-se o cetro do Papa,

Faça-se dele – uma cruz!

A púrpura sirva ao povo

P’ra cobrir os ombros nus.

Convite à senzala
Para convencer o ouvinte/leitor, Castro Alves convida-o a descer à senzala e conhecer o
terrível drama humano que lá se encena:
Leitor, se não tens desprezo

De vir descer às senzalas,

Trocar tapetes e salas

Por um alcouce cruel,

Vem comigo, mas… cuidado…

Que o teu vestido bordado

Não fique no chão manchado,

No chão do imundo bordel.

(…)

Vinde ver como rasgam-se as entranhas

De uma raça de novos Prometeus,

Ai, vamos ver guilhotinadas almas

Da senzala nos vivos mausoléus.

E, assim, ao longo de Os Escravos e A Cachoeira de Paulo Afonso, Castro Alves vai


apresentando ao leitor a vida do cativo, negro ou mestiço, sujeito à crueldade dos senhores, que
arrancam os filhos dos braços das mães para os vender, estupram as mulheres, torturam e
matam impunemente os “Homens simples, fortes, bravos…/ Hoje míseros escravos/ Sem ar,
sem luz, sem razão…” Para isso, Castro Alves não hesita em explorar ao máximo as expressões
que apelam aos sentimentos do leitor, abusando dos vocativos, das interpelações e das
evocações, como em “Vozes d’África”:
Deus! Ó Deus! onde estás que não respondes?

Em que mundo, em qu’estrela tu t’escondes

Embuçado nos céus?

Há dois mil anos te mandei meu grito,

Que embalde desde então corre o infinito…

Onde estás, Senhor Deus?

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ou em “A Órfã na Sepultura”:
Mãe, minha voz já me assusta…

Alguém na floresta adusta

Repete os soluços meus.

Sacode a terra… desperta!…

Ou dá-me a mesma coberta,

Minha mãe… meu céu… meu Deus…

ou, ainda, em “O Bandolim da Desgraça”, de A Cachoeira de Paulo Afonso:


Assim, Desgraça, quando tu, maldita!

As cordas d’alma delirante vibras…

Como os teus dedos espedaçam rijos

Uma por uma do infeliz as fibras!

EXERCÍCIOS
1. Sobre a literatura produzida por Castro Alves, assinale as alternativas corretas:
I. Representa, na evolução da poesia romântica brasileira, um momento de maturidade e
transição, substituindo temáticas ufanistas e de idealização do amor por temáticas mais
críticas e realistas;
II. Sua produção literária estava voltada ao projeto de construção da cultura brasileira,
dando destaque ao romance indianista;
III. Desprezou o rigor das regras gramaticais, aproximando a linguagem literária da
linguagem falada pelo povo brasileiro;
IV. A ironia era um traço constante em sua obra, representando uma forma não passiva de
ver a realidade, tecendo uma fina crítica à noção de ordem e às convenções do mundo
burguês;
V. Apresenta uma linguagem voltada para a defesa de seus ideais liberais e, por isso, é
grandiosa e hiperbólica, prenunciando a perspectiva crítica e objetiva do Realismo.
a) Todas as alternativas estão corretas.
b) Apenas I está correta.
c) Apenas III e V estão corretas.
d) Apenas I e V estão corretas.
2. (FUC-MT) Considerando os seguintes itens:
I. Autor da obra Cantos e Fantasias e O Estandarte Auriverde.
II. Foi chamado de “o poeta dos escravos” por seus textos contra a escravidão.
III. Autor de Juca Pirama, belo poema de inspiração indianista.
IV. Sua poesia é extremamente egocêntrica e sentimental, exprimindo um pessimismo
doentio, uma descrença generalizada, um tédio de vida que impregna tudo de tristeza e
desilusão.
V. Seu estilo vibrante e oratório empolgava os ouvintes, popularizando seus poemas de
caráter social.

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Referências a Castro Alves encontram-se apenas em:


a) I e II.
b) II e IV.
c) I, II e IV
d) II, III e V
e) II e V.
(UFRS)
"Ontem a Serra Leoa,

A Guerra, a caça ao leão,

O sono dormido à toa

Sob as tendas da amplidão...

Hoje... o porão negro, o fundo

Infecto, apertado, imundo,

Tendo a peste por jaguar...

E o sono sempre cortado

Pelo arranco de um finado,

E o baque de um corpo ao mar..."

Nesta estrofe de ____________, de Castro Alves, os versos de _______________ sílabas métricas


evocam, num primeiro momento, a _____________ dos negros em sua terra natal, contrastando, na
segunda parte, com imagens que indicam os rigores da ______________.
3. Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas do texto acima.
a) Vozes d'África – dez – luta – partida
b) Canção do Exílio – sete – tranquilidade – solidão
c) Mocidade e Morte – oito – passividade – prisão
d) Cachoeira de Paulo Afonso – dez – caçada – luta.
e) Marieta – dez – bravura – paixão.
4. Leia o texto que segue, a parte IV de O navio negreiro para responder à questão.

Era um sonho dantesco... o Presa nos elos de uma só cadeia,


tombadilho A multidão faminta cambaleia,
Que das luzernas avermelha o brilho. E chora e dança ali!
Em sangue a se banhar. Um de raiva delira, outro enlouquece,
Tinir de ferros... estalar de açoite... Outro, que martírios embrutece,
Legiões de homens negros como a Cantando, geme e ri!
noite,
No entanto o capitão manda a
Horrendos a dançar...
manobra,
Negras mulheres, suspendendo às E após fitando o céu que se desdobra,
tetas Tão puro sobre o mar,

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Magras crianças, cujas bocas pretas Diz do fumo entre os densos


Rega o sangue das mães: nevoeiros:
Outras moças, mas nuas e "Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
espantadas, Fazei-os mais dançar!..."
No turbilhão de espectros arrastadas,
E ri-se a orquestra irônica, estridente.
Em ânsia e mágoa vãs!
..
E ri-se a orquestra irônica, E da ronda fantástica a serpente
estridente... Faz doudas espirais...
E da ronda fantástica a serpente Qual um sonho dantesco as sombras
Faz doudas espirais ... voam!...
Se o velho arqueja, se no chão Gritos, ais, maldições, preces
resvala, ressoam!
Ouvem-se gritos... o chicote estala. E ri-se Satanás!...
E voam mais e mais...

(In: Espumas flutuantes, Rio de Janeiro: Edições de Ouro, s.d. p. 184-5.)

Sobre o poema O navio negreiro, é correto afirmar:


I. Junto de Vozes d'África, o poema épico-dramático O navio negreiro integra a obra Os
escravos e vem a ser uma das principais realizações poéticas de Castro Alves;
II. O poema O navio negreiro apresenta uma finalidade estética voltada para a exacerbação
romântica, cuja linguagem é pouco expressiva e voltada para a objetividade.
III. Apresenta uma finalidade política e social evidente: a erradicação da escravidão no
Brasil.
IV. Faz uma recriação poética das cenas dramáticas do transporte de escravos no porão dos
navios negreiros.
V. Os versos apresentam referências a costumes e crenças das tribos indígenas brasileiras,
expressando um nacionalismo guerreiro e primitivo.
a) I, II e III estão corretas.
b) II e V estão corretas.
c) I, III e IV estão corretas.
d) Todas as alternativas estão corretas.
e) I, III e V estão corretas.

GABARITO
1. D
2. E
3. A
4. C

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SUMÁRIO
A PROSA ROMÂNTICA ....................................................................................................................................... 2
O ROMANCE ROMÂNTICO............................................................................................................................. 2
O ROMANCE NO BRASIL ............................................................................................................................ 2
ROMANCES URBANOS ............................................................................................................................... 2
ROMANCES REGIONALISTAS ..................................................................................................................... 3
ROMANCES HISTORICOS E INDIANISTAS ................................................................................................... 3
GABARITO ...................................................................................................................................................... 5

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A PROSA ROMÂNTICA
O ROMANCE ROMÂNTICO
Os romances dos românticos europeus, Vitor Hugo, Alexandre Dumas, Eugêne Sue,
Walter Scott, etc., tornam populares no Brasil, através de publicações em jornais, depois de
1830, criando no publico o gosto por um gênero ainda desconhecido entre nós.
Na Europa e nas traduções brasileiras, essas narrativas eram editadas sob a forma de
capítulos, aumentando extraordinariamente a tiragem dos periódicos. Os leitores se
entusiasmavam pelo desenvolvimento das histórias, seduzidos pela riqueza de acontecimentos
bombásticos, pelas emoções desenfreadas, pela linguagem acessível, pela ausência de qualquer
abstração, ansiosos pelo ultimo capitulo, quando tudo se ajustava e explicava.
Tais romances receberam o nome de folhetins. Ao escrever um folhetim, o artista
submetia-se às exigências do poblico burguês e dos diretores dos jornais. Sue, romancista
francês, ressuscitou um personagem porque os leitores não haviam se conformado com sua
morte, e isto ameaçava a venda do periódico, onde a narrativa era publicada. Alem disso, os
folhetins não podiam criticar os valores da época, reivindicar o verdadeiro humanismo, pois
obrigatoriamente tinham de se sujeitar aos valores ideológicos do público, constituindo-se
assim numa arte de evasão e alienação da realidade.
O ROMANCE NO BRASIL
O sucesso do folhetim europeu em jornais brasileiros possibilitou o surgimento de
vulgares adaptações, feitas por escritores de segunda categoria, até que, em 1844, sai à luz do
romance A moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, mais do que uma simples cópia de
narrativas européias. Surgia o romance brasileiro (em certos aspectos). E o nosso romance
começava sob a dimensão do romantismo.
CLASSIFICAÇÃO DO ROMANCE BRASILEIRO

• ROMANCES URBANOS
• ROMANCES INDIANISTAS
• ROMANCES HISTÓRICOS E REGIONALISTAS.

ROMANCES URBANOS
Numa corte onde a imitação de costumes europeus se misturava com a mediocridade da
vida local, Alencar percebeu a existência de uma tensão: “a luta entre o espírito conterrâneo e
a invasão estrangeira”. E tentou retratar essa duplicidade. Mas lhe faltou clareza ideológica.
Seus relatos urbanos são tão contraditórios quanto a sociedade que procura refletir. Oscilam
entre a estrutura do folhetim e a percepção da realidade brasileira. Só que esta era de tal forma
pobre, que não bastaria para um romancista seduzido pela idéia de grandeza. Precisou inventar
paixões violentas, renuncias sublimes, etc., o que geralmente compromete suas narrativas com
valores alienígenas.
Contudo, dois relatos permanecerão modelares. Neles, a autor além de traçar os seus
“perfis femininos” – foi capaz de relacionar o drama dos indivíduos com o organismo social.
Num, (Lucíola) a impossibilidade da união entre dois grupos distintos, o marginal e o burguês.
Noutro, (Senhora) o casamento por interesse, um dos poucos móveis de ascensão econômica
na sociedade brasileira da eopca.

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ROMANCES REGIONALISTAS
Os chamados romances “regionalistas” são também construídos a partir daquele
nacionalismo que constitui uma das idéias chaves do autor. Alencar vê as regiões “de fora”,
mesmo quando escreve “O sertanejo”, cuja realidade devia conhecer bem. Não está
interessado em revelar o cerne de um mundo diferenciado do litoral. Pelo contrario, quer
integrar as regiões ao corpo de uma nação centralizada, sob o comando das elites imperiais.
Alencar torna-se o porta-voz artístico da unificação nacional. E o resultado é uma literatura
mítica, celebratória dos encantos regionais, porem insuficiente para descrever as
peculiaridades e o atraso das províncias periféricas do país.

ROMANCES HISTORICOS E INDIANISTAS


Os romances localizados no passado histórico tem uma intenção simbólica. Deveriam,
no plano literário, representar “poeticamente”, isto é, miticamente, as nossas origens e a nossa
formação como povo.
As narrativas indianistas delimitam-se por uma valorização do nativo enquanto
elemento útil para a civilização branca. A tal idéia misturam-se outros dados, tais como o culto
da natureza, o gosto pelo exótico e o distanciamento do real, porque os índios, Peri, Iracema,
Jaguarê, etc., vivem no espaço da idealização auto justificatória das elites.

FIXAÇÃO
1. O Romance Urbano ou Romance de Costumes designam as obras que retratam o Brasil,
principalmente o Rio de Janeiro, no Segundo Reinado (1831-1840). Apontam os aspectos
da vida urbana e dos costumes burgueses. Esses romances abordam as intrigas amorosas
e as desigualdades econômicas. O fim é, invariavelmente, feliz e com a vitória do amor. O
romance Lucíola pertence à chamada fase urbana da produção ficcional de José de
Alencar. Nesse livro:
a) o autor discute a desigualdade social no meio urbano.
b) o autor mostra a prostituição como um grave problema social urbano.
c) não há uma típica narrativa romântica, pois o autor fala da prostituição, que é um tema
naturalista.
d) não existe a presença do amor; há apenas promiscuidade sexual.
e) o autor focaliza o drama da prostituição na esfera do indivíduo, mostrando a diferença
entre o ser e o parecer.

LEIA.
“Vocês mulheres têm isso de comum com as flores, que umas são filhas da sombra e
abrem com a noite, e outras são filhas da luz e carecem do Sol. Aurélia é como estas;
nasceu para a riqueza. Quando admirava a sua formosura naquela salinha térrea de Santa
Tereza, parecia-me que ela vivia ali exilada. Faltava o diadema, o trono, as galas, a
multidão submissa; mas a rainha ali estava em todo o seu esplendor. Deus a destinara à
opulência.”

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2. Do texto depreende-se que:


a) romances românticos regionalistas, como Senhora, exaltam a beleza natural feminina.
b) os romances realistas de Aluísio Azevedo denunciam o artificialismo da beleza feminina.
c) as obras modernistas têm, entre outros, o objetivo de criticar a submissão da mulher à
riqueza material.
d) a linguagem descritiva dos escritores naturalistas caracteriza a sensualidade e a
espiritualidade da mulher.
e) a personagem feminina foi caracterizada sob a perspectiva idealizadora típica dos
autores românticos.

3. (FUVEST) Ao final da narrativa, Ceci decide permanecer na selva com Peri: “— Peri não
pode viver junto de sua irmã na cidade dos brancos, sua irmã fica com ele no deserto, no
meio da floresta.”
A decisão de Ceci traduz:
a) a supremacia da cultura indígena sobre a branca europeia.
b) a capacidade de renúncia da mulher que, por amor, submete-se a intensos sacrifícios.
c) a impossibilidade de Peri habitar a cidade, entre os civilizados.
d) o entrelaçamento da civilização branca europeia e da cultura natural indígena.
e) o reconhecimento de que o ambiente natural é o espaço perfeito para a realização
amorosa.

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GABARITO
1. E
2. E
3. D

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SUMÁRIO
REALISMO .......................................................................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO AO REALISMO ......................................................................................................................... 2
O SURGIMENTO DO REALISMO ..................................................................................................................... 2
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS REALISTAS ................................................................................................. 3
BIOGRAFIA MACHADO DE ASSIS ................................................................................................................... 3
CARACTERÍSTICAS REALISTAS .................................................................................................................... 3
OBRAS ........................................................................................................................................................ 4
FASES MACHADIANA ..................................................................................................................................... 4
FASE ROMÂNTICA ...................................................................................................................................... 4
FASE REALISTA ........................................................................................................................................... 5
GABARITO ...................................................................................................................................................... 8

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REALISMO
INTRODUÇÃO AO REALISMO
A segunda metade do século XIX, na Europa, define-se por uma série de transformações,
cientificas e ideológicas que possibilitam o surgimento de uma estética antirromântica.
Uma nova revolução industrial, caracterizada pelo avanço tecnológico e progresso
cientifico, modifica não apenas os processos de produção, mas a própria estrutura econômica.
Os negócios familiares em pequena escala são substituídos por trustes e cartéis, a população se
concentra em vastos aglomerados urbanos, impelida pela unificação das empresas. Estas
empresas têm a voragem dos mercados internacionais, e as nações, que delas se tornam
representantes, fazem-se imperialistas, partindo para a conquista direta ou indireta de
considerável parcela de países não-europeus. É o grande momento da Europa: a burguesia
urbana, enriquecida pelo episódio colonial, vive o luxo, goza o poder sobre o mundo.
Um mundo que agora se explica a partir de si mesmo: Comte cria o pensamento
positivismo, e a sociedade passa a ser entendida em sua existência concreta, “positivista”;
Darwin elabora a teoria da evolução das espécies; Lamrck estabelece bases reais para a
Biologia; a Psicologia é associada à Fisiologia; a Medicina se torna experimental; Pasteur
penetra nos segredos de microorganismos; Taine organiza padrões objetivos para a crítica
literária: eis um mundo claro, sem abismos, mundo que racionaliza o seu próprio
irracionalismo, que já não encerra mistérios, como diziam os cientista da época.
As contradições, no entanto, estavam latentes: as cidades, crescendo sem planejamento,
não ofereciam as mínimas condições de conforto e higiene; acentuava-se a divisão do trabalho
entre a burguesia e o proletariado; o socialismo de Marx ganhava adeptos; irrompem revoltas
de trabalhadores que são reprimidas brutalmente. Nesse universo que é, ao mesmo tempo, o
da euforia burguesa e o do capitalismo desumano, os valores românticos entram em crise.
Já não é possível a fantasia, nem o mito da natureza, nem o fechar-se na própria
interioridade. Os acontecimentos exigem o artista.
Agora ele é um participante do mundo, ou, ao menos, um observador do mundo.
Verdade que o sentimento desagradável da realidade persistirá em sua alma, herança do
Romantismo. Mas em vez de transformar esse sentimento em desabafo, ou grito, como o
romântico, o artista procurará examiná-lo à luz de teorias sociológicas, psicológicas ou
biológicas.

O SURGIMENTO DO REALISMO
Realismo é um termo bastante amplo que serve para designar as mais variadas
tendências artísticas, porém, como doutrina estética, surge depois de 1850, na França, com
Madame Bovary de Gustave Flaubert.
Colocando a romântica Ema Bovary em contato com a realidade, Flaubert reflete sobre
a impossibilidade de concretização das fantasias sentimentais. E ao destroçar estes sonhos, os
sonhos da senhora Bovary, o autor caracteriza a impotência e a alienação romântica diante dos
princípios da realidade, embora, para Flaubert, a realidade fosse uma coisa grosseira e pouco
gratificante.
Mesmo assim, podemos dizer que o Realismo já se estruturara, em termos práticos,
alguns anos antes, com Balzac e Stendhal. Em seus melhores romances (Ilusões perdidas e O
vermelho e o negro) postulados realistas são facilmente identificáveis.
Balzac olha indivíduos sempre como representantes de certos grupos sociais, e esses
indivíduos só possuem significado dentro das narrativas se expressarem as vivencias e as ideias

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de seus grupos. Já Stendhal desenvolve o “método analítico de observação psicológica”, e os


seus personagens se constroem através de pormenores mínimos, de pequena apreciações, de
matizes por vezes contraditórios, obrigando o leitor a completá-los, a reinterpretá-los, como
bem acentua o crítico Arnold Hauser. Portanto, a representatividade histórico social e a
análise psicológica dos personagens, típicas do Realismo, sedimentam-se em Balzac e Stendhal.
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS REALISTAS
• Objetividade e Impessoalidade
• Racionalismo
• Verossimilhança
• Contemporaneidade
• Pessimismo
• Perfeição formal

BIOGRAFIA MACHADO DE ASSIS


Joaquim Maria Machado de Assis, mais conhecido como Machado de Assis, foi precursor
do realismo brasileiro e fundador e presidente da Academia Brasileira de Letras, sendo esse
um de seus maiores e mais importantes feitos.
Publicou mais de 200 contos, 10 romances e demais publicações de diversos gêneros,
como folhetins, peças teatrais, contos e crônicas, tornando-se grande referência como cronista
de sua época. O autor presenciou acontecimentos históricos, como a abolição da escravidão e a
passagem do Brasil Império para Brasil República.
Sua carreira foi marcada por grandes feitos, sendo suas crônicas um deles. Machado
falava muito sobre a sociedade local da época, tendo mais de 40 anos de observação e crítica
da sociedade, o que resultou na produção de um total de mais de 600 crônicas. Ainda em vida
conseguiu ascender socialmente, tendo em vista que era nascido de família humilde. Tornou-se
um homem muito respeitado, ocupando diversos cargos públicos. Foi nomeado cavaleiro e,
posteriormente, oficial da Ordem da Rosa.
O escritor epilético, gago e descendente de escravos, nascido em 21 de Junho de 1839 no
Morro do Livramento, Rio de Janeiro, viveu 69 anos, morrendo em 1908. Machado de Assis é
considerado até hoje o maior escritor brasileiro.

CARACTERÍSTICAS REALISTAS
O autor criticou vários valores burgueses por meio de ironias e metalinguagens.
Precedendo não só o próprio realismo, instaurou o realismo psicológico, claramente visto em
seus romances por fazer diálogos diretos com o leitor e também por conta de pensamentos
pontuais que surgem ao longo da narrativa como uma reflexão sobre os acontecimentos que se
passam no romance, similar à quebra da quarta parede no teatro, quando o ator cria um diálogo
direto com o espectador.
Machado tratava com frequência sobre a ascensão social e a manutenção das aparências
sociais por meio de críticas à burguesia, dando luz ao realismo brasileiro. Suas obras, recheadas
de ironias, abordam o que o autor observava na sociedade da época. O Rio de Janeiro do Brasil
passava por uma transição da falta de infraestrutura, ganhando planejamento baseado no
urbanismo de Paris, na França: sofisticação para satisfazer a proeminente parcela burguesa da
população da época. Estima-se que de 200 mil cidadãos cariocas, 100 mil eram escravos e, desse
total, apenas 20% eram letrados, configurando uma população em que 80% eram analfabetos.

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Sua carreira pode ser dividida em duas fases, sendo a primeira caracteristicamente
mais romântica, predominando obras como seu primeiro romance, ‘Ressureição’; sua primeira
peça, ‘Queda que as mulheres têm pelos tolos’; e o livro de poesias ‘Crisálidas’. A fase
romântica perdurou entre 1864 e meados de 1878.
Sua segunda fase teve início com a publicação do livro ‘Memórias póstumas de Brás
Cubas’, livro escrito logo após ser internado devido ao seu quadro de epilepsia, que o forçava a
tomar remédios fortes, que lhe desgastavam a saúde. Ainda internado, chegou a enviar alguns
capítulos do romance à sua esposa, Carolina Augusta Xavier de Novais. Como um marco entre
uma fase e outra, percebe-se que, nessa nova fase, Machado apresenta fortes traços de
pessimismo e ironia, que se tornam grandes características da obra do autor, acompanhando-o
até seus últimos dias.

OBRAS
Com uma carreira cheia de publicações dos mais variados gêneros, Machado de Assis
publicou 10 romances, 10 peças teatrais, 200 contos, 5 coletâneas de poemas e sonetos e mais
de 600 crônicas. São exemplos:
• O poema ‘Ela’ (1855), seu primeiro poema publicado;
• As peças teatrais de comédia ‘O protocolo’ e ‘O caminho da porta’ (1863);
• Seu primeiro livro de versos, ‘Crisálidas’ (1864);
• Seu primeiro romance, ‘Ressurreição’ (1872);
• O livro de contos ‘Histórias da meia-noite’ (1873);
• O romance ‘Iaiá Garcia’ (1878);
• Um dos mais importantes livros de sua carreira: ‘Memórias póstumas de Brás
Cubas’ (1881);
• O romance ‘Quincas Borba’ (1891);
• O romance ‘Dom Casmurro’ (1899);
• O romance ‘Esaú e Jacó’ (1904).

FASES MACHADIANA
Machado de Assis é considerado o maior escritor brasileiro e um dos maiores do mundo.
Sua obra extensa tem crônicas, contos, poesias, romances e teatro, divididos entre as fases
romântica e realista.
Mulato, de família pobre e órfão de mãe desde muito cedo, Machado de Assis foi criado no
Morro do Livramento e estudou por conta própria e em escolas públicas até escrever seu
primeiro soneto “A Ilma Sra. D.P.J.A.”. Trabalhou como tipógrafo, revisor e redator até que
começou a publicar seus primeiros livros, chegando às suas principais obras primas e sendo o
fundador-presidente da Academia Brasileira de Letras.
FASE ROMÂNTICA
O escritor Machado de Assis é da última geração do romantismo e se inspirou nessa
primeira escola para criar suas primeiras histórias. Mesmo avesso a rigidez de escolas literárias
e criando um estilo próprio e exclusivo, Machado de Assis criou obras com o amor como tema,
relações amorosas.
Sua primeira obra dessa fase foi Ressurreição, um romance que se seguiu de A Mão e a
Luva, Helena, Iaiá Garcia, Contos Fluminenses e Histórias da Meia Noite. Mesmo com todos os
ingredientes do romantismo, nessas histórias já havia o senso crítico e psicológico dos
personagens, uma das principais características de seus textos.

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FASE REALISTA
O período mais fértil da obra literária de Machado de Assis foi na fase realista. A
objetividade diante da realidade encontrou no seu texto o campo perfeito para a criação. O país
vivia um momento de intensas transformações, com a abolição da escravatura, o início da
república, além de influências de ideais liberais, socialistas, positivistas entre outros.
Toda sua produção datada a partir de 1880 é considerada realista, com joias literárias
mundiais e que demonstram a maturidade do escritor. Neste período Machado de Assis
demonstrou sua ironia feroz, tons de amargura e rigidez.
As questões psicológicas dos personagens foram amplamente demonstradas em
romances como Memórias Póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro, Quincas Borba, Memórias
de Aires, Esaú e Jacó e contos como O Alienista, A Cartomante e Missa do Galo.

FIXAÇÃO
1. Leia o texto de Machado de Assis para responder.
“A aranha parece-vos inferior, justamente porque não a conheceis. Amais o cão, prezais
o gato e a galinha, e não advertis que a aranha não pula nem ladra como o cão, não mia
como o gato, não cacareja como a galinha, não zune nem morde como o mosquito, não
nos leva o sangue e o sono como a pulga. Todos esses bichos são o modelo acabado da
vadiação e do parasitismo. A mesma formiga, tão gabada por certas qualidades boas, dá
no nosso açúcar e nas nossas plantações, e funda a sua propriedade roubando a alheia. A
aranha, senhores, não nos aflige nem defrauda; apanha as moscas, nossas inimigas, fia,
tece, trabalha e morre. Que melhor exemplo de paciência, de ordem, de previsão, de
respeito e de humanidade? Quanto aos seus talentos, não há duas opiniões. Desde Plínio
até Darwin, os naturalistas do mundo inteiro formam um só coro de admiração em torno
desse bichinho, cuja maravilhosa teia a vassoura que vosso criado destrói em menos de
um minuto.”
(A Sereníssima República. Papéis Avulsos, 1882)

O texto pode ser caracterizado como um pseudoelogio, em que se observa a subversão


do senso comum, porque:
a) Denuncia, por ironia, o que o costume aceita.
b) Parodia, por homenagem, o que a biologia acata.
c) Elogia, por ironia, o que o senso comum condena.
d) Elogia, por metáfora, o que a ciência confirma.
e) Elogia o homem por meio da aranha.

