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Escolas Literárias

O Romantismo
 
 
 
 
 
          Origens do Romantismo
O termo romantismo pode apresentar uma série de significações: romant ou romaunt;
língua românica ou neo-latina; narrativas escritas nesta língua; narrativas em geral;
oposição ao termo Classicismo (romântico x clássico); movimento cultural e estético da
primeira metade do século XIX; atualmente, sentimentalismo.

O Romantismo, apesar de estar relacionado aos sentimentos, refere-se à arte. As


significações mais adequadas, das citadas acima, seriam "oposição ao termo
Classicismo (romântico x clássico)" e "movimento cultural e estético da primeira
metade do século XIX".

Provavelmente tem seu início na Escócia, Inglaterra e Alemanha, países europeus mais
desenvolvidos, mas é na França, a partir do fim do século XVIII, mais precisamente a
partir da Revolução Francesa de 1789, que o novo movimento ganha proporções
revolucionárias.

Um caso interessante foi o do poeta escocês James Macpherson que, para obter
prestígio, dizia psicografar poemas de Ossian  poeta clássico, do século V a.C., que
cultivava a oralidade da linguagem, o apego à natureza e os sentimentos, de onde
surgiu o termo Ossianismo.

Na Alemanha, destaca-se a obra romântica Werther, de Göethe e, na Inglaterra,


sobressaem-se os poetas Samuel Taylor, Coleridge, Shelley, Lord Byron e Wordsworth.

       O Romantismo e o Classicismo


O Romantismo é um amplo movimento, que surgiu no século passado, e representa,
na literatura e na arte em geral, os anseios da classe burguesa, que, na época, estava
em ascensão. A literatura, portanto, abandona a aristocracia para caminhar ao lado do
povo, da cultura leiga. Por esse motivo, acaba por ser também uma oposição ao
Classicismo.

O Arcadismo  também conhecido como Neoclassicismo , foi uma arte revolucionária,


porque defendia os interesses da burguesia, classe social que promoveria a Revolução
Francesa posteriormente. Todavia, identificava-se mais com a aristocracia, formada
pela nobreza e pelo clero, já que, quanto ao aspecto estético, limitou-se a eliminar os
exageros do Barroco e a retomar os modelos do Classicismo do século XVI.

Ao Romantismo, cabe a tarefa de criar uma linguagem nova, uma nova visão de
mundo, identificada com os padrões simples de vida da classe média e da burguesia.
Enquanto o Classicismo observava a realidade objetiva, exterior, e a reproduzia do
mesmo modo, através de um processo mimético, sem deformar a realidade, o
Romantismo deforma a realidade que, antes de ser exposta, passa pelo crivo da
emoção.

A arte romântica inicia uma nova e importante etapa na literatura, voltada aos
assuntos de seu tempo  efervescência social e política, esperança e paixão, luta e
revolução e ao cotidiano do homem burguês do século XIX; retrata uma nova atitude
do homem perante si mesmo. O interesse dessa nova arte está voltado para a
espontaneidade, os sentimentos e a simplicidade, opondo-se, desse modo, à arte
clássica que cultivava a razão.

A arte, para o romântico, não pode se limitar à imitação, mas ser a expressão direta
da emoção, da intuição, da inspiração e da espontaneidade vividas por ele na hora da
criação, anulando, por assim dizer, o perfeccionismo tão exaltado pelos clássicos. Não
há retoques após a concepção para não comprometer a autenticidade e a qualidade do
trabalho.

Esses artistas vivem em busca de fortes emoções e aventuras na tentativa de colher


experiências novas e criadoras. Alguns chegam até a se envolver com o alcoolismo e
drogas ou com um sentimento de pessimismo, enquanto outros participam de lutas
sociais.

O conceito grego de belo na arte, tão defendido pelos clássicos, que eliminavam as
notas destoantes e apresentavam uma obra depurada, é abandonado pelos
românticos, os quais passam a defender a união do grotesco e do sublime, ou seja, do
feio e do bonito, assim como são as coisas na vida real. O Romantismo marca uma
importante mudança de postura na arte µ a proximidade maior entre a vida e a obra, e
entre a obra e a realidade.

