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INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA.
Sistema de conhecimentos:
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Independentemente da existência de uma multiplicidade de definições e sua
fontes, neste material a base a fonte das respectivas definições é a Enciclopedia
general de la educación que define:
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1.3- Características de um formado universitário.
Conhecimentos (o cognitivo);
Habilidades (o procedimental);
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1.4 - Investigação científica. Objectivo fundamental da investigação
científica. Metodologia da Investigação Científica (MIC).
Com frequência na linguagem coloquial identific a-se a ciência e a investigação como sinónimos o
que não é correto.
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A Metodologia de Investigação Científica é aquela ciência que proporciona ao
investigador uma série de conceitos, princípios e leis que lhe permitem conduzir
de um modo eficiente e tendente à excelência o processo de investigação
científica.
O objecto de estudo da Metodologia de Investigação Científica é definido como
sendo o processo de Investigação Científica, o qual está conformado por toda uma
série de passos logicamente estruturados e relacionados entre si. O estudo de dito
objecto se faz sobre a base de um conjunto de características e de suas relações
e leis.
A Metodologia da Investigação Científica inclui, o estudo mais geral sistémico
(epistemológico) dos métodos de aquisição do conhecimento e transformação da
realidade. É uma reflexão sistémica a cerca dos métodos e procedimentos de
investigação, quer dizer, da utilização consciente dos princípios, características e
leis do processo de Investigação Científica, na sua relação com o sujeito que
desenvolve a investigação (o investigador).
Todo lineamento ou esquema metodológico deve estar sustentado, por sua vez,
dentro de um esquema geral que é o método de Investigação Científica.
Em suma, a Metodologia de Investigação Científica estuda as características,
as leis e os métodos de dito processo, todo o qual, em seu conjunto, constitui um
modelo teórico da Investigação Científica.
O processo de investigação científica (PIC) pode definir -se como um proce sso de carácter criativo
e inovador que pretende dar resposta aos problemas transcendentais e com estes alcançar
descobertas significativas que aumentem e enriqueçam o conhecimento humano.
A compreensão da definição acima reportada nos leva a inferir que os resultados do PIC
engrossam o sistema de conhecimentos ou seja, a ciência. No geral deve resolver problemas da
natureza, a sociedade ou a cognição na qual se inclui a busca de respostas a inquietações, o
desenvolvimento de procedimentos e outros resultados.
Em sua acepção mais genérica, no PIC se produz a contradição entre o objectivo e o
subjectivo que provoca o desenvolvimento, a obtenção de um novo conheciment o. Esta
problemática tem sido objecto de polémica não apenas na ciência assim como nos campos da
filosofia, da arte, da Psicologia e no geral em todas as disciplinas e atividades que se vinculem ao
conhecimento.
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Quando o conhecimento parte do estabelecimento de um problema ou
questionamento (pergunta) sobre o qual ainda não foi dada uma resposta científica,
quando o homem parte de uma hipótese ou possível resposta e organiza toda uma
busca com métodos científicos, pode falar-se da atividade de investigação. Na
investigação científica, o investigador não pode permanecer no simples nível
descritivo dos factos, mas deve penetrar na essência do fenómeno estudado para
descobrir suas regularidades, estabelecer seus nexos e relações.
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O enfoque metodológico do investigador constitui um requisito de primeira ordem ao
valorar a qualidade do trabalho investigativo. Cada ciência deve na base do sustento
filosófico elaborar seu corpo teórico e metodológico específico. Desta forma, os
princípios metodológicos generais adquirem sua forma específica em cada ciência
em particular.
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ciências da saúde, das ciências humanas ou das ciências sociais”. Para este autor
o que difere de uma disciplina para outra são as orientações filosóficas e o campo
de aplicação da investigação.
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Ao nascer o ser humano depara-se também com um conjunto de crenças que lhe
falam acerca de Deus, de uma vida além da morte e também de seus deveres
para com Deus e o próximo. Para muitos as crenças religiosas constituem
privilegiadas fontes de conhecimentos que se sobrepõem a qualquer outra.
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de verdade objectiva. É verificável por demonstração ou experimentação. Como
tal origina a ciência.
Para Notário (1999), na busca da verdade o homem formula explicações aos sucessos baseando-
se em diversos fundamentos.
O autor acima referenciado sugere a seguinte classificação:
O conhecimento ordinário, sustentado no sentido comum;
O conhecimento mitológico, fundament ado na imaginação. Variedade de criação
popular oral, surgida na antiguidade, consistente em fábulas cujas imagens fantásticas
constituíram um intento de generalizar e explicar os diferentes fenómenos da natureza e a
sociedade subordinando-se a imaginação;
O conhecimento filosó fico, assenta na generalização. A Filosofia é a ciência sobre as
leis universais subordinadas tanto ao ser, quer dizer a natureza e a sociedade, como ao
pensamento do homem. Precisamente o problema principal da filosofia como ciência
fundamenta-se na relação entre estes dois entes: o ser e o pensar; entre a matéria e a
consciência;
O conhecimento tecnológico, baseado no estudo de proce ssos e procedimentos
mesmo que com frequência se lhe associa com a técnica. A tecnologia como atividade
humana, além de vincular-se com aparatos, meios técnicos, artefactos e instrumentos,
contemplam variadas formas entre as quais temos a criação, distribuição, comercialização
assim como aspectos organizacionais e culturais. Desde o ponto de vista cognoscitivo
inclui os métodos, procedimentos, habilidades e destrezas;
O conhecimento Pseudocientífico permite oferecer explicações de coi sa s reais mas
sem uma fundamentação. Chegou até aos nossos dias em diversas manifestações e
sobre tudo em determinados sectores e ofícios nos quais as pessoas são capazes de
conhecer diferent es fenómenos que ocorrem como por exemplo entre camponeses,
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pescadores e outros mesmo sem a possibilidade de oferecer explicações, pois trata-se de
conhecimentos adquiridos da experiência, tradições, ou outras vias.
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Trujillo F. (1974).
Etimologicamente “a palavra ciência vem do latim “scire”, sinónimo de saber, significa que a
definição básica de ciência é conhecimento, ou mais precisamente conhecimento humano”.
(http://www.econlink.com.ar/definición/ciencia.shtml publicado 16/07/2012 por John Diaz, acessado
aos 12/03/2016).
Quando s e trata de ciência faz-se referência a uma das maiores construções humanas que
permitiu ao homem sair das cavernas e atingisse o nível de conhecimento que possui hoje.
Entretant o, no mundo da ciência emerge grande quantidade de inquiet udes, em primeira instância
a possibilidade da ciência explicar todos os fenómenos que ocorrem ou pelo contrário a limitada
possibilidade de falar apenas do que pode ser experimentado. Dentre toda essa discussão
sobressai o significado do que é a ciência, qual é o seu campo e que aportes exerceu no nosso
desenvolvimento cultural e social.
No transcurso do desenvolvimento do conhecimento científico a primeira manifestação teve sua
génese na integração do homem primitivo com a natureza circundante onde a prática era
direcionada a luta pela sobrevivência.
Durante a idade antiga apreciou-se um processo de observação da natureza no uso da razão para
explicá-la mesmo que logicamente fluiu o mito e o pseudocientífico.
Proliferou a busca da sustância universal, a qual constituía todas as coisas conhecidas. Entre as
teorias mais defendidas são destacadas a da água, o fogo, até que chegou-se a conc epção
atomística.
Foi difundido o método axiomático partindo de preposições que eram aceites como verdadeiras,
óbvias, construindo toda uma teoria por dedução desta.
Foram destacados numerosos cientistas, que neste período eram geralmente filóso fos já que as
ciências ainda não estavam diferenciadas ou seja absorvidas pela filosofia na sua plenitude, isto é,
era considerada a Filosofia como a “ciência das ciências”. Dos cientistas a que se faz menção em
concomitância aos seus sustentáculos teóricos destacam-se os seguintes:
Pitágoras (575-500 a.n.e.): Absolutização da quantidade para caracterizar a essência das coisas;
Demócrito (460-370 a.n.e.): Teoría atomística;
Sócrates (469-399 a.n.e.): Hipóteses e deduções;
Platão (428-348 a.n.e.): Dialéctica das ideias por generalização ascendente e descendente dos
conceitos;
Aristóteles (394-322 a.n.e.): Lógica formal;
Euclides (S. III a.n.e.): Geometria para explicar a natureza do espaço;
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Arquimedes (S. III a.n.e.): Precursor da experimentação.
A idade média trouxe um estancamento da ciência no ocidente, ent retanto foi produzido um
desenvolvimento do mundo árabe em matemáticas, astronomia e alquimia assim como no distante
oriente em diversos campos.
Durante o Renascimento nasce a ciência empírica e cobra auge o método experimental. Inicia-se
a diferenciação das ciências particulares e destacam-se os seguintes cientistas:
Galileu Galileia (1564-1642): Pai da experimentação;
René Descartes (1595-1650): Matemática, cosmogonia e física.
Isaac Newton (1642-1727): Método hipotético.
A idade moderna é testemunho da revolução industrial, começa-se a orientar a ciência para
questões práticas, o estado atende a solução de problemas cient íficos e os centros de educação
superior exercem marcada influência na ciência.
A época contemporânea caracteriza-se por um surpreendent e desenvolvimento científico e
tecnológico pela Revolução Científico-Técnica.
Produz-se uma aproximação da ciência a produção e os serviços at ravés da inovação tec nológica.
As ciências sociais distanciam-se das ciências naturais no aspecto metodológico e com seu
desenvolvimento surgem diversos paradigmas ou enfoques de investigação. Observa-s e um
crescente investimento de capitais em investigação e desenvolvimento (I + D).
A ciência é um processo que nos permite conhecer, explorar, imaginar, solucionar criar, é um
intento de abordar o conhecimento e explica-lo. A ciência tem como um dos seus ingredientes
fundamentais a curiosidade, e esta constitui uma qualidade que tem estado presente na história
humana, por excelência o homem é curioso, trata de explicar o que não entende, o que o rodeia.
(https://myprofeciencias.wordpress.com publicado em 09/01/2011, acessado em 14/03/2016).
Muitos autores proc uraram definir o que se entende por ciência das quais distinguimos as
subscritas:
“A ciência é o conjunto de conhecimentos que se organizam de forma sistemática obtidos a partir
da observação, experimentação e racionamentos dent ro de áreas espec íficas ”
(https://definiciona.com ). É por meio desta acumulação de conhecimentos que se geram hipóteses,
questionamentos, leis e princípios.
Santa Taciana C. R. & Ernan Santiesteban N. (2014:15), na sua obra Metodologia da Invest igação
Cient ífica, definem ciência como sendo “o conhecimento sistematizado e objectivo do homem
sobre a essência dos fenómenos e processos naturais e sociais, conhecimentos que se exprimem
em forma de leis e teorias. Não obstante, não é tão -somente conhecimento obtido e comprovado
pela experiência, mas também a atividade c onstituída pelo processo de pesquisa e aquisição de
conhecimento e a solução de problemas cient íficos que se caracterizam por meio de um conjunto
de mediadores que facilitam a investigação”.