2. Neste episódio, Rita Baiana dança aos olhos de Jerônimo, português recém-chegado ao
Brasil

E viu Rita Baiana, que fora trocar o vestido por uma saia, surgir de ombros e braços nus,
para dançar. A lua destoldara-se nesse momento, envolvendo-a na sua cama de prata, a
cujo refulgir os maneios da mestiça melhor se acentuavam, cheios de uma graça

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irresistível, simples, primitiva, feita toda de pecado, toda de paraíso, com muito de
serpente e muito de mulher.
Ela saltou em meio da roda, com os braços na cintura, rebolando as ilhargas e
bamboleando a cabeça, ora para a esquerda, ora para a direita, como numa sofreguidão
de gozo carnal num requebrado luxurioso que a punha ofegante; já correndo de barriga
empinada; já recuando de braços estendidos, a tremer toda, como se fosse afundando
num prazer grosso que nem azeite em que se não toma pé nunca se encontra fundo.
Depois, como se voltasse à vida, soltava um gemido prolongado, estalando os dedos no
ar e vergando as pernas, descendo, subindo, sem nunca parar com os quadris, e em
seguida sapateava, miúdo e cerrado freneticamente, erguendo e abaixando os braços, que
dobrava, ora um, ora outro, sobre a nuca, enquanto a carne lhe fervia toda, fibra por fibra
titilando.
[...]
Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu
chegando aqui: era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas da
fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas
brasileiras; era a palmeira virginal e esquiva que não torce a nenhuma outra planta; era
o veneno e era o açúcar gostoso; era o sapoti mais doce que mel e era a castanha do caju,
que abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta
viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo dele,
assanhando-lhe os desejos, acordando-lhe as fibras embabecidas pela saudade da terra,
piscando-lhe as artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha daquele amor
setentrional, uma nota daquela música feita de gemidos de prazer, uma larva daquela
nuvem de cantárdidas que zumbiam em torno da Rita Baiana e espalhavam-se pelo ar
numa fosforescência afrodisíaca.
(Aluísio de Azevedo. O Cortiço. 9. Ed. São Paulo: Ática, 1970.p. 56 e 57)

De acordo com as teses biológicas então dominantes, o homem recebia por herança o
temperamento. Mais do que uma propensão ou tendência, como alguns o entendem hoje,
o temperamento funcionava, na ciência e literatura naturalista, como suporte decisivo da
construção da personalidade e mola propulsora do comportamento individual. Tomando
como base o texto acima responda, podemos inferir que o romance O Cortiço:
a) Podemos surpreender as características básicas da prosa romântica: narrativa
passional, tipos humanos idealizados, disputa entre o interesse material e os
sentimentos mais nobres.
b) As personagens são apresentadas sob o ponto de vista psicológico, desnudando-se ante
os olhos do leitor graças à delicada sutileza com que o autor as analisa e expressa.
c) O leitor é transportado ao doloroso universo dos miseráveis e oprimidos que, tangidos
pela seca, abrigam-se em acomodações coletivas, à espera de uma oportunidade.
d) Vemos renascer, na década de 30 do nosso século, uma prosa viril, de cunho regionalista,
atenta às nossas mazelas sociais e capaz de objetivar em estilo seco parte de nossa dura
realidade.
e) Consagra-se entre nós a prosa naturalista, marcada pela associação direta entre meio e
personagens e pelo estilo agressivo que está a serviço das teses deterministas da época.

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3. No trecho abaixo, o narrador, ao descrever a personagem, critica sutilmente um outro


estilo de época: o romantismo.
“Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a mais atrevida
criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que já lhe coubesse
a primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o
autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não digo
que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía das
mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a outro
indivíduo, para os fins secretos da criação.”
ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Jackson, 1957.

A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao romantismo está transcrita


na alternativa:
a) …o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas…
b) …era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça…
c) Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno…
d) Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos…
e) …o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.

4. Sobre o Realismo, assinale a alternativa INCORRETA.


a) O Realismo surgiu na Europa, como reação ao Naturalismo.
b) O Realismo e o Naturalismo têm as mesmas bases, embora sejam movimentos
diferentes.
c) O Realismo surgiu como consequência do cientificismo do século XIX.
d) Gustave Flaubert foi um dos precursores do Realismo. Escreveu Madame Bovary.
e) Emile Zola escreveu romances de tese e influenciou escritores brasileiros.

5. Eça de Queirós afirmava:

“O Realismo é a anatomia do caráter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos
próprios olhos – para nos conhecermos, para que saibamos se somos verdadeiros ou
falsos, para condenar o que houver de mau na nossa sociedade.”
Para realizar essa proposta literária, quais os recursos utilizados no discurso realista?
Selecione-os na relação abaixo e depois assinale a alternativa que os contém:

1- Preocupação revolucionária, atitude de crítica e de combate2- Imaginação criadora;


3- Personagens fruto da observação; tipos concretos e vivos;
4- Linguagem natural, sem rebuscamentos;
5- Preocupação com mensagem que revela concepção materialista do homem;
6- Senso de mistério;
7- Retorno ao passado;
8- Determinismo biológico ou social.
a) 1, 2, 3, 5, 7, 8
b) 1, 3, 4, 5, 8.
c) 2, 3, 4, 6, 7.
d) 3, 4, 5, 6, 8.
e) 2, 3, 4, 5, 8.

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GABARITO
1. C
2. E
3. A
4. A
5. B

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SUMÁRIO
NATURALISMO................................................................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO AO NATURALISMO ................................................................................................................. 2
PRINCIPAIS CARACTERISTICAS ................................................................................................................... 2
NATURALISMO NO BRASIL ............................................................................................................................ 2
FASES MACHADIANAS ............................................................................................................................... 3
OS TEMAS PRINCIPAIS DO ROMANCISTA NA SEGUNDA FASE .................................................................. 3
O ROMANCE IMPRESSIONISTA ...................................................................................................................... 3
PRINCIPAIS ESCRITORES DO NATURALISMO ................................................................................................. 4
ESTRANGEIROS .......................................................................................................................................... 4
AUTORES BRASILEIROS .............................................................................................................................. 4
FIXAÇÃO ............................................................................................................................................................. 5
GABARITO ...................................................................................................................................................... 8

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NATURALISMO
INTRODUÇÃO AO NATURALISMO
O Naturalismo é um “prolongamento do Realismo”. Os dois movimentos são quase
paralelos e muitos críticos vêem no primeiro apenas uma manifestação do segundo. Com efeito,
O Naturalismo assume todos os princípios e características do Realismo, tais como
predomínio da objetividade, da observação, da verossimilhança, etc,. acrescentando a isso (e
eis seu traço particular) uma visão científica da existência.
Conseqüência das novas idéias cientificas e sociológicas que varriam a Europa, a visão
naturalista ergue-se sobre os preceitos do evolucionismo, da hereditariedade biológica, do
positivismo e da medicina experimental. O maior dos naturalistas, Émile Zola, delimita o caráter
dessa junção entre literatura e atividade científica, e a subordinação da primeira à segunda:
“Meu desejo é pintar a vida, e para este fim devo pedir à Ciência que me explique o que é a
vida, para que eu a fique conhecendo.”
O romancista procura se equiparar ao médico, seu método de composição artística
pressupõe uma objetividade e um rigor tão absoluta que o escritor se transforma num mero
ilustrador de postulados das ciências.
O Naturalismo surge como programa e atividade no romance Teresa Raquin (1868), de
Zola, que apresenta um prólogo muito ilustrativo das tendências cientificas do movimento.

PRINCIPAIS CARACTERISTICAS
• Determinação do meio ambiente
• Determinação do instinto
• Determinismo da hereditariedade
• Personagens patológicos
• Crítica social e explicita
• Forma descritiva
• Romance experimental

NATURALISMO NO BRASIL
As crises da sociedade agrária brasileira se acentuam depois de 1870. A fundação do
Clube Republicano, a Questão Religiosa, a Questão Militar, a Abolição e o fim da Monarquia são
alguns dos aspectos dessas crises que, se jamais ameaçam a hegemonia da classe rural
exportadora, permitem o surgimento de focos de pensamento crítico, nascidos em setores da
classe média urbana.
Novas ideias positivistas e republicanas, paralelas a ideias antiromânticas, são agitadas
um pouco desordenadamente no Recife por Tobias Barreto, antigo colega de Castro Alves. Um
discípulo do pensador pernambucano, Silvio Romero, já no inicio da década de 70,
influenciado por teorias realistas, passa o atestado de óbito da poesia romântica, acusando-a de
“lirismo retumbante e indianismo decrépito” . A morte de Castro Alves em 1871
representara o fim de um ciclo literário: os românticos posteriores mergulhariam na
decadência, conforme as análises penetrantes de Silvio Romero. Mas o Real-naturalismo se
imporia apenas uma década depois.

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O Realismo teve sua primeira manifestação importante em 1881 com a publicação de


Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, embora as particularidades de
procedimento narrativo e visão de mundo caracterizem o autor de Dom Casmurro num
realismo à parte. Já o Naturalismo, também pouco identificado com as matrizes europeias do
movimento, estrutura-se com O mulato, de Aluísio de Azevedo, publicado também em 1881.

FASES MACHADIANAS
1ª FASE: composta por quatro romances:
Ressurreição (1872);
A mão e a luva (1874);
Helena (1876);
Iaiá Garcia (1878).
São relatos ainda comprometidos com o idealismo romântico. Poderíamos resumir os
principais defeitos desses livros:
a) Conformismo do autor com os preconceitos e falsos valores da sociedade imperial;
b) Esquematismo psicologico;
c) Linguagem carregada de lugares-comum.

2ª FASE: implicam num amadurecimento de linguagem e num cambio de visão de mundo. Ao


Machado conformista da década de 70, contrapõe-se um intelectual irônico, pessimista, crítico.
Esta fase apresenta cinco romances:
• Memórias póstumas de Brás Cubas (1881);
• Quincas Borba (1892);
• Dom Casmurro (1900);
• Esaú e Jacó (1904);
• Memorial de Aires (1908)

OS TEMAS PRINCIPAIS DO ROMANCISTA NA SEGUNDA FASE


• O adultério;
• O parasitismo social;
• A confusão entre a razão e a loucura;
• O egoísmo, a vaidade, o interesse;
• A impossibilidade de ação com grandeza;
• A hipocrisia;
• A ambiguidade feminina;

O ROMANCE IMPRESSIONISTA
O Impressionismo foi um estilo que teve o seu apogeu nas últimas décadas do século XIX,
no campo das artes plásticas, principalmente.
Seu princípio básico é o de que todo e qualquer conhecimento racional e objetivo da
realidade é precedido de uma sensação. Ou seja, de uma impressão sobre essa realidade. E
se até ali, a arte concentrara-se na observação detalhada das múltiplas facetas do real, agora, ao
inverso, a arte procuraria reproduzir as impressões do sujeito perante determinados objetos.

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PRINCIPAIS ESCRITORES DO NATURALISMO


ESTRANGEIROS
Émile Zola (1840-1902): foi um escritor francês, criador e representante principal da literatura
naturalista. Suas principais obras: “Germinal” (1885), “Como se casa, Como se morre”, “O
Paraíso das Damas”, “J'accuse a Verdade em Marcha”, “A Besta Humana”.

Thomas Hardy (1840-1928): foi um novelista e poeta inglês, conhecido por obras de grande
importância que traziam um pessimismo radical em seus romances. Suas principais obras: “A
Bem-Amada”, “Judas”, “O Obscuro”.

Giovani Verga (1840-1922): foi um escritor italiano, considerado o maior exponente da


corrente literária do verismo. Sua principal obra: “Los Malavoglia”.

AUTORES BRASILEIROS
Aluísio de Azevedo (1857 – 1913): O autor é considerado o precursor do Naturalismo no
Brasil. Sua obra “O Mulato” foi considerada o marco inicial da época, que traz como tema central
o preconceito racial. Também escreveu “O Cortiço”, que trata sobre a realidade brasileira do
século XIX: as relações e o comportamento dos personagens.
Adolfo Ferreira Caminha (1867-1897): O autor é considerado um dos maiores representantes
da literatura naturalista brasileira. Sua obra que merece destaque é “A Normalista”, de cunho
regionalista. Também escreveu “Bom Criolo” que foi considerado um romance ousado, uma vez
que trata sobre a homossexualidade. As suas obras tratam sobre temas de violência, perversão,
crimes e tragédias, além da homossexualidade citada acima.
Herculano Marcos Inglês de Sousa (1853-1918): Foi um dos fundadores da Academia
Brasileira de Letras. Publicou “O Coronel Sangrado”, mas em 1891 foi reconhecido pela obra “O
Missionário”, que trata sobre a influência do meio sobre o indivíduo.
Raul Pompéia (1863-1895): foi um escritor carioca. Sua principal obra é “O Ateneu”, que traz
como personagem principal um menino que é enviado a um colégio agropecuário. A obra critica
a sociedade brasileira do final do século XX, retratando que um lugar onde quem vence sempre
é o mais forte.
Adherbal de Carvalho (1869-1915): foi um romancista, crítico literário, jurista, ensaísta,
tradutor, poeta e professor. Sua principal obra é “A Noiva”, um livro em forma de folhetim que
não teve muita repercussão.

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FIXAÇÃO
1. Assinale a alternativa correta.

“Mas Luísa, a Luisinha, saiu muito boa dona de casa; tinha cuidados muito simpáticos nos
seus arranjos; era asseada, alegre como um passarinho, como um passarinho amiga do
ninho e das carícias do macho; e aquele serzinho louro e meigo veio dar à sua casa um
encanto sério. (…)

Estavam casados havia três anos. Que bom que tinha sido! Ele próprio melhorara;
achava-se mais inteligente, mais alegre … E recordando aquela existência fácil e doce,
soprava o fumo do charuto, a perna traçada, a alma dilatada, sentindo-se tão bem na vida
como no seu jaquetão de flanela!”
(Eça de Queirós, O primo Basílio)

a) A prosa realista, com intuito moralizador, desmascara o casamento por interesse, tão
comum no século XIX, para defender uma relação amorosa autêntica, segundo princípios
filosóficos do platonismo.
b) A prosa romântica analisa mais profundamente a natureza humana, evitando a
apresentação de caracteres padronizados em termos de paixões, virtudes e defeitos.
c) A prosa realista põe em cena personagens tipificados que, metamorfoseados em heróis
valorosos, correspondem à expressão da consciência e valores coletivos.
d) A prosa realista, apoiando-se em teorias cientificistas do século XIX, empreende a análise
de instituições burguesas, como o casamento, por exemplo, denunciando as bases frágeis
dessa união.
e) A prosa romântica recria o passado histórico com o intuito de ironizar os mitos
nacionais.

2. Assinale a alternativa em que se encontram características da prosa do Realismo:


a) a) Objetivismo; subordinação dos sentimentos a interesses sociais; críticas às
instituições decadentes da sociedade burguesa.
b) b) Idealização do herói; amor visto como redenção; oposição aos valores sociais.
c) c) Casamento visto como arranjo de conveniência; descrição objetiva; idealização da
mulher.
d) d) Linguagem metafórica; protagonista tratado como anti-herói; sentimentalismo.
e) e) Espírito de aventura; narrativa lenta; impasse amoroso solucionado pelo final feliz.

O cortiço
Fechou-se um entra-e-sai de marimbondos defronte daquelas cem casinhas ameaçadas
pelo fogo. Homens e mulheres corriam de cá para lá com os tarecos ao ombro, numa
balbúrdia de doidos. O pátio e a rua enchiam-se agora de camas velhas e colchões
espocados. Ninguém se conhecia naquela zumba de gritos sem nexo, e choro de crianças
esmagadas, e pragas arrancadas pela dor e pelo desespero. Da casa do Barão saíam
clamores apopléticos; ouviam-se os guinchos de Zulmira que se espolinhava com um

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ataque. E começou a aparecer água. Quem a trouxe? Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se
baldes e baldes que se despejavam sobre as chamas.
Os sinos da vizinhança começaram a badalar.
E tudo era um clamor.
A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa. Estava horrível;
nunca fora tão bruxa. O seu moreno trigueiro, de cabocla velha, reluzia que nem metal
em brasa; a sua crina preta, desgrenhada, escorrida e abundante como as das éguas
selvagens, dava-lhe um caráter fantástico de fúria saída do inferno. E ela ria-se, ébria de
satisfação, sem sentir as queimaduras e as feridas, vitoriosa no meio daquela orgia de
fogo, com que ultimamente vivia a sonhar em segredo a sua alma extravagante de maluca.
Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa incendiada, que
abateu rapidamente, sepultando a louca num montão de brasas.
(Aluísio Azevedo. O cortiço)

3. O caráter naturalista nessa obra de Aluísio Azevedo oferece, de maneira figurada, um


retrato de nosso país, no final do século XIX. Põe em evidência a competição dos mais
fortes, entre si, e estes, esmagando as camadas de baixo, compostas de brancos pobres,
mestiços e escravos africanos. No ambiente de degradação de um cortiço, o autor expõe
um quadro tenso de misérias materiais e humanas. No fragmento, há várias outras
características do Naturalismo. Aponte a alternativa em que as duas características
apresentadas são corretas.

a) Exploração do comportamento anormal e dos instintos baixos; enfoque da vida e dos


fatos sociais contemporâneos ao escritor.
b) Visão subjetivista dada pelo foco narrativo; tensão conflitiva entre o ser humano e o
meio ambiente.
c) Preferência pelos temas do passado, propiciando uma visão objetiva dos fatos; crítica
aos valores burgueses e predileção pelos mais pobres.
d) A onisciência do narrador imprime-lhe o papel de criador, e se confunde com a ideia de
Deus; utilização de preciosismos vocabulares, para enfatizar o distanciamento entre a
enunciação e os fatos enunciados.
e) Exploração de um tema em que o ser humano é aviltado pelo mais forte; predominância
de elementos anticientíficos, para ajustar a narração ao ambiente degradante dos
personagens.

4. Assinale a alternativa que contém a afirmação correta sobre o Naturalismo no Brasil.


a) O Naturalismo, por seus princípios científicos, considerava as narrativas literárias
exemplos de demonstração de teses e ideias sobre a sociedade e o homem.
b) O Naturalismo usou elementos da natureza selvagem do Brasil do século XIX para
defender teses sobre os defeitos da cultura primitiva.
c) A valorização da natureza rude verificada nos poetas árcades se prolonga na visão
naturalista do século XIX, que toma a natureza decadente dos cortiços para provar os
malefícios da mestiçagem.
d) O Naturalismo no Brasil esteve sempre ligado à beleza das paisagens das cidades e do
interior do Brasil.

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e) O Naturalismo do século XIX no Brasil difundiu na literatura uma linguagem científica e


hermética, fazendo com que os textos literários fossem lidos apenas por intelectuais.

5. Sobre o Naturalismo, é incorreto afirmar:


a) O Naturalismo teve como marco inicial a publicação, em 1881, de Germinal, de Émile
Zola, na Europa. Personagens e cenários são mostrados em toda sua miséria material e
moral.
b) O movimento literário costuma ser relacionado ao Realismo, que também tinha essa
missão de retratar a realidade.
c) Na literatura naturalista, assim como na literatura romântica, ocorre a idealização da
realidade, o homem é um ser subjetivo guiado por suas vontades individuais, sem que
exista interferência do meio ambiente em seu comportamento.
d) Em razão de sua objetividade radical, a literatura naturalista não é considerada por
muitos estudiosos como literatura, isto é, existem dúvidas de que as obras desse período
sejam verdadeiramente objetos artísticos.
e) No romance naturalista, o narrador comporta-se como um cientista, que observa os
fenômenos sociais como quem observa uma experiência científica. Por isso, os fatos
devem ser narrados de modo impessoal.

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GABARITO
1. D
2. A
3. A
4. A
5. C

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SUMÁRIO
PARNASIANISMO ............................................................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO AO PARNASIANISMO .............................................................................................................. 2
CARACTERÍSTICAS PARNASIANAS .................................................................................................................. 2
TEMÁTICA GRECO-ROMANA ......................................................................................................................... 3
O PARNASIANISMO NO BRASIL ..................................................................................................................... 3
AUTORES PARNASIANOS ........................................................................................................................... 4
GABARITO ...................................................................................................................................................... 7

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PARNASIANISMO
INTRODUÇÃO AO PARNASIANISMO
O Parnasianismo foi um movimento essencialmente poético que reagiu contra os abusos
sentimentais dos românticos. Alguns críticos chegaram a considerá-lo uma espécie de Realismo
na poesia. Tal aproximação é visões distintas. O autor realista percebe a crise da “síntese
burguesa”, já não acredita em nenhum dos valores da classe dominante e a fustiga social e
moralmente. Em compensação, o autor parnasiano mantém uma soberba indiferença frente aos
dramas do cotidiano, isolando-se na sua “torre de marfim”, onde elabora teorias formalistas de
acordo com a inconseqüência e o hedonismo das frações burguesas vitoriosas.
Neste sentido, o Parnasianismo pode ser associado à “belle époque” – época dourada das
elites européias, que se divertem com os lucros do espólio imperialistas. O can-can, os cabarés
e cafés parisienses, os janotas que bebem licor e prostitutas de alta classe formam a imagem
frenética de um mundo enriquecido e alegre. Assim, o Parnasianismo é a poesia desse período,
no qual a forma se sobressai às idéias. Seu surgimento deu-se na década de60, através de Revue
Parnase Contemporain, dirigida por Théophile Gautier. O único poeta expressivo do grupo
colaborador era Charles Baudelaire. Mais tarde, também ele romperia com a pesada estética
parnasiana.

CARACTERÍSTICAS PARNASIANAS
ARTE PELA ARTE
Os parnasianos ressuscitam o preceito latino de que a arte é gratuita, que só vale por si
própria e em si própria. Ela não teria nenhum sentido utilitário, nenhum tipo de compromisso.
Seria auto-suficiente. Justificada por sua beleza formal. A arte passava apenas a ser apenas um
jogo frívolo de espíritos elegantes.
CULTO DA FORMA
O resultado imediato dessa visão seria o endeusamento dos processos formais do
poema. A verdade de uma obra residiria em sua beleza. E a beleza seria dada pela elaboração
formal. Logo:
VERDADE = BELEZA – FORMA=POESIA
Mas o que era forma para os parnasianos? Eles consideravam como forma a maneira do
poema se apresentar, seus aspectos exteriores. A forma seria assim a técnica de construção do
poema. Isso constituía uma simplificação primária do fazer poético e do próprio conceito de
forma que passava a ser apenas uma fórmula. Uma fórmula resumida em alguns itens básicos:
1. Metrificação rigorosa: os versos devem ter o mesmo número de sílabas poéticas ou
apresentarem uma simetria constante, gênero: “primeiro verso de dez sílabas, segundo
de quatro sílabas, terceiro de dez sílabas, quarto com quatro sílabas, etc.
2. Rimas ricas: os poetas devem evitar as rimas pobres, isto é, aquelas estabelecidas por
palavras da mesma classe gramatical, como substantivo com substantivo, adjetivo com
adjetivo, etc.
3. Objetividade e impassibilidade: o artista deve ser impessoal, fugindo de confissão e do
extravasamento subjetivo. Além de fugir do EU, o poeta deve manter uma serenidade e
uma neutralidade olímpicas face ao espetáculo humano.
4. Preferência pelo soneto: os parnasianos reivindicam a tradição clássica do soneto,
composição poética centrada obrigatoriamente em dois quartetos e dois tercetos e que
se encerra com uma “chave de ouro” – último verso, espécie de síntese do poema.

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5. Descritivismo: eliminado o EU, a participação pessoal e social, resta ao parnasiano uma


poética baseada no mundo dos objetos, objetos mortos, profusão de vasos, colares,
muros, etc. como se pode verificar neste poema de Alberto de Oliveira:
VASO GREGO
Esta de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada
Vinda do Olimpo, aum novo deus servia.

Era o poeta de Teos que a suspendia


Então, e, ora repleta ora esvazada,
A taça amiga aos dedos seus tinia
Toda de roxas pétalas colmada.

Depois... Mas o lavor da taça admira,


Toca-a, e do ouvido aproximando-o, às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce.

Ignota voz, qual se da antiga lira


Fosse a encantada música das cordas
Qual essa voz de Anacreonte fosse.

TEMÁTICA GRECO-ROMANA
Apesar de todo o esforço, os parnasianos não conseguiriam articular poemas sem
conteúdo e tiveram de achar um assunto desvinculado do mundo concreto para motivo de suas
criações. Escolheram a Antiguidade clássica, sua história e sua mitologia. Assisitmos então
a centenas de textos que falam de deuses, heróis, personagens históricos, cortesãs, fatos
lendários e atpe mesmo objetos. A sesta de Nero, de Olavo Bilac foi considerado, na época um
grande poema:
“Fulge de luz banhado, esplêndido e suntuoso,
O palácio imperial de pórfiro luzente
É marmor da Lacõnia. O teto caprichoso
Mostra em prata incrustado, o nácar de Oriente.”

O PARNASIANISMO NO BRASIL
No Brasil, o Parnasianismo representou um desligamento da realidade local no que essa
tinha de pobre, feia e suja. Na adoção de valores europeus, os poetas do período fecharam suas
obras para um mundo grosseiro, feito de hordas de miseráveis, pestes e exploração sonhando
apenas com Paris, a cidade-luz que os fascinava. Procuraram imitar os cacoetes e modismos da
burguesia internacional, criando algo como uma “belle époque” cabocla. Empertigados em seus
ternos de casimira, bebendo licores franceses, reunidos em cafés, envergonhavam-se do atraso
da nação e suspiravam pelas “cocottes” dos cabarés parisienses.
Tal era o desenraizamento cultural dessa gente que Olavo Bilac – o mais bem dotado entre
os parnasianos – resolveu, num mecanismo de compensação, elaborar uma poesia nacional. O
resultado foi quase sempre lamentável: poemetos patrioteiros, dentro daquela exaltação
ufanista própria de efemérides cívicas em perdidas cidadezinhas do interior. O nacionalismo
ingênuo de Bilac era fruto da alienação e do escoamento das verdadeiras contradições
brasileiras.

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No entanto, junto à pequena elite leitora de fins do século passado e das duas primeiras
décadas do século XX, - no Maximo cinco por cento da população – o Parnasianismo se impôs
completamente. A ponto que, por mais de trinta anos, o poeta insubmisso aos princípios do
movimento fosse considerado artista inferior. Os simbolistas, por exemplo, seriam
ridicularizados ou ignorados. Tamanho foi este domínio que a Semana de Arte Moderna teve,
na questão literária, o objetivo de destruir os resíduos parnasianos, ainda envolventes e
atuantes.
A primeira manifestação parnasiana no Brasil data de 1882 quando da publicação de
Fanfarras de Teófilo Dias. O movimento estrutura-se e ganha prestígio popular com Olavo
Bilac, Raimundo Correia e Alberto de Oliveira, que constituem a famosa tríade parnasiana.
AUTORES PARNASIANOS
Alberto de Oliveira
Considerado um mestre da estética, Alberto de Oliveira (1857-1937) também ficou
conhecido como o mais perfeito dos poetas parnasianos. Destacava em seus poemas a perfeição
formal, bem como a métrica rígida e a linguagem esmerada.
É enquadrado no Parnasianismo a partir do seu segundo livro, Meridionais.
Vaso Grego
Esta, de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.

Era o poeta de Teos que a suspendia


Então e, ora repleta ora, esvazada,
A taça amiga aos dedos seus tinia
Toda de roxas pétalas colmada.

Depois... Mas o lavor da taça admira,


Toca-a, e, do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,

Ignota voz, qual se da antiga lira


Fosse a encantada música das cordas
Qual se essa a voz de Anacreonte fosse.
RAIMUNDO CORRÊA
Raimundo Corrêa (1859-1911) é enquadrado na escola do Parnasianismo a partir do livro
Sinfonias. Antes disso, atuava como autor do Romantismo e demonstrava clara influência de
Castro Alves e Gonçalves Dias.
Seus temas preferidos são a perfeição formal dos objetos e a cultura clássica. Usa versos
impressionistas para cantar a natureza e tem com marca, ainda, a poesia de meditação em que
o pessimismo e a desilusão são características.
As Pombas
Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada...

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E à tarde, quando a rígida nortada


Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...

Também dos corações onde abotoam,


Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam,


Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...
OLAVO BILAC
Olavo Bilac (1865-1918) teve sua carreira inteiramente enquadrada no Parnasianismo.
Usava de linguagem elaborada, com inversões da estrutura gramatical e busca da perfeição
métrica. A produção literária está nas obras Penóplias, Via Láctea, Sarças de Fogo, Alma
Inquieta, As Viagens e Tarde.

Via Láctea
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" Eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto


A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e, em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo


Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!


Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".

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EXERCÍCIOS
1. Leia.
Mal secreto
Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse, o espírito que chora,


Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo


Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,


Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!
CORREIA, R. In: PATRIOTA, M. Para compreender Raimundo Correia. Brasília: Alhambra, 1995.
Coerente com a proposta parnasiana de cuidado formal e racionalidade na condução
temática, o soneto de Raimundo Correia reflete sobre a forma como as emoções do indivíduo
são julgadas em sociedade. Na concepção do eu lírico, esse julgamento revela que
a) a necessidade de ser socialmente aceito leva o indivíduo a agir de forma dissimulada.
b) o sofrimento íntimo torna-se mais ameno quando compartilhado por um grupo social.
c) a capacidade de perdoar e aceitar as diferenças neutraliza o sentimento de inveja.
d) o instinto de solidariedade conduz o indivíduo a apiedar-se do próximo.
e) a transfiguração da angústia em alegria é um artifício nocivo ao convívio social.
2. Assinale a alternativa correta a respeito do Parnasianismo:
a) A inspiração é mais importante que a técnica.
b) Culto da forma: rigor quanto às regras de versificação, ao ritmo, às rimas ricas ou raras.
c) O nome do movimento vem de um poema de Raimundo Correia.
d) Sua poesia é marcada pelo sentimentalismo.
e) No Brasil, o Parnasianismo conviveu com o Barroco.
3. Com relação ao Parnasianismo, são feitas as seguintes afirmações.
I. Pode ser considerado um movimento antirromântico pelo fato de retomar muitos
aspectos do racionalismo clássico.
II. Apresenta características que contrastam com o esteticismo e o culto da forma.
III. Definiu-se, no Brasil, com o livro “Poesias”, de Olavo Bilac, publicado em 1888.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e III.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.

