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1. Introdução
O romantismo no Brasil teve como marco a publicação, em 1836, do livro de poemas Suspiros
Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães, e terminou em 1881 com a publicação da obra
inaugural do Realismo no Brasil Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis (1839-
1908).
Nos primórdios dessa fase literária, 1833, um grupo de jovens estudantes brasileiros em Paris iniciou,
sob a orientação de Gonçalves de Magalhães e de Manuel de Araújo Porto Alegre, um processo de
renovação das letras influenciado pelo escritor português Almeida Garrett e pela leitura dos
românticos franceses. Ainda em Paris, em 1836, o mesmo grupo de brasileiros fundou a Revista
Brasiliense de Ciências, Letras e Artes, cujas duas primeiras edições traziam como epígrafe a seguinte
frase: "Tudo pelo Brasil e para o Brasil".
Esse movimento é visível pela valorização do nacionalismo e da liberdade que se deu na produção
literária nessa época, que se ajustava ao processo de nacionalização e autoafirmação necessário após
a independência. O Romantismo é antecedido pelo Arcadismo e precede os
movimentos Realistas, Naturalistas e Parnasiano.
Entre 1823 e 1831, o Brasil viveu um período conturbado como reflexo do autoritarismo de D. Pedro
I: a dissolução da Assembleia Constituinte; a Constituição outorgada; a Confederação do Equador;
a luta pelo trono português contra seu irmão D. Miguel; a acusação de ter mandado assassinar Líbero
Badaró e, finalmente, a abdicação em favor de seu filho, Dom Pedro II. Segue-se o período regencial e
a maioridade prematura de Pedro II. É neste ambiente confuso e inseguro que surge o Romantismo
brasileiro, carregado de lusofobia e, principalmente, de nacionalismo. Assim é que, a primeira
geração do Romantismo destaca-se na tentativa de diferenciar o movimento das origens europeias
e adaptá-lo, de maneira nacionalista, à natureza exótica e ao passado histórico brasileiro. Os
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primeiros românticos eram utópicos. Para criar uma nova identidade nacional, buscavam suas bases
no nativismo do período literário anterior, no elogio à terra e ao homem primitivo.
Inspirados em Montaigne e Rousseau idealizavam os índios como bons selvagens, cujos valores
heróicos tomavam como modelo da formação do povo brasileiro. Com o incremento da
industrialização e do comércio, notadamente a partir da Revolução Industrial do século XVIII,
a burguesia, na Europa, vai ocupando espaço político e ideológico maior. As ideias do emergente
liberalismo incentivam a busca da realização individual, por parte do cidadão comum. Nas últimas
décadas do século, esse processo levou ao surgimento, na Inglaterra e na Alemanha, de autores que
caminhavam num sentido contrário ao da racionalidade clássica e da valorização do campo, conforme
normas da arte vigente até então. Esses autores tendiam a enfatizar o nacionalismo e identificavam-
se com a sentimentalidade popular. Essas ideias foram o germe do que se denominou romantismo.
A liberdade de expressão: é um dos pontos mais importantes da escola romântica. "Nem regra, nem
modelos "- afirma Victor Hugo, um dos mais destacados românticos franceses. Pretendendo explorar
as dimensões variadas de seu próprio "eu", o artista se recusa a adaptar a expressão de suas emoções
a um conjunto de regras pré-estabelecido. Da mesma forma, afasta-se de modelos artísticos
consagrados, optando por uma busca incessante da originalidade.
Na sua luta contra a racionalidade, o artista romântico valoriza todo e qualquer estado onírico, isto
é, dominado pelo sonho, pela fantasia e pela imaginação. São momentos de suspensão passageira
ou definitiva da razão que definem o ser humano passional, dentro do Romantismo. Toda loucura é
válida.
E se o mundo não corresponde aos anseios românticos, o artista parte para a idealização criando um
universo independente, particular, original. Nesse universo ele deposita suas aspirações de liberdade
e à perfeição física. A figura da mulher amada, por exemplo, será associada à sempre um exemplo
moral a ser seguido pelos leitores, por sua inteireza de caráter e sua moralidade irrepreensível.