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Trujillo Ferrari (1974:8), expressa em seu livro de Metodologia da Ciência que “ciência é todo um
conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sistémico conhecimento com objecto
limitado, capaz de ser submetido à verificação”.
Apesar de serem transcritas duas definições de forma geral as definições consultadas comungam
os seguintes que:
A ciência é um conhecimento sistematizado e objectivo;
a ciência é regida por método científico para a obtenção de novos conhecimentos;
a ciência se ramifica em distintos campos ou áreas de conhecimento;
A ciência é susceptível a verificação.
O objectivo ou finalidade da ciência é a preocupação em distinguir a característica comum ou leis
gerais que regem determinados eventos (Ferrari, T.1974:8).
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explicar seu grau de relação e o modo como estão operando), os estudos
comparativos causais (onde o pesquisador parte de efeitos observados para
descubrir seus antecedentes), e os estudos experimentais (que proporcionam
meios para testar hipóteses), (Diehl, 2004).
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4- a orientação para o processo e não para o resultado: a ênfase está no
entendimento e não num objectivo pré determinado, como na pesquisa
quantitativa;
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do quadro teórico e da escolha de variáveis, a pertinência da revisão da literatura
relativamente ao problema em estudo. Os aspectos empíricos relacionam-se com
o desenrolar do estudo, a análise dos dados e a interpretação dos resultados
(Fortin, M-F., 1999).
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Segundo Richardson (1989), o método quantitativo caracteriza-se pelo emprego
da quantificação, tanto nas modalidades de colecta de informações, quanto no
tratamento dessas através de técnicas estatísticas, desde as mais simples até as
mais complexas ou seja, pela medida de variáveis e pela obtenção de resultados
numéricos susceptíveis de serem generalizados a outras populações ou
contextos. Este, possui como diferencial a intenção de garantir a p recisão dos
trabalhos realizados, conduzindo a um resultado com poucas chances de
descrições. Os estudos de campo quantitativos guiam-se por um modelo de
pesquisa onde o pesquisador parte de quadros conceptuais de referência tão bem
estruturados quanto possível, a partir dos quais formula hipóteses sobre os
fenómenos e situações que quer estudar. Faz apelo as explicações e a predições
e aos estebelecimento de relações de causa efeito. Uma lista de consequências é
então deduzida das hipóteses. A colecta de dados enfatizará números
(informações conversíveis em números) que permitem verificar a ocorrência ou
não das consequências, e daí então a aceitação (ainda que provosória) ou não
das hopóteses. Os dados são analisados com apoio da estatistica (inclusive
multivariada) ou outras técnicas matemáticas. Também, os tradicionais
levantamentos de dados são o exemplo clássico do estudo de campo quantitativo
(Popper, 1972).
Cook & Reichardt (1986), ao fazerem referê ncia dos métodos quantitativos
destacam as técnicas experimentais aleatórias, quase experimental, textes
objectivos de lápis e papel, análises estatisticas, multivariados, estudos de
amostras, entre outros.
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Os estutos de campo qualitativos não têm um significado preciso em quaisquer
das áreas onde sejam utilizados. Para alguns, todos os estudos de campo são
necessariamente qualitativos e, mais ainda, indenticam-se com a observação
participante. Nesta, a informação colectada pelo pesquisador não é expressa em
números, ou então os números e as conclusões neles baseados representam um
papel menor de análise. Dentro do conceito amplo, os dados qualitativos incluem
também informações não expressas em palavras, tais como pinturas, fotografias,
desenhos, filmes video tapes e até mesmo trilhas sonoras (Tesch, 1990).
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situações nas quais essa estratégia se faça necessária; adoptar procedimentos
adequados e sistemáticos para a amostragem; fazer uso de estratégias que
garantam alta taxa de resposta; buscar o melhor elo entre a unidade de análise e
os respondentes; seleccionar corretamente, considerando a pesquisa, entre corte
transversal.
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Os debates nessa vertente demostraram quão é desnecessário a dicotomia assim como a
convergência e a necessidade de que os investigadores manejem um repert ório metodológico não
restringido, evitem negações arbitrárias, gerem novos modos de aproximar-se aos problemas que
dão lugar a seus estudos, aproveit em as vantagens que nos processos tant o de compreensão
como de verificação aporta o prescindir de etiquetas, em resumo, que superem o debate entre
métodos qualitativos e quantitativos.
Outro assunto de interesse actual está vinculado com a inter-relaç ão entre quantidade e qualidade
o que se vem a debat er na razão do carácter cada vez mais específico que desenvolvem as
ciências naturais e as ciências sociais que originou os denominados modelos quantitativos e
qualitativos de investigação.
Analisando o tema desde um ponto de vista dialéctico, quantidade e qualidade constituem um par
de categorias filosóficas que refletem import antes aspectos da realidade objectiva. Numa
concepção holística do PIC ambas categorias são objectivas, além disso, é reconhecida a inter-
relação entre o objectivo e o subjectivo na investigação como dois polos conciliáveis.
Uma posição verdadeiramente científica perant e atuais debates deve revogar a absolutização
reconhecendo que as ciências possuem carácter dialéctico, evoluem e desenvolvem -se.
Investiga-se para tratar de representar, compreender e modificar a realidade em funç ão dos meios
atuais ao alcance dos cientistas.
O objecto da investigação não pode ser considerado determinista mecânico tão pouco deve
rejeitar-se sua existência. Deve considerar-se como dialéctico e portanto contraditório, mas existe.
A teoria e a prática são aspectos com características e traços restringidos mas coexistem e
apresentam-se unidos no PIC, de uma ou qualquer maneira uma se representa na outra.
Efetivamente a investigação social deve ser eminentemente humanista dado que os sujeitos são
objecto de estudo. Por outra parte a investigação nas ciências naturais é adversa pelo seu carácter
e natureza a formulação de leis deterministas assim como a quantificação. No entanto não é
saudável assumir posturas extremas, nem ultra-positivistas, tão pouco absolutamente pessimista.
O PIC encerra a unidade dialéctica entre a aplicação de mét odos empíricos e de mét odos teóricos.
É necessário elevar os conceitos e formular leis na ciência e para isso sem dúvidas devem buscar-
se métodos e ferramentas para poder processar a informaç ão que vai resultando do processo.
Mesmo assim necessita-se avaliar a certeza de um resultado como medida de sua fiabilidade.
O anteriormente exposto, entre outros muitos debat es teóricos da atualidade cient ífica, conduzem
a defender uma posição de respeito a todo tipo de conc epção mesmo que determinando em todo
caso o que oferece ao sistema de conhecimentos.
Os princ ípios básicos promulgados são portanto: (a) a dialéctica como método, (b) o enfoque
holístico na investigação com ruptura da dualidade met odológica - epistemológica e portant o de
integração e complementação dos paradigmas qualitativo e quantitativo e (c) o reconhecimento do
fundamento social da investigação.
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Quantidade e qualidade são duas categorias filosóficas que refletem dois dos aspectos
essenciais da realidade objectiva.
Nas concepções dialécticas se defende que o mundo não está composto de coisas acabadas ou
estáticas mas sim de um conjunt o de processos em constante desenvolvimento e por isso
constantemente modificam-s e, surgem e destruem-se. No entanto, isto não significa que as coisas
careçam de determinada forma de existência em determinada relação espaço/temporal, que seja
absolutamente instáveis ou indiferenciáveis.
Um objecto, processo ou fenómeno da natureza, sociedade ou pensamento, identifica -se, precisa-
se, diferencia-se de outro por sua qualidade. A determinação qualitativa dos objetos, fenómenos
e processos é o que os torna estáveis, o que os delimita. A qualidade associa-se com a soma das
propriedades, os atributos, os traços ou características que particularizam a um objecto ou
fenómeno e o diferenciam do outro.
Normalmente os termos qualidade e quantidade são assumidos como sinónimos, entretanto,
alguns autores os diferenciam associando o primeiro com os valores ou virtudes pessoais. No
entanto, neste material ambos são tidos como conjunto de propriedades.
Por sua parte, os objetos e fenómenos possuem t ambém uma determinação quantitativa:
magnitude, extensão, número, ritmo em que decorrem os processos, grau de desenvolvimento,
intensidade das propriedades.
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Desde o ponto de vista histórico, o enfoque quantitativo foi o tradicionalmente utilizado na
investigação e port anto é clássico nas ciências naturais ou factuais, alcançaram deste modo um
auto grau de desenvolvimento.
No entanto, desde finais do século XIX surgiu uma polémica que continua vigente hoje, promovida
por um sector das investigações das ciências sociais e humanas. Expressa que a teoria do
conhecimento e os procedimentos próprios das ciências naturais não correspondem com as
exigências histórico-sociais e humanistas das ciências sociais.
As investigações qualitativas direcionam-se a int erpretação dos significados das acções dos
sujeitos e em geral da vida social e se aplica um tratamento de ordem qualitativo aos dados.
A cada um destes tipos de investigação lhe são inerentes determinados métodos.
Relativamente ao debate referido a investigação quantitativa ou qualitativa, foram desenvolvidos
incontáveis argumentos e foram publicados grande quantidade de trabalhos. Não obstante,
maioritariamente observa-se posicionamento num dos extremos excluindo absolutamente o outro.
A questão não pode reduzir-se exclusivamente a resposta positiva ou negativa que se ofereça
quanto a possibilidade de matematizar os resultados da investigação.
As respostas atuais a este problema, como se expressou, situam-se no geral em posições
extremas. Dum lado os investigadores quantitativos defendem que tudo se pode matematizar e de
outro lado os investigadores qualitativos ex põem que o paradigma epistemológico da matemática
pugna com o das ciências sociais.
Por outro lado, a posição não pode s er ecléctica misturando ambos pontos de vista sem obedecer
a determinados princ ípios. Não obstante, numerosos autores atualmente discutem esta dicotomia
pretendendo eliminar a dualidade com novas formas de integração e complementaridade
dialéctica.
Em geral, se pode afirmar que toda a posição extrema é em si mesma limitante para o alcançar o
desenvolvimento do processo em questão. Deste modo, ambos os métodos podem ser
considerados como complementários entre si, o que implica que o emprego de um não exclui a
possibilidade de empregar o outro quando seja necessário.
Como resultado da dicotomia entre os enfoques quantitativos e qualit ativos nas ciências sociais
desde o ponto de vista epistemológico, cobram forma os denominados paradigmas da
investigação. Estes são pontos de vista, enfoques, estratégias, modos de analisar e interpretar os
processos fundamentados num conjunto de postulados, normas, objetivos e valores que conduzem
a um determinado modo de perceber e compreender os ditos processos.
Thomas Kuhn em 1975 introduziu o termo (paradigma) aplicado a investigação cient ífica
formulando sua definição como “uma concepção geral do objecto de estudo de uma ciência, dos
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problemas que devem ser estudados, do método que deve ser empregue na investigaç ão e nas
formas de explicar ou compreender, segundo o caso, os resultados obtidos pela investigação”.
