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Escola Superior Politécnica do Bie

José Eduardo Dos Santos

Curso de Enfermagem Superior

Fascículo No 1

Disciplina: Processo Ensino Aprendizagem

Professor(a): Lic. Liset Rodríguez Martínez

Ano Académico 2014


Tema I: Introducção à Pedagogia.
• A ciência pedagógica. O seu objeto de estudo, o seu sistema categorial e as suas leis. A
formação da personalidade como objeto essencial da Educação.
• O sistema das Ciências Pedagógicas. A sua relação com as outras ciências.
• A Didáctica como ciência. O seu objeto. O enfoque sistêmico da Didáctica na Educação
Superior.
• Os princípios didácticos. As características e a importância do conhecimento dos princípios
didácticos.

A ciência pedagógica. O seu objeto de estudo, o seu sistema categorial e as suas leis. A
formação da personalidade como objeto essencial da Educação.
A ciência pedagógica:
As Ciências Pedagógicas definiram o seu objeto de estudo com um campo de acção específico, com
métodos também específicos, com leis e regularidades que as caracterizam e um sistema
conceptual e categorial que sustenta a teoria, no ámbito das Ciências da Educação em que constitui
o seu núcleo.
A Pedagogia como ciência está conformada por outras ciências mais específicas como são a
Didáctica, a Teoria da Educação, a Higiene da Actividade Docente, entre outras.
O objeto de estúdio da Pedagogia:
A Pedagogía tem como objeto o estudo das leis da educação do homem na sociedade, ela
concentra a sua atenção no estudo da educação como processo no seu conjunto, especialmente
organizado, como a actividade dos pedagogos e dos educandos, dos que ensinam e dos que
aprendem, estuda os fins, o conteúdo, os médios e os métodos da actividade educativa e o caráter
das mudanças que sofre o homem no curso da educação.
O sistema de categorias da Pedagogia:
1. A educação: Entendida como fenômeno de caráter social, reflete de modo mais ou menos
explícito, o grau de desenvolvimento econômico, político e social alcançado pela humanidade num
período histórico concreto, portanto, em qualquer análise sobre a educação deve-se partir
necessariamente do estudo e da caracterização da sociedade na que ela desenvolve-se, dos seus
problemas e das contradições essenciais que dão lugar e constituem o fundamento de todo o
sistema de educação social.
2. A instrucção: É o resultado da assimilação dos conhecimentos, dos hábitos e das habilidades,
caracteriza-se pelo nível de desenvolvimento do intelecto e das capacidades criadoras do homem,
pressupõe o nível de preparação do indivíduo para a sua participação numa ou outra esfera da
actividade social.
3. O ensino: Constitui o processo de organização da actividade cognitiva, o qual manifesta-se de
forma bilateral e inclui o aprender e o ensinar, propícia o desenvolvimento de hábitos, habilidades e
capacidades, e contribui à educação dos estudantes.
4. A aprendizagem: Inclui os processos do ensino e da educação, organizados no seu conjunto
e dirigidos à formação da personalidade, neste processo estabelecem-se relações sociais activas
entre os pedagogos e os educandos.
As leis da Pedagogia:
O rigor teórico de qualquer ciência estabelece que o número de leis que conforma o núcleo dessa
teoria, dada a sua esencialidade, seja relativamente pequeno. Aqui propõem-se duas leis:
1. A relação da escola com a vida, com o meio social:
O processo docente educativo como objeto, como sistema, relaciona-se com o meio, com a
sociedade e recebe desta o encarrego social. A sociedade dirige à escola e nessa relação dialética,
dito encarrego social, é concretado nos objetivos, daí o caráter reitor do objetivo.