Nenhum movimento literário-artístico foi tão rebelde e revolucionário como o


romântico, em que a regra maior é a inspiração individual. Aliás, os gêneros literários
rígidos faziam lembrar a hierarquia social, anterior à Revolução Francesa. O
Romantismo surge com o liberalismo, filosofia que promove o eu individual, divulgada
pela Revolução Francesa, cujos ideais eram: a liberdade, a igualdade e a fraternidade.

Enquanto a Revolução Francesa chega ao poder, quebrando a hierarquia social e


destruindo a aristocracia, o Romantismo destrói as regras e as formas
preestabelecidas, abandonado a elite e chegando ao povo.

Sumariamente, pode-se estabelecer alguns pontos fundamentais e contraditórios entre


o Romantismo e o Classicismo, na verdade cultivado pela escola anterior à arte
romântica, isto é, pelo Arcadismo (ou Neoclassicismo). São eles:

 
   
CLASSICISMO ROMANTISMO
Razão emoção
teoria expressiva; expressão do
mimesis; imitação da realidade
próprio eu
Objetividade subjetividade
universalismo (o mundo) individualismo (o eu)
Amor (extratemporal, extra-espacial,
"meu amor"
universal)
imitação de modelos (formas fixas) inspiração ou liberdade criativa
realidade subjetiva (mundo
Realidade objetiva (mundo exterior)
interior)
Equilíbrio contradição
Ordem reformismo

      Características da linguagem romântica 


Além das características já observadas, há outras que merecem destaque ou ser vistas
com maior aprofundamento:

 subjetivismo: o romântico quer retratar em sua obra uma realidade interior e


parcial. Trata os assuntos de uma forma pessoal, de acordo com o que sente,
aproximando-se da fantasia.

 idealização: motivado pela fantasia e pela imaginação, o artista romântico


passa a idealizar tudo; as coisas não são vistas como realmente são, mas como
deveriam ser segundo uma ótica pessoal. Assim, a pátria é sempre perfeita; a
mulher é vista como virgem, frágil, bela, submissa e inatingível; o amor, quase
sempre, é espiritual e inalcançável; o índio, ainda que moldado segundo
modelos europeus, é o herói nacional.

 sentimentalismo: exaltam-se os sentidos, e tudo o que é provocado pelo


impulso é permitido. Certos sentimentos, como a saudade (saudosismo), a
tristeza, a nostalgia e a desilusão, são constantes na obra romântica.
 egocentrismo: cultua-se o "eu" interior, atitude narcisista, em que o
individualismo prevalece; microcosmos (mundo interior) X macrocosmos
(mundo exterior).

 liberdade de criação: todo tipo de padrão clássico preestabelecido é abolido.


O escritor romântico recusa formas poéticas, usa o verso livre e branco,
libertando-se dos modelos greco-latinos, tão valorizados pelos clássicos, e
aproximando-se da linguagem coloquial.

 medievalismo: há um grande interesse dos românticos pelas origens de seu


país, de seu povo. Na Europa, retornam à Idade Média e cultuam seus valores,
por ser uma época obscura. Tanto é assim que o mundo medieval é
considerado a "noite da humanidade"; o que não é muito claro, aguça a
imaginação, a fantasia. No Brasil, o índio representa o papel de nosso passado
medieval e vivo.

 pessimismo: conhecido como o "mal-do-século". O artista se vê diante da


impossibilidade de realizar o sonho do "eu" e, desse modo, cai em profunda
tristeza, angústia, solidão, inquietação, desespero, frustração, levando-o,
muitas vezes, ao suicídio, solução definitiva para o mal-do-século.

 escapismo psicológico: espécie de fuga. Já que o romântico não aceita a


realidade, volta ao passado, individual (fatos ligados ao seu próprio passado, a
sua infância) ou histórico (época medieval).

 condoreirismo: corrente de poesia político-social, com grande repercussão


entre os poetas da terceira geração romântica. Os poetas condoreiros,
influenciados pelo escritor Victor Hugo, defendem a justiça social e a liberdade.

 byronismo: atitude amplamente cultivada entre os poetas da segunda geração


romântica e relacionada ao poeta inglês Lord Byron. Caracteriza-se por mostrar
um estilo de vida e uma forma particular de ver o mundo; um estilo de vida
boêmia, noturna, voltada para o vício e os prazeres da bebida, do fumo e do
sexo. Sua forma de ver o mundo é egocêntrica, narcisista, pessimista,
angustiada e, por vezes, satânica.

