Você está na página 1de 11

Cronologia e características dos movimentos literários

Estilo Portugal Brasil Características

Trovadorismo 1189/1198 Cantigas de Amor: sofrimento,


idealização, eu-lírico masculino,
ambiente da Corte, dama
A Ribeirinha inacessível, caráter análítico-
descursivo.
Paio Soares de
Taveirós
Cantigas de Amigo: eu-lírico
feminino, confessional, ambiente
Gêneros: cantigas popular, paixão incorrespondida,
(poesia), novelas reaalista, narrativo-descritiva.
de cavalaria,
nobiliários,
hagiografias. Cantigas de Escárnio e Maldizer:
críticas indiretas ou diretas de
pessoas ou fatos de uma época.
Rica fonte de documentação. 

Humanismo 1418 Teatro: em poesia, versa sobre


assuntos profanos ou religiosos;
carpintaria teatral rudimentar;
Fernão Lopes, ausência de regras; sem unidade
guarda-mor da de ação, tempo e espaço.
Torre do Tombo. Aspectos críticos de uma
sociedade em transição.

Gêneros:
historiografia, teatro
popular, prosa
doutrinária.

Gil Vicente (teatro)

Classicismo 1527 1500 (Quinhentismo) Valorização do homem


(antropocentrismo); paganismo
(maravilhoso pagão); superioridade
Quinhentismo Sá de Miranda 1º Documento do homem sobre a natureza;
escrito em terras objetividade; racionalismo;
brasileiras: Carta a universalidade; saber concreto em
Introdução da
D. Manuel.  detrimento do abstrato; retomada
medida nova. dos valores greco-romanos; rigor
métrico, rímico e estrófico: equilíbrio
Gêneros: poesia e harmonia.
Gêneros: poesia lírica e épica, teatro
lírica, épica, teatro
e crônicas.
e crônicas.

Pero Vaz de
Camões (poesia)
Caminha

José de Anchieta

Barroco 1580 1601 Arte dos contrastes: antinomia


homem - céu, homem - terra;
visualização e plasticidade;
Morte de Camões Bento Teixeira: fugacidade; não-racionalismo;
publicação de unidade e abertura (perspectivas
Portugal sob o Prosopopéia múltiplas para o observador); luta
entre o profano e o sagrado. Culto a
domínio espanhol. elementos evanescentes
Pe. Antônio Vieira (água/vento). Sentido de
(oratória) transitoriedade da vida; carpe diem
Gêneros: oratória
(aproveitar o momento); valorização
sacra, política e
do presente, movimento ligado ao
social; Gregório de Matos espírito da Contra - Reforma; jogos
(poesia) de metáforas; riqueza de imagens;
gosto pelo pormenor; malabarismo

1
verbal – uso de hipérbato,
hipérbole, metáforas e antíteses. 
poesia religiosa,
satírica e lírico-
amorosa.

Pe. Antônio Vieira

(oratória)

Arcadismo 1756 1768 Arte do equilíbrio e harmonia; busca


do racional, do verdadeiro e da
natureza; retorno às concepções de
Fundação da Cláudio Manuel da beleza do Renascimento; poesia
Arcádia Lusitana. Costa: objetiva e descritiva; aurea
mediocritas: o objetivo arcádico de
uma vida serena e bucólica;
Gênero: poesia Obras Poéticas pastoralismo; valorização da
mitologia; técnica da simplicidade.
Literatura linear e regrada: inutilia
Bocage (poesia) Cláudio Manuel da
truncat (cortar o inútil).
Costa, Tomás
Antônio Gonzaga
(poesia lírica e
épica)

Basílio da Gama e
Santa Rita Durão
(poesia épica)

Romantismo 1825 1836 1ª Geração: nacionalismo,


ufanismo, natureza, religião
(cristianismo),
Almeida Garrett Gonçalves de
indianismo/medievalismo.
Magalhães
Publicação do
2ª Geração: mal do século, evasão,
poema Camões Publicação de solidão, profundo pessimismo,
Suspiros Poéticos e
anseio da morte.
Gêneros: prosa Saudades
(romance e novela)
3ª Geração: condoreirismo,
Poesia: Gonçalves liberdade, oratória de reivindicação,
Dias, Álvares de transição para o Parnasianismo,
poesia e teatro. Azevedo, Casimiro
de Abreu, Castro literatura social e engajada.
Alves.
Geral: imaginação, fantasia, sonho,
idealização, sonoridade,
Prosa: (urbanos) simplicidade, subjetivismo, sintaxe
Alencar, Joaquim emotiva, liberdade criadora. 
Manuel de Macedo,
Manuel Antônio de
Almeida;
(regionalistas)
Alencar, Bernardo
Guimarães, Taunay;
(indianista-histórico)
Alencar 