Se de um lado temos sempre a figura do herói associada ao Bem, de outro é quase obrigatória nos
romances a presença de um vilão, que encarna o Mal. Essa concepção moral de oposição absoluta
entre Bem e Mal recebe o nome de maniqueísmo. No romantismo, o maniqueísmo constituiu mesmo
a espinha dorsal das narrativas.
Normalmente, associamos o Romantismo a imagens de inocência e lirismo, mas ele tem sua face
escura, tétrica e trágica. O pessimismo romântico aparece nas referências à morte e no
arrebatamento passional, que às vezes conduz à loucura ou aos finais infelizes.
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O romântico, ao desenvolver um mundo particular, pode transformá-lo em seu espaço de fuga: é o
escapismo. As saídas, para o artista, são aquelas apontadas anteriormente: o sonho, a morte, a
Natureza exótica. Ainda dentro do escapismo, destaque-se um espaço particular de fuga: o passado.
3. Características do Romantismo
No Brasil, a poesia romântica é marcada, num primeiro momento, pelo teor patriótico, de afirmação
nacional, de compreensão do que era ser brasileiro, ou pela expressão do eu, isto é, pela expressão
dos sentimentos mais íntimos, dos desejos mais pessoais, diferente do ideal de imitação da natureza
presente na poesia árcade. Isto tudo seguido de uma revolução na linguagem poética, que passou a
buscar uma proximidade com o cotidiano das pessoas, com a linguagem do dia-a-dia. No poema
"Invocação do Anjo da Poesia", Gonçalves de Magalhães diz que vai abandonar as convenções
clássicas (cultura grega) em favor do sentimento pessoal e do sentimento patriótico.
Quanto à forma, a poética do romantismo abandona a rigidez clássica do soneto e da ode para
explorar formas mais líricas, como a balada e a canção. Adota-se ritmo mais vinculado à melodia que
a preocupações estritas com a métrica. Os poetas românticos costumam recorrer
a redondilhas maiores e menores, em busca de uma cadência popular.
A poesia romântica surge em meio aos fervores independentistas da primeira metade do século XIX,
tendo como marco inicial a obra de Gonçalves de Magalhães, "Suspiros Poéticos e Saudades".
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Apesar de servir como marco de início do romantismo no Brasil, a obra "Suspiros Poéticos e
Saudades" não apresenta grande notoriedade ou importância no cenário artístico poético do
romantismo brasileiro assim como as outras obras de Gonçalves de Magalhães.
De acordo com as características e vertentes assumidas por cada poeta romântico, a poesia
romântica pode ser dividida em:
A primeira geração do Romantismo no Brasil foi marcada por um forte sentimento nacionalista e,
portanto, houve uma valorização da pátria e dos elementos que a compõem.
Índios Tupinambás - O indianismo foi um dos temas principais da primeira geração do Romantismo no Brasil
CANÇÃO DO EXÍLIO
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Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
(Gonçalves Dias)
Nota-se que o eu lírico expressa a saudade de sua pátria, comparando suas belezas, sua natureza,
com o local onde se encontra exilado. Esse tipo de produção foi muito importante para a
construção das bases da poesia no Brasil, pois, nesse momento da literatura, o país passava por
transformações significativas, como a vinda da família real e, posteriormente, a independência,
fatos que suscitaram a abordagem de temas sobre a pátria, a natureza, a religião, entre outros.
Assim, o romantismo apresentou características de um movimento anticolonialista e antilusitano,
ou seja, foi um movimento que se opunha aos moldes portugueses, uma vez que rejeitava
a literatura produzida na época colonial. Portanto, um de seus traços essenciais foi o nacionalismo.
O contexto histórico da época foi influenciador direto das produções do movimento romântico. A
vinda da família real possibilitou o contato com as novas tendências literárias trazidas do velho
continente (continente europeu), com moldes franceses e ingleses. Como consequência dessa
mudança da família real para o Brasil, o processo de independência instalara -se, despertando o
sentimento nacionalista, o que fez com que o brasileiro olhasse para seu passado histórico como
forma de enaltecer a sua pátria, valorizando a natureza e elegendo o índio como seu herói
nacional.
Com o rompimento dos moldes clássicos baseados na literatura grega e latina, surgiu uma nova
forma de produção literária, que possuía um público novo, pertencente às classes populares da
sociedade. Assim, houve uma valorização da língua do povo brasileiro, o que possibilitava o acesso
mais fácil ao texto conhecido como romance, gênero literário que não existia no período clássi co.