O paradigma reúne e relaciona exemplos e teorias que se formulam dentro dele. Sua aceitação por
parte de um conjunto de investigadores diferencia uma comunidade cient ífica de outra e constitui o
fundamento válido de sua prática científica.
A comunidade científica debate-se hoje fundamentalmente entre os seguintes paradigmas:
1. Positivista (quantitativo, racionalista).
2. Interpretativo (qualitativo, naturalista).
3. Sociocrítico (participativo).
O Paradigma Positivista
O paradigma positivista tem a sua origem nas ciências físicas; implica que a verdade é absoluta e
que os factor e os princípios existem independentemente dos contextos histórico e social. Se algo
existe, este pode ser medido.
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Este paradigma, como corrent e filosófica idealista subjetiva rejeita o problema cardinal da Filosofia
como ciência (relação entre o ser e o pensar, entre a matéria e a consciência) qualificando-os
como “metafísicos” e não sujeitos a comprovação experimental.
Nas primeiras correntes positivistas (Comte, Mill, Laffite, Spencer) que se distinguem na história,
aprecia-se um empirismo extremo e um enfoque fenomenológico dos processos. O
empiriocriticismo foi a segunda ac epção destas correntes (Mach, A venarius) com um enfoque
sumamente subjetivista.
O neopositivi smo, que surgiu c om a atividade do Círculo de Viena (Neurath, Carnap, Schlick,
Frank ) e da Sociedade Berlinesa de Filosofia Empírica (Reichenbach, Kraus, Popper e outros),
opera num sentido de aproximar a lógica da ciência a matemática na tentativa de formalizar em
extremo os problemas gnosiológicos.
O paradigma positivi sta na ciência actual (também denominado paradigma quantitativo,
empírico-analítico ou racionalista) é derivado das investigações tradicionais nas ciências
naturais e factuais e se quis extrapolá-lo para as ciências sociais e humanas.
Suas principais características são:
Utiliza predominantemente técnicas quantitativas.
Aspira ampliar o conhecimento teórico.
Está orientado a formulação e comprovação de hipóteses e teorias.
Propõe-se estabelecer leis explicações gerais pelas que se regem os fenómenos.
Aspira à precisão, ao rigor, ao controlo no estudo dos fenómenos.
Considera que o método modelo do conhecimento científico é o experimento.
Defende a via hipotética-dedutiva como válida para todas as ciências.
Assume determinadas posições acerca da concepção do objecto da investigação e de sua forma
de conhecê-lo, entre outras:
O objecto é uma parte da realidade e portanto possui carácter objectivo,
independentemente do sujeito que o estuda, e portanto se tenta minimizar a subjetividade
no processo de conhecer o objecto.
Rege-se por leis que explicam, predizem e controlam os fenómenos, as quais podem ser
descobertas e descritas.
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O Paradigma interpretativo
Segundo Fortin (2006), a expressão “paradigma interpret ativo” foi primeiro utiliz ada por E rickson
em 1986, retomada por Lessard-Hébert, Goyette e Boutin em 1995. No entanto, um papel
fundamental no afincamento deste paradigma foi jogado pelo movimento filosófico e sociológico
conhecido como Escola de Frankfurt fundada em 1923 na Universidade de dita cidade alemã
(Adorno, Horkheimer, Marcuse e mais recentemente Habermas).
O paradigma Interpretativo está associado a uma concepção holística do estudo dos seres
humanos, concepção saída de um certo número de crenças que orient am todo o processo. Logo
encerra a crença de existirem várias realidades, em que cada é baseada nas percepções dos
indivíduos e muda com o tempo, seu conhecimento tem sentido para uma determinada situação ou
contexto particular (Munhall & Boyd, 1993).
Este designa o conjunto de mét odos qualit ativos, que engloba particularmente a fenomenologia, a
etnografia, a teoria fundamentada, o interacionismo simbólico e o construtivismo.
Os limites dos enfoques quantitativos nas ciências sociais, assim como uma nova conc epção na
interação sujeito-objecto no PIC, em concomitância com outras críticas surgidas da extrapolação
dos paradigmas tradicionais ao estudo de grupos humanos , (em Sociologia, Pedagogia, Psicologia,
Antropologia, Etnografia, etc.) fizeram com que surgissem no vos sustentos teóricos, filosóficos e
epistemológicos com uma perspectiva humanista-qualitativa do homem e a sociedade.
O paradigma interpretativo (também denominado qualitativo, fenomenológico ou naturalista
propõe uma interpretação dos factos humanos e s ociais com um processo participativo na solução
dos problemas.
Suas bases filosóficas fundamentam-se em uma ou várias das escolas idealistas segundo as quais
existem múltiplas realidades construídas pelos sujeitos na sua relação com a realidade social em
que vivem. Segundo esta, não existe uma só verdade, mas que esta surge como uma configuração
que as pessoas dão as situações em que se encontram. A realidade social é assim construída com
base nos marcos referenciais dos actores.
O enfoque interpretativo caracteriza-se fundamentalmente por:
Englobar um conjunto de correntes humanístico-interpretativas cujo interesse é dirigido ao
significado das acções humanas e da vida social.
Não adoptar as predições, as explicações e o controlo como propósito da investigação,
estes são substituídos pela compreensão, o significado e a acção.
Aspirar-se à compreensão descrição e interpretação do singular e o particular dos
fenómenos assim como do individual pondo de parte a generalização.
Não procura as regularidades nem a formulação de leis. Procura penetrar nos
significados das at uações pessoais dos sujeitos, nas intenções, crenças e motivações
individuais. O objecto estudado fica claramente individualizado.
Seu critério de objectividade está relacionado com o acordo inters ubjetivo no contexto
social em que se desenvolve a investigação.
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Reconhece-se um carácter dinâmico e diverso da realidade na sua interação com os
sujeitos e pretende-se desenvolver um conhecimento ideográfico baseado na descrição.
Substitui-se o estudo do observável e o processamento quantitativo da informação pelo
exame preferente daqueles aspectos não observáveis nem suscept íveis de quantificação
tais como motivações, interpretações, crenças, intenções, significados, etc.
Desenvolvem-se métodos, procedimentos e técnic as especiais vinculadas as concepções
deste paradigma entre os quais são destacados a investigação-acção, as modalidades de
triangulação e convergência, os métodos histórico-hermenêuticos, entre outros.
Não há possibilidade de estabelecer conexões causa-efeito devido a contínua interacção
mútua entre os factos sociais e multiplicidade de condições a que estão submetidos.
A investigação associada ao paradigma interpretativo, ainda no campo das ciências sociais, tem o
perigo de ser excessivamente conservadora se não é c onsiderada a necessidade de
transformação da realidade como uma meta principal da ciência.
O paradigma sócio-crítico
Este paradigma surge como um intento de conciliação e compromisso avalado pela praxis
investigativa segundo a qual rompe-s e o princípio extremo de fazer corresponder obrigat oriamente
a filosofia de um paradigma com o emprego de métodos de outro. Com este pretende -se superar o
reducionismo do paradigma positivista nas ciências humanas e o conservadori smo do
paradigma interpretativo.
No paradigma sócio-crítico ou participativo introduz-se a ideologia de modo explícito, cujos
princ ípios apontam para a transformação das relações sociais e dão res posta aos problemas
derivados destas.
Suas principais características são:
Conhecer e compreender a realidade como praxis.
Unir teoria e prática: conhecimento, acção e valores.
Implicar o investigador na solução de seus problemas a partir da auto reflexão.
Utilizar o conhecimento para alcançar a liberdade do homem, entendida esta c omo
reconhecimento da necessidade.
Questiona-se a suposta neutralidade da ciência e da investigação.
A investigação deve conduzir a transformação da realidade.
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Síntese comparativa dos paradigmas de investigação
Paradigma
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divergente.
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Cada pesquisa, naturalmente tem um objectivo específico. Independendemente
deste aspecto é possível congregar as mais diversas pesquisas em certo número
de grupamentos amplos. Deste modo, Duverger (1962) distingue três níveis de
pesquisa: descrição, classificação e explicação. Selltiz et al. (1967) classifica as
pesquisas em três grupos: estudos exploratórios, estudos descriti vos e estudos
que verificam hipóteses causais, conhecidas como sendo explicativas.
É vista como o primeiro passo de todo o trabalho científico, com a finalidade de:
Envolve:
Levantamento bibliográfico;
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A pesquisas explicativas têm como preocupação primordial identificar os factos
que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Este é o
tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica
a razão, o porquê das coisas.
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Para Marie-Fabienne Fortin & Colaboradores (2009), o problema de investigação e as questões às
quais ele dá lugar determinam a abordagem a utilizar para obter respostas às questões ou para
confirmar hipóteses formuladas. Cada método de investigação comporta um certo número de tipos
de investigaç ão e as escolha do tipo faz-se em função do objecto da investigação e do fim a
atingir. Assim as classificam em função dos métodos quantitativos e qualitativos, sendo:
a)Tipos de investigação quantitativa
Descritiva
Visa descobrir novos conhecimentos, descrever fenómenos existentes , determinar a frequência da
ocorrência de um fenómeno numa dada população ou categorizar a informação. Este tipo de
estudo é utilizado quando existe pouco ou nenhum conhecimento sobre um determinado assunto.
Por norma nestes estudos recorre-se aos métodos de observação, entrevista, ou ao questionári o.
Sua finalidade é definir as características de uma população, facto ou fenómeno.
Correlacional
Apoia-se nos estudos descritivos e procura estabelecer relações entre conceitos ou variáveis. Em
função dos conhecimentos que se dispõe sobre o assunto em estudo, proc urar-se-á primeiro
descobrir quais são os conceitos em jogo e determinar se há relações entre estes. A seguir,
verifica-se, através das hipóteses, as relações que existem entre um certo número de variáveis
precisas, a posterior explica-se de que maneira estas variáveis estão ligadas entre si.
Experimental
Visa verificar relações de c ausa e efeit o entre variáveis. Estes estudos situam -se a um nível de
investigação mais elevado, no plano dos conhecimentos, do que as descritivas e correlacionai s.
Sustentam-se no conhecimento adquiridos nos estudos expressos acima para examinar as
hipótese causais. São suas características: A intervenção ou tratame nto em situação de
investigação, o estabelecimento de um grupo de controlo e a repartição aleatória dos participantes
no grupo experiment al e no de controlo. No c aso de falta de uma destas características o estudo é
considerado quase experimental ou quase experimento.
A fenomenologia
32
A fenomenologia foi fundada por Husserl (1859-1938), utilizada sobretudo, pelos filósofos
existencialistas com destaque para Maurice Merleau-Ponty (1908-1961) e Gabriel Marcel (1889-
1973). Esta é ao mesmo tempo uma doutrina filosófica e método de investigação. Do ponto de
vista filosófico, a pessoa forma um todo com o seu ambiente, ela tem um mundo e uma realidade
que lhe são próprias, compreendida soment e em situação contextual. O objectivo é descrever a
experiência tal como é vivida e relata pelas pessoas tocadas por um fenómeno preciso.
