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O romantismo foi um movimento artístico, político e filosófico surgido nas últimas décadas do
século XVIII na Europa que durou por grande parte do século XIX. Caracterizou-se como uma
visão de mundo contrária ao racionalismo e ao iluminismo e buscou um nacionalismo que viria
a consolidar os Estados nacionais na Europa.
Inicialmente apenas uma atitude, um estado de espírito, o romantismo toma mais tarde a
forma de um movimento, e o espírito romântico passa a designar toda uma visão de mundo
centrada no indivíduo. Os autores românticos voltaram-se cada vez mais para si mesmos,
retratando o drama humano, amores trágicos, ideais utópicos e desejos de escapismo. Se o
século XVIII foi marcado pela objetividade, pelo iluminismo e pela razão, o início do século XIX
seria marcado pelo lirismo, pela subjetividade, pela emoção e pelo eu.
CONTEXTO HISTÓRICO
O culto à natureza e à imaginação já havia começado com os escoceses no século XIII, quando
surgiram as primeiras histórias de cavaleiros e donzelas, em verso. Nessa época, as narrativas
eram chamadas de romance, palavra que deriva do advérbio latino romanice, que significa “na
língua de Roma”.
Algumas características típicas do romantismo já podem ser rastreadas nas obras de Isabella di
Morra, que se separou da poesia amorosa petrarquista do século XVI, afligida pela solidão a
que foi forçada e que a acompanhará até sua morte trágica.
A origem do que viria a ser conhecido como “romantismo”, no entanto, fora plantada no
século XVII, quando o “espírito clássico” começaria a ser contestado na Grã-Bretanha.[nota 2]
O romantismo surgiu na Europa em uma época em que o ambiente intelectual era de grande
rebeldia. Na política, caíam sistemas de governo despóticos e surgia o liberalismo político (não
confundir com o liberalismo econômico do século XX). No campo social imperava o
inconformismo. No campo artístico, o repúdio às regras. A Revolução Francesa é o clímax desse
século de oposição.
Alguns autores neoclássicos já nutriam um sentimento mais tarde dito romântico antes de seu
nascimento de fato, sendo assim chamados pré-românticos. Nesta classificação encaixam-se
Francisco Goya e Bocage.
O romantismo surge inicialmente naquela que futuramente seria a Alemanha e na Inglaterra.
Na Alemanha, o romantismo, teria, inclusive, fundamental importância na unificação
germânica com o movimento Sturm und Drang.
O romantismo viria a se manifestar de forma bastante variada nas diferentes artes e marcaria,
sobretudo, a literatura e a música (embora ele só venha a se manifestar realmente aqui mais
tarde do que em outras artes). À medida que a escola foi sendo explorada, foram surgindo
críticos à sua demasiada idealização da realidade. Destes críticos surgiu o movimento que
daria forma ao realismo.
CARACTERÍSTICAS DO ROMANTISMO
INDIVIDUALISMO
Os românticos libertam-se da necessidade de seguir formas reais de intuito
humano, abrindo espaço para a manifestação da individualidade, muitas vezes
definida por emoções e sentimentos.
SUBJETIVISMO
O romancista trata dos assuntos de forma pessoal, de acordo com sua opinião
sobre o mundo. O subjetivismo pode ser notado através do uso de verbos na
primeira pessoa. Trata-se sempre de uma opinião parcelada, dada por um
indivíduo que baseia sua perspectiva naquilo que as suas sensações captam.
Com plena liberdade de criar, o artista romântico não se acanha em expor suas
emoções pessoais, em fazer delas a temática sempre retomada em sua obra.
IDEALIZAÇÃO
Empolgado pela imaginação, o autor idealiza temas, exagerando em algumas
de suas características. Dessa forma, a mulher é vista como uma virgem frágil, o
índio é visto como herói nacional e a noção de pátria também é idealizada.