 religiosidade: como uma reação ao Racionalismo materialista dos clássicos, a


vida espiritual e a crença em Deus são enfocadas como pontos de apoio ou
válvulas de escape diante das frustrações do mundo real.

 culto ao fantástico: a presença do mistério, do sobrenatural, representando o


sonho, a imaginação; frutos da pura fantasia, que não carecem de
fundamentação lógica, do uso da razão.

 nativismo: fascinação pela natureza. O artista se vê totalmente envolvido por


paisagens exóticas, como se ele fosse uma continuação da natureza. Muitas
vezes, o nacionalismo romântico é exaltado através da natureza, da força da
paisagem.
 nacionalismo ou patriotismo: exaltação da Pátria, de forma exagerada, em
que somente as qualidades são enaltecidas.

 luta entre o liberalismo e o absolutismo: poder do povo X poder da


monarquia. Até na escolha do herói, o romântico dificilmente optava por um
nobre. Geralmente, adotava heróis grandiosos, muitas vezes personagens
históricos, que foram de algum modo infelizes: vida trágica, amantes
recusados, patriotas exilados.

    O Romantismo em Portugal


Iniciou-se em 1825, Almeida Garrett publicou o poema Camões, biografia do célebre
poeta, em versos brancos, que retratava principalmente o sentimentalismo. O
Romantismo durou cerca de 40 anos e termina por volta de 1865, com a Questão
Coimbrã ou Questão do Bom Senso e do Bom Gosto, encabeçada por Antero de
Quental. Assim como em outros países, o Romantismo português uniu-se ao
liberalismo e à ideologia burguesa.

O movimento romântico nasceu dentro de uma atmosfera política bastante


conturbada, que defendia a implantação do liberalismo no país. Esse movimento tinha
por objetivo a implantação de uma política de cortes, eleita por todas as classes
sociais. De um lado, D. Pedro IV (D. Pedro I do Brasil) representava o liberalismo; de
outro, D. Miguel, seu irmão absolutista. Derrotado, D. Pedro cede o trono português ao
irmão e só consegue reavê-lo em 1834, quando o liberalismo finalmente vence.

É em meio a esse desenrolar de anos tão caóticos, de lutas entre liberais e


conservadores, que os românticos foram implantando as reformas literárias.

Há três momentos distintos no desenvolvimento do Romantismo português:

 1º Romantismo (ou primeira geração): atuante entre os anos de 1825 e 1840,


ainda bastante ligado ao Classicismo, contribui para a consolidação do
liberalismo em Portugal, Os ideais românticos dessa geração estão embasados
na pureza e originalidade. Principais escritores: Almeida Garrett, Alexandre
Herculano, Antônio Feliciano de Castilho.

 2º Romantismo (ou segunda geração): também conhecido como Ultra-


Romantismo, marcado pelo exagero, desequilíbrio, sentimentalismo, prevalece
até 1860. Principais escritores: Camilo Castelo Branco e Soares Passos.

 3º Romantismo ( ou terceira geração): de 1860 a 1870, é considerado


momento de transição, por já anunciar o Realismo. Traz um Romantismo mais
equilibrado, regenerado (corrigido, reconstituído). Principais escritores: João
de Deus, na poesia, e Júlio Dinis, na prosa.

Além da poesia e do romance, nesses três momentos românticos, desenvolveram-se


ainda o teatro, a historiografia e o jornalismo de forma nunca vista antes em Portugal.

         O Romantismo no Brasil


O Romantismo nasce no Brasil poucos anos depois de nossa independência
política. Por isso, as primeiras obras e os primeiros artistas românicos estão
empenhados em definir um perfil da cultura brasileira em vários aspectos: a
língua, a etnia, as tradições, o passado histórico, as diferenças regionais, a
religião, etc. Pode-se dizer que o nacionalismo é o traço essencial que
caracteriza a produção de nossos primeiros escritores românticos, como é o
caso de Gonçalves Dias.

A história do Romantismo no Brasil confunde-se com a própria história política


brasileira da primeira metade do século passado. Com a invasão de Portugal por
Napoleão, a Coroa portuguesa muda-se para o Brasil em 1808 e eleva a colônia à
categoria de Reino Unido, ao lado de Portugal e Algarves.