Realismo/ 1865 1881 Realismo: preocupação com a


verdade exata, observação e
Parnasianismo/
análise, personagens tipificadas,
Naturalismo Questão Coimbrã: Machado de Assis preferência pelas camadas altas da
Antero de Quental sociedade. Objetividade.
contra Castilho Descrições pormenorizadas.
Publicação de
(Novos x Velhos) Memórias Póstumas Linguagem correta, no entanto é
de Brás Cubas/ mais próxima da natural, maior
interesse pela caracterização que
Gêneros: prosa Realismo
(romance, conto, pela ação – tese documental.

2
crônica), poesia, Aluísio de Azevedo Naturalismo: visão determinista do
homem (animal, presa de forças
crítica.
fatais e superiores – meio, herança
Publicação de O genética, fisiologia, momento).
Prosa: Eça de Mulato/ Naturalismo Tendência para análise dos
deslizes de personalidade.
Queirós Deturpações psíquicas e físicas.
  Década de 80 Preferência pela classe operária.
Patologia social: miséria, adultério,
  Definição do ideário
criminalidade, etc – tese
experimental.
parnasiano.
Poesia: Antero de
Quental, Cesário
Verde, Guerra Parnasianismo: arte pela arte,
Prosa: Machado de
Junqueiro. objetividade, poesia descritiva,
Assis, Aluísio
versos impassíveis, exatidão e
Azevedo, Raul
economia de imagens e metáforas,
Pompéia poesia técnica e formal, retomada
de valores clássicos, apego à
mitologia greco-romana.
Poesia: Olavo Bilac,
Alberto de Oliveira,
Raimundo Correia,
Vicente de Carvalho.

Simbolismo 1890 1893 Simbolismo: reação contra o


positivismo, o Naturalismo e o
Parnasianismo; individualismo,
Eugênio de Castro Cruz e Sousa subjetivismo psicológico, atitude
irracional e mística, respeito pela
Publicação de Publicação de música, atitude irracional e mística,
Missal (prosa respeito pela música, cor, luz;
Oaristos procura das possibilidades do
poética) e Broquéis
léxico.
(poesia).
Gêneros: poema e
prosa.
Poesia: Cruz e
Sousa e Alphonsus
Poesia: Camilo de Guimaraens,
Pessanha Pedro Kilkerry,
Emiliano Perneta.

Pré- . 1902 Pré-Modernismo: tendência das


Modernismo primeiras décadas do século XX,
sentido mais crítico, fixando
Publicação de Os diferentes facetas da realidade
Sertões, de Euclides social, política ou alterações na
da Cunha; Canaã, paisagem e cor local.
de Graça Aranha.

Prosa: Monteiro
Lobato, Euclides da
Cunha, Lima
Barreto, Graça
Aranha.

Poesia: Augusto dos


Anjos;

3
Modernismo 1915 – 1ª fase 1922- Semana de 1ª Geração: revolucionária –
negação da tradição cultural,
Arte Moderna.
antipurista, antiacademicista,
Revista Orfeu linguagem coloquial, verso livre,
1922-30 – 1ª fase: nacionalismo crítico, ironia,
1930 – 2ª fase revolucionária: Mário sarcasmo, irreverência. Poema-
piada, liberdade de criação.
de Andrade.
Alves Redol Predomínio da poesia.

Publicação de
Publicação de Paulicéia 2ª Geração: estabilidade: herança
de 22, acrescentando
Gaibeús Desvairada. aprimoramento da linguagem
(inclusive metalinguagem), busca
da expressão universal,
Mais recentemente: 1930-45 – 2ª fase: 
recuperação de valores
Surrealismo. tradicionais (Neo-simbolismo),
neo-realismo, engajamento religioso e social,
literatura de denúncia das
Gêneros: poesia, literatura regional..
condições humanas. Predomínio
prosa (crônica, da prosa (romance) de
conto, romance), tendências neo-realistas e
José América de
teatro regional.
Almeida

Poesia: Fernando 3ª Geração: Não se mostram tão


Pessoa, Mário de A Bagaceira
preocupados com o contexto
Sá-Carneiro, sociopolítico; análise da natureza
Florbela Espanca, Geração de 45- 3ª
fase: investigar humana. Rigor formal.
José Régio, etc
comportamentos e
atitudes do ser Literatura contemporânea:
Prosa: Fernando
humano
Namora, Vergílio
Ferreira, Alves Proliferação de estilos,
Redol, Ferreira de João Guimarães, experimentalismo na forma, o
Castro, Branquinho Clarice Lispector, cotidiano. Proliferação de
da Fonseca, José contistas e cronistas. crises de
Saramago, etc.  João Cabral. caráter existencial, reflexões

Literatura
contemporânea
(Pós-Modernismo);
década de 50.

Enorme proliferação
de estilos.

Concretismo

Poesia –práxis

Contos
 

Renascimento ou Quinhentismo

    Quinhentismo é como chamam genericamente todas as manifestações


literárias que ocorreram no Brasil durante o século XVI, isto é, entre 1500 e
1601. É uma literatura no Brasil, isto é, obras que mostram como o homem

4
europeu via o Brasil e não como o  homem brasileiro via o mundo. Pode ser
chamada de literatura informativa (descritiva) ou literatura dos viajantes,  pois
seu objetivo era falar da flora, fauna e gente brasileira. É o reflexo das
Grandes Navegações. Os principais autores são Pero Vaz de Caminha e José de
Anchieta.
     
        Nesse período, a Europa vivia o auge do Renascimento. O homem passa a
ser o centro de tudo, é o homem que se lança por mares que nunca tinham sido
navegados, levando sua fé, seu império e fundando novos reinos. É o período de
descobertas de novos mundos. As principais características são o culto das
antiguidades greco-latinas, o humanismo (homem voltado para as coisas do
mundo) e a reforma religiosa (que representou um triunfo da modernidade
contra a tradição, do indivíduo contra a igreja).

Barroco

    O marco inicial do Barroco no Brasil é a publicação do poema épico


Prosopopéia de Bento Teixeira.
    O termo barroco denomina genericamente todas as manifestações artísticas
do século XVII e início do XVIII, isto é, dos anos de 1600 até o início dos anos
de 1700. Não se trata de um estilo específico da literatura, estende-se
também à música, pintura, escultura e arquitetura da época.
    O Barroco não foi uma oposição ao Renascimento, antes foi um
desenvolvimento natural da linha renascentista indo das limitações à libertade,
do regular ao tumultuoso.
    As principais características do Barroco são:
    - O culto do contraste: contraste como o amor e o sofrimento, vida e morte;
    - Exagero nos relevos e cores;
    - Preferência pelos aspectos cruéis, dolorosos, sangrentos;
    - Pessimismo nascido do conflito entre o eu e o mundo;
    - Intensidade: desejo de exprimir intensamento o sentido da existência (uso
da hipérbole);
    - Culto da solidão.

    Os principais autores brasileiros foram Gregório de Matos e o Padre Antônio


Vieira.

Arcadismo

   O Arcadismo brasileiro ocorreu entre 1768 e 1808 (Século XVIII) e seu


marco inicial foi a publicação de Obras de Cláudio Manuel da Costa. .
    O século XVIII foi considerado o Século das Luzes e uma das principais
manifestações artísticas que ocorriam nessa época era o Iluminismo: era o

5
momento de racionalismo, de investigação científica; é o instante do emprego
da energia a vapor na indústria têxtil inglesa.
    O Arcadismo procurou a naturalidade racional, através da simplicidade
estilística e da clareza das idéias. Preocupava-se com o renascimento do mito
da Arcádia, um verdadeiro paraíso de poetas-pastores, que se dedicavam a uma
vida simples. E a poesia deveria imitar a Natureza de forma a corresponder à
simplicidade da vida pastoril.
    Podemos considerar como características do Arcadismo:
    - Persistência das normas ditadas pela antiguidade clássica e retorno ao
equilíbrio e à simplicidade dos modelos greco-romanos (por isso esse estilo de
época é também chamado por alguns autores como Neoclassicismo);
    - Presença marcante do bucolismo: exaltação da vida campesina;
    - Defesa de uma função social para a literatura: devia ter caráter didático e
doutrinário;
    - Tendência, na poesia, para pintar situações mais do que emoções.

    Os principais autores desse estilo literário são Cláudio Manoel da Costa,
Tomás Antônio Gonzaga, Basílio da Gama e Silva Alvarenga.

Romantismo

    O período romântico no Brasil coincide com o processo de nossa


Independência. Havia uma preocupação de se criar uma consciência nacional.
Inicia por volta de 1836 e cria um novo público, pois torna-se mais popular. A
literatura sai do campo para a cidade, mas é preciso lembrar que ainda assim
continua sendo para uma elite. O público leitor é composto principalmente por
mulheres (da elite) e estudantes. Surge o romance e o teatro ganha um novo
impulso.
    As características básicas do Romantismo podem ser vistas sob os aspectos
do conteúdo e da forma. Quanto ao conteúdo havia o predomínio do
nacionalismo (exaltação da natureza pátria, retorno ao passado histórico e na
criação do herói nacional - que no Brasil era o índio) e do sentimentalismo
(valorização dos sentimentos e das emoções pessoais - subjetivismo). No
Romantismo, o poeta se coloca como o centro do universo e com isso há um
choque entre a realidade e a sua visão de um mundo ideal. Aparece, então, o
tédio e a frustração e em seqüência uma tentativa de fuga da realidade: a
busca da morte.
    Quanto à forma, a literatura romântica se apresenta desvinculada dos
padrões e normas estéticas do Classicismo. A poesia romântica se caracteriza
pelo verso livre (sem métrica e sem estrofação) e o verso branco (sem rima).
    Em 1881 podemos considerar o fim do Romantismo quando surgem os
primeiros romances de tendências naturalista e realista.
    Os principais autores do Romantismo foram: Gonçalves Dias, José de

6
Alencar, Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Castro Alves e Bernardo
Guimarães.

Realismo / Naturalismo

    Os termos "Realismo" e "Naturalismo" frequentemente se confundem e


alguns autores falam, então, de "Realismo-Naturalismo". É um estilo que ocorre
na segunda metade do século XIX: o marco inicial seria em 1881, com a
publicação de "O Mulato" de Aluísio Azevedo (Naturalista) e "Memórias
póstumas de Brás Cubas" de Machado de Assis (Realista),  e o ano final seria
1893 com a publicação de Missal e Broquéis de Cruz e Sousa.
    A arte realista-naturalista ocorreu em um período de consolidação do poder
político da burguesia que tinha seu gosto estético orientado para uma arte
racional, isto é, desprezavam o excesso de sentimentalismo romântico. O
Realismo-Naturalismo ultrapassou, entretanto, os limites da burguesia e se
tornou uma arte inovadora e voltada para os interesses populares.
    Realismo: os escritores voltavam-se para a observação do mundo objetivo.
Procuravam fazer arte com os problemas concretos de seu tempo, sem
preconceitos ou convenções. Focalizavam o cotidiano. O adultério, o clero e a
sociedade burguesa em crise tornaram-se temas para as obras desse período.

    Naturalismo: radicalizou o determinismo (o homem como produto de leis


físicas e sociais) do movimento realista. Essa nova tendência apareceu em uma
situação de grande pessimismo. Os escritores naturalistas introduziram o
chamado "romance experimental" contra o esteticismo em que se enveredava a
arte. O movimento não se restringiu à ciência positivista. Registrou, como os
realistas, não o passado, mas o presente com temas inovadores e linguagem
atual. Denunciou a hipocrisia e caracterizou as lutas sociais, temáticas novas,
que anteciparam a literatura de ênfase social do século XX.

    Os principais autores foram Machado de Assis (importante ressaltar que não
podemos incluir Machado de Assis totalmente nesse estilo de época, pois suas
obras são mais complexas e tem características peculiares), Aluísio Azevedo e
Raul Pompéia.

Parnasianismo

     Paralelamente à ficção dita realista e naturalista, a ruptura com o visão de


mundo romântica provoca o surgimento de uma tendência poética a que se
denomina Parnasianismo. O Parnasianismo brasileiro foi um afastamento do
realismo social, em direção ao esteticismo e a temas universais já consagrados
pela tradição literária européia (temas orientais, helênicos e da tradição
romântica). Foi típico desse movimento a criação de uma ilusão de

7
impassibilidade do poeta diante os objetos que representava em seus poemas. A
atitude do poeta foi fundamentalmente descritiva. O poeta parnasiano difundiu
um culto acadêmico da "arte pela arte": procura por uma correção gramatical,
pelo preciosismo das palavras, pela obsessão de clareza e pelo rigor formal. O
poeta busca com afinco uma palavra "exata" para sua composição, aspirando à
impessoalidade contra o subjetivismo.

    As principais características do Parnasianismo são: a contenção lírica, o rigor


formal, a impessoalidade, a presença da cultura clássica, o culto da forma e a
valorização da arte pela arte.

    Os principais autores são: Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e Raimundo


Correia.

Simbolismo

      O Simbolismo, no Brasil, tem seu início em 1893 com a publicação de dois
livros: Missal (prosa) e Broquéis (poesia), ambos de Cruz e Sousa. Estende-se
até o ano de 1922, data em que se realizou a Semana de Arte Moderna.
    O Simbolismo começa por ser a negação do Realismo e suas manifestações.
Essa nova estética nega o cientificismo, o materialismo, o racionalismo,
valorizando, em contrapartida as manifestações metafísicas e espirituais (o que
negava o Naturalismo e o Parnasianismo). Nesse estilo, a realidade objetiva não
interessa mais; o homem volta-se para uma realidade subjetiva. O eu do poeta
passa a ser o universo, mas não o eu superficial, sentimental do Romantismo: os
simbolistas vão em busca da essência do ser humano, aquilo que ele tem de mais
profundo e comum com todos - a alma. Daí vem a sublimação tão procurada
pelos simbolistas: a oposição entre a matéria e o espírito, entre o corpo e a
alma, a purificação. Por causa do subjetivismo o Simbolismo desenvolve uma
linguagem carregada de símbolos que se opõe a uma literatura de linguagem
mais seca e impessoal do Parnasianismo. Uma das características mais fortes
da estética simbolista é a musicalidade que mexe com a percepção e os
sentidos das pessoas. Há o uso constante de sinestesias e aliterações.
    Há, na poesia simbolista, um clima de mistério. A única certeza é de que o
mundo não revela o que, efetivamente, é. As grandes experiências estão na
proporção direta do desvendamento do mistério. A palavra presta-se a isso,
sendo capaz de estabelecer relações e criar correspondências entre o abstrato
e o concreto.
    As principais caracteristícas do Simbolismo são: uma concepção mística do
mundo, interesse pelo indefinido e pelo mistério, interesse pelo particular,
alienação do social, flexibilidade formal e conhecimento ilógico e intuitivo.
    Os dois principais nomes do Simbolismo brasileiro são Alphonsus de
Guimaraens e Cruz e Sousa. O autor Augusto dos Anjos é colocado por alguns
teóricos como simbolista e por outros como pré-Modernista. Na verdade, ele é

8
um poeta único pois sua poesia traz características de várias tendências.
 

Pré-Modernismo

      O que se convencionou chamar de Pré-Modernismo no Brasil não constitui


uma "escola literária", ou seja, não temos um grupo de autores em torno de um
mesmo ideário, seguindo determinadas características. Pré-Modernismo acaba
sendo um termo genérico que designa as produções literárias realizadas nos
primeiros vinte anos deste século.
    O Pré-Modernismo abrangeu o período literário entre a publicação de Canaã
(1902), de Graça Aranha, e a realização da Semana de Arte Moderna (1922). A
produção dessa época foi bastante variada, mas refletiu a permanência de
valores estético-ideológicos do século XIX, que se mesclaram com outros,
renovadores, voltados para a situação nacional e social do país.
    Apesar de não ser considerado um estilo de época definido, há pontos em
comum entre as obras deste período:
    - são obras inovadoras que rompem com o passado, com o academismo;
    - há uma denúncia da realidade brasileira: o Brasil é visto pelo sertão
nordestino, pelos subúrbios...
    - regionalismo;
    - tipos humanos marginalizados: o sertanejo nordestino, os mulatos...
    - ligação com a realidade política, econômica e social: menor distância entre a
realidade e a ficção.

   
Os principais autores foram: Euclides da Cunha, Augusto dos Anjos, Lima
Barreto, Graça Aranha e Monteiro Lobato.

Modernismo

      Teve início com a realização da Semana de Arte Moderna em São Paulo (nos dias 13,15, e
17 de fevereiro de 1922). A Semana pretendia colocar a cultura brasileira a par das correntes
de vanguarda do pensamento europeu, ao mesmo tempo que pregava a consciência da realidade
brasileira. Era um movimento não só artístico, mas também político e social.
    Segundo alguns estudiosos sobre o Modernismo o estilo pode ser dividido em duas fases:
    - 1ª fase: 1922 a 1930 - Nesse período são afirmados os pressupostos estéticos do
movimento;
    - 2ª fase: 1930 a 1945 - Concretização do projeto modernista com tendência social e
introspectiva.
    É bom lembrar que essa divisão em fases é algo puramente didático, pois devemos sempre
considerar a literatura como um processo, isto é, uma obra sempre está inserida numa linha de
continuidade artística.
    O período da primeira fase é o mais radical do movimento Modernista, justamente em
consequência da necessidade de definições e do rompimento de todas as estruturas do

9
passado. Daí o caráter anárquico desde período e seu forte sentido destruidor.
    A procura pelo moderno, o original e o polêmico, o nacionalismo se manifesta em suas
múltiplas facetas: uma "volta às origens", a pesquisa das fontes quinhentistas, a procura de
uma "língua brasileira" e a valorização do índio verdadeiramente brasileiro. Há também uma
tentativa de repensar a história e a literatura brasileiras.
    É no Modernismo que as várias correntes estéticas de vanguarda se manifestam: o Cubismo,
o Futurismo, o Dadaísmo e o Surrealismo. Alguns autores até consideram que o Modernismo é,
na verdade, "um complexo de estilos de época que apresentam alguns pontos coincidentes" 1.
    Ainda assim, podemos citar as principais características do período: hermetismo (tentativa
desesperada de ser claro que acaba dificultando a penetração no mistério da poesia),
exploração do inconsciente, presença da filosofia bergsoniana (para Henry Bergson o
conhecimento nasce da percepção intuitiva), verso livre, concepção lúdica da arte, figuração
"mística" e alegórica.
    Temos na primeira fase entre os principais autores: Mário de Andrade, Oswald de Andrade,
Manuel Bandeira e Antônio de Alcântara Machado. Já na segunda fase temos Murilo Mendes,
Jorge de Lima, Cecília Meireles, Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Morais, Raquel de
Queiroz, José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Jorge Amado e Érico Veríssimo.

Pós-Modernismo

   O estilo chamado Pós-Modernismo ainda não é aceito por todos os


estudiosos. Alguns acreditam que após a 2ª Guerra Mundial (1945) o tempo Pós-
Moderno já seria uma realidade; para outros, ainda não saimos da Modernidade
(e estaríamos vivendo uma 3ª fase do Modernismo).
    Na literatura brasileira podemos perceber características que se diferem do
Modernismo após a década de 50. Há uma intensificam dos traços Modernistas
no Movimento da Poesia Concreto e Instauração-Práxis. A transição do
Modernismo para o Pós-Modernismo "se evidencia no Tropicalismo e no
Movimento do Poema-Processo. Os traços pós-modernos podem ser
encontrados mais acentuadamente em alguns textos da poesia marginal e na
prosa de determinados autores contemporâneos"1.
    A poesia marginal é feita por jovens que buscam uma liberdade de criação e
de palavras, além de uma liberdade editorial (pois publicam seus textos de
forma artesanal ou em folhetos). "Por sua própria natureza, a produção
'marginal' ou 'independente' é bastante volumosa e diversificada, ainda que
alguns de seus autores já tenham, em 1987, obras publicadas pelas editoras
convencionais"2. Podemos ainda citar entre os movimentos de Vanguarda do Pós-
Modernismo: o Neoconcretismo, a poesia ligada à revista Tendência, a produção
poética de Violão de rua e os cultores da Arte Postal.
    As principais características desse estilo são: intensificação do ludismo na
criação literária, utilização deliberada da intertextualidade, ecletismo
estilístico, exercício da metalinguagem, fragmentarismo textual, na narrativa
há uma autoconsciência e auto-reflexão, radicalização de posições anti-
racionalistas e antiburguesas.

10
    Os principais autores desse estilo literário são: Guimarães Rosa, Clarice
Lispector, João Cabral de Melo Neto, Nelson Rodrigues, Adélia Prado, Autran
Dourado, Augusto e Haroldo de Campos, João Ubaldo Ribeiro, Mário Quintana,
entre outros...

11

Você também pode gostar