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4. Com relação ao Parnasianismo, é correto afirmar:


a) É sentimentalista;
b) Assume uma visão crítica da sociedade;
c) Seus autores estiveram sempre atentos às transformações do final do século XIX e início
do seguinte;
d) O seu traço mais característico é o endeusamento da forma;
e) Seu poeta mais expressivo, Olavo Bilac, defendeu um retorno à arte barroca.
5. (PUC-MG)
“Estranho mimo aquele vaso! Vi-o,
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.” trecho do poema em destaque é parnasiano.
Ele revela um poeta:
a) distanciado da realidade.
b) engajado.
c) crítico.
d) irônico.
e) informal.

GABARITO
1. A
2. B
3. C
4. D
5. A

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SUMÁRIO
SIMBOLISMO ..................................................................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO AO SIMBOLISMO .................................................................................................................... 2
CARACTERÍSTICAS SIMBOLISTAS ............................................................................................................... 2
O SIMBOLISMO BRASILEIRO .......................................................................................................................... 3
O POETA SIMBOLISTA CRUZ E SOUSA ....................................................................................................... 4
REPRESENTANTES ...................................................................................................................................... 4
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 5
GABARITO ...................................................................................................................................................... 6

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SIMBOLISMO
INTRODUÇÃO AO SIMBOLISMO
A partir de 1880, na França, verifica-se uma reação contra as soluções cientificistas da
classe dominante, representadas pelo fatalismo naturalista e pelo rigor parnasiano.
Neste sentido, o Simbolismo surge não apenas como uma estética oposta à
literatura (poesia especificamente) objetiva, plástica e descritiva, mas como uma recusa
a todos os valores ideológicos e existenciais da burguesia. Em vez da “belle époque” do
capitalismo financeiro e industrial, do Imperialismo que se adonava de boa parte do mundo,
temos o marginalismo de Verlaine, o amoralismo de Rimbaud e a destruição da linguagem por
Mallarmé.
O artista experimenta agora, à maneira dos românticos, um profundo mal-estar na cultura
e na realidade. Mergulha então no irracional, fugindo ao mundo proposto pelo racionalismo
burguês, e descobrindo neste mergulho um universo estranho de associações de idéias,
lembranças sem um significado definido. Universo etéreo e brumoso, de sensações
evanescentes que o poeta deve reproduzir através da palavra escrita, se é que existem palavras
para exprimi-las:
“Névoas e névoas frígidas ondulam
Alagam lácteos e fulgentes rios
Que na enluarada refração tremulam
Dentre fosforescência, calafrios...”
(Cruz e Sousa)

O Simbolismo define-se assim pelo antiintelectualismo. Propõe a poesia pura não


racionalizada, que use imagens e não conceitos. É uma poesia difícil, hermética, misteriosa,
que destrói a poética tradicional.
As origens primeiras do movimento encontram-se em Baudelaire, cuja obra máxima, As
flores do mal, antecipa certas perspectivas simbolistas. Em 1884, Verlaine publica sua Arte
poética, onde os princípios da escola já são evidentes. Em 1886, Jean moréas, vale-se de um
manifesto para elaborar teoricamente o Simbolismo. Diz Moréas:
“Inimiga do ensinamento, da declamação, da falsa sensibilidade, da descrição objetiva, a
poesia simbolista procura vestir a Ideia de uma forma sensível.”
CARACTERÍSTICAS SIMBOLISTAS
a) Subjetivismo:
os simbolistas retomam a subjetividade da arte romântica com outro sentido. Os
românticos desvendavam apenas a primeira camada da vida interior, onde se localizavam
vivências quase sempre de ordem sentimental. Os simbolistas irão mais longe descendo até os
limites do subconsciente e mesmo do inconsciente. Este fato explica o caráter ilógico ou o clima
de delírio de grande número de poemas:
“Cristais diluídos de clarões álacres,
Desejos, vibrações, ânsias, alentos
fulvas vitórias, triunfamentos acres
os mais estranhos estretecimentos...”
(Cruz e Sousa)

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b) Sugestão:
Sua observação é chave para o entendimento da poética simbolista. Abandona-se o
descritivismo parnasiano em busca de uma revitalização do gênero lírico. São criadas novas
imagens, novas metáforas, símbolos. Acentua-se o caráter obscuro de certas palavras, o emotivo
de outras, tudo como repúdio à linguagem poética usual, carregada de lugares-comuns, clichês,
frases-feitas que se repetiam de geração a geração. Trata-se de reinventar a linguagem, explorar
suas possibilidades, recriá-la palavra após palavra, à procura de imagens originais e
envolventes. A verdadeira poesia consiste em não-dizer, em insinuar, sugerir.
Cruz e Sousa foi especilalista na utilização de imagens ousadas com efeito de sugestão.
Angustia sexual e erotismo misturam-se na exaltação de uma mulher:
“Cróton selvagem, tinhorão lascivo
Planta mortal, carnívora, sangrenta,
De tua carne báquica rebenta
A vermelha explosão de um sangue vivo.”
c) Musicalidade:
Na tentativa de sugerir infinitas sensações aos leitores, os simbolistas aproximarão a
poesia da música. Entendamos: não se trata de poesia com fundo musical, mas poesia com
musicalidade em si mesma, através do manejo especial de ritmos da linguagem, esquisitas
combinações de rimas, repetição intencional de certos fonemas, etc. realiza-se assim a exigência
de Verlaine: “A música antes de qualquer coisa”. Somos atingidos pela sonoridade de qualquer
bom poema simbolista:
“Vozes, veladas, veludosas vozes
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”
(Cruz e Sousa)

d) Irracionalismo e mistério
No principio, os simbolistas têm como projeto “revestir” as idéias de uma “forma
sensível”, isto é, traduzi-las para uma linguagem simbólica e musical. Pouco a pouco, este
intelectualismo se converte numa aventura antiintelectual, numa negativa às chances de
comunicação lógica entre os homens. “Nós não estamos no mundo”, brada Rimbaud, o mundo
concreto se esvaiu em nossos pés, perdeu sua inteligibilidade. Agora é puro mistério: atrás da
ordem aparente das coisas estão o caos, a névoa, a bruma, a neblina, o incorpóreo, o
fantasmagórico, o estranho, o inefável.
“Infinitos, espíritos dispersos
Inefáveis, edênicos, aéreos
Fecundai o Mistério destes versos
Com a chama ideal de todos os mistérios.”
(Cruz e Sousa)

O SIMBOLISMO BRASILEIRO
O Simbolismo foi entre nós um movimento marginal. Desenvolveu-se apenas em estados
periféricos e de pouca ressonância cultural: estados do Sul e Minas Gerais. Sufocados pela
dominação parnasiana, os poetas simbolistas não tiveram maior repercussão junto ao publico
e à crítica da época. Depois de 1922, alguns deles foram revalorizados.

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Não se pense, contudo, que a marginalidade simbolista implicou numa mudança das
relações de dependência estabelecidas entre os nossos letrados e os valores europeus. A
exemplo dos parnasianos – e às vezes é difícil identificar as diferenças entre ambos, inclusive
poeticamente – os simbolistas transplantaram uma cultura que não tinha nada a ver com o
nosso contexto. Daí uma poesia completamente afastada do espaço histórico brasileiro. E que
desse ponto de vista tem sua validade literária comprometida.
As primeiras experiências da nova estética foram realizadas por Medeiros e Albuquerque,
a partir de 1890. Porém, as manifestações basicamente simbolistas competiriam a Cruz e Sousa
que, em 1893, lançava dosi textos sob a égide renovadora: Broquéis e Missal. O primeiro era
poesia em versos, e o segundo, um livro constituído por poemas em prosa.
O POETA SIMBOLISTA CRUZ E SOUSA
A poesia de Cruz e Sousa refelte a ambigüidade quase inevitável dos letrados procedentes
de grupos marginalizados. Ao se alçarem, eles sentem uma espécie de compromisso com o
passado, mas não conseguem fugir do prestigio das formas de expressão da classe dominante.
A vingança de Cruz e Sousa contra o preconceito de cor não se daria através de uma
aproximação com seu mundo étnico. Ele buscaria na aristocratização intelectual, no
hermetismo, na imitação do “dernier cri” parisiense, o sinal de sua diferença em relação aos
escritores brancos vinculados ao Parnasianismo. Como diz Roger Bastide, ele quis mostrar que
o negro não era um materialista, preso à terra e ao prazer dos sentidos.
Daí a espiritualização contínua de sua poesia, que sonha em desfazer-se de todos os
referenciais concretos. Trata-se de uma poesia limpa das impurezas da vida, imaculada,
obsessivamente branca.
Essa tendência à espiritualização, ao idealismo platônico encontra a sua correspondência
numa linguagem difícil, requintada, musical, dominada por palavras que indicam a cor branca.
“Ó Formas alvas, brancas, Formas claras
De luares, de neves de neblinas!”
REPRESENTANTES
• Cruz e Sousa
• Alphonsus de Guimaraens
Cruz e Sousa (1861-1898)
Considerado o precursor do simbolismo no Brasil, João da Cruz e Sousa foi um poeta
brasileiro nascido em Florianópolis. Sua obra é marcada pela musicalidade e espiritualidade
com temáticas individualistas, satânicas, sensuais. Suas principais obras: Missal (1893),
Broquéis (1893), Tropos e fantasias (1885), Faróis (1900) e Últimos Sonetos (1905).
Alphonsus de Guimarães (1870-1921)
Um dos principais poetas simbolistas do Brasil, Afonso Henrique da Costa Guimarães,
possui uma obra marcada pela sensibilidade, espiritualidade, misticismo, religiosidade. Sua
temática é a morte, a solidão, o sofrimento e o amor. Sua produção literária apresenta
características neorromântico, árcades e simbolistas. Suas principais obras: Setenário das
dores de Nossa Senhora (1899), Dona Mística (1899), Kyriale (1902), Pastoral aos crentes do
amor e da morte (1923).

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EXERCÍCIOS
1. LEIA
Vida obscura
Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro
ó ser humilde entre os humildes seres,
embriagado, tonto de prazeres,
o mundo para ti foi negro e duro.
Atravessaste no silêncio escuro
a vida presa a trágicos deveres
e chegaste ao saber de altos saberes
tornando-te mais simples e mais puro.
Ninguém te viu o sofrimento inquieto,
magoado, oculto e aterrador, secreto,
que o coração te apunhalou no mundo,
Mas eu que sempre te segui os passos
sei que a cruz infernal prendeu-te os braços
e o teu suspiro como foi profundo!
(SOUSA, C. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1961)

Com uma obra densa e expressiva no Simbolismo brasileiro, Cruz e Souza transpôs para
seu lirismo uma sensibilidade em conflito com a realidade vivenciada. No soneto, essa
percepção traduz-se em
a) sofrimento tácito diante dos limites impostos pela discriminação.
b) tendência latente ao vício como resposta ao isolamento social.
c) extenuação condicionada a uma rotina de tarefas degradantes.
d) frustração amorosa canalizada para as atividades intelectuais.
e) vocação religiosa manifesta na aproximação com a fé cristã.
2. (Mackenzie)
“Ah! plangentes violões dormentes, mornos,
Soluços ao luar, choros ao vento…
Tristes perfis, os mais vagos contornos,
Bocas murmurejantes de lamento.
Sutis palpitações à luz da lua.
Anseio dos momentos mais saudosos,
Quando lá choram na deserta rua
As cordas vivas dos violões chorosos.
Quando os sons dos violões vão soluçando,
Quando os sons dos violões nas cordas gemem,
E vão dilacerando e deliciando,
Rasgando as almas que nas sombras tremem.
Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”
As estrofes anteriores, claramente representativas do_____ , não apresentam _____ .

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Assinale a alternativa que completa corretamente AS DUAS lacunas anteriores.


a) Romantismo – sinestesia
b) Simbolismo – aliterações e assonâncias
c) Romantismo – musicalidade
d) Parnasianismo – metáforas e metonímias
e) Simbolismo – versos brancos e livres
3. Sobre o Simbolismo, é incorreto afirmar que:
a) Na França, o poeta francês Arthur Rimbaud é considerado precursor do simbolismo por
ter publicado “As flores do mal”.
b) Abundância de metáforas e figuras sonoras.
c) As obras buscam sugerir os objetos como símbolos, como ao usar a cruz para falar de
sofrimento.
d) Três das temáticas mais comuns do simbolismo são: sonho, mistério e morte.
e) No Brasil, três grandes poetas destacaram-se dentro do movimento simbolista: Augusto
dos Anjos, Cruz e Souza e Alphonsus de Guimarães.
4. Os autores do simbolismo:
a) propunham o exercício da subjetividade contra a objetividade, retomando, de modo
diferente, o individualismo romântico.
b) não acreditavam que a realidade era complexa demais para ser apreendida e descrita de
maneira objetiva e racional.
c) não cultivavam a forma fixa dos sonetos.
d) não apresentavam interesse pelo inconsciente e pelas zonas profundas e desconhecidas
da mente humana.
e) eram positivistas e naturalistas.
5. Das alternativas abaixo, indique a que não se aplica ao Simbolismo:
a) Procura evocar a realidade e não descrevê-la minuciosamente.
b) O poeta evita que os sentimentos interfiram na abordagem da realidade.
c) O valor musical dos signos linguísticos é um efeito procurado pelos poetas.
d) O simbolismo mantém ligações com a poética romântica.
e) tema da morte é valorizado pelos simbolistas.

GABARITO
1.A
2.E
3.A
4.A
5.B

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SUMÁRIO
PRÉ-MODERNISMO............................................................................................................................................ 2
INTRODUÇÃO AO PRÉ-MODERNISMO .......................................................................................................... 2
CARACTERÍSTICAS DO PRÉ-MODERNISMO................................................................................................ 2
A QUESTÃO DA CLASSIFICAÇÃO DO PERÍODO LITERÁRIO ............................................................................. 3
REPRESENTANTES (AURORES) ................................................................................................................... 3
GABARITO ...................................................................................................................................................... 8

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PRÉ-MODERNISMO
INTRODUÇÃO AO PRÉ-MODERNISMO
As duas primeiras décadas do século XX não registraram, no Brasil, convulsões
semelhantes às ocorridas na Europa. A abolição da escravatura e o golpe republicano não
haviam alterado as estruturas básicas do país. A economia – ainda voltada para as necessidades
dos países europeus – assentava-se na dependência externa e no domínio interno dos
cafeicultores.
Porém, algumas mudanças iam se desenhando. A urbanização, o crescimento industrial e
a imigração modificam a fisionomia da sociedade brasileira. Nas cidades, formava-se uma classe
média reformista. Simultaneamente, emergia uma massa popular insatisfeita e propensa a
revoltas irracionais: por exemplo, a rebelião contra a vacina obrigatória. Na zona rural, havia
cisões de maior ou menor intensidade dentro das classes dominantes. Das violentas, mas
restritas lutas entre coronéis em determinada região, até a verdadeira guerra civil – travada no
Rio Grande do sul – entre republicanos e maragatos. Não esqueçamos também que, nesse
período, irrompem as revoluções camponesas de Canudos (1896 – 1897) e do Contestado
(1912).

CARACTERÍSTICAS DO PRÉ-MODERNISMO
O movimento pendular da realidade brasileira entre imobilismo e modernização seria
transferido para a literatura. Com efeito, os primeiros vinte anos do século são marcados tanto
pela presença de resíduos culturais do século XIX, como pela busca de novas formas de
expressão. E acima de tudo, um desejo – um projeto, talvez – de redescoberta do Brasil. Do
Brasil doente, pobre, esquecido, ignorado. Uma tentativa de reinterpretação social do atraso e
da miséria.
Contudo, em termos gerias, a estética parnasiana ainda imperava, com sua ridícula
valorização do mundo Greco-latino, sua ideia da literatura como mera elaboração formal, como
“sorriso da sociedade”. Essas concepções pareciam ser o reflexo da “belle époque” cabocla, feita
de brilhos e luzes falsas, o Rio de Janeiro tentando se travestir de Paris. Ao lado do beletrismo
e da inflexão bacharelesca, os simbolistas retardatários ainda sonhavam com neves e neblinas,
escutavam os violinos de Verlaine, tomadas por estremecimentos e outras sensações inefáveis,
perdendo completamente o rumo da realidade, a ponto de poderem gritar, como Rimbaud: “Nós
não estamos no mundo”.
O pêndulo balançava, entretanto. Alguns artistas manifestavam o seu inconformismo com
o universo dos grupos dirigentes. Euclides da Cunha denunciaria o massacre do povo sertanejo,
em Canudos, no que chamou “crime da nacionalidade”. Lima Barreto satirizaria o oportunismo
e a mediocridade dos letrados ornamentais ao mesmo tempo que incorporava à ficção os
habitantes pobres dos subúrbios. Monteiro Lobato descobriria o caboclo das cidades mortas do
interior de São Paul, com seus o, Simões Lopes Neto registraria a violência da campanha
meridional, enquanto Graça aranha elogiaria o espírito modernizador da imigração. Por outro
lado, contra a poesia de “mármores helênicos” de Bilac constrói-se a poesia suja e “impura” de
Augusto dos Anjos, com seus versos intencionalmente grotescos, cheios de vermes e cadáveres.
Compreende-se hoje porque aqueles autores que tinham algo de novo a dizer foram
objetos de uma indiferença arbitrária. É que teimavam em mostrar a face mais sórdida e mais
sombria da nação. Fechou-se sobre uma conspiração de silencio e de esquecimento que ainda
agora é preciso romper.

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A QUESTÃO DA CLASSIFICAÇÃO DO PERÍODO LITERÁRIO


Esses vinte anos (1900-1920) apresentam as linhas mais variadas entrechocam-se
múltiplas tendências, várias correntes e estilos, as ideologias mais contraditórias. É comum
encontrar-se no mesmo autor aspectos acadêmicos misturados com posições revolucionarias.
A indefinição e ecletismo do momento e o seu caráter anunciador de crises levariam Alceu de
Amoroso Lima – muitos anos mais tarde – à criação do termo “pré-modernismo”. Um conceito
que a rigor esclarece. Mas, pela falta de outra classificação, passou a ser um referencial didático
para as obras produzidas na época.
Sem constituir um movimento literário propriamente dito, o Pré-Modernismo consiste na
fase de transição entre a produção literária do final do século XIX e o movimento modernista.
Embora os autores pré-modernistas ainda estivessem presos aos modelos do romance
realista-naturalista e da poesia simbolista, duas novidades essenciais podem ser observadas
em suas obras:
a) O interesse pela realidade brasileira
b) A busca de uma linguagem mais simples e coloquial.

REPRESENTANTES (AURORES)
• Euclides da Cunha
• Graça Aranha
• Lima Barreto
• Monteiro lobato
• Augusto dos Anjos
• Simões Lopes Neto

OS SERTÕES: denúncia de violência


A obra “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, publicada cinco anos depois do término do
conflito, consiste em uma tentativa de rever a versão oficial da guerra de Canudos.
Com sua obra, Euclides não pretendia apenas contar o que presenciara no sertão.
Munido das teorias cientificas vigentes – determinismo, positivismo e conhecimentos de
sociologia e geografia natural e humana – pretendia também compreender e explicar o
fenômeno cientificamente.
Os Sertões, portanto, constitui uma experiência única em nossa literatura: é uma obra
com estilo literário, de fundo histórico e de rigor cientifico.

Alphonsus de Guimarães (1870-1921)


Um dos principais poetas simbolistas do Brasil, Afonso Henrique da Costa Guimarães,
possui uma obra marcada pela sensibilidade, espiritualidade, misticismo, religiosidade. Sua
temática é a morte, a solidão, o sofrimento e o amor. Sua produção literária apresenta
características neorromântico, árcades e simbolistas. Suas principais obras: Setenário das
dores de Nossa Senhora (1899), Dona Mística (1899), Kyriale (1902), pastoral aos crentes do
amor e da morte (1923).

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LIMA BARRETO: o crítico marginal


Na cidade do Rio de Janeiro, dominada culturalmente pelos letrados de nossa “belle
époque”, a contestação artística se fazia de forma mais problemática. Daí as dificuldades e
provocações que Lima Barreto enfrentou, ao produzir uma literatura inteiramente
desvinculada dos padrões e do gosto vigente.
Numa opção voluntária, abandona o mundo helênico, os deuses olímpicos para
revelar sobretudo a tristeza dos subúrbios, com seus funcionários públicos aposentados,
operários, tocadores de violões, raparigas sonhadoras, etc. Além disso – e como negação da
época – inculcou em sua obra uma justa preocupação com os fatos históricos e com os
costumes sociais, tornando-se uma espécie de brilhante cronista da antiga capital federal.
Era uma brutal mudança de enfoque. Poucos aceitaram aqueles contos e romances que
desvelavam a vida cotidiana das classes populares, sem qualquer idealização, ainda que cheios
de simpatia humana para os protagonistas mais humildes. Lima Barreto se vingaria da
hostilidade dos escritores e do público burguês através da caricatura.

MONTEIRO LOBATO: o moderno antimodernista?


Lobato situa-se entre os autores regionalistas do pré-modernismo e destaca-se no gênero
conto. o universo retratado por ele geralmente são os vilarejos decadentes e as populações do
Vale do Paraíba na época da crise do plantio do café.
Escritor sem nenhuma pretensão de promover renovação psicológica ou estética, Lobato
foi antes de tudo um extraordinário contador de historias, de casos interessantes, preso ainda
a certos modelos realistas. Dono de um estilo cuidadoso, não perdeu oportunidade para criticar
certos hábitos brasileiros, como obediência a modelos estrangeiros subserviência ao
capitalismo internacional, a submissão das massas eleitorais, o nacionalismo ufanista cego, etc..
Apesar de ideologicamente avançado, do ponto de vista artístico mostrou-se conservador
quando começaram a surgir as primeiras manifestações modernistas em São Paulo. Ficou
famoso o seu polêmico artigo intitulado “Paranóia ou mistificação”.

Euclides da Cunha (1866-1909)


Euclides Rodrigues da Cunha foi um escritor, poeta, ensaísta, jornalista, historiador,
sociólogo, geógrafo, poeta e engenheiro brasileiro. Ocupou a cadeira 7 na Academia Brasileira
de Letras de 1903 a 1906.Publicou "Os Sertões: Campanha de Canudos" em 1902, a qual é
dividida em três partes: A Terra, o Homem, A Luta. A obra regionalista retrata a vida do
sertanejo. Publicou também a Guerra de Canudos (1896-1897) no interior da Bahia.

Graça Aranha (1868-1931)


José Pereira da Graça Aranha foi um escritor e diplomata maranhense. Um dos fundadores
da Academia Brasileira de Letras e um dos organizadores da Semana de Arte Moderna de 1922.
Sua obra que merece destaque é "Canaã" publicada em 1902. A obra aborda a migração alemã
no estado do Espírito Santo. Outras obras que merecem destaque: Malazarte (1914), A Estética
da Vida (1921) e Espírito Moderno (1925).

Monteiro Lobato (1882-1948)


José Bento Renato Monteiro Lobato foi um escritor, editor, ensaísta e tradutor brasileiro.
Um dos mais influentes escritores do século XX, Monteiro Lobato ficou muito conhecido por
suas obras infantis de caráter educativo, como por exemplo, a série de livros do Sítio do Picapau
Amarelo. Em 1918 publica "Urupês" uma coletânea regionalista de contos e crônicas. Já em
1919 publica "Cidades Mortas" livro de contos que retrata a queda do Ciclo do Café.

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Lima Barreto (1881-1922)


Afonso Henriques de Lima Barreto, conhecido como Lima Barreto, foi um escritor e
jornalista brasileiro. Autor de uma obra critica veiculada aos temas sociais, o escritor rompe
com o nacionalista ufanista e faz críticas ao positivismo. Sua obra que merece destaque é o
"Triste Fim de Policarpo Quaresma" escrito numa linguagem coloquial. Nela o autor faz crítica
à sociedade urbana da época.

FIXAÇÃO
1. A produção literária de Lima Barreto foi marcada pela investigação das desigualdades
sociais. Houve, por parte do escritor, uma leitura crítica sobre os homens e suas relações
em uma sociedade provinciana e hipócrita. De acordo com essas afirmações, é correto
dizer que Lima Barreto filiou-se à corrente literária denominada Pré-Modernismo, cujas
principais características eram:
a) desencadeada tardiamente nos anos 20, foi fortemente influenciada pelas vanguardas
europeias e possuiu amplo espectro cultural, cujo ápice foi a realização da Semana
Nacional de Arte Moderna, em 1922.
b) movimento artístico e cultural que se desenvolveu na segunda metade do século XIX,
suas principais características foram a abordagem de temas sociais, expondo as mazelas
do homem e sua sociedade, além da retratação do homem através de uma visão objetiva.
c) Situada aproximadamente nas duas primeiras décadas do século XX, não é associada a
nenhuma escola literária, visto que não correspondia às estéticas propagadas à época.
Apresentou novas vertentes estilísticas e novas temáticas em nossa literatura.
d) Importante corrente de vanguarda iniciada em 1956, rompeu drasticamente com os
padrões da arte tradicional ao apresentar uma literatura de caráter agressivo e
experimental, influenciando poetas, artistas plásticos e músicos.
e) Período de transição para a Literatura Contemporânea. Teve como representantes:
Décio Pignatari, Ferreira Gullar e Cacaso.

2. Leia.

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O personagem Jeca Tatu é um dos mais famosos da obra de Monteiro Lobato. No livro Urupês,
Lobato desconstrói a imagem idealizada do homem rural
Esse anúncio retratava aspectos da sociedade brasileira da época, expressando críticas
principalmente às condições de:
a) acesso à escolarização
b) assistência médico-hospitalar
c) salubridade nas áreas rurais
d) integração econômica regional
e) êxodo Rural

3. Leia.
Saia de mim como suor
Tudo o que eu sei de cor
Sai de mim como excreto
Tudo que está correto
Saia de mim [...]
Tudo o que for perfeito
Saia de mim como um grito
Tudo o que eu acredito
Tudo que eu não esqueça
Tudo que for certeza
Saia de mim vomitado,
Expelido, exorcizado
Tudo que está estagnado
Saia de mim como escarro [...]
Sangue, lágrima, catarro
Saia de mim a verdade!”.
Saia de mim – Arnaldo Antunes
Podemos perceber, nos versos da música Saia de mim, do grupo Titãs, uma linguagem que tem
nitidamente como intenção chocar e subverter valores sociais regidos por uma tendência
politicamente correta. As palavras incomuns utilizadas nos versos denunciam uma forte
influência do seguinte poeta:
a) Paulo Leminski.
b) Haroldo de Campos.
c) Gregório de Matos.
d) Augusto dos Anjos.
e) Monteiro Lobato

4. Assinale a alternativa que enumera apenas escritores da literatura Pré-modernista


brasileira:
a) Augustos dos Anjos, Lima Barreto, Raul Pompeia;
b) Euclides da Cunha, Monteiro Lobato, Alcântara Machado;
c) Machado de Assim, Lima Barreto, Augusto dos Anjos;
d) Lima Barreto, Euclides da Cunha, Monteiro Lobato.

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5. Considere os dados:
I. Contraste entre um Brasil arcaico – representado principalmente pelo tradicionalismo
agrário – e outro, com novos centros urbanos marcados pelo início da industrialização e
pela emergência de novas classes socioeconômicas;
II. Problematização da realidade social e cultural pela revelação das tensões da vida
nacional;
III. Primeira Guerra Mundial e crise da República Velha;
IV. Modernidade estilística e negação do estilo da belle époque.
Caracterizam o período histórico e cultural do Pré-Modernismo, em que se insere Lima Barreto,
os dados contidos em:
a) I, II, III e IV.
b) II e III, apenas.
c) I, II e III, apenas.
d) II, III e IV, apenas.
e) I e II, apenas.