Portanto, é uma abordagem indutiva que tem por objectivo o estudo de determinadas experiências,
tais como são vividas e descritas pelas pessoas. Visa compreender um fenómeno, identificar a
essência do ponto de vista das pessoas que o viveram ou que fizeram a experiência (luto,
sofrimento, etc.).
Os dados são habit ualmente colhidos com a ajuda de entrevistas ou de observações não
estruturadas. Estas entrevistas são registadas e transcritas integralmente.
A etnografia
Esta é uma abordagem sistemática que visa observar, descrever e analisar no terreno o género da
vida de uma cultura ou de uma subcultura. A etnografia liga-se à antropologia. Tem por fim
compreender um grupo humano, as suas crenças , a s ua forma de viver e de adaptar -se à
mudança. Os dados são recolhidos com a ajuda de observações participantes e de entrevistas. A
análise permite atribuir aos dados uma significação determinada. O grupo tem de se pronunciar
sobre a validade da interpretação que é dada aos seus usos e costumes (Fortin & Colaboradores,
2009).
A teoria fundamentada
A teoria fundamentada é uma criaç ão das ciências sociais e deriva sobretudo do interaccionismo
simbólico, uma teoria professada pela antropóloga Margaret Mead, tendo como defensores mais
conhecidos, Glaser e Strauss (1967). Filosoficamente, a pessoa pode ser considerada como uma
realidade míltipla e complexa que vive num mundo s ocial formado por objectos concrectos e
abstractos. É uma abordagem indutiva com intuito de descrever problemas presentes em contextos
sociais definidos, assim como a maneira de as pessoas enfrentarem. Seu objectivo é chegar a uma
teoria explicativa dos fenómenos sociais. Os dados são colhidos com a ajuda de uma combinação
de ent revistas, de observaç ões participantes e não participantes e de registos. Os dados são
transcritos integralmente, codificados e classificados.
33
problema identificado. Assim, algumas qualidades são necessárias para um
pesquisador, segundo Collis e Hussey (2005):
a) Capacidade intelectual;
b) Criatividade;
c) Capacidade de comunicação;
d) Habilidades organizacionais;
f) Independência;
g) Motivação;
h) Perseverança.
34
desenvolver essa habilidade é prestando bastante atenção às leituras,
participando de “aulas de nivelamento” e torcer para encontrar professores que
saibam orientar sobre os erros cometidos. Sem es ta habilidade é quase
impossível elaborar uma monografia.
35
mundial ficou sensibilizada sobre os maus tratos infligidos as pessoas. Portanto,
como repercussão foram traçados códigos de ética com intuito de situar as
investigações em que participam seres humanos.
36
Dali a exigência dos investigadores de Canadá cumprirem com o enunciado
Político dos Três Conselhos de Investigação de canada.
37
o auto aperfeiçoamento humano. No processo de investigação científica é
necessário ter em conta o reconhecimento da importância da ciência no plano
teórico, metodológico e prático, que guía o pesquisador para à busca de
fundamentos científicos que lhe permitem interpretar, explicar, projectar e
transformar sua realidade professional. O que implica:
38
TEMA II. ETAPAS DO PROCESSO DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA E SEUS
COMPONENTES.
39
É bom destacar que o modelo clássico do positivismo na investigação concebe
quatro etapas seguintes: Planificação, Execução, Avaliação e Comunicação.
40
Observação directa e/ou indirecta na prática do objecto ou fenómeno que se
pretende investigar:
A essência desta etapa é a execução de uma boa parte do que foi planificado no
desenho da investigação, e caracteriza-se pelo trabalho de campo que consiste na
utilização de determinados métodos mediante a aplicação de instrumentos
investigativos com o objectivo de recolher dados que posteriormente serão
processados e aportarão as evidências suficientes para chegar a concussões
cientificamente fundamentadas. Os dados podem ser quantitativos e ou
qualitativos.
41
d)-Etapa da Avaliação da informação obtida.
A análise dos resultados tem muita importância, pois os dados como tal, por si só
não nos dizem nada, em dependência da análise criativa feita pelo investigador se
pode produzir determinados conhecimentos que permaneceriam mascarados sem
essa inteligente e criativa análise crítica do investigador. De lembrar que a
avaliação independentemente de sua essência centrada nos dados, não devemos
perder de vista que esta mostra corpo em todas etapas do processo investigativo.
Por exemplo, uma tese é uma escrita onde o investigador deixa constância dos
resultados fundamentais do seu trabalho no processo investigativo; entre os quais
estão suas concepções teóricas, sua proposta de solução do problema proposto,
42
os resultados da aplicação à prática da proposta concebida ou desenhada, as
conclusões assim como as recomendações e a bibliografia consultada.
Esta constitui a última etapa para fechar o ciclo investigativo. Consiste, como o
nome pressupõe, em introduzir na prática social, os resultados obtidos na
investigação para transformar o problema detectado na etapa de diagnóstico.
Em todos os casos em que o homem edifica uma obra, antes a imagina, a projecta
em sua mente. Referindo-se a esse assunto Carlos Max disse que até ao pior
arquiteto sobressai o trabalho da melhor abelha, antes de realizar uma obra, já a
projecta na sua mente. Quando se vai construir uma casa, não se começa sem
antes realizar um projecto, que não é outra coisa do que conceber o que quer
alcançar, primeiro na mente do arquiteto e depois no papel, quer dizer, nos planos.
Sobre essa base de ideias, pode se dizer que, antes de ser realizada uma
investigação, o investigador projecta, quer dizer, elabora uma estratégia, pensa
num conjunto de acções que ao executá-las levam ao cumprimento do objectivo
preconizado. Desta maneira, surge o desenho da investigação. Em muitas
situações o investigador não atribui real importância a este aspecto, mas verdade
que se diga que sem um bom projecto não haverá uma boa investigação.
43
O momento do desenho é o de tomar em boa medida as decisões estratégicas
para o desenvolvimento da investigação, caso estas não estejam escritas corre -se
o risco de que sejam esquecidas ou destorcidas durante o desenvolvimento do
trabalho investigativo.
44
correlação. Deve se conseguir que os elementos do desenho estejam dirigidos a
solução do problema científico estabelecido, todos devem estar direccionados ao
problema.
45
O problema constitui uma manifestação de uma situação problemática, a que por
sua vez é expressão de uma contradição entre o estado desejado e o real de uma
situação teórica ou prática dada, ou seja que é o laço intermédio entre o
conhecido e o desconhecido.
46
investigador, pois não existe um algoritmo de trabalho nem uma receita para
aplicar, depende da criatividade do investigador, da sua experiência, tão pouco
existem critérios unânimes entre os investigadores nem entre os estudiosos da
metodologia de investigação. É um aspecto metodológico que ainda está em
debate.
Uma vez definidos o objecto e o campo, o investigador deve decidir se vai utilizar
hipótese, perguntas científicas, ideias a defender ou ideia reitora em dependência
do critério do autor e da maneira como seja enfocado o trabalho investigativo.
Constitui o fim que se quer alcançar com a investigação. É como porto a que é
dirigida uma embarcação. A actividade humana é orientada por fins que são
determinados por objectivos.
47
Nível de Diagnosticar, caracterizar, Nível de Qual...?
conhecimento Investigar, demostrar, conhecimento
Quais...?
estruturar, descrever,
determinar, Identificar, medir,
Provar, Examinar...
Por que...?
Será...?
Hipóteses
48
representa uma forma especial de conhecimento com certa probabilidade de ser
verdadeiro. No processo investigativo ao comprovar-se ou refutar-se a hipótese,
passar-se-á do conhecimento provável ao verdadeiro, solucionando-se o
problema.
Classificação de hipóteses:
1-Hipóteses descritivas
a)-A expectativa de entrada anual dos estudantes na ESP-Bié oscila entre 400 a
420 estudantes.
2-Hipótese Explicativas.
-Hipóteses Correlacionais
49
b)-A estabilidade familiar, a higiene escolar, as características do professor e a
influência familiar estão vinculadas ao rendimento escolar e com a motivação para
o estudo (mais de duas variáveis);
50
No caso das explicativas, conjecturam possíveis nexos internos, causais e
necessários entre os fenómenos. Revelam relações causa/efeito, e põem
manifestas as regularidades estáveis e essenciais e os mecanismos de
surgimento e desenvolvimento dos processos. Assim, para corroborar a suposição
de que a instabilidade familiar é a primeira causa da desistência escolar, é
indispensável um procedimento experimental rigoroso que possibilita isolar outras
variáveis intervenientes para chegar a certeza objectiva de que a relação
estabelecida é objectiva e irrefutável. Algumas hipóteses estabelecem relações
causais bivariadas em que apenas consideram duas variáveis, uma que actua
como causa e outra como efeito, enquanto em outros casos as relações são
multivariadas.
As hipóteses nulas (H0) são aquelas que negam ou refuta m a preposição contida
na hipótese de investigação, sendo então a compartilhada ou inversa desta.
Hi- Existe diferença entre os estudantes que dão matemática na base de uma
metodologia apoiada na teoria de Galparin no desenvolvimento de habilidades de
cálculo em relação aos que dão pela metodologia tradicional;
H0- Não existe diferença entre os estudantes que dão matemática na base de
uma metodologia apoiada na teoria de Galparin no desenvolvimento de
habilidades de cálculo em relação aos que dão pela metodologia tradicional;
51
Requisitos da hipótese científica.
b)-Capacidade preditiva;
c)-Formulação adequada;
d)-Generalidade;
e)-Confirmação empírica;
f)-Informativa;
52
Faz-se referência a riqueza, profundidade e velocidade de seu conteúdo, o qual
deve ser capaz de explicar determinada esfera até agora desconhecida. Portanto,
deve refletir conteúdo de um objecto.
Variáveis da investigação.
Tipos de variáveis:
a)-Dicotómicas e politómicas;
53
b)-Contínuas e descontínuas;
Se A então B.
54
é manipulada; senão observada para explicar ou caracterizar os efeitos
desencadeados pelo factor de variação; por exemplo, o rendimento académico
como consequência da nova metodologia de ensino aplicada. Diz-se então que as
variáveis manipuladas são independentes, e as consequências são as
dependentes, o resto das presentes no sistema investigativo são as estranhas ou
não experimentais.
2.2.4.1-Perguntas científicas.
55
Como seu nome indica, é uma ideia que reitoria a investigação, é como um juízo
hipotético, pois estabelece a solução antecipada do problema. Dali que muitos
metodólogos defendem ser uma hipótese sem os requisitos desta, além disso não
necessita a contradição empírica com o rigor no controlo das variáveis que precisa
a hipótese.
56
alcançar com o cumprimento, e é sugerido ter em conta cada uma das etapas da
investigação de modo a contemplar uma ou mais tarefas para cada uma das
etapas de acordo com as necessidades específicas.
