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TEMA I: FUNDAMENTOS TEÓRICOS BÁSICOS DA METODOLOGIA DA

INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA.

Sistema de conhecimentos:

1.1-Principais conceitos e terminologias básicas: sociedade, cultura e


educação. Definições.

A necessidade que as pessoas têm de comunicarem entre si sobre os fenómenos


e as coisas da vida diária levou a que se atribuísse a cada aspecto da vida social
uma designação particular. Cada uma das formas de associação humana – tribo,
nação ou grupo profissional – desenvolveu ao longo dos anos designações,
aceites por todos, para atribuir um determinado significado aos objectos, factos e
fenómenos ou a uma característica particular desses factos ou objectos. “O
conceito é uma ideia que representa uma coisa ou uma classe de coisas”
(Silvestre & Araújo, 2012: 66). Ex: Organização, remuneração, computador, são
conceitos ou seja construções teóricas que ajudam a desenvolver o pensamento.
Portanto os conceitos constituem imagens mentais usadas como instrumentos de
síntese para representar observações e experiências que parecem ter algo em
comum.

A ciência não pode operar num contexto de imprecisão de termos e conceitos. A


conceitualização surge pela necessidade de especificar de forma precisa aquilo
que o investigador pretende dizer quando usa determinados termos.

A definição de conceitos e a sua formulação precisa é de importância vital em


qualquer trabalho de investigação uma vez que estes vão influenciar o
conhecimento produzido pelos trabalhos de investigação. Dependendo da
definição escolhida pelo investigador a análise e medição das variáveis irá
influenciar a resposta à pergunta de investigação e, por consequência, confirmar
ou não a hipótese formulada (Silvestre & Araújo, 2012).

Para melhor compreensão da disciplina é necessário a definição dos conceitos


básicos tais como: Sociedade, cultura e educação, dentre outros.

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Independentemente da existência de uma multiplicidade de definições e sua
fontes, neste material a base a fonte das respectivas definições é a Enciclopedia
general de la educación que define:

Sociedade – como “conjunto de pessoas que se relacionam entre si, de acordo a


determinadas regras de organização jurídica e consuetudinárias, e que partilham
uma mesma cultura ou civilização num espaço ou um tempo determinado”: a
sociedade do século XXI, a sociedade angolana, a sociedade africana etc.;

Cultura - como “conjunto de conhecimentos e ideias não especializados


adquiridos graças ao desenvolvimento das faculdades intelectuais, mediante a
leitura, o estudo e o trabalho”. Na compreensão de um texto podem influir de
forma decisiva a idade, a cultura, as vivência pessoais ou outros vários factores;

Educação - como “formação destinada a desenvolver a capacidade intelectual,


moral e afectiva das pessoas de acordo com a cultura e as normas de convivência
da sociedade a que pertencem”. A escola se ocupa também a educação em
valores. A educação tem por objecto o pleno desenvolvimento da personalidade
humana no respeito aos princípios democráticos de convivência.

1.2-Missão do Ensino Superior no século XXI.

A missão da Ensino Superior está intrinsecamente relacionada com as desa fios de


formação do Ensino Superior. No entanto abordar na época actual a missão do
Ensino Superior é fazer referência ao modo de assegurar sua pertinência.

A missão do Ensino Superior é preservar, desenvolver e promover através de


seus processos substantivos e em estreito vinculo com a sociedade, a cultura e a
humanidade, contribuindo para seu desenvolvimento sustentável. Os processos
substantivos da universidade são: Formação, investigação e extensão. Portanto
se preserva através da formação, se desenvolve através da investigação e se
promove através da extensão universitária (Hourritiner Silva, 2008).

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1.3- Características de um formado universitário.

Para fazer realce sobre as caracteristicas do formado universitario é necessário


compreender o conceito de formação como processo subistantivo do Ensino
Superior.

A formação significa preparar os cidadãos para a vida para seu desempennho na


sociedade. A formação vista desde um enfoque integral implica a identificação de
três dimensões essenciais que a caracterizam: dimensão instrutiva, dimensão
desenvolvedora e a dimensão educativa.

A dimensão instrutiva – implica que o formado universitário (profissional) deve


ser instruido, o que supõe conhecimentos e habilidades.

A dimensão desenvolvedora – implica que este formado deve durante a sua


formação estar em contacto com o objecto da sua profissão para que possa
desenvolver os seus modos de actuação.

A dimensão educativa – o formado deve ser preparado para viver em sociedade,


portanto deve ser portador de um sistema de valores.

Essas caracteristicas do formado do universitário são possíves de fazer esse


profissional caso na formação seja concebida a união indissolúvel das três
dimensões acima referidas. Para o efeito se deve ter em conta a dimensões do
conteúdo do processo de ensino aprendizagem que são:

 Conhecimentos (o cognitivo);

 Habilidades (o procedimental);

 Valores (o afectivo e atitudinal).

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1.4 - Investigação científica. Objectivo fundamental da investigação
científica. Metodologia da Investigação Científica (MIC).

Com frequência na linguagem coloquial identific a-se a ciência e a investigação como sinónimos o
que não é correto.

Como foi dito anteriormente a Investigação Científica surge em função da


necessidade que tem o homem de dar solução aos problemas que se manifestam
na sua vida quotidiana; de conhecer a natureza que o rodeia para transformá-la e
pô-la em função de satisfazer suas necessidades e interesses.
O facto de definir a i nvestigação científica como um processo consciente, permite
aplicar a teoria dos processos conscientes elaborada por autores a este processo
particular.
A metodologia é a ciência que nos ensina a dirigir determinado processo de
maneira eficiente e eficaz para alcançar os resultados desejados e tem como
objectivo dar a estratégia a seguir no processo.

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A Metodologia de Investigação Científica é aquela ciência que proporciona ao
investigador uma série de conceitos, princípios e leis que lhe permitem conduzir
de um modo eficiente e tendente à excelência o processo de investigação
científica.
O objecto de estudo da Metodologia de Investigação Científica é definido como
sendo o processo de Investigação Científica, o qual está conformado por toda uma
série de passos logicamente estruturados e relacionados entre si. O estudo de dito
objecto se faz sobre a base de um conjunto de características e de suas relações
e leis.
A Metodologia da Investigação Científica inclui, o estudo mais geral sistémico
(epistemológico) dos métodos de aquisição do conhecimento e transformação da
realidade. É uma reflexão sistémica a cerca dos métodos e procedimentos de
investigação, quer dizer, da utilização consciente dos princípios, características e
leis do processo de Investigação Científica, na sua relação com o sujeito que
desenvolve a investigação (o investigador).

Todo lineamento ou esquema metodológico deve estar sustentado, por sua vez,
dentro de um esquema geral que é o método de Investigação Científica.
Em suma, a Metodologia de Investigação Científica estuda as características,
as leis e os métodos de dito processo, todo o qual, em seu conjunto, constitui um
modelo teórico da Investigação Científica.

O processo de investigação científica (PIC) pode definir -se como um proce sso de carácter criativo
e inovador que pretende dar resposta aos problemas transcendentais e com estes alcançar
descobertas significativas que aumentem e enriqueçam o conhecimento humano.
A compreensão da definição acima reportada nos leva a inferir que os resultados do PIC
engrossam o sistema de conhecimentos ou seja, a ciência. No geral deve resolver problemas da
natureza, a sociedade ou a cognição na qual se inclui a busca de respostas a inquietações, o
desenvolvimento de procedimentos e outros resultados.
Em sua acepção mais genérica, no PIC se produz a contradição entre o objectivo e o
subjectivo que provoca o desenvolvimento, a obtenção de um novo conheciment o. Esta
problemática tem sido objecto de polémica não apenas na ciência assim como nos campos da
filosofia, da arte, da Psicologia e no geral em todas as disciplinas e atividades que se vinculem ao
conhecimento.

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Quando o conhecimento parte do estabelecimento de um problema ou
questionamento (pergunta) sobre o qual ainda não foi dada uma resposta científica,
quando o homem parte de uma hipótese ou possível resposta e organiza toda uma
busca com métodos científicos, pode falar-se da atividade de investigação. Na
investigação científica, o investigador não pode permanecer no simples nível
descritivo dos factos, mas deve penetrar na essência do fenómeno estudado para
descobrir suas regularidades, estabelecer seus nexos e relações.

Por exemplo quando um investigador no campo da teoria do ensino, aborda o estudo


de um problema fundamental, como é a carga docente dos estudantes de nível
médio, pode consultar, inicialmente, uma amplia bibliografia sobre este tema, que
inclua autores de diferentes países e que assumam diferentes posições. Também
podem consultar a opinião de professores e inclusive dos próprios alunos. Todos
esses aspectos podem fornecer uma valiosa informação sobre o tema, mas para
poder dar resposta a perguntas como: existe realmente carga docente excessiva nos
alunos? Quais são suas causas e em que se manifestam? Será necessário utilizar a
via da investigação pedagógica. Com a aplicação de diversos métodos, analisará os
planos de estudo das distintas disciplinas, poderá efectuar uma valoração do tempo
dos alunos na sua relação com o estudo, verificar o grau de fadiga escolar e chegar
a conclusões acerca da problemática em estudo.

Para que uma investigação possa considerar-se, realmente, como instrumento


científico que enriqueça e contribua a perfeição da prática, tem de cumprir um
conjunto de exigências, entre as quais destacam-se:

O processo de investigação científica deve contar com uma adequada e precisa


fundamentação metodológica e de carácter teórico; responder a problemas reais e
de interesse social, independentemente de que seus resultados constituam uma
novidade científica pelo sustendo que possam gerar ao desenvolvimento e
enriquecimento da ciência; possui um grande rigor científico na sua estruturação,
execução e interpretação dos dados obtidos. Tudo isso tributa para a transformação
da realidade em benefício da sociedade.

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O enfoque metodológico do investigador constitui um requisito de primeira ordem ao
valorar a qualidade do trabalho investigativo. Cada ciência deve na base do sustento
filosófico elaborar seu corpo teórico e metodológico específico. Desta forma, os
princípios metodológicos generais adquirem sua forma específica em cada ciência
em particular.

Portanto, um dos objectivos da investigação científica é a produção do conhecimento


científico.

1.4.1- Importância da disciplina.

Para abordar sobre a importância da investigação a nível macro, carece da


compreensão desta a nível micro ou seja na disciplina. Com a investigação numa
disciplina visa-se a produção de uma base científica para orientar a prática e
assegurar a credibilidade da profissão. A investigação possibilita alargar o campo
dos conhecimentos da disciplina e como consequência facilitar o desenvolvimento
desta ciência como tal.

Fottin, M. (1999), dá o exemplo de que a investigação aplicada numa disciplina


consiste na utilização do processo de científico no estudo de problemas
específicos, com intuito de introduzir mudanças nas situações onde se
apresentam estes problemas. Para o referido autor, na vertente da medicina,
investigação permite determinar, entre os problemas clínicos que precisam ser
examinados empiricamente. Pode tratar-se dentre outros, de descrever as
características particulares de explicar a natureza de fenómenos ou ainda de
predizer comportamentos de saúde desejáveis.

Em outro nível, a investigação serve também para definir os parâmetros de uma


profissão, na medida em que não existe profissão que tenha um desenvolvimento
contínuo sem o contributo da investigação. A investigação numa disciplina
profissional permite precisar as esferas de aplicação que lhe são próprias e definir
as sua finalidades e os seus objectivos junto da comunidade. Quanto a esse
aspecto, Marieie-Fabienne Fortin (1999:18), reforça afirmando que “a investigação
científica é um processo rigoroso de aquisição, quer seja nos domínios das

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ciências da saúde, das ciências humanas ou das ciências sociais”. Para este autor
o que difere de uma disciplina para outra são as orientações filosóficas e o campo
de aplicação da investigação.

A investigação serve de meio para demostrar o campo de acção e de


conhecimento de uma determinada profissão. Neste sentido acentua o facto de as
profissões criarem condições de dar aos seus membros uma base de
conhecimentos teóricos a sua prática. Também deve estar orientada ao
fornecimento de serviços de qualidade às pessoas e à comunidade.

Portanto, constitui papel da investigação reforçar as bases científicas e contribuir


para o desenvolvimento continuo das profissões. A credibilidade de um corpo
profissional depende do reconhecimento dos seus membros por outros
profissionais, como sendo peritos num domínio particular de conhecimentos e
práticas. Relevar que é pela investigação que se constitui um campo de
conhecimentos bem definido numa determinada disciplina ou área de
conhecimento e que as teorias se elaboram e se verificam, é importante
compreender melhor as diferentes ligações da investigação com a teoria, a prática
e outros elementos da conhecimento (Fottin, M. 1999).

1.5- Conceitos de conhecimentos. Tipos de conhecimentos: empírico (ou


conhecimento vulgar, senso comum ou popular) religioso, filosófico e
científico. Características. Comparação entre eles.

O ser humano valendo-se de suas capacidades, procura conhecer o mundo que o


rodeia. Ao longo dos séculos, vem desenvolvendo sistemas mais ou menos
elaborados que lhe permitem conhecer a natureza das coisas e o comportamento
das pessoas.

Pela observação o ser humano adquire grande quantidade de conhecimentos.


Valendo-se dos sentidos, recebe e interpreta as informações do mundo exterior.
Olha para o céu e vê formarem-se nuvens cinzentas. Percebe que vai chover e
procura abrigo. A observação constitui, sem dúvida, importante fonte de
conhecimento.

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Ao nascer o ser humano depara-se também com um conjunto de crenças que lhe
falam acerca de Deus, de uma vida além da morte e também de seus deveres
para com Deus e o próximo. Para muitos as crenças religiosas constituem
privilegiadas fontes de conhecimentos que se sobrepõem a qualquer outra.

A palavra “conhecimento”, do latim cognitio designa a ação de aprender.


“Aprender”, por sua vez, é o propósito de qualquer investigação que tenta
desvendar e entender a natureza dos fenómenos e de si mesmo. A própria palavra
“ciência” tem sofrido diversas interpretações ao longo dos séculos, mas
subjacente a qualquer interpretação possível que está sempre o acto de
aprendizagem. O objectivo da ciência é procurar sempre o conhecimento, que se
traduz por uma acumulação de teorias, ideias e conceitos resultantes das nossas
aprendizagens.

A informação é um facto ou acontecimento que é levado ao conhecimento de um


individuo ou do público em geral através de palavras, sons ou imagens. O
conhecimento distingue-se da mera informação porque está associado a uma
intencionalidade. O conhecimento é informação que tem um propósito ou uma
utilidade.

Parafraseando Baranano (2009), a matéria-prima da ciência é o conhecimento. No


entanto, não é qualquer tipo de conhecimento que origina ciência.

Na literatura é comum referir-se quatro tipos de conhecimento:

Conhecimento empírico – Também associado ao senso comum, provindo da


experiência vulgar, quotidiana, resultante de observações e racionalizações
pessoais ou transmitidas socialmente. É caracterizado pela falta de rigor, método
e sistematização, não possuindo regras de validação ou de aferição.

Conhecimento científico – resultante do estudo, investigação metódica e


sistemática da realidade. Procura apreensão dos fenómenos para além da sua
constatação e descrição; as suas causas, as leis que os regem, determinam e
influenciam. O método de apreensão é sistemático, controlado e assenta na noção

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de verdade objectiva. É verificável por demonstração ou experimentação. Como
tal origina a ciência.

Conhecimento filosófico – resultante da reflexão e da investigação filosófica. A


verdade deste conhecimento é uma busca constante e não um fim em si mesmo.
Não pretende gerar ciência, mas sim reflexões filosóficas que buscam a
apreensão de fenómenos abstractos e gerais do universo, superando os limites
formais da ciência.

Conhecimento teológico – Suportado em entidades divinas e na fé humana.


Como tal, não se comprova, nem se demonstra dado que o seu objecto é
imensurável. Assenta na noção de realidade divina, e, funcionalmente, apresenta
respostas para questões não resolvidas pelos anteriores tipos de conhecimento.

Para Notário (1999), na busca da verdade o homem formula explicações aos sucessos baseando-
se em diversos fundamentos.
O autor acima referenciado sugere a seguinte classificação:
 O conhecimento ordinário, sustentado no sentido comum;
 O conhecimento mitológico, fundament ado na imaginação. Variedade de criação
popular oral, surgida na antiguidade, consistente em fábulas cujas imagens fantásticas
constituíram um intento de generalizar e explicar os diferentes fenómenos da natureza e a
sociedade subordinando-se a imaginação;
 O conhecimento filosó fico, assenta na generalização. A Filosofia é a ciência sobre as
leis universais subordinadas tanto ao ser, quer dizer a natureza e a sociedade, como ao
pensamento do homem. Precisamente o problema principal da filosofia como ciência
fundamenta-se na relação entre estes dois entes: o ser e o pensar; entre a matéria e a
consciência;
 O conhecimento tecnológico, baseado no estudo de proce ssos e procedimentos
mesmo que com frequência se lhe associa com a técnica. A tecnologia como atividade
humana, além de vincular-se com aparatos, meios técnicos, artefactos e instrumentos,
contemplam variadas formas entre as quais temos a criação, distribuição, comercialização
assim como aspectos organizacionais e culturais. Desde o ponto de vista cognoscitivo
inclui os métodos, procedimentos, habilidades e destrezas;
 O conhecimento Pseudocientífico permite oferecer explicações de coi sa s reais mas
sem uma fundamentação. Chegou até aos nossos dias em diversas manifestações e
sobre tudo em determinados sectores e ofícios nos quais as pessoas são capazes de
conhecer diferent es fenómenos que ocorrem como por exemplo entre camponeses,

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pescadores e outros mesmo sem a possibilidade de oferecer explicações, pois trata-se de
conhecimentos adquiridos da experiência, tradições, ou outras vias.

 O conhecimento científico, fundamentado no método científico.

Características do conhecimento científico

O conhecimento científico pode ser definido como o conhecimento racional,


sistemático, exato e verificável da realidade. Este conhecimento tem como origem
o uso de procedimentos e regras baseadas na metodologia científica.
Portanto, nos enfoques explicativos da ciência, suas características fundamentais são:
Generalidade - Os conhecimentos passam por um processo lógico segundo o qual transita-se do
singular ao geral e os resultados convertem-se em leis e teorias com um grau de generalização
adequado a natureza do objecto de estudo;
Objectividade - Os conhecimentos científicos estão vinculados com objetos, processos e
fenómenos da natureza, a sociedade ou o pensamento.
Metodicidade - São adquiridos mediante a aplicação consciente de mét odos com uma base
científica, ou seja, procedimentos regulares, explícitos e repetíveis para alcançar o c onhecimento
da verdade como reflexo fiel da realidade no pensamento.
Comprobabilidade – Permitem serem comprovados e têm a prática social como seu principal
critério valorativo.
Portanto, apes ar das diferenças entre os mais distintos tipos de conhecimento, com grande ou
pequena propensão todo o conhecimento tem carácter valorativo.

Sistematização das características de quatro tipos de conhecimento

Conhecimento Conhecimento Conhecimento Conhecimento


Popular Científico Filosófico Religioso
Valorativo Real (factual) Valorativo Valorativo
Reflexivo Contingente Racional Inspiracional
Assistemático Sistemático Sistemático Sistemático
Verificável Verificável Não verificável Não verificável
Falível Falível Infalível Infalível
Inexato Aproximadamente exacto Exacto Exacto

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Trujillo F. (1974).

1.6-Etimologia da ciência. Definições. Pontos em comum. Objectivos da


ciência.

Etimologicamente “a palavra ciência vem do latim “scire”, sinónimo de saber, significa que a
definição básica de ciência é conhecimento, ou mais precisamente conhecimento humano”.
(http://www.econlink.com.ar/definición/ciencia.shtml publicado 16/07/2012 por John Diaz, acessado
aos 12/03/2016).
Quando s e trata de ciência faz-se referência a uma das maiores construções humanas que
permitiu ao homem sair das cavernas e atingisse o nível de conhecimento que possui hoje.
Entretant o, no mundo da ciência emerge grande quantidade de inquiet udes, em primeira instância
a possibilidade da ciência explicar todos os fenómenos que ocorrem ou pelo contrário a limitada
possibilidade de falar apenas do que pode ser experimentado. Dentre toda essa discussão
sobressai o significado do que é a ciência, qual é o seu campo e que aportes exerceu no nosso
desenvolvimento cultural e social.
No transcurso do desenvolvimento do conhecimento científico a primeira manifestação teve sua
génese na integração do homem primitivo com a natureza circundante onde a prática era
direcionada a luta pela sobrevivência.
Durante a idade antiga apreciou-se um processo de observação da natureza no uso da razão para
explicá-la mesmo que logicamente fluiu o mito e o pseudocientífico.
Proliferou a busca da sustância universal, a qual constituía todas as coisas conhecidas. Entre as
teorias mais defendidas são destacadas a da água, o fogo, até que chegou-se a conc epção
atomística.
Foi difundido o método axiomático partindo de preposições que eram aceites como verdadeiras,
óbvias, construindo toda uma teoria por dedução desta.
Foram destacados numerosos cientistas, que neste período eram geralmente filóso fos já que as
ciências ainda não estavam diferenciadas ou seja absorvidas pela filosofia na sua plenitude, isto é,
era considerada a Filosofia como a “ciência das ciências”. Dos cientistas a que se faz menção em
concomitância aos seus sustentáculos teóricos destacam-se os seguintes:
Pitágoras (575-500 a.n.e.): Absolutização da quantidade para caracterizar a essência das coisas;
Demócrito (460-370 a.n.e.): Teoría atomística;
Sócrates (469-399 a.n.e.): Hipóteses e deduções;
Platão (428-348 a.n.e.): Dialéctica das ideias por generalização ascendente e descendente dos
conceitos;
Aristóteles (394-322 a.n.e.): Lógica formal;
Euclides (S. III a.n.e.): Geometria para explicar a natureza do espaço;

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Arquimedes (S. III a.n.e.): Precursor da experimentação.
A idade média trouxe um estancamento da ciência no ocidente, ent retanto foi produzido um
desenvolvimento do mundo árabe em matemáticas, astronomia e alquimia assim como no distante
oriente em diversos campos.
Durante o Renascimento nasce a ciência empírica e cobra auge o método experimental. Inicia-se
a diferenciação das ciências particulares e destacam-se os seguintes cientistas:
Galileu Galileia (1564-1642): Pai da experimentação;
René Descartes (1595-1650): Matemática, cosmogonia e física.
Isaac Newton (1642-1727): Método hipotético.
A idade moderna é testemunho da revolução industrial, começa-se a orientar a ciência para
questões práticas, o estado atende a solução de problemas cient íficos e os centros de educação
superior exercem marcada influência na ciência.
A época contemporânea caracteriza-se por um surpreendent e desenvolvimento científico e
tecnológico pela Revolução Científico-Técnica.
Produz-se uma aproximação da ciência a produção e os serviços at ravés da inovação tec nológica.
As ciências sociais distanciam-se das ciências naturais no aspecto metodológico e com seu
desenvolvimento surgem diversos paradigmas ou enfoques de investigação. Observa-s e um
crescente investimento de capitais em investigação e desenvolvimento (I + D).
A ciência é um processo que nos permite conhecer, explorar, imaginar, solucionar criar, é um
intento de abordar o conhecimento e explica-lo. A ciência tem como um dos seus ingredientes
fundamentais a curiosidade, e esta constitui uma qualidade que tem estado presente na história
humana, por excelência o homem é curioso, trata de explicar o que não entende, o que o rodeia.
(https://myprofeciencias.wordpress.com publicado em 09/01/2011, acessado em 14/03/2016).
Muitos autores proc uraram definir o que se entende por ciência das quais distinguimos as
subscritas:
“A ciência é o conjunto de conhecimentos que se organizam de forma sistemática obtidos a partir
da observação, experimentação e racionamentos dent ro de áreas espec íficas ”
(https://definiciona.com ). É por meio desta acumulação de conhecimentos que se geram hipóteses,
questionamentos, leis e princípios.
Santa Taciana C. R. & Ernan Santiesteban N. (2014:15), na sua obra Metodologia da Invest igação
Cient ífica, definem ciência como sendo “o conhecimento sistematizado e objectivo do homem
sobre a essência dos fenómenos e processos naturais e sociais, conhecimentos que se exprimem
em forma de leis e teorias. Não obstante, não é tão -somente conhecimento obtido e comprovado
pela experiência, mas também a atividade c onstituída pelo processo de pesquisa e aquisição de
conhecimento e a solução de problemas cient íficos que se caracterizam por meio de um conjunto
de mediadores que facilitam a investigação”.

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Trujillo Ferrari (1974:8), expressa em seu livro de Metodologia da Ciência que “ciência é todo um
conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sistémico conhecimento com objecto
limitado, capaz de ser submetido à verificação”.
Apesar de serem transcritas duas definições de forma geral as definições consultadas comungam
os seguintes que:
 A ciência é um conhecimento sistematizado e objectivo;
 a ciência é regida por método científico para a obtenção de novos conhecimentos;
 a ciência se ramifica em distintos campos ou áreas de conhecimento;
 A ciência é susceptível a verificação.
O objectivo ou finalidade da ciência é a preocupação em distinguir a característica comum ou leis
gerais que regem determinados eventos (Ferrari, T.1974:8).

1.7.-A investigação quantitativa e qualitativa.

O objectivo é procurar distinhuir as duas metodologias na maneira de abordar os


fenómenos e de conceber a realidade.

A investigação quantitativa, baseada na perpectiva teórica do positivismo, que


concebe a realidade como única e estática e segundo o qual os factos objectivos
exixtem, independentemente do investigador, e podem ser isolados. Constitui um
processo dedutivo pelo qual os dados números fornecem conhecimentos
objectivos no que concerne às variáveis em estudo.

Nesta investigação, o controlo permite delimitar o problema da investigação e


suprimir os efeitos das variáveis estranhas. As estratégias tais como o controlo, os
instrumentos metodológicos e a análise estatística visam tornar os dados válidos,
isto é, assegurar uma representação da realidade, de modo a que esses dados
sejam generalizáveis a outras populações.

A investigação quantitativa é frequentemente aplicada nos estudos descritivos


(aqueles que procuram descobrir e classificar a relação entre variáveis), os quais
propõem investigar “o que é”, ou seja, descobrir as caracteristicas de um
fenómeno como tal (Richardson, 1989).

Entre os tipos de estudos quantitativos, pode se mencionar os de correlação de


variáveis ou descritivos (os quais por meio de técnicas estatisticas procuram

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explicar seu grau de relação e o modo como estão operando), os estudos
comparativos causais (onde o pesquisador parte de efeitos observados para
descubrir seus antecedentes), e os estudos experimentais (que proporcionam
meios para testar hipóteses), (Diehl, 2004).

A pesquisa quantitativa também é apresentada como “semântica quantitativa e


análise de conteúdo”, trabalhando e mensurando dados de uma base textual.

A investigação qualitativa, baseada na perpectiva naturalista, segundo a qual a


realidade é múltipla descobre-se progressivamente no decurso de um processo
dinâmico, que consiste em inte ragir com os indivíduos no meio e de que resulta
um conhecimento relativo ao contexto. Esta concentra-se em demonstrar a
relação que existe entre os conceitos, as descrições e explicações, as
significações dadas pelos participantes e investigador relativamente ao fenómeno
e sobre a descrição semântica, de preferência às estatisiticas probabilísticas (Le
Compte e Preissle, 1993). É possível, segundo Willems (1969), distinguir o
paradigma naturalista do paradigma positivista a partir das actividades e as
estratégias adoptadas pelos investigadores. Estes dois paradigmas variam em
função da manipulação e o controlo das condições antecedentes, assim como dos
limites de diversas reações do sujeito (willems, 1969).