As conseqüências desse fato são inúmeras. A vida brasileira altera-se profundamente,


o que de certa forma contribui para o processo de independência política da nação.
Dentre essas conseqüências, "a proteção ao comércio, à indústria, à agricultura; as
reformas do ensino, criações de escolas de nível superior e até o plano, que se
realizou, de criação de uma universidade; as missões culturais estrangeiras,
convidadas e aceitas pela hospitalidade oficial, no setor das artes e das ciências; as
possibilidades para o comércio do livro; a criação de tipografias, princípios de atividade
editorial e da imprensa periódica; a instalação de biblioteca pública, museus, arquivos;
o cultivo da pela oratória religiosa e das representações cênicas".

A dinamização da vida cultural da colônia e a criação de um público leitor (mesmo que,


inicialmente, de jornais) criam algumas das condições necessárias para o florescimento
de uma literatura mais consistente e orgânica do que eram as manifestações literárias
dos séculos XVII e XVIII.

A Independência política, de 1822, desperta na consciência de intelectuais e artistas


nacionais a necessidade de criar uma cultura brasileira identificada com suas próprias
raízes históricas, lingüísticas e culturais.

O Romantismo, além de seu significado primeiro µ o de ser uma reação à tradição


clássica µ, assume e. nossa literatura a conotação de um movimento anticolonialista e
antilusitano, ou seja, de rejeição à literatura produzida na época colonial, em virtude
do apego dessa produção aos modelos culturais portugueses.
Portanto, um dos traços essenciais de nosso Romantismo é o nacionalismo, que
orientará o movimento e lhe abrirá um rico leque de possibilidades a serem
exploradas. Dentre elas se destacam: o indianismo, o regionalismo, a pesquisa
histórica, folclórica e lingüística, além da crítica aos problemas nacionais µ todas elas
posturas comprometidas com o projeto de construção de uma identidade nacional.

Tradicionalmente se tem apontado a publicação da obra Suspiros poéticos e


saudades (l836), de Gonçalves de Magalhães, como o marco inicial do Romantismo
no Brasil. A importância dessa obra reside muito mais nas novidades teóricas de seu
prólogo, em que Magalhães anuncia a revolução literária romântica, do que
propriamente na execução dessas teorias.

      As gerações do Romantismo


Tradicionalmente se têm apontado três gerações de escritores românticos. Essa
divisão, contudo, engloba principalmente os autores de poesia. Os romancistas não se
enquadram muito bem nessa divisão, uma vez que suas obras podem apresentar
traços de mais de uma geração.

Assim, as três gerações de poetas românticos brasileiros são:

 primeira geração: nacionalista, indianista e religiosa. Destacam-se os poetas


Gonçalves Dias e Gonçalves de Magalhães. A geração nacionalista é
impulsionada pelos valores nacionais, introduz e solidifica o Romantismo no
Brasil.

 segunda geração: marcada pelo "mal do século", apresenta egocentrismo


exacerbado, pessimismo, satanismo e atração pela morte. Destacam-se os
poetas Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela e
Junqueira Freire. Essa geração é conhecida também por Ultra-Romantismo,
devido à forte influência byroniana. Além das mencionadas acima, há ainda o
determinismo, vítimas de destino, melancolia, desejo de evasão, recordação de
um passado longínquo, que não tiveram, cansaço da vida antes de tê-la vivido.

 terceira geração: formada pelo grupo condoreiro, desenvolve uma poesia de


cunho político e social. A maior expressão desse grupo é Castro Alves. Essa
última geração µ condoreira µ vive um clima de intensa agitação interna:
Guerra do Paraguai, lutas abolicionistas, propaganda republicana. O poeta
torna-se o porta-voz das aspirações sociais e seus versos são armas usadas nas
lutas liberais.

O Romantismo brasileiro contou com um grande número de escritores, com uma vasta
produção, que, em resumo, pode ser assim apresentada:
 na lírica: Gonçalves Dias, Gonçalves de Magalhães, Álvares de Azevedo,
Cardoso de Abreu, Fagundes Varela, Junqueira Freire, Castro Alves e
Sousândrade, dentre outros.

 na épica: Gonçalves Dias e Castro Alves.

 no romance: José de Alencar, Manoel Antônio de Almeida, Joaquim. Manuel de


Macedo, Bernardo Guimarães, Visconde de Taunay, Franklin Távora e outros.

 no conto: Álvares de Azevedo.

 no teatro: Martins Pena, José de Alencar, Gonçalves de Magalhães, Gonçalves

Dias, Álvares de Azevedo e outro .