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GABARITO
1.C
2.C
3.D
4.D
5.A

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SUMÁRIO
VANGUARDAS EUROPEIAS ................................................................................................................................ 2
VANGUARDAS EUROPEIAS ............................................................................................................................ 2
CONTEXTO HISTÓRIC DAS VANGURADAS EUROPEIAS .................................................................................. 2
EXPRESSIONISMO ...................................................................................................................................... 2
FAUVISMO ................................................................................................................................................. 3
CUBISMO ................................................................................................................................................... 3
FIXAÇÃO ............................................................................................................................................................. 4
GABARITO ...................................................................................................................................................... 8

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VANGUARDAS EUROPEIAS
VANGUARDAS EUROPEIAS
As Vanguardas Europeias representam um conjunto de movimentos artísticos-culturais
que ocorreram em diversos locais da Europa a partir do início do século XX. As vanguardas
artísticas europeias que se destacaram foram: Expressionismo, Fauvismo, Cubismo, Futurismo,
Dadaísmo, Surrealismo. Juntos, esses movimentos influenciaram a arte moderna mundial desde
pintura, escultura, arquitetura, literatura, cinema, teatro música, etc.
As vanguardas artísticas ultrapassaram o limite até então encontrado nas artes, propondo
assim, novas formas de atuação estética ao questionar os padrões impostos. No Brasil, elas
influenciaram diretamente o movimento modernista, que teve início com a Semana de Arte
Moderna de 1922. A palavra vanguarda, do francês “avant-garde” significa a “guarda avançada”,
o que pressupõe, nesse contexto, um movimento pioneiro das artes.

CONTEXTO HISTÓRIC DAS VANGURADAS EUROPEIAS


Com o advento da Revolução Industrial no século XIX e da Primeira Guerra Mundial no
início do século XX, a sociedade passava por diversas transformações. Destacam-se os avanços
tecnológicos, progressos industriais, descobertas científicas, dentre outros. Nesse sentido, a
arte demostrou a necessidade de propor novas formas estéticas e de fruição artística, pautadas
na realidade vigente. Dessa forma, os movimentos artísticos europeus surgidos no fervor dos
ideais da época foram diretamente contra os ideais da guerra. Os artistas utilizavam da ironia e
da capacidade de “chocar” o público, a fim de despertar outras maneiras de apreciar e refletir
sobre a vida. Por outro lado, um deles exaltou os avanços tecnológicos e o progresso, como é o
caso do futurismo italiano.

EXPRESSIONISMO

O
Grito (1893) de Edvard Munch

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Surgido em Dresden, na Alemanha, em 1905, o expressionismo foi um movimento


artístico que teve origem com o grupo Die Brücke - que em português significa "A ponte". Ernst
Kirchner, Erich Heckel e Karl Schidt-Rottluff foram os artistas que se uniram para criar esse
coletivo calcado na expressão dos sentimentos e emoções.
Possuía um caráter deveras subjetivo, irracional, pessimista e trágico, justamente por
enfatizar as mazelas e os problemas do ser humano. Esse estilo de arte vem como uma oposição
a outro movimento anterior, o impressionismo.O artista norueguês Edvard Munch pode ser
considerado a grande inspiração do Die Brücke e precursor do expressionismo. Sua obra mais
importante é O Grito (1893), uma das mais emblemáticas do pintor. Além dele, merece
destaque o artista Van Gogh, que também influenciou profundamente o movimento.

FAUVISMO

A dança (1910), de Matisse

O fauvismo foi um estilo de pintura baseado na intensidade cromática, simplificação das


formas e utilização de cores puras, além de usá-las arbitrariamente, sem compromisso com as
cores reais. Por conta dessas características, durante o Salão de Outono, alguns pintores desse
movimento foram chamados pelos críticos de fauves ("os feras" em português). Alguns nomes
importante do fauvismo são: André Derain, Maurice de Vlaminck, Othon Friesz e Henri Matisse,
o mais conhecido.

CUBISMO

As damas d'Avignon (1907) de Pablo Picasso

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O cubismo foi um movimento artístico pautado na geometrização das formas e no


abstracionismo. Foi iniciado em 1907 pelo pintor espanhol Pablo Picasso, com a tela "Les
Demoiselles d'Avignon" (As damas d'Avignon). Outros representantes do movimento foram:
Georges Braque, Juan Gris e Fernand Léger. Essa corrente artística teve como inspiração o
trabalho do artista Cézanne e ramificou-se em duas vertentes: o cubismo analítico e cubismo
sintético. Na primeira, as formas e figuras foram tão desconstruídas e fragmentadas que
tornaram-se irreconhecíveis. No sintético, os artistas voltaram à representação figurativa, mas
não a uma abordagem realista dos temas.
No Brasil, o movimento cubista influenciou alguns artistas, como Tarsila do Amaral.

FIXAÇÃO
1. Observe a imagem a seguir.

(Henri Matisse, A dança, 260 x 390 cm, óleo s/ tela, 1910.)

Com base na pintura de Matisse e nos conhecimentos sobre as vanguardas europeias, considere
as afirmativas a seguir.
I. Matisse utiliza o equilíbrio entre a cor e o traço; a aparente simplicidade reitera certo
lirismo da pintura.
II. Os trabalhos de Matisse fazem parte de um contexto caracterizado por experimentações
para transcender a natureza.
III. A pintura faz parte de um momento da pesquisa artística de Matisse em que buscava
uma rígida estruturação formal em suas composições.
IV. Nessa imagem, Matisse expressou sentimentos dramáticos, tais como a solidão, a morte
e o abandono, notados nos elementos compositivos.

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Assinale a alternativa correta.


a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

AMARAL, Tarsila do. O mamoeiro. 1925, óleo sobre tela, 65x70, IEB//USP

2. O modernismo brasileiro teve forte influência das vanguardas europeias. A partir da


Semana de Arte Moderna, esses conceitos passaram a fazer parte da arte brasileira
definitivamente. Tomando como referência o quadro O mamoeiro, identifica-se que, nas
artes plásticas, a
a) imagem passa a valer mais que as formas vanguardistas.
b) forma estética ganha linhas retas e valoriza o cotidiano.
c) natureza passa a ser admirada como um espaço utópico.
d) imagem privilegia uma ação moderna e industrializada.

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3. Na obra Cabeça de touro, o material descartado torna-se objeto de arte por meio da
a) reciclagem da matéria-prima original.
b) complexidade da combinação de formas abstratas.
c) perenidade dos elementos que constituem a escultura.
d) mudança da funcionalidade pela integração dos objetos.
e) fragmentação da imagem no uso de elementos diversificados.

O pintor espanhol Pablo Picasso (1881 -


1973), um dos mais valorizados no mundo
artístico, tanto em termos financeiros quanto
históricos, criou a obra Guernica em protesto
ao ataque aéreo à pequena cidade basca de
mesmo nome. A obra, feita para integrar o
Salão Internacional de Artes Plásticas de
Paris, percorreu toda a Europa, chegando aos
EUA e instalandose no MoMA, de onde sairia
apenas em 1981.

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4. Essa obra cubista apresenta elementos plásticos identificados pelo:

a) painel ideográfico, monocromático, que evoca várias dimensões de um evento,


renunciando à realidade, colocando-se em plano frontal ao espectador.
b) horror da guerra de forma fotográfica, com o uso da perspectiva clássica, envolvendo o
espectador nesse exemplo brutal de crueldade do ser humano.
c) uso das formas geométricas no mesmo plano, sem emoção e expressão, despreocupado
com o volume, a perspectiva e a sensação escultórica.
d) esfacelamento dos objetos abordados na mesma narrativa, minimizando a dor humana
a serviço da objetividade, observada pelo uso do claro-escuro.
e) uso de vários ícones que representam personagens fragmentados bidimensionalmente,
de forma fotográfica livre de sentimentalismo.

5. O quadro Les Demoiselles d’Avignon (1907), de Pablo Picasso, representa o rompimento


com a estética clássica e a revolução da arte no início do século XX.

(Picasso, O. Les Demoiselles d'Avignon. Nova York, 1907)

Essa nova tendência se caracteriza pela:


a) pintura de modelos em planos irregulares.
b) mulher como temática central da obra.
c) cena representada por vários modelos.
d) oposição entre tons claros e escuros.
e) nudez explorada como objeto de arte.

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GABARITO
1. A
2. B
3. D
4. A
5. A

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SUMÁRIO
VANGUARDAS EUROPEIAS II ............................................................................................................................. 2
VANGUARDAS EUROPEIAS ............................................................................................................................ 2
FUTURISMO ............................................................................................................................................... 2
DADAÍSMO................................................................................................................................................. 2
SURREALISMO ........................................................................................................................................... 3
FIXAÇÃO ............................................................................................................................................................. 4
GABARITO ...................................................................................................................................................... 8

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VANGUARDAS EUROPEIAS II
VANGUARDAS EUROPEIAS

FUTURISMO

Velocidade do Automóvel (1913) de Giacomo Balla

O movimento futurista foi encabeçado pelo poeta italiano Filippo Marinetti no dia 20 de
fevereiro de 1909. E no ano seguinte, diversos artistas lançam um Manifesto Futurista
relacionado diretamente com a pintura.
Suas principais características eram a exaltação da tecnologia, das máquinas, da
velocidade e do progresso. Um dos expoentes da pintura futurista foi o artista italiano Giacomo
Balla. Outros representantes são: Umberto Boccioni, Carlo Carrà, Luigi Russolo e Gino Severini.
No Brasil, os ideais da Semana de Arte Moderna, que inauguraram o movimento
modernista no país, sofreram grande influência do futurismo. Isso porque a rejeição ao passado,
bem como o culto do futuro, propulsionaram as ideias modernistas.

DADAÍSMO

A Fonte (1917), de Marcel Duchamp

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O dadaísmo foi um movimento ilógico encabeçado por Tristan Tzara em 1916, que mais
tarde ficou conhecido como o propulsor dos ideais surrealistas. Além dele, outros líderes do
movimento foram: o poeta alemão Hugo Ball e o pintor, escultor e poeta franco-alemão Hans
Arp.
As principais características do dadaísmo são: a espontaneidade da arte pautada na
liberdade de expressão, no absurdo e irracionalidade. Sem dúvida, o pintor e escultor
francês Marcel Duchamp foi uma das figuras mais emblemáticas do movimento dadaísta com
seus objetos prontos (ready-made) que se afastam de sua função original. A Fonte é uma das
obras mais representativas desse momento.

SURREALISMO

A
Persistência da Memória (1931) de Salvador Dalí

O surrealismo, liderado pelo artista André Breton, despontou em Paris em 1924.


Pautado no subconsciente, esse movimento era caracterizado por uma arte impulsiva,
fantástica e onírica. Alguns artistas que merecem destaque são Giorgio de Chirico, Max
Ernst, Joan Miró, René Magritte e Salvador Dalí. A literatura e as artes plásticas brasileiras
sofreram grande influência dessa vanguarda. Merecem destaque: o escritor Oswald de Andrade
e os artistas plásticos Tarsila do Amaral, Ismael Nery e Cícero Dias.

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FIXAÇÃO
1. Sobre o Futurismo, estão corretas as seguintes alternativas:

I. No Brasil, todas as tendências de vanguarda foram chamadas de Modernismo, que


equivale ao Futurismo, para os italianos, e ao Expressionismo, para os alemães.
II. Na literatura brasileira, seus principais representantes foram Manuel Bandeira e
Augusto Frederico Schmidt, que se apropriaram de ideais futuristas para a realização de
uma escrita automática e telegráfica.
III. O Futurismo difundiu-se por meio de manifestos e conferências, encontrando na
literatura seu meio ideal de realização artística.
IV. Entre suas principais características estão a decomposição das figuras em formas
geométricas, a não retratação da realidade de forma real (realidade fragmentada), a não
utilização da perspectiva e tridimensionalidade e o uso do humor.

a) Todas estão corretas.


b) Apenas I está correta.
c) I e III estão corretas.
d) II e IV estão corretas.
e) Todas estão corretas.

2. O Surrealismo buscou a comunicação com o irracional e o ilógico, deliberadamente


desorientando e reorientando a consciência por meio do inconsciente.
Fiona Bradley. Surrealismo, 2001

Verifica-se a influência do Surrealismo nos seguintes versos:


a) Um gatinho faz pipi.
Com gestos de garçom de restaurant-Palace
Encobre cuidadosamente a mijadinha.
Sai vibrando com elegância a patinha direita:
– É a única criatura fina na pensãozinha burguesa.
(Manuel Bandeira, “Pensão familiar”.)

b) A igreja era grande e pobre. Os altares, humildes.


Havia poucas flores. Eram flores de horta.
Sob a luz fraca, na sombra esculpida
(quais as imagens e quais os fiéis?)
ficávamos.
(Carlos Drummond de Andrade, “Evocação Mariana”.)

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c) Nunca me esquecerei desse acontecimento


na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
(Carlos Drummond de Andrade, “No meio do caminho”.)

d) E nas bicicletas que eram poemas


chegavam meus amigos alucinados.
Sentados em desordem aparente,
ei-los a engolir regularmente seus relógios
enquanto o hierofante armado cavaleiro
movia inutilmente seu único braço.
(João Cabral de Melo Neto, “Dentro da perda da memória”.)

e) Desde que estou retirando


só a morte vejo ativa,
só a morte deparei
e às vezes até festiva;
só morte tem encontrado
quem pensava encontrar vida,
e o pouco que não foi morte
foi de vida severina.
(João Cabral de Melo Neto, “Morte e vida severina.)

3. O autor foi o criador do Ready-made, termo criado para designar um tipo de objeto, por
ele inventado, que consiste em um ou mais artigos de uso cotidiano, produzidos em
massa, selecionados sem critério estético e expostos como obras de arte em espaços
especializados como museus e galerias. Ao transformar qualquer objeto em obra de arte,
o artista realiza uma crítica radical ao sistema da arte.

Assinale a alternativa que mencione respectivamente o nome do artista responsável pelos


trabalhos apresentados na questão e o movimento artístico que adotava os procedimentos
expostos no enunciado, levando muitos a exclamarem: “Isso não é arte!”
Fonte: Carol Strickland. Arte Comentada.

a) Marcel Duchamp – Dadaísmo


b) Georges Braque – Expressionismo;
c) Alberto Giacometti – Surrealismo;
d) Henri Moore – Surrealismo;
e) Franz Arp – Dadaísmo.

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4. Observe e compare as duas imagens:

Os quadros tratam do mesmo tema, embora pertençam a dois momentos distintos da história
da arte. O confronto entre as imagens revela um traço fundamental da pintura moderna, que se
caracteriza pela:
a) tentativa de compor o espaço pictórico com base nas figuras naturais.
b) ruptura com o princípio de imitação característico das artes visuais no Ocidente.
c) continuidade da preocupação com a nitidez das figuras representadas
d) secularização dos temas e dos objetos figurados com base na assimilação de técnicas do
Oriente.
e) busca em fundar a representação na evidência dos objetos.

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5. As vanguardas europeias não devem ser vistas isoladamente, uma vez que elas
apresentam alguns conceitos estéticos e visuais que se aproximam. Com base nos
conceitos vanguardistas, entre eles o de exploração de formas geometrizadas do
Cubismo, no início do século XX, o quadro Soldados jogando cartas explora uma:

a) uniformidade de tons como crítica à industrialização.


b) mecanização do homem expressa por formas tubulares.
c) aproximação impossível entre máquina e homem
d) imagem plana para expressar a industrialização.
e) abordagem sentimentalista do homem.

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GABARITO
1. C
2. D
3. A
4. B
5. B

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SUMÁRIO
MODERNISMO 1ª FASE...................................................................................................................................... 2
MODERNISMO ............................................................................................................................................... 2
MOVIMENTOS VANGUARDISTAS .............................................................................................................. 2
A PROSA DE FICÇÃO................................................................................................................................... 2
CARACTERISTICAS GERAIS DA LITERATURA MODERNA ................................................................................ 3
LIBERDADE DE EXPRESSÃO ........................................................................................................................ 3
INCORPORAÇÃO DO COTIDIANO ............................................................................................................... 3
LINGUAGEM COLOQUIAL .......................................................................................................................... 3
INOVAÇÕES TÉCNICAS ............................................................................................................................... 3
AMBIGUIDADE ........................................................................................................................................... 4
PARÓDIA .................................................................................................................................................... 4
A SEMANA DE ARTE MODERNA .................................................................................................................... 4
ANTECEDENTES NACIONAIS ...................................................................................................................... 4
A SEMANA ................................................................................................................................................. 4
OS MOVIMENTOS “PRIMITIVISTAS” .......................................................................................................... 5
OS REPRESENTANTES DE 22 ...................................................................................................................... 5
PRINCIPAIS REPRESENTANTES ................................................................................................................... 5
FIXAÇÃO ........................................................................................................................................................... 10
GABARITO .................................................................................................................................................... 14

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MODERNISMO 1ª FASE
MODERNISMO
A I Guerra Mundial representou o colapso do universo europeu. Durante quatro anos, os
principais países da Europa envolveram-se num conflito sem precedentes, causado pela
ambição imperialista de suas burguesias e pela manipulação do nacionalismo “Chauvinista” das
camadas populares. Prevista para durar pouco tempo, a guerra não foi a aventura épica que
supunham os altos-comandos militares. Interminável, estendeu-se nas trincheiras, onde os
soldados morriam como moscas. O morticínio, a brutalidade, o sacrifício inútil de milhões de
vítimas, além da ruína econômica, levaram à bancarrota todos os valores. Os códigos, os
padrões, a moral, a filosofia, a religião não podiam explicar a violência e a desintegração que
impregnavam a realidade. A própria linguagem artística parecia ultrapassada diante da
ferocidade dos eventos. E também ela – a exemplo do mundo que significava – era destruída e
substituída por novas tendências.
“Aquilo que entendemos por arte moderna já se presentificara na
primeira década do século XX, mas sua expansão e vitalidade deu-se na
segunda década, quando a guerra, as crises sociais e existências, a
Revolução na Rússia, o fim do grande ciclo burguês, favoreceram o
desenvolvimento de uma arte polêmica e destruidora. Por romper com
uma série de cânones, essa arte recebeu o nome de vanguarda, a que está
à frente do tempo.”
No contexto turbulento, os vários grupos inovadores se multiplicaram, levando suas
ousadias formais e temáticas até a negação de possibilidade da arte comunicar qualquer coisa.
Constituíram-se muitas “vanguardas”. No conjunto, não legaram obras-primas, mas
contribuíram para a liberdade de expressão e para a pesquisa estética. Interessam-nos aqui
apenas as revoltas literárias, especificamente as que tiveram repercussão no Brasil: Futurismo
e Dadaísmo.

MOVIMENTOS VANGUARDISTAS
• Futurismo
• Dadaísmo
• Expressionismo
• Cubismo
• Surrealismo

A PROSA DE FICÇÃO
Os romancistas e contistas estiveram menos vinculados aos agrupamentos de vanguarda.
Revolucionaram as formas narrativas de maneira individual, ainda que sob o influxo do
vanguardismo. Joyce estabeleceu o triunfo do “fluxo de consciência” nesse monumento à
banalidade e à insipidez do cotidiano que é Ulisses. Kafka mostrou o absurdo da vida na Europa,
após a guerra, com O processo e A metamorfose. Nos estados Unidos, John dos Passos e
William Faulkner contribuíram radicalmente para a emergência de novos procedimentos
narrativos

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CARACTERISTICAS GERAIS DA LITERATURA MODERNA


LIBERDADE DE EXPRESSÃO
A importância maior da vanguarda residiu no triunfo de uma concepção inteiramente
libertária da criação artística. O pintor, o escritor ou o músico não precisam se guiar por outras
leis que não as de sua própria interioridade e de seu próprio arbítrio.
“Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário publico com livro de ponto expediente protocolo
e manifestações de apreço ao sr. Diretor.
Estou do farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho
vernáculo de um vocábulo.”
INCORPORAÇÃO DO COTIDIANO
Uma das maiores conquistas do modernismo, a valorização da vida cotidiana traz para a
arte uma abertura temática sem precedentes ´pois, até então, apenas assuntos “sublimes”
tinham direito indiscutível ao mundo literário. Agora, o prosaico, o diário, o grosseiro, o
vulgar, o resíduo e o lixo tornam-se os motivos centrais da estética modernistas. À
grandiosidade da paisagem, Manuel Bandeira sobrepõe o beco:
“Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte?
- O que eu vejo é o beco.”
LINGUAGEM COLOQUIAL
Este anticonvencionalismo temático, esta dessacralização dos conteúdos encontra
correspondência na linguagem. Além das inovações técnicas, a linguagem torna-se coloquial,
espontânea, mesclando expressões da língua culta com termos populares:
“A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo na língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil (...)”
(Manuel Bandeira)
INOVAÇÕES TÉCNICAS
O rompimento com os padrões culturais do século XIX implicaria no surgimento de novas
técnicas de escritura, tanto no domínio da poesia, quanto no da ficção. As principais conquistas
foram:
➢ O verso livre;
➢ A destruição dos nexos;
➢ A enumeração caótica;
➢ O fluxo de consciência;
➢ A colagem e a montagem cinematográfica;
➢ A eliminação dos sinais de pontuação.

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AMBIGUIDADE
O discurso literário perde o sentido “fechado” que geralmente possuía no século XIX. Ou
seja, ele oferecia ao leitor apenas um sentido, uma interpretação. Agora, ele tem valor
polissêmico. Uma rede de significações, que permite múltiplos níveis de leitura. É a chamada
obra aberta, obra que não apresenta univocidade.
PARÓDIA
Os modernistas realizam uma releitura de textos famosos do passados, reescrevendo-os
em termos de parodia. Um dos livros de crítica literária de Mário de Andrade chama-se A
escrava que não é Isaura, numa evidente alusão ao conhecido relato de Bernardo Guimarães.
Oswald de Andrade baseia –se na Canção do exílio de Gonçalves Dias para escrever Canto de
regresso à pátria.
“Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos aqui
Não cantam como os de lá.

Minha terra tem mais rosas


E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra

Ouro terra amor e rosas


Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá

Não permita Deus que eu morra


Sem que volte para São Paulo
Sem que veja a rua 15
E o progresso de São Paulo.”

A SEMANA DE ARTE MODERNA


ANTECEDENTES NACIONAIS
Por volta de 1912, Oswald de Andrade, recém-chegado da Europa, começa a divulgar,
através de jornais paulistas, as novas correntes estéticas européias, principalmente as idéias
futuristas de Marinetti. Mas, a rigor, essas idéias não encontram grande receptividade a não ser
em grupos reduzidos de jovens intelectuais, ainda sufocados pela linguagem anacrônica da arte
dominante.
A SEMANA
Finalmente, em fevereiro de 1922, realiza-se em São Paulo, a Semana de Arte Moderna. O
objetivo dos organizadores era acima de tudo a destruição das velhas formas artísticas na
literatura, música e artes plásticas. Paralelamente, procuravam apresentar e afirmar os
princípios da chamada arte moderna, ainda que eles mesmos estivessem confusos a respeito de
seus projetos artísticos. Oswald de Andrade sintetizava o clima da época ao afirmar: “Não
sabemos o que queremos. Mas sabemos o que não queremos.”

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Se a Semana foi realizada por jovens inexperientes, sob o domínio de doutrinas européias
mal-assimiladas, conforme acentuam alguns críticos, ela significou também o atestado de óbito
da arte dominante. O academicismo plástico, o romantismo musical e o parnasianismo literário
esboroam-se por inteiro.
Mário de Andrade diria mais tarde que faltou aos modernistas de 22 um maior empenho
social, uma maior impregnação “com a angustia do tempo”. Com efeito, os autores que
organizaram a Semana colocaram a Renovação estética acima de outras preocupações
importantes. De qualquer maneira, o espírito modernista destruiu um imobilismo cultural que
entravava as criações mais revolucionárias e complexas, possibilitando um caminho livre à
geração posterior.
Apesar de todos os limites, a Semana de Arte Moderna deixou-nos vários legados. Caberia
a Mário de Andrade – verdadeiro líder e principal teórico do movimento sintetizar a herança
de 22.

OS MOVIMENTOS “PRIMITIVISTAS”
• Pau-Brasil;
• Antropofafia;
• Verde-Amarelo;
• Anta

OS REPRESENTANTES DE 22

• Oswald de Andrade
• Mário de Andrade
• Raul Bopp
• Cassiano Ricardo
• Plínio salgado
• Antonio de Alcântara Machado

PRINCIPAIS REPRESENTANTES
Oswald de Andrade (1890-1954)

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Oswald de Andrade foi escritor e dramaturgo brasileiro.


Representa uma das principais lideranças no processo de
implantação e definição da literatura modernista no Brasil.
Sua atuação ficou marcada pelo seu espírito irreverente,
polêmico, irônico e combativo. Tornou-se figura fundamental
dos principais acontecimentos da vida cultural brasileira na
primeira metade do século XX.
Sua obra apresenta de maneira geral, um nacionalismo
que busca as origens, sem perder a visão crítica da realidade
brasileira.
Oswald defendia a valorização de nossas origens, de nosso
passado histórico-cultural de forma crítica, parodiando,
ironizando e atualizando nossa história de colonização.
O romance foi o gênero da prosa que mais despertou o
interesse de Oswald de Andrade. O autor estreou na prosa em
1922, com o romance "Os Condenados". Trata-se do primeiro
volume da intitulada Trilogia do exílio, que incorpora ainda as obras "Estrela do Absinto" e
"Escada Vermelha".
Oswald de Andrade nasceu em São Paulo, no dia 11 de janeiro de 1890. Formou-se em
Direito e ingressou na carreira jornalística. Em 1911 iniciou sua vida literária no jornal semanal
“O Pirralho”, que fundou e dirigiu junto com Alcântara Machado e Juó Bananère.
Filho de família rica, em 1912, viaja para Europa. A estada em Paris, além das ideias
futuristas, deu-lhe uma companheira, Kamiá, mãe de seu primeiro filho nascido em 1914. Em
1917 volta para São Paulo e nesse mesmo ano em sua coluna no Jornal do Comércio defende
Anita Malfatti das críticas de Monteiro Lobato. Tem participação ativa na Semana de Arte
Moderna de 1922.
Viaja novamente para a Europa e em Paris, na Sorbonne, dá a Conferência "O Esforço
Intelectual do Brasil Contemporâneo".
Faz várias amizades no meio artístico o que lhe permite estar em contato com as correntes
de vanguardas. Já no Brasil, Oswald assume o papel de liderança do Movimento Modernista.
Homem polêmico, irônico, gozador, teve uma vida atribulada, foi o idealizador dos
principais manifestos modernistas, entre eles, o Manifesto Pau-Brasil. Em 1926, casa-se com
Tarsila do Amaral, que faz as ilustrações de seu primeiro livro de poemas, “Pau-Brasil” Juntos,
fundam o Movimento Antropófago, onde propõe, na literatura e na pintura, que o Brasil devore
a cultura estrangeira e crie uma cultura revolucionária própria. Em 1929, separa-se de Tarsila
e rompe com seu amigo Mário de Andrade. Em 1930, casa-se com a escritora e militante
comunista Patrícia Galvão (a Pagu), com quem teve seu segundo filho. Milita nos meios
operários e, em 1931 ingressa no Partido Comunista, no qual permanece até 1945. Desse
período são as obras mais marcadas ideologicamente, como o "Manifesto Antropófago", o
romance "Serafim Ponte Grande" e a peça teatral “O Rei da Vela”. No campo do teatro, Oswald
estreou em 1916, com as peças Leur Âme e Mon Coeur Balance. Ambas foram escritas em
francês com a colaboração do poeta modernista Guilherme de Almeida. A grande contribuição
para o teatro nacional só ocorreu na década de 30, com o lançamento de três importantes textos
dramáticos:
“O Homem e o Cavalo” (1934)
“O Rei da Vela” (1937)
“A Morta” (1937)
Na peça "O Rei da Vela", Oswald apresenta inovações técnicas e faz críticas à sociedade
brasileira dos anos 60. A peça só foi levada ao palco em 1967-68, causou grande repercussão
na época, contribuindo para o clima de efervescência cultural que caracterizou os anos 60.

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Outros casamentos aconteceram na vida de Oswald de Andrade. Em 1936 casa-se com a


poetisa Julieta Bárbara e, em 1944, com Maria Antonieta d’Aikmin, com quem teve duas filhas.
Após Longa doença, Oswald faleceu em São Paulo, no dia 22 de outubro de 1954.