A escola existe, em tanto instituição social, para formar aos cidadãos que vão-se integrar à
colectividade. A escola que desenvolve-se para a vida, tem que se realizar na vida, pela vida e em
especial no trabalho como a sua actividade fundamental. O Processo Docente-Educativo não
identifica-se com a actividade trabalhista, mas esta tem que ser o ponto de partida e o resultado
daquele. Isto é válido não só para caracterizar o desenho curricular, mas também para caracterizar a
lógica do processo.
No desenho curricular parte-se dos problemas, como expressão concreta da necessidade do meio
social, do qual inferem-se os objetivos, como modelo pedagógico da solução da necessidade social
e, a partir deles, deduzem-se os objetivos de todas as disciplinas do plano de estudo, em tanto
nestas garantem-se os objetivos a formar no formado. No desenvolvimento do processo o problema
é o ponto de partida para que, na sua solução, o aluno aprenda a dominar a habilidade e aproprie-se
do conhecimento.
O problema, se realmente for uma escola integrada à vida e, em especial, à comunidade imediata à
escola, dever ser real, objetivo, social e a sua solução alcança-se no trabalho. À actividade
trabalhista aproxima-se os estudantes como modo de resolver o problema, para aprender, para
saber e, em conseqüência, transformar o mesmo meio. Como já sabe-se, a partir da prática social, a
via mais eficiente de resolver o problema é mediante a actividade científico-investigativa. Quer dizer,
uma educação para a vida tem que ser productiva (trabalhista), criativa (investigativa) e
transformadora do contexto social.
2. A relação entre a instrucção e a educação:
Os distintos componentes do processo relacionam-se dialécticamente entre si e determinam a lei
que estabelece a sua dinâmica interna.
O objectivo como aspiração final, é a meta, o propósito geralizador que alcança-se mediante a
apropriação daquela parte da cultura: o conteúdo, que oferece-se numa determinada disciplina. O
conteúdo é múltiplo, é variado e reflete o objeto duma ciência na sua multilateralidade; o objetivo é o
resultado que aspira-se alcançar no estudante. O objectivo é o tudo, o conteúdo, as suas partes. O
método garante, na sua dinâmica, a apropriação do conteúdo, o lucro do objectivo. O método é
flexível, zigzageante e adequa-se às condições para alcançar o objetivo. O fundamental é o
objectivo, mas este alcança-se no método. O trabalho é método, e em ocasiões, é o mais
significativo para alcançar a formação.
No método o estudante tem que participar activamente, se comprometer com a sua projecção e
execução. Só alcança-se o objetivo, se o método é determinado pelas pessoas que o vão executar:
os estudantes. O lucro do objetivo implica o domínio da habilidade. Isto exige a reiteração do seu
uso na solução de variados problemas. A multivariedade de problemas exige o enriquecimento do
sistema conceptual, mas a reiteração do elemento essencial, na sua aplicação, possibilita que o
estudante aproprie-se dele. O estudante sabe porque é capaz de fazer e é capaz de fazer porque
sabe. “Conhecer é resolver”, é ser capaz de se enfrentar a problemas distintos e determinar a sua
via de solução. A lógica geral deve ser uma; a sua manifestação, variada. Depois de múltiplos usos
dessa lógica, o escolar sabe, domina o conteúdo, o qual alcança-se no método. Hei aí a lógica do
processo.
Uma educação na vida é uma educação participativa, democrática, problémica e científica. A partir
dos objetivos gerais dos formados derivam-se, com um caráter vertical, as características
(componentes) do processo docente de ordem menor: as disciplinas e os temas ou unidades que o
conformam. O papel de cada unidade é o de garantir a modificação no atuar e saber do escolar, o
lucro de um objetivo.
A unidade ou tema é o elo básico na organização do Processo Docente-Educativo, á ele terá que
dedicarse o tempo que garanta o lucro do objetivo a que aspira-se. A integração do conjunto de
temas, num sentido ascendente, possibilita resultados qualitativamente superiores que expressam-
se no objetivo da disciplina. As relações que estabelecem-se horizontalmente entre os temas das
distintas disciplinas da classe ou ano académico adquirem um caráter de sistema, se se vincularem
com a prática social, na resolução de problemas da comunidade, no trabalho, na ou nas disciplinas
que contêm a actividade produtiva. No plano de estudo devem existir disciplinas derivadoras que
analisem os objetos e aprofundem na sua essência, e devem existir disciplinas integradoras que
estudem o objeto na realidade social e no qual o estudante trabalhe e desenvolva as suas
investigações.
A actividade trabalhista, acadêmica e investigativa deve formar parte, como sistema, das disciplinas.
Estas devem conter o conhecimento e as habilidades não só das teorias mas também da actividade
trabalhista e da científica-investigativa. Uma educação na vida é uma educação sistêmica que
integre o enfoque horizontal e vertical; derivador e integrador.
A intenção da sociedade na formação das novas gerações tem um caráter imediato vinculado com o
desenvolvimento do pensamento: a instrucção; e outro mais transcendente relacionado com a
conformação de valores, convicções, sentimentos: a educação. Estes som resultados distintos,
entretanto, vão-se alcançando num mesmo processo.
O domínio da habilidade possibilita ao homem resolver problemas, problemas estes que podem ser
novos para ele. Este proceder o converte num ser capaz e o faz ser independente. A independência
é a base da sua condição de productor, de criador e conseqüentemente livre. “Ser cultos é o único
modo de ser livres”.
Um homem pleno é aquele capaz de riscar o seu próprio caminho, se conduzir pelas
complexidades da vida duma maneira consciente, evitar os escolhos e utilizar as forças que o
ajudem; aprender a valorar o seu contexto, estruturar o seu sistema de valores. Ser culto é
ser portador da obra humana precedente, é saber a história e poder continuar a sua obra, é
ser productor da nova cultura, é ser criador no desenvolvimento da sociedade. O productor
gera riquezas, o criador as multiplica. Um povo rico é independente e na sua suficiência pode
ser generoso. O caminho da felicidade passa pela criação e a generosidade. Aquele que dá
cresce, aquele que é capaz de produzir chega a sua plena felicidade quando oferece esse
resultado. Aplicando os conhecimentos da natureza e sensibilizando aos estudantes a
compartilhar esses frutos, esse é o caminho de formar cidadãos plenos e ditosos.
A educação na vida é a educação no trabalho, no estudo, na ciência, na luta, no amor e na
felicidade.
A formação da personalidade como objeto essencial da educação:
O processo de desenvolvimento da personalidade abrange o conjunto de transformações mediante
as quais a criança recém-nascida, com um escasso desenvolvimento psíquico e totalmente
dependente do adulto, chega a se converter num homem, numa personalidade plenamente
desenvolvida, no que respeita as suas capacidades, as suas qualidades morais, aos seus valores e
convicções, o que lhe permite ocupar uma posição activa e criadora na construcção da sociedade.
Este processo tem lugar no curso da apropriação, por parte da criança, da experiência histórico-
social, da cultura material e espiritual acumulada pelas gerações anteriores. Para que as qualidades
psíquicas sejam formadas são necessárias as condições sociais de vida e de educação.

