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Índice

Introdução 2
Paradigmas de Investigação 2
Introdução
O educador social é um individuo isolado, dotado de várias competências técnicas, caracterizando-se assim como sendo
um profissional reflexivo, interativo, atento, ativo em relação à realidade social. É um elemento desta mesma realidade
que se encontra inscrito nas mesmas regras do social.
A abordagem paradigmática vai permitir contextualizar as práticas de investigação no conjunto de outras normas sociais.
Paradigmas de Investigação
Um paradigma é um conjunto de prossupostos sociais e científicos, uma fonte de regras das ciencias e da investigação e
ainda um conjunto de soluções e de recursos para resolver problemas e ultrapassar enigmas.
Podemos encontrar três tipos de paradigmas:
 Positivista
 Interpretativo
 Sociocrítico
Paradigma Positivista
Este paradigma baseia-se em teorias do século XX ou em poucas teorias da atualidade, tendo como objetivos:
 Descobrir as leis científicas que regem os fenómenos sociais e educativos
 Elaborar teorias científicas finalizadas que guiem a ação
 Decalcar os pressupostos e metodologias das ciências naturais, utilizando-as nas ciências sociais
Caracteristicas deste paradigma:
 A natureza da realidade é externa ao investigado, podendo fragmentar-se em variáveis
 A finalidade do investigador é conhecer e explicar a realidade para a conseguir controlar
 O investigador é visto como um ser objetivo, que trabalha longe do seu objeto de estudo
 Investiga problemas surgidos de hipóteses prévias
 A metodologia encontra-se livre de valores, é neutral e imparcial
 Separa a teoria da prática, a teoria tem um caracter normativo para a prática, esta submete-se à teoria
 Utiliza testes, questionários e escalas como instrumentos
 Analisa os dados com um caracter dedutivo e estatístico
Objeções e Críticas ao Positivismo
 O investigador não dá importância ao contexto
 Nem sempre as pessoas e os grupos têm comportamentos regulares e por isso a investigação pode levar à
resposta absoluta
 A realidade social é histórica e os comportamentos são socialmente enquadrados
 O investigador limita-se ao mensurável
 Nem tudo nas realidades socioeducativas se limita a quantificação, verificação e a universalidade
 A formação de teorias parte de uma base social, que o positivismo desvaloriza
Este paradigma é eticamente perigoso, leva à homogeneização e a outros problemas.
Paradigma Interpretativo
Ao contrário do paradigma anterior, este centra-se na compreensão, significado e ação, tendo como objetivo compreender
como os sujeitos experimentam, percebem, modificam e interpretam a realidade em que se encontram inseridos.
Tal como o paradigma positivista, este não é objetivo, mas sim subjetivo, individual e pessoal. Para além disto este não é
neutro, não sendo produzido em situações de abstração nem de experimentação.
De acordo com este, os conhecimentos são relativos aos significados dos seres humanos em interação.
Na tradição hermenêutica, a investigação educativa é fenomenológica, não se encontrando presidida por categorias de
objetividade, formalização, generalização, mas por outras de carácter compreensivo. Esta investigação é etnográfica,
construtiva e interpretativa.
Caracteristicas deste paradigma:
 A natureza da realidade é múltipla, é algo que se constrói
 Tem como finalidade compreender e interpretar os significados dos fenómenos e ações sociais, a partir de um
contexto e de um sentido
 Encontramos uma relação entre o investigador e o sujeito/assunto investigado
 Investiga as necessidades, representações e aspirações de um grupo social, tendo como objetivo compreender a
situação a partir do ponto de vista dos sujeitos
 Admite a influencia dos valores na investigação, ou seja, o investigador não se encontra livre de valores
 Existe um intercambio dinâmico entre a teoria e a prática com modificações constantes da teoria com base nos
dados obtidos
 Utiliza a observação e a entrevista como instrumentos
 A análise de dados é de natureza qualitativa, ou seja, implica várias etapas
A educação sociedade é uma construção, uma invenção social elaborada através de experiências subjetiva das pessoas e
das suas interações com os outros.
Para que este conhecimento seja válido, existem alguns critérios a seguir, como o consenso.
O paradigma interpretativo formula teorias construídas a partir de práticas configuradas e constituídas por regras, e não
por leis.
Objeções a este paradigma:
 As observações e informações são subjetivas, podem estar incompletas
 O investigador pode analisar as situações através do seu próprio marco referencial
Paradigma Sociocrítico
O objetivo deste paradigma é o objetivo do Educador Social.
Paradigma - que regras definem a investigação e prática em Educação Social?
Metodologias - que vias e opções de investigação tenho em Educação Social.
Métodos - como construo conhecimento em Educação Social?
1. Orientações Gerais
Inspiração geral:
 Karl Marx, Freire, Gramsci...
 Escola de Frankfurt / Teoria Crítica
 Antigos e novos movimentos sociais
 Organizações e discursos sociais e educativos pós II Guerra Mundial
O que caracteriza este paradigma é a frase conhecer para transformar - a investigação tem um objetivo direto de
interferência na realidade.
Princípios:
 Conhecer e compreender a realidade como praxis - nenhuma relação deve ser desligada da prática, não pode ser
teoria com teoria.
