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Romantismo: Características e Contexto Histórico

O romantismo é um movimento artístico e cultural que privilegia as emoções, a subjetividade e o individualismo.


Contrário ao objetivismo e as tradições clássicas de perfeição, ele apresenta uma visão de mundo centrada no ser
humano com destaque para as sensações humanas e a liberdade de pensamento.
O romantismo surgiu na Europa no século XVIII no contexto da revolução industrial e do iluminismo, movimento
intelectual e filosófico baseado na razão. Ele durou até meados do século XIX, quando começa o realismo.
Rapidamente, esse estilo chegou a outros países inspirando diversos campos da arte: literatura, pintura, escultura,
arquitetura e música.
No Brasil, o movimento romântico começa em meados do século XIX, anos depois da independência do país (1822)
com a publicação da obra Suspiros poéticos e saudades, de Gonçalves de Magalhães, em 1836.
Contexto histórico
Como escola literária, as bases do sentimentalismo romântico e do escapismo pelo suicídio foram estabelecidas pelo
romance "Os sofrimentos do jovem Werther", de Goethe, publicado na Alemanha em 1774.
Primeira edição da obra Os Sofrimentos do Jovem Werther (1774), livro que deu início ao movimento romântico
Na Inglaterra, o Romantismo se manifesta nos primeiros anos do século XIX, com destaque para a poesia
ultrarromântica de Lord Byron e para o romance histórico Ivanhoé, de Walter Scott.
Também figuram entre as primeiras obras do início da revolução romântica na Europa os livros Manon Lescut, do
árabe Prévost (1731), e a História de Tom Joses, de Henry Fielding (1749).
O romance, contudo, já era utilizado no Império Romano, cuja palavra romano era aplicada para designar as línguas
usadas pelos povos sob o seu domínio. Tais idiomas eram, na verdade, uma forma popular do latim.
As composições de cunho popular e folclórico escritas em latim vulgar, em prosa ou em verso e que relatavam
fantasias e aventuras, também eram chamadas de romance.
E foi no século XVIII, que tomou o sentido atual, após passar pelas formas de "romance de cavalaria, romance
sentimental, romance pastoral", na Europa. O romance pode ser considerado o sucessor da epopeia.
Principais características
Na literatura, as principais características do romantismo são:
 Oposição ao modelo clássico;
 Estrutura do texto em prosa, longo;
 Desenvolvimento de um núcleo central;
 Narrativa ampla refletindo uma sequência de tempo;
 O indivíduo passa a ser o centro das atenções;
 Surgimento de um público consumidor (folhetim);
 Uso de versos livres e versos brancos;
 Exaltação do nacionalismo, da natureza e da pátria;
 Idealização da sociedade, do amor e da mulher;
 Criação de um herói nacional;
 Sentimentalismo e supervalorização das emoções pessoais;
 Subjetivismo e egocentrismo;
 Saudades da infância;
 Fuga da realidade.
Oposição ao Clássico
No início, todos os movimentos em oposição ao clássico eram considerados românticos. Dessa maneira, os modelos
da Antiguidade Clássica foram substituídos pelos da Idade Média quando surgiu a burguesia.
A arte, que antes era de caráter nobre e erudita, passa a valorizar o folclórico e o nacional. Ela extrapola as barreiras
impostas pela Corte e começa a ganhar a atenção do povo.
A arte romântica, ao romper as muralhas da Corte e ganhar as ruas, liberta-se das exigências dos nobres que
pagavam sua produção e passa a ter um público anônimo. É o surgimento do público consumidor, impulsionado no
Brasil pelo folhetim, uma literatura mais acessível.
Na prosa, o aspecto formal do Classicismo é deixado de lado. O mesmo ocorre com a poesia, com os versos livres,
sem métrica e sem estrofação. A poesia também é caracterizada pelo verso branco, sem rima.
Confira na tabela abaixo as diferenças entre o Classicismo e o Romantismo:

Nacionalismo
Os românticos pregam o nacionalismo, incentivam a exaltação da natureza pátria, o retorno ao passado histórico e
na criação do herói nacional.
Na literatura europeia, os heróis nacionais são belos e valentes cavaleiros medievais. Na brasileira são os índios,
igualmente belos, valentes e civilizados.
A natureza também é exaltada no Romantismo. Está é vista como uma extensão da pátria ou refúgio à vida agitada
dos centros urbanos do século XIX. A exaltação à natureza ganha contornos de prolongamento do escritor e de seu
estado emocional.
Sentimentalismo Romântico
Entre as marcas principais do Romantismo estão o sentimentalismo, a supervalorização das emoções pessoais, o
subjetivismo e egocentrismo. É dessa maneira que os poetas se colocavam como o centro do universo.
Dentro de um universo particular, o poeta sente a derrota do ego, produz frustração e tédio. São características do
movimento romântico: as fugas da realidade por meio do abuso de álcool e ópio, a idealização da mulher, da
sociedade e do amor bem como a saudade da infância e a busca constante por casas de prostituição.
Romantismo em Portugal
Os primeiros anos do Romantismo português coincidem com as lutas civis entre liberais e conservadores. A renúncia
de Dom Pedro ao trono brasileiro e sua luta pelo trono de Portugal ao lado dos liberais, veio intensificar esses
conflitos.
O romantismo literário em Portugal tem como marco inicial a publicação, em 1825, do poema Camões, escrito por
Almeida Garrett. A obra foi produzida durante seu exílio em Paris.
Em Portugal, o movimento romântico esteve dividido em 2 fases:
1. Primeira geração romântica: fase nacionalista
2. Segunda geração romântica: fase de maturidade
Autores e obras do romantismo em Portugal
 Almeida Garret (1799-1854). Obras: Camões (1825), Viagens na minha terra (1846) e Folhas Caídas (1853).
 Alexandre Herculano (1810-1877). Obras: A Harpa do Crente (1838), Eurico, o Presbítero (1844)
e Poesias (1850).
 Antônio Feliciano de Castilho (1800-1875). Obras: Amor e melancolia (1828), A noite do Castelo (1836)
e Escavações poéticas (1844).
 Camilo Castelo Branco (1825-1890). Obras: Amor de perdição (1862), Coração, Cabeça e Estômago (1862)
e Amor de Salvação (1864).
 Júlio Dinis (1839-1871). Obras: As Pupilas do Senhor Reitor (1866), Uma Família Inglesa (1868) e A
Morgadinha dos Canaviais (1868).
 Soares de Passos (1826-1860). Única obra publicada: Poesias (1856).
 João de Deus (1830-1896). Obras: Ramo de Flores (1869) e Despedidas de Verão (1880).
Romantismo no Brasil

O Romantismo no Brasil foi um movimento literário que reuniu uma produção muito rica de textos poéticos, teatrais
e romances.

Teve como marco inicial a publicação do livro de poemas "Suspiros poéticos e saudades", de Gonçalves de
Magalhães (1811-1882), em 1836. Além dessa obra, a Revista Niterói, publicada nesse mesmo ano em Paris, também
foi precursora do movimento.

O romantismo no Brasil se caracterizou, num primeiro momento, pela busca da identidade nacional e resgate das
tradições e valores da cultura popular e do folclore. Temas como o índio, a exaltação da natureza, os regionalismos e
a realidade social do país são muito explorados pelos autores românticos.

Iracema, obra de José Maria de Medeiros


Iracema (1884), obra de José Maria de Medeiros (1849-1925)
Com a Independência do Brasil, efetivada em 7 de setembro de 1822, os escritores desse período buscam a
autonomia da literatura, retomando diversos aspectos da cultura brasileira. Isso porque durante séculos de
colonização, o Brasil sofreu forte influência dos modelos europeus, sobretudo de Portugal.

Nesse momento, os folhetins, pequenos capítulos de romances publicados nos jornais, começam a se popularizar no
país, o que fez surgir um público leitor, tornando a leitura mais acessível.

Alguns escritores que tiveram grande destaque no romantismo no Brasil foram:

Gonçalves de Magalhães
Gonçalves Dias
José de Alencar
Álvares de Azevedo
Casimiro de Abreu
Castro Alves
Características do romantismo no Brasil
As principais características da literatura romântica no Brasil são:

Rompimento com a tradição clássica: o romantismo veio romper com os modelos clássicos greco-romanos,
fundamentados na busca da perfeição e na arte erudita.
Maior liberdade formal: contrário ao formalismo e tradicionalismo das escolas anteriores, o romantismo utiliza
versos sem rima e sem métrica, além de uma linguagem informal e regionalista.
Indianismo: o índio é eleito como herói nacional, sendo idealizado como um ser puro e inocente.
Nacionalismo e ufanismo: os valores culturais, históricos e artísticos do Brasil são exaltados pelos escritores que
mostram orgulho da nação.
Culto à natureza: associado ao nacionalismo, as belezas naturais do país são enfatizadas pelos autores de maneira
grandiosa.
Amor platônico, idealismo: a idealização da sociedade, do amor e da realidade são comuns nas obras românticas.
Idealização da mulher: para os escritores românticos, a mulher representava a beleza, a pureza, a inocência e a
delicadeza.
Subjetivismo e egocentrismo: a literatura romântica foca nos sentimentos e emoções dos autores, reunindo textos
de caráter individualista.
Sentimentalismo exacerbado: a supervalorização das emoções pessoais, mostra que os escritores desse momento se
opõem ao pensamento racional e objetivo.
Religiosidade: oposto ao racionalismo, que desconsidera os valores religiosos, no romantismo há uma preocupação
em se apegar aos valores cristãos.
Evasão e escapismo: com o desejo de fugir do cotidiano, da realidade e dos sofrimentos, os autores românticos
criam um ambiente idealizado.
Contexto histórico do romantismo no Brasil
O romantismo no Brasil surge poucos anos depois da Independência do país, que aconteceu em 7 de setembro de
1822. Esse momento representou grandes mudanças sociais, culturais e econômicas para o Brasil.
O país tentava se organizar e consolidar seu poder, depois de quase 400 anos de colonização portuguesa. Esse
processo de transição e mudanças começou um pouco antes de independência, em 1808, com a vinda da família real
portuguesa.

Quando chegou ao país fugindo das invasões napoleônicas na Europa, o príncipe regente, Dom João, declarou a
abertura dos portos às nações amigas, o que resultou na expansão da comercialização e diversificação do comércio.
Outro fator importante foi a transferência da capital do país, que antes era Salvador, e passou a ser o Rio de Janeiro.

Esse processo foi crucial para alavancar a modernização da cidade, resultando na construção de diversos edifícios
públicos como o Museu Nacional, a Biblioteca Nacional e o Real Teatro São João. Nesse momento, também foi criada
a imprensa Régia e algumas instituições como o Banco do Brasil e a Real Academia Militar.

Todos esses fatores foram essenciais para acelerar o processo de independência do Brasil, declarada em 7 de
setembro de 1822 por Dom Pedro.

Leia mais sobre o Romantismo: características e contexto histórico.

Principais autores do romantismo no Brasil


No Brasil, o movimento romântico reuniu uma produção literária muito vasta de textos poéticos, teatrais e
romances. Os escritores que merecem destaque são:

Gonçalves Dias (1823-1864)


Gonçalves de Magalhães (1811-1882)
José de Alencar (1829-1877)
Álvares de Azevedo (1831-1852)
Casimiro de Abreu (1839-1860)
Fagundes Varela (1841-1875)
Junqueira Freire (1832-1855)
Castro Alves (1847-1871)
Tobias Barreto (1839-1889)
Sousândrade (1833-1902)
Fases do romantismo no Brasil
O movimento romântico no Brasil está dividido em três fases, também chamadas de gerações. Cada uma delas
possui características próprias e reúne diversos escritores.

Primeira geração romântica (1836 a 1852): nacionalista, indianista e religiosa.


Segunda geração romântica (1853 a 1869): egocentrismo exacerbado e pessimismo.
Terceira geração romântica (1870 a 1880): cunho social e libertário.
1.ª fase do romantismo no Brasil (1836-1852)
Após a independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822, a literatura brasileira buscou focar em temas nacionais e
que estivessem relacionados com o sentimento patriótico de uma nova nação que estava sendo construída.

A primeira geração romântica no Brasil teve como principais características o nacionalismo e o indianismo. Os temas
mais explorados pelos escritores desse momento são: natureza, sentimentalismo, religiosidade, ufanismo e
nacionalismo.

A valorização da cultura, da história do país e das tradições populares estiveram muito presentes nessa primeira
fase. O indianismo expressa uma das buscas aos temas nacionais e, nesse contexto, o índio é eleito como herói
nacional e apontado como um ser puro e inocente.

Escritores e obras da primeira geração romântica


Os principais escritores da primeira fase do romantismo foram:

Gonçalves Dias
Gonçalves de Magalhães
José de Alencar
Gonçalves de Magalhães (1811-1882) foi fundador do romantismo no Brasil e autor das obras: Suspiros poéticos e
saudades (1836), A Confederação de Tamoios (1857) e Os Indígenas do Brasil perante a História (1860)

Gonçalves Dias (1823-1864) foi um escritor focado em temas nacionais e indianistas, autor das seguintes obras:
Canção do exílio (1843), I-Juca- Pirama (1851) e Os Timbiras (1857).