Mário de Andrade (1893-1945)


Mário de Andrade foi um escritor modernista, crítico
literário, musicólogo, folclorista e ativista cultural brasileiro .
Seu estilo literário foi inovador e marcou a primeira fase
modernista no Brasil, sobretudo, pela valorização da identidade e
cultura brasileira.
Ao lado de diversos artistas, ele teve um papel
preponderante na organização da Semana de Arte Moderna
(1922).
Mário Raul de Morais Andrade nasceu na cidade de São
Paulo, no dia 09 de outubro de 1893. De família humilde, Mário
possuía dois irmãos e desde cedo mostrou grande inclinação às
artes, notadamente a literatura. Em 1917, estudou piano no
“Conservatório Dramático e Musical de São Paulo”, ano da morte de seu pai, o Dr. Carlos Augusto
de Andrade. Nesse mesmo ano, com apenas 24 anos, publica seu primeiro livro intitulado “Há
uma Gota de Sangue em cada Poema”.
Mais tarde, em 1922, publica a obra de poesias “Paulicéia Desvairada” e torna-se
Catedrático de História da Música, no “Conservatório Dramático e Musical de São Paulo”. Nesse
mesmo ano, auxiliou na organização da Semana de Arte Moderna trabalhando ao lado de
diversos artistas.
Com Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Menotti del Picchia,
formaram o grupo modernista que ficou conhecido como o "Grupo dos Cinco". Dedicado à seu
grande prazer, a literatura, em 1927, publica a obra “Clã do Jabuti”, pautada nas tradições
populares. Nesse mesmo ano, publica o romance intitulado “Amar, Verbo Intransitivo”, onde
critica a hipocrisia sexual da burguesia paulistana. Mário foi um estudioso do folclore, da
etnografia e da cultura brasileira. Portanto, em 1928, publica o romance (rapsódia)
“Macunaíma”, uma das grandes obras-primas da literatura brasileira. Essa obra foi
desenvolvida através de seus anos de pesquisa a qual reúne inúmeras lendas e mitos indígenas
da história do “herói sem nenhum caráter”. Durante 4 anos, (1934 a 1938) trabalhou na função
de diretor do “Departamento de Cultura do Município de São Paulo”. Em 1938, muda-se para o
Rio de Janeiro. Foi nomeado catedrático de Filosofia e História da Arte e ainda, Diretor do
Instituto de Artes da Universidade do Distrito Federal. Retorna à sua cidade natal, em 1940,
onde começa a trabalhar no Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN).
Poucos anos depois, sua saúde começa a ficar frágil. No dia 25 de fevereiro de 1945, aos 51 anos
de idade, Mário de Andrade falece em São Paulo, vítima de um ataque cardíaco.
Principais Obras
Mário de Andrade deixou uma vasta obra desde romances, poemas, críticas, contos,
crônicas, ensaios:
➢ Há uma Gota de Sangue em Cada Poema (1917)
➢ Paulicéia Desvairada (1922)
➢ A Escrava que não é Isaura (1925)
➢ Primeiro Andar (1926)
➢ Clã do Jabuti (1927)
➢ Amar, Verbo Intransitivo (1927)
➢ Macunaíma (1928)

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Manoel Bandeira (1886-1968)


Manuel Bandeira foi um escritor brasileiro, além de
professor, crítico de arte e historiador literário. Fez parte da
primeira geração modernista no Brasil. Com uma obra recheada
de lirismo poético, Bandeira foi adepto do verso livre, da língua
coloquial, da irreverência e da liberdade criadora. Os principais
temas explorados pelo escritor são o cotidiano e a melancolia.
Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho nasceu no dia 19 de abril
de 1886, no Recife, Pernambuco. Aos dez anos de idade mudou-se
para o Rio de Janeiro onde estudou no Colégio Pedro II entre os
anos de 1897 a 1902. Mais tarde, formou-se em Letras. Em 1903,
começa a estudar Arquitetura na Faculdade Politécnica em São
Paulo. No entanto, abandona o curso pois sua saúde fica frágil.
Diante disso, procura curar-se da tuberculose em Minas Gerais,
Rio de Janeiro e Suíça, onde permanece durante um ano. De volta ao Brasil, em 1914, dedica-se
a sua verdadeira paixão: a literatura. Durante anos de trabalhos publicados em periódicos,
publica seu primeiro livro de poesias intitulado “A Cinza das Horas” (1917). Nessa obra, merece
destaque a poesia “Desencanto” escrita na região serrana do Rio de Janeiro, Teresópolis, em
1912, durante a recuperação de sua saúde:

Desencanto

Eu faço versos como quem chora


De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente...


Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca


Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.

– Eu faço versos como quem morre.

Manuel Bandeira publicou uma vasta obra até sua morte, desde contos, poesias, traduções
e críticas literárias. Junto ao movimento literário do modernismo, colaborou com publicações
em algumas revistas como a klaxon e a Antropofagia. No segundo dia da Semana de Arte
Moderna, seu poema Os Sapos foi lido por Ronald Carvalho.

Os sapos (trecho do poema)

Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.
Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:

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- "Meu pai foi à guerra!"


- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".
O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.

Em sua trajetória laboral, destaca sua atuação como professor de Literatura Universal no
Externato do Colégio Pedro II, em 1938. Foi também professor de Literatura Hispano-
Americana, de 1942 a 1956, da Faculdade Nacional de Filosofia, onde se aposentou. Faleceu no
Rio de Janeiro, aos 82 anos, em 13 de outubro de 1968, vítima de hemorragia gástrica.
Obras
Manoel Bandeira possui uma das maiores obras poéticas da moderna literatura brasileira,
dentre poesias, prosas, antologias e traduções:

Poesia
A Cinza das Horas (1917)
Carnaval (1919)
Libertinagem (1930)
Estrela da Manhã (1936)
Lira dos Cinquent'anos (1940)

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FIXAÇÃO
1. Sobre a Semana de Arte Moderna, é incorreto afirmar:
a) evento realizado em São Paulo no ano de 1922, tinha como principal objetivo ratificar
os padrões estéticos vigentes à época frente às investidas de um grupo de jovens artistas
que propunha a renovação radical no campo das artes influenciados pelas vanguardas
europeias.
b) o principal foco de descontentamento com a ordem estética estabelecida estava no
campo da literatura (e da poesia, em especial). Exemplares do Futurismo italiano
chegavam ao país e começavam a influenciar alguns escritores, como Oswald de
Andrade e Guilherme de Almeida.
c) Alvo de críticas e em parte ignorada, a Semana não foi bem entendida em sua época. Esse
evento ocorreu no contexto da República Velha, controlada pelas oligarquias cafeeiras e
pela política do café com leite. O capitalismo crescia no Brasil, consolidando a República
e a elite paulista, esta totalmente influenciada pelos padrões estéticos europeus mais
tradicionais.
d) Os modernistas não apresentavam um projeto estético em comum, mas entre eles
imperava a ideia de que era preciso renovar, dar às artes características genuinamente
brasileiras. Para os jovens artistas, era indispensável a ruptura com a tradição clássica
para abolir os moldes europeus que ditavam as regras na literatura, nas artes plásticas,
na arquitetura, na música etc.
e) A Semana de Arte Moderna de 1922 foi uma consequência do nacionalismo emergente
da Primeira Guerra Mundial e também do entusiasmo dos jovens intelectuais brasileiros
pelas comemorações do Centenário da Independência do Brasil.

O trovador

Sentimentos em mim do asperamente


dos homens das primeiras eras...
As primaveras do sarcasmo
intermitentemente no meu coração arlequinal...
Intermitentemente...
Outras vezes é um doente, um frio
na minha alma doente como um longo som redondo...
Cantabona! Cantabona!
Dlorom...
Sou um tupi tangendo um alaúde!
ANDRADE, M. In: MANFIO, D. Z. (Org.) Poesias completas de Mário de
Andrade.
Belo Horizonte: Itatiaia, 2005.

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2. Cara ao Modernismo, a questão da identidade nacional é recorrente na prosa e na poesia


de Mário de Andrade. Em O trovador, esse aspecto é
a) abordado subliminarmente, por meio de expressões como “coração arlequinal”, que,
evocando o carnaval, remete à brasilidade.
b) verificado já no título, que remete aos repentistas nordestinos, estudados por Mário de
Andrade em suas viagens e pesquisas folclóricas.
c) lamentado pelo eu lírico, tanto no uso de expressões como “Sentimentos em mim do
asperamente” (v. 1), “frio” (v. 6), “alma doente” (v. 7), como pelo som triste do alaúde
“Dlorom” (v. 9).
d) problematizado na oposição tupi (selvagem) x alaúde (civilizado), apontando a síntese
nacional que seria proposta no Manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade.
e) exaltado pelo eu lírico, que evoca os “sentimentos dos homens das primeiras eras” para
mostrar o orgulho brasileiro por suas raízes indígenas.

3. A Semana da Arte Moderna de 1922 tinha como uma das grandes aspirações renovar o
ambiente artístico e cultural do país, produzindo uma arte brasileira afinada com as
tendências vanguardistas europeias, sem, contudo, perder o caráter nacional; para isso
contou com a participação de escritores, artistas plásticos, músicos, entre outros. Analise
as sequências que reúnam as proposições corretas em relação à Semana da Arte
Moderna.
I. O movimento modernista buscava resgatar alguns pontos em comum com o Barroco,
como os contos sobre a natureza; e com o Parnasianismo, como o estilo simples da
linguagem.
II. A exposição da artista plástica Anita Malfatti representou um marco para o modernismo
brasileiro; suas obras apresentavam tendências vanguardistas europeias, o que de certa
forma chocou grande parte do público; foi criticada pela corrente conservadora, mas
despertou os jovens para a renovação da arte brasileira.
III. O escritor Graça Aranha foi quem abriu o evento com a sua conferência inaugural "A
emoção estética na Arte Moderna"; em seguida, apresentou suas obras Pauliceia
desvairada e Amar, verbo intransitivo.
IV. O maestro e compositor Villa-Lobos foi um dos mais importantes e atuantes
participantes da Semana.
V. As esculturas de Brecheret, impregnadas de modernidade, foram um dos estandartes da
Semana; sua maquete do Movimento às Bandeiras foi recusada pelas autoridades
paulistas; hoje, umas das esculturas públicas mais admiradas em São Paulo.
Assinale a alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo.
a) II, III e V.
b) II, IV e V
c) I e III.
d) I e IV.
e) II e V.

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Estrada
Esta estrada onde moro, entre duas voltas do caminho,
Interessa mais que uma avenida urbana.
Nas cidades todas as pessoas se parecem.
Todo mundo é igual. Todo mundo é toda a gente.
Aqui, não: sente-se bem que cada um traz a sua alma.
Cada criatura é única.
Até os cães.
Estes cães da roça parecem homens de negócios:
Andam sempre preocupados.
E quanta gente vem e vai!
E tudo tem aquele caráter impressivo que faz meditar:
Enterro a pé ou a carrocinha de leite puxada por um bodezinho manhoso.
Nem falta o murmúrio da água, para sugerir, pela voz dos símbolos,
Que a vida passa! que a vida passa!
E que a mocidade vai acabar.
BANDEIRA, M. O ritmo dissoluto. Rio de Janeiro: Aguilar, 1967.

4. A lírica de Manuel Bandeira é pautada na apreensão de significados profundos a partir


de elementos do cotidiano. No poema Estrada, o lirismo presente no contraste entre
campo e cidade aponta para
a) o desejo do eu lírico de resgatar a movimentação dos centros urbanos, o que revela sua
nostalgia com relação à cidade.
b) a percepção do caráter efêmero da vida, possibilitada pela observação da aparente
inércia da vida rural.
c) a opção do eu lírico pelo espaço bucólico como possibilidade de meditação sobre a sua
juventude.
d) a visão negativa da passagem do tempo, visto que esta gera insegurança.
e) a profunda sensação de medo gerada pela reflexão acerca da morte.
“Poética”, de Manuel Bandeira, é quase um manifesto do movimento modernista
brasileiro de 1922. No poema, o autor elabora críticas e propostas que representam o
pensamento estético predominante na época.

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5. Leia.

Poética
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. Diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
[...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
(BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de janeiro: José
Aguilar, 1974)

Com base na leitura do poema, podemos afirmar corretamente que o poeta:


a) Critica o lirismo louco do movimento modernista.
b) Critica todo e qualquer lirismo na literatura.
c) Propõe o retorno ao lirismo do movimento clássico.
d) Propõe o retorno do movimento romântico.
e) Propõe a criação de um novo lirismo.

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GABARITO
1. A
2. D
3. B
4. B
5. E

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SUMÁRIO
MODERNISMO 2ª FASE...................................................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO MODERNISMO DE 2ª FASE ..................................................................................................... 2
CONTEXTO HISTÓRICO .............................................................................................................................. 2
CARACTERÍSTICAS ...................................................................................................................................... 2
POESIA DE 30 ................................................................................................................................................ 3
PRINCIPAIS AUTORES................................................................................................................................. 3
PRINCIPAIS REPRESENTANTES ................................................................................................................... 3
FIXAÇÃO ........................................................................................................................................................... 12
GABARITO .................................................................................................................................................... 17

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MODERNISMO 2ª FASE
INTRODUÇÃO MODERNISMO DE 2ª FASE
A segunda geração modernista ou segunda fase do modernismo representa o segundo
momento do movimento modernista no Brasil que se estende de 1930 a 1945. Chamada de
“Geração de 30”, essa fase foi marcada pela consolidação dos ideais modernistas, apresentados
na Semana de 1922. Lembre-se que esse evento marcou o início do Modernismo rompendo com
a arte tradicional. A publicação “Alguma Poesia” (1930) de Carlos Drummond de Andrade
marcou o início da intensa produção literária poética desse período. Na prosa, temos a
publicação do romance regionalista “A Bagaceira” (1928) do escritor José Américo de Almeida.
Para muitos estudiosos do tema, a segunda geração modernista representou um período muito
fértil e rico para a literatura brasileira. Também chamada de “Fase de Consolidação”, a
literatura brasileira estava vivendo uma fase de maturação, com a concretização e afirmação
dos novos valores modernos. Além da prosa, a poesia foi um grande foco dos literatos. Temas
nacionais, sociais e históricos foram os preferidos pelos escritores dessa fase.

CONTEXTO HISTÓRICO
A segunda fase do modernismo no Brasil surgiu num contexto conturbado. Após a crise
de 1929 em Nova York, (depressão econômica) muitos países estavam mergulhados numa crise
econômica, social e política.
Isso fez surgir diversos governos totalitários e ditatoriais na Europa, os quais levariam ao
início da segunda guerra mundial (1939-1945).
Além do aumento do desemprego, a falência de fábricas, a fome e miséria, no Brasil a
Revolução de 30 representou um golpe de estado. O presidente da República Washington Luís
foi deposto, impedindo assim, a posse do presidente eleito Júlio Prestes.
Foi o início da Era Vargas e o fim das Oligarquias de Minas Gerais e São Paulo, denominado
de "política do café com leite". Com a chegada de Getúlio ao poder, a ditadura no país também
se aproximava com o Estado Novo (1937-1945).

CARACTERÍSTICAS
As principais características dessa fase foram:
• Influência do realismo e romantismo;
• Nacionalismo, universalismo e regionalismo;
• Realidade social, cultural e econômica;
• Valorização da cultura brasileira;
• Influência da psicanálise de Freud;
• Temática cotidiana e linguagem coloquial;
• Uso de versos livres e branco

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POESIA DE 30
O melhor momento da poesia brasileira aconteceu na segunda fase do modernismo.
Ela se caracteriza pela abrangência temática em virtude da racionalidade e
questionamentos que norteavam o espírito dessa geração. Esse momento ficou conhecido com
a Poesia de 30.

PRINCIPAIS AUTORES
• Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) foi, sem dúvida, um dos maiores
representantes sendo o precursor da poesia de 30, com a publicação de “Alguma
Poesia”, em 1930.
• Cecília Meireles (1901-1964), com forte influência da psicanálise e da temática
social, é considerada uma das maiores poetisas brasileiras. Desse período
destaca-se as obras: "Batuque, samba e Macumba" (1933), "A Festa das Letras"
(1937) e "Viagem" (1939).
• Mário Quintana (1906-1994), chamado de “poeta das coisas simples”, possui
uma vasta obra poética. Desse período merece destaque seu livro de sonetos
intitulado “A Rua dos Cataventos”, publicado em 1940.
• Murilo Mendes (1901-1975), além de poeta foi destaque na prosa de 30. Atuou
como divulgador das ideias modernistas na revista criada na primeira fase
modernista “Antropofagia”. De sua obra poética merece destaque: "Poemas"
(1930), "Bumba-Meu-Poeta" (1930), "Poesia em Pânico" (1938) e "O Visionário"
(1941).
• Jorge de Lima (1893-1953), chamado de “príncipe dos poetas”, foi escritor e
artista plástico. Na poesia de 30 colaborou com as obras "Poemas" (1927), "Novos
Poemas" (1929) e "O Acendedor de Lampiões" (1932).
• Vinícius de Moraes (1913-1980) foi outro grande destaque da poesia de 30.
Compositor, diplomata, dramaturgo e poeta, publica em 1933 seu primeiro livro
de poemas “Caminho para a Distância” e, em 1936, seu longo poema “Ariana, a
mulher”.

PRINCIPAIS REPRESENTANTES
Carlos Drummond de Andrade
Biografia de Carlos Drummond de Andrade
Carlos Drummond de Andrade (1902–1987). Foi um dos maiores
poetas brasileiros do século XX. "No meio do caminho tinha uma pedra /
tinha uma pedra no meio do caminho". Este é um trecho de uma das
poesias de Drummond, que marcou o 2º Tempo do Modernismo no Brasil.
Infância e Formação
Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira de Mato Dentro,
interior de Minas Gerais, no dia 31 de outubro de 1902. Filho dos
proprietários rurais, Carlos de Paula Andrade e Julieta Augusta
Drummond de Andrade.
Em 1916, ingressou em um colégio interno em Belo Horizonte.
Doente, regressou para Itabira, onde passou a ter aulas particulares. Em 1918, foi estudar em
Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, também em colégio interno.

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Casa onde nasceu Drummond, em Itabira

Em 1921, começou a publicar artigos no Diário de Minas. Em 1922, ganhou um prêmio de


50 mil réis, no “Concurso da Novela Mineira”, com o conto Joaquim do Telhado.
Em 1923 matriculou-se no curso de Farmácia da Escola de Odontologia e Farmácia de
Belo Horizonte. Em 1925 concluiu o curso. Nesse mesmo ano, fundou A Revista, que se tornou
um veículo do Modernismo Mineiro.
Drummond lecionou português e Geografia em Itabira, mas a vida no interior não lhe
agradava. Voltou para Belo Horizonte e empregou-se como redator no Diário de Minas.
Poeta e Servidor Público
Em 1928, Drummond publicou o poema No Meio do Caminho, na “Revista de
Antropofagia” de São Paulo, provocando um escândalo, com a crítica da imprensa.
Diziam que aquilo não era poesia e sim uma provocação, pela repetição do poema. Como
também pelo uso de "tinha uma pedra" em lugar de "havia uma pedra":
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esqueci desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
Ainda nesse ano, ingressa no serviço público como auxiliar de gabinete da Secretaria do
Interior. Em 1930, já era auxiliar de gabinete da Secretaria do Interior de Minas Gerais.
Ainda em 1930 publica o volume "Alguma Poesia", abrindo o livro com o "Poema de Sete
Faces":

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O homem atrás do bigode


É sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
O homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus porque me abandonaste,
Se sabias que eu não era Deus
Se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo,
Seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
Mais vasto é meu coração.
Eu não devia dizer,
Mas essa luta
Mas esse conhaque
Botam a gente comovido como o diabo.
Faz parte do livro também os poemas: No Meio do Caminho, Cidadezinha Qualquer e
Quadrilha.
Em 1934, Drummond muda-se para o Rio de Janeiro e assume a chefia de gabinete do
Ministério da Educação e Saúde, do ministro Gustavo Capanema. Em 1942 publica seu primeiro
livro de prosa, Confissões de Minas.
A Rosa do Povo
Em 1945, Drummond deixa o gabinete do Ministério. Nesse mesmo anos, publica o livro
de poemas, A Rosa do Povo onde condena a vida mecanizada e desumana de nossos dias e
espelha uma carência de um mundo certo, pautado na justiça, que venha substituir a falta de
solidariedade de seu momento.
A poesia de caráter social assume nova dimensão, e seus temas preferidos são: a angústia
dos seres escravos do progresso, o medo, o tédio e a solidão do homem moderno.
O livro é ao mesmo tempo um misto de condenação e exaltação, porque existe a esperança
de um mundo melhor:
Uma flor nasce na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.
Entre os anos de 1945 e 1962, foi funcionário do Serviço Histórico e Artístico Nacional.
Em 1946, foi premiado pela Sociedade Felipe de Oliveira, pelo conjunto da obra.

Características da Obra de Drummond


Poeta da Segunda Geração Modernista, a maior figura da “Geração de 30”, embora tenha
escrito ótimos contos e crônicas, Carlos Drummond se destacou como poeta.
Drummond produziu uma poesia de questionamento em torno da existência humana, do
sentimento de estar no mundo, da inquietação social, religiosa, filosófica e amorosa.
Seu estilo poético é permeado por traços de ironia, observações do cotidiano, de
pessimismo diante da vida e de humor. Drummond fazia verdadeiros "retratos existenciais" e
os transformava em poemas com incrível maestria. Foi também tradutor de autores como
Balzac, Federico Garcia Lorca e Molière.

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Família
Casado com Dolores Dutra de Morais, e pai de Maria Julieta Drummond de Andrade e de
Carlos Flávio Drummond de Andrade, em 1950, viajou para a Argentina, para o nascimento de
seu primeiro neto, filho de Julieta.
Anos 50 e 60
Ainda em 1950, Drummond estreia como ficcionista com a obra Contos de Aprendiz, mas
é na poesia que se destaca.
Em 1962 se aposenta do serviço público, mas sua produção poética não para. Escreve
também crônicas para jornais do Rio de Janeiro. Em 1967, para comemorar os 40 anos do
poema No Meio do Caminho, Drummond reuniu extenso material publicado sobre ele, no
volume Uma Pedra no Meio do Caminho - Biografia de um Poema.
Anos 80
A riqueza de sua obra foi descoberta por artistas do cinema. Argumentos de filmes foram
tirados de seus poemas, como O Padre e a Moça de Joaquim Pedro de Andrade.
A música popular brasileira adaptou vários de seus versos para a melodia, como o poema
José, gravado por Paulo Diniz. Os versos de Sonho de um Sonho foram tema-enredo de escola de
samba, adaptados por Martinho da Vila.
Carlos Drummond de Andrade faleceu no Rio de Janeiro, no dia 17 de agosto de 1987,
doze dias depois do falecimento de sua filha, a escritora Maria Julieta Drummond de Andrade.
Obras de Carlos Drummond de Andrade
Poesias
• Alguma Poesia (1930)
• Brejo das Almas (1934)
• Sentimento do Mundo (1940)
• Poesias (1942)
• A Rosa do Povo (1945)
• Poesia até Agora (1948)
• Claro Enigma (1951)
• Boitempo (1968)

Prosas
• Confissões de Minas (1942)
• Contos de Aprendiz (1951)
• Passeios na Ilha (1952)
• Cadeira de Balanço (1970)
• Moça Deitada na Grama (1987)

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Vinicius de Moraes
Vinicius de Moraes (1913-1980) foi um poeta e compositor
brasileiro. "Garota de Ipanema", feita em parceria com Antônio
Carlos Jobim, é um hino da música popular brasileira.
Além de ter sido um dos mais famosos compositores da
música popular brasileira e um dos fundadores, nos anos 50, do
movimento musical Bossa Nova, foi também importante poeta da
Segunda Fase do Modernismo. Foi também dramaturgo e
diplomata.
Marcus Vinicius Melo Morais, conhecido como Vinicius de
Moraes, nasceu no Rio de Janeiro, no dia 19 de outubro de 1913.
Filho do funcionário público e poeta Clodoaldo Pereira da Silva e
da pianista Lídia Cruz desde cedo já mostrava interesse por poesia.
Ingressou no colégio jesuíta Santo Inácio onde fez os estudos secundários. Entrou para o
coral da igreja onde desenvolveu suas habilidades musicais. Em 1928 começou a fazer as
primeiras composições musicais.
Faculdade de Direito
Em 1929, Vinicius iniciou o curso de Direito da Faculdade Nacional do Rio de Janeiro. Em
1933, ano de sua formatura, publicou seu primeiro livro de poemas, O Caminho Para a
Distância, onde reúne suas poesias. Não exerceu a advocacia.
Trabalhou como representante do Ministério da Educação na censura cinematográfica,
até 1938, quando recebeu uma bolsa de estudos e seguiu para Londres, onde cursou Literatura
Inglesa na Universidade de Oxford.
Trabalhou na BBC londrina até 1939. Em 1940, iniciou, no jornal “A Manhã”, a carreira
jornalística, escrevendo uma coluna como crítico de cinema.
Carreira Diplomática
Em 1943, Vinicius de Morais é aprovado no concurso para Diplomata. Vai para os Estados
Unidos, onde assume o posto de vice-cônsul em Los Angeles. Serviu sucessivamente em Paris,
a partir de 1953, em Montevidéu a partir de 1959 e novamente em Paris, em 1963.
Vinicius voltou definitivamente ao Brasil em 1964. Em 1968 foi aposentado
compulsoriamente pelo Ato Institucional Número Cinco.
Música e Teatro
Em 1956, Vinicius de Moraes publicou a peça teatral Orfeu da Conceição, levada ao palco
do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. A peça continha músicas de Vinicius e de Tom Jobim.
Nesse mesmo ano, a peça foi levada para o cinema pelo francês Marcel Camus. O filme,
intitulado Orfeu Negro, alcançou sucesso internacional, recebendo a Palma de Ouro, em Cannes
e o Oscar de Melhor Filme estrangeiro, em Hollywood, no ano de 1959.
De volta ao Brasil, Vinicius de Moraes dedica-se à poesia e à música popular brasileira. Fez
parcerias musicais com Toquinho, Tom Jobim, Baden Powell, João Gilberto, Francis Hime, Edu
Lobo, Carlos Lyra e Chico Buarque.
Entre suas parcerias destacam-se as músicas: Garota de Ipanema, escrita em 1962 e
musicada por Antônio Carlos Jobim, e no ano seguinte foi lançada a versão em inglês, Gente
Humilde, Arrastão, A Rosa de Hiroshima, Berimbau, A Tonga da Mironga do Kaburetê, Canto de
Ossanha, Insensatez, Eu Sei Que Vou Te Amar e Chega de Saudade.
Em 1961, compõe Rancho das Flores, baseado no tema Jesus, Alegria dos Homens, de
Johann Sebastian Bach. Com Edu Lobo, ganha o Primeiro Festival Nacional de Música Popular
Brasileira, com a música Arrastão.

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A parceria com o músico Toquinho foi considerada a mais produtiva. Rendeu músicas
importantes como Aquarela, A Casa, As Cores de Abril, Testamento, Maria Vai com as Outras,
Morena Flor, A Rosa Desfolhada, Para Viver Um Grande Amor e Regra Três.
Vinicius participou de vários shows e gravações com cantores e compositores
importantes como Chico Buarque de Holanda, Elis Regina, Dorival Caymmi, Maria Creuza,
Miúcha e Maria Bethânia. O Álbum Arca de Noé foi lançado em 1980 e teve vários intérpretes,
cantando a música infantil. Esse Álbum originou um especial para a televisão.
A produção poética de Vinicius de Moraes

Vinicius de Moraes foi um poeta significativo da Segunda Fase do Modernismo. Ao publicar sua Antologia
Poética, em 1955, admitiu que sua obra poética divide-se em duas fases:

• A primeira fase carregada de misticismo e profundamente cristã, começa em "O Caminho para a
Distância" (1933) e, termina com o poema, “Ariana, a Mulher” (1936).

• A segunda fase, iniciada com “Cinco Elegias” (1943), assinala a explosão de uma poesia mais viril.
“Nela – segundo ele – estão nitidamente marcados os movimentos de aproximação do mundo
material, com a difícil, mas consistente repulsa ao idealismo dos primeiros anos.”