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    Referências bibliográficas: 


    http://www.netliteratura.hpg.ig.com.br/index2.htm
 

Poetas (Primeira geração)
 

As gerações do Romantismo:

Tradicionalmente se têm apontado três gerações de escritores


românticos. Essa divisão, contudo, engloba principalmente os
autores de poesia. Os romancistas não se enquadram muito bem
nessa divisão, uma vez que suas obras podem apresentar traços
de mais de uma geração.

Assim, as três gerações de poetas românticos brasileiros são:

 *primeira geração: nacionalista, indianista e religiosa.


Destacam-se os poetas Gonçalves Dias e Gonçalves de
Magalhães. A geração nacionalista é impulsionada pelos
valores nacionais, introduz e solidifica o Romantismo no
Brasil.
 *segunda geração: marcada pelo "mal do século",
apresenta egocentrismo exacerbado, pessimismo,
satanismo e atração pela morte. Destacam-se os poetas
Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela e
Junqueira Freire. Essa geração é conhecida também por
Ultra-Romantismo, devido à forte influência byroniana.
Além das mencionadas acima, há ainda o determinismo,
vítimas de destino, melancolia, desejo de evasão,
recordação de um passado longínquo, que não tiveram,
cansaço da vida antes de tê-la vivido.

*terceira geração: formada pelo grupo condoreiro,



desenvolve uma poesia de cunho político e social. A maior
expressão desse grupo é Castro Alves. Essa última geração 
condoreira  vive um clima de intensa agitação interna:
Guerra do Paraguai, lutas abolicionistas, propaganda
republicana. O poeta torna-se o porta-voz das aspirações
sociais e seus versos são armas usadas nas lutas liberais.

O Romantismo brasileiro contou com um grande número de


escritores, com uma vasta produção, que, em resumo, pode ser
assim apresentada:

 *na lírica: Gonçalves Dias, Gonçalves de Magalhães, Álvares


de Azevedo, Cardoso de Abreu, Fagundes Varela, Junqueira
Freire, Castro Alves e Sousândrade, dentre outros.

 *na épica: Gonçalves Dias e Castro Alves.

 *no romance: José de Alencar, Manoel Antônio de Almeida,


Joaquim. Manuel de Macedo, Bernardo Guimarães, Visconde
de Taunay, Franklin Távora e outros.

 *no conto: Álvares de Azevedo.

 *no teatro: Martins Pena, José de Alencar, Gonçalves de


Magalhães, Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo e outro.

Gonçalves Dias:

Gonçalves Dias (1823-1864) - Consagrado como um de nossos


melhores poetas do Romantismo, seu nome é lembrado na
história do teatro brasileiro como autor de um drama histórico
importante "Leonor de Mendonça" (1847).

Nascido no Maranhão, filho de pai português e mãe


provavelmete cafusa, Gonçalves Dias se orgulhava de ter no
sangue as três raças formadoras do povo brasileiro: a branca, a
índia e a negra. Após a morte do pai, sua madrasta mandou-o
para a Uniiversidade em Coimbra, onde ingressou em 1840.
Atravessando graves problemas financeiros, Gonçalves Dias é
sustentado por amigos até se graduar bacharel em 1844.
Retornando ao Brasil, conhece Ana Amélia Ferreira do Vale,
grande amor de sua vida. 

Canção do exílio

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá;

As aves, que aqui gorjeiam,

Não gorjeiam como lá.

   Nosso céu tem mais estrelas,

Nossas várzeas têm mais flores,

Nossos bosques têm mais vida,

Nossa vida mais amores.

   Em cismar, sozinho, à noite,

Mais prazer encontro eu lá;

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá.

   Minha terra tem primores,

Que tais não encontro eu cá;

Em cismar — sozinho, à noite —


Mais prazer encontro eu lá;

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá.

