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A recolha de informações nas Ciências Sociais baseia-se

em opiniões dos indivíduos, daí que estas sejam


influenciadas pelo senso comum, o cientista social é
simultaneamente observador e observado, ou seja, existe
uma familiaridade entre o sujeito (investigador) e o seu
objecto de estudo (realidade social) as Ciências Sociais
não possuem um grau de exactidão como o das Ciências
Naturais.

A “Ilusão de Transparência do
social”
Naturalismo – consiste em entender a realidade como
sendo natural e não como uma construção social, dando
origem a que os fenómenos sociais sejam explicados com
base na natureza humana e não nas relações sociais.

Individualismo – consiste em explicar individualmente os


fenómenos sociais, o que está errado porque a acção social
não é determinada pelas vontades individuais, mas sim
pela interacção colectiva; considera o indivíduo como
sujeito determinante da acção social.

Etnocentrismo – consiste na valorização excessiva da


nossa cultura, ou no facto de o observador fazer da sua
cultura ou norma a referência para a análise de outras
realidades sociais.
Especificidade da Sociologia enquanto disciplina
científica
Regularidades, particularidades e singularidades
sociais:
A análise sociológica é
despoletada pela identificação
de uma regularidade social, um
padrão existente na vida social.
A sociologia também se dedica ao estudo de
particularidades sociais, como pequenas comunidades,
grupos, bairros, empresas, etc.

A sociologia preocupa-se também com as


singularidades sociais.
Ela estuda como se produz sociologicamente
aquilo que é específico e único.
Problemas sociais e problemas sociológicos

Um problema social não é necessariamente um problema


sociológico.
Contudo, pode sê-lo, na medida em que esse problema social seja
objecto de análise sociológica.

As análises sociológicas podem surgir por mera curiosidade


científica, mas também podem ser solicitadas
especificamente como forma de diagnosticar situações,
avaliar impactos sociais e proceder a análises prospectivas.
Noutras situações, a pesquisa sociológica pode ser chamada a
desenvolver intervenções na realidade social, tendo em vista
a resolução de um determinado problema que preocupa os
seus actores.
Estratégias de Investigação
A sociologia requer procedimentos rigorosos, tanto na
elaboração de teorias e conceitos como na aplicação de
métodos e técnicas de investigação.
Sem uma teoria, isto é, um ponto de vista sobre a
realidade, é impossível captar qualquer fenómeno social.

A orientação da pesquisa muda, conforme a teoria utilizada.

Assim, devemos adoptar um ponto de vista sobre a realidade,


considerando, ainda que provisoriamente, determinadas hipóteses
teóricas.

As hipóteses são como um guião para a pesquisa.


O MÉTODO
Segundo João Ferreira de Almeida e José Madureira
Pinto, em “cada pesquisa concreta caberia ao método
seleccionar as técnicas adequadas, controlar a sua
utilização, integrar os resultados parciais obtidos.”
Os principais métodos existentes em sociologia são o
extensivo e o intensivo.
Método extensivo – também denominado de medida, ao pretender a
quantificação de práticas (atitudes, padrões de comportamento,
opiniões, valores…) de população relativamente numerosas
Método intensivo – também, apelidado de estudo de casos, analisa
um determinado fenómeno na sua especificidade, geralmente uma
unidade social bem delimitada.
O método experimental tem reduzida aplicação nas ciências sociais,
com excepção de certos ramos da Psicologia.
O MÉTODO

O método extensivo valoriza a comparação dos resultados


e o seu tratamento estatístico

O método intensivo realça a profundidade da observação


dos fenómenos sociais.

Não podemos considerar que um destes métodos seja


melhor do que o outro, mas sim que existem vantagens e
desvantagens na utilização de cada um.
Vantagens dos Métodos

Método Intensivo Método Extensivo

Profundidade da observação Observação de populações


numerosas
Valorização do quotidiano dos Comparabilidade dos
agentes sociais e das suas resultados e representatividade
formas de expressão no estatística.
próprio momento em que se
produzem.
Atenção à especificidade de Detecção de regularidades ou
cada caso. padrões nas práticas sociais
estudadas.
Desvantagens dos Métodos
Método Intensivo Método Extensivo

Dificuldade de generalização da Superficialidade da informação


informação recolhida nos estudos recolhida.
de casos.
Maior tendência para a empatia e Frieza e dificuldade em captar o
identificação com os observados, lado vivido dos fenómenos
com perda de objectividade. sociais.
Atenção à especificidade de cada Propicia uma hipervalorização
caso. dos constrangimentos (de classe,
de género, de idade ou fase de
vida, de etnia) esquecendo a
“margem de liberdade” dos
agentes sociais.
Os autores defendem a combinação dos dois métodos,
aproveitando as respectivas vantagens de cada um e, se
possível eliminando as desvantagens.

A este esforço de combinação chamamos ecletismo


metodológico.

Os métodos podem ser utilizados numa determinada


pesquisa de acordo com a perspectiva crítica da
investigação-acção (aliando o conhecimento de uma
situação à transformação dessa mesma situação a partir
dos resultados dessa mesma pesquisa).
ETAPAS DA INVESTIGAÇÃO
1 - Questão de partida
Começa com a definição daquilo que se pretende investigar.
Contudo, essa delimitação coloca algumas dificuldades.
Deste modo, a pergunta de partida deve ser simples, concisa
(sentido exacto), exequível (equilíbrio
entre as disponibilidades e o objectivo, de forma a serem
atingíveis pela via da investigação).

2-Exploração, leituras e entrevistas exploratórias


Iniciar a recolha de informações sobre o tema da pesquisa,
mesmo que de forma genérica – recolha de dados já
disponíveis através de leituras efectuando o estudo
exploratório.
É neste momento que se inicia a ruptura com o senso comum.
3- Problemática
Consiste num conjunto de teorias e conceitos e relaciona-se com a
clarificação da formulação do problema da investigação.
Assim, é preciso construir hipóteses de trabalho – estabelecer
provisoriamente relações entre teorias e conceitos, as quais têm que
ser posteriormente verificadas e confrontadas.

4- Construção do modelo de análise e elaboração das


hipóteses teóricas
O investigador nesta etapa, cria um ponto de vista sobre a
realidade em estudo. Tal ponto de vista traduzir-se-á num
conjunto de hipóteses que mais não são do que um
agregado de respostas provisórias à pergunta de partida.
5- Observação/selecção e aplicação dos métodos e técnicas
Como é que os “materiais da investigação irão ser
recolhidos”. Logo, é preciso adequar as técnicas e os
métodos em função dos objectos e objectivos da
investigação – escolha de técnicas.
Nesta altura, seremos já capazes de fazer o desenho
metodológico da pesquisa e de descer ao trabalho de
terreno.

6- Análise das informações


Consiste na análise dos resultados obtidos, tendo por
objectivo verificar “se as informações recolhidas
correspondem às hipóteses definidas” – testando a
validade das hipóteses inicialmente formuladas.
7-Conclusões
As conclusões a que a pesquisa chegou indica
quais as hipóteses que foram confirmadas ou
infirmadas, bem como os pontos-chave de
resposta à pergunta de partida.

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