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O Romantismo
Origens do Romantismo
O termo romantismo pode apresentar uma série de significações: romant ou romaunt;
língua românica ou neo-latina; narrativas escritas nesta língua; narrativas em geral;
oposição ao termo Classicismo (romântico x clássico); movimento cultural e estético da
primeira metade do século XIX; atualmente, sentimentalismo.
Provavelmente tem seu início na Escócia, Inglaterra e Alemanha, países europeus mais
desenvolvidos, mas é na França, a partir do fim do século XVIII, mais precisamente a
partir da Revolução Francesa de 1789, que o novo movimento ganha proporções
revolucionárias.
Um caso interessante foi o do poeta escocês James Macpherson que, para obter
prestígio, dizia psicografar poemas de Ossian poeta clássico, do século V a.C., que
cultivava a oralidade da linguagem, o apego à natureza e os sentimentos, de onde
surgiu o termo Ossianismo.
Ao Romantismo, cabe a tarefa de criar uma linguagem nova, uma nova visão de
mundo, identificada com os padrões simples de vida da classe média e da burguesia.
Enquanto o Classicismo observava a realidade objetiva, exterior, e a reproduzia do
mesmo modo, através de um processo mimético, sem deformar a realidade, o
Romantismo deforma a realidade que, antes de ser exposta, passa pelo crivo da
emoção.
A arte romântica inicia uma nova e importante etapa na literatura, voltada aos
assuntos de seu tempo efervescência social e política, esperança e paixão, luta e
revolução e ao cotidiano do homem burguês do século XIX; retrata uma nova atitude
do homem perante si mesmo. O interesse dessa nova arte está voltado para a
espontaneidade, os sentimentos e a simplicidade, opondo-se, desse modo, à arte
clássica que cultivava a razão.
A arte, para o romântico, não pode se limitar à imitação, mas ser a expressão direta
da emoção, da intuição, da inspiração e da espontaneidade vividas por ele na hora da
criação, anulando, por assim dizer, o perfeccionismo tão exaltado pelos clássicos. Não
há retoques após a concepção para não comprometer a autenticidade e a qualidade do
trabalho.
O conceito grego de belo na arte, tão defendido pelos clássicos, que eliminavam as
notas destoantes e apresentavam uma obra depurada, é abandonado pelos
românticos, os quais passam a defender a união do grotesco e do sublime, ou seja, do
feio e do bonito, assim como são as coisas na vida real. O Romantismo marca uma
importante mudança de postura na arte µ a proximidade maior entre a vida e a obra, e
entre a obra e a realidade.
CLASSICISMO ROMANTISMO
Razão emoção
teoria expressiva; expressão do
mimesis; imitação da realidade
próprio eu
Objetividade subjetividade
universalismo (o mundo) individualismo (o eu)
Amor (extratemporal, extra-espacial,
"meu amor"
universal)
imitação de modelos (formas fixas) inspiração ou liberdade criativa
realidade subjetiva (mundo
Realidade objetiva (mundo exterior)
interior)
Equilíbrio contradição
Ordem reformismo
O Romantismo brasileiro contou com um grande número de escritores, com uma vasta
produção, que, em resumo, pode ser assim apresentada:
na lírica: Gonçalves Dias, Gonçalves de Magalhães, Álvares de Azevedo,
Cardoso de Abreu, Fagundes Varela, Junqueira Freire, Castro Alves e
Sousândrade, dentre outros.
Poetas (Primeira geração)
As gerações do Romantismo:
Gonçalves Dias:
Canção do exílio
A concha e a virgem
Tu indolente divagas,
O desterro medonho!
Do pobre coração,
Me viesses contar
Venturoso acordar!
D'angústia o sentimento,
Os êxtases de amor,
E o paraíso ali!
Poemas
O Canto do Piaga
O Soldado Espanhol
Referências bibliográficas
http://www.unicamp.br/iel/alunos/publicacoes/textos/g00001.htm
Romantismo(terceira geração)
Poetas Brasileiros
O condoreirismo
Castro Alves
O poeta dos escravos, Castro Alves é considerado a principal
expressão condoreira da poesia brasileira. Além da poesia social
Castro Alves cultivou ainda a poesia lírica, a épica e o teatro.