57
As definições pertinentes à compreensão do problema devem ser
explicitadas. Importa aqui realçar que somente as estritamente necessárias
devem ser colocadas na introdução.
A metodologia deve esclarecer a forma que foi utilizada na análise do
problema proposto. Em investigações descritivas e experimentais devem
ser detalhados os principais procedimentos, técnicas e instrumentos
utilizados na colecta de dados das observações ou dos testes das
hipóteses, de forma a que o leitor tenha uma noção do roteiro utilizado. O
leitor deve ter os elementos necessários para poder compreender,
identificar e avaliar os procedimentos utilizados na investigação. A
caracterização da amostra também faz parte desta descrição.
O marco teórico deve ser citado de forma sintética na introdução, apenas
servindo para o leitor identificar a linha teórica que serviu de base para a
investigação, uma vez que o detalhe é feito no corpo do trabalho
(desenvolvimento).
As hipótese, no caso de investigações descritivas e experimentais, devem
ser apresentadas, como as possíveis soluções ou explicações que
orientaram o processo da investigação, mostrando o que a investigação
pretendeu testar. De lembrar que não há hipóteses se a investigação for
exploratória ou bibliográfica.
As dificuldades ou limitações devem ser expostas desde que sejam
relevantes.
2.2.7.-Contributo prático.
58
do problema a investigar constituem o marco teórico da investigação. A
elaboração do marco teórico é feita mediante conceitos, magnitudes, variáveis,
leis e modelos que existem na ciência, e que se sistematizam com o objectivo de
determinar em que medida estes contribuem a solucionar o problema investigado
e em que medida são insuficientes.
As fontes literárias podem ser de diferentes tipos: fontes primárias tais como:
livros, artigos, revistas, monografias e outros; as fontes secundárias são os
resumos e referências; como fontes terciarias temos os compêndios, diretórios de
títulos, revistas, autores, organizações científicas e outras.
59
que não requerem a elaboração de um novo modelo teórico.
A elaboração do marco teórico não é somente reunir informação, mas que se deve
relacionar, integrar e sistematizar, contribuindo em alguma medida na
conformação de um novo modelo teórico. Este não é um aporte teórico porém
requer a capacidade de síntese e enfoque do investigador.
60
teoria e formular juízos hipotéticos quanto a relação entre os conceitos ou
variáveis. No entanto o quadro conceptual não provém necessariamente de uma
teoria que tornaria explicita a relação prevista entre as variáveis, porém é produto
do agenciamento dos conceitos, feito pelo investigador. Este é mais baseado
sobre dados empíricos. Neste o investigador agencia os conceitos e subconceitos
de maneira que eles possam ser descritos e suas relações examinadas (Côté &
Filion, 2009).
Segundo, Côté & Filion (2009:121), o quadro conceptual “é uma breve explicação
de um conjunto de conceitos e subconceitos interligados e reunidos em razão da
suas relações com o problema da investigação”.
A referida explicação gira em torno dos conteúdos dos escritos sobre o domínio
de conhecimentos ligados ao tema em estudo, do modelo conceptual ou de dados
empíricos. Na sua elaboração o autor organiza os conceitos na base de suas
relações de modo a conceder uma precisa orientação à formulação do problema,
as perguntas e a consequente interpretação dos resultados. No entanto, o quadro
conceptual é menos específico que o quadro teórico e informal no que tange as
relações entre conceitos
61
1. Revisão da literatura - mediante a qual se consulta, extrai e recopila a
informação relevante sobre o problema a investigar.
Para Inácio-Filho (1995) citado por Marília Freitas de Campos Tozoni-Reis (2007),
o fichamento das leituras deve ter informações completas sobre autor e obra,
informações do contexto histórico da produção da obra, resumo da obra,
identificação do objetivo, identificação da tese (ideia original defendida pelo autor),
identificação do referencial teórico (conceitos, categorias e pressupostos),
informações sobre as fontes e referências utilizadas pelo autor.
Se pode ver abaixo algumas técnicas práticas para essa atividade recomendadas
por Salomon (2004, p. 123):
62
função de seus estudos e da futura vida profissional;
63
g) se o estudante já tinha o hábito de documentar-se, mas o fazia em cadernos
e agora percebe a conveniência de aderir ao sistema de fichas, poderá
recuperar todo o material guardado, adotando um sistema prático de
transcrever para as fichas apenas os títulos e páginas do caderno onde se
encontra. O “ideal” seria, entretanto, rever anotação por anotação e copiar
em fichas as que lhe interessam manter.
O tamanho da ficha fica a critério de cada um. Não deverá ser muito pequeno, a
fim de não sacrificar os apontamentos e resumos. Nem muito grande, por motivo
de economia e comodidade no manuseio. Aponta-se, como sugestão, os
seguintes tamanhos já universalmente conhecidos: 20 X 12,5cm, 20 X 25cm ou 25
X 15cm.
Exemplo:
Titulo: O miúdo.
Editorial: Atlas
ISBN: 979999127809
2ª Edição , 2012
Kuito-Angola
64
Tema: As melhores glórias da vida.
Para poupar espaço e gastos, pode-se anotar nos dois lados da ficha. Nesse
caso, a prática tem mostrado que a melhor maneira para facilitar o manuseio é
fazê-lo no sentido inverso da frente da ficha (isto é, de cabeça para baixo).
Uma vez decidido o tamanho da ficha, há que mantê -lo para todas elas e adquiri-
las em grande quantidade. Essa providência, além de constituir um especto
psicológico de fator motivacional, evita perdas irrecuperáveis de tempo. Não é
necessário que se adquiram fichas já prontas nas papelarias. É até mais
econômico e mais de acordo com as necessidades específicas mandar cortá-las
numa tipografia. O papel pode ser do tipo “40g”, que não é fino nem muito
encorpado. Quem tem hábito de escrever à máquina (ou microcomputador) pode
não precisar de linhas no papel para escrever à mão, não precisa adquirir folhas
pautadas, o que proporciona notável economia e maior praticidade.
65
texto consultado, aporta o conhecimento do investigador e sua experiência.
É um dos mais importantes no processo de redacção do trabalho do próprio
investigador. Devem ser marcadas com as iniciais CP ( Comentário
pessoal).
Ficha de dados: como seu nome revela, contém dados como: cifras, datas,
nomes ou lugares que correspondem com o tema investigado.
66
c- Paulo (2014) detetou que a sinistralidade rodoviária pode ser drasticamente
reduzida na base de programas de sensibilização massiva da população.
Directa ou textual- Usar as palavras do outro autor sem fazer qualquer alteração
no texto original. (Curta com até 40 palavras ou três linhas). Ex.
a-Maito (2014), concluiu que a “depressão é fatal para as pessoas hipertensas” (p.
250).
67
TEMA III. Os Métodos da investigação científica
Como se pode inferir, ambos desenhos são importantes e não se pode prescindir de
nenhum. No final ambos se unem e conformam o desenho ou o projecto da investigação.
Tipo de estudo
Como já foi dito anteriormente, nas investigações sociais existe uma tendência de
estabelecer relações entre o qualitativo e o quantitativo e não assumir paradigmas
exclusivos de alguma destas tendências, já que apenas a quantificação de um resultado
não nos pode dar o rigor, senão também suas valorações qualitativas.
68
Não se pode afirmar que uns sejam mais importantes que os outros, sensivelmente cada
tipo tem suas funções bem delimitadas, ainda que todos se integrem para alcançar os
objectivos da investigação.
A conformação de uma teoria que explica o objecto que se estuda pressupõe modelar o
dito objecto, quer dizer, abstrair um conjunto de características e relações desse objecto,
que explica os fenómenos, factos e processos que se investigam.
69
Análise/Síntese, são dos procedimentos teóricos que cumprem funções importantes na
investigação científica.
70
constituem uma cadeia de enunciados cada um dos quais é uma premissa ou conclusão
que se segue diretamente segundo as leis da lógica.
O método histórico (tendencial) está vinculado ao conhecimento das distintas etapas dos
objetos em sua sucessão cronológica; para conhecer a evolução e desenvolvimento do
objecto ou fenómeno de investigação é necessário revelar sua história, as etapas
principais de seu desenvolvimento, assim como as conexões históricas fundamentais.
71
O estudo da história do objecto em toda sua diversidade com seus desequilíbrios e
qualidades, conduzem a compreensão da sua lógica, de suas leis de desenvolvimento
internas e suas casualidades.
Métodos lógicos:
Métodos hipotético-dedutivo
O método hipotético dedutivo é a primeira via de inferências lógico dedutivas para chegar
a conclusões particulares a partir da hipótese para que depois possam ser comprovadas
experimentalmente.
Exemplos:
a)-A hipótese que estabelece o sistema de princípios da teoria cinético molecular, pode
ser comprovada se inicialmente é deduzida desses princípios as leis particulares dos
gases perfeitos (Boyle-Mariott, Gay-Lussac) que posteriormente são comprovados na
prática.
b)-As leis gerais da teoria didáctica possibilitam deduzir destas regularidades particulares,
como podem ser o incremento relativo do tempo das disciplinas básicas específicas na
72
formação do profissional de perfil amplo, o que é comprovado na elaboração dos planos e
programas de estudo submetidos a prática.
Método genético
Exemplos:
b)-O elemento de todos os seres vivos é a célula biológica, que possui todas as funções
essenciais deste objecto de estudo.
Método de modelação
73
O crescimento do papel do método da modelação na investigação científica, é
determinado antes de tudo, pela lógica interna do desenvolvimento da ciência; em
particular, pela frequente necessidade de um reflexo mediador da realidade objectiva que
é o modelo. Na análise do método de modelação encontramos uma enlace intermedio
entre o sujeito e o objecto de investigação; que é o modelo. A modelação é justamente o
método mediante o qual são criadas abstrações com vista a explicar a realidade. O
modelo como substituto do objecto de investigação se nos apresenta como algo
semelhante a este, onde existe uma correspondência objectiva entre o modelo e o
objecto, ainda que o investigador é o que propõe especulativamente o dito modelo.
A modelação é o método que opera de forma prática ou teórica com um objecto, não em
forma direta, senão utilizando certo sistema intermédio, auxiliar, natural ou artificial, que:
Método sistémico
74
O método de investigação sistémico está dirigido a modelar o objecto mediante a
determinação dos seus componentes, assim como as relações entre estes.
Essas relações determinam por um lado a estrutura do objecto e por outro sua dinâmica,
seu movimento.
O comportamento do objecto sobre a base das leis ou relações manifesta-se nas funções
do sistema. Deste modo, a função não é mais que uma propriedade que manifesta o
sistema (o objecto) em seu movimento, em suas relações com o meio, sobre a base da
sua estrutura interna.
O método estrutural funcional é convertido deste modo em uma via fundamental para a
explicação do objecto de investigação.
Método dialéctico
75
investigação cujo conteúdo procede fundamentalmente da experiência a qual é submetida
a certa elaboração racional e expressado numa linguagem determinada. Dos quais temo
A observação científica deve ser cuidadosamente planificada, onde para além de ter em
conta os objectivos, o objecto e sujeito da observação, os meios com que se realiza e as
condições ou contexto natural ou artificial onde se produz o fenómeno objecto de
observação , assim como as propriedades e qualidades do objecto a observar.