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Outro facto que influenciou bastante esse movimento foi a criação de novas escolas, bibliotecas,
museus, casas tipográficas e órgão de imprensa no Rio de Janeiro (nova sede da monarquia), o que
contribuiu para a promoção das informações, bem como para o incentivo a novas ideias no país.
Além disso, D. João VI decretou a abertura dos portos para o comércio com outras nações,
possibilitando a entrada de novas tendências no Brasil.
Esse período foi marcado por um forte sentimento de busca de identidade nacional, já que éramos
um país recém-independente. Dessa forma, a primeira fase do Romantismo no Brasil apresentou
como temas principais o amor impossível, o índio, a saudade da pátria, a natureza e a religiosidade.
Exaltação à natureza: buscava uma linguagem nova que valorizasse as características físicas,
sociais e culturais que faziam parte da pátria. Assim, houve uma valorização do vocabulário
típico do brasileiro. Por meio da exaltação à natureza e à liberdade, os românticos fugiam
da realidade que os massacravam em um país com problemas econômicos e sociais sérios.
Dessa maneira, houve a produção de uma poesia que tinha o índio como herói nacional e
que era expressa por meio de uma linguagem simples e acessível;
Os principais autores da poesia são Domingos José Gonçalves de Magalhães (1811 a 1882) e
Antônio Gonçalves Dias (1823 a 1864) e da prosa, José de Alencar, Joaquim Manuel de Macedo e
Manuel Antônio de Almeida
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4.1.2 Segunda geração - Ultrarromantismo ou Mal do Século
Findada a primeira fase romântica, fase em que o índio, a natureza e a pátria constavam entre os
principais temas, tiveram início a prosa e a poesia gótica, cujo conteúdo temático em muito diferia
daquele que despertava o interesse de escritores como Gonçalves Dias e José de Alencar. A
literatura indianista deu lugar à literatura soturna e melancólica dos escritores ultrarromânticos.
O sofrimento, a dor existencial, a angústia e o amor sensual e idealizado foram os principais temas
da literatura produzida durante a segunda fase do Romantismo.
A publicação do livro Poesias, de Álvares de Azevedo, em 1853, foi considerada o marco inicial da
poesia de inspiração gótica. Outros escritores também fizeram do ultrarromantismo seu projeto
literário, entre eles Fagundes Varela, Junqueira Freire e Casimiro de Abreu, fortemente inspirados
pelo inglês Lord Byron, pelo italiano Giacomo Leopardi e pelos franceses Alphonse de Lamartine e
Alfred de Musset.
Nunca antes a poesia e a prosa brasileira haviam experimentado assuntos que alcançassem um
grau tão elevado de subjetivismo, percorrendo temas como o amor e a morte, a dúvida e a ironia,
o entusiasmo e o tédio. Houve uma ruptura drástica com os padrões literários vigentes e também
com os valores da sociedade, já que a literatura da segunda fase romântica afrontou o
materialismo e o racionalismo burgueses, desbravando zonas antilógicas do subconsciente,
apresentados temas pouco ortodoxos que foram capazes de causar repulsa e estranhamento na
crítica literária e no público.
Entre as principais obras do período estão o livro de poemas Lira dos Vinte Anos, o livro de
contos Noite na taverna, a peça teatral Macário — todos de Álvares de Azevedo —, Primaveras,
de Casimiro de Abreu, Noturnas e Vozes da América, de Fagundes Varela, e o livro
póstumo Poesias Completas, de Junqueira Freire.
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Essas obras, sobretudo a obra de Álvares de Azevedo, permanecem vivas no mundo da
subcultura, influenciando outras manifestações artísticas, entre elas a música e o cinema, e
oferecendo vasta documentação para a psicanálise, que tenta desvendar o desencantamento
dos escritores ultrarromânticos.
Poema(s), exemplo(s):
Último soneto
(Álvares de Azevedo)
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Minh'alma é triste
(Casimiro de Abreu)
A Terceira Geração do romantismo (1870 – 1880) tem como pano de fundo o abolicionismo e as
tentativas da República de acabar com a Monarquia. Ficou conhecida como “geração condoreira”
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devido ao condor, ave que representa liberdade e, portanto, significava o desejo de renovação da
sociedade Brasileira. Foi muito influenciada pela obra político-social do poeta e escritor francês Victor
Hugo (Os Miseráveis), ficando por essa razão conhecida também como “geração hugoana”. Os poetas
dessa geração buscam uma poesia de cunho social em que a sociedade trabalhe por igualdade, justiça
e liberdade.
Ela ainda mantém o nacionalismo da primeira geração. Porém, enquanto a primeira geração exalta
somente a união do branco e do índio, a terceira busca a identidade nacional focada também na etnia
negra e faz duras críticas à escravidão e as condições dos negros no país.
Nesta fase, também, a mulher deixa de ser idealizada e inatingível e passa a ser vista com suas
virtudes e pecados, e é apresentada como algo tocável. O amor platónico das gerações anteriores
desaparece e surge uma atmosfera de sensualidade e erotismo.
Alguns principais autores da Terceitra Geração são Castro Alves (“Poeta dos Escravos”,) Sousândrade
("o Poeta da transição" considerado o poeta "divisor de águas" entre o Romantismo e a nova escola
o Realismo), Tobias Barreto de Meneses, Joaquim Nabuco, Sílvio Romero, sendo esses dois primeiros
os mais importantes.
Poema(s), exemplo(s):
(Castro Alves)
( Conhecido como “Poeta dos Escravos”, Castro Alves é o mais importante representante da terceira geração
romântica no Brasil. Ele era diretamente envolvido na campanha abolicionista, e sua poesia tinha o objetivo de
sensibilizar os outros sobre as questões sociais de seu tempo. Seus poemas também eram diferenciais, pois
mostravam amor pela vida e não a busca pela morte. Uma de suas principais obras foi o poema Navio Negreiro.)
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4.2 Prosa Romântica
A prosa romântica inicia-se com a publicação do primeiro romance brasileiro "O Filho do Pescador",
de Antônio Gonçalves Teixeira e Sousa em 1843. O primeiro romance brasileiro em folhetim foi "A
Moreninha", de Joaquim Manuel de Macedo, publicado em 1844. O romance brasileiro caracteriza-
se por ser uma "adaptação" do romance europeu, conservando a estrutura folhetinesca europeia,
com início, meio e fim seguindo a ordem cronológica dos fatos.
O Romance brasileiro poderia ser dividido em duas fases: Antes de José de Alencar e Pós-José de
Alencar, pois antes desse importante autor as narrativas eram basicamente urbanas, ambientadas
no Rio de Janeiro, e apresentavam uma visão muito superficial dos hábitos e comportamentos da
sociedade burguesa.
E com José de Alencar surgiram novos estilos de prosa romântica como os romances regionalistas,
históricos e indianistas e o romance passou a ser mais crítico e realista. Os romances brasileiros
fizeram muito sucesso em sua época já que uniam o útil ao agradável: A estrutura típica do romance
europeu, ambientada nos cenários facilmente identificáveis pelo leitor brasileiro (cafés, teatros, ruas
de cidades como o Rio de Janeiro).
O sucesso também se deve ao fato de que os romances eram feitos para a classe burguesa,
ressaltando o luxo e a pompa da vida social burguesa e ocultando a hipocrisia dos costumes
burgueses. Por isso pode-se dizer que, no geral, o romance brasileiro era urbano, superficial,
folhetinesco e burguês.
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Joaquim Manuel de Macedo. As principais obras: A Moreninha, O Moço Loiro e As vítimas-
algozes.
Bernardo Guimarães
Franklin Távora. Dentre seus principais romances estão O Cabeleira e Lourenço.
Visconde de Taunay. Dentre as principais de obras estão Inocência e A Retirada da Laguna
Manuel Antônio de Almeida. Dentre as obras de Manuel Antônio de Almeida destaca-se
Memórias de um Sargento de Milícias.
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https://pt.wikipedia.org/wiki/Romantismo_no_Brasil
https://www.portugues.com.br/literatura/primeira-geracao-Romantismo-no-brasil.html
https://www.portugues.com.br/literatura/segunda-geracao-romantismo.html
https://admifpr.wordpress.com/2015/04/21/a-terceira-geracao-do-romantismo-no-brasil-os-
negros-e-a-liberdade-na-poesia-social-2/
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