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7º capítulo - Fichamento

Thiago Mazucato
Sociólogo, com Mestrado em Ciência Política (UFSCar) e Doutorado em Ciências sociais
(UNESP), professor universitário, pesquisador, escritor, editor e gestor municipal.

O método é um dos pilares do conhecimento científico. Para que qualquer


conhecimento seja considerado científico é obrigatório que, no processo de sua
produção, o método tenha orientado

Qualquer atividade por mais simples que seja necessita de um método para ser realizada.
Método é um conjunto de processos para atingir determinados resultados. Emprega-se em
qualquer domínio para se alcançar determinado fim ou fins. (LEÃO, 2016, p. 20, Apud.,
MAZUCATO, 2018)

De acordo com a questão de pesquisa, com o objeto e com os objetivos da


pesquisa, um método será mais útil do que os demais durante as diversas
etapas da pesquisa. O método escolhido também delimitará quais técnicas
serão possíveis de se empregar numa determinada pesquisa (algumas
técnicas serão estudadas no próximo capítulo). Vejamos, inicialmente, dois
métodos mais amplos (método indutivo e método dedutivo), para, em seguida,
conhecermos outros métodos (hipotético-dedutivo, dialético, estatístico,
etnográfico, comparativo, histórico):

Método Indutivo:
O método indutivo indica que o caminho que a pesquisa deverá percorrer
passará pela seguinte trajetória: a partir da constatação ou levantamento de
informações particulares, a pesquisa buscará chegar a um conhecimento mais
generalizado. A partir da observação de um conjunto razoável de fenômenos
semelhantes, o estudante tentará descobrir uma relação existente entre estes
fenômenos e elaborar uma explicação mais generalizante que abarque todos
os fenômenos observados (e, também, que possa ser aplicada aos fenômenos
semelhantes ainda não observados).

Método Dedutivo:
O método dedutivo indica que a pesquisa seguirá o seguinte trajeto: partindo
de constatações mais gerais (dados, informações, relações já existentes e
conhecidas), examinam-se casos particulares para verificar se o mesmo se
enquadra nestas constatações mais gerais. A explicação, no caso de se utilizar
o método dedutivo, não é mais generalizante do que aquilo que já se conhecia
anteriormente, apenas enquadra um objeto que se estuda dentro de uma
categoria ou constatação já conhecida.

Método Hipotético-Dedutivo e Método Dialético:


Markoni & Lakatos (2016) distinguem métodos de abordagem (mais amplos) e
métodos de procedimento (mais específicos). Dentre os métodos de
abordagem, além do método indutivo e do método dedutivo, também se
encontram o método hipotético-dedutivo e o método dialético. Cada um deles
possui uma especificidade: a) método indutivo – cuja aproximação dos
fenômenos caminha geralmente para planos cada vez mais abrangentes, indo
das constatações mais particulares às leis e teorias (conexão ascendente); b)
método dedutivo – que, partindo das teorias e leis, na maioria das vezes prediz
a ocorrência dos fenômenos particulares (conexão descendente); c) método
hipotético-dedutivo – que se inicia pela percepção de uma lacuna nos
conhecimentos, acerca da qual formula hipóteses e, pelo processo de
influência dedutiva, testa a predição da ocorrência de fenômenos abrangidos
pela hipótese; d) método dialético – que penetra o mundo dos fenômenos
através de sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno e da
mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade. (MARCONI &
LAKATOS, 2016, p. 88)

Método Estatístico:
O método estatístico consiste basicamente em quantificar dados sobre
fenômenos, processos, fatos, para que possam ser analisados. Ao utilizar o
método estatístico, a pesquisa pode conseguir analisar as relações que
diferentes fenômenos, processos e fatos possuem entre si.

Método Etnográfico:

O método etnográfico pode ser utilizado quando o objeto da pesquisa referir-se


a fenômenos ou grupos sociais que permitam uma observação direta destes
fenômenos ou grupos, para que se identifique e descreva as suas
características (coleta de dados) e que se compreenda a questão de pesquisa
suscitada sobre este objeto que se estuda. É um método bastante eficiente
quando se procura compreender a dinâmica de grupos sociais e precisa-se de
informações qualitativas para poder proceder à análise e interpretação destas
informações, com vistas à esclarecer aspectos levantados pela questão de
pesquisa e, eventualmente, pelas hipóteses previamente estabelecidas.

Método Comparativo:
Quando o objeto e a questão de pesquisa lidam com mais de um grupo de
fenômeno da mesma natureza é possível empregar o método comparativo para
analisar semelhanças e/ou diferenças entre estes fenômeno.

Método Histórico:
Quando a questão de pesquisa remete à análise e compreensão da trajetória
de um determinado fenômeno, pode ser empregado o método histórico. Com
este método, busca-se compreender as “origens” ou as “raízes” de um
determinado fenômeno, o que permite explicar o motivo pelo qual o mesmo se
desenvolveu, ao longo do tempo, de um modo específico. Utilizando, ainda, os
exemplos mencionados anteriormente, seria possível empregar o método
histórico para compreender a origem dos conflitos entre estudantes numa
determinada escola, ou ainda a trajetória da distinção social nos processos
penais de uma determinada cidade, e mesmo para se compreender a trajetória
da inadimplência de tributos e impostos municipais em uma determinada
cidade ao longo de um período, por exemplo, de duas décadas. Note que, para
utilizar o método histórico, é importante que a questão de pesquisa remeta à
necessidade de se compreender as origens ou de entender a trajetória de um
determinado fenômeno, como fonte de explicação do mesmo no momento
atual.

Método Experimental:
Quando, para se obter informações sobre um determinado fato, fenômeno ou
processo, torna-se necessário manipulá-lo, controlando algumas variáveis,
para se verificar como o mesmo se ocorrerá em situações diferentes, utiliza-se
o método experimental

Referências Bibliográficas:

MAZUCATO, T. (org). Metodologia e Pesquisa do Trabalho Científico. Capítulo


7 – Técnicas de pesquisa. P. 54-58. Ed. FUNEPE, São Paulo – SP., 2018. 1 º
edição.

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