A observação científica deve ser objectiva: ela deve estar despojada o mais possível de
todo elemento de subjetividade, evitando que seus juízos valorativos possam serem vistos
reflectidos na informação registada, para isso tem que se garantir:
76
b)-O guia da observação deve ser suficientemente preciso e claro para garantir que
diferentes observadores o apliquem em simultâneo e seja entendido de mesma maneira
em como aplicá-lo. O cumprimento desse requisito leva a afirmar que a observação é
confiável.
Importância da observação
Historicamente a observação foi o primeiro método científico a ser aplicado, durante muito
tempo constituiu o modo básico de obtenção da informação científica. A observação como
método científico nos permite acerca do comportamento do objecto de investigação tal
como este se manifesta na realidade, é uma maneira de obter a informação direta e
imediata sobre o fenómeno ou objecto que está sendo investigado. Esta, estimula a
curiosidade, impulsiona o desenvolvimento de novos factos que podem ter interesse
científico, provoca levantamento (anúncio) de problemas científicos e de hipóteses
correspondentes. A mesma pode ser aplicada em concomitância a outros procedimentos
científicos ou técnicas (a entrevista, o questionário, etc.) o que permite a comparação dos
resultados por diferentes vias, que se complementam e permitem obter uma maior
precisão da informação recolhida.
77
Observação não participante – O observador realiza a observação de fora, não faz
parte do grupo investigado.
A semelhança dos autores anteriores, Julío Cerezal Mesquíta e Jorge Fíallo Rodríguez,
em sua obra, Como investigar em Pedagogia (2009), apresentam a seguinte classificação
das observações:
-Em função do lugar em que se leva a cabo a observação: Temos a real ou natural – a
que é realizada no lugar em que acontece o facto, fenómeno ou processo que se
investiga; e a de laboratório em que o facto, fenómeno ou processo que se investiga que
se investiga ocorre num ambiente criado pelo investigador.
78
esses factores, se elabora um plano de observação em se deve precisar: Objecto,
magnitude e variáveis a observar, tempo de duração da observação e o resultado
esperado. A partir disso se elabora um programa de observação, determinados pelas
interrogações que têm que ser esclarecidas mediante a mesma.
Método Experimental
O experimento dentro dos métodos empíricos é o mais complexo e eficaz. Surge como
resultado do desenvolvimento da técnica e do conhecimento humano, como
consequência do esforço que realiza o homem para penetrar no desconhecido através da
sua atividade transformadora. Este é o método de estudo empírico de estudo do objecto
com o qual o investigador cria as condições ou adequa as existentes, necessárias para o
esclarecimento das propriedades e relações do objecto úteis a investigação.
No experimento o investigador:
As condições que rodeiam o objecto são as naturais ou artificias criadas pelo investigador
sob o qual é realizado o experimento com os meios e instrumentos adequados para o
mesmo. O facto de no experimento o investigador provoca o fenómeno que deseja
abordar, faz com que o método experimental apresente vantagem sobre os demais
métodos empíricos. No experimento é possível:
79
A separação e isolamento das propriedades nas quais presta atenção
para o seu estudo, do meio que pode exercer influência sobre estas;
O estudo do fenómeno em condições variadas;
A reprodutividade do experimento.
A experimentação na investigação cria a possibilidade de estudar exaustivamente os
nexos ou relações entre determinados aspectos do processo, e pôr em manifesto as
causas condicionantes da necessidade do dito fenómeno.
80
isolamento e controlo da mesma. O número de pessoas selecionadas para o experimento
geralmente é pouco, dificultando deste modo a generalização dos resultados.
81
motivações, sentimentos, opiniões e percepções sobre o objecto de investigação. As duas
formas básicas de interrogação são: a direta, que se realiza através da formulação de
perguntas a uma pessoa ou grupo de pessoas (entrevista), ou a indireta que é efetuada
com a aplicação de um questionário escrito.
Tanto o inquérito como a entrevista, permitem saber as ideias ou apreciações que têm as
pessoas a cerca do que se lhes interroga. Cada um desses métodos tem suas vantagens
e desvantagens, por isso, a sua seleção está em dependência do tipo de investigação, da
amostra selecionada e do tempo que se dispõe para sua execução.
O inquérito por questionário surgiu na Inglaterra nos trabalhos de Galton no ano de 1880
e foi introduzido posteriormente na América, fundamentalmente nos Estados Unidos.
82
Principais características
Elaborado previamente;
Estrutura lógica e em muitas ocasiões fechada (rígida);
O inquerido pode ler previamente o questionário;
É respondido por escrito;
No requere pessoa qualificada para aplicá-lo;
O não deve ser muito extensivo;
Sua duração deve estar num promédio de 20 a 60 minutos.
Este método empírico tem vantagens e desvantagens, dali a importância de sua seleção
de acordo com os objectivos da investigação.
83
No caso de perguntas de tipo abertas, existe a possibilidade de que as
respostas que dão os inqueridos podem ser incompletas ou deturpadas;
Não possibilita tratar com profundidade o conhecimento dos fenómenos
que se investigam.
A entrevista
Tipos de entrevista
84
Em função da estrutura – Diretivas e não diretivas;
A informativa tem como objectivo recolher informações sobre factos, fenómenos, opiniões
e atitudes dos entrevistados. Na de orientação, o objectivo do investigador é oferecer
informações necessárias para analisar determinadas situações y modificar atitudes dos
entrevistados.
Não se deve perder de vista que a entrevista deve ter um guia de entrevista.
O método sociométrico
85
mensuração e modelação das relações interpessoais em pequenos grupos de indivíduos.
É utilizado essencialmente para se saber o grau de coesão na relação entre pessoas do
mesmo grupo, tal como escolares, revelara as simpatias que existem entre os membros
de um grupo, em que eles próprios podem no dar-se conta ou não ter consciência dessa
situação.
Quais são os companheiros do grupo com quem desejarias jogar, sair a um passeio,
etc.,?
Com que três companheiros de seu serviço gostarias formar uma brigada de trabalho?
86
Importa realçar que a afectividade influi tanto na escolha para o psicogrupo como para o
sociogrupo.
1-Os limites do grupo, assim como os membros a selecionar devem ser indicados aos
sujeitos. Geralmente se pedem de três a cinco selecionados, assim como a precisão das
prioridades em ordem descendente.
2-Pedir que a escolha ou a rejeição seja feita em função de uma atividade específica.
4-As perguntas devem ser ajustadas ao nível de compreensão dos membros do grupo.
6-Ocasionamente se pode pedir aos sujeitos que argumentem suas escolhas e rejeições.
2-É económico;
87
4-Desperta o interesse e as motivações dos sujeitos, e atrai sua cooperação, na medida
em que se lhes explica que os resultados servirão para modificar o ambiente social
segundo seus desejos;
As limitações do método estão circunscritas no facto de que sua aplicação implica uma
caracterização das relações interpessoais no grupo de pessoas num momento e em
determinadas situações e em unção das perguntas formuladas; pelo que os resultados
obtidos não devem ser considerados definitivos ou invariantes, já que as caracterizações
dos sujeitos podem ser modificados por diversos factores e o comportamento do grupo
ser diferente.
Os testes Psicológicos
De forma geral, os testes psicológicos consistem numa série de tarefas que se estruturam
para serem desenvolvidas em determinadas condições e cujos resultados valorizados
quantitativa e qualitativamente permitem estabelecer o nível alcançado no
desenvolvimento psíquico.
88
Estas provas podem ser dirigidas a obter informações a cerca do desenvolvimento da
memória, a percepção, o pensamento e outros processos psíquicos, o sistema de valores
morais, os motivos, interesses e outros aspectos da personalidade.
É importante fazer referência aos cuidados a ter na aplicação dos testes e dirigi-los
fundamentalmente a refletir a essência dos processos psíquicos que se desejam valorar.
O uso indiscriminado dos testes no aspecto social já teve consequências negativas, pois
que muitas vezes foi usado como meio para justificar diferenças sociais.
Para evadir as dificuldades do idioma ou em sujeitos com dificuldades de falar são usados
testes de matrizes progressivas dirigidas a estudar a capacidade para perceber relações.
O sujeito deve completar figuras, a partir da seleção da parte que falta.
89
Os requisitos para a aplicação das provas psicológicas são:
3-As condições do local de realização do teste devem ser as mais adequadas possíveis.
Análise do conteúdo teórico deve estar assente na revisão crítica da bibliografia, desde a
revisão da literatura que consiste no desenvolvimento de um texto que sintetiza e integra
contributos de diferentes autores sobre a matéria em estudo estabelecendo ligações entre
eles e expondo a problemática comum. A análise do conteúdo teórico permite determinar
o nível dos conhecimentos até ao momento, do problema em estudo. A revisão do
conteúdo teórico revela a determinação dos conceitos e teorias que servem de quadro
referencial do lado e do outro, permite realçar os aspetos fortes e fracos dos estudos
analisados.
90
podem privilegiar um aspecto da análise, se decompondo um texto em unidades léxicas
(análise lexical) ou classificando-o segundo categorias (análise categorial), seja
desvelando o sentido de uma comunicação no momento do discurso (análise de
enunciação) ou revelando os significados dos conceitos em meios sociais diferenciados
(analise de conotações), ou seja, utilizando-se de qualquer outra forma inovadora de
descodificação de comunicações impressas, visuais, gestuais etc., aprendendo o seu
conteúdo explícito ou implícito.
Métodos estatísticos
O método de medição
91
A medição é o método que se desenvolve com o objectivo de obter informação numérica
acerca da propriedade ou qualidade do objecto ou fenómeno, em que se comparam
magnitudes mensuráveis e conhecidas.
92
3. 2. - Recolha da informação. População e amostra: definição de população e
amostra. Representatividade da amostra. Critérios e tipo de selecção da amostra.
A amostragem é o acto de obter uma amostra de uma população. A população pode ser
entendida como um conjunto de elementos, com características comuns. A amostra é,
então, uma parte da população que se espera seja representativa da mesma. Existem
situações em que a amostragem é imperativa quando da realização da pesquisa (quando
a população é muito grande, quando há destruição da unidade para a coleta da
informação, entre outras). Há também os problemas de ordem ética que obrigam ao uso
de amostras (teste de novas drogas, vacinas, técnicas cirúrgicas, e outras). Uma situação
mais ampla é aquela, típica da experimentação, em que a população de estudo é
hipotética e a amostra é parte real desta população.
A amostra pode ou não ser probabilística. Será probabilística quando cada unidade da
população tiver a mesma chance de fazer parte da amostra. Por ex: Em um levantamento
de 100 propriedades rurais produtoras de leite tipo B de uma região, para se selecionar
uma amostra de 10 propriedades que entrarão no estudo, o pesquisador pode optar por:
Sempre que possível a amostragem deve ser probabilística, pois este é um requisito para
os testes estatísticos. Na prática, dificilmente se consegue delimitar a população e as
unidades amostrais são sorteadas dentre as disponíveis. Assim, para a comparação do
ganho de peso proporcionado por duas ou mais dietas, o experimentador dispõe de um
lote de animais e, dentro deste lote, sorteia cada um dos elementos para receber um dos
tratamentos.