Sua obra representa, na evolução da poesia romântica brasileira,
um momento de maturidade e de transição. Maturidade em
relação a certas atitudes ingênuas das gerações anteriores,
como a idealização amorosa e o nacionalismo ufanista, às quais
Castro Alves dará um tratamento mais crítico e realista.
A poesia social
Talvez seja Castro Alves o primeiro grande poeta social
brasileiro.Em vez de uma visão idealizada e ufanista da pátria,
Castro Alves retrata o lado feio e esquecido pelos primeiros
românticos: a escravidão dos negros e a opressão e a ignorância
do povo brasileiro. A linguagem utilizada por Castro Alves é
grandiosa, com gosto acentuado pelas hipérboles e por espaços
amplos como o mar, o céu, o infinito, o deserto, etc.
"O navio negreiro"
"O navio negreiro" é um poema épico-dramático que integra a
obra Os escravos e, ao lado de "Vozes d"África", da mesma obra,
vem a ser uma das principais realizações épicas de Castro Alves.
O tema de "O navio negreiro" é a denúncia da escravização e do
transporte de negros para o Brasilo texto que segue, a parte IV
de "O navio negreiro", é a descrição do que se vê no interior de
um navio negreiro. Perceba a capacidade de Castro Alves em nos
fazer "ver" a cena, como se estivéssemos num teatro.
Era um sonho dantesco!... o tombadilho,
Que das luzernas avermelha o brilho,
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros ... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
A poesia lírica
Embora a lírica amorosa de Castro Alves ainda contenha um ou
outro vestígio do amor platônico e da idealização da mulher, de
modo geral ela representa um avanço decisivo na tradição
poética brasileira, por ter abandonado tanto o amor
convencional e abstrato dos clássicos quanto o amor cheio de
medo e culpa dos primeiros românticos.
Em vez de "virgem pálida", a mulher de boa parte dos poemas de
Castro Alves é um ser corporificado e, mais que isso, participa
ativamente do envolvimento amoroso. E o amor é viável,
concreto, capaz de trazer tanto a felicidade e o prazer quanto a
dor.
Fonte: CEREJA, William Roberto e MAGALHÃES, Thereza Cochar.
Literatura Brasileira
Castro Alves reflete o gosto brasileiro da improvisação, o amor
do superlativo, a deficiência crítica, a tendência à hipérbole. A
inflação não seria somente um fato econômico-financeiro do
século XX. Vem de longe, aparecendo em vários setores. Eis o
herdeiro dos cantadores nordestinos, dos poetas cegos de feira,
dos seresteiros, o homem da serenata, enfim. Prolongador dos
oradores sem cronômetro. (...) Reclama o sol do escravo.
Embarca no terribilíssimo navio de velas negras onde se espanca
o homem. Interpreta a condição existencial da África,
antecipando-se ao século futuro. Martelando a antítese com
ênfase exagerada, indica que Victor Hugo, universal, pode ser
também baiano. Passa com perigosa facilidade do alaúde ao
clarim. Aumenta o contexto da lira, ajunta-lhe a corda
internacional, projetando intuitivamente a condição humana
para além das fronteiras brasileiras."
"Bilhete em Papel Rosa"
A meu amado secreto, Castro Alves.
Quantas loucuras fiz por teu amor, Antônio.
Vê estas olheiras dramáticas,
este poema roubado:
"o cinamomo floresce
em frente do teu postigo.
Cada flor murcha que desce,
morro de sonhar contigo".
Ó bardo, eu estou tão fraca
e teu cabelo é tão negro,
eu vivo tão perturbada,
pensando com tanta força
meu pensamento de amor,
que já nem sinto mais fome,
o sono fugiu de mim. Me dão mingaus,
caldos quentes, me dão prudentes conselhos,
eu quero é a ponta sedosa do teu bigode atrevido,
a tua boca de brasa, Antônio, as nossas vias ligadas.
Antônio lindo, meu bem,
ó meu amor adorado,
Antônio, Antônio.
Para sempre tua.
Prado, Adélia [1976]. Bagagem. In: ___. Poesia reunida. p.90.
Poemas de amor e poemas descritivos