Ao englobar o “mundo material” em sua produção artística, Vinicius se inclina por uma
lírica comprometida com o cotidiano, onde buscou os grandes dramas sociais do seu tempo. Os
poemas “Rosa de Hiroshima” (1954) e “Operário em Construção” (1956), são exemplos desse
engajamento social.
Várias experiências conjugais marcaram a vida de Vinicius, casou-se nove vezes e teve
cinco filhos. Suas esposas foram Beatriz Azevedo, Regina Pederneira, Lila Bôscoli, Maria Lúcia
Proença, Nellita de Abreu, Cristina Gurjão, Gesse Gessy, Marta Rodrigues e a última, Gilda
Matoso.
Vinicius de Moraes faleceu no Rio de Janeiro, no dia 09 de julho de 1980, devido a
problemas decorrentes de uma isquemia cerebral.
Obra de Vinicius de Moraes
Poesia:
• O Caminho Para a Distância (1933)
• Forma e Exegese (1935)
• Ariana, a Mulher (1936)
• Novos Poemas (1938)
• Cinco Elegias (1943)
• Poemas, Sonetos e Baladas (1946)
• Pátria Minha (1949)
• Antologia Poética (1955)
• Livro de Sonetos (1956)
• O Mergulhador (1965)
• A Arca de Noé (1970)
Teatro:
• Orfeu da Conceição (1954)
• Cordélia e o Peregrino (1965)
• Pobre Menina Rica (1962)
Prosa:
• O Amor dos Homens (1960)
• Para Viver Um Grande Amor (1962)
• Para Uma Menina Com Uma Flor (1966)

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Cecília Meireles
Cecília Meireles (1901-1964) foi uma poetisa, professora,
jornalista e pintora brasileira. Foi a primeira voz feminina de grande
expressão na literatura brasileira, com mais de 50 obras publicadas.
Com 18 anos estreia na literatura com o livro "Espectros". Participou
do grupo literário da Revista Festa, grupo católico, conservador. Dessa
vinculação herdou a tendência espiritualista que percorre seus
trabalhos com frequência. Embora mais conhecida como poetisa,
deixou contribuições no domínio do conto, da crônica, da literatura
infantil e do folclore. Cecília Benevides de Carvalho Meireles (1901-
1964) nasceu no Rio de Janeiro no dia 7 de novembro de 1901. Perdeu
o pai poucos meses antes de seu nascimento e a mãe logo depois de
completar 3 anos. Foi criada por sua avó materna, a portuguesa Jacinta
Garcia Benevides.

Carreira literária
Em 1919, Cecília Meireles lançou seu primeiro livro de poemas, "Espectros" com 17
sonetos de temas históricos. Em 1922, por ocasião da Semana de Arte Moderna ela participou
do grupo da revista Festa, ao lado de Tasso da Silveira, Andrade Muricy e outros, que defendia
o universalismo e a preservação de certos valores tradicionais da poesia. Nesse mesmo ano,
casa-se com o artista plástico português Fernando Correia Dias, com quem teve três filhas.
Cecília Meireles estudou literatura, folclore e teoria educacional. Colaborou na imprensa
carioca escrevendo sobre folclore. Atuou como jornalista em 1930 e 1931 e publicou vários
artigos sobre educação. Fundou em 1934 a primeira biblioteca infantil no Rio de Janeiro. O
interesse de Cecília pela educação se transformou em livros didáticos e poemas infantis.
Características da obra de Cecília Meireles
A rigor, Cecília Meireles nunca esteve filiada a nenhum movimento literário. Sua poesia,
de modo geral, filia-se às tradições da lírica luso-brasileira. Apesar disso, suas publicações
iniciais evidenciam certa inclinação pelo Simbolismo, reúnem religiosidade, desespero e
individualismo. Há misticismo no campo da solidão, mas existe a consciência de seus dons e seu
destino:

"Eu canto porque o instante existe


e a minha vida está completa.
-Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta."
O uso frequente de elementos como o vento, a água, o mar, o ar, o tempo, o espaço, a
solidão e a música confirmam a inclinação neossimbolista:

Das Palavras Aéreas


Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência, a vossa!
Ai, palavras, ai, palavras,
sois de vento, ides no vento,
no vento que não retorna,
e, em tão rápida existência,
tudo se forma e transforma! (...)

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Somente com o livro Viagem (1939) é que Cecília Meireles ingressa no espírito poético da
escola modernista. A poetisa foi cuidadosa com a seleção vocabular e teve forte inclinação para
a musicalidade (traço associado ao Simbolismo), para o verso curto e para os paralelismos, a
exemplo dos versos das poesia medieval portuguesa:

Música
Noite perdida
Não te lamento:
embarco a vida

No pensamento,
busco a alvorada
do sonho isento,

Puro e sem nada,


- rosa encarnada,
intacta, ao vento.
Noite perdida,
noite encontrada,
morta, vivida (...)

Poesia Reflexiva
Cecília Meireles cultivou uma poesia reflexiva, de fundo filosófico, que abordou temas
como a transitoriedade da vida, o tempo, o amor, o infinito e a natureza. Cecília foi uma escritora
intuitiva, que sempre procurou questionar e compreender o mundo a partir das próprias
experiências. Uma série de cinco poemas, todos intitulados Motivo da Rosa, da obra “Mar
Absoluto”, abordam o tema da efemeridade do tempo:

1º. Motivo da Rosa


Vejo-te em seda e nácar,
e tão de orvalho trêmula,
que penso ver, efêmera,
toda a Beleza em lágrimas
por ser bela e ser frágil. (...)

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Poesia Histórica
A obra máxima de Cecília Meireles foi o poema épico-lírico Romanceiro da Inconfidência,
onde se encontram os maiores valores de sua poética. Trata-se de uma narrativa rimada, escrita
em homenagem aos heróis que lutaram e morreram pela Pátria:

Romanceiro da Inconfidência
Atrás de portas fechadas,
à luz de velas acesas,
entre sigilo e espionagem
acontece a Inconfidência.
E diz o vigário ao Poeta:
“Escreva-me aquela letra
do versinho de Virgílio...”
E dá-lhe o papel e a pena.
E diz o Poeta ao Vigário,
Com dramática prudência:
“Tenha meus dedos cortados,
antes que tal verso escrevam...”
Liberdade, Ainda que Tarde, (...)
Cecília Meireles faleceu no Rio de Janeiro, no dia 9 de novembro de 1964. Seu corpo foi
velado no Ministério da Educação e Cultura. Cecília Meireles foi homenageada pelo Banco
Central, em 1989, com sua efígie na cédula de cem cruzados novos.

Obras de Cecília Meireles


• Espectros, poesia (1919)
• Nunca Mais... e Poema dos Poemas (1923)
• Baladas Para El-Rei, poesia (1925)
• Viagem, poesia (1925)
• Viagem, poesia (1939)
• Vaga Música, poesia (1942)

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FIXAÇÃO
Confidência do Itabirano

Alguns anos vivi em Itabira.

Principalmente nasci em Itabira.

Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.

Noventa por cento de ferro nas calçadas.

Oitenta por cento de ferro nas almas.

E esse alheamento do que na vida é porosidade e

[comunicação.

A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,

vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e

[sem horizontes.

E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,

é doce herança itabirana.

De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:

esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil,

este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;

este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;

este orgulho, esta cabeça baixa...

Tive ouro, tive gado, tive fazendas.

Hoje sou funcionário público.

Itabira é apenas uma fotografia na parede.

Mas como dói!


ANDRADE, C. D. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003.

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1. Carlos Drummond de Andrade é um dos expoentes do movimento modernista brasileiro.


Com seus poemas, penetrou fundo na alma do Brasil e trabalhou poeticamente as
inquietudes e os dilemas humanos. Sua poesia é feita de uma relação tensa entre o
universal e o particular, como se percebe claramente na construção do
poema Confidência do Itabirano. Tendo em vista os procedimentos de construção do
texto literário e as concepções artísticas modernistas, conclui-se que o poema acima
a) representa a fase heroica do modernismo, devido ao tom contestatório e à utilização de
expressões e usos linguísticos típicos da oralidade.
b) apresenta uma característica importante do gênero lírico, que é a apresentação objetiva
de fatos e dados históricos.
c) evidencia uma tensão histórica entre o “eu” e a sua comunidade, por intermédio de
imagens que representam a forma como a sociedade e o mundo colaboram para a
constituição do indivíduo.
d) critica, por meio de um discurso irônico, a posição de inutilidade do poeta e da poesia
em comparação com as prendas resgatadas de Itabira.
e) apresenta influências românticas, uma vez que trata da individualidade, da saudade da
infância e do amor pela terra natal, por meio de recursos retóricos pomposos.

Aquele bêbado

— Juro nunca mais beber — e fez o sinal da cruz com os indicadores. Acrescentou: — Álcool.

O mais ele achou que podia beber. Bebia paisagens, músicas de Tom Jobim, versos de Mário Quintana. Tomou
um pileque de Segall. Nos fins de semana, embebedava-se de Índia Reclinada, de Celso Antônio.

— Curou-se 100% do vício — comentavam os amigos.

Só ele sabia que andava mais bêbado que um gambá. Morreu de etilismo abstrato, no meio de uma
carraspana de pôr do sol no Leblon, e seu féretro ostentava inúmeras coroas de ex-alcoólatras anônimos.
ANDRADE, C. D. Contos plausíveis. Rio de Janeiro: Record, 1991.

2. A causa mortis do personagem, expressa no último parágrafo, adquire um efeito irônico


no texto porque, ao longo da narrativa, ocorre uma
a) metaforização do sentido literal do verbo “beber”.
b) aproximação exagerada da estética abstracionista.
c) apresentação gradativa da coloquialidade da linguagem.
d) exploração hiperbólica da expressão “inúmeras coroas”.
e) citação aleatória de nomes de diferentes artistas.

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Reinvenção

A vida só é possível
reinventada.

Anda o sol pelas campinas


e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas ...
Ah! tudo bolhas
que vêm de fundas piscinas
de ilusionismo ... - mais nada.

Mas a vida, a vida , a vida


a vida só é possível
reinventada. […]
(Cecília Meireles)

3. Podemos dizer que, nesse trecho de um poema de Cecília Meireles, encontramos traços
de seu estilo
a) a) sempre marcado pelo momento histórico.
b) b) ligado ao vanguardismo da geração de 22.
c) c) inspirado em temas genuinamente brasileiros.
d) d) vinculado à estética simbolista.
e) e) de caráter épico, com inspiração camoniana.

Soneto de fidelidade

De tudo, ao meu amor serei atento


Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento


E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure


Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):


Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
(Vinicius de Moraes)

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4. Nos dois primeiros quartetos do soneto de Vinicius de Moraes, delineia-se a ideia de que
o poeta
a) não acredita no amor como entrega total entre duas pessoas.
b) acredita que, mesmo amando muito uma pessoa, é possível apaixonar-se por outra e
trocar de amor.
c) entende que somente a morte é capaz de findar com o amor de duas pessoas.
d) concebe o amor como um sentimento intenso a ser compartilhado, tanto na alegria
quanto na tristeza.
e) vê, na angústia causada pela ideia da morte, o impedimento para as pessoas se
entregarem ao amor.

5. Leia os versos, abaixo, de autoria de Vinícius de Moraes.


Pensem nas crianças

Mudas telepáticas

Pensem nas meninas

Cegas inexatas

Pensem nas mulheres

Rotas alteradas

Pensem nas feridas

Como rosas cálidas

Mas oh não se esqueçam

Da rosa da rosa

Da rosa de Hiroshima

A rosa hereditária

A rosa radioativa

Estúpida e inválida

A rosa com cirrose

A anti-rosa atômica

Sem cor sem perfume

Sem rosa sem nada


MORAES, Vinícius de.Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro, Aguiar, 1974, p. 265.

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Nesse poema, o autor


a) condena a ação de países poderosos, convocando a humanidade a um protesto coletivo.
b) critica as armas nucleares, denunciando os efeitos devastadores da bomba atômica.
c) denuncia a ação criminosa dos guerrilheiros, desaprovando suas ações de extermínio.
d) protesta contra os crimes de guerra, denunciando a impunidade dos governantes.

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GABARITO
1. C
2. A
3. D
4. D
5. B

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SUMÁRIO
MODERNISMO 2ª FASE...................................................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO AO MODERNISMO 2ª FASE PROSA REGIONALISTA ................................................................ 2
CONTEXTO HISTÓRICO DA SEGUNDA GERAÇÃO MODERNISTA................................................................ 2
VERTENTES DA PROSA MODERNISTA ........................................................................................................ 2
CARACTERÍSTICAS DO MODERNISMO ....................................................................................................... 3
PRINCIPAIS AUTORES E OBRAS ...................................................................................................................... 3
BIOGRAFIA DE RACHEL DE QUEIROZ ......................................................................................................... 4
BIOGRAFIA DE GRACILIANO RAMOS ......................................................................................................... 5
BIOGRAFIA DE JOSÉ LINS DO REGO ........................................................................................................... 6
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 7
GABARITO .................................................................................................................................................... 10

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MODERNISMO 2ª FASE
INTRODUÇÃO AO MODERNISMO 2ª FASE PROSA REGIONALISTA
O Modernismo Brasileiro foi um movimento de amplo espectro cultural, caracterizando-
se como uma fase de ruptura que destruiu antigas estéticas no mundo da arte, convergindo
elementos das denominadas vanguardas europeias. Além de romper com os códigos literários
do primeiro vintênio, a literatura da época também representou uma crítica global ao modo de
pensar das velhas gerações, prezando uma aproximação com a realidade.
O marco do movimento foi a Semana de Arte Moderna de 1922, realizada no Teatro
Municipal da cidade de São Paulo. Na ocasião, um grupo de artistas se reuniu para discutir e
apresentar os novos ideais estéticos. A literatura no Brasil passou a ser voltada para as raízes
nacionais, e a ideologia da época estava direcionada para a análise crítica da relação entre o
homem e a sociedade.
Também chamada de neorrealista, a fase do modernismo retomou parcialmente as ideias
do naturalismo, mas considerando o homem como um ser de conflitos interiores e traços
emocionais. Na primeira geração, a de 1922, a literatura desvinculou-se do passado colonizador
e inseriu uma linguagem de inovações formais e estéticas.

CONTEXTO HISTÓRICO DA SEGUNDA GERAÇÃO MODERNISTA


A Segunda Geração Modernista, também chamada de Geração de 1930, consolidou-se em
um período de tensões ideológicas e de guerras.
Rachel de Queiroz é um dos grandes nomes da Segunda Geração Modernista (Foto:
Instituto Moreira Salles)
Considera-se que os fatos históricos de maior importância naquela época eram os
seguintes: a quebra da bolsa de Nova York, em 1929, culminando no episódio conhecido por “A
Grande Depressão”; a ditadura salazarista em Portugal, que teve início em 1932 e estendeu-se
até 1968; e o início da Segunda Guerra Mundial, em 1939, e fim do conflito, no ano de 1945.
No Brasil, a Revolução de 1930 levou Getúlio Vargas ao poder, instaurando-se o Estado
Novo no país – período de ditadura de Getúlio Vargas, entre os anos 1937 e 1945. Nesta época,
grandes transformações aconteceram na política brasileira.
Em 1934, foi promulgada a nova Constituição Brasileira; em 1936, vários membros do
Partido Comunista foram presos, incluindo os escritores Graciliano Ramos e Jorge Amado; e,
em 1941, o Brasil entra na guerra, apoiando os Estados Unidos.
Já em 1945, Getúlio Vargas foi deposto pelas Forças Armadas, finalizando o período do
Estado Novo com a eleição de Eurico Gaspar Dutra para a presidência da República.

VERTENTES DA PROSA MODERNISTA


O pessimismo estava presente em toda a sociedade, o que gerou uma inquietação que se
refletiu nas expressões literárias. Na Geração de 1930, a literatura passou a se voltar mais à
realidade social brasileira, e sua prosa dividiu-se em três vertentes.
A prosa regionalista inspirou-se no regionalismo nordestino, mostrando problemas
sociais decorrentes da crise. Além da atividade açucareira e das correntes migratórias,
enfatizando o descaso dos políticos.
Os representantes românticos desta fase cultuavam a prosa urbana, que mostrava os
conflitos sociais e a relação entre o homem e o meio, e o homem e a sociedade.

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Já a prosa intimista representava uma inovação do período. Baseada em teorias


freudianas, esta prosa mostrava mais os conflitos íntimos dos personagens, além de seu mundo
interior.

CARACTERÍSTICAS DO MODERNISMO
A característica unificadora do movimento modernista brasileiro era o desejo de
liberdade de criação e expressão, aliados aos ideais nacionalistas. Como citado anteriormente,
a Geração de 1930 buscava refletir a realidade social e econômica brasileira, revelando uma
fase muito rica na produção de poesia e prosa, refletindo os momentos históricos conturbados
vividos no país e no mundo.
Os romances eram carregados de denúncias e mostravam as relações do “eu” com o
restante do mundo. O regionalismo também teve grande importância nesta fase, destacando a
seca, a migração, os problemas do trabalhador rural e a miséria.
Dentre as temáticas trabalhadas, entraram também os romances urbanos e psicológicos.
Se comparado à era naturalista, o modernismo, em sua segunda fase, afastou-se do apego ao
cientificismo.
Poesia, prosa e romances da Segunda Geração Modernista
Tanto a prosa quanto a poesia foram ricamente produzidas durante a segunda fase
modernista, embora a primeira seja predominante. Familiarizada com a nova maneira de
expressão, a poesia se apresenta de forma mais amadurecida e politizada, comprometida com
as mudanças sociais ocorridas no país.
A poesia pós Semana de Arte Moderna de 22 mantém o verso livre e a poesia sintética,
apresentando influências de Mário e Oswald de Andrade. Destacam-se os versos de Murilo
Mendes, Cecília Meireles, Jorge de Lima e Vinicius de Moraes.
A prosa reflete o mesmo momento histórico. Portanto, apresenta um caráter mais maduro
e construtivo, com uma linguagem que adota uma postura mais documental. Isso porque, ela
expõe a realidade brasileira e busca focalizar o aspecto social.
Já os romances urbanos preocupavam-se em expor a vida nas grandes cidades, revelando
as desigualdades sociais.
Os escritores da Geração de 30 também focalizam a realidade regional do país, abordando
temas como a seca e os flagelos dela decorrentes. Há, ainda, a prosa intimista, elaborada a partir
da teoria psicanalítica freudiana, que conta com representantes como Dionélio Machado, Lúcio
Cardoso e Graciliano Ramos.

PRINCIPAIS AUTORES E OBRAS


Na Segunda Fase do Modernismo destacam-se os seguintes escritores e suas respectivas
obras:
Rachel de Queiroz: “O Quinze e João Miguel”, “Caminho das Pedras”, “As três Marias”, “Dôra,
Doralina” e “Memorial Moura”

José Lins do Rego: “Menino de Engenho”, “Doidinho”, “Banguê”, “Usina” e “Fogo Morto”

Graciliano Ramos: “Caetés”, “São Bernardo”, “Angústia”, “Vidas Secas”, “Insônia”, “Infância”,
“Memórias do Cárcere” e “Viagem”
Jorge Amado: “Cacau”, “Jubiabá”, “Capitães de Areia”, “Terras do Sem-Fim”, “São Jorge dos
Ilhéus”, “Quincas Berro D´água”, “Os pastores da Noite”, “Dona Flor e seus dois maridos”, “Tenda

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dos Milagres”, “Teresa Batista cansada de guerra”, “Tieta do Agreste”, “Farda, fardão, camisola
de dormir” e “A descoberta da América pelos Turcos”

Érico Veríssimo: “Clarissa”, “Música ao Longe”, “Um Lugar ao Sol”, “Olhai os Lírios do Campo”,
“O resto é silêncio”, “O Tempo e o Vento” e “O Retrato”.

BIOGRAFIA DE RACHEL DE QUEIROZ


Rachel de Queiroz (1910-2003) foi uma grande escritora,
jornalista, tradutora e dramaturga brasileira. Ganhou diversos
prêmios, dentre eles o "Prêmio Camões" (1993), sendo portanto, a
primeira mulher a recebê-lo. Além disso, foi a primeira mulher a
ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, em 1977.
Dada sua importância para a literatura nacional, em 2003 foi
inaugurado o "Centro Cultural Rachel de Queiroz" em Quixadá (CE),
cidade em que Rachel viveu.
Filha de intelectuais, do advogado Daniel de Queiroz Lima e de
Clotilde Franklin de Queiroz, era descendente, pelo lado materno, da
estirpe dos Alencar (sua bisavó materna era prima José de Alencar). Com apenas 7 anos sua
família muda-se para o Rio de Janeiro e depois para Belém do Pará. Depois de dois anos
retornam ao Ceará e Rachel torna-se aluna interna do “Colégio Imaculada Conceição”. Com
apenas 15 anos de idade, forma-se professora em 1925. Lecionou História e, com 20 anos, em
1930, publica seu primeiro romance, “O Quinze”. Nessa obra, a escritora retrata a seca de 1915
no nordeste do país e a realidade dos retirantes nordestinos. A obra bem recebida pelo público,
“O Quinze”, foi agraciada com o prêmio da Fundação Graça Aranha.Em 1927, após uma
publicação com o pseudônimo “Rita de Queiroz” no Jornal do Ceará, Rachel é convidada para
colaborar nesse jornal. Nele, começa a publicar diversas crônicas e a trabalhar como repórter.
Foi militante política e afiliada ao Partido Comunista Brasileiro desde 1930. Em 1932, casa-se
com o poeta José Auto da Cruz Oliveira, separando-se em 1939. No ano seguinte, casa-se
novamente com o médico Oyama de Macedo, com quem permanece até seu falecimento, em
1982. Em 1992, escreveu o romance “Memorial de Maria Moura”, o qual lhe conferiu o "Prêmio
Camões". Aos 92 anos, no dia 4 de novembro de 2003, na cidade do Rio de Janeiro, descansando
em sua rede, falece Rachel de Queiroz.

Obras

Possuidora de uma vasta obra, Rachel de Queiroz escreveu romances, contos e crônicas,
com destaque para ficção social nordestina. Além disso, escreveu literatura infanto-juvenil,
antologias e peças de teatro. Segue abaixo algumas obras:
• O Quinze (1930)
• João Miguel (1932)
• Caminhos de Pedras (1937)
• As Três Marias (1939)
• Três romances (1948)
• O Galo de Ouro (1950)
• Lampião (1953)
• A Beata Maria do Egito (1958)
• Quatro Romances (1960)
• O Menino Mágico (1969)
• Seleta (1973)

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• Dora Doralina (1975)

BIOGRAFIA DE GRACILIANO RAMOS


Graciliano Ramos (1892-1953) foi um escritor brasileiro. O romance
"Vidas Secas" foi sua obra de maior destaque. É considerado o melhor
ficcionista do Modernismo e o prosador mais importante da Segunda
Fase do Modernismo. Suas obras embora tratem de problemas sociais
do Nordeste brasileiro, apresentam uma visão crítica das relações
humanas, que as tornam de interesse universal. Seus livros foram
traduzidos para vários países e Vidas Secas, São Bernardo e Memórias
do Cárcere, foram levados para o cinema. Recebeu o Prêmio da
Fundação William Faulkner, dos Estados Unidos, pela obra "Vidas
Secas".

Primeiras obras
Graciliano Ramos estreou na literatura em 1933 com o romance Caetés. Nessa época mantinha
contato com José Lins do Rego, Raquel de Queiroz e Jorge Amado. Em 1934 publicou o romance
São Bernardo, e em 1936 publicou Angústia. Nesse mesmo ano, ainda no cargo de Diretor da
Imprensa Oficial e da Instrução Pública do Estado, foi preso, sob a acusação de que era
comunista. Ficou nove meses na prisão, sendo solto, pois não encontraram provas.
Em 1937, Graciliano Ramos mudou-se para o Rio de Janeiro. Foi morar em um quarto de pensão
com a esposa e as filhas menores. Em 1939 foi nomeado Inspetor Federal de Ensino. Em 1945
ingressou no Partido Comunista. Em 1951 foi eleito presidente da Associação Brasileira de
Escritores. Em 1952 viajou para os países socialistas do Leste Europeu, experiência descrita na
obra Viagem, publicada em 1954, após sua morte.

Características da obra de Graciliano Ramos

Graciliano é considerado o mais importante ficcionista do Modernismo, fez parte do grupo de


escritores que inaugurou o realismo crítico, representando os problemas brasileiros em geral
ou específicos de determinada região. Trata-se de uma literatura que traz para a reflexão
problemas sociais marcantes do momento em que os romances foram escritos. Literatura
destinada a provocar a conscientização, o romance regionalista tem como lema criticar para
denunciar uma questão social. A preocupação com a linguagem é o traço peculiar do escritor. O
interesse de sua narrativa está centrado na problemática do homem. O interesse está
diretamente voltado para o comportamento, atitudes e conduta humana, e a descrição da
paisagem nasce da própria caracterização psicológica dos personagens: Vidas Secas (1938) é
considerada a obra-prima de Graciliano Ramos. Narra a história de uma família de retirantes
nordestinos, que atingida pela seca é obrigada a perambular pelo sertão, em busca de melhores
condições de vida. A obra pretende mostrar a tirania da terra cruel, atuando sobre o
homem.Graciliano Ramos escreve também obras autobiográficas, onde reúne acontecimentos
e cenas selecionadas pela memória, revestidas de extrema subjetividade. Nessa linha destacam-
se Infância (1945) e Memórias do Cárcere (1953), onde o autor retrata as experiências
dolorosas de sua vida durante os nove meses em que esteve preso.Graciliano Ramos faleceu no
Rio de Janeiro, no dia 20 de março de 1953.

Obras de Graciliano Ramos

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• Caetés (1933)
• São Bernardo (1934)
• Angústia (1936)
• Vidas Secas (1938)

BIOGRAFIA DE JOSÉ LINS DO REGO


José Lins do Rego (1901-1957) foi um escritor brasileiro. "Menino de
Engenho", romance do Ciclo da Cana-de-Açúcar, lhe deu o prêmio
Graça Aranha. Seu romance "Riacho Doce", foi transformado em
minissérie para a televisão. Integrou o "Movimento Regionalista do
Nordeste". É patrono da Academia Paraibana de Letras. Foi eleito
membro da Academia Brasileira de Letras, para a cadeira 25. José
Lins do Rego (1901-1957) nasceu no engenho Corredor, no
município de Pilar, Paraíba, no dia 3 de junho de 1901. Filho de
tradicional família da oligarquia do Nordeste açucareiro passou a
infância no engenho do avô materno. Iniciou seus estudos no
município de Itabaiana. Em 1920 ingressou na Faculdade de Direito
do Recife.

Carreira Literária
A partir de 1923, José Lins do Rego assina seus primeiros trabalhos literários para o semanário
Dom Casmurro. Em 1924 casa-se com Filomena Massa, com quem teve três filhas. Em 1925, já
formado, muda-se para Minas Gerais, onde exerceu o cargo de promotor público. Em 1926
desistiu da carreira de magistrado e muda-se para a cidade de Maceió, onde trabalha como fiscal
de bancos.
Movimento Regionalista

José Lins do Rego tornou-se amigo de Graciliano Ramos e Raquel de Queiroz. Mantinha
contato com Gilberto Freire e Olívio Montenegro, no Recife. Fez oposição ao movimento
Modernista de São Paulo e integrou o Movimento Regionalista do Nordeste que procurava a
nova linguagem “brasileira”.
Menino de Engenho

Em 1932, José Lins do Rego publica seu primeiro romance, "Menino de Engenho",
romance de características autobiográfica quando o narrador, o menino Carlos de Melo, vai
dizendo de sua infância passada na fazenda de avô Zé Paulino, no Engenho Santa Rosa. A obra
lhe deu o prêmio da Fundação Graça Aranha.

Características da Obra de José Lins do Rego

A obra de José Lins do Rego tem um fundo comum a dos demais regionalistas dos anos 30
(Segundo Tempo Modernista), como Raquel de Queiroz, Graciliano Ramos e Jorge Amado.
Segundo ele, sua obra está dividida por temáticas: Ciclo da cana de açúcar, cuja ação se
desenvolve na região nordestina dos grandes engenhos de açúcar, como Menino de Engenho,
Doidinho, Banguê e Fogo Morto – a obra-prima desse ciclo.
Ciclo do cangaço, do misticismo e da seca, com Pedra Bonita e Cangaceiros.
Obras independentes, mas também vinculadas ao Nordeste, como Pureza e Riacho Doce
(que foi transformada em minissérie para a TV), e Água Mãe e Eurídice, onde o cenário se

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desloca do Nordeste para a cidade do Rio de Janeiro. José Lins do Rego faleceu no Rio de Janeiro,
no dia 12 de setembro de 1957.

Obras de José Lins do Rego

• Menino de Engenho, romance (1932)


• Doidinho, romance (1933)
• Banguê, romance (1934)
• O Moleque Ricardo, romance (1934)
• Usina, romance (1936)

EXERCÍCIOS
1. Estão, entre os principais escritores da prosa na segunda fase do modernismo:
a) Clarice Lispector, Lygia Fagundes Telles, Augusto de Campos e Dalton Trevisan.
b) Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, José Lins do Rego e Jorge Amado.
c) Graciliano Ramos, Fernando Sabino, Érico Veríssimo e Mário de Andrade.
d) Paulo Mendes Campos, Carlos Drummond de Andrade, Dionélio Machado e Hilda Hilst.
e) Lúcio Cardoso, Roberto Drummond, Jorge Amado e Adélia Prado.