93
Segundo Lakatos e Marconi (1995), existem 3 métodos básicos de amostragem:
naturalístico, intencional, aleatório. Método naturalístico: o primeiro método de amostrar,
denominado de naturalístico ou "cross-sectional sampling" procede à seleção de um total
de n indivíduos a partir de uma grande população e, então, verifica a presença ou a
ausência das características A e B em cada indivíduo. Somente o tamanho amostral total
(n) é determinado à priori para a coleta dos dados. Muitos trabalhos de pesquisa são
conduzidos desta forma. Método intencional: o segundo método de amostrar, as vezes
denominado amostragem intencional, propõe a seleção e o estudo de um número
predeterminado, n1 de unidades com a característica A1 e n2 unidades com a
Manuel João Vaz Freixo, na sua obra Metodologia Científica Fundamentos Métodos é
Técnicas 2ª Edição (2010:185), classifica em amostra probabilísticas e não
probabilísticas.
94
forma aleatória em cachos em vez de por unidade.
Amostra por quotas - Amostra de tipo não probabilística em que os sujeitos sãos
escolhidos por apresentarem certas características procuradas.
Amostra por seleção racional - Amostra de tipo não probabilística em que os elementos
da população são escolhidos por causa da correspondência entre as suas características
e os objectivos do estudo.
Amostragem por redes - Amostra de tipo não probabilística que visa recrutar sujeitos que
são difíceis de encontrar, utilizando para o efeito redes de amigos.
A coleta de dados pode ser orientada a partir das seguintes reflexões: Como será o
processo de coleta de dados? através de que meios? por quem? quando? onde?
95
Análise e discussão dos resultados: Como os dados coletados serão analisados?
Entenda-se por técnica o conjunto de preceitos ou processos utilizados por uma ciência
ou arte. No caso de pesquisas de campo, é necessário analisar e interpretar os dados
obtidos, mediante técnicas estatísticas para a devida elaboração do relatório de
sustentação do trabalho científico. Cabe ainda à técnica o encadeamento lógico do
trabalho a ser apresentado, cuja redação deverá ser concisa, clara e objetiva, visando
facilitar o entendimento pelo leitor.
A apresentação dos dados coletados na base das técnicas supra referidas, no relatório
final da pesquisa, vir em forma de texto, acompanhados ou não de tabelas, quadros,
mapas, gráficos ou demais ilustrações que facilitem sua leitura. No entanto, é importante
que, nos estudos qualitativos, os dados quantitativos sejam apresentados sempre na
perspectiva das análises qualitativas. Vejamos algumas normas sobre tabelas, quadros e
figuras.
96
A apresentação de quadros e tabelas deve estar redigida pelas normas da instituição
orientadas deste um instrumento legal ou na base de uma instituição com credibilidade
para o efeito como por exemplo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(Pasquarelli, 2004).
(GIL, 1991. Adaptado) Título – informações sobre o conteúdo, local e época dos dados
apresentados.
97
“A colecta de dados não é um processo acumulativo e linear cuja frequência, controlada e
mensurada, autoriza o pesquisador, exterior à realidade estudada e dela distanciado, a
estabelecer leis e prever fatos” (Chizzotti, A. 2010:89).
Importa realçar que os dados são colhidos, interactivamente, num processo de não linear
mas de “idas e voltas”, nas distintas etapas de investigação, na interação com a equipa de
trabalho e a população alvo.
Como já de domínio são várias as ferramentas que estão ao dispor do investigador para
que este proceda â sua investigação. É necessário que se tenha o devido cuidado para
selecionar o método mais adequado no tratamento e análise dos dados, face à estratégia
desenhada, bem como os paradigmas assumidos. Por exemplo, uma abordagem
quantitativa usará técnicas relacionadas com o tratamento de um grande número de
variáveis e observações. Terá a necessidade de fazer uma análise focalizada na procura
de padrões de relacionamento em variáveis, e ou relações de causalidade entre diversas
variáveis dependentes e (diversas) variáveis independentes. Pelo contrário, uma
abordagem mais quantitativa procurará usar técnicas que lhe permitam ter uma
percepção mais completa de uma realidade mais restrita. Ou seja, não usando um
universo tão vasto como usado pelas abordagens quantitativas, este paradigma de
investigação pretende absorver, ao máximo, os valores, crenças e processos de facto
social em análise, de maneira a dotar o investigador da visão do mundo através da
perspectiva dos atores que visa estudar. Independentemente das estratégias de
investigação adaptada (quantitativa/qualitativa) a questão gira em torno do melhor
tratamento que se pode dar as hipóteses definidas , que tipo de infirmação recolher, que
técnicas usar, e sobretudo, como testar estas hipóteses (Silvestre, H. E Araújo, J. 2012).
Como já foi feito pronunciamento nas generalidades são vários os instrumentos de coleta
de dados empíricos, aplicados em dependência dos objectivos da investigação.
98
No trabalho de campo com a aplicação de distintos instrumentos de recolha de dados,
são obviamente obtidas as informações necessitadas, propostas no projeto, e que
permitirão chegar a conclusões científicamente fundamentadas. Os investigadores têm a
noção de que os datos obtidos “em bruto” não nos dão informação clara, é necessário
forneçam informações que favoreçam penetrar na essênca, nos nexos genéticos, nas
causas, o que precisa processá-los, quer dizer, organizá-los, tabulá-los, apresentá-los e
analizá-los, de maneira que facilitem o trabalho investigativo. A ciência dedicada a esta
tarefa com dados é a Estatística.
Aquilo que cada investigador procura como ferramenta de tratamento e análise dos dados
depende muito da natureza e objectivos da investigação que se esteja a realizar. Como ja
se fez referência, uma análise quantitativa procura opracionalizar conceitos, estabelecer
relações de causalidade, generalizar conclusões do seu estudo à população e permite
que o estudo realizado seja passível de ser reproduzido, enquanto que a abordagem
qualitativa centra sua atenção na análise exaustiva do fenómeno social e na acumulação
de informação que permite a generalização empírica das conclusões obtidas.
99
A investigação vale pela capacidade explicativa demostrada. Assim, o investigador deverá
asegurar-se que existe uma relação de causalidade/associação entre as variáveis
seleccionadas e o facto que pretende estudar.
Existem entre outras, três operações básicas utilizadas no processamento estatístico, que
são a codificação, a tabulação e a graficação.
100
código 4; cubana, código 5; e assim sucessivamente até codificar todos os alunos de
diferentes nacionalidades com que se trabalha na investigação.
Importa aqui destacar que as escalas de classificação devem cumprir duas condições, ou
de exaustividade e de mutualidade excluente (Bayarre e outros, 2004), quer dizer, que
todos os dados podem ser classificados, ou seja, que tenham um lugar na escala
(exaustividade), além de que as categorías sejam mutuamente excluentes, pelo que cada
dado tenha um e apenas um lugar na escala, trata-se de situar em dois, em um se exclui
pois, “não cabe”.
O que foi feito é determinar os intervalos ou classes e depois situar nestes a quantidade
de vezes que se repete um parámetro (classificação) em cada um dos intervalos, por
exemplo, no intervalo 51-60 encontramos 3 classificações, quer dizer, sua frequência é 3,
por esta razão, esta operação é denominada distribuição de frequências que é muito útil
101
no trabalho investigativo, pois, permite ir chegando a determinadas conclusões, por
exemplo, que 26.7% de dos estudantes desta amostra obteve classificação de excelente
que 20% está reprovado (menos de 100 pontos). Isso se alcança fácilmente porque os
dados estão agrupados e processados estatísticamente.
A frequência absoluta é definida como o número de vezes que se repete um dado de uma
população ou amostra e representa-se por Fi . O somatório de todas as frequências
absolutas denomina-se frequência absoluta acumulada, representa-se por Fai e se pode
obter acumulando de cima para baixo ou vice-versa, segundo o interesse do estudo. Esta
é dada pela fórmula subscrita:
102
O somatório de todas as frequências relativas é designado frequência relativa acumulada,
e representada por fai e está dada pela fórmula:
i=1 n
X=
n = número de observações
103
descendentemente). Caso o número de dados seja impar, conta-se e se busca o central,
no caso de serem pares, são localizados os dois do centro e se acha a média pelo
procedimento já conhecido.
Temos como exemplo: 51, 54, 60, 63, 70, 75, 77, 81, 87, 87, 88, 91, 93, 97, 100.
Uma vez ordenados, como são 15 dados, o do centro é o número 8, quer dizer, o 81, pois
deste existem 7 dados a direita e 7 a esquerda.
Vejamos outro exemplo: oito estudantes de uma escola têm as seguintes medidas (em
centímetros): 146, 149, 150, 152, 155, 158, 159, 163. os valores centrais são 152 e 155.
Sua média será: (152+155)/2 = 153.5
A mediana será 153.5. A Moda é o estadígrafo que mais se repete numa série de
observações e é obtida por simples inspecção, não necessita aplicar fórmulas nem
cálculo algum.
Nos exemplos anteriores, no das notas, a moda é 87 por ser o único que se repete, e no
das medidas, simplesmente não há moda porque nenhum é repetido. Pode dar-se o caso
em que vários dados são repetidos em igual número de vezes, então teremos várias
modas.
Este não é um estadígrafo confiável porque não é de muita utilidade para os diferentes
cálculos estatísticos.
104
Estadígrafos de dispersão - são medidas que expressão a forma em que estão dispersos
ou desseminados os valores (observações) ao redor do valor central ou medida de
tendência central (geralmente média ou mediana). Os mais utilizados são o rango, a
desvio médio, a variança, a desvio standard ou típico e o coeficiente de variação.
O Rango é o maior intervalo de uma série, ou seja a diferença entre o límite superior e o
inferior. Muito simples de calcular, é útil no momento de definir a quantidade de intervalos
numa série. No exemplo das classificações de quinze estudantes o rango será:
A pesar de ser útil, não nos permite inferir sobre a dispersão dos valores observados em
relação ao valor central.
Uma desviação é o resto do valor observado (Xi ) menos o valor promédio (X).
∑ ⎢Xi – X ⎥ i=1
2
∑ (Xi – X ) i=1
2
S =n
105
em relação a outra, o que permite comparar as dispersões de duas ou mais séries de
dados. Nas investigações pedagógicas, quando por exemplo estamos realizando um
experimento projectado simultáneo e necessitamos saber em qual dos dois grupos
(experimental e de controlo) existe maior dispersão. Se os valores da média são
aproximados, podemos conseguí-lo comparando os desvíos típicos, mas se diferem
significativamente esta comparação perde credibilidade, então é preciso valer-se de um
estadígrafo relativo, em que é empregue o Coeficiente de Variação (CV).