José de Alencar (1829-1877) escreveu diversos romances indianistas, regionalistas e históricos com destaque para as
obras: O Guarani (1857), Iracema (1865) e Ubirajara (1874).

Trecho da obra Iracema, de José de Alencar

Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de
mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira.

O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado.

Mais rápida que a corça selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua
guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que
vestia a terra com as primeiras águas.

2.ª fase do romantismo no Brasil (1853 a 1869)


Conhecida como a geração do “Mal do Século” ou “Ultrarromântica”, a segunda geração romântica foi
profundamente influenciada pela poesia do inglês George Gordon Byron, (1788-1824). Por isso, é muitas vezes
chamada de geração “Byroniana”.

Marcada por aspectos negativos, a poesia desse período romântico é permeada dos temas: egocentrismo,
negativismo, pessimismo, dúvida, desilusão, boêmia, exaltação da morte e fuga da realidade.

Escritores e obras da segunda geração romântica


No Brasil, os principais escritores dessa geração foram:

Álvares de Azevedo
Casimiro de Abreu
Fagundes Varela
Junqueira Freire
Álvares de Azevedo (1831-1852) foi um dos principais escritores desse momento, com uma obra focada na tristeza e
na morte, tais como: Lira dos vinte anos (1853), Noite na taverna (1855) e Macário (1855).

Casimiro de Abreu (1839-1860) explorou temas como a saudade da infância e a tristeza. Durante sua vida, publicou
somente uma obra, seu livro de poesias As primaveras (1859).

Trecho do poema Meus oito anos, de Casimiro de Abreu

Oh! que saudades que tenho


Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias


De despontar da existência!
– Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é – lago sereno,
O céu – um manto azulado,
O mundo – um sonho dourado,
A vida – um hino d’amor!

Fagundes Varela (1841-1875) possui uma obra focada em temas pessimistas e melancólicos. Destacam-se: Noturnas
(1861), Cântico do Calvário (1863) e Cantos e fantasias (1865).

Junqueira Freire (1832-1855) explorou temas religiosos e o conflito existencial, sendo que sua obra de maior
destaque é Inspirações do Claustro, publicada postumamente.

3.ª fase do romantismo no Brasil (1870 a 1880)


Chamada de “Geração Condoreira”, a terceira geração romântica é caracterizada pela poesia libertária e social.

Esse período está associado ao condor, águia da cordilheira dos Andes, com o intuito de revelar sua mais importante
característica: a liberdade.

Essa geração sofreu grande influência do escritor francês Victor-Marie Hugo (1802-1885), daí ser conhecida também
como geração “Hugoana”.

O grande foco dos escritores desse momento, foi os problemas sociais e também o abolicionismo.

Escritores e obras da terceira geração romântica


No Brasil, os principais representantes da terceira fase romântica foram:

Castro Alves
Tobias Barreto
Sousândrade
Castro Alves (1847-1871), fundador da poesia social, ficou conhecido com o “poeta dos escravos”, pois abordou
temas abolicionistas. Sua obra mais relevante do momento é O Navio Negreiro (1869).

Trecho do poema O Navio Negreiro, de Castro Alves

Era um sonho dantesco... O tombadilho


Que das luzernas avermelha o brilho,
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar do açoite…
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...

Negras mulheres, suspendendo às tetas


Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras, moças... mas nuas, espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs.

Tobias Barreto (1839-1889) foi um grande expoente da poesia social e lírica dessa geração. Merece destaque suas
obras: Amar (1866), A Escravidão (1868) e Dias e noites (1893).

Sousândrade (1833-1902) foi um dos poetas mais originais e vanguardistas da terceira geração. De sua obra,
destacam-se: Harpas Selvagens (1857) e O Guesa, livro escrito entre os anos de 1858 e 1888.
Atividade

1- O que foi o Romantismo?


2-Quando e onde surgiu o Romantismo?
3-Principais fatos históricos que se relacionam com o Romantismo.
4-Descreva as 3 tendencias românticas produzidas nos diversos países.
5-Faca um quadro com as principais características do Romantismo e descreva-as.
6-Consideracao mais importantes do Romantismo em Portugal
7-Com base nos seus conhecimentos explique o que foi o Romantismo no Brasil.
8-O Romantismo pode ser divido em três gerações, quais são elas?
9-Qual obra marcou o início das produções românticas?
10-Quais as principais características desse período?
11-Sobre os escritores do Romantismo no Brasil, quais foram os que tiveram maior destaque?

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