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Fascículo No 1
A ciência pedagógica. O seu objeto de estudo, o seu sistema categorial e as suas leis. A
formação da personalidade como objeto essencial da Educação.
A ciência pedagógica:
As Ciências Pedagógicas definiram o seu objeto de estudo com um campo de acção específico, com
métodos também específicos, com leis e regularidades que as caracterizam e um sistema
conceptual e categorial que sustenta a teoria, no ámbito das Ciências da Educação em que constitui
o seu núcleo.
A Pedagogia como ciência está conformada por outras ciências mais específicas como são a
Didáctica, a Teoria da Educação, a Higiene da Actividade Docente, entre outras.
O objeto de estúdio da Pedagogia:
A Pedagogía tem como objeto o estudo das leis da educação do homem na sociedade, ela
concentra a sua atenção no estudo da educação como processo no seu conjunto, especialmente
organizado, como a actividade dos pedagogos e dos educandos, dos que ensinam e dos que
aprendem, estuda os fins, o conteúdo, os médios e os métodos da actividade educativa e o caráter
das mudanças que sofre o homem no curso da educação.
O sistema de categorias da Pedagogia:
1. A educação: Entendida como fenômeno de caráter social, reflete de modo mais ou menos
explícito, o grau de desenvolvimento econômico, político e social alcançado pela humanidade num
período histórico concreto, portanto, em qualquer análise sobre a educação deve-se partir
necessariamente do estudo e da caracterização da sociedade na que ela desenvolve-se, dos seus
problemas e das contradições essenciais que dão lugar e constituem o fundamento de todo o
sistema de educação social.
2. A instrucção: É o resultado da assimilação dos conhecimentos, dos hábitos e das habilidades,
caracteriza-se pelo nível de desenvolvimento do intelecto e das capacidades criadoras do homem,
pressupõe o nível de preparação do indivíduo para a sua participação numa ou outra esfera da
actividade social.
3. O ensino: Constitui o processo de organização da actividade cognitiva, o qual manifesta-se de
forma bilateral e inclui o aprender e o ensinar, propícia o desenvolvimento de hábitos, habilidades e
capacidades, e contribui à educação dos estudantes.
4. A aprendizagem: Inclui os processos do ensino e da educação, organizados no seu conjunto
e dirigidos à formação da personalidade, neste processo estabelecem-se relações sociais activas
entre os pedagogos e os educandos.
As leis da Pedagogia:
O rigor teórico de qualquer ciência estabelece que o número de leis que conforma o núcleo dessa
teoria, dada a sua esencialidade, seja relativamente pequeno. Aqui propõem-se duas leis:
1. A relação da escola com a vida, com o meio social:
O processo docente educativo como objeto, como sistema, relaciona-se com o meio, com a
sociedade e recebe desta o encarrego social. A sociedade dirige à escola e nessa relação dialética,
dito encarrego social, é concretado nos objetivos, daí o caráter reitor do objetivo.
A escola existe, em tanto instituição social, para formar aos cidadãos que vão-se integrar à
colectividade. A escola que desenvolve-se para a vida, tem que se realizar na vida, pela vida e em
especial no trabalho como a sua actividade fundamental. O Processo Docente-Educativo não
identifica-se com a actividade trabalhista, mas esta tem que ser o ponto de partida e o resultado
daquele. Isto é válido não só para caracterizar o desenho curricular, mas também para caracterizar a
lógica do processo.
No desenho curricular parte-se dos problemas, como expressão concreta da necessidade do meio
social, do qual inferem-se os objetivos, como modelo pedagógico da solução da necessidade social
e, a partir deles, deduzem-se os objetivos de todas as disciplinas do plano de estudo, em tanto
nestas garantem-se os objetivos a formar no formado. No desenvolvimento do processo o problema
é o ponto de partida para que, na sua solução, o aluno aprenda a dominar a habilidade e aproprie-se
do conhecimento.
O problema, se realmente for uma escola integrada à vida e, em especial, à comunidade imediata à
escola, dever ser real, objetivo, social e a sua solução alcança-se no trabalho. À actividade
trabalhista aproxima-se os estudantes como modo de resolver o problema, para aprender, para
saber e, em conseqüência, transformar o mesmo meio. Como já sabe-se, a partir da prática social, a
via mais eficiente de resolver o problema é mediante a actividade científico-investigativa. Quer dizer,
uma educação para a vida tem que ser productiva (trabalhista), criativa (investigativa) e
transformadora do contexto social.
2. A relação entre a instrucção e a educação:
Os distintos componentes do processo relacionam-se dialécticamente entre si e determinam a lei
que estabelece a sua dinâmica interna.
O objectivo como aspiração final, é a meta, o propósito geralizador que alcança-se mediante a
apropriação daquela parte da cultura: o conteúdo, que oferece-se numa determinada disciplina. O
conteúdo é múltiplo, é variado e reflete o objeto duma ciência na sua multilateralidade; o objetivo é o
resultado que aspira-se alcançar no estudante. O objectivo é o tudo, o conteúdo, as suas partes. O
método garante, na sua dinâmica, a apropriação do conteúdo, o lucro do objectivo. O método é
flexível, zigzageante e adequa-se às condições para alcançar o objetivo. O fundamental é o
objectivo, mas este alcança-se no método. O trabalho é método, e em ocasiões, é o mais
significativo para alcançar a formação.
No método o estudante tem que participar activamente, se comprometer com a sua projecção e
execução. Só alcança-se o objetivo, se o método é determinado pelas pessoas que o vão executar:
os estudantes. O lucro do objetivo implica o domínio da habilidade. Isto exige a reiteração do seu
uso na solução de variados problemas. A multivariedade de problemas exige o enriquecimento do
sistema conceptual, mas a reiteração do elemento essencial, na sua aplicação, possibilita que o
estudante aproprie-se dele. O estudante sabe porque é capaz de fazer e é capaz de fazer porque
sabe. “Conhecer é resolver”, é ser capaz de se enfrentar a problemas distintos e determinar a sua
via de solução. A lógica geral deve ser uma; a sua manifestação, variada. Depois de múltiplos usos
dessa lógica, o escolar sabe, domina o conteúdo, o qual alcança-se no método. Hei aí a lógica do
processo.
Uma educação na vida é uma educação participativa, democrática, problémica e científica. A partir
dos objetivos gerais dos formados derivam-se, com um caráter vertical, as características
(componentes) do processo docente de ordem menor: as disciplinas e os temas ou unidades que o
conformam. O papel de cada unidade é o de garantir a modificação no atuar e saber do escolar, o
lucro de um objetivo.
A unidade ou tema é o elo básico na organização do Processo Docente-Educativo, á ele terá que
dedicarse o tempo que garanta o lucro do objetivo a que aspira-se. A integração do conjunto de
temas, num sentido ascendente, possibilita resultados qualitativamente superiores que expressam-
se no objetivo da disciplina. As relações que estabelecem-se horizontalmente entre os temas das
distintas disciplinas da classe ou ano académico adquirem um caráter de sistema, se se vincularem
com a prática social, na resolução de problemas da comunidade, no trabalho, na ou nas disciplinas
que contêm a actividade produtiva. No plano de estudo devem existir disciplinas derivadoras que
analisem os objetos e aprofundem na sua essência, e devem existir disciplinas integradoras que
estudem o objeto na realidade social e no qual o estudante trabalhe e desenvolva as suas
investigações.
A actividade trabalhista, acadêmica e investigativa deve formar parte, como sistema, das disciplinas.
Estas devem conter o conhecimento e as habilidades não só das teorias mas também da actividade
trabalhista e da científica-investigativa. Uma educação na vida é uma educação sistêmica que
integre o enfoque horizontal e vertical; derivador e integrador.
A intenção da sociedade na formação das novas gerações tem um caráter imediato vinculado com o
desenvolvimento do pensamento: a instrucção; e outro mais transcendente relacionado com a
conformação de valores, convicções, sentimentos: a educação. Estes som resultados distintos,
entretanto, vão-se alcançando num mesmo processo.
O domínio da habilidade possibilita ao homem resolver problemas, problemas estes que podem ser
novos para ele. Este proceder o converte num ser capaz e o faz ser independente. A independência
é a base da sua condição de productor, de criador e conseqüentemente livre. “Ser cultos é o único
modo de ser livres”.
Um homem pleno é aquele capaz de riscar o seu próprio caminho, se conduzir pelas
complexidades da vida duma maneira consciente, evitar os escolhos e utilizar as forças que o
ajudem; aprender a valorar o seu contexto, estruturar o seu sistema de valores. Ser culto é
ser portador da obra humana precedente, é saber a história e poder continuar a sua obra, é
ser productor da nova cultura, é ser criador no desenvolvimento da sociedade. O productor
gera riquezas, o criador as multiplica. Um povo rico é independente e na sua suficiência pode
ser generoso. O caminho da felicidade passa pela criação e a generosidade. Aquele que dá
cresce, aquele que é capaz de produzir chega a sua plena felicidade quando oferece esse
resultado. Aplicando os conhecimentos da natureza e sensibilizando aos estudantes a
compartilhar esses frutos, esse é o caminho de formar cidadãos plenos e ditosos.
A educação na vida é a educação no trabalho, no estudo, na ciência, na luta, no amor e na
felicidade.
A formação da personalidade como objeto essencial da educação:
O processo de desenvolvimento da personalidade abrange o conjunto de transformações mediante
as quais a criança recém-nascida, com um escasso desenvolvimento psíquico e totalmente
dependente do adulto, chega a se converter num homem, numa personalidade plenamente
desenvolvida, no que respeita as suas capacidades, as suas qualidades morais, aos seus valores e
convicções, o que lhe permite ocupar uma posição activa e criadora na construcção da sociedade.
Este processo tem lugar no curso da apropriação, por parte da criança, da experiência histórico-
social, da cultura material e espiritual acumulada pelas gerações anteriores. Para que as qualidades
psíquicas sejam formadas são necessárias as condições sociais de vida e de educação.