Caracteristicas básicas das pesquisas qualitativas (Cassel & Simon, 1994):

1-Um foco na interpretação ao invés de na quantificação: geralmente, o


pesquisador qualitativo está interessado na interpretação que os próprios
participantes têm da situação sob estudo;

2- ênfase na subjectividade ao invés de na objectividade: aceita-se que a busca da


objectividade é um tanto quanto inadequada, já que o foco de interesse é
justamente a perpectiva dos participantes;

3- flexibilidade no processo de conduzir a pesquisa: o pesquisador trabalha com


situações complexas que não permite a definição exacta e a priori dos caminhoos
que a pesquisa irá seguir;

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4- a orientação para o processo e não para o resultado: a ênfase está no
entendimento e não num objectivo pré determinado, como na pesquisa
quantitativa;

5- preocupação com o contexto, no sentido de que o comportamento das pessoas


e a situação ligam-se intimamente na formação da experiência;

6-reconhecimento do impacto do processo de pesquisa sobre a situação de


pesquisa: admite-se que o pesquisador exerce influência sobre a situação de
pesquisa e é por ela também influenciado.

Critica aos estudos qualitativos

Sendo que a investigação quantitativa e a investigação qualitativa se apoiam em


filosofias diferentes, que têm objectivos diferentes e em que se utilizam métodos
diferentes para atingir estes objectivos, certos autores consideram que critérios
diferentes dos que acabamos de escrever devem guiar a avaliação dos estudos
qualitativos (Leninger, 1994; Lincoln e Guba, 1985). Nesta perpectiva, Leninger
(1994) definiu seis critérios que considera como importantes para a avaliação das
abordagens qualitativas. Encontrar-se-ão estes critérios nas seguintes obras:
Morse, 1994; Talbort, 1995. Outros guias e critérios para a crítica sobre o valor de
um estudo científico, relatado por escrito. O julgamento deve insidir sobre cada
uma das etapas do processo de investigação. A crítica inclui, por um lado, a
análise das relações lógicas entre os diferentes elementos da investigação e, por
outro, a situação do estudo num contexto teórico. A crítica comporta um certo
número de etapas: é necessário primeiro apresentar um resumo de relatório de
investigação a avaliar; depois, com a ajuda de critérios, analisar as relações
lógicas entre os elementos e fazer a crítica interna e externa.

Os principais aspectos a considerar na crítica dos trabalhos de investigação são


aspectos conceptuais, os aspectos metodológicos e os aspectos empíricos.

Os aspectos conceptuais incluem a avaliação do problema da investigação, a sua


importância e a sua significação relativamente a uma dada disciplina, a justificação

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do quadro teórico e da escolha de variáveis, a pertinência da revisão da literatura
relativamente ao problema em estudo. Os aspectos empíricos relacionam-se com
o desenrolar do estudo, a análise dos dados e a interpretação dos resultados
(Fortin, M-F., 1999).

1.7.1-Os métodos quantitativos e qualitativos. Comparação entre eles.


Pontos de contacto.

A investigação quantitativa e a investigação qualitativa apelam a métodos distintos


que permirtem conduzir a investigação. Faz-se referência as duas correntes de
pensamento que prevalecem no desenvolvimento dos conhecimentos, a corrente
positivista e a corrente naturalista, que comportam paradigmas diferentes. Na
condução da investigação, os fundamantos filosóficos diferem segundo as
percepções indivuduais da realidade, da ciência e da natureza humana. As
referidas diferentes concepções filosóficas do conhecimento implicam diversas
formas de desenvolver o conhecimento, e diferentes métodos de investigação.

Neste sentido, para Norwood (2002), um método de investigação está constituido


pordois elementos: o paradigma do investigador e a estratégia utilizada em função
do objectivo a atingir. Na mesma senda está a concepção de LoBiondo-Wood e
Haber (2002) ao considerar que os componentes de um método de investigação
incluem as crenças, as questões e as actividades de investigação. Se o paradigma
de investigação refer-se à sua visão do mundo, às crenças, que determinam a
perspectiva segundop a qual ele cologca uma questão de investigação e estuda
um dfenómeno ou facto; a estratégia singe-se à metodologia ou aos
procedimentos utilizados pelo investigador para estudar o fenómeno que suscita o
seu interesse. Deste modo, aos métodos de investigação correpondem diferentes
estruturas utilizadas para conceptualizar e compreender um fenómeno (Fortin,
2006).

Na verdade, o método de investigação quantitativo é, sem dúvida, o mais


conhecido dos dois.

17
Segundo Richardson (1989), o método quantitativo caracteriza-se pelo emprego
da quantificação, tanto nas modalidades de colecta de informações, quanto no
tratamento dessas através de técnicas estatísticas, desde as mais simples até as
mais complexas ou seja, pela medida de variáveis e pela obtenção de resultados
numéricos susceptíveis de serem generalizados a outras populações ou
contextos. Este, possui como diferencial a intenção de garantir a p recisão dos
trabalhos realizados, conduzindo a um resultado com poucas chances de
descrições. Os estudos de campo quantitativos guiam-se por um modelo de
pesquisa onde o pesquisador parte de quadros conceptuais de referência tão bem
estruturados quanto possível, a partir dos quais formula hipóteses sobre os
fenómenos e situações que quer estudar. Faz apelo as explicações e a predições
e aos estebelecimento de relações de causa efeito. Uma lista de consequências é
então deduzida das hipóteses. A colecta de dados enfatizará números
(informações conversíveis em números) que permitem verificar a ocorrência ou
não das consequências, e daí então a aceitação (ainda que provosória) ou não
das hopóteses. Os dados são analisados com apoio da estatistica (inclusive
multivariada) ou outras técnicas matemáticas. Também, os tradicionais
levantamentos de dados são o exemplo clássico do estudo de campo quantitativo
(Popper, 1972).

Cook & Reichardt (1986), ao fazerem referê ncia dos métodos quantitativos
destacam as técnicas experimentais aleatórias, quase experimental, textes
objectivos de lápis e papel, análises estatisticas, multivariados, estudos de
amostras, entre outros.

O método qualitativo difere, em princípio, do quantitativo, à medida que não


emprega um instrumental estatistico como base na análise de um problema, não
pretende medir ou numerar categorias (Richardson, 1989). Este, consiste na
descrição de modos ou tendências e visa fornecer uma descrição e compreensão
alargada deum fenómeno ou facto ( Parse, 1996). Para o paradigma qualitativo, os
fenómenos são únicos e não previsíveis e os esforços são orientados para a
compreensão total do fenómeno estudado.

18
Os estutos de campo qualitativos não têm um significado preciso em quaisquer
das áreas onde sejam utilizados. Para alguns, todos os estudos de campo são
necessariamente qualitativos e, mais ainda, indenticam-se com a observação
participante. Nesta, a informação colectada pelo pesquisador não é expressa em
números, ou então os números e as conclusões neles baseados representam um
papel menor de análise. Dentro do conceito amplo, os dados qualitativos incluem
também informações não expressas em palavras, tais como pinturas, fotografias,
desenhos, filmes video tapes e até mesmo trilhas sonoras (Tesch, 1990).

No entanto, a pesquisa qualitativa não envolve a quantificação de fenómenos, em


administração ela pode ser associada com a colecta e análise de texto (falado ou
escrito) e a observação directa de comportamento.

Ainda, Cook & Reichardt (1986), consideram os qualitativos a etinografia, os


estudos de caso, as entrevistas profundas, a observação participativa e a
investigação-acção.

Evidentemente, existem alguns métodos mais apropriados a tal colecta e análise:


Entrevistas abertas, observação participante, análise documental (cartas, diários,
impressos, relatórios, etc.), estudos de casos, histórias da vida, etc.

Os métodos de pesquisa podem ser quantitativos (Survey, experimento, etc.) ou


qualitativo (estudo de casos, focus group etc), devendo sua escolha estar
associada aos objectivos da pesquisa. Ambos os tipos possuem, naturalmente,
vantagens e desvantagens. Não há obrigação alguma de se escolher apenas um
método; cada desenho de pesquisa ou investigação pode fazer uso de diferentes
métodos de forma combinada, o que denomina de multimétodo, ou seja, aliando o
quantitativo ao qualitativo (e não só tendo mais de uma fonte de colecta de
dados). Aborda-se aqui, especificamente, o método de pesquisa survey,
principalmente via questionário ou guias de entrevista.

Segundo Pinsonneault & Kraemer (1993), para a melhor qualidade, no campo da


administração da informação, os pesquisadores deveriam atentar para a utilização
de mais de um método na colecta de dados (permitindo a triangulação) em

19
situações nas quais essa estratégia se faça necessária; adoptar procedimentos
adequados e sistemáticos para a amostragem; fazer uso de estratégias que
garantam alta taxa de resposta; buscar o melhor elo entre a unidade de análise e
os respondentes; seleccionar corretamente, considerando a pesquisa, entre corte
transversal.

Na verdade não existe exclusividade entre métodos “quantitativos” e “qualitativos”


a este nível primeiro nível de construção do desenho da pesquisa. Numa mesma
pesquisa empirica podemos produzir, manusear, analisar e interpretar dados
quantitativos e qualitativos, com igual legitimidade científica e pelas melhores
razões.

1.7.2. Enfoque misto.

Na maioria das vezes, os métodos de investigação quantitativa e qualitativa são complementares,


porque acont ece que os tipos de conhecimento que estas permitem adquirir se complementam
(Fortin & Colaboradores, 2009).
Na atualidade se fala de investigação integradora ou investigação total, como proposta alternativa
ao nível metodológico para resolver os conflitos existentes ent re ambos modelos (quantitativo e
qualitativo). Esta proposta fundamenta-se na consistência e congruência, na unidade dialéctica e
no princ ípio de triangulaç ão e de convergência, que se assimilam e se encontram imers os no
princ ípio de consistência, que fala da unidade na variedade, como ideia básica que orienta e define
esta concepção (Cerdá, 1994).
Esta unidade e integração se alcança entre os elementos de uma investigaç ão tais como: teorias,
conceitos métodos, instrumentos, entre outros. Tudo isso supõe que o investigador assuma uma
posição crítica de controlo para que nesta busca da unidade, não seja privilegiado a priori qualquer
informaç ão, dado, ideia ou hipótese. Sendo necessário que o investigador tenha flexibilidade
mental e experiência para construir sua própria opção, metodologia, suficiente clareza
epistemológica em relação ao objecto de estudo e amplo domínio das técnicas e métodos
quantitativos e qualitativos.
Para Busot (1991), uma das estratégias que surgidas com a finalidade de aproveitar os benefícios
que se desprendem de ambos métodos é a triangulação, mediante a qual se pretende comparar e
articular as medições e descrições destes métodos para acrescent ar os níveis de credibilidade nas
conclusões da investigação. O princípio subjac ente é o de compensar as falhas inerentes a cada
um dos métodos com as virtudes que possui o outro. Dali, a unidade na variedade e a sinergia dos
métodos.

20
Os debates nessa vertente demostraram quão é desnecessário a dicotomia assim como a
convergência e a necessidade de que os investigadores manejem um repert ório metodológico não
restringido, evitem negações arbitrárias, gerem novos modos de aproximar-se aos problemas que
dão lugar a seus estudos, aproveit em as vantagens que nos processos tant o de compreensão
como de verificação aporta o prescindir de etiquetas, em resumo, que superem o debate entre
métodos qualitativos e quantitativos.
Outro assunto de interesse actual está vinculado com a inter-relaç ão entre quantidade e qualidade
o que se vem a debat er na razão do carácter cada vez mais específico que desenvolvem as
ciências naturais e as ciências sociais que originou os denominados modelos quantitativos e
qualitativos de investigação.
Analisando o tema desde um ponto de vista dialéctico, quantidade e qualidade constituem um par
de categorias filosóficas que refletem import antes aspectos da realidade objectiva. Numa
concepção holística do PIC ambas categorias são objectivas, além disso, é reconhecida a inter-
relação entre o objectivo e o subjectivo na investigação como dois polos conciliáveis.
Uma posição verdadeiramente científica perant e atuais debates deve revogar a absolutização
reconhecendo que as ciências possuem carácter dialéctico, evoluem e desenvolvem -se.
Investiga-se para tratar de representar, compreender e modificar a realidade em funç ão dos meios
atuais ao alcance dos cientistas.
O objecto da investigação não pode ser considerado determinista mecânico tão pouco deve
rejeitar-se sua existência. Deve considerar-se como dialéctico e portanto contraditório, mas existe.
A teoria e a prática são aspectos com características e traços restringidos mas coexistem e
apresentam-se unidos no PIC, de uma ou qualquer maneira uma se representa na outra.
Efetivamente a investigação social deve ser eminentemente humanista dado que os sujeitos são
objecto de estudo. Por outra parte a investigação nas ciências naturais é adversa pelo seu carácter
e natureza a formulação de leis deterministas assim como a quantificação. No entanto não é
saudável assumir posturas extremas, nem ultra-positivistas, tão pouco absolutamente pessimista.
O PIC encerra a unidade dialéctica entre a aplicação de mét odos empíricos e de mét odos teóricos.
É necessário elevar os conceitos e formular leis na ciência e para isso sem dúvidas devem buscar-
se métodos e ferramentas para poder processar a informaç ão que vai resultando do processo.
Mesmo assim necessita-se avaliar a certeza de um resultado como medida de sua fiabilidade.
O anteriormente exposto, entre outros muitos debat es teóricos da atualidade cient ífica, conduzem
a defender uma posição de respeito a todo tipo de conc epção mesmo que determinando em todo
caso o que oferece ao sistema de conhecimentos.
Os princ ípios básicos promulgados são portanto: (a) a dialéctica como método, (b) o enfoque
holístico na investigação com ruptura da dualidade met odológica - epistemológica e portant o de
integração e complementação dos paradigmas qualitativo e quantitativo e (c) o reconhecimento do
fundamento social da investigação.

21
Quantidade e qualidade são duas categorias filosóficas que refletem dois dos aspectos
essenciais da realidade objectiva.
Nas concepções dialécticas se defende que o mundo não está composto de coisas acabadas ou
estáticas mas sim de um conjunt o de processos em constante desenvolvimento e por isso
constantemente modificam-s e, surgem e destruem-se. No entanto, isto não significa que as coisas
careçam de determinada forma de existência em determinada relação espaço/temporal, que seja
absolutamente instáveis ou indiferenciáveis.
Um objecto, processo ou fenómeno da natureza, sociedade ou pensamento, identifica -se, precisa-
se, diferencia-se de outro por sua qualidade. A determinação qualitativa dos objetos, fenómenos
e processos é o que os torna estáveis, o que os delimita. A qualidade associa-se com a soma das
propriedades, os atributos, os traços ou características que particularizam a um objecto ou
fenómeno e o diferenciam do outro.
Normalmente os termos qualidade e quantidade são assumidos como sinónimos, entretanto,
alguns autores os diferenciam associando o primeiro com os valores ou virtudes pessoais. No
entanto, neste material ambos são tidos como conjunto de propriedades.
Por sua parte, os objetos e fenómenos possuem t ambém uma determinação quantitativa:
magnitude, extensão, número, ritmo em que decorrem os processos, grau de desenvolvimento,
intensidade das propriedades.

Graças a quantidade, as coisas podem dividir-se (real ou idealmente) em partes homogéneas e


estas podem reunir-se em uma unidade.
Naturalmente, a quantidade é um a categoria mais próxima as ciências naturais, exactas e técnicas,
mas não é possível negá-la como pret endem alguns investigadores das ciências sociais, humanas
ou de espírito.
As relações quantitativas que estudam as matemáticas têm efetivamente seus limites. Não é
admissível reduzir metafisicamente a qualidad e à quantidade. Não existe um só objecto
determinado exclusivamente de modo quantitativo ou qualitativo.
Em cada objecto, processo ou fenómeno da realidade existe uma unidade entre quantidade e
qualidade. Essa unidade dialéctica é a medida. A quebra da medida devido a mudanças
quantitativas fazem com que o objecto ou fenómeno se transforme num outro, modifique sua
qualidade, origine mudanças qualitativas.
O expressado até aqui serve para demostrar que não é possível absolutizar uma destas categorias
filosóficas: qualidade e quantidade, pois ambas constituem uma unidade dialéctica.
Do mesmo modo pretendeu-se absolutizar na investigação científica, em função do carácter que se
lhe outorgue a medida, uma classificação que separa as investigações em quantitativas e
qualitativas. Nesta base define-se que na inve stigação quantitativa o estudo centra-se em
observaç ões quantificáveis, são utilizadas provas estatísticas para o processamento da
informação.

22
Desde o ponto de vista histórico, o enfoque quantitativo foi o tradicionalmente utilizado na
investigação e port anto é clássico nas ciências naturais ou factuais, alcançaram deste modo um
auto grau de desenvolvimento.
No entanto, desde finais do século XIX surgiu uma polémica que continua vigente hoje, promovida
por um sector das investigações das ciências sociais e humanas. Expressa que a teoria do
conhecimento e os procedimentos próprios das ciências naturais não correspondem com as
exigências histórico-sociais e humanistas das ciências sociais.
As investigações qualitativas direcionam-se a int erpretação dos significados das acções dos
sujeitos e em geral da vida social e se aplica um tratamento de ordem qualitativo aos dados.
A cada um destes tipos de investigação lhe são inerentes determinados métodos.
Relativamente ao debate referido a investigação quantitativa ou qualitativa, foram desenvolvidos
incontáveis argumentos e foram publicados grande quantidade de trabalhos. Não obstante,
maioritariamente observa-se posicionamento num dos extremos excluindo absolutamente o outro.
A questão não pode reduzir-se exclusivamente a resposta positiva ou negativa que se ofereça
quanto a possibilidade de matematizar os resultados da investigação.
As respostas atuais a este problema, como se expressou, situam-se no geral em posições
extremas. Dum lado os investigadores quantitativos defendem que tudo se pode matematizar e de
outro lado os investigadores qualitativos ex põem que o paradigma epistemológico da matemática
pugna com o das ciências sociais.
Por outro lado, a posição não pode s er ecléctica misturando ambos pontos de vista sem obedecer
a determinados princ ípios. Não obstante, numerosos autores atualmente discutem esta dicotomia
pretendendo eliminar a dualidade com novas formas de integração e complementaridade
dialéctica.
Em geral, se pode afirmar que toda a posição extrema é em si mesma limitante para o alcançar o
desenvolvimento do processo em questão. Deste modo, ambos os métodos podem ser
considerados como complementários entre si, o que implica que o emprego de um não exclui a
possibilidade de empregar o outro quando seja necessário.

1.7.3-Definições de paradigmas e enfoque. Classifição dos paradigmas.


Características. Comparação entre eles.

Como resultado da dicotomia entre os enfoques quantitativos e qualit ativos nas ciências sociais
desde o ponto de vista epistemológico, cobram forma os denominados paradigmas da
investigação. Estes são pontos de vista, enfoques, estratégias, modos de analisar e interpretar os
processos fundamentados num conjunto de postulados, normas, objetivos e valores que conduzem
a um determinado modo de perceber e compreender os ditos processos.
Thomas Kuhn em 1975 introduziu o termo (paradigma) aplicado a investigação cient ífica
formulando sua definição como “uma concepção geral do objecto de estudo de uma ciência, dos

23
problemas que devem ser estudados, do método que deve ser empregue na investigaç ão e nas
formas de explicar ou compreender, segundo o caso, os resultados obtidos pela investigação”.

O paradigma reúne e relaciona exemplos e teorias que se formulam dentro dele. Sua aceitação por
parte de um conjunto de investigadores diferencia uma comunidade cient ífica de outra e constitui o
fundamento válido de sua prática científica.
A comunidade científica debate-se hoje fundamentalmente entre os seguintes paradigmas:
1. Positivista (quantitativo, racionalista).
2. Interpretativo (qualitativo, naturalista).
3. Sociocrítico (participativo).

A identificaç ão com um ou outro paradigma depende conceptualmente da posição que assuma o


investigador perante as seguintes questões:
a) Finalidade da investigação (aspecto teleológico)
b) Natureza da realidade investigada (aspecto ontológico)
c) Natureza ou tipo de conhecimento que se sustenta (aspecto epistemológico).
d) Modo de aceder ao conhecimento (aspecto metodológico).
e) Relações indivíduos/sociedade e papel dos valores (aspecto axiológico).
f) Estratégias e procedimentos empregues na investigação (aspecto técnico-instrumental).
g) Análises e processamento dos dados (aspecto metrológico).

Do acima exposto derivam um leque de pergunta s chave s, cujas respostas dependem do


posicionamento num determinado paradigma:

 Se pret ende explicar e generalizar mediante leis e teorias ou compreender e interpret ar a


realidade?
 Qual é a essência da realidade?
 Qual é a relação sujeito/objecto na investigação?
 Como “aprende” o sujeito no processo do conhecimento?
 Como influenciam os valores do sujeito no estudo do objecto?
 Quê métodos são apropriados para o estudo do objecto?
 É possível quantificar e medir as relações do objecto e matematizar o processamento dos
dados?

O Paradigma Positivista
O paradigma positivista tem a sua origem nas ciências físicas; implica que a verdade é absoluta e
que os factor e os princípios existem independentemente dos contextos histórico e social. Se algo
existe, este pode ser medido.

24
Este paradigma, como corrent e filosófica idealista subjetiva rejeita o problema cardinal da Filosofia
como ciência (relação entre o ser e o pensar, entre a matéria e a consciência) qualificando-os
como “metafísicos” e não sujeitos a comprovação experimental.
Nas primeiras correntes positivistas (Comte, Mill, Laffite, Spencer) que se distinguem na história,
aprecia-se um empirismo extremo e um enfoque fenomenológico dos processos. O
empiriocriticismo foi a segunda ac epção destas correntes (Mach, A venarius) com um enfoque
sumamente subjetivista.
O neopositivi smo, que surgiu c om a atividade do Círculo de Viena (Neurath, Carnap, Schlick,
Frank ) e da Sociedade Berlinesa de Filosofia Empírica (Reichenbach, Kraus, Popper e outros),
opera num sentido de aproximar a lógica da ciência a matemática na tentativa de formalizar em
extremo os problemas gnosiológicos.
O paradigma positivi sta na ciência actual (também denominado paradigma quantitativo,
empírico-analítico ou racionalista) é derivado das investigações tradicionais nas ciências
naturais e factuais e se quis extrapolá-lo para as ciências sociais e humanas.
Suas principais características são:
 Utiliza predominantemente técnicas quantitativas.
 Aspira ampliar o conhecimento teórico.
 Está orientado a formulação e comprovação de hipóteses e teorias.
 Propõe-se estabelecer leis explicações gerais pelas que se regem os fenómenos.
 Aspira à precisão, ao rigor, ao controlo no estudo dos fenómenos.
 Considera que o método modelo do conhecimento científico é o experimento.
 Defende a via hipotética-dedutiva como válida para todas as ciências.
Assume determinadas posições acerca da concepção do objecto da investigação e de sua forma
de conhecê-lo, entre outras:
 O objecto é uma parte da realidade e portanto possui carácter objectivo,
independentemente do sujeito que o estuda, e portanto se tenta minimizar a subjetividade
no processo de conhecer o objecto.
 Rege-se por leis que explicam, predizem e controlam os fenómenos, as quais podem ser
descobertas e descritas.

Dados os fundament os filosóficos deste paradigma no empirismo e no realismo crítico,


reconhece-se a existência de coisas reais independentes da consciência, no entanto se defende
que no processo do conhecimento combinam-se a percepção e o pensamento.
O paradigma positivista, aplicado tradicionalment e com êxito nas ciências naturais como foi
reiterado, transporta associado o perigo do reducioni smo se o investigador não considera as
características dos fenómenos sociais ao querer aplicá -los. O fenómeno estudado deve ser
enfrentado no PIC atendendo a sua natureza própria e a finalidade da investigação.

25
O Paradigma interpretativo
Segundo Fortin (2006), a expressão “paradigma interpret ativo” foi primeiro utiliz ada por E rickson
em 1986, retomada por Lessard-Hébert, Goyette e Boutin em 1995. No entanto, um papel
fundamental no afincamento deste paradigma foi jogado pelo movimento filosófico e sociológico
conhecido como Escola de Frankfurt fundada em 1923 na Universidade de dita cidade alemã
(Adorno, Horkheimer, Marcuse e mais recentemente Habermas).
O paradigma Interpretativo está associado a uma concepção holística do estudo dos seres
humanos, concepção saída de um certo número de crenças que orient am todo o processo. Logo
encerra a crença de existirem várias realidades, em que cada é baseada nas percepções dos
indivíduos e muda com o tempo, seu conhecimento tem sentido para uma determinada situação ou
contexto particular (Munhall & Boyd, 1993).
Este designa o conjunto de mét odos qualit ativos, que engloba particularmente a fenomenologia, a
etnografia, a teoria fundamentada, o interacionismo simbólico e o construtivismo.
Os limites dos enfoques quantitativos nas ciências sociais, assim como uma nova conc epção na
interação sujeito-objecto no PIC, em concomitância com outras críticas surgidas da extrapolação
dos paradigmas tradicionais ao estudo de grupos humanos , (em Sociologia, Pedagogia, Psicologia,
Antropologia, Etnografia, etc.) fizeram com que surgissem no vos sustentos teóricos, filosóficos e
epistemológicos com uma perspectiva humanista-qualitativa do homem e a sociedade.
O paradigma interpretativo (também denominado qualitativo, fenomenológico ou naturalista
propõe uma interpretação dos factos humanos e s ociais com um processo participativo na solução
dos problemas.
Suas bases filosóficas fundamentam-se em uma ou várias das escolas idealistas segundo as quais
existem múltiplas realidades construídas pelos sujeitos na sua relação com a realidade social em
que vivem. Segundo esta, não existe uma só verdade, mas que esta surge como uma configuração
que as pessoas dão as situações em que se encontram. A realidade social é assim construída com
base nos marcos referenciais dos actores.
O enfoque interpretativo caracteriza-se fundamentalmente por:
 Englobar um conjunto de correntes humanístico-interpretativas cujo interesse é dirigido ao
significado das acções humanas e da vida social.
 Não adoptar as predições, as explicações e o controlo como propósito da investigação,
estes são substituídos pela compreensão, o significado e a acção.
 Aspirar-se à compreensão descrição e interpretação do singular e o particular dos
fenómenos assim como do individual pondo de parte a generalização.
 Não procura as regularidades nem a formulação de leis. Procura penetrar nos
significados das at uações pessoais dos sujeitos, nas intenções, crenças e motivações
individuais. O objecto estudado fica claramente individualizado.
 Seu critério de objectividade está relacionado com o acordo inters ubjetivo no contexto
social em que se desenvolve a investigação.

26
 Reconhece-se um carácter dinâmico e diverso da realidade na sua interação com os
sujeitos e pretende-se desenvolver um conhecimento ideográfico baseado na descrição.
 Substitui-se o estudo do observável e o processamento quantitativo da informação pelo
exame preferente daqueles aspectos não observáveis nem suscept íveis de quantificação
tais como motivações, interpretações, crenças, intenções, significados, etc.
 Desenvolvem-se métodos, procedimentos e técnic as especiais vinculadas as concepções
deste paradigma entre os quais são destacados a investigação-acção, as modalidades de
triangulação e convergência, os métodos histórico-hermenêuticos, entre outros.
 Não há possibilidade de estabelecer conexões causa-efeito devido a contínua interacção
mútua entre os factos sociais e multiplicidade de condições a que estão submetidos.
A investigação associada ao paradigma interpretativo, ainda no campo das ciências sociais, tem o
perigo de ser excessivamente conservadora se não é c onsiderada a necessidade de
transformação da realidade como uma meta principal da ciência.