Sua fórmula é:
S CV = X (promédio)
observações.
Provas de hipóteses
106
(O1- E1) (O2- E2) (On- En) X=+...+...
2
E1 E2 En
2 2
Se X calc 〉 X tab, então é rechaçada a hipótese nula (H0) de que os grupos
experimentais não têm melhores resultados que os de controlo e é aceite a alternativa
(H1) que plantea o contrário.
Este ponto tem como principal objectivo orientar, em termos das referências bibliográficas ,
todos os interessados na redação de um trabalho científico, sejam dissertações de
Doutoramento, Mestrado ou licenciatura, ensaios, relatórios de investigação, relatórios de
estágios ou outros documentos análogos. Pretende ser apenas uma informação
introdutória (básica) às regras formais de elaboração e apresentação de trabalhos
científicos, considerando que existe uma multiplicidade em termos de normas e princípios
dominantes nos meios académicos e científicos.
107
regras enunciadas (a utilizar).
Tipos de citações
Quanto a este aspecto não existe uniformidade dos tipos de citações, pois que alguns
autores como, Silvestre, H. & Araújo, J. (2012), distinguem dois tipos de citações: as
diretas ou formais e as indiretas ou conceptuais.
Caso1
Por isso, acrescenta Friedberg (1994:331) “é preciso estar em sobre aviso à tentativa de
retificar tais procedimentos e sublinhar a necessidade de os contextualizar ligando-os às
características e capacidades concretas dos sistemas humanos que deverão executá-los e
que são os únicos que lhe podem dar vida”.
Caso 2
Importa realçar que nas citações diretas, é obrigatório respeitar o texto original, não
alterando nada do que se transcreve, mas podem ser feitas omissões, devidamente
assinaladas através do emprego de reticências dentro de parênteses rectos ou curvos
(...). Caso haja necessidade de introduzir uma palavra ou expressão dentro da citação tal
poderá ser feito recorrendo aos parênteses. Caso ocorram itálicos ou negritos no texto
original, estes devem ser respeitados na citação; se o autor da citação os quiser
108
introduzir, poderá fazê-lo desde que acrescente, no final da citação, a referência
(itálico/sublinhado meu/nosso). Embora incomum, pode suceder que numa citação que se
deseja transcrever se observe erro ou lapso – na eventualidade, acrescentar-se-á, à
frente da palavra ou expressão incorreta a menção (sic) (palavra latina que significa
assim mesmo).
Um caso especial, e que suscita por vezes algumas dúvidas na redação do trabalho,
ocorre quando se pretende reproduzir uma citação por via indireta, ou seja, já transcrita
por outro autor. Embora não seja aconselhável reincidir nesse tipo de citação, uma vez
que a fonte original não foi consultada, a forma correta de referenciar passa pelo recurso
à palavra apud (junto de, em) ou à expressão “citado por”, antecedida do nome do autor
da citação e seguida do nome de que cita.
As citações são transcrições textuais e contextuais de conceitos alheios que o autor faz
dentro do corpo do trabalho.
Nota importante
Num trabalho científico, as citações deverão ser feita na língua original, considerando-se
do conhecimento comum, na comunidade académica de língua portuguesa, o inglês, o
francês e o espanhol. Citações em outras línguas poderão ser traduzidas pelo autor do
trabalho, sendo conveniente disponibilizar as duas versões. Deste modo, a tradução
poderá surgir ou em nota de rodapé ou no corpo do trabalho, acompanhada sempre da
menção (tradução minha/nossa).
Relativamente à extensão máxima da citação direta não existe limitação, porém se deve
evitar recorrência a citações muito longas, que em certa medida possam prejudicar a
109
legibilidade do texto e põem em causa a capacidade de síntese crítica do autor do
trabalho.
Finalmente, é importante ter em conta que para fontes recorrentemente utilizadas como a
legislação ou um conjunto previamente definido e limitado de obras é possível criar um
sistema de abreviaturas, que deverá ser apresentado na parte pré-textual do trabalho
(Silvestre, H. & Araújo, J. 2012).
Hugo C. Silvestre & Joaquim F. Araújo, distinguem dois sistemas principais de referência
bibliográfica, sendo o tradicional e o americano, geralmente conhecido como sistema
autor-data. Se, até há poucos anos, o sistema tradicional, caracterizado pela
referenciação através da nota de rodapé, era o mais usado, nos últimos tempos o sistema
autor-data generalizou-se nos diversos domínios científicos, pela facilidade de emprego e
comodidade de redação.
Entre as múltiplas variantes do sistema autor-data, as mais utilizadas nas área das
Ciências Sociais são o Sistema de Referenciação de Harvard e o Sistema da APA
(American Psychological Association). Para tal é necessário que o investigador procure
conhecer quais as normas aplicáveis em cada situação concreta de apresentação de
trabalho científico, já que a escolha de um sistema de referenciação está em muitas
situações dependente da obediência a normas pré-estabelecidas pela instituição.
110
(Jorgensen e Bozeman, 2002; Pollitt, 2003a; Reed, 2002).
Ex: Paulo, A. (2015). A luta pela sobrevivência. 2ª Edição, Lello Editora, Cuito-Angola.
Como já foi referenciado acima, existem muitos tipos de normas ou estílos intenacionais
para a redacção de assentos bibliográficos dos quais destam-se:
Sistemas de Harvard.
Importa realçar apesar do aspecto peculiar de cada norma, estas têm elementos
coincidentes tais como: Indicar com exatidão a origem e a (s) página (s) das citações ou
referências, o título, o editorial, o lugar e, data de publicação de cada obra consultada.
111
Detalhes sobre a norma ou estilo APA
Esta norma permite a consignação das citações e referências no próprio texto. A data é
colocada em primeiro plano na lista bibliográfica.
Para melhor compreensão são descritas algumas citações e referências dessa norma.
Exemplo1
Sobre o assunto afirmou América González Valdés (1994:85) que: “Una definición teórica
de la creatividad debe explicar y no solo describir su objeto. Esto quiere decir que la
conceptualización teórica debe considerar no solo lo que la creatividad es, sino además
por qué lo es”.
Exemplo2
Outra opinião sobre o assunto é a seguinte: “Una definición teórica de la creatividad debe
explicar y no solo describir su objeto. Esto quiere decir que la conceptualización teórica
debe considerar no solo lo que la creatividad es, sino además por qué lo es” (González
Valdés, A., 1994:85).
Exemplo3
Por outro lado, foi encontrado certamente uma persistência nas investigações actuais
(Woodman, 1900) fazia as explorações das relações entre as habilidades cognitivas e
criatividade. Woodman (1900), sustenta que os factores cognitivos demostraram
importantes relações com a criatividade, incluindo estilos cognitivos tais como:
dependência/independência do campo (Spotts y Mackler, 1967; Nappe y Gallagher,
1977); estilos criativos de solução de problemas (Kershner, 1985; Nappe, 1985)
A lista bibliográfica deve ser apresentada em ordem alfabética, no final do trabalho (artígo,
tese, livro, etc), obedencendo a sequência, apelidos, virgula, inicial (es) do nome, ponto,
data de publicação entre parêntesis, ponto, título sublinhado ou em letra itálico, ponto,
lugar de edição, dois pontos, editorial.
112
Exemplos:
Mais de um autor: separados por virgulas, excepto o último que é precedido da conjunção
“e”.
Porro, M., Domínguez, M. A. y Grass, E. (1980). Forma, función y significado de las partes
de la oración. La Habana: Editorial Pueblo y Educación.
(Quando são muitos autores, se pode colocar o primeiro, depois a expressão (et al).
113
2003. La Habana, 3-7 de febrero.
Ex: Meza, L. G. (2002). “La educación como pedagogía o como ciencia de la educación”.
Revista Virtual de Matemática, Educación e Internet. Disponivel em:
http://www.itcr.ac.cr.revistamate/
Sistema Vancouver
114
A lista de referência é colocada no final do texto, e são enumeradas na mesma ordem que
estas aparecem no corpo do texto. A bibliografía complementaria é uma lista separada da
lista de referências que contêm detalhes das fontes consultadas e não citadas no texto.
Deve ser ordenada alfabeticamente pelo apelido do autor ou pelo título. As referências de
trabalhos aceites, mas ainda inéditos devem ser designados “Imprensa”. As referências
devem ser examinadas pelo autor com as fontes originais.
Citações de livros:
De um a seis autores.
Blacut JJ, Villagomez M, Chabarría JL, Flores M, González R, Lenz J, … et.al. Aplicación
de las nuevas tecnologías en el entorno académico boliviano. Sucre, Bolivia: Universidad
San Francisco Xavier de Chuquisaca; 1999.
Autor - quando são 6 ou menos autores, devem ser mencionados todos, quando
passam desta quantidade, são alistado alguns e se agrega “et al”. É colocada
uma vígula e espaço entre os nomes e ponto seguido no fim do último autor.
115
Ano de publicação - Se deve pôr o ano de publicação seguido de ponto e espaço
antes de colocar o número de páginas.
Número de páginas - Abreviar a palavra página por “p”, deixar um espaço e pôr
intervalo de páginas e um ponto.
Marcané JA, Gómez S. Guía para la evaluación de tesis de grado y otros trabajos de
investigación académicos. En: Díaz C, Añorga J, compiladoras. La Producción intelectual:
proceso organizativo y pedagógico. La Habana, Cuba: Editorial Universitaria; 2002. p. 82-
96.
116
volume, pode ser omitia a informação sobre o número.
EX: - Miranda OL. Tentações e tentativas. Educação. 2004 Jan.-abr. (111): 7-12.
Sugestões:
117
Dicionários e Obras de Referências.
Gran Diccionario Enciclopédico Ilustrado. 1ra ed. Barcelona, España: Editorial Grijalbo
Mondadori, S.A.; 1997.
Exposições em eventos.
Memoriais de eventos.
Teses de Grau.
Patentes.
Larsen CE, Trip R, Johnson CR, inventors; Novoste Corporation, assignee. Methods for
procedures related to the electrophysiology of the heart. US patent 5,559,067. 1999 jun25.
118
Artígos de Imprensa.
Autor. Título do artígo. Nome do periódico. Data de edição ano mês dia; sessão: páginas
(número da coluna).
Exemplo:
Materiais audio-visuais.
Exemplo:
HIV/AIDS: the facts and the future [videocasette]. St. Louis, MO: Mosby-Year Book;
1995.
Folheto.
Fontes electrónicas
Revistas em Internet.
Exemplo:
Sites web
119
Autor. Titulo. Ano (se está disponivel); [páginas ou Slayds]. Disponível em: direcção URL.
Consultado nome completo, mês, día, ano.
Exemplo:
CD-ROM
- Adiciona-se [tipo de meio] depois do título, pode ser [CD ROM], [seriado em CD
ROM], [Monografía em CD ROM].
-É acrescida a data em que foi consultado no caso dos CD ROM que têm várias
actualizações no ano.
Software
Exemplo:
Epi Info [programa de computador]. