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AS MIL E UMA NOITES

É uma coleção de histórias e contos populares originários do Médio oriente e do sul da


Asia, que foram compiladas em língua árabe a partir do século IX. Esta obra passou a
ser amplamente conhecida quando foi traduzida para o francês em 1704 por Antoine
Galland transformando-se assim num clássico da literatura mundial.

Não existe uma versão definida desta obra, uma vez que os manuscritos originais
diferem no número e no conjunto de contos.

Esta coletânea de livros tem como base a história de Xerazade. Xerazade é a filha do
principal vizir e torna-se também por sua decisão mulher do Rei Xariar, rei este que
tinha enlouquecido por ter sido traído pela sua primeira esposa, e como vingança,
matou a sua primeira mulher e passou a desposar uma noiva diferente todas as noites,
mandando matá-las na manhã seguinte.

Xerazade então para tentar acalmar o rei da sua fúria, da sua vingança que tanta
mágoa causava aos habitantes do seu reino a e para tentar também ela escapar a este
destino que todas as mulheres do Rei Xariar têm, conta histórias maravilhosas sobre
diversos temas que captam a curiosidade do rei. Ao amanhecer Xerazade interrompe
cada conto para o continuar na noite seguinte, o que a mantém viva ao longo de várias
noites – de mil e uma- ao fim das quais o rei já se arrependeu do seu comportamento
e desiste de executá-la.

Sobre o meu livro das mil e uma noites:

Este livro é conseguido a partir das traduções de Galland, mas existem diversas
modificações do texto comparativamente com a tradução francesa, como por exemplo
em certas histórias, Galland escolhia adicionar nome a certas personagens, quando nas
escrituras o nome destas não era apresentado e as personagens eram distinguidas por
certas características ou pelas suas profissões. Tal como nas escrituras originais alguns
desses nomes sugeridos por Galland foram retirados de modo a que a tradução seja o
mais fiel possível ao original.

Este livro vem também com um preâmbulo um pequeno texto que antecede o
primeiro capítulo e que expõe uma explicação resumida sobre o conteúdo discutido no
livro, com pequenas explicações sobre a origem da história e dos manuscritos de onde
provêm, a forma como a história está organizada no livro, as primeiras edições árabes,
a edição de Galland, os poemas presentes no livro e a questão da tradução dos nomes
próprios.

No que toca à história em si, o livro começa com uma pequena introdução e depois a
história está dividida por noites no total de 101 noites neste primeiro volume em que
são contadas 17 histórias (mais duas que são contadas pelo pai de Xerazade logo na
introdução), todas encadeadas umas nas outras.
A história que vou contar denomina-se de “A HISTÓRIA DO MERCADOR E DO GÉNIO”

Um Mercador muito próspero e dono de uma imensa fortuna e que havia


estabelecido negócios noutros países, um dia decidiu visitar um desses outros países e
quando acabou o que tinha a fazer nesse outro país decidiu regressar para a sua casa,
ao quarto dia da sua viagem o calor era imenso então ao avistar um jardim não hesitou
em entrar, sentou-se e deliciou-se com algumas tâmaras e um naco de pão. De
repente aparece-lhe um Génio á sua frente e grita ao Mercador que tal como este lhe
matou o filho, o Génio irá agora matá-lo.

Mercador pede-lhe que não faça tal coisa e roga a Deus, mas o Génio afirma que
sangue por sangue é, logo terá de matar o Mercador. Mercador finalmente aceita o
seu destino, mas antes que o Génio o mate pede para ir despedir-se da sua família e
acertar as coisas para a sua morte, jurando voltar aquele local passado um ano. E
assim o Génio concede-lhe esse tempo e passado um ano lá está novamente o
Mercador á espera do Génio. Enquanto espera, aparecem-lhe três anciões, que ao
saberem da história do Mercador decidem ficar para o tentarem salvar do seu destino,
ao contarem cada um uma história maravilhosa e espantosa. Se todas as histórias
impressionarem o Génio, então o Mercador será perdoado.

A história do primeiro ancião tem a ver com a gazela que ele traz consigo ser a sua
prima. Antes de ela se ter transformado em gazela, ele estava casado coma sua prima,
mas tinha outra mulher e com ela teve um filho a sua prima ficou cheia de ciúmes de
tal situação e transformou a outra mulher do ancião numa vaca e o filho dele num
bezerro. O ancião de nada sabia e acabou mesmo por matar a sua outra mulher
pensando que duma vaca se tratava. No final da história o filho do ancião volta a ser
humano e a prima do ancião e transformada numa gazela.

A história do segundo ancião tem a ver com os dois galgos que ele transporta serem
seus dois irmãos. Os três irmãos são mercadores e decidem partir numa viagem
durante um mês lá foram navegando, o ancião foi o único a encontrar mulher e os
outros dois irmãos ficaram bastante invejosos do primeiro, então atiraram ao mar
tanto o ancião como a sua mulher, mas estes salvaram-se pois a mulher do ancião
tornou-se num génio. O ancião não queria vingar-se dos seus irmãos, mas a sua mulher
acabou por arranjar uma maneira de os fazer pagar e eles acabaram transformados em
galgos.

A história do terceiro ancião tb impressiona o Génio e o Mercador é libertado e fica


livre da morte, podendo voltar á sua vida.

Nesta história como em todo o livro são abordados temas como a vingança, a cobiça
ou a inveja e é demonstrado que tais ideias negativas nunca são recompensadas, mas
sim quem as pratica no fim acaba sempre por ser castigado de certa forma. Há
também um paralelismo entre esta história e a história principal pois é também
através de contos que o mercador se salva tal como Xerazade está a tentar fazer para
se salvar a ela e a todas as outras mulheres do reino.

As mil e uma noites não se caracterizam pela existência de fábulas morais como
animais que falam, um estilo quase ausente destas histórias, mas sim por serem
histórias relativamente curtas, cuja intenção não é divertir o leitor através de coisas
estranhas e espantosas como a existência de génios ou a transformação de pessoas em
pedra ou animais, mas antes instruir moralmente.

Esta obra vista com os olhos de hoje não deixa de ser um pouco violenta em relação à
posição da mulher, sendo esta como que caracterizada com um ser bastantes infiel, o
que resulta sempre na vingança através do uso excessivo de força por parte do homem
como é verificável a partir da história central em que um Rei para se vingar da sua
primeira mulher decide matar todas as outras mulheres virgens. Porem foi escrita
numa época bastante anterior à nossa em que outras mentalidades perduravam e
sendo escrita também de uma forma magistral, com poesia, mistério, aventuras,
grandes reviravoltas, apresentando real e fantástico num só. Xerazade é assim a
contadora de histórias por excelência num tempo em que as pessoas ainda se
juntavam á volta da lareira e a tradição era partilhada oralmente transmitindo cultura,
ensinamentos e valores de geração em geração.

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