O paradigma sócio-crítico
Este paradigma surge como um intento de conciliação e compromisso avalado pela praxis
investigativa segundo a qual rompe-s e o princípio extremo de fazer corresponder obrigat oriamente
a filosofia de um paradigma com o emprego de métodos de outro. Com este pretende -se superar o
reducionismo do paradigma positivista nas ciências humanas e o conservadori smo do
paradigma interpretativo.
No paradigma sócio-crítico ou participativo introduz-se a ideologia de modo explícito, cujos
princ ípios apontam para a transformação das relações sociais e dão res posta aos problemas
derivados destas.
Suas principais características são:
 Conhecer e compreender a realidade como praxis.
 Unir teoria e prática: conhecimento, acção e valores.
 Implicar o investigador na solução de seus problemas a partir da auto reflexão.
 Utilizar o conhecimento para alcançar a liberdade do homem, entendida esta c omo
reconhecimento da necessidade.
 Questiona-se a suposta neutralidade da ciência e da investigação.
 A investigação deve conduzir a transformação da realidade.

O paradigma sócio-crítico aproxima-se conceptualmente ao interpretativo, no entanto bas eia-se


essencialmente num enfoque ideográfico. Não se pretende elevar a generalizações ou leis senão a
solução de problemas particulares, singulares, individuais. Realiza-s e uma análise qualitativa dos
factos e dados. Entretanto diverge deste em que adere um c omp onente ideológico com o fim de
transformar a realidade.

27
Síntese comparativa dos paradigmas de investigação

Paradigma

Parâmetros Positivista Interpretativo Sócio-crítico

Fundamentos Positivismo lógico Fenomenologia Teoria crítica

Empirismo Teoria interpretativa

Orientação A comprovação de A descoberta A “aplicação”


hipótesis (solução de
problemas)

Finalidade da Explicar, predizer, Compreender e Identificar


investigação controlar fenómenos, interpretar a potencial de
verificar teorias, realidade, os mudança. Analisar
formular leis. significados das a realidade.
pessoas, Transformar.
percepções,
intenções, ações.

Objecto Conduta externa Significados Situação prática


subjetivos

Relação Independência. Dependência. O investigador é


sujeito/objecto Neutralidade do Investigador mais um sujeito.
sujeito. Sujeito como implicado. Inter-
“objecto” da relação
investigação.

Natureza a realidade Objectiva, estática, Dinâmica, múltipla, Compartida,


fragmentável, holística, divergente, histórica,
convergente. construída. construída,
dinâmica,

28
divergente.

Métodos Experimento. Qualitativos. Indutivos.


Hipotético-dedutivo. Intuitivo-indutivo. Entrevistas.
Precisão. Controlo. Entrevistas. Observação
Provas estatísticas Observação participante.
para análises dos participante. Tratamento
dados. Tratamento qualitativo dos
qualitativo dos dados.
dados.

Relação Predomínio do teórico Relação. Indissociáveis.


teoria/prática. Retroalimentação Relação dialéctica.
mútua.

Relação entre o Predomínio do geral. Explicações Explicações


singular e o geral. Explicações ideográficas ideográficas.
nomotéticas (descritivas). Predomínio do
(formulação de leis). Predomínio do singular.
singular.

Valores Neutros. Investigador Explícitos. Compartidos.


livre de valores. O Influenciam na Ideologia
método garante investigação compartida.
objectividade.

1.7.4-Definições de pesquisa. Classificação das pesquisas.

A pesquisa é definida como sendo “o processo formal e sistemático de


desenvolvimento do método científico. O objectivo fundamental da pesquisa é
descobrir respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos
científicos” (Gil, A.C. 2007:42).

29
Cada pesquisa, naturalmente tem um objectivo específico. Independendemente
deste aspecto é possível congregar as mais diversas pesquisas em certo número
de grupamentos amplos. Deste modo, Duverger (1962) distingue três níveis de
pesquisa: descrição, classificação e explicação. Selltiz et al. (1967) classifica as
pesquisas em três grupos: estudos exploratórios, estudos descriti vos e estudos
que verificam hipóteses causais, conhecidas como sendo explicativas.

As pesquisas exploratórias, têm como principal finalidade desenvolver,


esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista, a formulação de
problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores. De
todos os tipos de pesquisas, estas são as que apresentam menor rigidez no
planeamento. visa proporcionar maior familiaridade com o problema com vista a
torná-lo explícito ou a construir hipóteses. Assume, em geral, as formas de
Pesquisas bibliográficas e estudos de caso.

É vista como o primeiro passo de todo o trabalho científico, com a finalidade de:

 proporcionar maiores informações sobre determinado assunto;

 facilitar a delimitação de uma temática de estudo;

 definir os objectivos ou formular as hipóteses de uma pesquisa ou, ainda,


descobrir um novo enfoque para o estudo que se pretende realizar.

Envolve:

 Levantamento bibliográfico;

 Entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema


pesquisado;

 Análise de exemplos que estimulem a compreensão do facto estudado.

As pesquisas descrtivas têm como objectivo fundamental a descrição das


caracteristicas de dertminada população, fenômeno ou o estabelecimento de
relações entre variáveis.

30
A pesquisas explicativas têm como preocupação primordial identificar os factos
que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Este é o
tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica
a razão, o porquê das coisas.

Como se pode perceber, existe uma multiplicidade de classificações de


investigação, Castellanos B. (1995), as classifica atendendo a distintos aspectos.

Atendendo a finalidade podem classificar-se em:


1. Investigações fundamentais, bá sica s ou pura s. Dirigidas a geração de novos
conhecimentos os quais não necessariamente têm um fim imediato ou específico.
2. Investigações fundamentais orientadas. Cujo propósito é a comprovaç ão de novas teorias
ou elementos da ciência.
3. Investigações aplicadas. Para dar solução de problemas práticos imediatos em que a
contribuiç ão ao conhecimento teórico ocupa um objectivo secundário. São dirigidas a c riação
de novos produtos, tecnologias ou processos.
Atualmente emprega-se o termo inovação tecnológica com o sentido de tarefas dirigidas a
converter as ideias e conhecimentos derivados do PIC em bons produtos e processos.
Tendo em conta a temporalidade as investigações podem classificar-se em transversai s ou
sincrónica s quando são estudados fenómenos inter -relacionados mesmo que diferent es mas em
um determinado moment o específico, simultaneamente. Em outra dimens ão podem ser
longitudinais ou diacrónica s quando estuda-se desenvolvimento de um fenómeno em diferentes
momentos.
Em função da profundidade podem ser classificadas em:

(a) Exploratórias - As que se desenvolvem com um carácter superficial ou provisional com o


propósito de obter uma aproximação ao problema.
(b) Descritiva - Vinculadas ao denominado primeiro nível do conhecimento Científico. Mediante o
emprego de métodos de recopilação de dados e facto, formulam-se descrições, resenhas,
inventários ou inclusive generalizações empíricas.
(c) Explicativas. Procuram estabelecer generalizações teóric as mediante a formulação de
conceitos, princípios e leis que permitam descobrir regularidades essenciais dos fenómenos e
processos estudados. Seu propósito principal é estabelecer a relação causa-efeito.
Desde o ponto de vista do marc o físico em que se desenvolvem as investigações, estas podem
classificar-se como de laboratório ou de campo. Entre estas últimas situam-se as que são
realizadas no seu contexto incluindo por exemplo a agricultura, a indústria, a turma, o país, o u
outro.

31
Para Marie-Fabienne Fortin & Colaboradores (2009), o problema de investigação e as questões às
quais ele dá lugar determinam a abordagem a utilizar para obter respostas às questões ou para
confirmar hipóteses formuladas. Cada método de investigação comporta um certo número de tipos
de investigaç ão e as escolha do tipo faz-se em função do objecto da investigação e do fim a
atingir. Assim as classificam em função dos métodos quantitativos e qualitativos, sendo:
a)Tipos de investigação quantitativa
Descritiva
Visa descobrir novos conhecimentos, descrever fenómenos existentes , determinar a frequência da
ocorrência de um fenómeno numa dada população ou categorizar a informação. Este tipo de
estudo é utilizado quando existe pouco ou nenhum conhecimento sobre um determinado assunto.
Por norma nestes estudos recorre-se aos métodos de observação, entrevista, ou ao questionári o.
Sua finalidade é definir as características de uma população, facto ou fenómeno.

Correlacional
Apoia-se nos estudos descritivos e procura estabelecer relações entre conceitos ou variáveis. Em
função dos conhecimentos que se dispõe sobre o assunto em estudo, proc urar-se-á primeiro
descobrir quais são os conceitos em jogo e determinar se há relações entre estes. A seguir,
verifica-se, através das hipóteses, as relações que existem entre um certo número de variáveis
precisas, a posterior explica-se de que maneira estas variáveis estão ligadas entre si.

Experimental
Visa verificar relações de c ausa e efeit o entre variáveis. Estes estudos situam -se a um nível de
investigação mais elevado, no plano dos conhecimentos, do que as descritivas e correlacionai s.
Sustentam-se no conhecimento adquiridos nos estudos expressos acima para examinar as
hipótese causais. São suas características: A intervenção ou tratame nto em situação de
investigação, o estabelecimento de um grupo de controlo e a repartição aleatória dos participantes
no grupo experiment al e no de controlo. No c aso de falta de uma destas características o estudo é
considerado quase experimental ou quase experimento.

b)-Tipos de investigações qualitativas


As investigações qualitativas têm por objecto o exame das significações a busca de sentido.
A fenomenologia, a etnologia, a teoria fundamentada, a investigação histórica, o interaccionismo
simbólico e o construtivismo constituem os principais tipos de investigação qualitativa cujo fim
comum é dar conta da experiência humana num maio nat ural, podendo diferir ent re estas no plano
de estilo de escrita, da orientação filosófica, da precisão do objectivo, dos métodos de colheita e
análise dos dados (Lipson, 1991; Morse, 1991).

A fenomenologia

32
A fenomenologia foi fundada por Husserl (1859-1938), utilizada sobretudo, pelos filósofos
existencialistas com destaque para Maurice Merleau-Ponty (1908-1961) e Gabriel Marcel (1889-
1973). Esta é ao mesmo tempo uma doutrina filosófica e método de investigação. Do ponto de
vista filosófico, a pessoa forma um todo com o seu ambiente, ela tem um mundo e uma realidade
que lhe são próprias, compreendida soment e em situação contextual. O objectivo é descrever a
experiência tal como é vivida e relata pelas pessoas tocadas por um fenómeno preciso.
Portanto, é uma abordagem indutiva que tem por objectivo o estudo de determinadas experiências,
tais como são vividas e descritas pelas pessoas. Visa compreender um fenómeno, identificar a
essência do ponto de vista das pessoas que o viveram ou que fizeram a experiência (luto,
sofrimento, etc.).
Os dados são habit ualmente colhidos com a ajuda de entrevistas ou de observações não
estruturadas. Estas entrevistas são registadas e transcritas integralmente.

A etnografia
Esta é uma abordagem sistemática que visa observar, descrever e analisar no terreno o género da
vida de uma cultura ou de uma subcultura. A etnografia liga-se à antropologia. Tem por fim
compreender um grupo humano, as suas crenças , a s ua forma de viver e de adaptar -se à
mudança. Os dados são recolhidos com a ajuda de observações participantes e de entrevistas. A
análise permite atribuir aos dados uma significação determinada. O grupo tem de se pronunciar
sobre a validade da interpretação que é dada aos seus usos e costumes (Fortin & Colaboradores,
2009).

A teoria fundamentada
A teoria fundamentada é uma criaç ão das ciências sociais e deriva sobretudo do interaccionismo
simbólico, uma teoria professada pela antropóloga Margaret Mead, tendo como defensores mais
conhecidos, Glaser e Strauss (1967). Filosoficamente, a pessoa pode ser considerada como uma
realidade míltipla e complexa que vive num mundo s ocial formado por objectos concrectos e
abstractos. É uma abordagem indutiva com intuito de descrever problemas presentes em contextos
sociais definidos, assim como a maneira de as pessoas enfrentarem. Seu objectivo é chegar a uma
teoria explicativa dos fenómenos sociais. Os dados são colhidos com a ajuda de uma combinação
de ent revistas, de observaç ões participantes e não participantes e de registos. Os dados são
transcritos integralmente, codificados e classificados.

1.7.5-As principais qualidades de um pesquisador

O pesquisador deve ter requisitos que possibilitem desenvolver uma investigação


sistemática, metódica e rigorosa, aliando a teoria à prática em torno da solução do

33
problema identificado. Assim, algumas qualidades são necessárias para um
pesquisador, segundo Collis e Hussey (2005):

a) Capacidade intelectual;

b) Criatividade;

c) Capacidade de comunicação;

d) Habilidades organizacionais;

e) Habilidades relativas à tecnologia da informação;

f) Independência;

g) Motivação;

h) Perseverança.

A capacidade intelectual envolve habilidades fundamentais de pensamento, como:


conhecimento, compreensão, aplicação, análise, síntese e avaliação. A primeira
habilidade requer familiaridade do pesquisador com seu objeto. Nesta reside uma
das grandes dificuldades do estudante envolvido na elaboração de um trabalho
científico. Após quatro, cinco ou seis anos em um curso em que as disciplinas vão
se sucedendo sem um nexo muito claro, a definição de uma área em que ele
possua um maior aprofundamento, nem sempre é tão evidente.

Outra habilidade muito difícil é a síntese que requer a capacidade de obter


informações a partir de um volume muito grande de dados e de outras
informações. Para o efeito é necessário desenvolver no estudante a criatividade
(percepção, intuição, compreensão), que chega a ser dos aspectos mais
complexos do acto de pesquisar.

A capacidade de comunicação escrita e oral é outro grande desafio. Ao ingressar


no nível de educação superior o estudante traz consigo várias deficiências
relacionadas ao uso correcto da língua portuguesa. Não se trata apenas de
regras gramaticais não seguidas, mas, ao mesmo tempo, o uso limitado de
palavras, o que torna a comunicação simplória e sem brilho. A forma viável de

34
desenvolver essa habilidade é prestando bastante atenção às leituras,
participando de “aulas de nivelamento” e torcer para encontrar professores que
saibam orientar sobre os erros cometidos. Sem es ta habilidade é quase
impossível elaborar uma monografia.

Para diversos autores, a habilidade organizacional mais importante a ser


desenvolvida é a administração do tempo. É interessante organizar um
cronograma de atividades, o que não quer dizer que impre vistos não possam
acontecer. Ao longo de uma pesquisa há momentos de muita produtividade que
devem ser aproveitados ao máximo, e outros em que o trabalho rende muito
pouco. Há também as actividades críticas que são aquelas que não podem ser
atrasadas, tipo: a apresentação do projecto, uma entrevista com um informante
importante, uma pesquisa em uma biblioteca específica durante uma viagem, por
exemplo.

A questão sobre o tempo é fundamental – dar atenção à pesquisa todos os dias,


mesmo que seja para escrever um pequeno parágrafo ou para transcrever um
trecho de uma entrevista. Esquecer a pesquisa por um tempo não é estratégia
boa. (https://educadmi.wordpress.com/…/monografia-2. Disponível desde
23/08/2011, acessado em 05/05/2016).

1.7.6.- Aspectos éticos da investigação científica e valores éticos essenciais


do pesquisador.

Quando se trata de ética, é imperioso ter em consideração a responsabilidade do


investigador a respeito da protensão dos direitos da pessoa. Ao projectar um
estudo o investigador deve questionar-se sobre uma multiplicidade de factores,
dentre os quais, os motivos que o impelem à investigação e sobretudo as
repercussões desta na população alvo.

O facto histórico das pretensas experimentações médicas efectuadas em nome da


ciência pelo regime nazi no decurso da segunda guerra mundial que a opinião

35
mundial ficou sensibilizada sobre os maus tratos infligidos as pessoas. Portanto,
como repercussão foram traçados códigos de ética com intuito de situar as
investigações em que participam seres humanos.

Com base no anteriormente exposto surgem os subscritos códigos de ética da


investigação (Côté & Filion, 2009):

Código de Nuremberga –Código de ética composto por 10 artigos que define


regras e princípios que asseguram a obtenção e o consentimento escla recido, a
protecção contra o prejuízo físico ou mental e o equilíbrio entre as vantagens e os
inconvenientes.

Declaração de Helsínquia – teve como base o Código de Nuremberga, com


incidência nos estabelecimentos de saúde, comissões de ética da investigação;
visa a avaliação a avaliação da investigação sobre seres humanos. Abarca
princípios de base relativos aos métodos científicos, a publicação dos resultados e
a diferenciação entre a investigação terapêuticas “biomédica, clinica”, com a
finalidade de melhorar a saúde dos participantes à investigação.

Comissão Nacional Americana – Posta em evidência em 1978, como intuito de


proteger sujeitos em investigação Biomédica e comportamental, definiu três
princípios éticos: O respeito pela autonomia, benevolência e a justiça.

Os Conselhos de Investigação Canadianos - Questão semelhante, aconteceu


no Canadá em que o Conseil de recherches en sciences humaines du Canada
(CRSHC,1986) e o Conseil de recherches médicales du Canada (CRMC,
1987,1990), elaboraram também códigos de ética que consistiam nas linhas
diretrizes para avaliação do aspecto médico dos protocolos de investigação. Em
várias outros organismos de Canadá fixaram diretrizes no sentido. A constelação
nessas diretrizes eram de responsabilidade penal, civis e deontológicas na
aplicação da lei e regras internas dos organismos.

36
Dali a exigência dos investigadores de Canadá cumprirem com o enunciado
Político dos Três Conselhos de Investigação de canada.

Na maior parte das disciplinas científicas, ao processo de investigação para além


de outros aspectos é inerente a actividade humana. Sejam quais forem os
aspectos estudados, no processo de investigação devem ser respeitados os
direitos das pessoas. Esse respeito é fundamentado com base as decisões
conformes à ética, tendo em conta a pessoa e a benevolência. Num estudo de
natureza biopsicossocial é susceptível provocarem-se danos de forma consciente
ou inconsciente nas pessoas envolvidas.

Estamos perante um problemas ético potencial sempre o investigador julga que os


inconvenientes excedem as vantagens (Côté & Filion, 2009).

Na observância aos aspectos éticos, em qualquer investigação, o investigador


deve descortinar certas questões de ordem ética, embora que nas experimentais
esta está directamente comprometida em função as experiencias que o
investigador efectua com o concurso de seres humanos. É assim que Baudouin
(1981), referenciado por Côté & Filion (2009:181), adverte: “há lugar para
considerar na investigação experimental não somente o estudo em si mesmo, mas
também a vida privada dos indivíduos em que acontece o investigador intrometer-
se, a fim de obter a informação científica.

Deste modo, no processo de aplicação dos métodos é necessário ter em


conta certos princípios éticos, dentre os quais a confidencialidade e a vida
privada.

Aspectos éticos da investigação científica e valores éticos essenciais do


pesquisador estão intrinsecamente relacionados com os valores éticos da ciência
e da profissão. Na investigação científica deve estar em manifesto o valor ético
profissional que implica a significação social positiva da profissão, que orienta a
atitude do pesquisador para o progresso social, a elevação da professionalidade e

37
o auto aperfeiçoamento humano. No processo de investigação científica é
necessário ter em conta o reconhecimento da importância da ciência no plano
teórico, metodológico e prático, que guía o pesquisador para à busca de
fundamentos científicos que lhe permitem interpretar, explicar, projectar e
transformar sua realidade professional. O que implica:

 Reconhecimento da ciência no desenvolvimento do ser humano e da


sociedade;

 Reconhecimento da importância da teoría científica para interpretar,


explicar e projectar a realidade professional;

 Reconhecimento da importância da teoría científica como guía para a acção


práctica da investigação e da profissão.

Um investigador comprometido do ponto de vista ético deve:

 Reconhecer a importância da ciência na solução dos problemas


professionais;

 Utilizar a investigação para dar solução aos problemas da sociedade;

 Estar comprometido com a inovação através da actividade investigativa,


sem prejuizo a terceiros;

 Estabelecer relações de respeito e modestia consigo mesmo, com os outros


e com a ciência;

 Reconhecer os seus erros e acertos;

 Reconhecer e respeitar a obra dos outros;

 Desenvolver o espírito de criticidade de forma construtiva.

38
TEMA II. ETAPAS DO PROCESSO DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA E SEUS
COMPONENTES.

Etapas do processo da investigação científica, a construção desenho teórico da


investigação, os tipos de desenho; experimental e não experimental; suas
peculiaridades, situação problemática e problema científico. Objecto e campo.
Objectivo. Pressupostos hipotéticos. Hipótese, as variáveis da hipótese e sua
operacionalização, perguntas científicas, ideia a defender e plano temático, as
tarefas de investigação, o contexto na Investigação Científica. Introdução da
investigação. Contributo prático. A elaboração teórica. O trabalho com as fontes.
Marco ou fundamentos teóricos na investigação científica: revisão das fontes
bibliográficas. Construção do marco teórico - referencial da investigação. Funções
principais do marco teórico. Elaboração de diversos tipos de fichas.

2.1- Etapas do processo de investigação científica.

É errado conceber a investigação como uma sequência de etapas ou passos


separados definidos ou delimitados. Na realidade a investigação é um processo
contínuo, coerente, sistémico, onde em dado momento manifesta -se mais forte
uma atividade em relação as restantes, dai surge o nome da etapa. Por exemplo,
num primeiro momento manifesta -se com muita intensidade o diagnóstico, o que
não significa de alguma maneira que não se pode estar a realizar também parte
da planificação; no momento que se está executando, também se pode estar
avaliando a informação recolhida, inclusive, na etapa de execução pode ocorrer
que por determinadas razões seja necessário regressar a planificação. Perante
essa realidade se pode concluir que o processo investigativo não constitui um
caminho recto, predeterminado, simples e fácil de percorrer, pelo contrário
converte-se num labirinto pelos conhecimentos que se vão produzindo, com
retrocessos momentâneos, com reorientação do rumo investigativo.

39
É bom destacar que o modelo clássico do positivismo na investigação concebe
quatro etapas seguintes: Planificação, Execução, Avaliação e Comunicação.

Portanto, o facto de partir da planificação e não do diagnóstico constitui para o


critério dos autores, uma limitação metodológica de essência para o esquema
apresentado anteriormente. Caso se tenha em conta o diagnóstico do estado atual
da problemática a investigar, como primeira etapa, evidentemente, se salva esta
grande limitação.

É bom destacar que ao aplicar os conhecimentos produzidos, geram-se novas


contradições e problemas, que servem como ponto de partida para iniciar novas
investigações e produzir novos conhecimentos; que dizer, fechar-se um ciclo, mas
não no mesmo plano, depois o ponto de chegada que é a prática, é o mesmo que
o de início, porém, num estado superior. Portanto, o conhecimento não é recto e
nem plano, mas sim em forma de espiral tridimensional e infinito. Nunca o
conhecimento é totalmente acabado, vai até ao infinito que na mesma medida que
é infinito o desenvolvimento da realidade.

Sobre a base do anteriormente exposto e seguindo os critérios da Dra. Beatriz


Castellanos Simons, (Castellanos, B, 1995), consideram as seguintes etapas do
processo investigativo:

a)-Diagnóstico do estado atual da problemática a investigar; b) -Planificação da


investigação; c)-Execução da investigação; d)-Avaliação da informação obtida; e)-
Comunicação dos resultados; f)-Introdução à prática social.

a)-Etapa do diagnóstico do estado atual da situação problemática a


investigar.

O objectivo desta primeira etapa do processo de investigação é determinar o


problema científico ou problema da investigação.

Passos fundamentais da primeira etapa investigativa.

40
Observação directa e/ou indirecta na prática do objecto ou fenómeno que se
pretende investigar:

 Identificação da situação problemática;


 determinação do comportamento real do objecto ou fenómeno a investigar;
 consulta bibliográfica relacionada com o objectivo ou fenómeno a investigar;
 determinação do comportamento desejado do objecto ou fenómeno a
estudar;
 determinação da contradição ou situação problemática;
 determinação de problemas científicos;
 valorização dos problemas enunciados.
b) - Etapa da planificação da investigação.

O facto de chegar a um problema científico real, bem formulado e que responde


as verdadeiras necessidades que justificam a investigação é ter recorrido uma boa
e importante parte do processo de investigação.

O objectivo desta etapa é desenhar um plano de acções investigativas (projecto


de investigação), que ao executá-lo se alcança o problema científico enunciado na
etapa de diagnóstico, o que significa, levar o comportamento atual do objecto ou
fenómeno investigado ao comportamento desejado. Nesta etapa são definidos os
objectivos a alcançar com a investigação, são planificados os passos, métodos,
vias acções a executar, os recursos matérias e humanos necessários (desenho da
investigação).

c)-Etapa de execução da investigação.

A essência desta etapa é a execução de uma boa parte do que foi planificado no
desenho da investigação, e caracteriza-se pelo trabalho de campo que consiste na
utilização de determinados métodos mediante a aplicação de instrumentos
investigativos com o objectivo de recolher dados que posteriormente serão
processados e aportarão as evidências suficientes para chegar a concussões
cientificamente fundamentadas. Os dados podem ser quantitativos e ou
qualitativos.

41
d)-Etapa da Avaliação da informação obtida.

Nesta etapa a essência recai para a análise e interpretação dos dados


quantitativos e ou qualitativos obtidos com a aplicação de diferentes instrumentos
de investigação no trabalho de campo realizado na etapa anterior. De salientar
que nesta etapa a criatividade do investigador joga um papel fundamental, pois ele
deve ser capaz de enxergar regularidades, tendências, possíveis causas, nexos
genéticos, relações entre diferentes elementos a partir dos dados recolhidos, para
isso utiliza mecanismos como a codificação, a categorização, a tabulação etc.

A análise dos resultados tem muita importância, pois os dados como tal, por si só
não nos dizem nada, em dependência da análise criativa feita pelo investigador se
pode produzir determinados conhecimentos que permaneceriam mascarados sem
essa inteligente e criativa análise crítica do investigador. De lembrar que a
avaliação independentemente de sua essência centrada nos dados, não devemos
perder de vista que esta mostra corpo em todas etapas do processo investigativo.

e)-Etapa de comunicação dos resultados

É importante como uma das acções finais da investigação, comunicar os


resultados, bem seja a comunicação científica, como as comunidades onde se
realizou ou em ambas, com o objectivo de divulgar os resultados e iniciar a
aplicação destes em função da transformação da realidade objecto da
investigação. Esta comunicação geralmente adquire forma de documento escrito,
em muitos casos como informe de investigação e em outros como um caso
particular de informe, que seriam teses, que pode ser de término de um curso
médio ou universitário, de graduação ou nível de pós-graduação, como o término
de um mestrado ou doutoramento, assim como podem ser escritos artigos
científicos, livros, ensaios que servem como veículos de transmissão da
informação.

Por exemplo, uma tese é uma escrita onde o investigador deixa constância dos
resultados fundamentais do seu trabalho no processo investigativo; entre os quais
estão suas concepções teóricas, sua proposta de solução do problema proposto,

42
os resultados da aplicação à prática da proposta concebida ou desenhada, as
conclusões assim como as recomendações e a bibliografia consultada.

f)-Etapa de Introdução na prática social.

Esta constitui a última etapa para fechar o ciclo investigativo. Consiste, como o
nome pressupõe, em introduzir na prática social, os resultados obtidos na
investigação para transformar o problema detectado na etapa de diagnóstico.

Lamentavelmente em muitas ocasiões os resultados das investigações sofrem o


“efeito vitrina”, quer dizer que se arquivam e não vão servir para transformar a
realidade, que é a essência para a qual se investiga.

Importa realçar que quando se alcança a introdução dos resultados na pratica,


aqui, surgirão novos problemas e contradições que conduzem novamente a
primeira etapa, quer dizer, se regressa ao inicio mais em um estado superior, o
que dá a produção do conhecimento uma forma em espiral infinita e não caminho
recto, predeterminado e com um final previsível.