   Não permita Deus que eu morra,

Sem que eu volte para lá;

Sem que desfrute os primores

Que não encontro por cá;

Sem qu'inda aviste as palmeiras,

Onde canta o Sabiá.

     Coimbra - julho 1843.

A concha e a virgem

Linda concha que passava,

Boiando por sobre o mar,

Junto a uma rocha, onde estava

Triste donzela a pensar,

      Perguntou-lhe: — "Virgem bela,

Que fazes no teu cismar?"

— "E tu", pergunta a donzela,


"Que fazes no teu vagar?"

      Responde a concha: — "Formada

Por estas águas do mar,

Sou pelas águas levada,

Nem sei onde vou parar!"

      Responde a virgem sentida,

Que estava triste a pensar:

— "Eu também vago na vida,

Como tu vagas no mar!

      "Vais duma a outra das vagas,

Eu dum a outro cismar;

Tu indolente divagas,

Eu sofro triste a cantar.

      "Vais onde te leva a sorte,

Eu, onde me leva Deus:

Buscas a vida, — eu a morte;

Buscas a terra, — eu os céus!

Antônio Gonçalves Dias

Em 1847, publica os Primeiros Cantos. Esse livro lhe trouxe a


fama e a admiração de Alexandre Herculano e do Imperador
Dom Pedro II, que, a partir de então, o nomeia para diversos
cargos públicos. Em 1851, pede a mão de Ana Amélia em
casamento. Recusado  pela família da amada, casa-se, no ao
seguinte, com Olímpia da Costa. Em 1862, seriamente
adoentado, vai se tratar na Europa. Já em estado deplorável, em
1864 embarca no navio Ville de Boulogne para retornar ao Brasil.
O navio naufraga na costa  maranhense no dia 3 de novembro de
1864. Salvam-se todos a bordo, menos o poeta, que, já
moribundo, é esquecido em seu leito.
 

Ah! Esse acordar

Se o que somos, se o que temos sofrido

Não fosse mais que um sonho!

A despedida sem adeus, a ausência,

O desterro medonho!

     O viver sem família, sem ventura,

Sem esperanças mais...

Este penar eterno, este sofrer sem crime,

Este descrer dos mais;

     E aquele ver-te qual t'eu vi, co'o pranto

Nos olhos a brilhar,

E nos lábios sorrisos porque vias

Qual era o meu penar!

     Se esse fingir que a vida te esgotava

Do pobre coração,

Se tudo fosse um pesadelo horrível,


Um sonho vão;

     Se outra vez amanhã meiga sorrindo

Me viesses contar

Teu sonho mau, durante a noite, e o ledo

Venturoso acordar!

     E que de ver-te se me fosse d'alma

D'angústia o sentimento,

Como visão noturna, como um traço n'água,

Nuvem que tange o vento!

     Se em nossos peitos desses caos surgissem

Os êxtases de amor,

Como aves mil, que no romper do dia

Voam de um ramo em flor!

     E a vida entre nós franca! o amor possível,

E o paraíso ali!

Oh! que acordar!... Venham dizer-me agora

depois do que sofri,

     Que o mundo é vasto, que não devo amar-te,

Que renuncie a ti!


Fazei-o vós, se sois capaz de tanto...

Não o peçais de mim.

     Qual o horrendo porvir que após nos guarda

Não o sabeis, eu sei!

É ser morto por dentro, é dizer d'alma

Jamais feliz serei!

     É criar tédio à vida! — um só receio

Ter-se — que seja eterno

Este viver, este descrer de tudo,

Este penar do inferno!

Poemas

Canção do exílio O Canto do Guerreiro 

I-Juca-Pirama Canção do Tamoio A Concha e a Virgem Ainda


uma Vez —

 Adeus Se Se Morre de Amor!

 O Canto do Piaga 

Marabá Leito de Folhas Verdes Deprecação 

O Soldado Espanhol

 Seus Olhos Minha Vida e Meus Amores Recordação Amor !


 Delirio - Engano A Escrava O Mar Te Deum Canção Rosa no Mar!

 A Noite O Amor Sempre Ela Palinódia Espera! Não me Deixes! 

Rola Olhos Verdes Sobre o Túmulo de um Menino Como eu te


Amo 

O Que Mais Dói na Vida Amanhã Retratação Meu Anjo, 

Escuta Voltas e Mortes Glosados Soneto 

Oh ! Que Acordar! Se Muito Sofri Já, 

Nào Me Perguntes No Jardim! A Baunilha Se te Amo, Não Sei!


Como !

 És Tu? A Minha Rosa Minha Terra!

Referências bibliográficas

http://www.unicamp.br/iel/alunos/publicacoes/textos/g00001.htm

Romantismo(terceira geração)
Poetas Brasileiros
O condoreirismo

As décadas de 60 e 70 do século passado representam para a


poesia brasileira um período de transição. Ao mesmo tempo que
muitos dos procedimentos da primeira e da segunda geração são
mantidos, novidades de forma e de conteúdo dão origem à
terceira geração da poesia romântica, mais voltada para os
problemas sociais e com uma nova forma de tratar o tema
amoroso.
Fugindo um pouco do egocentrismo dos ultra-românticos, os
condoreiros desenvolveram uma poesia social, comprometidos
com a causa abolicionista e republicana. Em geral são poemas de
tom grandeloqüente, próximo da oratória, cuja finalidade é
convencer o leitor-ouvinte e conquistá-lo para a causa
defendida.
O nome da corrente, condoreirismo, associa-se ao condor ou
outras aves, como a águia, o falcão e o albatroz, que foram
tomadas como símbolo dessa geração de poetas com
preocupações sociais. Identificando-se com o condor, ave de vôo
alto e solitário, com capacidade de enxergar a grande distância,
os poetas condoreiros supunham ser eles também dotados dessa
capacidade e, por isso, tinham o compromisso, como poetas-
gênios iluminados por Deus, de orientar os homens comuns para
os caminhos da justiça e da liberdade.

Castro Alves
O poeta dos escravos, Castro Alves é considerado a principal
expressão condoreira da poesia brasileira. Além da poesia social
Castro Alves cultivou ainda a poesia lírica, a épica e o teatro.
Sua obra representa, na evolução da poesia romântica brasileira,
um momento de maturidade e de transição. Maturidade em
relação a certas atitudes ingênuas das gerações anteriores,
como a idealização amorosa e o nacionalismo ufanista, às quais
Castro Alves dará um tratamento mais crítico e realista.
A poesia social
Talvez seja Castro Alves o primeiro grande poeta social
brasileiro.Em vez de uma visão idealizada e ufanista da pátria,
Castro Alves retrata o lado feio e esquecido pelos primeiros
românticos: a escravidão dos negros e a opressão e a ignorância
do povo brasileiro. A linguagem utilizada por Castro Alves é
grandiosa, com gosto acentuado pelas hipérboles e por espaços
amplos como o mar, o céu, o infinito, o deserto, etc.
"O navio negreiro"
"O navio negreiro" é um poema épico-dramático que integra a
obra Os escravos e, ao lado de "Vozes d"África", da mesma obra,
vem a ser uma das principais realizações épicas de Castro Alves.
O tema de "O navio negreiro" é a denúncia da escravização e do
transporte de negros para o Brasilo texto que segue, a parte IV
de "O navio negreiro", é a descrição do que se vê no interior de
um navio negreiro. Perceba a capacidade de Castro Alves em nos
fazer "ver" a cena, como se estivéssemos num teatro.
Era um sonho dantesco!... o tombadilho,
Que das luzernas avermelha o brilho,
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros ... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...

Negras mulheres, suspendendo às tetas


Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras, moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!

E ri-se a orquestra, irônica, estridente...


E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos...o chicote estala.
E voam mais e mais... Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que de martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!

No entanto o capitão manda a manobra.


E após fitando o céu que se desdobra
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."

E ri-se a orquestra irônica, estridente...


E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Qual num sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...

A poesia lírica
Embora a lírica amorosa de Castro Alves ainda contenha um ou
outro vestígio do amor platônico e da idealização da mulher, de
modo geral ela representa um avanço decisivo na tradição
poética brasileira, por ter abandonado tanto o amor
convencional e abstrato dos clássicos quanto o amor cheio de
medo e culpa dos primeiros românticos.
Em vez de "virgem pálida", a mulher de boa parte dos poemas de
Castro Alves é um ser corporificado e, mais que isso, participa
ativamente do envolvimento amoroso. E o amor é viável,
concreto, capaz de trazer tanto a felicidade e o prazer quanto a
dor.
Fonte: CEREJA, William Roberto e MAGALHÃES, Thereza Cochar.
Literatura Brasileira
Castro Alves reflete o gosto brasileiro da improvisação, o amor
do superlativo, a deficiência crítica, a tendência à hipérbole. A
inflação não seria somente um fato econômico-financeiro do
século XX. Vem de longe, aparecendo em vários setores. Eis o
herdeiro dos cantadores nordestinos, dos poetas cegos de feira,
dos seresteiros, o homem da serenata, enfim. Prolongador dos
oradores sem cronômetro. (...) Reclama o sol do escravo.
Embarca no terribilíssimo navio de velas negras onde se espanca
o homem. Interpreta a condição existencial da África,
antecipando-se ao século futuro. Martelando a antítese com
ênfase exagerada, indica que Victor Hugo, universal, pode ser
também baiano. Passa com perigosa facilidade do alaúde ao
clarim. Aumenta o contexto da lira, ajunta-lhe a corda
internacional, projetando intuitivamente a condição humana
para além das fronteiras brasileiras."
"Bilhete em Papel Rosa"
A meu amado secreto, Castro Alves.
Quantas loucuras fiz por teu amor, Antônio.
Vê estas olheiras dramáticas,
este poema roubado:
"o cinamomo floresce
em frente do teu postigo.
Cada flor murcha que desce,
morro de sonhar contigo".
Ó bardo, eu estou tão fraca
e teu cabelo é tão negro,
eu vivo tão perturbada,
pensando com tanta força
meu pensamento de amor,
que já nem sinto mais fome,
o sono fugiu de mim. Me dão mingaus,
caldos quentes, me dão prudentes conselhos,
eu quero é a ponta sedosa do teu bigode atrevido,
a tua boca de brasa, Antônio, as nossas vias ligadas.
Antônio lindo, meu bem,
ó meu amor adorado,
Antônio, Antônio.
Para sempre tua.
Prado, Adélia [1976]. Bagagem. In: ___. Poesia reunida. p.90.
Poemas de amor e poemas descritivos

Os poemas de amor de Castro Alves têm, muitas vezes, fundo


autobiográfico, como "Hebréia", "Adormecida" e "O 'Adeus' de
Teresa", e aqueles inspirados em Eugênia Câmara, como "É
Tarde" e "O Gondoleiro do Amor". Nestes, a descrição da amada
traz uma sensualidade sem precedentes no Romantismo
brasileiro. Poemas como "Mocidade e Morte" e "Quando Eu
Morrer" revelam um poeta ainda influenciado pelo Ultra-
romantismo de Junqueira Freire. Há ainda poemas descritivos,
como "Aves de Arribação", em que a natureza brasileira é
apresentada com intensa plasticidade.
Este poema, de Espumas Flutuantes, mostra uma concepção de
mulher muito mais
concreta e sensualizada do que a da poesia romântica que
precedeu a Castro Alves.
"A vez primeira que eu fitei Teresa,
Como as plantas que arrasta a correnteza,
A valsa nos levou nos giros seus...
E amamos juntos... E depois na sala
'Adeus' eu disse-lhe a tremer co'a fala...

E ela, corando, murmurou-me: 'adeus'.

Uma noite... entreabriu-se um reposteiro...


E da alcova saía um cavalheiro
Inda beijando uma mulher sem véus...
Era eu... Era a pálida Teresa!
'Adeus' lhe disse conservando-a presa...

E ela entre beijos murmurou-me: 'adeus'.

Passaram tempos... séc'los de delírio


Prazeres divinais... gozos do Empíreo...
...Mas um dia volvi aos lares meus.
Partindo eu disse – "Voltarei!... descansa!..."
Ela, chorando mais que uma criança
Ela em soluços murmurou-me: 'adeus!'.

Quando voltei... era o palácio em festa!...


E a voz d'Ela e de um homem lá na orquestra
Preenchiam de amor o azul dos céus.
Entrei!... Ela me olhou branca... surpresa!
Foi a última vez que eu vi Teresa!...

E ela arquejando murmurou-me: adeus!"

São Paulo, 28 de agosto de 1868

(Castro Alves, "O 'Adeus' de Teresa")

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