O sistema das Ciências pedagógicas. A relação com as outras ciências.


O sistema das Ciências Pedagógicas:
1. A Pedagogia Geral: Estabelece as bases gerais da educação, da instrucção e do ensino.
2. A Metodologia do Ensino: Encontra-se unida à didáctica e a todas as disciplinas pedagógicas
e, sobre tudo, a cada uma das ciências e esferas cujos fundamentos são ensinados nas
correspondentes disciplinas.
3. A Pedagogia Especial ou Defectología: Agrupa as disciplinas que investigam as
particularidades do ensino e da educação nas crianças com sérios transtornos visuais, auditivos, da
linguagem e psíquicas. Estas são: A Sordopedagogia, a Tiflopedagogia, a Oligofrenopedagogia e a
Logopedia.
4. A História da Pedagogia: Investiga os problemas do desenvolvimento da educação como
fenômeno social e a história das teorias pedagógicas nas diferentes épocas do desenvolvimento da
humanidade.
5. A Pedagogia Comparada: Teve a sua origem no Século XX, estuda as distintas tendências do
desenvolvimento e as geralidades dos sistemas nos diferentes países do mundo.
A relação da Pedagogia com as outras ciências:
A Pedagogia estabelece o vìnculo màs direto com aquelas ciências cujo objeto de estudo é o
homem, entre elas destacam-se a Filosofia, a Psicologia e a Anatomia e a Fisiologia humanas, além
disso relaciona-se também com a Genética, a Cibernética, a Eletrônica, a Biofísica e a Bioquímica.
A Pedagogia possui relação e apoio com diversas ciências auxiliares, as quais classificam-se em
dois tipos: as ciências auxiliares fundamentais (a Biologia, a Psicologia, a Sociologia e a Filosofia) e
as ciências auxiliares secundárias (a Matemática, a Física, a Geografia, a História, etcétera).
1. A Pedagogia e a Biologia: A Biologia é a primeira das ciências com as quais relaciona-se a
Pedagogia, não é possível pensar na relação do homem, por mais elevado que seja o seu objetivo,
se previamente não conhece-se a sua estructura morfológica. Os indivíduos são seres vivos, o que
envolve ao educando e certamente o faz sujeito às leis e às transformações do crescimento e do
desenvolvimento, a Biologia contribui com informação de caráter fundamental ao Processo de
Ensino Aprendizagem.
2. A Pedagogia e a Psicologia: A Psicologia é a segunda disciplina científica que relaciona-se
com a Pedagogia, refere-se aos factos da actividade mental, à inteligência, à memória, à
aprendizagem, ao estudo do comportamento; compreende as motivações, os interesses e as
necessidades do educando. A Psicologia encarrega-se dos processos que ocorrem no indivíduo e
que produzem as diferentes condutas. A Pedagogia deve conhecer os diferentes tipos de
personalidade, o manejo efectivo da auto-estima, a identidade, a afectividade, o manejo da
sexualidade, os transtornos da aprendizagem…para contribuir eficientemente ao lucro integral do
seu desenvolvimento.
3. A Pedagogia e a Sociologia: A vida do ser humano dentro das estructuras da sociedade, é o
papel fundamental da Sociologia, e as suas relações, o seu rol, o seu status, a sua condição social e
as suas inter-relações. A Sociologia, em tanto dedica-se ao estudo e à compreensão dos fenômenos
sociais, tem que constituir uma parte fundamental da ciência Pedagógica, precisamente porque a
educação é um facto humano e social. Não pode-se conceber nenhum tipo de educação, fora da
interacção humana, o educando é produto dum meio social, o qual determina idéias, crenças,
costumes e atitudes. A Sociologia, em relação intima com a Pedagogia, examina a estructura
educativa da sociedade, as instituições educativas, os factos e as prácticas, influi na mudança
social, no seu controle e na mobilidade social. A Pedagogia deve procurar que o indivíduo seja útil
para si mesmo e para aqueles outros com os que relaciona-se. A Sociologia vai permitir conhecer e
estudar tudo isto relacionado com o mundo que rodeia ao ser humano, a sua natureza social e
contextual, o qual dependerá muito do tipo de sociedade na que se está interactuando.
4. A Pedagogia e a Filosofia: A Filosofia constitui o aspecto teleológico da educação o qual esta
intimamente ligado ao aspecto axiológico ou dos valores, daqui se derivam os ideais da educação o
que permite dar direcção e rumo à educação. Toda teoria filosófica tenta explicar unitariamente a
realidade. A Pedagogia deve considerar a orientação do desenvolvimento intencional do homem que
está formando. O ser humano é o único que actua com raciocínio e o único que pode ser educável; o
único que vive num mundo com uma atitude espiritual. Como poderíamos educar sem antes não
riscar uma imagem do homem que deseja-se formar, pois a Filosofia é uma concepção do mundo e
da vida que vai repercutir sobre a conduta do homen.