2.2- O desenho teórico da investigação

Em todos os casos em que o homem edifica uma obra, antes a imagina, a projecta
em sua mente. Referindo-se a esse assunto Carlos Max disse que até ao pior
arquiteto sobressai o trabalho da melhor abelha, antes de realizar uma obra, já a
projecta na sua mente. Quando se vai construir uma casa, não se começa sem
antes realizar um projecto, que não é outra coisa do que conceber o que quer
alcançar, primeiro na mente do arquiteto e depois no papel, quer dizer, nos planos.
Sobre essa base de ideias, pode se dizer que, antes de ser realizada uma
investigação, o investigador projecta, quer dizer, elabora uma estratégia, pensa
num conjunto de acções que ao executá-las levam ao cumprimento do objectivo
preconizado. Desta maneira, surge o desenho da investigação. Em muitas
situações o investigador não atribui real importância a este aspecto, mas verdade
que se diga que sem um bom projecto não haverá uma boa investigação.

43
O momento do desenho é o de tomar em boa medida as decisões estratégicas
para o desenvolvimento da investigação, caso estas não estejam escritas corre -se
o risco de que sejam esquecidas ou destorcidas durante o desenvolvimento do
trabalho investigativo.

Existe um desenho teórico e um desenho metodológico. O teórico é o primeiro que


se elabora, inicia-se uma vez determinado o problema científico. A partir dali se
define o objecto da investigação, o campo de estudo, o objectivo geral, a hipótese,
perguntas científicas, ideia reitora ou ideia a defender, as tarefas e as variáveis,
que constituem seus elementos fundamentais. Uma vez concluída a precisão do
desenho teórico da investigação, deve elaborar-se o metodológico que inclui a
definição da população e amostra selecionada, os métodos, técnicas e
procedimentos e a valoração estatística dos resultados (em caso de necessidade,
em dependência do desenho planificado). Finalmente são ambos integrados em
um definitivo chamado desenho, protocolo ou projecto de investigação, onde estão
presentes os aspectos considerados nos dois momentos anteriores. O desenho
teórico constitui a base, o ponto de partida para o metodológico, a partir deste
planifica-se, organiza-se, define-se a estratégia investigativa a desenvolver,
constitui o elemento reitor da investigação, inclusive, têm-se presente para chegar
as conclusões.

Importa realçar que o projecto ou desenho de investigação não deve ser um


documento constituído por partes incoerentes, senão que deve ser um documento
coerente, utilitário com uma lógica interna, com um fio condutor em que exista um
grau de correlação entre os seus componentes. Isso quer dizer que por exemplo,
o objecto, o campo, o objectivo geral estabelecido, devem ter uma relação
sistémica com o problema da investigação, assim como o problema com a
hipótese e as tarefas, devem estar em função da solução do dito problema objecto
da investigação. No caso de serem empregues perguntas científicas estas devem
desenhar-se de maneira que constituam passos na solução do problema, mas
para respondê-las é preciso dar cumprimento as tarefas científicas, portanto,
também entre as perguntas e as tarefas deve existir um máximo grau de

44
correlação. Deve se conseguir que os elementos do desenho estejam dirigidos a
solução do problema científico estabelecido, todos devem estar direccionados ao
problema.

2.2.1- Situação problemática e problema científico.

A primeira etapa é cumprida no trabalho de campo com aplicação de instrumentos


de investigação como as entrevistas, observações e consulta bibliográfica em
geral, consulta a expertos e especialistas e determina-se o estado actual da
problemática a investigar e com a consulta bibliográfica em geral, consulta de
expertos e a especialistas determina -se o comportamento desejado, comparando
ambos comportamentos, chega-se a definição da situação problemática e sobre
essa base é definido o problema científico. Os dois momentos constituem uma
unidade. Como o problema científico claramente determinado está-se em
condições de iniciar a etapa da planificação para encontrar sua solução. O centro
de actividade desta etapa é a elaboração do desenho ou projecto de investigação
em que estarão plasmadas todas as decisões estratégicas que delinearão o
caminho da investigação.

Um dos princípios da investigação social é que se investiga para a transformação


da realidade e essa transformação é alcançada resolvendo os problemas que
estabelecem a própria realidade. Desta forma, a ciência desenvolve mediante a
solução de problemas, portanto constitui o ponto de partida, que por sua vez guia
o processo investigativo. Constitui uma pergunta que formula o investigador e que
deve ser resolvida no processo investigativo, dali o seu papel reitor.

No caso de um professor, sabe-se que as contradições estão presentes na


realidade educativa em que está imerso dia a dia, então seu papel é detectar tal
situação e a partir desta formular o problema científico.

É importante em qualquer investigação formular adequadamente o problema


científico, pois, como já foi dito, deste depende toda a acção investigativa
posterior, em boa medida o êxito do projecto investigativo.

45
O problema constitui uma manifestação de uma situação problemática, a que por
sua vez é expressão de uma contradição entre o estado desejado e o real de uma
situação teórica ou prática dada, ou seja que é o laço intermédio entre o
conhecido e o desconhecido.

Os problemas podem ser formulados em forma de pergunta e de objectivo


particular ou afirmativo. Em forma de pergunta tem a vantagem de expressar de
maneira mais directa os problemas, enquanto a outra forma tem o inconveniente
de que se pode confundir em determinado momento com os objectivos da
investigação.

Não existem receitas nem logaritmos para formular problemas científicos, na


prática parte-se de uma situação problemática e de consultas teóricas, com as
quais se formulará problemas em termos gerais, e a medida que se aprofunda na
consulta bibliográfica e reflete-se sobre o objecto de investigação, as possíveis
soluções e estratégias investigativas que vão guiar o trabalho, começam a aclarar
e a precisar cada vez mais o problema.

Segundo Gil (1991), nem todo problema é passível de tratamento científico, é


preciso identificar o que é científico daquilo que não é. Para o mesmo autor o
problema deve ser formulado como uma pergunta. Porém algumas outras
literaturas e outros muitos autores não defendem está posição de forma imperiosa.

2.2.2- O objecto da investigação e o campo de estudo/investigação

O objecto da investigação é o sector da realidade que se estuda ou investiga, ou


seja, o marco no qual o investigador realiza seu trabalho de investigação para tirar
conclusões. Muito relacionado com o objecto está o campo de estudo, mantendo-
se ambos na dialéctica do geral e o particular, quer dizer, o campo é parte do
objecto, a parte específica donde se concretiza a investigação. Por exemplo, o
objecto da investigação pode ser o processo docente educativo, e o campo, dentro
deste, a educação ambiental, ou o objecto a educação ambiental e o campo seria
o elemento da educação ambiental em que seriam concretizadas as acções
investigativas. A definição do objecto e campo é um verdadeiro problema para o

46
investigador, pois não existe um algoritmo de trabalho nem uma receita para
aplicar, depende da criatividade do investigador, da sua experiência, tão pouco
existem critérios unânimes entre os investigadores nem entre os estudiosos da
metodologia de investigação. É um aspecto metodológico que ainda está em
debate.

Uma vez definidos o objecto e o campo, o investigador deve decidir se vai utilizar
hipótese, perguntas científicas, ideias a defender ou ideia reitora em dependência
do critério do autor e da maneira como seja enfocado o trabalho investigativo.

2.2.3- O objectivo da investigação

Constitui o fim que se quer alcançar com a investigação. É como porto a que é
dirigida uma embarcação. A actividade humana é orientada por fins que são
determinados por objectivos.

O objectivo geral na investigação deve ser redactado claramente, de maneira a


expressar explicitamente o que se quer alcançar e deve estar estritamente
relacionado com outros elementos do desenho teórico.

É importante não confundir o objectivo geral da investigação com o objectivo de


ensino ou educativo (objectivo da aula).

Para melhor coerência é necessário que o objectivo da investigação não esteja


desenquadrado do problema científico. Isso significa que sua redação deve
estabelecer relação com o problema, como se pode observar na tabela
subsequente.

Objectivos Problema Científico

Níveis Verbos Níveis Pronomes


interrogativos

47
Nível de Diagnosticar, caracterizar, Nível de Qual...?
conhecimento Investigar, demostrar, conhecimento
Quais...?
estruturar, descrever,
determinar, Identificar, medir,
Provar, Examinar...

Nível de ajuda Propor, Traçar, Sugerir, Nível de Que...?


ou intervenção Divulgar, Elaborar, Criar, ajuda
Como...?
Diminuir, Dirimir, Aplicar...

Nível Relacionar, Diferenciar, Nível Qual...? Quais...?


Correlacional Correlacionar, Comparar... Correlacional
Que...? Como?

Por que...?
Será...?

Nível Argumentar, Deduzir, Nível Por que...?


Hermenêutico Criticar, Contrastar, Hermenêutico
Será...?
Sintetizar, Interpretar, Inferir,
Contrariar...

2.2.4- Pressupostos hipotéticos: A hipótese, perguntas científicas, ideia


reitora e ideias a defender.

Hipóteses

É uma suposição, predição ou conjectura cientificamente fundamentada que


constitui uma provável resposta antecipada ao problema científico, sendo
expresso em forma de enunciado afirmativo, onde se caracterizam as variáveis de
estudo ou se estabelecem as relações entre duas ou mais variáveis, tanto de tipo
associativo ou causal. Esta, formula uma ideia ou série de ideias prováveis, como
solução antecipada ao problema estabelecido e que é necessário demonstrar para
chegar a formulação das teorias científicas. No plano cognitivo a hipótese

48
representa uma forma especial de conhecimento com certa probabilidade de ser
verdadeiro. No processo investigativo ao comprovar-se ou refutar-se a hipótese,
passar-se-á do conhecimento provável ao verdadeiro, solucionando-se o
problema.

A constatação empírica da hipótese conduz a um conhecimento objectivo,


autêntico, tanto se esta é confirmada, como se é refutada. Entretanto, apenas a
partir da formulação da hipótese é que o problema se precisa e concretiza de tal
forma que é factível sua solução prática viabilizando-se a solução das vias,
métodos e procedimentos para alcança-la. Assim toda a investigação se articula
na comprovação ou refutação da hipótese.

Importa reter que na dialéctica do processo investigativo, as hipóteses não


permanecem imutáveis, mas que se vão transformando e rectificando na medida
em que são acumulados dados e factos; antes da sua formulação definitiva,
quando estariam suficientemente fundamentadas como para submetê-las a
constatação empírica, estas passam por um processo em que a conjectura inicial
que estabelece o investigador pode mudar ao adentrar-se no estudo teórico
documental.

Classificação de hipóteses:

1-Hipóteses descritivas

a)-A expectativa de entrada anual dos estudantes na ESP-Bié oscila entre 400 a
420 estudantes.

b) A motivação dos docentes da ESP-Bié aumentará durante o próximo ano


lectivo.

2-Hipótese Explicativas.

-Hipóteses Correlacionais

a)-A preparação metodológica do professor está relacionada com a qualidade da


turma (duas variáveis);

49
b)-A estabilidade familiar, a higiene escolar, as características do professor e a
influência familiar estão vinculadas ao rendimento escolar e com a motivação para
o estudo (mais de duas variáveis);

Quando se estabelece como estão associadas as variáveis, então alcança-se um


nível preditivo e parcialmente explicativo:

c)- Maior motivação para o estudo, maior rendimento escolar;

d)- Menor estabilidade familiar, maior desinteresse para o estudo;

e)- Melhor preparação do docente, maior qualidade da turma.

-Hipótese de diferença entre grupos

Existem diferenças estatisticamente significativas no aproveitamento docente em


matemática entre os grupos de estudantes que recebem as aulas através de uma
metodologia tradicional e os que recebem por uma metodologia baseada no
construtivismo piagetiano.

-Hipóteses que estabelecem relações de causalidade.

a)-A nova metodologia de ensino de matemática baseada no construtivismo


piagetiano provoca um maior aproveitamento nos grupos em que seja aplicada.

As hipóteses descritivas predizem características externas, superficiais dos


fenómenos estudados; expressam destes, frequência de aparição, fases no seu
desenvolvimento, associações e relações de concomitância, correlações, entre
outros, mas sem explicar os nexos causais, ou seja, sem explicar nos referidos
caos, quê variáveis constituem as causas (antecedentes) e os efeitos
(consequências). Por exemplo, quando se afirma que os alunos de pais
divorciados apresentam maior incidência de indisciplinas que os de pais não
divorciados, apenas se estabelece uma relação de concomitância, em função da
frequência associada observada, mas esta hipótese não permite demonstrar que
existe um vínculo causa efeito.

50
No caso das explicativas, conjecturam possíveis nexos internos, causais e
necessários entre os fenómenos. Revelam relações causa/efeito, e põem
manifestas as regularidades estáveis e essenciais e os mecanismos de
surgimento e desenvolvimento dos processos. Assim, para corroborar a suposição
de que a instabilidade familiar é a primeira causa da desistência escolar, é
indispensável um procedimento experimental rigoroso que possibilita isolar outras
variáveis intervenientes para chegar a certeza objectiva de que a relação
estabelecida é objectiva e irrefutável. Algumas hipóteses estabelecem relações
causais bivariadas em que apenas consideram duas variáveis, uma que actua
como causa e outra como efeito, enquanto em outros casos as relações são
multivariadas.

As hipóteses nulas (H0) são aquelas que negam ou refuta m a preposição contida
na hipótese de investigação, sendo então a compartilhada ou inversa desta.

Ex: H0 – A falta de motivação não é o agente causal do insucesso escolar;

Hi –A falta de motivação é o agente causal do fracasso escolar;

As hipóteses alternativas (Ha) representam neste sentido variantes diferentes


oferecidas na hipótese de investigação e a hipótese nula, como se pode observar
no seguinte caso:

Hi- Existe diferença entre os estudantes que dão matemática na base de uma
metodologia apoiada na teoria de Galparin no desenvolvimento de habilidades de
cálculo em relação aos que dão pela metodologia tradicional;

H0- Não existe diferença entre os estudantes que dão matemática na base de
uma metodologia apoiada na teoria de Galparin no desenvolvimento de
habilidades de cálculo em relação aos que dão pela metodologia tradicional;

Ha- Os estudantes que dão matemática na base de uma metodologia apoiada na


teoria de Galparin alcançam maior desenvolvimento de habilidades de cálculo do
que os que dão pela metodologia tradicional;

51
Requisitos da hipótese científica.

a)-Fundamentação teórica, lógica e empírica;

A hipótese científica é sempre uma suposição racional e sustentada com sólidas


raízes em toda soma de saberes teóricos, investigações e factos científicos
acumulados até o momento por outras investigações. Ao formular a hipótese deve
garantir-se que seja consistente com a teoria como corpo de conhecimentos e
objectivos provados, e com dados já verificados. Por isso deve ter coerência lógica
interna, não ser auto contraditória nem conter formulações inconsistentes.

b)-Capacidade preditiva;

A capacidade para predizer ou adiantar o desconhecido é diretamente


proporcional a nível da generalidade e de informação, e por conseguinte a sua
fundamentação teórica, empírica e lógica.

c)-Formulação adequada;

A formulação da hipótese deve ser clara, simples, precisa, compreensível ajustada


ao problema e ao objectivo da investigação. Deve conter conceitos que possam
ser interpretados empiricamente, eliminando palavras confusas, não coerentes
com o respectivo sistema categorial da ciência. Para a formulação da hipótese tem
que se ter em conta a sua estrutura e o tipo ou seja, descritiva ou explicativa.

d)-Generalidade;

A hipótese como conjectura a verificar na prática adianta em certa informação que


possui, dali que implica sempre uma generalização, extrapolação ou inferência. As
vias da generalização são: analogias, indução e dedução.

e)-Confirmação empírica;

A hipótese deve ser factível de confirmar directa ou indiretamente na prática


científica, social, produtiva, educacional etc.

f)-Informativa;

52
Faz-se referência a riqueza, profundidade e velocidade de seu conteúdo, o qual
deve ser capaz de explicar determinada esfera até agora desconhecida. Portanto,
deve refletir conteúdo de um objecto.

Variáveis da investigação.

São as características e propriedades qualitativas ou quantitativas de um objecto


ou fenómeno, que adquirem distintos valores, ou seja, variam em função as
unidades de observação. Por exemplo, a variável sexo pode ter dois valores:
feminino ou masculino. Também são vistas as variáveis como os diferentes
elementos que se estão incluindo no objecto ou fenómeno que se está
investigando. Por exemplo se estamos a investigar a formação e desenvolvimento
de habilidades para o trabalho com instrumentos no laboratório de Química,
algumas das variáveis são: quantidade de alunos de grupo de trabalho, idade dos
alunos, tamanho do laboratório, características do professor, horário das aulas,
metodologia de trabalho utilizada, estado dos instrumentos de trabalho, nível
motivacional dos alunos e dos professores, etc.

As variáveis podem também constituir constructos, quer dizer, conceitos criados


ou adaptados de maneira deliberada e consciente para um propósito científico
especial, neste sentido, todo constructo faz parte dos esquemas teóricos e está
relacionado de várias maneiras com outros constructos, além disso, se define e
especifica para que possa ser observado e mensurado.

Tipos de variáveis:

a)-Dicotómicas e politómicas;

Algumas variáveis são dicotómicas, adoptando dois valores que se excluem


mutuamente, como é o caso do sexo (M/F), vivo ou morto, aprovado ou reprovado.
Outras são politómicas, quando tomam um conjunto de valores, por exemplo: O
índice de desenvolvimento humano dos diferentes países do mundo; Quantidade
de estudantes de um grupo; O Coeficiente de inteligência; O nível de escolaridade
etc.;

53
b)-Contínuas e descontínuas;

As variáveis contínuas são as que adoptam um conjunto ordenado de valores


dentro de certa categoria. Tais valores refletem mais ou menos uma ordem
hierárquica; um maior valor da variável significa que a propriedade em questão se
possui em um grau superior e vice/versa.

As descontínuas ou discretas apenas podem tomar determinados valores que


coincidem com números inteiros, são susceptíveis de adquirir valores fixos,
número de alunos de uma turma, número de cadeiras de um curso, etc.

c)-Independentes, dependentes e estranhas ou não experimentais.

Nas experimentações é comum o uso de variáveis dependente e independente,


estranhas ou não experimentais.

A variável independente é a suposta causa da dependente, e esta é o suposto


efeito, segundo se evidencia na seguinte relação de carácter lógico formal:

Se A então B.

A, variável independente ou antecedente

B, variável dependente ou consequente

A relação entre as variáveis independentes e dependentes pode ser directa,


ficando explícito o facto de que “A é a causa de B”. Por exemplo, se os pais são
divorciados, então haverá maior abandono dos estudos pelos filhos
(adolescentes). Mas em outros casos, a relação é indirecta, e se produz através
da acção de variáveis intermédias o que implica a seguinte lógica: Sobre
determinadas condições X, Y e Z a variável A é a causa de B”. Por exemplo,
“sobre a direcção de um bom professor, se aplica uma nova metodologia se
aumenta em 30% o rendimento académico.

Na experimentação, a variável independente é a manipulada pelo experimentador,


por exemplo, a aplicação de uma nova metodologia de ensino. A dependente não

54
é manipulada; senão observada para explicar ou caracterizar os efeitos
desencadeados pelo factor de variação; por exemplo, o rendimento académico
como consequência da nova metodologia de ensino aplicada. Diz-se então que as
variáveis manipuladas são independentes, e as consequências são as
dependentes, o resto das presentes no sistema investigativo são as estranhas ou
não experimentais.

Uma vez estabelecidas as variáveis a estudar, há que defini-las, levando a cabo


uma conceptualização e uma operacionalização destas, ou seja, a partir de
posições teóricas adaptada.

Faz-se referência a riqueza, profundidade e velocidade de seu conteúdo, o qual


deve ser capaz de explicar determinada esfera até agora desconhecida.

2.2.4.1-Perguntas científicas.

Existe atualmente uma polémica entre os estudiosos da metodologia de


investigação científica sobre a utilização das hipóteses para a solução dos
problemas científicos ou sua substituição por perguntas científicas.

Os especialistas estabeleceram que a solução de problema pode ser alcançada


decompondo-se em sub-problemas, a resolver durante o processo de
desenvolvimento da investigação que se convertem em perguntas científicas que
dirigem o processo de investigação de forma particular. Cada uma constitui uma
parte essencial do problema científico estabelecido na investigação.

Um aspecto fundamental das perguntas científicas é relativo a sua formulação já


que não existe regras nem algoritmo de trabalho para estas.

Outro aspecto importante refere-se ao número de perguntas científicas. Não existe


um número predeterminado; na realidade são as necessidades para orientar
metodologicamente o processo investigativo em dependência, como já se disse do
carácter do problema de investigação formulado.

2.2.4.2.-A ideia reitora

55
Como seu nome indica, é uma ideia que reitoria a investigação, é como um juízo
hipotético, pois estabelece a solução antecipada do problema. Dali que muitos
metodólogos defendem ser uma hipótese sem os requisitos desta, além disso não
necessita a contradição empírica com o rigor no controlo das variáveis que precisa
a hipótese.

2.2.4.3.-Ideia (s) a defender.

Constituem um conjunto de ideias básicas, reitoras que se defendem na


investigação. Não existe a norma de um determinado número, depende das que o
autor considera necessárias. Sua função fundamental é servir como elemento
metodológico orientador no processo investigativo. Constituem ponto referencia
que guia o investigador ao objectivo geral da investigação e também constituem
juízos hipotéticos estruturados de forma um pouco mais complexa.

2.2.5.-Tarefas/Objectivos específicos da investigação.

Constituem acções a executar pelo investigador, tanto intelectuais como práticas.


As primeiras são relativas aos aspectos teóricos, por exemplo no trabalho de
sistematização de conceitos para conformar o marco teórico da investigação e as
práticas dizem respeito ao chamado “trabalho de campo” que é a aplicação de
instrumentos de investigação para obter determinados dados; por exemplo,
quando é aplicado o questionário de um inquérito a determinada amostra.

As tarefas da investigação permitem uma orientação concreta ao investigador. Os


autores propõem que ao desenhá-las, deve-se elaborar com estas um
cronograma, onde sejam expressadas além das tarefas os métodos a serem
empregues e as datas de cumprimento. Esta forma de trabalho dá a possibilidade
de planificar com precisão o momento de término da investigação, tanto como os
períodos de tempo que se desenvolverá cada etapa, e o mais importante, saber
num determinado momento o estado em que se encontra a investigação.

As tarefas devem ser formuladas como acções cognitivas a jeito de orientações


concretas, em função dos conhecimentos e dos resultados parciais que se vão

56
alcançar com o cumprimento, e é sugerido ter em conta cada uma das etapas da
investigação de modo a contemplar uma ou mais tarefas para cada uma das
etapas de acordo com as necessidades específicas.

2.2.6.- Introdução da investigação

O objectivo principal da introdução é situar o leitor no contexto da investigação.


Este deve perceber claramente o que foi estudado, como e porquê, as
dificuldades, limitações encontradas, as bases teóricas gerais e os resultados.

A introdução tem um carácter didáctico de apresentar o que foi investigado, tendo


em consideração o leitor a q ue se destina e especificamente a finalidade da
investigação.

A introdução deve ser formulada em uma linguagem simples, clara e sintética,


colocando aquilo que é necessário para que o leitor tenha uma ideia objectiva do
que vai ser tratado.

Para José Carlos Koche (2002), na introdução devem ser considerados os


aspectos subscritos:

 A justificativa destaca a importância do tema abordado tendo em vista o


estágio do actual da ciência, as sua divergências polémicas ou
contribuição que pretende proporcionar à investigação para o problema.
 O problema deve ser exposto de forma clara e precisa para fácil
compreensão pelo leitor. No geral é exposto em forma de enunciado
interrogativo, situando a dúvida dentro do contexto da ciência ou perante
uma dada situação empírica. Deve ser clara para o leitor a natureza do
problema investigado, as variáveis que o compõem, o tipo de relação que
foi analisada.
 Os objectivos devem delimitar a pretensão do alcance da investigação, o
que se propõe fazer, quê aspectos pretende analisar. Estes podem servir
como complemento para a delimitação do problema.

57
 As definições pertinentes à compreensão do problema devem ser
explicitadas. Importa aqui realçar que somente as estritamente necessárias
devem ser colocadas na introdução.
 A metodologia deve esclarecer a forma que foi utilizada na análise do
problema proposto. Em investigações descritivas e experimentais devem
ser detalhados os principais procedimentos, técnicas e instrumentos
utilizados na colecta de dados das observações ou dos testes das
hipóteses, de forma a que o leitor tenha uma noção do roteiro utilizado. O
leitor deve ter os elementos necessários para poder compreender,
identificar e avaliar os procedimentos utilizados na investigação. A
caracterização da amostra também faz parte desta descrição.
 O marco teórico deve ser citado de forma sintética na introdução, apenas
servindo para o leitor identificar a linha teórica que serviu de base para a
investigação, uma vez que o detalhe é feito no corpo do trabalho
(desenvolvimento).
 As hipótese, no caso de investigações descritivas e experimentais, devem
ser apresentadas, como as possíveis soluções ou explicações que
orientaram o processo da investigação, mostrando o que a investigação
pretendeu testar. De lembrar que não há hipóteses se a investigação for
exploratória ou bibliográfica.
 As dificuldades ou limitações devem ser expostas desde que sejam
relevantes.
2.2.7.-Contributo prático.

Numa monografia de licenciatura é prematuro falar de contribuição à teoria pela


complexidade e profundidade da pesquisa para atingir a este nível, porém a
contribuição à prática é a mais modesta neste tipo de pesquisa, pois que por
norma estas se propõem a instrumentos práticos para resolver o problema ou
aproximar a situação atual a desejada.

2.2.8.-A elaboração teórica.

O estudo e sistematização das teorias precedentes que podem ajudar na análise

58
do problema a investigar constituem o marco teórico da investigação. A
elaboração do marco teórico é feita mediante conceitos, magnitudes, variáveis,
leis e modelos que existem na ciência, e que se sistematizam com o objectivo de
determinar em que medida estes contribuem a solucionar o problema investigado
e em que medida são insuficientes.

2.2.9.- O trabalho com as fontes

Para começar a revisão da literatura, se recomenda a consulta de expertos e de


centros de informação científica, o que orienta posterior trabalho com as diferentes
fontes de consulta como: a literatura, vídeos, documentos e outros de diversas
origens.

As fontes literárias podem ser de diferentes tipos: fontes primárias tais como:
livros, artigos, revistas, monografias e outros; as fontes secundárias são os
resumos e referências; como fontes terciarias temos os compêndios, diretórios de
títulos, revistas, autores, organizações científicas e outras.

Na recompilação da bibliografia ou de qualquer outra fonte tem que ser cuidadoso


no registo da informação que esta oferece: título do trabalho, autor, ano da
mesma, edição, editorial; caso seja retirada de: revista, livro, vídeo, entrevista, e
tudo o que possa ser de utilidade na sua localização. Além disso deve concentrar-
se a informação que possa ser de interesse a conformação do marco teórico.

Como resultado da revisão da literatura se pode chegar a seguintes conclusões:

1. Existe uma teoria científica capaz de descrever ou explicar o problema da


investigação.

2. Existem várias teorias ou generalizações empíricas demostradas e que são


aplicáveis ao problema de investigação.

Nestes dois casos estamos em presença de uma investigação de


desenvolvimento em que se aplicam teorias já existentes a situações novas, mas

59
que não requerem a elaboração de um novo modelo teórico.

3. As teorias existentes não explicam na plenitude o problema investigado, e há


necessidade de aludir a elementos teóricos gerais e desenvolver uma nova teoria
que dê solução ao dito problema. Neste caso estamos em presença de uma
investigação científica, que necessita da imaginação e criatividade por parte do
investigador.

2.2.9.1.- Marco ou fundamentos teóricos na investigação científica: revisão


das fontes bibliográficas. Construção do marco teórico - referencial da
investigação.

No início da investigação os autores ficam imbuídos numa multiplicidade de


interrogações, um desconforto que impele o investigador a busca de melhor
compreensão.