2. Sobre a prosa na segunda geração do modernismo, é correto afirmar, exceto:


a) O romance brasileiro produzido nas décadas de 1930 e 1940, período em que o país e o
mundo viveram profundas crises, colocou-se a serviço da análise crítica de nossa
realidade e teve na obra de Graciliano Ramos a principal expressão desse momento.
b) Ainda que distantes do experimentalismo estético proposto pelos modernistas de 1922,
os romancistas de 1930 consideravam irreversíveis muitas de suas conquistas, tais
como o interesse por temas nacionais, a busca de uma linguagem mais brasileira e o
interesse pela vida cotidiana.
c) O romance de 1930 trilhou diferentes caminhos, sendo o regionalismo, especialmente o
nordestino, o mais importante entre todos. Entre seus principais nomes, estão
Graciliano Ramos e Rachel de Queiroz.
d) A prosa na segunda geração do modernismo foi marcada pela preocupação com a
descoberta e com a exploração de novas técnicas narrativas, além da sondagem do
universo social e psicológico do ser humano. Entre suas principais obras,
está Macunaíma, de Mário de Andrade.

No decênio de 1870, Franklin Távora defendeu a tese de que no Brasil havia duas literaturas independentes
dentro da mesma língua: uma do Norte e outra do Sul, regiões segundo ele muito diferentes por formação
histórica, composição étnica, costumes, modismos linguísticos etc. Por isso, deu aos romances regionais que
publicou o título geral de Literatura do Norte. Em nossos dias, um escritor gaúcho, Viana Moog, procurou
mostrar com bastante engenho que no Brasil há, em verdade, literaturas setoriais diversas, refletindo as
características locais.
CANDIDO, A. A nova narrativa. A educação pela noite e outros ensaios. São Paulo: Ática, 2003.

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3. Com relação à valorização, no romance regionalista brasileiro, do homem e da paisagem


de determinadas regiões nacionais, sabe-se que:
a) o romance do Sul do Brasil caracteriza-se pela temática essencialmente urbana,
colocando em relevo a formação do homem por meio da mescla de características locais
e dos aspectos culturais trazidos de fora pela imigração europeia.
b) José de Alencar, representante, sobretudo, do romance urbano, retrata a temática da
urbanização das cidades brasileiras e das relações conflituosas entre as raças.
c) o romance do Nordeste caracteriza-se pelo acentuado realismo no uso do vocabulário,
pelo temário local, expressando a vida do homem em face da natureza agreste, e assume
frequentemente o ponto de vista dos menos favorecidos.
d) a literatura urbana brasileira, da qual um dos expoentes é Machado de Assis, põe em
relevo a formação do homem brasileiro, o sincretismo religioso, as raízes africanas e
indígenas que caracterizam o nosso povo.
e) Érico Veríssimo, Rachel de Queiroz, Simões Lopes Neto e Jorge Amado são romancistas
das décadas de 30 e 40 do século XX, cuja obra retrata a problemática do homem urbano
em confronto com a modernização do país promovida pelo Estado Novo.

O nosso Modernismo importa, essencialmente, na libertação de uma série de recalques históricos, sociais,
étnicos, que são trazidos triunfalmente à tona da consciência literária. Esse sentimento de triunfo, que
assinala o fim da posição de inferioridade no diálogo secular com Portugal e já nem o leva mais em conta,
define a originalidade própria do Modernismo na dialética do geral e do particular.

Na nossa cultura há uma ambiguidade fundamental: a de sermos um povo latino, de herança cultural
europeia, mas etnicamente mestiço, situado no trópico, influenciado por culturas primitivas, ameríndias e
africanas. Essa ambiguidade deu sempre às afirmações particularistas um tom de constrangimento, que
geralmente se resolvia pela idealização.

O Modernismo rompe com esse estado de coisas. As nossas deficiências, supostas ou reais, são
reinterpretadas como superioridades, através das vanguardas. A filosofia cósmica e superficial, que alguns
adotaram certo momento nas pegadas de Graça Aranha, atribui um significado construtivo, heroico, ao
cadinho de raças e culturas localizado numa natureza áspera. O mulato e o negro são definitivamente
incorporados como temas de estudo, inspiração, exemplo. O primitivismo é agora fonte de beleza e não mais
empecilho à elaboração da cultura. Isso, na literatura, na pintura, na música, nas ciências do homem.
Antonio Candido. Literatura e cultura de 1900 a 1945. In: Literatura e sociedade. Rio de Janeiro: Ouro Sobre Azul, 2006, p. 126-7 (com
adaptações)

4. De acordo com o texto, o Modernismo renova a estética literária brasileira porque:


a) acentua a crítica às deficiências nacionais.
b) valoriza esteticamente elementos anteriormente rebaixados.
c) produz uma estética desvinculada da realidade brasileira.
d) idealiza a natureza brasileira e os seus habitantes.
e) rebaixa criticamente grupos sociais marginalizados.

Texto I

Logo depois transferiram para o trapiche o depósito dos objetos que o trabalho do dia lhes proporcionava.
Estranhas coisas entraram então para o trapiche. Não mais estranhas, porém, que aqueles meninos,

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moleques de todas as cores e de idades as mais variadas, desde os


nove aos dezesseis anos, que à noite se estendiam pelo assoalho e por debaixo da ponte e dormiam,
indiferentes ao vento que circundava o casarão uivando, indiferentes à chuva que muitas vezes os lavava,
mas com os olhos puxados para as luzes dos navios, com os ouvidos
presos às canções que vinham das embarcações...
AMADO, J. Capitães da Areia. São Paulo: Companhia das Letras, 2008 (fragmento).

Texto II

À margem esquerda do rio Belém, nos fundos do mercado de peixe, ergue-se o velho ingazeiro – ali os bêbados
são felizes. Curitiba os considera animais sagrados, provê as suas necessidades de cachaça e pirão. No trivial
contentavam-se com as sobras do mercado.
TREVISAN, D. 35 noites de paixão: contos escolhidos. Rio de Janeiro: BestBolso, 2009 (fragmento).

5. Sob diferentes perspectivas, os fragmentos citados sã o exemplos de uma abordagem


literá ria recorrente na literatura brasileira do sé culo XX. Em ambos os textos,
a) a linguagem afetiva aproxima os narradores dos personagens marginalizados.
b) a ironia marca o distanciamento dos narradores em relaçã o aos personagens.
c) o detalhamento do cotidiano dos personagens revela a sua origem social.
d) o espaço onde vivem os personagens é uma das marcas de sua exclusã o.
e) a crı́tica à indiferença da sociedade pelos marginalizados é direta.

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GABARITO
1. B
2. D
3. C
4. B
5. D

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SUMÁRIO
MODERNISMO 3ª FASE...................................................................................................................................... 2
PROSA ............................................................................................................................................................ 2
CONTEXTO HISTÓRICO .............................................................................................................................. 2
CARACTERÍSTICAS ...................................................................................................................................... 2
BIOGRAFIA DE CLARICE LISPECTOR ........................................................................................................... 3
BIOGRAFIA GUIMARÃES ROSA .................................................................................................................. 4
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 6
GABARITO ...................................................................................................................................................... 9

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MODERNISMO 3ª FASE
PROSA
INTRODUÇÃO DE 45

A terceira geração modernista, terceira fase do modernismo ou fase pós-modernista


representa o último momento do movimento modernista no Brasil. Também chamada de
“Geração de 45”, a última fase do modernismo começa em 1945 e se estende até 1980. Alguns
estudiosos preferem apontar o fim do modernismo na década de 1960. Outros, ainda, afirmam
que o modernismo está presente até os dias atuais. Os escritores desse período possuíam uma
atitude mais formal, em oposição ao espírito radical, contestador e de liberdade desenvolvido
na Semana de 1922.
CONTEXTO HISTÓRICO
O momento em que surge a terceira geração modernista no Brasil, é o período menos
conturbado em relação às outras duas gerações. Ou seja, é a fase de redemocratização do país,
visto que em 1945 termina o Estado Novo (1937-1945) que fora implementado pela ditadura
de Getúlio Vargas. Em nível mundial, o ano de 1945 é também o fim da segunda guerra mundial
e do sistema totalitário do Nazismo. Entretanto, tem início a Guerra Fria (Estados Unidos e
União Soviética) e a Corrida Armamentista.
CARACTERÍSTICAS
As principais características da terceira geração modernista são:
• Academicismo;
• Passadismo e retorno ao passado;
• Oposição à liberdade formal;
• Experimentações artísticas (ficção experimental);
• Realismo fantástico (contos fantásticos);
• Retorno à forma poética (valorização da métrica e da rima);
• Influência do Parnasianismo e Simbolismo;
• Inovações linguísticas e metalinguagem;
• Regionalismo universal;
• Temática social e humana;
• Linguagem mais objetiva.
Prosa Modernista

Lembre-se que o Modernismo no Brasil está dividido em três gerações, sendo a prosa o
tipo de texto mais explorado na terceira fase.
De tal modo, os tipos de prosa do período são classificados segundo sua temática:

Prosa Urbana

A principal caraterística da prosa urbana é sua ambientação nos espaços da cidade, em


detrimento do campo e do espaço agrário. Nesse estilo destaca-se a escritora Lygia Fagundes
Telles.

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Prosa Regionalista

A prosa regionalista absorve, por outro lado, aspectos do campo, da vida agrária, da fala
coloquial e regionalista, por exemplo, na obra de Guimarães Rosa.
Prosa Intimista

Por sua vez, a prosa intimista é determinada pela exploração de temas humanos e,
portanto, é mais íntima, psicológica e subjetiva. Esses aspectos são observados nas obras de
Clarice Lispector e de Lygia Fagundes Telles.
Clarice Lispector foi uma das mais destacadas escritoras da terceira fase do modernismo
brasileiro, chamada de "Geração de 45".
Recebeu diversos prêmios dentre eles o Prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal
e o Prêmio Graça Aranha.

BIOGRAFIA DE CLARICE LISPECTOR


Clarice Lispector
Haya Pinkhasovna Lispector
nasceu no dia 10 de dezembro
de 1920 na cidade ucraniana de
Tchetchelnik. Descendente de
judeus, seus pais Pinkhas
Lispector e Mania Krimgold
Lispector, passaram os
primeiros momentos de vida de
Clarice fugindo da perseguição
aos judeus durante a Guerra
Civil Russa (1918-1920). Diante
disso, chegam ao Brasil em 1921
e vivem nas cidades de Maceió, Recife e Rio de Janeiro onde passaram algumas dificuldades
financeiras. Desde pequena, Clarice estudou várias línguas (português, francês, hebraico, inglês,
iídiche) e teve aulas de piano. Era boa aluna na escola e gostava de escrever poemas. Após a
morte de sua mãe em 1930, Clarice termina o terceiro ano primário no Collegio Hebreo-Idisch-
Brasileiro. Mais tarde, sua família vai viver no Rio de Janeiro. Em 1939, com 19 anos, ingressa
na Escola de Direito da Universidade do Brasil e começa a dedicar-se totalmente à sua grande
paixão: a literatura. Fez cursos de antropologia e psicologia e, em 1940, publica seu primeiro
conto, intitulado “Triunfo”. Após a morte de seu pai, em 1940, Clarice começa sua carreira de
jornalista. Nos anos seguintes, trabalha como redatora e repórter na Agência Nacional, no
Correio da Manhã e no Diário da Noite. Em 1943, casa-se com o Diplomata Maury Gurgel
Valente, com quem teve dois filhos. Seu primogênito, Pedro, foi diagnosticado com
esquizofrenia. Seu segundo filho, Paulo, foi afilhado do escritor Érico Veríssimo. Devido à
profissão de seu marido, Clarice viveu em muitos países do mundo, desde Itália, Inglaterra,
Suíça e Estados Unidos. O relacionamento durou até 1959, e quando resolveram se separar,
Clarice retornou ao Rio com seus filhos. A escritora foi naturalizada brasileira e se declarava
pernambucana. Seu nome, Clarice, foi uma das formas que seu pai encontrou de esconder toda
sua família quando chegaram ao Brasil. Clarice falece no dia 09 de dezembro de 1977, véspera
de seu aniversário de 57 anos, na cidade do Rio de Janeiro, vítima de câncer de ovário.

De personalidade singular e forte, pouco se importava com as críticas e, segundo ela:

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“Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no
fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de
outro...”.

Obras de Clarice Lispector:

• Perto do coração selvagem (1942)


• O Lustre (1946)
• A Cidade Sitiada (1949)
• Laços de Família (1960)
• A Maçã no Escuro (1961)
• A Legião Estrangeira (1964)
• A Paixão Segundo G. H (1964)
• O Mistério do Coelho Pensante (1967)
• A Mulher que Matou os Peixes (1968)
• Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres (1969)
• Felicidade Clandestina (1971)
• Água Viva (1973)
• A Imitação da Rosa (1973)
• Via Crucis do Corpo (1974)
• Onde Estivestes de Noite? (1974)
• Visão do Esplendor (1975)
• A Hora da Estrela (1977)

Guimarães Rosa foi um dos mais importantes escritores brasileiros do modernismo, além
de ter seguido a carreira de diplomata e médico.
Foi o terceiro ocupante da Cadeira nº 2 da Academia Brasileira de Letras (ABL), em 1967.
Fez parte da terceira geração modernista, chamada de "Geração de 45".

BIOGRAFIA GUIMARÃES ROSA


João Guimarães Rosa nasceu em Cordisburgo, Minas Gerais, no dia 27
de junho de 1908.
Desde pequeno, Rosa estudou línguas (francês, alemão, holandês,
inglês, espanhol, italiano, esperanto, russo, latim e grego). Por
conseguinte, cursou os estudos secundários num colégio alemão em
Belo Horizonte .
Pouco antes de entrar para a Universidade, em 1929, Guimarães já
anuncia sua maestria com as letras, onde começa a escrever seus
primeiros contos.
Em 1930, com apenas 22 anos, formou-se pela Faculdade de Medicina
da Universidade de Minas Gerais, ano que casa-se com Lígia Cabral
Penna, com quem teve duas filhas.
Foi Oficial Médico do 9º Batalhão de Infantaria, quando em 1934, ingressa para a carreira
diplomática, no Itamaraty.
Guimarães Rosa foi Patrono da cadeira nº 2 na Academia Brasileira de Letras, tomando posse
três dias antes de morrer, no dia 16 de novembro de 1967.
No seu discurso de posse, curiosamente, suas palavras destacam o tema da morte:

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“Mas - o que é um pormenor de ausência. Faz diferença? “Choras os que não devias chorar. O
homem desperto nem pelos mortos nem pelos vivos se enluta" - Krishna instrui Arjuna, no
Bhágavad Gita. A gente morre é para provar que viveu. Só o epitáfio é fórmula lapidar. (...)
Alegremo-nos, suspensas ingentes lâmpadas. E: “Sobe a luz sobre o justo e dá-se ao teso coração
alegria!” - desfere então o salmo. As pessoas não morrem, ficam encantadas.”

No auge da carreira de escritor e diplomata, Guimarães Rosa, com apenas 59 anos, faleceu na
cidade do Rio de Janeiro, dia 19 de novembro de 1967, vítima de infarto.

Obras de Guimarães Rosa

Guimarães Rosa escreveu contos, novelas, romances. Muitas de suas obras foram
ambientadas pelo sertão brasileiro, com ênfase nos temas nacionais, marcadas pelo
regionalismo e mediadas por uma linguagem inovadora (invenções linguísticas, arcaísmo,
palavras populares e neologismos).
Rosa foi um estudioso da cultura popular brasileira. Sua obra que merece maior destaque
e por ter sido a mais premiada, é “Grande Sertão: Veredas”, publicada em 1956 e traduzida para
diversas línguas.
Sobre seus escritos, o próprio autor afirma:
“Quando escrevo, repito o que já vivi antes. E para estas duas vidas, um léxico só não é suficiente. Em outras
palavras, gostaria de ser um crocodilo vivendo no rio São Francisco. Gostaria de ser um crocodilo porque amo
os grandes rios, pois são profundos como a alma de um homem. Na superfície são muito vivazes e claros, mas
nas profundezas são tranqüilos e escuros como o sofrimento dos homens.”

Algumas Obras:

• Magma (1936)
• Sagarana (1946)
• Com o Vaqueiro Mariano (1947)
• Corpo de Baile (1956) dividida em três novelas: “Manuelzão e Miguilim”, “No
Urubuquaquá, no Pinhém” e “Noites do sertão”.
• Grande Sertão: Veredas (1956)
• Primeiras Estórias (1962)
• Campo Geral (1964)
• Noites do Sertão (1965)

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EXERCÍCIOS
1. Sobre as características da obra de Clarice Lispector, é correto afirmar:
a) A causa socialista e posteriormente o ceticismo político marcaram sua vida. Sua obra
pode ser dividida em quatro fases: fase gauche, fase social, fase do “não” e fase da
memória.
b) Sua poesia é marcada pela presença constante de metáforas e símbolos, inclinação para
o surrealismo e os contrastes entre o abstrato e o concreto. Sua obra sofreu grande
influência do marxismo.
c) Sua prosa e poesia foram marcadas por temas relacionados à paisagem nordestina,
denúncia da condição de exploração e marginalização dos negros e, a partir de 1935, sua
obra ganhou também enfoque religioso em virtude de sua conversão ao catolicismo.
d) A escritora nunca esteve filiada a nenhum movimento literário, contudo, é possível
observar certa inclinação neossimbolista em razão da presença de temas como o
espiritualismo e o orientalismo em sua obra.
e) A pesquisa estética e a renovação das formas de expressão literária são características
da obra da escritora, que utilizou amplamente a técnica do fluxo de consciência,
transferindo a experiência interior para o primeiro plano da criação literária.

2. Sobre a obra de Clarice Lispector é correto afirmar, exceto:


a) Influenciada por escritores como James Joyce, Virginia Woof, Marcel Proust e William
Faulkner, Clarice Lispector introduziu o fluxo de consciência na Literatura brasileira,
técnica que quebra os limites espaço-temporais e cruza vários planos narrativos sem
preocupação com a linearidade.
b) Embora a maioria de suas personagens protagonistas seja do sexo feminino, Clarice
recusou o rótulo de escritora feminista.
c) Clarice apresentou à Literatura brasileira uma narrativa que subverteu a estrutura dos
tradicionais gêneros narrativos através da quebra da ordem cronológica do enredo.
d) Sua linguagem é permeada por neologismos e regionalismos, e sua narrativa faz uso de
recursos mais comuns à poesia, tais como o ritmo, as aliterações e as metáforas.

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3. Leia.
UFPR – 2008

“(...) As palavras me antecedem e ultrapassam, elas me tentam e me modificam, e se não tomo cuidado será
tarde demais: as coisas serão ditas sem eu as ter dito. Ou, pelo menos, não era apenas isso. Meu enleio vem
de que um tapete é feito de tantos fios que posso me resignar a seguir um fio só; meu enredamento vem de
que uma história é feita de muitas histórias. (...)”

(de “Os desastres de Sofia”)

(...) Na verdade era uma vida de sonho. Às vezes, quando falavam de alguém excêntrico, diziam com a
benevolência que uma classe tem por outra: “Ah, esse leva uma vida de poeta”. Pode-se talvez dizer,
aproveitando as poucas palavras que se conheceram do casal, pode-se dizer que ambos levavam, menos a
extravagância, uma vida de mau poeta: vida de sonho. Não, não era verdade. Não era uma vida de sonho,
pois este jamais os orientara. Mas de irrealidade. (...)”

(de “Os obedientes”)

Com base nos fragmentos acima transcritos, extraídos de contos do livro Felicidade clandestina,
de Clarice Lispector, considere as seguintes afirmativas:
I. Narrar ou deixar de narrar, avaliar de diferentes maneiras um mesmo fato narrado são
hesitações frequentes dos narradores de Clarice Lispector. Como nos fragmentos acima,
também em outros contos prioriza-se a abordagem da vida interior, própria ou alheia,
revelando sutis alternâncias de percepção da realidade.
II. O aspecto metalinguístico está presente no primeiro fragmento.
III. Na ficção de Clarice Lispector, as diferenças entre a percepção masculina e a feminina
não são tematizadas, pois o ser humano está sempre condenado a viver num mundo
incompreensível.
IV. Na ficção de Clarice Lispector, apenas as personagens adultas têm consciência de seus
processos interiores. As crianças e adolescentes sofrem o impacto de novas descobertas,
mas sua inocência os afasta de qualquer comportamento perverso e os protege dos
riscos de viver mais intensamente.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas 3, 4 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
e) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.

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4. Leia.
“Quem é pobre, pouco se apega, é um giro-o-giro no vago dos gerais, que nem os pássaros de rios e lagoas.
O senhor vê: o Zé-Zim, o melhor meeiro meu aqui, risonho e habilidoso. Pergunto: — Zé-Zim, por que é que
você não cria galinhas-d‘angola, como todo o mundo faz? — Quero criar nada não... — me deu resposta: —
Eu gosto muito de mudar... [...] Belo um dia, ele tora. Ninguém discrepa. Eu, tantas, mesmo digo. Eu dou
proteção. [...] Essa não faltou também à minha mãe, quando eu era menino, no sertãozinho de minha terra.
[...] Gente melhor do lugar eram todos dessa família Guedes, Jidião Guedes; quando saíram de lá, nos
trouxeram junto, minha mãe e eu. Ficamos existindo em território baixio da Sirga, da outra banda, ali onde o
de-Janeiro vai no São Francisco, o senhor sabe.”

ROSA, J. G. Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro: José Olympio (fragmento).

Na passagem citada, Riobaldo expõe uma situação decorrente de uma desigualdade social típica
das áreas rurais brasileiras marcadas pela concentração de terras e pela relação de
dependência entre agregados e fazendeiros. No texto, destaca-se essa relação porque o
personagem-narrador
a) relata a seu interlocutor a história de Zé-Zim, demonstrando sua pouca disposição em
ajudar seus agregados, uma vez que superou essa condição graças à sua força de
trabalho.
b) descreve o processo de transformação de um meeiro — espécie de agregado — em
proprietário de terra.
c) denuncia a falta de compromisso e a desocupação dos moradores, que pouco se
envolvem no trabalho da terra.
d) mostra como a condição material da vida do sertanejo é dificultada pela sua dupla
condição de homem livre e, ao mesmo tempo, dependente.
e) mantém o distanciamento narrativo condizente com sua posição social, de proprietário
de terras.
5. Leia.
— Nonada. Tiros que o senhor ouviu foram de briga de homem não, Deus esteja. Alvejei mira em árvore, no
quintal, no baixo do córrego. Por meu acerto. Todo dia isso faço, gosto; desde mal em minha mocidade.

*Nonada: pode-se traduzir o significado de “nonada” como se o signo fosse um nome: “o nada”,
“coisa alguma”; como um pronome substantivo: “nada”; como um advérbio: “em lugar algum”,
“em parte alguma”, “no nada”; como uma predicação: “algo não é coisa alguma”, “isso é nada”,
“algo é no nada”, “algo é nada”.
Acompanhado dos chefes-de-turma ― que ele dava patente de serem seus sotenentes e oficiais de seu terço
― Zé Bebelo, montado num formudo ruço-pombo e com um chapéu distintíssimo na cabeça, repassava daqui
p’r’ali, eguando bem, vistoriava.

*Formudo: formudo = formoso + sufixo de grau 3 aumentativo de adjetivo –udo.


Os fragmentos que você leu acima fazem parte do romance Grande Sertão: Veredas, de
Guimarães Rosa. A partir da leitura dos trechos, é possível observar uma grande característica
da linguagem desse escritor:
a) uso constante de figuras de sintaxe.
b) emprego de empréstimos linguísticos.
c) uso constante de figuras de linguagem.
d) gosto pelos neologismos semânticos e sintáticos.

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GABARITO
1. E
2. A
3. C
4. D
5. D

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SUMÁRIO
MODERNISMO 3ª FASE...................................................................................................................................... 2
POESIA ........................................................................................................................................................... 2
CONTEXTO HISTÓRICO .............................................................................................................................. 2
BIOGRAFIA DE JOÃO CABRAL DE MELO NETO (1920-1999) ...................................................................... 2
FIXAÇÃO ............................................................................................................................................................. 5
GABARITO ...................................................................................................................................................... 8

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MODERNISMO 3ª FASE
POESIA

INTRODUÇÃO DE 45

A Geração de 45 representou um grupo de literatos brasileiros da terceira geração


modernista.
Ela surgiu com a "Revista Orfeu" (1947) e teve representantes tanto na prosa quanto na
poesia.

CONTEXTO HISTÓRICO
A Segunda Guerra Mundial ocorreu entre 1939 a 1945. Portanto, a geração de 45 marca o
início da Guerra Fria, da corrida armamentista, bem como o fim da segunda guerra e de muitos
governos totalitários, do qual se destaca o nazismo alemão.
No Brasil, o período foi da redemocratização do país e a Era Vargas. Com Getúlio Vargas
no poder, essa fase seria marcada pela repressão, censura e a ditadura que avançava.
O movimento moderno das artes buscava criticar a sociedade, ao mesmo tempo que se
distanciava da arte acadêmica. Isso, deu lugar ao folclore, aos regionalismos, aos múltiplos
subjetivismos, dentre outros.
Foi nesse contexto, que os escritores da terceira fase modernista produziram suas obras.
A Geração de 45, no contexto da Terceira Fase Modernista (1945-1980), já inclui
aspectos pós-modernos. Por isso é também chamada de “Fase Pós-Moderna”, com rupturas
entre a primeira e a segunda fase.
Assim, fica claro, que a ideia inicial difundida pelos Modernistas de 22, vinha sofrendo
mudanças com o passar do tempo.
De tal modo, a geração de 45 reuniu artistas preocupados em buscar uma nova expressão
literária, por meio da experimentação e inovações estéticas, temáticas e linguísticas.
A Geração de 45 representou uma arte mais preocupada com a palavra e a forma - no caso
de João Cabral e Guimarães Rosa - ao mesmo tempo que explorava assuntos essencialmente
humanos, como na obra de Clarice.
Tanto a prosa quanto a poesia foram exploradas nesse período, no entanto, de maneira
mais intimista, regionalista e urbana. Além da poesia intimista, merece destaque a prosa
urbana, a prosa intimista e a prosa regionalista.

BIOGRAFIA DE JOÃO CABRAL DE MELO NETO (1920-1999)


Considerado o "poeta engenheiro", João Cabral foi um dos mais proeminentes autores da
Geração de 45. Como um engenheiro, sua obra foi construída de maneira racional e equilibrada.
Grande destaque na poesia, sua obra mais emblemática é “Morte e Vida Severina” com
temática nordestina. Nela, o autor faz uma crítica social sobre os problemas vividos pelos
retirantes no interior do nordeste.
— O meu nome é Severino,
como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,

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deram então de me chamar


Severino de Maria;
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.
Mais isso ainda diz pouco:
há muitos na freguesia,
por causa de um coronel
que se chamou Zacarias
e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.
Como então dizer quem falo
ora a Vossas Senhorias?
Vejamos: é o Severino
da Maria do Zacarias,
lá da serra da Costela,
limites da Paraíba.
Mas isso ainda diz pouco:
se ao menos mais cinco havia
com nome de Severino
filhos de tantas Marias
mulheres de outros tantos,
já finados, Zacarias,
vivendo na mesma serra
magra e ossuda em que eu vivia.

(Trecho da obra "Morte e Vida Severina")

João Cabral de Melo Neto foi poeta, escritor e diplomata


brasileiro. Conhecido como “poeta engenheiro”, ele fez
parte da terceira geração modernista no Brasil,
conhecida como Geração de 45.
Nesse momento, os escritores estavam mais
preocupados com a palavra e a forma, sem deixar de lado
a sensibilidade poética. De maneira racional e
equilibrada, João Cabral se destacou por seu rigor
estético.
“Morte e Vida Severina” foi, sem dúvida, a obra que o
consagrou. Além disso, seus livros foram traduzidos para
diversas línguas (alemão, espanhol, inglês, italiano,
francês e holandês) e sua obra é conhecida em diversos
países.