SENTIMENTALISMO EXACERBADO
Praticamente todos os poemas românticos apresentam sentimentalismo já que
essa escola literária é movida através da emoção, sendo as mais comuns a
saudade, a tristeza e a desilusão. Os poemas expressam o sentimento do poeta,
suas emoções e são como o relato sobre uma vida.
O romântico analisa e expressa a realidade por meio dos sentimentos. E acredita
que só sentimentalmente se consegue traduzir aquilo que ocorre no interior do
indivíduo relatado. Emoção acima de tudo.
EGOCENTRISMO
Como o nome já diz, é a colocação do ego no centro de tudo. Vários artistas
românticos colocam, em seus poemas e textos, os seus sentimentos acima de
tudo, destacando-os na obra. Pode-se dizer, talvez, que o egocentrismo é um
subjetivismo exagerado.
GROTESCO E SUBLIME
Há a fusão do belo e do feio, diferentemente do arcadismo, que visa a
idealização do personagem principal, tornando-o a imagem da perfeição. Como
exemplo, temos o conto de A Bela e a Fera, no qual uma jovem idealizada, se
apaixona por uma criatura horrenda.
MEDIVEALISMO
Alguns românticos se interessavam pela origem de seu povo, de sua língua e de
seu próprio país. Na Europa, eles acharam no cavaleiro fiel à pátria um ótimo
modo de retratar as culturas de seu país. Esses poemas passam-se em eras
medievais e retratavam grandes guerras e batalhas.
INDIANISMO
É o medievalismo "adaptado" ao Brasil. Como os brasileiros não tinham um
cavaleiro para idealizar, os escritores adotaram o índio como o ícone para a
origem nacional e o colocam como um herói. O indianismo resgatava o ideal do
"bom selvagem" (Jean-Jacques Rousseau), segundo o qual a sociedade corrompe
o homem e o homem perfeito seria o índio, que não tinha nenhum contato com
a sociedade europeia.
BYRONISMO
Inspirado na vida e na obra de Lord Byron, um poeta inglês. Estilo de vida
boémio, voltado para vícios, bebida, fumo, podendo estar representado no
personagem ou na própria vida do autor romântico. O byronismo é
caracterizado pelo narcisismo, pelo egocentrismo, pelo pessimismo, pela
angústia.
FASES DO ROMANTISMO
2.ª geração — Posteriormente também seriam notados o pessimismo e um certo gosto pela
morte, religiosidade e naturalismo. A mulher era alcançada mas a felicidade não era atingida.
3.ª geração — Seria a fase de transição para outra corrente literária, o realismo, a qual
denuncia os vícios e males da sociedade, mesmo que o faça de forma enfatizada e irônica (vide
Eça de Queirós), com o intuito de pôr a descoberto realidades desconhecidas que revelam
fragilidades. A mulher era idealizada e acessível.
TIPOS DE ROMANCES
ROMANCE DE AÇÃO: possui uma trama complexa e a história é centrada nos desdobramentos
da ação do protagonista. Os acontecimentos se sucedem uns aos outros, frequentemente
repletos de surpresas e derivações da trama principal. Um evento comum pode ter uma
consequência inesperada, levando a sequências extraordinárias de ações, geralmente
superadas pelo protagonista (herói) com astúcia, inteligência, força etc. Os chamados
romances policiais encaixam-se nesta categoria, com a especificidade de localizarem a ação em
torno de investigações criminais. Exemplo: O Guarani, de José de Alencar.
ROMANCE PICARESCO: protagonizada por um pícaro, isto é, uma personagem de origem
humilde, sem trabalho ou profissão fixa, que vive das mais diversas ocupações para garantir
sua sobrevivência, muitas vezes envolvendo-se em atividades escusas ou ilícitas. O pícaro é um
anti-herói, e antes de tudo um ingênuo que aprende a malandragem e a picaretagem a partir
do embate direto com a realidade circundante. A narrativa se constrói a partir de vários
episódios vivenciados pelo protagonista, com a característica de possuir um tom bem-
humorado. Exemplo: Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antonio de Almeida.