A elaboração do marco teórico não é somente reunir informação, mas que se deve
relacionar, integrar e sistematizar, contribuindo em alguma medida na
conformação de um novo modelo teórico. Este não é um aporte teórico porém
requer a capacidade de síntese e enfoque do investigador.

O erro comum no investigador principiante é que confunde o marco contextual e o


marco teórico. O primeiro faz referência as características do meio, ou seja, aquilo
que precisa, tudo o que roda o objeto de investigação ou ao seu campo de acção.
O marco teórico é o existente sobre o objecto ou campo. Assim por exemplo, caso
a investigação se refira ao processo ensino-aprendizagem da disciplina de
Matemática no curso de engenharia industrial, o dito marco teórico, consiste no
estudo e sistematização de todos livros, programas e outros materiais
metodológicos, dessa disciplina, ou pelo menos do ensino da Matemática para
engenheiros, aos quais tem que extrair e sistematizar seus fundamentos
conceptuais.

O quadro teórico é escolhido quando os conhecimentos sobre o aspecto, facto ou


fenómeno em estudo estão avançados a ponto de se destacar posições de uma

60
teoria e formular juízos hipotéticos quanto a relação entre os conceitos ou
variáveis. No entanto o quadro conceptual não provém necessariamente de uma
teoria que tornaria explicita a relação prevista entre as variáveis, porém é produto
do agenciamento dos conceitos, feito pelo investigador. Este é mais baseado
sobre dados empíricos. Neste o investigador agencia os conceitos e subconceitos
de maneira que eles possam ser descritos e suas relações examinadas (Côté &
Filion, 2009).

Segundo, Côté & Filion (2009:121), o quadro conceptual “é uma breve explicação
de um conjunto de conceitos e subconceitos interligados e reunidos em razão da
suas relações com o problema da investigação”.

A referida explicação gira em torno dos conteúdos dos escritos sobre o domínio
de conhecimentos ligados ao tema em estudo, do modelo conceptual ou de dados
empíricos. Na sua elaboração o autor organiza os conceitos na base de suas
relações de modo a conceder uma precisa orientação à formulação do problema,
as perguntas e a consequente interpretação dos resultados. No entanto, o quadro
conceptual é menos específico que o quadro teórico e informal no que tange as
relações entre conceitos

2.2.9.2.-Funções principais do marco teórico.

A elaboração do marco teórico começa desde o momento que se formula o


problema, em que é necessário saber seus antecedentes teóricos para precisar se
o problema tem um carácter científico ou não. O marco teórico desempenha as
seguintes funções:

 Ajuda a definir o problema a investigar;


 Evita tomar um rumo errado no processo da investigação;
 Contribui ao estabelecimento de um modelo teórico e a uma hipótese de
trabalho;
 Elucida o estudo de novos problemas de investigação.
A elaboração do marco teórico tem duas tarefas no processo de investigação:

61
1. Revisão da literatura - mediante a qual se consulta, extrai e recopila a
informação relevante sobre o problema a investigar.

2. Sistematização das teorias existentes que possibilita determinar o grau em que


a mesma explica o problema científico a investigar.

Portanto, referencial teórico “é a construção de uma base conceptual organizada e


sistematizada do conhecimento disponível pertinente a ser pesquisado”
(Rodrigues, 2007:14).

2.2.10.-Elaboração de diversos tipos de fichas

As técnicas de fechamento das leituras

Para Marília Freitas de Campos Tozoni-Reis (2007), em sua obra Metodologia da


Pesquisa Científica 2ª Edição, revela que a dificuldade comum entre os
pesquisadores iniciantes, é o fichamento das leituras. Essa preocupação, presente
durante todo o processo de pesquisa, acompanha-o e deve ser sistematizada de
tal forma a torná-la mais produtiva. O pesquisador iniciante precisa refletir sobre a
necessidade de empreender, no processo de pesquisa, esforços de disciplinar -se
para enfrentar todas as etapas exigidas por esse processo com a maior
organização possível, pois isso o torna mais produtivo e prazeroso. Nesse sentido,
vejamos algumas contribuições para a organização do fichamento das leituras.

Para Inácio-Filho (1995) citado por Marília Freitas de Campos Tozoni-Reis (2007),
o fichamento das leituras deve ter informações completas sobre autor e obra,
informações do contexto histórico da produção da obra, resumo da obra,
identificação do objetivo, identificação da tese (ideia original defendida pelo autor),
identificação do referencial teórico (conceitos, categorias e pressupostos),
informações sobre as fontes e referências utilizadas pelo autor.

Se pode ver abaixo algumas técnicas práticas para essa atividade recomendadas
por Salomon (2004, p. 123):

1.Considerar material de documentação tudo que julgar importante e útil em

62
função de seus estudos e da futura vida profissional;

2. A fonte da documentação serão as leituras, as aulas, os seminários, os grupos


de discussão, as conferências;

3. Os meios de como e onde guardar as documentações pessoais poderão ser


conseguidos através das seguintes indicações:

a) evitar longas transcrições, uma vez que não compensam;

b) assuntos ou anotações a serem extraídos de livros próprios não precisam ser


transcritos. Apenas anotam o título e a fonte do cabeçalho de uma ficha.
Título, aqui, é o nome que se dá ao assunto, por iniciativa própria,
coincidindo ou não com o próprio título dado pelo autor daquilo que se lê.
Fonte, aqui é: 1) obra, livro, revista etc., referenciado com o nome do autor,
título da obra, local, editora, página e, se preciso, lugar onde encontrou o
livro; 2) o local, o ano, os conferencistas etc., quando se tratar desse tipo de
origem da informação;

c) as anotações devem ser guardadas em fichas ou em pastas apropriadas


para colecionar recortes, apostilas e tipos semelhantes de documentos;

d) indica-se o Hábito de lançar os resultados das aulas, lições, leituras em


fichas. Em vez de em cadernos. Tal sistema, além de ajudar
proveitosamente nos momentos de repasse para exames ou situações
semelhantes, promove boa armazenagem para o futuro;

e) na medida do possível fazer as transcrições, anotações, resumos à máquina


que já constitui uma ferramenta do estudante e do trabalhador intelectual
moderno (O autor esclarece aqui que isso ele escreveu em 1969,
recomendando, hoje, o uso do microcomputador);

f) providenciar seu fichário e arqui vo para atender às indicações que serão


dadas a seguir. No princípio as gavetas da escrivaninha e até uma caixa de
papelão ou de madeira podem atender satisfatoriamente;

63
g) se o estudante já tinha o hábito de documentar-se, mas o fazia em cadernos
e agora percebe a conveniência de aderir ao sistema de fichas, poderá
recuperar todo o material guardado, adotando um sistema prático de
transcrever para as fichas apenas os títulos e páginas do caderno onde se
encontra. O “ideal” seria, entretanto, rever anotação por anotação e copiar
em fichas as que lhe interessam manter.

Como já se fez referência, as fichas bibliográficas são um tipo de documento que


se utiliza para guardar a informação requerida para identificar um livro ou qualquer
documento escrito.

O tamanho da ficha fica a critério de cada um. Não deverá ser muito pequeno, a
fim de não sacrificar os apontamentos e resumos. Nem muito grande, por motivo
de economia e comodidade no manuseio. Aponta-se, como sugestão, os
seguintes tamanhos já universalmente conhecidos: 20 X 12,5cm, 20 X 25cm ou 25
X 15cm.

Os dados que contêm a ficha bibliográfica são:

O título do livro, nome do autor, editorial, ISBN (numero de identificação única do


livro, tema principal, número de páginas para as fichas de investigação.

Exemplo:

Titulo: O miúdo.

Autor: Alfredo Maria de Jesus Paulo.

Editorial: Atlas

ISBN: 979999127809

2ª Edição , 2012

Kuito-Angola

64
Tema: As melhores glórias da vida.

Para poupar espaço e gastos, pode-se anotar nos dois lados da ficha. Nesse
caso, a prática tem mostrado que a melhor maneira para facilitar o manuseio é
fazê-lo no sentido inverso da frente da ficha (isto é, de cabeça para baixo).

Ao se anotar na ficha, deve-se ter bastante cuidado em transcrever com fidelidade


(nome do autor, título da obra, página, o texto etc.), a fim de, futuramente, não se
ter de perder tempo em relocalizar a obra para verificar a procedência. Evitam -se
assim citações inadequadas.

Como na ficha podem ser lançadas transcrições, anotações, resumos, pontos de


vista do leitor que não são do autor, é preciso que se estabeleça um código a fim
de identificar a natureza desse material todo, por exemplo: as aspas (“...”) para
citação, o asterisco ao lado (*) para designar resumo, duas barras (//) para indicar
que se trata de ideias pessoais e não do livro etc.

Uma vez decidido o tamanho da ficha, há que mantê -lo para todas elas e adquiri-
las em grande quantidade. Essa providência, além de constituir um especto
psicológico de fator motivacional, evita perdas irrecuperáveis de tempo. Não é
necessário que se adquiram fichas já prontas nas papelarias. É até mais
econômico e mais de acordo com as necessidades específicas mandar cortá-las
numa tipografia. O papel pode ser do tipo “40g”, que não é fino nem muito
encorpado. Quem tem hábito de escrever à máquina (ou microcomputador) pode
não precisar de linhas no papel para escrever à mão, não precisa adquirir folhas
pautadas, o que proporciona notável economia e maior praticidade.

Tipos de fichas de conteúdos

 Ficha de resumo: inclui um resumo do exposto pelo autor, recolhendo as


ideias principais, é importante ao resumir não perder a ideia central do
extraído.

 Ficha de comentário pessoal: contém a interpretação do investigador do

65
texto consultado, aporta o conhecimento do investigador e sua experiência.
É um dos mais importantes no processo de redacção do trabalho do próprio
investigador. Devem ser marcadas com as iniciais CP ( Comentário
pessoal).

 Ficha de citação textual: reproduz exatamente as palavras expostas pelo


autor, deve ser respeitada a redacção e ortografia original, o texto deve
estar entre vírgulas altas.

 Ficha de dados: como seu nome revela, contém dados como: cifras, datas,
nomes ou lugares que correspondem com o tema investigado.

Estas fichas constituem um instrumento necessária para a investigação


bibliográfica, etapa inicial de todo processo de investigação.

Em suma, as fichas permitem: Identificar obras, conhecer seu conteúdo, fazer


citações, analisar material, elaborar críticas.

Citações: São trechos literais da obra de um autor consultado; de textos baseados


em sínteses pessoais que reproduzem as ideias do autor da obra consultada; e de
textos em que o autor do trabalho não tem acesso ao original.

Existem duas formas de citar: a indireta ou parafraseada, a directa ou textual.


Tendo em conta a norma da APA podemos ter como exemplos as seguintes:

A indirecta ou parafraseada – Reproduzir as ideias de um autor expressando-na


por nossas próprias palavras. Existem três formas de fazê-lo.

a-Numa investigação recente sobre sinistralidade rodoviária (Paulo, 2014),


detetou-se que…

b- Numa investigação recente, detetou-se que a sinistralidade rodoviária pode ser


drasticamente reduzida na base de programas de sensibilização massiva da
população (Paulo, 2014).

66
c- Paulo (2014) detetou que a sinistralidade rodoviária pode ser drasticamente
reduzida na base de programas de sensibilização massiva da população.

Directa ou textual- Usar as palavras do outro autor sem fazer qualquer alteração
no texto original. (Curta com até 40 palavras ou três linhas). Ex.

a-Maito (2014), concluiu que a “depressão é fatal para as pessoas hipertensas” (p.
250).

b- A investigação concluiu que a “depressão é fatal para as pessoas hipertensas”


(Maito, 2014, p. 250).

(Longa com mais 40 palavras ou mais de três linhas). Ex.

a-Numa investigação sobre depressão Maito (2014), concluiu que:

A depressão é fatal para as pessoas hipertensas leva a


çççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççç
çççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççç
çççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççç
çççççççççççççççççççç (p. 250).

b- Numa investigação sobre depressão ficou concluído que:

A depressão é fatal para as pessoas hipertensas leva a


çççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççç
çççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççç
çççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççç
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çççççççççççççççç (Maito, 2014, p. 250).

67
TEMA III. Os Métodos da investigação científica

3.1- Desenho metodológico.

Uma vez concluído o desenho teórico da investigação, na qual os investigadores tomam


uma série de decisões estratégicas importantes que determinam as características da
investigação e definem o que vai ser feito, como e quando, é imprescindível então decidir
e planificar outra série de aspectos dirigidos fundamentalmente ao aspecto metodológico
da investigação, onde é definida a população e amostra, os métodos, as técnicas e os
procedimentos, a estratégia investigativa a seguir as análises estatísticas a empregar.

Como se pode inferir, ambos desenhos são importantes e não se pode prescindir de
nenhum. No final ambos se unem e conformam o desenho ou o projecto da investigação.

Tipo de estudo

Como já foi referido no tema um em que dentro da multiplicidade de inesvtigações foram


avançadas algumas classificações seus aspectos e critérios pautados para as supra
referidas classificações. Importa lembrar que o planeamento de uma investigação
depende tanto do problema a ser investigado, sua natureza e situação espaçotemporal
em que se encontra, quanto a natureza e nível de conheciemento do investigador. Isso
significa que pode haver um número sem fim de tipos de pesquisa.

3.1.1-Métodos e técnicas: métodos do nível teórico, empírico e estatístico a


empregar. Características e critérios para sua selecção e aplicação. Instrumentos.

Um elemento imprescindível no desenho da investigação são os métodos de


investigação. O emprego dos métodos cientificamente fundamentados é uma premissa
para a produção de novos conhecimentos.

Como já foi dito anteriormente, nas investigações sociais existe uma tendência de
estabelecer relações entre o qualitativo e o quantitativo e não assumir paradigmas
exclusivos de alguma destas tendências, já que apenas a quantificação de um resultado
não nos pode dar o rigor, senão também suas valorações qualitativas.

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Não se pode afirmar que uns sejam mais importantes que os outros, sensivelmente cada
tipo tem suas funções bem delimitadas, ainda que todos se integrem para alcançar os
objectivos da investigação.

A medida que o sujeito se aproxima ao objecto na investigação responde a dois níveis de


conhecimento: O teórico e o empírico. Portanto, os métodos que o permitem serão
teóricos e empíricos. Os primeiros expressam uma relação do sujeito com o objecto em
função do processo de assimilação, profundidade, e plenitude com que o sujeito reflete as
qualidades e as propriedades do objecto se associa as capacidades racionais do homem.
O teórico como depositário conceptual, não emana de forma imediata.

Os métodos teóricos permitem revelar as relações essenciais do objecto da


investigação, não observáveis diretamente. Participam na etapa de assimilação de factos,
fenómenos e processos e na construção do modelo e hipótese da investigação.

Os métodos empíricos revelam e explicam as características fenomenológicas do


objecto. Este são fundamentalmente empregues na primeira etapa de acumulação da
informação empírica e na terceira a de comprovação experimental da hipótese de trabalho
no caso. Ao longo de toda a investigação os métodos teóricos e empíricos de
conhecimento estão dialecticamente relacionados.

Os métodos e procedimentos teóricos da Investigação Científica (Virginia Sierra e


Carlos M. Alvarez (S\D)).

A conformação de uma teoria que explica o objecto que se estuda pressupõe modelar o
dito objecto, quer dizer, abstrair um conjunto de características e relações desse objecto,
que explica os fenómenos, factos e processos que se investigam.

Os métodos teóricos cumprem uma função epistemológica importante, já que possibilitam


a interpretação conceptual dos dados empíricos encontrados. Os métodos e
procedimentos teóricos criam as condições para ir mais além das características
fenomenológicas e superficiais da realidade, permitem explicar os factos e aprofundar nas
relações essenciais e qualidades fundamentais dos processos, factos e fenómenos.
Desde modo contribuem no desenvolvimento das teorias científicas. Nos métodos
teóricos estão compreendidos toda uma série de procedimentos que possibilitam a
assimilação teórica da realidade e que se adequam as condições em se vai desenvolver a
investigação, tais como:

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Análise/Síntese, são dos procedimentos teóricos que cumprem funções importantes na
investigação científica.

A análise é um procedimento mediante o qual um todo complexo se decompõe em suas


diversas partes e qualidades. Permite a divisão mental do todo em suas múltiplas
relações e componentes.

A síntese estabelece mentalmente a união entre as partes previamente analisadas e


possibilita descobrir as relações essências e características gerais entre elas. A síntese
se produz sobre a base dos resultados obtidos previamente na análise. Possibilita a
sistematização do conhecimento.

No processo de investigação científica predomina a análise ou a síntese em detrimento da


tarefa cognoscitiva que aborde o investigador. O certo é que estas operações não existem
independentemente uma da outra.

O movimento do concreto sensorial ao abstracto e desde ao conc reto pensado, é


efectuado sobre a base da prática e compreende procedimentos como a análise e a
síntese.

A abstração é um procedimento importantíssimo para a compreensão do objecto.


Mediante esta se destaca a propriedade ou relação das coisas e fenómenos. O
procedimento da abstração não se limita a destacar e isolar alguma propriedade e relação
do objecto, mas que trata de descobrir o nexo essencial oculto e inacessível ao
conhecimento empírico.

A indução e dedução são procedimentos teóricos de fundamental importância para a


investigação.

A indução é um procedimento mediante o qual a partir de factos singulares se passa a


proposições gerais, o que possibilita desempenhar um papel fundamental na formulação
de hipóteses. Este procedimento da investigação está sempre unido a dedução, ambos
são momentos do conhecimento dialéctico da realidade indissoluvelmente ligados e
condicionados entre si.

A dedução é um procedimento que se apoia nas asseverações e generalizações a partir


das quais se realizam demostrações ou inferências particulares. As inferências dedutivas

70
constituem uma cadeia de enunciados cada um dos quais é uma premissa ou conclusão
que se segue diretamente segundo as leis da lógica.

Na atividade científica a indução e a dedução complementam -se: Do estudo de


numerosos casos particulares, através da indução chega-se a determinadas
generalizações, leis empíricas, que constituem pontos de partida para definir ou confirmar
formulações teóricas. Destas formulações teóricas são deduzidas novas conclusões
lógicas que são submetidas a comprovações experimentais. Dali se pode notar que
somente a complementação mútua entre estes procedimentos pode proporcionar um
conhecimento verdadeiro sobre a realidade.

Em diferentes momentos da investigação pode predominar um ou outro procedimento,


atendendo as características das tarefas que realiza investigador.

Este conjunto de procedimentos e outros não explicados são usados indistintamente na


aplicação dos métodos teóricos, tais como:

Reproduzir teoricamente um objecto no pensamento em toda sua objetividade e


concretização, significa compreende-lo no seu desenvolvimento, história e sua lógica. Na
diversidade dos métodos teóricos são destacados os métodos históricos e lógicos.

O método histórico (tendencial) está vinculado ao conhecimento das distintas etapas dos
objetos em sua sucessão cronológica; para conhecer a evolução e desenvolvimento do
objecto ou fenómeno de investigação é necessário revelar sua história, as etapas
principais de seu desenvolvimento, assim como as conexões históricas fundamentais.

Os métodos lógicos investigam as leis gerais e essenciais do funcionamento e


desenvolvimento dos fenómenos. O lógico reproduz-se no plano teórico, o mais
importante do fenómeno histórico, o que constitui sua essência. Estes métodos refletem o
objecto nas suas conexões mais essenciais, oferecem a possibilidade de compreender
sua história. Os métodos lógicos expressam em forma teórica, a essência do objecto, a
necessidade e a regularidade, explica a história do seu desenvolvim ento, reproduz o
objecto em forma superior e madura. Estes métodos permitem unir o estudo da estrutura
do objecto de investigação e a concepção da sua história.

71
O estudo da história do objecto em toda sua diversidade com seus desequilíbrios e
qualidades, conduzem a compreensão da sua lógica, de suas leis de desenvolvimento
internas e suas casualidades.

Mediante o método histórico é analisada a trajetória concreta da teoria, seu


condicionamento nos diferentes períodos da história. Os métodos lógicos são bas eados
no estudo histórico, pondo em manifesto a lógica interna de desenvolvimento de sua
teoria e daí o conhecimento mais profundo desta, de sua essência. A estrutura lógica do
objecto implica sua modelação.

Métodos lógicos:

Métodos hipotético-dedutivo

Um investigador propõe uma hipótese como consequência de suas inferências do


conjunto de dados empíricos ou de princípios ou leis mais gerais. No primeiro caso
elabora a hipótese mediante procedimentos indutivos e no segundo caso com
procedimentos dedutivos.

Existem hipóteses não comprováveis diretamente. Para isso, o investigador deduz


formulações particulares que são validáveis na prática.

O método hipotético dedutivo é a primeira via de inferências lógico dedutivas para chegar
a conclusões particulares a partir da hipótese para que depois possam ser comprovadas
experimentalmente.

A dita comprovação reafirma a validação da lei particular e da hipótese geral em que se


sustentou.

Exemplos:

a)-A hipótese que estabelece o sistema de princípios da teoria cinético molecular, pode
ser comprovada se inicialmente é deduzida desses princípios as leis particulares dos
gases perfeitos (Boyle-Mariott, Gay-Lussac) que posteriormente são comprovados na
prática.

b)-As leis gerais da teoria didáctica possibilitam deduzir destas regularidades particulares,
como podem ser o incremento relativo do tempo das disciplinas básicas específicas na

72
formação do profissional de perfil amplo, o que é comprovado na elaboração dos planos e
programas de estudo submetidos a prática.

O método hipotético-dedutivo desempenha um papel essencial no processo de verificação


da hipótese. Tem um grande valor heurístico, já que possibilitam adiantar e verificar
novas hipótese da realidade, assim como inferir conclusões a partir do sistema de
conhecimentos que já se possuem.

O método hipotético-dedutivo é aplicado em análises e construção das teorias científicas,


possibilitando a sistematização do conhecimento científico ao deduzi-lo de um número
limitado de princípios e hipóteses gerais. Este unifica o conhecimento científico num
sistema integral que apresenta uma estrutura hierarquizada de princípios, leis, conceitos e
hipótese.

Além da referida estrutura estão os princípios de maior nível de generalização, abstração


e força lógica, a partir dos quais são se deduzem e explicam leis e hipótese de menor
nível de generalização e abstração.

Método genético

A análise do objecto de investigação com um enfoque genético, método genético, implica


a determinação de certo campo de acção elementar que se converte em célula do
objecto. Na dita célula estão presentes todos os componentes do objecto assim como
suas leis mais transcendentes. A Dita célula é tão sensível, que seu desmembramento em
subsistemas é ainda mais diminuta e impossível, na medida em que os mesmos não
possuem as propriedades mais gerais que caracterizam o todo.

Exemplos:

a)-No estudo do processo de ensino e aprendizagem, aplicando o método genético,


permitiu concluir que sua célula é a tarefa docente, na qual estão todos os componentes
e leis do dito processo.

b)-O elemento de todos os seres vivos é a célula biológica, que possui todas as funções
essenciais deste objecto de estudo.

Método de modelação

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O crescimento do papel do método da modelação na investigação científica, é
determinado antes de tudo, pela lógica interna do desenvolvimento da ciência; em
particular, pela frequente necessidade de um reflexo mediador da realidade objectiva que
é o modelo. Na análise do método de modelação encontramos uma enlace intermedio
entre o sujeito e o objecto de investigação; que é o modelo. A modelação é justamente o
método mediante o qual são criadas abstrações com vista a explicar a realidade. O
modelo como substituto do objecto de investigação se nos apresenta como algo
semelhante a este, onde existe uma correspondência objectiva entre o modelo e o
objecto, ainda que o investigador é o que propõe especulativamente o dito modelo.

No modelo revela-se a unidade do objectivo e o subjetivo. O objectivo em seu conteúdo


relaciona-se com a comunidade de estruturas do modelo e do objecto numa determinada
relação, enquanto que o elemento subjetivo está vinculado com a necessidade prática e
real que tem o sujeito de resolver o problema. É por isso que a condição fundamental da
modelação é a determinada relação entre o modelo e o objecto modelado. A medida em
que seja alcance a dita comunidade está concebida pela necessidade prática para a qual
é executada a operação de modelagem e a investigação como tal, a que é determinada
pelo sujeito, escolhendo uma alternativa de acordo com seus critérios.

A modelação é o método que opera de forma prática ou teórica com um objecto, não em
forma direta, senão utilizando certo sistema intermédio, auxiliar, natural ou artificial, que:

1-Se encontra em determinada correspondência com o objecto do conhecimento;

2-Em determinadas etapas do conhecimento o modelo está em condições de substituir,


em certas relações, o objecto que se estuda;

3-No processo de suas investigação oferece em última instancia, informação sobre o


objecto que nos interessa.

De realçar que o objecto de investigação é a expressão superior da modelagem, é o


modelo sistémico estrutural.

Método sistémico

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O método de investigação sistémico está dirigido a modelar o objecto mediante a
determinação dos seus componentes, assim como as relações entre estes.

Essas relações determinam por um lado a estrutura do objecto e por outro sua dinâmica,
seu movimento.

A estrutura é consequência da ordem que estabelecem as relações em que determinados


componentes adquirem uma maior hierarquia e outros se subordinam, o que conforma a
organização estética do sistema, do modelo e do objecto que se quer refletir.

Além de que, as relações são também a expressão do comportamento do sistema em que


um componente é função dependente de outro. Essa relações se convertem nas leis de
movimento do objecto.

O comportamento do objecto sobre a base das leis ou relações manifesta-se nas funções
do sistema. Deste modo, a função não é mais que uma propriedade que manifesta o
sistema (o objecto) em seu movimento, em suas relações com o meio, sobre a base da
sua estrutura interna.

O método estrutural funcional é convertido deste modo em uma via fundamental para a
explicação do objecto de investigação.

Método dialéctico

Um método de investigação científica também fundamental é o método dialéctico. Este


método revela no objecto não apenas as relações entre os componentes do sistema, mas
também aqueles elementos que são contraditórios entre si e que como consequência
dessas contradições se convertem em fontes de desenvolvimento do mesmo objecto.

A procura e encontro dessas relações contraditórias possibilita explicar as mudanças


qualitativas que se produzem no sistema que afecta a estrutura da mesma dando origem
a um novo objecto.

Os métodos empíricos da investigação científica

Os métodos de investigação empírica suportam toda uma série de procedimentos práticos


com o objecto e métodos de investigação que permitem revelar as características
fundamentais e relações essenciais do objecto; que são acess íveis a contemplação
sensorial. Os métodos de investigação empírica, representam um nível no processo de

75
investigação cujo conteúdo procede fundamentalmente da experiência a qual é submetida
a certa elaboração racional e expressado numa linguagem determinada. Dos quais temo

Método de observação científica

A observação científica como método consiste na percepção direta do objecto de


investigação. A observação investigativa é um instrumento universal da ciência. Esta
permite conhecer a realidade mediante a percepção direta dos objetos e fenómenos. A
observação como procedimento pode ser usada em distintos momentos de uma
investigação mais complexa: na sua etapa inicial é usada no diagnóstico do problema a
investigar e é de grande utilidade no desenho da investigação. No transcurso da
investigação pode converter-se em procedimento próprio do método utilizado na
comprovação da hipótese. Ao finalizar a investigação, a observação pode chegar a
predizer as tendências e desenvolvimentos dos fenómenos, de uma ordem maior de
generalização.

A observação científica apresenta as seguintes qualidades, que a diferenciam da


observação espontânea ou casual.

A observação científica é consciente; e é orientada para o objectivo ou fim determinado. O


observador deve ter um conhecimento cabal do fenómeno e objecto a observar para que
seja capaz, dentro do conjunto de características possíveis a observar, selecione os
aspectos que foram definidos como variáveis dependentes ou independentes da hipótese
de trabalho.