A Didáctica como ciência. O seu objeto. O enfoque sistêmico da Didáctica na Educação


Superior.
A Didáctica como ciência:
A palavra Didáctica provém do grego didaskein que significa ensinar; arte de ensinar; apresentação
adequada dos conteúdos do ensino.
A Didáctica atende o processo mais sistêmico, organizado e eficiente que executa-se sobre
fundamentos teóricos e pelo pessoal especializado: os professores. Alguns autores a consideram
como um ramo da Pedagogia.
A Didáctica é uma ciência que definiu o seu objeto de estúdo com um campo de acção específico,
com métodos também específicos, com leis e regularidades que as caracterizam e um sistema
conceptual e categorial que sustenta à teoria, no ámbito das Ciências da Educação. Entretanto, não
é uma ciência independente, pois forma parte da Pedagogia como ciência mais geral.
O objeto de estudo da Didáctica:
O objeto de estudo da Didáctica é o Processo de Ensino Aprendizagem.
O enfoque sistêmico da Didáctica na Educação Superior:
A Didáctica da Educação Superior é a ciência que estuda o Processo de Ensino-Aprendizagem na
Escola Superior, quer dizer, o processo dirigido à formação duma personalidade profissional capaz
de resolver com profundidade e integridade, independente e criadoramente, os problemas básicos e
gerais que se lhe apresentarão nos distintos campos de acção do seu objeto de trabalho, sobre a
base de um profundo domínio do sistema de conhecimentos e habilidades correspondentes ao ramo
do saber que estuda dito objeto.
No Processo de Ensino Aprendizagem distinguem-se dois aspectos:
1. O ensino: É a organização da actividade cognitiva do aluno que realiza-se sob a direcção do
professor ou educador. É um processo interactivo no que participam o professor e o aluno, assim
como o contexto no que os intercâmbios se produzem. Não só o professor é protagonista do ensino,
também o aluno e o contexto participam ativamente nisso.
2. A aprendizagem: É a assimilação, a reproducção e a aplicação do conhecimento, que
expressa a actividade do aluno. É resultado dum processo de comunicação, com caráter individual,
intencional, interactivo e motivacional-afectivo.
Como desprende-se da análise destas duas categorias, é possível chegar à conclusão já enunciada
com antecedência: tanto o ensino como a aprendizagem acontecem dialécticamente e transcorrem
como um processo único: Ensino-Aprendizagem.
A análise da Didáctica com um enfoque de sistema permite encontrar nela os seguintes
componentes: os objectivos; o conteúdo e a sua estrutura e o processo em si mesmo, que adota
formas e métodos característicos nos que vinculam-se o professor e os estudantes num sistema
docente, dirigido à formação da personalidade do profissional.
Os objectivos, que seráo estudados mais em detalhe, posteriormente, constituem a categoria mais
importante do processo docente e definem-se como o modelo pedagógico do encarrego social.
A estructura desses elementos organiza-se nessa mesma ordem, quer dizer, no primeiro lugar os
objectivos, seguidos do conteúdo. Esta definição inicial do processo docente atendendo só à relação
imediata e externa que mostra-se no sala-de-aula, não manifesta a essência de dito processo.
Dita essência radica em que é a sociedade a que estabelece as características que deve reunir o
formado, o que deve-se entender como o problema que dita sociedade expõe à escola. Toda a
instituição, do Reitor até o último professor, desenvolve as suas actividades para alcançar ditas
características. Inclusive esses rasgos são comuns para um mesmo tipo de profissional qualquer
que seja o Centro de Educação Superior (CS) no que este é formado. Daí que seja social a essência
do processo docente e, em particular na educação superior.
A relação imediata e fenomenológica das actividades entre o docente e os estudantes terá que se
entender como a manifestação concreta das relações entre as gerações, na que as gerações
maiores transmitem às que lhe secedem a cultura acumulada pela humanidade numa especialidade
dada. Nessa relação, a geração maior estabelece os objectivos a alcançar, segundo os interesses
da sociedade ou da classe dominante nela. O social como essência e o individual como fenômeno
manifestam-se tanto no ensino como na aprendizagem. O ensino ou a actividade do docente realiza-
se em função do cumprimento dos objectivos, os que têm um caráter social, mas que adquirem uma
forma individual, específica, em cada aula, em dependência do trabalho de cada professor, que
mostra os seus rasgos e características próprios.
A aprendizagem ou a actividade dos estudantes realiza-se em função do cumprimento dos
objectivos do processo docente, mas cada estudante, que é objeto do ensino, converte-se em sujeito
da sua aprendizagem, lhe imprimindo a sua própria dinâmica e personalidade. Para o estudante o
conteúdo é o objeto de aprendizagem com vistas a alcançar os seus objectivos. Esta dobra condição
de objeto e sujeito, que é o estudante, encerra a dinâmica da aprendizagem, já que este é um
indivíduo consciente que autodirige-se em função do lucro de determinados fins.
A dialéctica do processo docente manifesta-se na contradicção entre o ensino e a aprendizagem,
estes vistos em forma mediata, no seu sentido social: o ensino não deve-se entender como a
actividade dum professor, a não ser a de todos aqueles que ocupam-se de dirigir o Processo
Docente Educativo duma profissão; a aprendizagem é a actividade de todos os que aprendem, quer
dizer, a actividade de toda a geração que apropria-se da cultura precedente, da experiência social
anterior numa especialidade dada.
A unidade do ensino e da aprendizagem, vista na sua relação social, brinda a especificidade do
Processo Docente-Educativo. A contradicção fundamental será então entre os objectivos do ensino
que a sociedade expõe ao estudante (como geração) e o nível do desenvolvimento alcançado por
este na sua aprendizagem. A essência social manifesta-se explicitamente nos planos e programas
de estudo que têm um caráter estatal e respondem ao encarrego social que a sociedade expõe à
escola superior com o fim de obter nos estudantes, como geração, qualidades e rasgos da sua
personalidade e intelecto, acordes com as necessidades sociais.
No Processo Ensino-Aprendizagem o papel orientador o tem o professor como representante da
sociedade em dito processo e é ele que expõe os objectivos aos estudantes. Na medida em que o
estudante é mais consciente, faz seus os objetivos a obter duma maneira mais espontânea,
transladando a contradicção a si mesmo, à aprendizagem, manifestando desse modo a sua
independência; então a contradicção adquire um caráter mais evidentemente social entre os fins que
devem-se obter e que concretizam-se no programa e no texto e o nível alcançado pelos estudantes
que autodirigem-se individual e independentemente, como sujeitos da aprendizagem, para atingir
ditos objetivos. O papel do docente vai-se convertendo de dirigente imediato do processo, em
mediato, em orientador e em conselheiro.
O objectivo da sociedade de obter um profissional independente e criador vai-se produzindo no
desenvolvimento do processo, no que as formas e métodos estimulam a actividade consciente e
independente do estudante em função da solução dos problemas que se lhe apresentem.
No processo docente manifestam-se os métodos e as formas do ensino. Pelo primeiro entende-se o
modo de realizar as acções pela parte do professor e dos estudantes para alcançar os objectivos, e
por forma de ensino, a estrutura organizativa que adopta-se, num momento dado no processo
docente, com o fim de obter os objetivos. No processo destacam-se também os materiais ou médios
de ensino com ajuda dos quais realizam as suas actividades o professor e os estudantes para
alcançar os objectivos.
A tarefa fundamental da Didáctica é a de estructurar os distintos componentes que caracterizam o
processo: o problema, o conteúdo, o método, o médio, a avaliação e as formas de organização, a
modo tal de satisfazer o encarrego social e de obter o objectivo se apoiando nas leis inerentes ao
dito processo.
Segundo os critérios de vários autores em didcática os componentes do Processo de Ensino
Aprendizagem são:
1. Os componentes pessoais:
- Professor-aluno.
- Professor-grupo.
- Professor-professor.
- Aluno-aluno.
- Aluno-grupo.
2. Os componentes não pessoais:
- O problema (por que se aprende e por que se ensina?).
- O objetivo (Para que se aprende e para que se ensina?).
- O conteúdo (O que se aprende e o que se ensina?).
- O método (Como se aprende e como se ensina?).
- Os meios de ensino (Com o que se ensina e com o com que se aprende?).
- A avaliação (Em que grau se aprendeu e em que grau se ensinou?).
O Processo Ensino-Aprendizagem existe, como qualquer outro objeto, no espaço e no tempo,
entretanto, é o tempo a forma de existência que mais o condiciona. O tempo é um fator determinante
para o desenvolvimento dos conteúdos, para o lucro dos objetivos. Esse marco existencial demarca
os aspectos mais importantes do processo. Sem dúvida, o lugar onde desenvolve-se também é
importante e condiciona, em boa medida, o lucro dos objetivos e a determinação das formas, entre
outros.
Resumindo o dito até aqui, a Didáctica estuda o processo docente acima de tudo como um tipo
particular de actividade social, quer dizer, é a actividade dirigida a cumprimentar o encarrego social
que desenvolve-se em forma consciente e planejada. A sua especialidade radica na inter-relação de
dois tipos de actividade: o ensino e a aprendizagem, da que surge a sua contradicção fundamental.
O processo docente é chamado por alguns autores como o processo de ensino, coisa que em
princípio não é criticável sempre que esteja-se consciente de não identificar o tudo, quer dizer a
actividade conjunta ensino-aprendizagem com uma das suas partes, o ensino. Além disso, no
Processo Docente-Educativo manifesta-se a união entre o instructivo e o educativo, a dialéctica
entre o instructivo: o resultado da assimilação (o domínio) pelo estudante do conteúdo do ensino, e o
educativo: a formação no estudante dos rasgos mais estáveis da sua personalidade, as convicções,
as capacidades, etcétera. Dita união fica explícita na denominação que encerra o docente e o
educativo.
O Processo Ensino-Aprendizagem desenvolve-se não só na sala-de-aula, mas também fora da sala-
de-aula e inclusive fora do Centro de Educação Superior, segundo as necessidades da formação do
profissional.
A Didáctica na Educação Superior tem a provocação de formar um profissional de ampla base e
profundo conhecimento que de resposta à maioria dos problemas que se lhe apresentarão uma vez
graduado. Este profissional será localizado no elo de base do sistema da sua profissão. Portanto o
problema da Didáctica da Educação Superior consiste em dar resposta teórica ao modo da formação
deste profissional de espectro amplo da maneira mais eficiente.

Os princípios didácticos. As características e a importância do conhecimento dos princípios


didácticos.
O sistema de princípios didácticos:
Os princípios didácticos são aquelas regularidades essenciais que regem a direcção científica do
processo de aprendizagem dos estudantes na sala-de-aula. Na realidade os princípios didácticos
são regras metodológicas e recomendações prácticas para dirigir o processo de aprendizagem, a
educação e o desenvolvimento da personalidade dos estudantes.
Partindo destes fundamentos podemos expor os seguintes princípios didácticos:
1. O caráter científico da educação:
Todo processo pedagógico deve-se distinguir por um marcado enfoque científico, por um diálogo e
não por um monólogo, que combine de maneira harmónica a apropriação dos conhecimentos por
parte do estudante com o desenvolvimento das habilidades e a formação dos valores. Para cumprir
com este princípio o estudante deve assimilar a cultura acumulada pela ciência e a humanidade ao
longo do seu desenvolvimento e além disso formar uma concepção sobre o mundo, sobre a
sociedade, sobre a natureza, sobre os outros homens e sobre si mesmo que convertam-se em
convicções pessoais. Deve existir correspondência dos conteúdos com o mais avançado da ciência
contemporânea; relação dos métodos pedagógicos com os métodos científicos.
2. A sistematicidade:
A educação com um enfoque de Sistema; o estudo dos elos, concatenação entre os fenômenos e os
processos.
3. A vinculação da teoria e da práctica:
O conhecimento não só deve explicar o mundo, também deve assinalar as vias para a sua
transformação e é preciso fazer cada dia mais a vinculação dos conteúdos com a sua aplicação na
práctica, onde os estudantes enfrentem-se a problemas novos que os obriguem a pensar e criar
soluções prácticas, utilizando os conhecimentos contribuídos pelas ciências.
Os conteúdos do processo pedagógico não podem-se ver constrangidos aos marcos das próprias
áreas e programas de estudo porque convertem-se em aspectos abstratos, muito teóricos e
desarticulados com a vida. Os materiais objeto de conhecimento escolar não constituem um fim em
si mesmos, mas sim um médio para obter a inserção crescente do estudante na sociedade como um
participante activo e transformador e não como um receptor passivo.
Este princípio responde directamente à idéia de fazer que a educação satisfaça as necessidades da
sociedade, para que parta com o dinamismo da vida social e o avanço científico - técnico, o qual
implica a vinculação dos estudantes à realidade da vida, favorecendo a assimilação de experiências
a respeito das relações sociais, além de desenvolver sentimentos, valores, atitudes e normas de
conduta.
Uma das formas de se manifestar este princípio é a vinculação escola-comunidade através da
integração dos estudantes aos processos sociais e comunitários. A influência conjunta da escola, da
família e da comunidade constituem um modo indispensável para unir o estudo com o trabalho e a
actividade social, em função de formar as competências trabalhistas e cidadãs dos estudantes.
4. A contemplação viva:
O desenvolvimento do pensamento abstrato nos estudantes; a práctica enriquecida.
5. A vinculação do concreto e do abstrato:
A necessidade de vincular os dados reais concretos com as suas geralizações teóricas num
processo organizado.
6. A asequibilidade:
O ensino deve ser compreensível, acorde às características individuais dos estudantes. Não significa
simplificar o ensino, mas sim o adequar às peculiaridades do grupo.
7. A solidez dos conhecimentos:
A luta contra o esquecimento; a sistematização e a integração dos conteúdos; o desenvolvimento do
pensamento, das habilidades e da sua utilização na práctica transformadora.
8. O caráter consciente e da actividade independente dos estudantes:
O estudante deve ser consciente do que aprende, do por que e para que o aprende, desenvolvendo
os hábitos e as habilidades que lhe permitam o seu accionar independente.
Os conhecimentos e as habilidades que possuam um sentido pessoal para o estudante, provocam
uma efectiva regulação da sua conduta e viceversa, e por isso os motivos propensos à escola e à
aprendizagem facilitam a assimilação dos conteúdos científicos, o desenvolvimento das habilidades
e a formação de determinados valores e normas de conduta nos estudantes.
As versões importantes do que é e deve ser a didáctica:
A Didáctica é o braço instrumental da Pedagogia. Quer dizer, deve-se encarregar da sistematização
dos conceitos e princípios referidos a toda a educação. Lhe atribui à Didáctica um segmento do
campo educativo: a instrucção. A Didáctica está destinada a gerar estratégias de acção no processo
educativo.
As tarefas atuais da Didáctica:
1. Consolidar um autêntico sistema teórico sobre o Processo Ensino-Aprendizagem.
2. Materializar as relações interdisciplinarias na sua teoria e metodologia de investigação científica
do seu objeto de estudo.
3. Modificar a estructura profissional para um docente investigador.
4. Realizar um processamento teórico da informação empírica acumulada sobre o Processo Ensino-
Aprendizagem.
5. Eliminar a dicotomia entre as investigações qualitativas e as quantitativas.
6. Obter a unidade e a correspondência entre a teoria e a prática do ensino-aprendizagem.
A Didáctica é uma ciência que ainda está em construcção, que enriquece-se constantemente, pelo
que conforma-se ainda o seu corpo teórico e metodológico. É a ciência da organização do Processo
Ensino-Aprendizagem.
O caráter social do Processo Docente-Educativo constitui a sua essência. O encarrego social
exposto à Educação Superior como problema a resolver é o fim último de todas as acções das
instituições docentes com o objetivo de formar a profissionais em correspondência com as
demandas sociais. A contradicção fundamental, no objeto da Didáctica, apresenta-se entre as
exigências que a sociedade expõe ao ensino e que concreta-se nos planos e programas de estudo,
e as possibilidades e o nível alcançado pelos estudantes num momento dado durante a sua
aprendizagem. A solução desta contradicção é o motor impulsor deste processo.

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