 Unir teoria, ação e valores em coerência transformadora.
 Orientar o conhecimento para emancipar e libertar.
 Implicar sujeitos a partir da autorreflexão e colaboração.
Assim a teoria tem de dar conta de práticas entendidas na sua historicidade e contextualizadas em valores.
Estas características exigem a criação de desenhos de investigação interativos que convidem à participação aberta na
exploração dos problemas na comunidade.
Uma ciência Social não é só empírica, nem apenas interpretativa, a lógica da transformação sociocrítica permite
ultrapassar o reducionismo da tradição positivista e o conservadorismo da tradição interpretativa.
A Educação/sociedade deve ser entendida nos contextos sócio - históricos. Assim a realidade Social reclama para si um
espaço de análise e consideração teórica que:
 Vai mais além da realidade objetiva e do estabelecimento das relações quantitativas e formais (paradigma
positivista)
 Procura superar os significados pessoais na construção das práticas (paradigma interpretativo)
As carências do paradigma positivista e do paradigma interpretativo vão permitir ao paradigma crítico converter-se em
alternativa aos dois anteriores: a sociedade e a história configuram o tecido socioeducativo.
No que diz respeito ao enfoque crítico, este paradigma assemelha-se muito ao paradigma interpretativo:
 O suposto básico em que se sustenta é o seguinte: "Assim como a Educação não é neutral, a investigação também
não o é ".
 A finalidade explícita deste tipo de investigação é a de libertar, criticar e identificar o potencial de mudança
Social de um grupo determinado.
A Educação Social pode ser vista de duas maneiras:
 Abordagem Assistencial - abordagem remediativa, assistencial, de correção dos efeitos da desigualdade.
VS
 Paradigma Sociocrítico / Investigar para transformar - papel ativo dos sujeitos n organização das condições para
a mudança da realidade.
Este paradigma tem como finalidade a transformação da estrutura das relações sociais.
Podemos encontrar dois tipos de transformações:
 Democratização das sociedades - um trabalho de investigação como forma emancipadora de transformação
concreta, para a justiça social.
 Quebra na naturalização das desigualdades - a metodologia como via coerente para a conscientização,
esclarecimento e ultrapassagem dos processos de perpetuação de desigualdades.
Para a concretização da investigação temos de seguir alguns passos:
1. Compreender
 Descreve a realidade Social e os fatores que formam, deformam, mantém e transformam essa
realidade.
2. Criticar
 Examina a legitimidade dos consensos e as atividades consideradas racionais na
sociedade/Educação.
3. Transformar
 Desenvolve a capacidade de autoformação através da participação, em processos de tomada de
decisão que sejam livres e abertos.
Algumas características deste paradigma são:
 Realidade Social - os contextos não podem ser compreendidos à margem das condições ideológicas, econômicas,
políticas e históricas que a enformam.
 Finalidade - transformar a realidade Social através de uma dinâmica libertadora e emancipadora dos indivíduos
nela implicados.
 Relação - visão democrática do conhecimento, investigador e sujeito partilham responsabilidades na toma de
decisões.
 Como investiga? - inicia-se na realidade situacional.
 Valores - é ideológica, os valores estão em questão, relação e disputa.
Como investiga este paradigma?
 O campo de investigação não é somente a observação, mas é intencionalmente modificado.
 Investigação construída a partir da prática é comprometida com a transformação dessa prática, com o objetivo de
emancipar os sujeitos.
2. Investigação – Ação Participativa
Podemos distinguir dois tipos de Democracia:
 Representativa – quando não existe uma participação direta na tomada de decisões, tendo em conta de existiu a
eleição de representantes, por exemplo o voto é uma forma de Democracia Representativa.
 Participativa – quando existe a participação do povo na tomada de decisões, quando eles agem para que as
mesmas sejam tomadas, exemplo disto são as greves/protestos.
Este paradigma surge dos problemas e preocupações que constituem o individuo, tendo como objetivo, resolvê-los ou
modificá-los, tentando levar estes mesmos problemas para um sítio onde as decisões são participativas. Este paradigma
caracteriza-se por investigar de forma bem aproximada do foco.
Assim, podemos dizer que tem objetivos de conhecer/transformar, de modo a criar equilíbrios e a contextualizar os vários
problemas.
Desta forma, este paradigma funciona em trio, primeiro produz-se o conhecimento, a seguir aprende-se e por fim executa-
se em conjunto.
Em suma, este parte do que se tem para o que se deseja, da característica para as finalidades/metas.
Este tem como caracteristicas:
 O processo de investigação é continuo
 Os objetos de conhecimento são sujeitos de conhecimento
 O ponto de partida é um problema e não uma teoria
 Sublinha o processo de mudança social
Tal como afirma Giddens, este paradigma segue uma “utopia pragmática” – combinar conhecimento e mudança social.
Quando nos referimos a aspetos epistemológicos e metodológicos, temos de referir o Dinamismo (Compreensão do
sujeito como ator capaz de racionalidade e de escolhas); Instabilidade (Relações sociais como relações de poder, troca e
negociação); Invisibilidade (As relações obedecem a dinâmicas interdependentes, reguladas ou desordenadas).

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