A observação científica deve ser cuidadosamente planificada, onde para além de ter em
conta os objectivos, o objecto e sujeito da observação, os meios com que se realiza e as
condições ou contexto natural ou artificial onde se produz o fenómeno objecto de
observação , assim como as propriedades e qualidades do objecto a observar.

A observação científica deve ser objectiva: ela deve estar despojada o mais possível de
todo elemento de subjetividade, evitando que seus juízos valorativos possam serem vistos
reflectidos na informação registada, para isso tem que se garantir:

a)-Através da observação é recolhida a informação de cada um dos conceitos ou


variáveis definidas na hipótese de trabalho, no modelo. O cumprimento desse aspecto
leva a afirmar que a observação é válida.

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b)-O guia da observação deve ser suficientemente preciso e claro para garantir que
diferentes observadores o apliquem em simultâneo e seja entendido de mesma maneira
em como aplicá-lo. O cumprimento desse requisito leva a afirmar que a observação é
confiável.

Importância da observação

Historicamente a observação foi o primeiro método científico a ser aplicado, durante muito
tempo constituiu o modo básico de obtenção da informação científica. A observação como
método científico nos permite acerca do comportamento do objecto de investigação tal
como este se manifesta na realidade, é uma maneira de obter a informação direta e
imediata sobre o fenómeno ou objecto que está sendo investigado. Esta, estimula a
curiosidade, impulsiona o desenvolvimento de novos factos que podem ter interesse
científico, provoca levantamento (anúncio) de problemas científicos e de hipóteses
correspondentes. A mesma pode ser aplicada em concomitância a outros procedimentos
científicos ou técnicas (a entrevista, o questionário, etc.) o que permite a comparação dos
resultados por diferentes vias, que se complementam e permitem obter uma maior
precisão da informação recolhida.

A observação como método de científico permite investigar o fenómeno diretamente, na


sua manifestação mais externa, no seu desenvolvimento, sem que chegue a essência do
mesmo, nas suas causas, daí que na prática se trabalhe simultaneamente com outros
métodos como: a mensuração e a experimentação.

Tanto as ciências sociais como as naturais e técnicas de observação, como método


científico podem ser aplicadas de diferentes formas:

Observação simples – é realizada com certa espontaneidade, por uma pessoa de


qualificação adequada para a mesma e deve ser executada de forma consciente e sem
pré-juízos.

Observação sistemática – Requer um controlo adequado que garanta a maior


objetividade, sendo realizada de forma reiterada e por diferentes observadores, inclusive
para garantir a uniformidade dos resultados.

Observação participativa – O observador faz parte do grupo observado e participa nele


durante o tempo que dure a observação.

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Observação não participante – O observador realiza a observação de fora, não faz
parte do grupo investigado.

Observação aberta – Em que os sujeitos-objetos da investigação sabem que vão ser


observados. Quando é aplicado este tipo de observação analisa-se previamente se o
facto de que os observados tenham conhecimento sobre a observação da sua conduta,
não afecta os resultados da observação. Caso contrário o melhor é aplicar a observação
secreta.

Observação secreta ou fechada – As pessoas que são objecto de investigação não


sabem. O observador está oculto, se auxilia com meios técnicos que na maioria dos
casos não são de fácil aquisição. Esta investigação é mais objectiva.

A semelhança dos autores anteriores, Julío Cerezal Mesquíta e Jorge Fíallo Rodríguez,
em sua obra, Como investigar em Pedagogia (2009), apresentam a seguinte classificação
das observações:

-Atendendo a participação do observador: Observação participativa ou aberta em que o


observador está envolvido direta ou indiretamente com o objecto facto, fenómeno ou
processo que se esta a investigar; e a observação não participativa ou fechada em que o
observador não se relaciona diretamente com o objecto facto, fenómeno ou processo que
se esta a investigar.

-Quanto aos meios empregados: temos a estruturada ou sistémica- em que o observador


pode utilizar um leque de meios técnicos como, gravadores, câmaras fotográficas, etc., e
a não estruturada em que o observador não faz uso dos meios anteriormente
mencionados.

-Em função do lugar em que se leva a cabo a observação: Temos a real ou natural – a
que é realizada no lugar em que acontece o facto, fenómeno ou processo que se
investiga; e a de laboratório em que o facto, fenómeno ou processo que se investiga que
se investiga ocorre num ambiente criado pelo investigador.

A organização da observação é determinada por uma multiplicidade de factores tais


como: Tipo de objecto sobre o qual se investiga, características pessoais do observador,
métodos, procedimentos e técnicas que requerem a observação, magnitude a observar,
maios com que se conta para a observação e outros. Uma vez tidos em conta todos

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esses factores, se elabora um plano de observação em se deve precisar: Objecto,
magnitude e variáveis a observar, tempo de duração da observação e o resultado
esperado. A partir disso se elabora um programa de observação, determinados pelas
interrogações que têm que ser esclarecidas mediante a mesma.

Método Experimental

O experimento dentro dos métodos empíricos é o mais complexo e eficaz. Surge como
resultado do desenvolvimento da técnica e do conhecimento humano, como
consequência do esforço que realiza o homem para penetrar no desconhecido através da
sua atividade transformadora. Este é o método de estudo empírico de estudo do objecto
com o qual o investigador cria as condições ou adequa as existentes, necessárias para o
esclarecimento das propriedades e relações do objecto úteis a investigação.

No experimento o investigador:

 Isola o objecto e as propriedades que estudam, das influências de


outros factores não essenciais que podem mascarar a essência do
fenómeno em relação a opinião do investigador;
 Reproduz o fenómeno objecto de estudo em condições controladas;
 Modifica as condições sobre as quais acontece o fenómeno de forma
planificada.
O objectivo do experimento pode ser, estabelecer determinadas leis, relações ou detectar
no objecto uma determinada propriedade; para verificar uma hipótese, uma teoria ou um
modelo.

O experimento está indissoluvelmente unido a teoria. Na teoria o problema é formulado


essencialmente como um problema teórico, um problema que se refere ao objecto
idealizado da teoria e que é experimentado para comprovar os conceitos teóricos
pertencentes a referida teoria.

As condições que rodeiam o objecto são as naturais ou artificias criadas pelo investigador
sob o qual é realizado o experimento com os meios e instrumentos adequados para o
mesmo. O facto de no experimento o investigador provoca o fenómeno que deseja
abordar, faz com que o método experimental apresente vantagem sobre os demais
métodos empíricos. No experimento é possível:

79
 A separação e isolamento das propriedades nas quais presta atenção
para o seu estudo, do meio que pode exercer influência sobre estas;
 O estudo do fenómeno em condições variadas;
 A reprodutividade do experimento.
A experimentação na investigação cria a possibilidade de estudar exaustivamente os
nexos ou relações entre determinados aspectos do processo, e pôr em manifesto as
causas condicionantes da necessidade do dito fenómeno.

Em ciências da natureza a realização do experimento é mais simples que em ciências


sociais já que é factível o isolamento das propriedades do objecto de estudo, e de toda
uma série de factores que podem influir sobres este; existindo na atualidade meios e
instrumentos adequados para a detenção e medição de ditas propriedades e magnitudes
que lhe caracterizam. A diferença nas ciências naturais, nas sociais a possibilidade de
isolamento das propriedades e reprodução artificial desta em condições de laboratório, é
quase impraticável devido a influência de múltiplos factores de forma permanente sobre o
objecto de estudo.

Nas ciências sociais, igual que em algumas ciências da natureza, o experimento é


realizado em condições naturais sob a influência de todos os factores que atuam sobre o
objecto de investigação introduzindo alguns elementos complementares que provocam
mudanças na situação experimental. Estas são denominadas experiências de campo.

Em experimentos de ciências sociais são criados dois pequenos grupos sendo um de


controlo e outro experimental nos quais se adaptam artificialmente as condições sob as
quais é realizado o experimento. Estes grupos são criados na base das características
homogéneas dos membros que os constituem.

Uma vez terminado o experimento são comprovadas as mudanças produzidas no grupo


experimental e de controlo para comprovar e fundamentar empiricamente o modelo
teórico definido na investigação. A partir da respectiva análise se decide a conveniência
ou não de introduzir mudanças em determinada esfera da sociedade.

Devemos lembrar sempre que o desenho a selecionar numa determinada investigação


depende do problema a resolver, dos objetivos a alcançar e da hipótese que propõe a
demostrar. Os desenhos experimentais em ciências sociais têm a dificuldade da
multiplicidade de variáveis que influenciam no fenómeno, o que a prior dificulta seu

80
isolamento e controlo da mesma. O número de pessoas selecionadas para o experimento
geralmente é pouco, dificultando deste modo a generalização dos resultados.

No entanto, nas investigações sociais em que é determinada a tendência de


comportamento do fenómeno, seus resultados podem mais ricos e válidos, na medida em
que se mede a influência das variáveis nas suas condições reais em toda sua magnitude,
não obstante a impossibilidade de réplica das mesmas. A avaliação da influência das
variáveis sobre o fenómeno pode ter maior nível de generalização.

O inquérito por entrevista e ou questionário, são métodos empíricos considerados pelos,


Dra. C. Virginia M. Sierra Lombardia e Dr. C. Carlos M. Alvarez de Zayas, como técnicas
de recompilação da informação em ciências sociais. No entanto, os autores, Dr, Julío
Cerezal Mesquíta e Dr.Jorge Fíallo Rodríguez, os consideram como métodos empíricos
complementares, na medida em que para estes, no trabalho de campo, além dos dados
que se podem obter através dos métodos empíricos fundamentais: a observação e a
experimentação em suas distintas modalidades é necessário completar a informação e
compará-la com a que pode ser oferecida pelas pessoas que de uma ou outra forma
estão, ou estiveram vinculadas com o objecto da investigação, ou que têm certo
conhecimento sobre o problema que se investiga.

Essa informação pode ser obtida através de interrogações ou formulações de perguntas


aos sujeitos. Para tal existem duas formas fundamentais: estabelecendo uma
conversação, colóquio ou dialogo direto com a pessoa ou grupo de pessoas, o que
denomina comummente como entrevista, em que se requere a presença do entrevistador,
ou aplicando um formulário de perguntas por escrito o que é denominado inquérito
(questionário).

Além da entrevista e questionário são utilizados outros métodos empíricos


complementários como a sociometria, as provas pedagógicas e os testes psicológicos, os
que têm grande aplicação nas investigações pedagógicas quando se pretende saber o
nível de relações entre grupos de pessoas, o nível de inteligência, atitudes,
desenvolvimento da personalidade, o rendimento académico ou outros factores. Vejamos
as características e particularidades desses métodos.

A interrogação permite ao investigador completar a informação obtida através da


observação; penetra no mundo anímico das pessoas, informa-nos a cerca de suas

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motivações, sentimentos, opiniões e percepções sobre o objecto de investigação. As duas
formas básicas de interrogação são: a direta, que se realiza através da formulação de
perguntas a uma pessoa ou grupo de pessoas (entrevista), ou a indireta que é efetuada
com a aplicação de um questionário escrito.

Tanto o inquérito como a entrevista, permitem saber as ideias ou apreciações que têm as
pessoas a cerca do que se lhes interroga. Cada um desses métodos tem suas vantagens
e desvantagens, por isso, a sua seleção está em dependência do tipo de investigação, da
amostra selecionada e do tempo que se dispõe para sua execução.

A entrevista é de grande utilidade para estudos de opiniões, e é recomendável quando se


deseja aprofundar em alguns aspectos específicos do tema de investigação, são
formuladas uma série de perguntas que permitem recolher a informação sobre
determinados indicadores, de uma ou mais variáveis do objecto da investigação. Neste
trabalho a distinção será a seguinte: a denominação de questionário ao instrumento
básico de inquérito e no caso da entrevista ao usual listado de perguntas que utiliza o
entrevistador para sua orientação durante o diálogo é denominado guia de entrevista.

Em alguns casos a guia de entrevista é integrada por um grupo de aspectos a indagar,


mas nem necessariamente em forma de perguntas, estas podem ser elaboradas pelo
investigador no próprio momento da entrevista. Alguns autores, ao questionário também
denominam cédula de entrevista “fazem a destrinça entre os dois dizendo que o
questionário é preenchido pela pessoa interrogada sem intervenção do investigador e a
cédula é preenchida pelo próprio investigador.

O inquérito. Principais características

O inquérito por questionário surgiu na Inglaterra nos trabalhos de Galton no ano de 1880
e foi introduzido posteriormente na América, fundamentalmente nos Estados Unidos.

O inquérito é um método empírico complementário de investigação que pressupõe a


elaboração de um questionário, cuja aplicação massiva permite conhecer as opiniões ou
valorizações que sobre determinados assuntos possuem os sujeitos selecionados da
população. Pela informação que se obtêm através da do inquérito por questionário, o
investigador pode conhecer os factores ou causas que geraram ou geram o fenómeno, as
valorizações dos sujeitos e as dificuldades enfrentadas no desenvolvimento de
determinada tarefa.

82
Principais características

 Elaborado previamente;
 Estrutura lógica e em muitas ocasiões fechada (rígida);
 O inquerido pode ler previamente o questionário;
 É respondido por escrito;
 No requere pessoa qualificada para aplicá-lo;
 O não deve ser muito extensivo;
 Sua duração deve estar num promédio de 20 a 60 minutos.
Este método empírico tem vantagens e desvantagens, dali a importância de sua seleção
de acordo com os objectivos da investigação.

Entre as vantagens se destacam as seguintes:

 Permite obter grande quantidade de informação com uma amostra


ampla;
 A informação é obtida num tempo relativamente breve;
 A sua aplicação é económica;
 Não requere especialização para aplicá-lo;
 Possibilidade de confiança por seu anonimato o que pode produzir
informações sinceras;
 Sua natureza impessoal, seu vocabulário normalizado, a ordem das
perguntas, são factores que asseguram uma certa uniformidade na
aplicação;
 As respostas podem ser obtidas por diferentes meios, incluindo por
correio ou internet;
Entre as desvantagens se destacam as seguintes:

 Em muitas ocasiões a formulação de perguntas torna -se difícil tendo


em conta os objectivos definidos;
 Nem sempre se tem segurança de que as perguntas foram bem
compreendidas;
 Existe uma margem de dúvidas se os inqueridos são ou não sinceros
nas suas respostas;

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 No caso de perguntas de tipo abertas, existe a possibilidade de que as
respostas que dão os inqueridos podem ser incompletas ou deturpadas;
 Não possibilita tratar com profundidade o conhecimento dos fenómenos
que se investigam.
A entrevista

A entrevista é o método complementário de nível empírico que consiste numa


conversação profissional de carácter planificado entre o entrevistador e os entrevistados.
A entrevista tem como principais objectivos, a obtenção de informações confiáveis sobre
factos e opiniões; enriquecer, completar ou constatar a informação obtida por emprego de
outros métodos de investigação.

O seu valor essência consiste na comunicação pessoal estabelecida entre o entrevistador


e o entrevistado, o que permite aprofundar suas opiniões, critérios, valorizações etc.

A entrevista pode ser utilizada em distintos momentos da investigação:

 Na etapa prévia para ter domínio do problema desde um ponto de vista


extensivo;
 Durante a recompilação dos dados para adquirir informações a cerca
de variáveis em estudo;
 Na etapa final da investigação para comprovar os resultados obtidos e
contrastar com as opiniões dos entrevistados.
Em comparação com o inquérito por questionário nota-se que este abarca de uma só vez
um numero grande de pessoas e é mais cómodo seu processamento da informação,
principalmente quando se trata de perguntas fechadas enquanto que a entrevista não
permite abarcar grande quantidade de pessoas, necessita de mais tempo, dificulta o
processamento da informação, requere muito cuidado na recolha de opiniões aos
entrevistados. Independentemente desses aspectos constrangedores é um método mais
flexível e operativo, além de que permite penetrar na essência e nas causas dos
fenómenos em estudo e é muito útil na fase de pilotagem da investigação.

Tipos de entrevista

Os tipos de investigação dependem dos critérios de classificação, dos quais temos os


seguintes:

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Em função da estrutura – Diretivas e não diretivas;

Em função do número de entrevistados – Individual e grupal;

Em função do objectivo – Informativa e de orientação;

A diretiva é a na qual o entrevistador estrutura e dirige o intercâmbio e pode ser


desenvolvida a partir da formulação de um guia de entrevista, conduzida de acordo com
um plano previamente estabelecido ou centrada em objectivos precisos. A não diretiva
tem por objectivo de explorar as atitudes e sentimentos dos entrevistados. A atitude do
entrevistador deve ser compreensiva tratando de representar-se as atitudes e sentimentos
do entrevistado.

É individual quando o entrevistado é apenas um sujeito. É utilizada para conhecer


opiniões, factos sentimentos e atitudes do entrevistado. A grupal é utilizada para saber
questões de interesse em relação a um grupo de pessoas, suas opiniões sobre
determinados fenómenos ou factos. Tem como requisitos:

 Estimular a participação de maior número de entrevistados;


 Dirigir as intervenções para os objetivos estabelecidos;
 Tratar de não influenciar nas ideias e opiniões dos grupo.
A maior dificuldade desse tipo de entrevista é que em certas ocasiões o que é
expressado no é na realidade o que se pensam e sentem todos e cada um dos
entrevistados do grupo, senão a opinião do líder.

A informativa tem como objectivo recolher informações sobre factos, fenómenos, opiniões
e atitudes dos entrevistados. Na de orientação, o objectivo do investigador é oferecer
informações necessárias para analisar determinadas situações y modificar atitudes dos
entrevistados.

Não se deve perder de vista que a entrevista deve ter um guia de entrevista.

O método sociométrico

Outro dos métodos empíricos complementário, além do inquérito por questionário e a


entrevista, também usado com frequência nas investigações sociais é o método
sociométrico. Este é aplicado fundamentalmente para saber ou determinar o nível de
relações que se estabelece entre grupos. O mesmo tem por objetivo o estudo,

85
mensuração e modelação das relações interpessoais em pequenos grupos de indivíduos.
É utilizado essencialmente para se saber o grau de coesão na relação entre pessoas do
mesmo grupo, tal como escolares, revelara as simpatias que existem entre os membros
de um grupo, em que eles próprios podem no dar-se conta ou não ter consciência dessa
situação.

Esse método é aplicável a qualquer grupo de indivíduos com certa permanência ou


estabilidade com maior destaque no âmbito educacional, industrial e militar. As
informações obtidas através da aplicação da sociometria uma vez analisada e
interpretada, permite ao responsável tomar uma série de medidas com o objectivo de
incidir na estrutura do grupo e na mudança da conduta dos membros. Tendo em conta o
anterior exposto a este método se atribuírem as seguintes funções:

Função diagnóstica – para saber as relações interpessoais pequenos grupos;

Função prognóstica – a partir da informação obtida selecionar as vias mais adequadas


com o objectivo de melhorar as relações entre membros do mesmo grupo;

Para a aplicação do método é necessário formular perguntas dirigidas a seleção de


maneira privada, de algumas outras pessoas do grupo com as que lhe agradaria
relacionar-se e participar para realizar determinada atividade, assim como também
selecionar a outras com as quais não gostaria participar na referida atividade.

Em dependência do tipo de pergunta são evidenciados dois tipos de grupos:

O psicogrupo – Formado com base de afinidades afectivas, quando o tipo de atividade é


informal (jogos, diversão, etc.,). Responde a perguntas tais como:

Quais são seus melhores amigos no grupo?

Quais são os companheiros do grupo com quem desejarias jogar, sair a um passeio,
etc.,?

O Sociogrupo – Se forma quando o tipo de atividade é mais formal. As perguntas a que


responde são do tipo:

Com que companheiros do grupo gostarias formar um grupo de estudo?

Com que três companheiros de seu serviço gostarias formar uma brigada de trabalho?

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Importa realçar que a afectividade influi tanto na escolha para o psicogrupo como para o
sociogrupo.

Os requisitos para aplicação da sociometria são:

1-Os limites do grupo, assim como os membros a selecionar devem ser indicados aos
sujeitos. Geralmente se pedem de três a cinco selecionados, assim como a precisão das
prioridades em ordem descendente.

2-Pedir que a escolha ou a rejeição seja feita em função de uma atividade específica.

3-Pedir que as escolhas sejam feitas em privado.

4-As perguntas devem ser ajustadas ao nível de compreensão dos membros do grupo.

5-Não necessita anunciar as pessoas que são rejeitadas nas escolhas.

6-Ocasionamente se pode pedir aos sujeitos que argumentem suas escolhas e rejeições.

7-Para crianças ou pessoas com dificuldades de falar ou escrever é empregue a seleção


mediante a palavra ou a ação, em função da situação.

Existem vários procedimentos para a aplicação do método, porém, qualquer que se


selecione é imperioso ter a confiança dos membros do grupo e garantir a discrição e
privacidade da informação obtida.

Entre os objectivos da aplicação do método se podem destacar os seguintes:

 Organizar equipas de estudo ou trabalho;


 Distribuir responsabilidades;
 Saber as relações interpessoais de membros de determinados grupos.
Algumas vantagens do método sociométrico

1-É aplicado como muita acessibilidade e rapidez;

2-É económico;

3-Permite representar as interações dos indivíduos dentro de um sistema social em


miniatura;

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4-Desperta o interesse e as motivações dos sujeitos, e atrai sua cooperação, na medida
em que se lhes explica que os resultados servirão para modificar o ambiente social
segundo seus desejos;

5-A partir do conhecimento das relações interpessoais do grupo o responsável pode


dominar a dinâmica deste;

6-Oferece um grau de conhecimento para julgar a interação dos membros do grupo no


grupo e em função disso conformar grupos de trabalho ou outra atividade.

Algumas limitações do método

As limitações do método estão circunscritas no facto de que sua aplicação implica uma
caracterização das relações interpessoais no grupo de pessoas num momento e em
determinadas situações e em unção das perguntas formuladas; pelo que os resultados
obtidos não devem ser considerados definitivos ou invariantes, já que as caracterizações
dos sujeitos podem ser modificados por diversos factores e o comportamento do grupo
ser diferente.

Os testes Psicológicos

Os testes ou provas psicológicas são muito variadas e de diferentes estruturações , razão


pela qual se torna difícil expor uma definição ao respeito. No entanto no dicionário de
Psicologia de H. C. Warren, é definida a prova psicológica como “Exame rotineiro de
indivíduos que pertencem a um mesmo grupo, com objetivo de determinar a posição
relativa de um individuo no grupo em função de um ou mais características mentais,
capacidades motoras, etc., ou para comparar um com coim outro na base destas
características.

A prova também é conhecida em psicologia com o nome de inglês test.

De forma geral, os testes psicológicos consistem numa série de tarefas que se estruturam
para serem desenvolvidas em determinadas condições e cujos resultados valorizados
quantitativa e qualitativamente permitem estabelecer o nível alcançado no
desenvolvimento psíquico.

88
Estas provas podem ser dirigidas a obter informações a cerca do desenvolvimento da
memória, a percepção, o pensamento e outros processos psíquicos, o sistema de valores
morais, os motivos, interesses e outros aspectos da personalidade.

É importante fazer referência aos cuidados a ter na aplicação dos testes e dirigi-los
fundamentalmente a refletir a essência dos processos psíquicos que se desejam valorar.
O uso indiscriminado dos testes no aspecto social já teve consequências negativas, pois
que muitas vezes foi usado como meio para justificar diferenças sociais.

Tipos de testes e suas características

Existem muitos tipos de testes, são classificados em função de distintos critérios.


Mesquita e Rodríguez (2004), classificam em função do que se pretende estudar.

1-Teses que estudam aspectos cognitivos da personalidade – estes compreendem os


testes de inteligência, capacidades ou atitudes. Esta categoria abrange todas as provas
que de alguma maneira, estudam o êxito dos sujeitos perante determinadas tarefas
preconcebidas de acordo com suas funções cognoscitivas. Como exemplo temos os
testes de medir habilidades psicomotoras, destreza manual, ritmo, velocidade, atitudes
em diferentes esferas.

Para evadir as dificuldades do idioma ou em sujeitos com dificuldades de falar são usados
testes de matrizes progressivas dirigidas a estudar a capacidade para perceber relações.
O sujeito deve completar figuras, a partir da seleção da parte que falta.

2-Testes que estudam aspectos afectivos-volitivos da personalidade – o objectivo deste


tipo de teste é valorar a esfera emocional, as necessidades, os sentimentos e outros
aspectos não cognitivos da personalidade, como: o carácter, temperamento, sentimentos
valores, interesses, impulsos, estado de ânimo, pressões ambientais, etc.. Um exemplo
deste tipo de testes são as provas projetivas em que são apresentadas ao sujeito
diferentes figuras ou lâminas de pessoas, animais ou paisagens, para que relate uma
história a cerca do que se apresenta e a partir do seu comentário e da forma de realiza-lo
é feita uma avaliação pelo investigador.

Em geral se trata de evocar recordações e provocar comentar relativos a problemas e


experiencias vividas em temas como: problemas familiares, rivalidade entre irmãos,
relação pai filho, valorações sobre a escola, sobre os professores agressão, ect.

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Os requisitos para a aplicação das provas psicológicas são:

1-Estabelecer uma relação de confiança e simpatia entre a pessoa que testa e os


testados;

2-Dar as instruções necessárias aso testados antes de iniciar o teste;

3-As condições do local de realização do teste devem ser as mais adequadas possíveis.

Análise do conteúdo teórico

A documentação com informação teórica refere-se às teorias, aos modelos e os quadros


conceptuais que fundamentam e estão na base de um problema de investigação.

Análise do conteúdo teórico deve estar assente na revisão crítica da bibliografia, desde a
revisão da literatura que consiste no desenvolvimento de um texto que sintetiza e integra
contributos de diferentes autores sobre a matéria em estudo estabelecendo ligações entre
eles e expondo a problemática comum. A análise do conteúdo teórico permite determinar
o nível dos conhecimentos até ao momento, do problema em estudo. A revisão do
conteúdo teórico revela a determinação dos conceitos e teorias que servem de quadro
referencial do lado e do outro, permite realçar os aspetos fortes e fracos dos estudos
analisados.

A análise do conteúdo é um método de tratamento e análise de informações colhidas por


meio de técnicas de colecta de dados, consubstanciadas em um documento. A técnica se
aplica à análise de textos escritos ou de qualquer comunicação (oral, visual, gestual)
reduzida a um texto ou documento. Segundo Badin, citado por António Ch. (2010:98), é “
um conjunto de técnicas de análise de comunicação” que contém informação sobre o
comportamento humano atestado por uma fonte documental.

Como já se fez referência, o objetivo da análise de conteúdo é compreender critic amente


o sentido das comunicações, seu conteúdo manifesto ou latente, as significações
explícitas ou ocultas (Chizzotti, A. 2010). Na descodificação de um documento podem ser
usados uma variedade de procedimentos para alcançar o significado profundo das
comunicações nele expostas. Não existe definição absoluta do procedimento a adequado,
sua escolha depende do documento a ser analisado, dos objectivos da investigação tendo
em consideração a posição ideológica e social de quem o analisa. Tais procedimentos

90
podem privilegiar um aspecto da análise, se decompondo um texto em unidades léxicas
(análise lexical) ou classificando-o segundo categorias (análise categorial), seja
desvelando o sentido de uma comunicação no momento do discurso (análise de
enunciação) ou revelando os significados dos conceitos em meios sociais diferenciados
(analise de conotações), ou seja, utilizando-se de qualquer outra forma inovadora de
descodificação de comunicações impressas, visuais, gestuais etc., aprendendo o seu
conteúdo explícito ou implícito.

A finalidade da aplicação dessa técnicas supra referenciadas é reduzir o volume amplo de


informações contidas em uma comunicação a algumas características particulares ou
categorias conceptuais que permitam passar dos elementos descritivos à explicação ou
investigar a compreensão do atores sociais no contexto cultural em que produzem a
informação ou, enfim, verificação a influencia desse contexto no estilo, na forma e no
conteúdo da comunicação.