O pernambucano João Cabral de Melo Neto nasceu no


Recife em 6 de janeiro de 1920. Filho de Luís Antônio
Cabral de Melo e de Carmen Carneiro Leão Cabral de
Melo, João era primo de Manuel Bandeira e Gilberto
Freyre. Passou parte da infância nas cidades
pernambucanas de São Lourenço da Mata e Moreno. Muda-se com a família em 1942 para o Rio
de Janeiro, onde publica seu primeiro livro, “Pedra do Sono”. Começa atuar no serviço público

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em 1945, como funcionário do Dasp (Departamento de Administração do Serviço Público). No


mesmo ano, inscreve-se para o concurso do Ministério das Relações Exteriores e passa a
integrar em 1946 o quadro de diplomatas brasileiros. Após passar por vários países, assume o
posto de cônsul-geral da cidade do Porto, em Portugal em 1984.
Permanece no cargo até 1987, quando volta a viver com a família no Rio de Janeiro. É
aposentado da carreira diplomática em 1990. Pouco depois, começou a sofrer com uma
cegueira, fato que o leva a depressão. João Cabral morreu em 9 de outubro de 1999, no Rio de
Janeiro, com 79 anos. O escritor foi vítima de um ataque cardíaco.

Academia Brasileira de Letras

Embora com extensa agenda diplomática, escreveu diversas obras, chegando ser eleito
em 15 de agosto de 1968 como membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), recebido por
José Américo. Em seu discurso de posse homenageou o jornalista Assis Chateaubriand.
Assim, para compensar o laconismo de um “muito obrigado” e expressar meu reconhecimento de
outra maneira, quero dizer que me sinto muito honrado em vir a ser um de vós. E não apenas pelo
que cada um de vós representa em nossa vida intelectual como porque a Academia, que vós todos,
em conjunto, constituís, é uma de nossas instituições em que se tem mantido mais vivo o respeito
pela liberdade do espírito. Daí (e não sei de maior elogio que se possa fazer a um corpo de
escritores, homens para quem a liberdade de espírito é condição de existência) meu empenho em
declarar que, entrando para a Academia, não tenho o sentido de estar abdicando de nenhuma das
coisas que me são importantes como escritor.
Na verdade, venho ser companheiro de escritores que representaram, ou representam, o que a
pesquisa formal, no nível da textura e da estrutura do estilo, tem de mais experimental; escritores
outros cuja obra é uma permanente, e renovada, denúncia de condições sociais que espíritos
acomodados achariam mais conveniente não dar a ver; escritores que, em momentos os mais
diversos de nossa história política, têm combatido situações políticas também as mais diversas;
escritores que, já acadêmicos, têm julgado livremente a Academia, patronos de suas Cadeiras e
membros de suas Cadeiras. E tudo isso sem que a Academia tenha procurado exercer nenhuma
censura e sem que a posição de acadêmicos tenha levado esses escritores a qualquer autocensura."
(Trecho do Discurso de Posse, 6 maio de 1969)

Obras

João Cabral escreveu diversas obras e segundo ele “escrever é estar no extremo de si mesmo”:
• Considerações sobre o poeta dormindo, 1941;
• Pedra do sono, 1942;
• O engenheiro, 1945;
• O cão sem plumas, 1950;
• O rio, 1954;
• Quaderna, 1960;
• Poemas escolhidos, 1963;
• A educação pela pedra, 1966;
• Morte e vida severina e outros poemas em voz alta, 1966;

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FIXAÇÃO
1. Morte e vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, identifica-se como:
a) uma obra que, refletindo inovações e experimentações linguísticas do autor, torna
tênues as barreiras entre a prosa e poesia.
b) um auto que explora a temática do nascimento como signo do ressurgir da esperança.
c) um auto de Natal que rememora a visita dos reis Magos e pastores ao Deus Menino.
d) um poema que encerra uma síntese das propostas vanguardistas contidas na obra geral
do autor.
e) um conto cujo interesse se centraliza na preocupação do autor como problema da seca
no Nordeste.

2. Assinale a alternativa que contenha a associação correta:


a) João Cabral de Melo Neto → Poesia intimista, com rimas e métricas.
b) João Cabral de Melo Neto → Reflexão sobre a criação artística.
c) João Cabral de Melo Neto → Poema de feitio tradicional, linguagem clássica e
transparente.
d) João Cabral de Melo Neto → Romanceiro da Inconfidência, poesia social.
e) João Cabral de Melo Neto → Os Sertões, prosa regionalista.

3. São características da poesia de João Cabral de Melo Neto:


a) Corte profundo entre a poesia romântica e a poesia moderna. O poeta criou um novo
conceito de poesia, que dessacraliza a chamada “poesia profunda”, ou seja, a poesia em
que predominam os versos de sentimentos ou de abordagem introspectiva. Sua poesia
é antilírica, presa ao real e direcionada ao intelecto, não às emoções.
b) Para o poeta, todo o ato de escrever provém da inspiração, fruto de uma investigação
íntima que privilegia os sentimentos e o lirismo.
c) O lirismo de João Cabral de Melo Neto, que tem raízes no neossimbolismo, concilia o
humor com temas do cotidiano, como a infância, a vida, a morte e o amor.
d) Dada sua farta produção poética, a poesia de João Cabral de Melo Neto costuma ser
dividida em quatro fases: a fase gauche; a fase social; a fase do “não” e a fase da memória.
e) João Cabral de Melo Neto integra o grupo de poetas religiosos que se formou no Rio de
Janeiro entre as décadas de 1930 e 40. Sua poesia é dividida em duas fases: a fase
transcendental e a fase material.

4. Leia o que disse João Cabral de Melo Neto, poeta pernambucano, sobre a função de seus
textos:
"Falo somente com o que falo: a linguagem enxuta, contato denso; Falo somente do que falo: a vida seca,
áspera e clara do sertão; Falo somente por quem falo: o homem sertanejo sobrevivendo na adversidade e na
míngua. Falo somente para quem falo: para os que precisam ser alertados para a situação da miséria no
Nordeste."

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Para João Cabral de Melo Neto, no texto literário,


a) A linguagem do texto deve refletir o tema, e a fala do autor deve denunciar o fato social
para determinados leitores.
b) A linguagem do texto não deve ter relação com o tema, e o autor deve ser imparcial para
que seu texto seja lido.
c) O escritor deve saber separar a linguagem do tema e a perspectiva pessoal da
perspectiva do leitor.
d) A linguagem pode ser separada do tema, e o escritor deve ser o delator do fato social
para todos os leitores.
e) A linguagem está além do tema, e o fato social deve ser a proposta do escritor para
convencer o leitor.

5. (UEPA - PA)
“(...) Chega mais perto e contempla as

[palavras.

Cada uma tem mil faces secretas sob a face

[neutra

E te pergunta, sem interesse pela resposta,

Pobre ou terrível, que lhe deres:

Trouxeste a chave? (...)”

Carlos Drummond de Andrade.

Procura da Poesia

“(...) E as vinte palavras recolhidas

Nas águas salgadas do poeta

E de que se servirá o poeta

Na sua máquina útil.

Vinte palavras sempre as mesmas

De que conhece o funcionamento

A evaporação, a densidade

Menor que a do ar.”

João Cabral de Melo Neto.

A lição de Poesia.

As estrofes destacadas revelam que, para Drummond e João Cabral, a criação poética centra-se
no(a):

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a) tratamento estético dado à matéria-prima da poesia: a palavra.


b) inspiração.
c) nos aspectos formais do poema: metro, ritmo, rima...
d) na desmontagem da palavra, ao gosto dos concretistas.
e) na dissociação entre significante e significado.

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GABARITO
1. B
2. B
3. A
4. A
5. A

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SUMÁRIO
TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS ..................................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO A LITERATURA BRASILEIRA CONTEMPORÃNEA ..................................................................... 2
CARACTERÍSTICAS ...................................................................................................................................... 2
PRINCIPAIS AUTORES E OBRAS .................................................................................................................. 2
CONCRETISMO............................................................................................................................................... 4
CARACTERÍSTICAS ...................................................................................................................................... 4
CONCRETISMO NO BRASIL ............................................................................................................................ 4
GRUPO CONCRETISTA DE SÃO PAULO ...................................................................................................... 4
POESIA CONCRETA..................................................................................................................................... 4
EXEMPLO DE POESIA CONCRETA............................................................................................................... 5
NEOCONCRETISMO ....................................................................................................................................... 5
EXEMPLO DE POESIA NEOCONCRETA ....................................................................................................... 5
BOSSA NOVA E TROPICALISMO ..................................................................................................................... 6
FIXAÇÃO ............................................................................................................................................................. 7
GABARITO .................................................................................................................................................... 11

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TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS
INTRODUÇÃO A LITERATURA BRASILEIRA CONTEMPORÃNEA
A Literatura Brasileira Contemporânea engloba as produções do final do século XX e
da primeira metade do século XXI, sendo marcada por uma multiplicidade de tendências.
Ela reúne um conjunto de caraterísticas de diversas escolas literárias anteriores,
revelando assim, uma mistura de tendências que irão inovar a poesia e a prosa (contos,
crônicas, romances, novelas, etc.) do período.
Muitas características da literatura contemporânea estão relacionadas com o movimento
modernista, por exemplo, a ruptura com os valores tradicionais. Entretanto, a identidade nesse
momento não é mais uma busca, sendo revelada por uma crise existencial do homem pós-
moderno.
Alguns movimentos vanguardistas que assinalaram a produção contemporânea foram:
• Concretismo
• Neoconcretismo
• Poesia-Práxis
• Poesia Marginal
• Poema Processo

CARACTERÍSTICAS
As principais características da literatura contemporânea são:
• Mistura de tendências estéticas (ecletismo)
• União da arte erudita e da arte popular
• Prosa histórica, social e urbana
• Poesia intimista, visual e marginal
• Temas cotidianos e regionalistas
• Engajamento social e literatura marginal
• Experimentalismo formal
• Técnicas inovadoras (recursos gráficos, montagens, colagens, etc.).
• Formas reduzidas (minicontos, minicrônicas, etc.)
• Intertextualidade e metalinguagem

PRINCIPAIS AUTORES E OBRAS


Segue abaixo alguns escritores da literatura brasileira contemporânea:
• Ariano Suassuna (1927-2014): escritor paraibano, escreveu poesias e
romances, ensaios e obras de dramaturgia. Desde 1990 ocupou a cadeira 32 da
Academia Brasileira de Letras. É autor de “Auto da Compadecida” (1955) e “O
Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta” (1971).
• Antônio Callado (1917-1997): escritor e jornalista nascido em Niterói, Antônio
Callado escreveu obras de dramaturgia, biografia e romances, dos quais se
destacam os romances “A Madona de Cedro” (1957) e “Quarup” (1967); e as obras
de dramaturgia “O tesouro de Chica da Silva” (1962) e “Forró no Engenho
Cananeia” (1964).

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• Adélia Prado (1935-): nascida na cidade de Divinópolis, em Minas gerais, Adélia


Prado escreveu poesias, romances e contos. De sua produção literária destacam-
se: o livro de poesias “Bagagem” (1976) e o romance “O Homem da Mão Seca”
(1994).
• Cacaso (1944-1987): poeta mineiro nascido em Uberaba, Antônio Carlos de Brito
foi grande destaque na poesia marginal. De suas obras destacam-se os livros de
poesias “Na corda bamba” (1978) e "Mar de Mineiro" (1982).
• Caio Fernando Abreu (1948-1996): escritor gaúcho nascido em Santiago, Rio
Grande do Sul, Caio escreveu contos, romances, novelas e obras de dramaturgia,
das quais se destacam: o livro de contos “Morangos Mofados” (1982) e o romance
“Onde Andará Dulce Veiga?” (1990).
• Carlos Heitor Cony(1926-2018): nascido no Rio de Janeiro, Carlos é escritor e
jornalista, dono de uma vasta obra. Membro da Academia Brasileira de Letras
desde 2000, ele escreveu contos, crônicas, romances, ensaios, obras infanto-
juvenis, roteiros de cinema, telenovelas, documentários, dentre outros. De sua
obra destacam-se os romances “Pessach: a travessia” (1975) e “Quase Memória”
(1995).
• Cora Coralina (1889-1985): Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, nasceu em
Goiás. Escreveu poesias e contos utilizando o pseudônimo Cora Coralina. De sua
obra destacam-se o livro de poesias “Poemas dos Becos de Goiás e estórias mais”
(1965) e o livro de contos “Estórias da Casa Velha da Ponte” (1985).
• Dalton Trevisan (1925-): escritor paranaense nascido em Curitiba, Dalton é um
dos mais destacados contistas da literatura contemporânea. Por ser uma figura
excêntrica e misteriosa Dalton Trevisan ficou conhecido pelo nome o “Vampiro
de Curitiba”. De sua obra merecem destaque o livro de contos “O Vampiro de
Curitiba” (1965) e a recente obra de minicontos denominada “111 Ais” (2000).
• Ferreira Gullar (1930-2016): escritor maranhense nascido em São Luís,
Ferreira Gullar é membro da Academia Brasileira de Letras desde 2014. Escreveu
poesia, contos, crônicas, ensaios, memórias, biografias, das quais se destacam os
livros de poesias “Poema Sujo” (1976) e “Em Alguma Parte Alguma” (2010). Sem
dúvida seu ensaio mais conhecido é a “Teoria do não-objeto” (1959).
• Lya Luft (1938): nascida na cidade de Santa Cruz do Sul, no estado do Rio Grande
do Sul, Lya é escritora, tradutora e professora. Possui uma vasta obra literária
desde romances, poesias, contos, ensaios e livros infantis das quais se destacam:
“Canções de Limiar” (1964) e “Perdas e Ganhos” (2003).
• Millôr Fernandes (1923-2012): nascido no Rio de Janeiro, Millôr Fernandes é
um artista multifacetado. Foi escritor, jornalista, dramaturgo e desenhista
(cartunista). Sua obra literária está repleta de ironia, humor e sarcasmo, da qual
se destaca: “Hai-Kais” (1968), “Millôr Definitivo: A Bíblia do Caos” (1994) e “A
Entrevista” (2011).
• Murilo Rubião (1916-1991): escritor e jornalista mineiro, Murilo foi redator de
jornal e revista, se destacando na literatura com sua obra de contos: “O ex-
mágico” (1947), “O pirotécnico Zacarias” (1974) e “O Convidado” (1974).
• Nélida Pinõn (1937-): escritora nascida no Rio de Janeiro, Nélida Piñon foi
jornalista e editora. Membro da Academia Brasileira de Letras desde 1989, Nélida
escreveu ensaios, romances, contos, crônicas, e obras de literatura infantil, das
quais se destacam o romance “A casa da paixão” (1977) e o livro de contos “O pão
de cada dia: fragmentos” (1994).
• Paulo Leminski (1944-1989): escritor curitibano pertencente à geração
mimeógrafo ou literatura marginal, Paulo escreveu poesia, ensaios, romances,

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contos, obras de literatura infantil. De sua obra merecem destaque o livro de


poesia “Distraídos Venceremos” (1987) e o romance “Agora é que são elas” (1984).
• Rubem Braga (1913-1990): nascido no Espírito Santo, no município de
Cachoeiro de Itapemirim, Rubem Braga é considerado um dos maiores cronistas
do país. De sua obra destacam-se “Crônicas do Espírito Santo” (1984) e “O Verão e
as Mulheres” (1990).

CONCRETISMO
O concretismo foi um movimento artístico e cultural que surgiu na Europa em meados
do século XX, o qual visava a criação de uma nova linguagem, uma arte abstrata.
Esse movimento de vanguarda influenciou as artes literárias, musicais e figurativas.

CARACTERÍSTICAS
As principais características do Concretismo na literatura são:
• Valorização do conteúdo visual e sonoro
• Sintaxe visual em detrimento da discursiva
• Banimento da estrutura formal, como os versos e as estrofes
• Utilização de efeitos gráficos
• O papel torna-se a tela e o artista aproveita todo o espaço
• Defesa da racionalidade
• Aversão ao Expressionismo
• Rejeição ao acaso e a abstração lírica
As principais características do Concretismo nas artes plásticas:
• Busca de precisão nas formas
• Uso de formas abstratas
• Influência do Cubismo
• União entra a forma e o conteúdo
• Defesa da racionalidade, lógica e cientificismo

CONCRETISMO NO BRASIL
No Brasil, esse movimento vanguardista chegou por volta de 1950, através do Suíço, Max
Bill (1908-1994), um dos precursores do movimento, ao lado do russo Vladimir Maiakovski
(1893-1930).
Bill popularizou as concepções dessa nova tendência na Exposição Nacional de Arte
Concreta, em 1956.
GRUPO CONCRETISTA DE SÃO PAULO
O movimento concreto se constituiu, primeiramente, na cidade de São Paulo, em meados
da década de 50, sendo liderado pelos poetas e irmãos Augusto e Haroldo de Campos, conhecido
como os "irmãos Campos”, e Décio Pignatari.
O grupo concretista de São Paulo foi fundador da Revista “Noigandres” (1952),
divulgadora das ideias atreladas ao concretismo.
POESIA CONCRETA

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A poesia concreta inaugurou um novo estilo que norteou a poesia brasileira pós-
modernista, a partir de uma poesia visual, com utilização de efeitos gráficos, de forma que a
palavra concreta representa o objeto real (palavra-objeto).
Dessa forma, a poesia concreta absorve somente a palavra, ou seja, “a palavra-objeto”, sem
que haja preocupação com estruturas literárias, desde estrofes, versos e rimas.
A partir disso, há o predomínio de imagens em detrimento ao caráter discursivo da poesia.
A despeito de o concretismo não se preocupar com a temática, uma vez que o objetivo
principal era criar uma nova linguagem ao mesclar a forma e o conteúdo, alguns temas
prevaleceram na poesia concreta, desde as críticas feitas à sociedade capitalista e ao consumo
exacerbado.

EXEMPLO DE POESIA CONCRETA


COCA-COLA

BEBACOCACOLA
BABECOLA
BEBACOCA
BABECOLACACO
CACO
COLA
CLOACA

(Décio Pignatari)

NEOCONCRETISMO
O movimento neoconcreto ou neoconcretismo foi um movimento que surgiu no final da
década de 50, no Rio de janeiro, como reação ao movimento concretista criado em São Paulo.
Com isso, o Manifesto Neoconcretista foi publicado no Suplemento Dominical do Jornal do
Brasil, dia 23 de março de 1959.
Os neoconcretistas ou concretistas cariocas, acreditavam que a arte não podia ser
considerada como um mero objeto tal qual consideravam os poetas paulistas, de forma que,
para eles, a expressividade estava acima da forma.
Para tanto, criticavam a tendência racional, positivista, dogmática e técnico-científica do
concretismo ortodoxo paulista.
Nesse período (1959-1961), os artistas que mais se destacaram e participaram da “I
Exposição de Arte Neoconcreta” foram: Ferreira Gullar, Lygia Clark, Reynaldo Jardim, Theon
Spanudis, Sergio Camargo, Amílcar de Castro, Franz Weissmann e Lygia Pape.
Em resumo às ideias dos autores neoconcretos, Lygia Pape acrescentou:
“Nós nos separamos do Grupo Concreto de São Paulo porque eles queriam criar um projeto de dez
anos de trabalho para o futuro. O grupo do Rio achou que era racionalismo demais. Nós queríamos
trabalhar com a intuição, mais soltos.”

EXEMPLO DE POESIA NEOCONCRETA


Mar Azul

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mar azul
mar azul marco azul
mar azul marco azul barco azul
mar azul marco azul barco azul arco azul
mar azul marco azul barco azul arco azul ar azul

(Ferreira Gullar)

BOSSA NOVA E TROPICALISMO


Como imaginar o Tropicalismo sem os trabalhos precursores de Tom Jobim, Vinícius de
Moraes e, principalmente, João Gilberto? Movimento que
revolucionou o ambiente musical brasileiro em finais dos
anos 50, a Bossa Nova foi um momento histórico da cultura
brasileira. Seu apuro formal e sua beleza representavam
uma das faces da modernização desenvolvimentista
durante a era JK. Ruptura com o passado e renovação da
tradição caminhavam de mãos dadas nas inovações formais
e temáticas de suas canções. O grande marco do movimento
foi o lançamento do disco Chega de Saudade, do baiano João
Gilberto, em 1959. O canto “baixinho” e quase falado, a
batida concisa do violão e as harmonias utilizadas por João
provocaram uma verdadeira revolução, tornando-se um (ou “o”) divisor de águas na música
popular brasileira. O disco influenciou toda uma geração de músicos como Chico Buarque, Edu
Lobo, Jorge Ben, Milton Nascimento e, principalmente, os tropicalistas Caetano Veloso e
Gilberto Gil.

“se você insiste em classificar


meu comportamento de antimusical
eu mesmo mentindo
devo argumentar
que isto é bossa nova
isto é muito natural”
Tom Jobim e Newton Mendonça

Nas composições da Bossa Nova, melodia, harmonia, ritmo e contraponto formam um


todo, não havendo a prevalência de qualquer destes elementos sobre os demais. Da mesma
forma, a Bossa Nova promove a integração do canto na canção, decretando o fim dos
malabarismos vocais operísticos, dos arroubos melodramáticos do bel canto. Nas letras das
canções, a palavra passa a valer pelo que representa em termos de individualidade sonora. O
violão é valorizado como instrumento. Baterias e metais são suprimidos em prol de
instrumentos mais limpos, como o piano e a flauta.

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De inicialmente influenciada pelo jazz, be-bop e cool jazz, a Bossa


Nova, com a sua explosão internacional no início dos anos 60,
passa a influenciadora da música americana, impondo-se como
um produto nacional moderno e universal. A batida nascida na
beira do mar em Copacabana
constitui-se, assim, num caso
típico do “canibalismo cultural”
pensado pela antropofagia de
Oswald de Andrade.
E é com os olhos postos na
Bossa Nova e o ouvido colado na voz e violão de João Gilberto,
que Caetano Veloso propõe, em maio de 1966, a “retomada da
linha evolutiva” da música brasileira. A retomada dessa linha
evolutiva feita pelo jovem compositor baiano desaguaria, logo a
seguir, no Tropicalismo.

FIXAÇÃO
Mesmo tendo a trajetória do movimento interrompida com a prisão de seus dois líderes, o tropicalismo não
deixou de cumprir seu papel de vanguarda na música popular brasileira. A partir da década de 70 do século
passado, em lugar do produto musical de exportação de nível internacional prometido pelos baianos com a
“retomada da linha evolutória”, instituiu-se nos meios de comunicação e na indústria do lazer uma nova era
musical. (TINHORÃO, J.R. Pequena história da música popular: da modinha ao tropicalismo. São Paulo: Art,
1986 [adaptado]).

1. A nova era musical mencionada no texto evidencia um gênero que incorporou a cultura
de massa e se adequou à realidade brasileira. Esse gênero está representado pela obra
cujo trecho da letra é:
a) A estrela d'alva/ no céu desponta/ E a lua tonta/ Com tamanho esplendor. (As
pastorinhas, Noel Rosa e João de Barro).
b) Hoje/ Eu quero a rosa mais linda que houver/ Quero a primeira estrela que vier/ Para
enfeitar a noite do meu bem. (A noite do meu bem, Dolores Duran).
c) No rancho fundo/ Bem pra lá do fim do mundo/ Onde a dor e a saudade/ Contam coisas
da cidade. (No rancho fundo, Ary Barroso e Lamartine Babo).
d) Baby, Baby/ Não adianta chamar/ Quando alguém está perdido/ Procurando se
encontrar. (Ovelha negra, Rita Lee.)
e) Pois há menos peixinhos a nadar no mar/ Do que beijinhos que eu darei/ Na sua boca.
(Chega de Saudade, Tom Jobim e Vinícius de Moraes).

2. O tropicalismo teve como uma de suas propostas a reinterpretação da cultura brasileira


e latino-americana. A capacidade de misturar elementos de culturas estrangeiras aos
nossos era uma das principais características que os representantes da Tropicália
reivindicavam. Essa característica já havia sido apontada por outro movimento artístico
intelectual brasileiro, que era:
a) A “antropofagia cultural”, de Oswald de Andrade

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b) O verde-amarelismo, de Cassiano Ricardo


c) O indianismo, de José de Alencar
d) O Parnasianismo, de Olavo Bilac
e) O movimento integralista, de Plínio Salgado.

3. Leia as três estrofes abaixo e, em seguida, aponte a alternativa correta.


No pulso esquerdo o bang-bang
Em suas veias corre
Muito pouco sangue
Mas seu coração
Balança um samba de tamborim

Emite acordes dissonantes


Pelos cinco mil alto-falantes
Senhoras e senhores
Ele põe os olhos grandes
Sobre mim

Viva Iracema ma, ma


Viva Ipanema ma, ma, ma, ma...

Os versos acima são da canção “Tropicália”, de Caetano Veloso. Partindo desses versos, é
possível afirmar que:
a) Caetano Veloso não se preocupa em passar nenhuma mensagem com a música, apenas
enumera palavras soltas, sem sentido algum.
b) Caetano Veloso faz uma crítica irônica ao bairro de Ipanema nos versos finais.
c) Apesar de levar o título de “Tropicália”, essa canção nada tem a ver com o movimento
tropicalista.
d) A mistura de elementos aparentemente sem conexão dão o tom da proposta estética da
Tropicália.
e) Um dos principais aspectos do movimento tropicalista era falar exclusivamente da
cultura nacional.

4. Leia o texto abaixo:


João Grilo: Ah isso é comigo. Vou fazer um chamado especial, em verso. Garanto que ela vem, querem ver?
(Recitando.)

Valha-me Nossa Senhora, Mãe de Deus de Nazaré! A vaca mansa dá leite, a braba dá quando quer. A mansa
dá sossegada, a braba levanta o pé. Já fui barco, fui navio, mas hoje sou escaler. Já fui menino, fui homem,
só me falta ser mulher.

Encourado: Vá vendo a falta de respeito, viu?

João Grilo: Falta de respeito nada, rapaz! Isso é o versinho de Canário Pardo que minha mãe cantava para eu
dormir. Isso tem nada de falta de respeito!

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Já fui barco, fui navio, mas hoje sou escaler. Já fui menino, fui homem, só me falta ser mulher. Valha-me.
Nossa Senhora, Mãe de Deus de Nazaré.

Cena igual à da aparição de Nosso Senhor, e Nossa Senhora, A compadecida, entra.

Encourado, com raiva surda: Lá vem a compadecida! Mulher em tudo se mete!

João Grilo: Falta de respeito foi isso agora, viu? A senhora se zangou com o verso que eu recitei?

A Compadecida: Não, João, porque eu iria me zangar? Aquele é o versinho que Canário Pardo escreveu para
mim e que eu agradeço. Não deixa de ser uma oração, uma invocação. Tem umas graças, mas isso até a torna
alegre e foi coisa de que eu sempre gostei. Quem gosta de tristeza é o diabo.

João Grilo: É porque esse camarada aí, tudo o que se diz ele enrasca a gente, dizendo que é falta de respeito.

A Compadecida: É máscara dele, João. Como todo fariseu, o diabo é muito apegado às formas exteriores. É
um fariseu consumado.

Encourado: Protesto.
Manuel: Eu já sei que você protesta, mas não tenho o que fazer, meu velho. Discordar de minha mãe é que
eu não vou.

(…)

(Fonte: Auto da Compadecida. 15 ed. Rio de Janeiro: Agir, 1979.)

A obra O Auto da Compadecida foi escrita para o teatro:


a) Por João Cabral de Melo Neto e aborda temas recorrentes do Nordeste brasileiro.
b) E seu autor, Ariano Suassuna, aborda o tema da seca que sempre marcou o Nordeste.
c) Pelos autores do Movimento Armorial, abordando temas religiosos e costumes
populares.
d) Por Ariano Suassuna, tendo como base romances e histórias populares do Nordeste
brasileiro.
e) Por João Cabral de Melo Neto e aborda temas religiosos divulgados pela literatura de
cordel.

5. Leia.
de sol a sol
soldado
de sal a sal
salgado
de sova a sova
sovado
de suco a suco
sugado
de sono a sono
sonado
sangrado
de sangue a sangue

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O poema concretista, acima indicado, apresenta as seguintes inovações no campo verbal e


visual:
a) abolição do verso tradicional; desintegração do sistema em seus morfemas; a palavra dá
lugar ao símbolo gráfico.
b) apresentação de um ideograma; uso de estrangeirismos, esfacelamento da linguagem.
c) ausência de sinais de pontuação; uso intensivo de certos fonemas; jogos sonoros e uso
de justaposição.
d) uso construtivo dos espaços brancos; neologismo; separação dos sufixos e dos prefixos;
uso de versos alexandrinos.
e) apresentação de trocadilhos; uso de termos plurilinguísticos; desintegração da palavra
e emprego de símbolos gráficos.

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GABARITO
1. D
2. A
3. D
4. D
5. A

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