Métodos estatísticos

O método de medição

A observação fixa a presença de uma determinada propriedade do objecto observado ou


uma relação entre objectos. Para a expressão de seus resultados não são suficientes os
conceitos qualitativos e comparativos, mas que é necessário a atribuição de valores
numéricos a ditas propriedades e relações para avaliar e representá-las adequadamente.

Quando se inicia um estudo de fenómenos totalmente desconhecidos, parte-se pala


elaboração de conceitos qualitativos, o que permite uma classificação dos objectos da
região estudada. Depois são estabelecidas determinadas relações entre os conjuntos de
objectos semelhantes com auxílio de conceitos comparativos, o que permite classificar os
objectos em conjuntos de objectos que tenham qualidades semelhantes.

O uso de conceitos comparativos pode servir de base para a introdução de conceitos


quantitativos, quer dizer, conceitos que designam a qualidade medida. O trânsito dos
conceitos qualitativos aos comparativos e destes aos quantitativos é realizado apenas
mediante posições teóricas.

91
A medição é o método que se desenvolve com o objectivo de obter informação numérica
acerca da propriedade ou qualidade do objecto ou fenómeno, em que se comparam
magnitudes mensuráveis e conhecidas.

O valor numérico de uma propriedade é atribuído pela diferença de valores entre


magnitudes comparadas. Se pode conceber que a medição é a atribuição de valores
numéricos as propriedades dos objectos. Ainda que a medição constitui uma das formas
de conhecimento empírico, os procedimentos de medição são determinados por
considerações teóricas. Nesta é necessário ter em conta o objecto e a propriedade que se
vai medir, a unidade e o instrumento de mensuração, o sujeito que a realiza e os
resultados que se pretendem alcançar.

O uso dos conceitos quantitativos e a introdução nela de métodos qualitativos exactos da


investigação indicam o nível de desenvolvimento da ciência. Em ciências sociais é cada
vez mais necessário predizer com maior exatidão o curso dos fenómenos sociais assim
como atingir a expressão uniforme dos resultados na investigação, que se alcança
mediante a sua expressão numérica. Nas ciências sociais, naturais é técnicas não basta
com a realização das medições, mas que é necessário a aplicação de diferentes
procedimentos que permitam revelar as tendências, regularidades, e as relações no
fenómeno objecto de estudo, um desses procedimentos são estatísticos mais importantes
são descritivos e inferências.

Os procedimentos da estatística descritiva permitem organizar e classificar os indicadores


quantitativos obtidos na medição revelando-se através destes as propriedades, relações e
tendências do fenómeno, que em muitas ocasiões não são percebidas a simples vista de
maneira imediata. As formas mais frequentes de organizar a informação neste caso é em
tabelas de distribuição de frequências, gráficos, e as medidas de tendências central como:
mediana, média, moda e outros.

Os Procedimentos da estatística inferencial são empregues na interpretação e valorização


quantitativa das magnitudes do fenómeno que se estuda, neste caso determinam as
regularidades e relações quantitativas entre propriedades sobre a base de cálculo da
probabilidade de ocorrência. Entre as técnicas mais aplicadas da estatística inferencial
está a prova de qui-quadrado, análise factorial, a correlação, regressão linear e outros
que devem ser aprofundados em estatística descritiva.

92
3. 2. - Recolha da informação. População e amostra: definição de população e
amostra. Representatividade da amostra. Critérios e tipo de selecção da amostra.

Definição da população da pesquisa (amostra ou corpus).

Qualquer pesquisa é baseada em levantamento ou coleta de dados, isto é, na operação


de coleta do material básico para descrever e analisar o problema. O tipo de variável e a
forma de mensurá-la vão depender de cada investigação e deverão estar previamente
discutidos e planejados quando do delineamento proposto.

A amostragem é o acto de obter uma amostra de uma população. A população pode ser
entendida como um conjunto de elementos, com características comuns. A amostra é,
então, uma parte da população que se espera seja representativa da mesma. Existem
situações em que a amostragem é imperativa quando da realização da pesquisa (quando
a população é muito grande, quando há destruição da unidade para a coleta da
informação, entre outras). Há também os problemas de ordem ética que obrigam ao uso
de amostras (teste de novas drogas, vacinas, técnicas cirúrgicas, e outras). Uma situação
mais ampla é aquela, típica da experimentação, em que a população de estudo é
hipotética e a amostra é parte real desta população.

A amostra pode ou não ser probabilística. Será probabilística quando cada unidade da
população tiver a mesma chance de fazer parte da amostra. Por ex: Em um levantamento
de 100 propriedades rurais produtoras de leite tipo B de uma região, para se selecionar
uma amostra de 10 propriedades que entrarão no estudo, o pesquisador pode optar por:

I - amostra probabilística: enumera as propriedades de 1 a 100 e sorteia 10 delas;

II - amostra não probabilística: opta por 10 propriedades cujos donos se mostraram


propensos a permitir o estudo (voluntários) ou escolhe as 10 propriedades de mais fácil
acesso (intencional).

Sempre que possível a amostragem deve ser probabilística, pois este é um requisito para
os testes estatísticos. Na prática, dificilmente se consegue delimitar a população e as
unidades amostrais são sorteadas dentre as disponíveis. Assim, para a comparação do
ganho de peso proporcionado por duas ou mais dietas, o experimentador dispõe de um
lote de animais e, dentro deste lote, sorteia cada um dos elementos para receber um dos
tratamentos.

93
Segundo Lakatos e Marconi (1995), existem 3 métodos básicos de amostragem:
naturalístico, intencional, aleatório. Método naturalístico: o primeiro método de amostrar,
denominado de naturalístico ou "cross-sectional sampling" procede à seleção de um total
de n indivíduos a partir de uma grande população e, então, verifica a presença ou a
ausência das características A e B em cada indivíduo. Somente o tamanho amostral total
(n) é determinado à priori para a coleta dos dados. Muitos trabalhos de pesquisa são
conduzidos desta forma. Método intencional: o segundo método de amostrar, as vezes
denominado amostragem intencional, propõe a seleção e o estudo de um número
predeterminado, n1 de unidades com a característica A1 e n2 unidades com a

característica A2. O interesse da amostragem intencional é verificar se as duas


populações amostradas (A1 e A2) diferem com relação à uma variável B (B 1 e B2).

Método aleatório: o terceiro método de amostrar, indicado como aleatório, é semelhante


ao método intencional, em que duas amostras (A1 e A2) de tamanho predeterminado (n1
e n2) são comparadas. No entanto, o método aleatório exige que estas amostras sejam
constituídas casualmente, o que não ocorre no método intencional.

O método aleatório é a base dos ensaios comparativos controlados: de um total de n


indivíduos são sorteados n1 para receber aleatoriamente um tratamento controle (A1) e
os remanescentes (n - n1 = n2) recebem o tratamento experimental (A2).

Manuel João Vaz Freixo, na sua obra Metodologia Científica Fundamentos Métodos é
Técnicas 2ª Edição (2010:185), classifica em amostra probabilísticas e não
probabilísticas.

Para o autor em referencia, as técnicas de amostragem probabilísticas são:

Amostra aleatória simples – Amostra probabilística em que se escolhem os elementos de


um conjunto segundo técnicas que permitem a cada elemento ter uma probabilidade igual
de fazer parte da amostra.

Amostra aleatória estratificada – Amostra de tipo probabilística em que os sujeitos são


escolhidos por um método utilizando o acaso no interior dos estratos predeterminados.

Amostra em cachos - Amostra de tipo probabilística em que os sujeitos são escolhidos de

94
forma aleatória em cachos em vez de por unidade.

Amostra sistemática – Quando se procede a uma amostra sistemática, o primeiro


elemento é escolhido aleatoriamente numa lista e a partir desse ponto cada nome da lista
é escolhido num intervalo fixo.

As técnicas de amostragem não probabilísticas:

Amostra acidental – Amostra de tipo não probabilística em que os elementos que


compõem um subgrupo são escolhidos em razão da sua presença num local, num dado
momento.

Amostra por quotas - Amostra de tipo não probabilística em que os sujeitos sãos
escolhidos por apresentarem certas características procuradas.

Amostra por seleção racional - Amostra de tipo não probabilística em que os elementos
da população são escolhidos por causa da correspondência entre as suas características
e os objectivos do estudo.

Amostragem por redes - Amostra de tipo não probabilística que visa recrutar sujeitos que
são difíceis de encontrar, utilizando para o efeito redes de amigos.

3.3. - A análise e a interpretação dos dados recolhidos através da estatística.


Normas para as referências bibliográficas.

A recolha de dados é um aspecto fundamental na elaboração da parte empírica de um


trabalho, por isso deve ser bem preparada. O objectivo desse capítulo é oferecer algumas
diretrizes básicas para o desenvolvimento das actividades de pesquisa nessa temática.

A coleta de dados pode ser orientada a partir das seguintes reflexões: Como será o
processo de coleta de dados? através de que meios? por quem? quando? onde?

Tabulação dos dados: Como organizar os dados obtidos?

Recursos: índices, cálculos estatísticos, tabelas, quadros e gráficos

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Análise e discussão dos resultados: Como os dados coletados serão analisados?

Como já se fez referência em capítulos anteriores, para a colecta de dados, a planificação


é primordial para o desenvolvimento da pesquisa científica. Assim, definidos tema, objeto,
problema, tipo e campo de pesquisa, a etapa seguinte é a coleta de dados, que também
deve ser planificada.

Após a definição do projeto, o desenvolvimento da pesquisa parte da coleta de dados e


informações, tecnicamente levantados, analisados e interpretados visando sua correta
utilização conforme o objetivo da pesquisa.

Entenda-se por técnica o conjunto de preceitos ou processos utilizados por uma ciência
ou arte. No caso de pesquisas de campo, é necessário analisar e interpretar os dados
obtidos, mediante técnicas estatísticas para a devida elaboração do relatório de
sustentação do trabalho científico. Cabe ainda à técnica o encadeamento lógico do
trabalho a ser apresentado, cuja redação deverá ser concisa, clara e objetiva, visando
facilitar o entendimento pelo leitor.

Definidos as fontes de dados e o tipo de pesquisa, devem-se abordar as técnicas de


pesquisas e a coleta de dados. Normalmente, faz-se uma pesquisa bibliográfica prévia, de
acordo com a natureza da pesquisa, passa-se em seguida aos detalhes desta,
determinam-se as técnicas a serem utilizadas na coleta de dados, a fonte da amostragem,
que deverá ser significativa, isto é, representativa e suficiente para apoiar conc lusões, e
as técnicas de registo desses dados e as de análise posterior.

Dentre as técnicas de pesquisa e coleta de dados são destacadas as seguintes:


observação, entrevista, questionário, formulário, medidas de opinião e de atitudes, história
de vida, discussão em grupo análise de conteúdo, testes, sociometria, pesquisa de
mercado, etc.

A apresentação dos dados coletados na base das técnicas supra referidas, no relatório
final da pesquisa, vir em forma de texto, acompanhados ou não de tabelas, quadros,
mapas, gráficos ou demais ilustrações que facilitem sua leitura. No entanto, é importante
que, nos estudos qualitativos, os dados quantitativos sejam apresentados sempre na
perspectiva das análises qualitativas. Vejamos algumas normas sobre tabelas, quadros e
figuras.

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A apresentação de quadros e tabelas deve estar redigida pelas normas da instituição
orientadas deste um instrumento legal ou na base de uma instituição com credibilidade
para o efeito como por exemplo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(Pasquarelli, 2004).

Para pasquarelli (2004:11), figuras são “desenhos, fotografias, foto micrografias,


organogramas, esquemas etc., com os respectivos títulos precedidos da palavra figura e
do número de ordem em algarismo arábico. Os títulos devem ser colocados abaixo das
figuras. No texto devem ser indicados pela abreviatura Fig. acompanhada do número de
ordem”.

Denomina-se quadros a apresentação de dados de forma organizada para cuja


compreensão não seria necessário qualquer elaboração matemático-estatística. A
identificação se fará com o nome do elemento Quadro, por extenso, seguido do número
de ordem em algarismo arábico. Outros elementos do quadro deverão ser descritos de
acordo com o padrão usado para apresentação tabular. O título deve ser apresentado
logo após o quadro.

As tabelas são conjuntos de dados numéricos, associados a um fenômeno, dispostos


numa determinada ordem de classificação. Expressam as variações qualitativas e
quantitativas de um fenômeno. A finalidade básica da tabela é resumir ou sintetizar dados
de maneira a fornecer o máximo de informações no mínimo de espaço.

Componentes principais e secundários das tabelas

(GIL, 1991. Adaptado) Título – informações sobre o conteúdo, local e época dos dados
apresentados.

Cabeçalho – conteúdo da tabela. Corpo – informações do fenômeno estudado (dados)


apresentados nas linhas e colunas. Obs: as “células” das tabelas devem ser,
preenchidas com dados ou com sinais (-). Coluna indicadora – especifica o conteúdo das
linhas. Rodapé – informações sobre a fonte dos dados apresentados. Nota – de
presença optativa, esclarece o conteúdo apresentado. Chamadas – facultativas,
informam detalhes de determinada parte.

Análise dos dados através da estatística

97
“A colecta de dados não é um processo acumulativo e linear cuja frequência, controlada e
mensurada, autoriza o pesquisador, exterior à realidade estudada e dela distanciado, a
estabelecer leis e prever fatos” (Chizzotti, A. 2010:89).

Importa realçar que os dados são colhidos, interactivamente, num processo de não linear
mas de “idas e voltas”, nas distintas etapas de investigação, na interação com a equipa de
trabalho e a população alvo.

Como já de domínio são várias as ferramentas que estão ao dispor do investigador para
que este proceda â sua investigação. É necessário que se tenha o devido cuidado para
selecionar o método mais adequado no tratamento e análise dos dados, face à estratégia
desenhada, bem como os paradigmas assumidos. Por exemplo, uma abordagem
quantitativa usará técnicas relacionadas com o tratamento de um grande número de
variáveis e observações. Terá a necessidade de fazer uma análise focalizada na procura
de padrões de relacionamento em variáveis, e ou relações de causalidade entre diversas
variáveis dependentes e (diversas) variáveis independentes. Pelo contrário, uma
abordagem mais quantitativa procurará usar técnicas que lhe permitam ter uma
percepção mais completa de uma realidade mais restrita. Ou seja, não usando um
universo tão vasto como usado pelas abordagens quantitativas, este paradigma de
investigação pretende absorver, ao máximo, os valores, crenças e processos de facto
social em análise, de maneira a dotar o investigador da visão do mundo através da
perspectiva dos atores que visa estudar. Independentemente das estratégias de
investigação adaptada (quantitativa/qualitativa) a questão gira em torno do melhor
tratamento que se pode dar as hipóteses definidas , que tipo de infirmação recolher, que
técnicas usar, e sobretudo, como testar estas hipóteses (Silvestre, H. E Araújo, J. 2012).

Na mesma dimensão, é sustentado o pensamento segundo o qual (...) “a finalidade de


uma pesquisa qualitativa é intervir em uma situação insatisfatória, mudar condições
percebidas como transformáveis, onde pesquisador e pesquisados assumem,
voluntariamente, uma posição reativa. No desenvolvimento da pesquisa, dados colhidos
em diversas etapas são constantemente analisados e avaliados. Os aspectos particulares
novos descobertos no processo de análise são investigados para orientar uma ação que
modifique as condições e as circunstâncias indesejadas” (Chizzotti, A. 2010:89).

Como já foi feito pronunciamento nas generalidades são vários os instrumentos de coleta
de dados empíricos, aplicados em dependência dos objectivos da investigação.

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No trabalho de campo com a aplicação de distintos instrumentos de recolha de dados,
são obviamente obtidas as informações necessitadas, propostas no projeto, e que
permitirão chegar a conclusões científicamente fundamentadas. Os investigadores têm a
noção de que os datos obtidos “em bruto” não nos dão informação clara, é necessário
forneçam informações que favoreçam penetrar na essênca, nos nexos genéticos, nas
causas, o que precisa processá-los, quer dizer, organizá-los, tabulá-los, apresentá-los e
analizá-los, de maneira que facilitem o trabalho investigativo. A ciência dedicada a esta
tarefa com dados é a Estatística.

Existe a estadística descritiva a inferencial. A primeira está dedicada a descrever e


analisar grupos de dados numa amostra, sem chegar a conclusões nem inferências a
toda a população, a inferencial por sua vez chega a conclusões de toda a população,
infere, prediz, decide.

Aquilo que cada investigador procura como ferramenta de tratamento e análise dos dados
depende muito da natureza e objectivos da investigação que se esteja a realizar. Como ja
se fez referência, uma análise quantitativa procura opracionalizar conceitos, estabelecer
relações de causalidade, generalizar conclusões do seu estudo à população e permite
que o estudo realizado seja passível de ser reproduzido, enquanto que a abordagem
qualitativa centra sua atenção na análise exaustiva do fenómeno social e na acumulação
de informação que permite a generalização empírica das conclusões obtidas.

Para iniciar o estudo de tratamento estatístico aos dados da investigação é necessário


retomar os conceitos de variáveis em que a operacionalização dos conceitos constitui um
factor fundamental numa estratégia de investigação. O problema a este nível está na
decisão do investigador em escolher a forma mais adequada de como vai medir o
conceito que pretende utilizar. Neste aspecto, trata-se de reunir um conjunto de
indicadores que seja capazes de preencher, na sua amplitude e extensão, o conceito que
se quer utilizar.

Por exemplo, o conceito desenvolvimento económico em muitas ocasiões tende a ser


confundido com crescimento económico, embora o primeiro seja mais abrangente. Para
operacionalizar o conceito de desenvolvimento económico podem ser usados como
indicadores: número de médicos, taxa de alfabetizados, número de diplomados,
esperança média de vida, etc..

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A investigação vale pela capacidade explicativa demostrada. Assim, o investigador deverá
asegurar-se que existe uma relação de causalidade/associação entre as variáveis
seleccionadas e o facto que pretende estudar.

As variáveis podem ser divididas em quantitativas e qualitativas. As qualitativas podem


ser qualificadas em ordinais, nominais e dicotómicas.

Ordinais – compostas por categorías passíveis de serem ordenadas ou estabelecer uma


relação de preferência em que um é melhor/maior do que o outro;

Nominais – não ordenáveis;

Dicotómicas - composta únicamente por duas categorías mutuamente exclusívas


(Silvestre, H. & Araújo, J. 2012).

As quantitativas em intervalares e de razão que são variáveis que têm observações


equidistantes ao longo de toda a categoria que se pretende medir.

As qualitativas não se medem numéricamente, as quantitativas sim. Existem variáveis


muito bem definidas, por exemplo, o número de alunos de um grupo é quantitativo, e o
sexo é qualitativo, no entanto, existem outras em que se manifiesta uma barreira entre o
qualitativo e o quantitativo, por exemplo, as classificações de um estudante, podem ser
Excelente, Bom, Aprovado e Reprovado, sería uma variável qualitativa, no entanto, se as
notas são consideradas 19, 17, 10 e 9, existe uma correspondência no trabalho didáctico,
porém, uma enquadra-se no campo quantitativo e a outra no qualitativo; o que não é o
mesmo que quando por exemplo, ao sexo masculino se lhe é dado o valor 1 e ao
femenino 2 (codificação), o que não significa que esta variável tenha tomado esses
valores e seja susceptível de análises quantitativas, isso é uma codificação, que se
emprega por exemplo para o trabalho com os softwares estatísticos.

Existem entre outras, três operações básicas utilizadas no processamento estatístico, que
são a codificação, a tabulação e a graficação.

A codificação acontece quando são atribuidos valores quantitativos aos atributos


qualitativos de determinada variável, para facilitar o trabalho estatístico, o que não
significa precisamente converte-la em uma variável quantitativa. Exemplo, a variável
nacionalidade: angolana, código 1; colombiana, código 2; brasileira, código 3; mexicana,

100
código 4; cubana, código 5; e assim sucessivamente até codificar todos os alunos de
diferentes nacionalidades com que se trabalha na investigação.

A tabulação consiste no ordenamento dos dados em tabelas ou quadros estatísticos


desenhados pelo investigador, o qual facilita os cálculos e as análises, e sirvem de base
para fazer os gráficos e as respectivas provas estatísticas.

A graficação constitui um processo muito importante na investigação na madida em que


permite “num golpe de vista” realizar análises se tornam difíceis serem efectuadas a partir
das tabelas, por exemplo, tendências de desenvolvimento de um processo ou fenómeno
objecto de estudo, comportamento histórico, comportamentos máximos e mínimos, etc ..

Escalas de classificação de variáveis

Uma escala de classificação é o conjunto de classes ou de categorías que correspondem


ao comportamento da variável em questão. Na qualitativas, em alguns casos a própria
natureza a impõe, por exemplo, variável sexo, apenas tem duas classes ou categorías,
masculino e femenino, mas a variável aproveitamento académico do estudante pode
assumir diferentes categorías, decididas pelo investigador em função dos seus objetivos e
as características da investigação que desenvolve; tais como: bom, regular e mau, como
também poderiam ser definidas em excelente, muito bom, bom, regular e mau.

Com as variáveis quantitativas, por exemplo, variável classificações numa disciplina.


Podem se determinar tabelas de distribuição de frequências: frequência absoluta,
frequência absoluta acumulada, frequência relativa e frequência relativa acumulada.

Importa aqui destacar que as escalas de classificação devem cumprir duas condições, ou
de exaustividade e de mutualidade excluente (Bayarre e outros, 2004), quer dizer, que
todos os dados podem ser classificados, ou seja, que tenham um lugar na escala
(exaustividade), além de que as categorías sejam mutuamente excluentes, pelo que cada
dado tenha um e apenas um lugar na escala, trata-se de situar em dois, em um se exclui
pois, “não cabe”.

O que foi feito é determinar os intervalos ou classes e depois situar nestes a quantidade
de vezes que se repete um parámetro (classificação) em cada um dos intervalos, por
exemplo, no intervalo 51-60 encontramos 3 classificações, quer dizer, sua frequência é 3,
por esta razão, esta operação é denominada distribuição de frequências que é muito útil

101
no trabalho investigativo, pois, permite ir chegando a determinadas conclusões, por
exemplo, que 26.7% de dos estudantes desta amostra obteve classificação de excelente
que 20% está reprovado (menos de 100 pontos). Isso se alcança fácilmente porque os
dados estão agrupados e processados estatísticamente.

No plano prático a frequência absoluta sai da contagem dos dados, a relativa é a


percentagem da absoluta em relação com a total, para a qual dividimos cada uma entre a
absoluta total.

Em relação com as frequências acumuladas, para falar as absolutas, se vão somando a


medida que aparecem na tabela, a partir da primeira, por exemplo, a primeira é 3, e a
seguente 2, então 3+2=5, e segue novamente 2, pelo que 5+2=7, e assim
sucessivamente, e deve fechar com o número igual ao total de das frequências absolutas
lógicamente. Da mesma maneira se atua com as acumuladas relativas, onde se vão
somando os porcentos, e no final deve fechar com 100.

Para melhor compreensão podemos inserir a seguinte descrição:

A frequência absoluta é definida como o número de vezes que se repete um dado de uma
população ou amostra e representa-se por Fi . O somatório de todas as frequências
absolutas denomina-se frequência absoluta acumulada, representa-se por Fai e se pode
obter acumulando de cima para baixo ou vice-versa, segundo o interesse do estudo. Esta
é dada pela fórmula subscrita:

Desta forma, a frequência absoluta acumulada coincide com o número de indivíduos da


amostra ou da população que se estuda.

Enquanto que a frequência relativa é a razão entre a frequência absoluta de um dado


individual e o número total da amostra ou da população, representa-se por fi e está dada
pela fórmula: . Esta pode ser expressada mediante fracções simples, mediante

números decimais e em percentagens. Quando expressada em percentagem fornece uma


ideia mais clara do peso de um dado numa determinada série de dados. Para expressá-la
em percentagem, basta multiplicá-la por 100%, como expressa a fórmula:

102
O somatório de todas as frequências relativas é designado frequência relativa acumulada,
e representada por fai e está dada pela fórmula:

A soma de todas as frequências relativas é igual a 1 o que equivalente a 100%.

Elementos da estadística descritiva

O estadígrafo é o parámetro que descrive uma característica de uma amostra ou


população.

Existem os de posição, os de dispersão e os de deformação ou apontamento de posição


são os chamados de tendência central que seus valores tendem ao centro da série ou
destribução; entre estes estão a média aritmética, a mediana e a moda.

De dispersão são os que permitem determinar o grau de agrupamento entre os dados da


série ou destribuição; entre eles estão o rango, a variança e o desvio típico ou standart.

De deformação ou apontamento são os que permitem conhecer a forma que apresentam


as distribuições de frequências, tanto dos lados em relação ao centro (deformação) como
quanto a sua altura (apontamento). (Fiallo y Cerezal, 2003)

Estadígrafos de tendência central

A média aritmética é um estadígrafo de tendência central, localizado no centro da série


de observações, é o conhecido valor promédio.

Tem como formula: n _ ∑Xi

i=1 n
X=

Em que: _ X = valor promédio

∑ Xi = somatória de todas as observações (valores). (X1+X2+X3 ...) i=1

n = número de observações

A Mediana é o valor central das observações uma vez ordenadas (ascendente ou

103
descendentemente). Caso o número de dados seja impar, conta-se e se busca o central,
no caso de serem pares, são localizados os dois do centro e se acha a média pelo
procedimento já conhecido.

Temos como exemplo: 51, 54, 60, 63, 70, 75, 77, 81, 87, 87, 88, 91, 93, 97, 100.

Uma vez ordenados, como são 15 dados, o do centro é o número 8, quer dizer, o 81, pois
deste existem 7 dados a direita e 7 a esquerda.

Vejamos outro exemplo: oito estudantes de uma escola têm as seguintes medidas (em
centímetros): 146, 149, 150, 152, 155, 158, 159, 163. os valores centrais são 152 e 155.
Sua média será: (152+155)/2 = 153.5

A mediana será 153.5. A Moda é o estadígrafo que mais se repete numa série de
observações e é obtida por simples inspecção, não necessita aplicar fórmulas nem
cálculo algum.

Nos exemplos anteriores, no das notas, a moda é 87 por ser o único que se repete, e no
das medidas, simplesmente não há moda porque nenhum é repetido. Pode dar-se o caso
em que vários dados são repetidos em igual número de vezes, então teremos várias
modas.

Este não é um estadígrafo confiável porque não é de muita utilidade para os diferentes
cálculos estatísticos.

Os estadígrafos de posição apresentados no texto (média, mediana e moda), ou seja as


medidas de tendência central, ainda servem para caracterizar uma série de dados,
limitam-se a pôr de manifiesto um valor conjunto de todos os valores da série, mas não o
descrevem de um modo perfeito, já que não dão informação acerca de como se
distribuem os elementos ao redor do valor central. Tampoco proporcionão informação
acerca de se os elementos pequenos são mais numerosos que os grandes, nem se dão
as diferenças ou desviações entre eles, se varíam ou não de maneira regular e se são
grandes ou pequenos. (Fiallo y Cerezal, 2003).

Para erradicar as limitações expostas emprega-se os estadígrafos de dispersão ou


medidas de dispersão.

104
Estadígrafos de dispersão - são medidas que expressão a forma em que estão dispersos
ou desseminados os valores (observações) ao redor do valor central ou medida de
tendência central (geralmente média ou mediana). Os mais utilizados são o rango, a
desvio médio, a variança, a desvio standard ou típico e o coeficiente de variação.

O Rango é o maior intervalo de uma série, ou seja a diferença entre o límite superior e o
inferior. Muito simples de calcular, é útil no momento de definir a quantidade de intervalos
numa série. No exemplo das classificações de quinze estudantes o rango será:

63+75+100+54+87+93+91+87+97+81+77+88+70+51+60 - o límite inferior é 51 e o


superior 100, portanto o rango é 100-51= 49.

A pesar de ser útil, não nos permite inferir sobre a dispersão dos valores observados em
relação ao valor central.

O desvio médio é o promédio (média aritmética) de todas las desviações.

Uma desviação é o resto do valor observado (Xi ) menos o valor promédio (X).

Portanto a fórmula da desviação média será:

∑ ⎢Xi – X ⎥ i=1

A variança e o desvio standart ou típico. A primeira é um estadígrafo importante do


2
desvio, que se representa por S , mas a medida é dada ao quadrado, o que carece de
sentido em muitas ocasiões, por exemplo, pontos quadrados numa classificação. Para
eliminar este inconveniente se acha o valor positivo da raíz quadrada, e se obterá a
desvio standart ou típica (S), que é o valor a interpretar, e que significa que como
promédio a maioría dos dados se desvíam da média o valor obtido (S).

A fórmula da variança é a sguinte:

2
∑ (Xi – X ) i=1

2
S =n

O Coeficente de Variação - é um parámetro relativo, estuda o estadígrafo de uma série

105
em relação a outra, o que permite comparar as dispersões de duas ou mais séries de
dados. Nas investigações pedagógicas, quando por exemplo estamos realizando um
experimento projectado simultáneo e necessitamos saber em qual dos dois grupos
(experimental e de controlo) existe maior dispersão. Se os valores da média são
aproximados, podemos conseguí-lo comparando os desvíos típicos, mas se diferem
significativamente esta comparação perde credibilidade, então é preciso valer-se de um
estadígrafo relativo, em que é empregue o Coeficiente de Variação (CV).

Sua fórmula é:

S CV = X (promédio)

onde: S é o desvio típico e X (promédio) é (X) a média das

observações.

Provas de hipóteses

São as provas estatísticas que se realizão para tomar decisiões na presença de


incertezas.

Por exemplo, um experimento pedagógico em que é submetida a verificação a hipótese


de que ao aplicar uma nova metodología de ensino o grupo experimental obterá um
aproveitamento académico significativamente superior; aplicá-se uma prova de hipótese,
e se estatísticamente é negada a hipótese nula de que o grupo experimental obterá um
aproveitamento académico significativamente inferior ao de controlo, a hipótese
sobmetida a verificação é aceite.

Existem diferentes provas de hipótesis, aquí tratar-se-á de típica utilizada em


2
experimentos pedagógicos, que é a prova de X ( qui- quadrado) com tabela de
contingência.

As tabelas de contingência são confeccionadas com as frequências observadas e com as


esperadas, as que se calculam de acordo com determinadas regras de probabilidades.
2
Sobre esta base se calcula X , de acordo com a seguinte fórmula:

106
(O1- E1) (O2- E2) (On- En) X=+...+...
2

E1 E2 En

Onde O e E são as frequências observadas e esperadas respectivamente. O valor obtido


2 2
de X (X calc ) é comparado com o apresentado na tabela de distribução Qui- quadrado,
2
quer dizer, com o valor chamado tabular (X tab) . Estes dois valores são comparados

com a seguinte regra de decisão:

2 2
Se X calc 〉 X tab, então é rechaçada a hipótese nula (H0) de que os grupos
experimentais não têm melhores resultados que os de controlo e é aceite a alternativa
(H1) que plantea o contrário.

OBS: Esses aspectos devem ser aprofundados na Disciplina de Estatistica Aplicada


a Educação.

Normas para as referências bibliográficas

Este ponto tem como principal objectivo orientar, em termos das referências bibliográficas ,
todos os interessados na redação de um trabalho científico, sejam dissertações de
Doutoramento, Mestrado ou licenciatura, ensaios, relatórios de investigação, relatórios de
estágios ou outros documentos análogos. Pretende ser apenas uma informação
introdutória (básica) às regras formais de elaboração e apresentação de trabalhos
científicos, considerando que existe uma multiplicidade em termos de normas e princípios
dominantes nos meios académicos e científicos.

Como foi antes referenciado, a apresentação do relatório da pesquisa obedece regras


precisas relativamente às partes que o constituem e as informações que em cada uma
delas deve ser comtempladas. Deve ser cumprido neste, a apresentação das referências
bibliográficas e o modo de citação que irão contribuir para a leitura e compreensão das
ideias expressas, daí a sua importância.

Todas as fontes bibliográficas (impressas informatizadas) consultadas para a elaboração


de um trabalho de investigação deverão constar da bibliografia final, de acordo com as

107
regras enunciadas (a utilizar).

Tipos de citações

Quanto a este aspecto não existe uniformidade dos tipos de citações, pois que alguns
autores como, Silvestre, H. & Araújo, J. (2012), distinguem dois tipos de citações: as
diretas ou formais e as indiretas ou conceptuais.

As primeiras caracterizam-se pela transcrição literal de um excerto (expressão, frase ou


conjunto de frases) de um determinado autor. Se forem breves, isto é, entre 3-4 linhas
(caso1), estas citações são inseridas entre aspas, dentro do parágrafo, devendo ter-se em
atenção o modo como são integradas na estrutura da frase. No caso de serem mais
longas (caso2), é usual destacá-las num parágrafo à parte, com uma formatação que se
distinga do restante texto, podendo dispensar-se o uso de aspas, como nos exemplos que
se seguem:

Caso1

Por isso, acrescenta Friedberg (1994:331) “é preciso estar em sobre aviso à tentativa de
retificar tais procedimentos e sublinhar a necessidade de os contextualizar ligando-os às
características e capacidades concretas dos sistemas humanos que deverão executá-los e
que são os únicos que lhe podem dar vida”.

Caso 2

A este propósito escrevem Menga Ludke e Marli André (1988:13):

O facto de não existirem hipóteses ou questões específicas formuladas a priori não


implica a inexistência de um quadro teórico que orienta a colecta de dados. O
desenvolvimento do estudo aproxima-se a um funil: no início há questões ou focos de
interesse muito amplos, que no final se tornam mais diretos e específicos. O pesquisador
vai precisando melhor esses focos à medida que o estudo se desenvolve.

Importa realçar que nas citações diretas, é obrigatório respeitar o texto original, não
alterando nada do que se transcreve, mas podem ser feitas omissões, devidamente
assinaladas através do emprego de reticências dentro de parênteses rectos ou curvos
(...). Caso haja necessidade de introduzir uma palavra ou expressão dentro da citação tal
poderá ser feito recorrendo aos parênteses. Caso ocorram itálicos ou negritos no texto
original, estes devem ser respeitados na citação; se o autor da citação os quiser

108
introduzir, poderá fazê-lo desde que acrescente, no final da citação, a referência
(itálico/sublinhado meu/nosso). Embora incomum, pode suceder que numa citação que se
deseja transcrever se observe erro ou lapso – na eventualidade, acrescentar-se-á, à
frente da palavra ou expressão incorreta a menção (sic) (palavra latina que significa
assim mesmo).

As citações indiretas ou conceptuais, caracterizam-se pela transmissão pela transmissão


das ideias de um determinado autor através da paráfrase, ou seja, recorrendo a uma
verbalização distinta da do texto original. Neste caso a referenciação bibliográfica é
igualmente obrigatória, pois embora não se transcreva texto alheio, a autoria da ideia,
proposição ou crença tem também de ser creditada.

Um caso especial, e que suscita por vezes algumas dúvidas na redação do trabalho,
ocorre quando se pretende reproduzir uma citação por via indireta, ou seja, já transcrita
por outro autor. Embora não seja aconselhável reincidir nesse tipo de citação, uma vez
que a fonte original não foi consultada, a forma correta de referenciar passa pelo recurso
à palavra apud (junto de, em) ou à expressão “citado por”, antecedida do nome do autor
da citação e seguida do nome de que cita.

Segundo Giraldo (colombiano, investigador de técnicas bibliográficas).

As citações são transcrições textuais e contextuais de conceitos alheios que o autor faz
dentro do corpo do trabalho.

Para Larousse citações são nota textual tirada de uma obra.

Nota importante

Num trabalho científico, as citações deverão ser feita na língua original, considerando-se
do conhecimento comum, na comunidade académica de língua portuguesa, o inglês, o
francês e o espanhol. Citações em outras línguas poderão ser traduzidas pelo autor do
trabalho, sendo conveniente disponibilizar as duas versões. Deste modo, a tradução
poderá surgir ou em nota de rodapé ou no corpo do trabalho, acompanhada sempre da
menção (tradução minha/nossa).

Relativamente à extensão máxima da citação direta não existe limitação, porém se deve
evitar recorrência a citações muito longas, que em certa medida possam prejudicar a

109
legibilidade do texto e põem em causa a capacidade de síntese crítica do autor do
trabalho.

Finalmente, é importante ter em conta que para fontes recorrentemente utilizadas como a
legislação ou um conjunto previamente definido e limitado de obras é possível criar um
sistema de abreviaturas, que deverá ser apresentado na parte pré-textual do trabalho
(Silvestre, H. & Araújo, J. 2012).

Sistemas de referências bibliográficas

Hugo C. Silvestre & Joaquim F. Araújo, distinguem dois sistemas principais de referência
bibliográfica, sendo o tradicional e o americano, geralmente conhecido como sistema
autor-data. Se, até há poucos anos, o sistema tradicional, caracterizado pela
referenciação através da nota de rodapé, era o mais usado, nos últimos tempos o sistema
autor-data generalizou-se nos diversos domínios científicos, pela facilidade de emprego e
comodidade de redação.

Em ambos os casos, os elementos identificativos da obra, periódico ou página electrónica


utilizados são idênticos e prendem-se sobres tudo com a necessidade de tornar acessível
a fonte original a todos os que desejam consultar. Por isso é imperioso que o investigador,
ao longo da pesquisa bibliográfica, recolha sempre os elementos identificativos
indispensáveis.

Entre as múltiplas variantes do sistema autor-data, as mais utilizadas nas área das
Ciências Sociais são o Sistema de Referenciação de Harvard e o Sistema da APA
(American Psychological Association). Para tal é necessário que o investigador procure
conhecer quais as normas aplicáveis em cada situação concreta de apresentação de
trabalho científico, já que a escolha de um sistema de referenciação está em muitas
situações dependente da obediência a normas pré-estabelecidas pela instituição.

No sistema APA, a identificação da referência bibliográfica é feita tendo por base a


indicação do apelido do autor e do ano de publicação da obra ou artigo, eventualmente
acompanhado da discriminação do número de página, em função da exigência ou form a
de disposição (ver caso1).

Na necessidade de referência a vários autores, dentre os quais um com duas ou mais


publicações no mesmo ano. A disposição é:

110
(Jorgensen e Bozeman, 2002; Pollitt, 2003a; Reed, 2002).

Este processo facilita a redação do trabalho, tornando-a mais fluída, mas em


contrapartida exige que o leitor consulte a bibliografia final para identificar a obra em
causa. A bibliografia deve encontrar-se-á organizada tendo por base o apelido e o (nome
do autor/Abreviado), seguido do ano da publicação da obra ou artigo, Edição, Editora,
cidade e país.

Ex: Paulo, A. (2015). A luta pela sobrevivência. 2ª Edição, Lello Editora, Cuito-Angola.

Desenvolvimentos das normas APA e Vancouver

Como já foi referenciado acima, existem muitos tipos de normas ou estílos intenacionais
para a redacção de assentos bibliográficos dos quais destam-se:

 Norma ISO 690: Documentação. Referências bibliográficas. Conteúdo, forma e


estrutura;

 Norma ISO 690-2: Informação e documentação. Referências bibliográficas ParteII:


Doc. Electrónicos;

 Estilo APA: American Phycological Association;

 Estilo Chicago: Estilo da Universidade de Chicago.

 Método MLA: Modern Languaje Association.

 Estilo IEEE: Institute of electrical and electronic engineers.

 Regras de IICA: Instituto Interamericano de Ciencias Agrícolas de la OEA.

 Regras da Biblioteca “Dag Hammarkjold” das Nações Unidas.

 Sistemas de Harvard.

 Sistema ou Estilo Vancouver.

Importa realçar apesar do aspecto peculiar de cada norma, estas têm elementos
coincidentes tais como: Indicar com exatidão a origem e a (s) página (s) das citações ou
referências, o título, o editorial, o lugar e, data de publicação de cada obra consultada.

111
Detalhes sobre a norma ou estilo APA

Esta norma permite a consignação das citações e referências no próprio texto. A data é
colocada em primeiro plano na lista bibliográfica.

Para melhor compreensão são descritas algumas citações e referências dessa norma.

Exemplo1

Sobre o assunto afirmou América González Valdés (1994:85) que: “Una definición teórica
de la creatividad debe explicar y no solo describir su objeto. Esto quiere decir que la
conceptualización teórica debe considerar no solo lo que la creatividad es, sino además
por qué lo es”.

Exemplo2

Outra opinião sobre o assunto é a seguinte: “Una definición teórica de la creatividad debe
explicar y no solo describir su objeto. Esto quiere decir que la conceptualización teórica
debe considerar no solo lo que la creatividad es, sino además por qué lo es” (González
Valdés, A., 1994:85).

Exemplo3

Por outro lado, foi encontrado certamente uma persistência nas investigações actuais
(Woodman, 1900) fazia as explorações das relações entre as habilidades cognitivas e
criatividade. Woodman (1900), sustenta que os factores cognitivos demostraram
importantes relações com a criatividade, incluindo estilos cognitivos tais como:
dependência/independência do campo (Spotts y Mackler, 1967; Nappe y Gallagher,
1977); estilos criativos de solução de problemas (Kershner, 1985; Nappe, 1985)

Para a elaboração da lista bibliográfica a base consiste na seguinte observação:

A lista bibliográfica deve ser apresentada em ordem alfabética, no final do trabalho (artígo,
tese, livro, etc), obedencendo a sequência, apelidos, virgula, inicial (es) do nome, ponto,
data de publicação entre parêntesis, ponto, título sublinhado ou em letra itálico, ponto,
lugar de edição, dois pontos, editorial.

112
Exemplos:

González Valdés, A. (1994). PRYCREA. Desarrollo multilateral del potencial creador. La


Habana: Editorial Academia.

Crespo Francisco, J. (2000). Miriela y el bonsái. Santi Spíritus, Cuba: Ediciones


Luminaria.

Exemplos de vários autores:

Mais de um autor: separados por virgulas, excepto o último que é precedido da conjunção
“e”.

Porro, M., Domínguez, M. A. y Grass, E. (1980). Forma, función y significado de las partes
de la oración. La Habana: Editorial Pueblo y Educación.

(Quando são muitos autores, se pode colocar o primeiro, depois a expressão (et al).

Em casos de artigos e revistas escreve-se entre virgulas o título do artígo e sublinhado


ou em itálico o nome da revista. Deve ser especificado o volume e/o número de páginas
que ocupa o artígo separados por um traço de ligação.

Ex: Hernández Sánchez, J. E. (2001). “Cultura, texto e interpretación literaria”. Educación.


104, 8-12.

Os outros documentos, podem ser descritos desta forma:

Herrera, R. y Estupiñán, M. (1995). Diccionario de autores de la literatura infantil cubana.


Departamento de Español-Literatura. Instituto Superior Pedagógico de Sancti Spíritus
(manuscrito).

Quanto aos documentos não publicados e cuja publicação é desconhecida.

-As comunicações e exposições apresentadas em congressos, seminários, colóquios,


conferências, etc., se especifíca o autor, titulo e evento, precisando se é possível o mês
de celebração.

Ex: Fernández Escanaverino, M. (2003). “Educar para la identidad cultural: una


experiencia de trabajo con la labor de Raúl Ferrer”. Congreso Internacional de Pedagogía

113
2003. La Habana, 3-7 de febrero.

Para documentos da internet

Ex: Meza, L. G. (2002). “La educación como pedagogía o como ciencia de la educación”.
Revista Virtual de Matemática, Educación e Internet. Disponivel em:
http://www.itcr.ac.cr.revistamate/

No caso em que um autor tenha várias obras de um mesmo ano.

EX: Freire, P. (1978a). Pedagogía del oprimido. Madrid: Siglo XXI.

Freire, P. (1978b). Pedagogía y acción liberadora. Madrid: Siglo XXI.


Freire, P. (1978c). Cartas a Guinea Bissou. Apuntes para una experiencia pedagógica en
proceso. Madrid: Siglo XXI.

Sistema Vancouver

O sistema vancouver surgiu em 1978 em Vancouver, Canadá, quando um grupo de


editores reuniu para estabelecer as normas para o formato dos manuscritos
apresentados nas suas revistas, incluindo o formato para as referências bibliográficas. Em
1979 foi publicada pela primeira vez, redactado pela Biblioteca Nacional de Medicina.
Este grupo vancouver cresceu, evoluiu e converteu-se no Comité Internacional de
Editores de Revistas Médicas (CIERM) que já publicou cinco edições dos requisitos
uniformes para os manuscritos enviados à revistas biomédicas. É baseado na sua maior
parte num estilo standar da American Standards Instituição que foi sido adoptada pela
Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos de América para sua base de datos.

As referências no texto de um trabalho de investigação, no sistema Vancouver, realiza-se


através de números árabes entre parêntesis ou em forma exponencial que são ordenados
consecutivamente segundo apareça no corpo do trabalho. É asignado um número a cada
referência quando esta é citada, mesmo quando o nome do autor esteja expresso no
corpo do texto. Este número é usado sempre que a referência seja mencionada, sem ter
em conta sua posição no texto. No caso de serem utilizadas referências múltiplas no
mesmo lugar do texto, deve usar-se um guião para unir o primeiro e o último número que
sejam inclusivos e uma virgula sem espaços para separar os números não inclusivos. Ex:
(2-5,7,10) = 2,3,4,5,7,10.

114
A lista de referência é colocada no final do texto, e são enumeradas na mesma ordem que
estas aparecem no corpo do texto. A bibliografía complementaria é uma lista separada da
lista de referências que contêm detalhes das fontes consultadas e não citadas no texto.
Deve ser ordenada alfabeticamente pelo apelido do autor ou pelo título. As referências de
trabalhos aceites, mas ainda inéditos devem ser designados “Imprensa”. As referências
devem ser examinadas pelo autor com as fontes originais.

Exemplos de assentos bibliográficos neste sistema (vancouver).

Citações de livros:

De um a seis autores.

Paniagua M, Piñol F. Nueva terapéutica de la gastritis alcalina. La Habana, Cuba:


Editorial Academia; 1998.

Mais de seis autores.

Blacut JJ, Villagomez M, Chabarría JL, Flores M, González R, Lenz J, … et.al. Aplicación
de las nuevas tecnologías en el entorno académico boliviano. Sucre, Bolivia: Universidad
San Francisco Xavier de Chuquisaca; 1999.

Editor(es) o compilador(es) como autor.

Díaz C, Añorga J, compiladoras. La producción intelectual: proceso organizativo y


pedagógico. La Habana, Cuba: Editorial Universitaria; 2002.

Detalhes a ter em conta no assento bibliográfico vancouver:

 Autor - quando são 6 ou menos autores, devem ser mencionados todos, quando
passam desta quantidade, são alistado alguns e se agrega “et al”. É colocada
uma vígula e espaço entre os nomes e ponto seguido no fim do último autor.

 Título- Não sublinhado, apenas se utiliza maiúscula no início do título.

 Lugar de publicação - Escrever o nome completo do lugar, agrega-se uma virgula


com espaço para mencionar estado ou país seguido de dois pontos.

 Editorial - Se deve escrever o nome completo e ponto e vírgula no fim.

115
 Ano de publicação - Se deve pôr o ano de publicação seguido de ponto e espaço
antes de colocar o número de páginas.

 Número de páginas - Abreviar a palavra página por “p”, deixar um espaço e pôr
intervalo de páginas e um ponto.

 Título da série ou de volume - Entre parêntesis, é escrito o título da série seguido


por um ponto e vírgula, abreviar a palavra volume por “vol.”, espaço, escrever o N.
do volume, fechar parêntesis e terminar com ponto.

Capítulo de um livro em que contribuem vários autores.

Marcané JA, Gómez S. Guía para la evaluación de tesis de grado y otros trabajos de
investigación académicos. En: Díaz C, Añorga J, compiladoras. La Producción intelectual:
proceso organizativo y pedagógico. La Habana, Cuba: Editorial Universitaria; 2002. p. 82-
96.

Uma organização como autor.

Instituto de Información Científica y Tecnológica (IDICT). La alfombra mágica. Secretos


del correo electrónico. La Habana, Cuba: IDICT; 1998.

Detalhes essenciais para citações de artigos e de revistas:

 Autor(es) de artígos (similar ao caso de livro).

 Título - (similar ao caso do livro).

 Título da revista - Abreviar o título da revista em caso de necessidade, não se usa


pontuação no nome abreviado.

 Ano de publicação e mês/día (sê necessário) - Abreviar o mês com as três


primeiras letras, se a revista tem numerações de páginas contínuas em todo o
volume, pode ser omitida a informação sobre o mês/día; caso não contenha
numeração deve-se incluír o mês/día, quer dizer: ano, espaço, mês, espaço, día
ponto e virgula.

 Volume, número ou parte (sê necessário) - É escrito o volume a seguir , o número


entre ( ) e dois pontos, Caso a revista tenha numeração continua em todo o

116
volume, pode ser omitia a informação sobre o número.

 Número de páginas - É escrito o número de páginas separadas por um guião, não


devem ser repetidos dígitos desnecessariamente.

Artígos standar de revista

EX: - Miranda OL. Tentações e tentativas. Educação. 2004 Jan.-abr. (111): 7-12.

Sugestões:

1. Caso a página seja contínua, é omitido o mês, día e número.

2. Em nenhum caso se omite o ano.

3. Caso no lugar do mês, día (junho 1) apareça um intervalo (Janeiro-março) é


colocado o intervalo.

4. Na circusntância do artígo da revista ser anónimo, é considerado como primeiro


elemento do titulo do artígo o resto mantém-se igual em função da situação.

5. Em caso de uma organização ser autor é considerado como primeiro elemento o


nome da organização.

Outras possibilidades segundo os dados ostentados na revista

1. Com Volume e Número: 1996 Jun; 12(5): 27-33.

2. Volume com suplemento: 1994; 102 supl 1: 75-82.

3. Número com suplemento: 1996;23(1Supl2):89-97.

4. Volume com uma parte: 1995;32(Pt3):30-36.

5. Número com uma parte: 1994;107(986 Pt1):33-78.

6. Número sem volume: 1995; (320):1-4

7. Volume sem número: 1999; 62:3-5

Exemplo de citações de outros documentos:

117
Dicionários e Obras de Referências.

Gran Diccionario Enciclopédico Ilustrado. 1ra ed. Barcelona, España: Editorial Grijalbo
Mondadori, S.A.; 1997.

Exposições em eventos.

Díaz C, Martínez J, Rodríguez M, Torricella R, Urra P. Las nuevas tecnologías de la


información y las comunicaciones en la Educación Superior. En: Yarzabal L, editor. La
Educación Superior en el siglo XXI. Visión de América Latina y el Caribe (TomoII).
Documentos de la Conferencia Regional Políticas y Estratégias para la transformación de
la Educación Superior en América Latina y el Caribe; 1996 nov. 18-22; La Habana, Cuba.
Caracas, Venezuela: CRESALC/UNESCO; 1997. p. 997-1008.

Memoriais de eventos.

Yarzabal L, editor. La Educación superior en el siglo XXI. Visión de América Latina y el


Caribe (tomoII). Documentos de la Conferencia Regional Políticas y Estrategias para la
Transformación de la Educación Superior en América Latina y el Caribe; 1996 nov 18-22;
La Habana, Cuba. Caracas, Venezuela: CRESALC/UNESCO; 1997.

Citações de Reporte ou Informe Técnico-científico.

Quispe D, Limón F. Formación de recursos humanos en la esfera médico-farmacéutica.


Informe final. La Paz, Bolivia: Departamento de Servicios de Salud de Bolivia; 1999 Oct.
Informe No.: 1518.

Teses de Grau.

George R. Modelo de capacitación de profesores y gestores de Educación Ambiental


[Tesis Doctoral]. Sucre, Bolivia: Universidad San Francisco Xavier de Chuquisaca; 2001.

Patentes.

Larsen CE, Trip R, Johnson CR, inventors; Novoste Corporation, assignee. Methods for
procedures related to the electrophysiology of the heart. US patent 5,559,067. 1999 jun25.

118
Artígos de Imprensa.

Autor. Título do artígo. Nome do periódico. Data de edição ano mês dia; sessão: páginas
(número da coluna).

Exemplo:

Suárez R, Suárez R. Perfeccionar el trabajo del Partido para alcanzar la eficiencia


necesaria. Granma. 2005 dic. 6; nacionales:2

Materiais audio-visuais.

Título [video-cassete]. Local de realização: produtora; ano.

Exemplo:

HIV/AIDS: the facts and the future [videocasette]. St. Louis, MO: Mosby-Year Book;
1995.

Folheto.

Jiménez J. Las referencias bibliográficas según el estilo Vancouver [folheto]. La Habana,


Cuba: editorial Ciencias Médicas; 1995.

Fontes electrónicas

Revistas em Internet.

Autor(s). Título do artígo. Título da revista electrónica em forma abreviada [seriada em


linha] ano de publicação (mês em caso de possibilidade); volume (número): [páginas ou
Slayds]. Disponível em: URL. Consultado nome completo, mês dia e ano.

Exemplo:

Varcálcel M. La ortografía. Tendencias y problemas en su enseñanza. Rev. Elec. Órbita


Científica [seriada en línea]2006;12(42):[12 Slaydy]. Disponível em:
URLhttp://www.varona.cu/centrodocumentacion/paginadw/publicaciones.html. Consultado
Janeiro 18, 2006.

Sites web

119
Autor. Titulo. Ano (se está disponivel); [páginas ou Slayds]. Disponível em: direcção URL.
Consultado nome completo, mês, día, ano.

Exemplo:

Eventos de salud. 2001(disponible); [3 páginas]. Disponible en: URL:


http://www.sld.cu/eventos/. Consultado Março 27, 2002.

CD-ROM

-Segue-se o formato dos livros:

- Adiciona-se [tipo de meio] depois do título, pode ser [CD ROM], [seriado em CD
ROM], [Monografía em CD ROM].

-É acrescido o número da versão caso esteja disponível depois do tipo de meio.

-É acrescida a data em que foi consultado no caso dos CD ROM que têm várias
actualizações no ano.

- Em caso de ser revista segue-se o formato de revista acrescendo os mesmos


elementos.

Software

Título. [meio]. Versão. Local de produção : Produtor; ano.

Exemplo:

Epi Info [programa de computador]. Versión 6. Atlanta, GA: Centers for Disease
Control and Prevention; 1994.

Citações de materiais inéditos:

- Trabalhos aceites mas não publicados.

- Observações inéditas.

- Artígos apresentados em eventos e não publicados.

120
- Comunicações pessoais.

Em suma devemos citar sempre que se copie directamente as palavras de outro autor
(citação textual) ou use suas ideias com suas próprias palavras (parafraseando) se deve
referir o que foi feito ou está plagiando o trabalho; o uso das referências depende do estilo
ou norma utilizada; estas devem ser feitas no mesmo estilo.

Como foi antes referenciado, a apresentação do relatório da pesquisa obedece regras


precisas relativamente às partes que o constituem e as informações que em cada uma
delas deve ser comtempladas. Deve ser cumprido neste, a apresentação das referências
bibliográficas e o modo de citação que irão contribuir para a leitura e compreensão das
ideias expressas, daí a sua importância.

Todas as fontes bibliográficas (impressas informatizadas) consultadas para a elaboração


de um trabalho de investigação deverão constar da bibliografia final, de acordo com as
regras enunciadas (a utilizar).

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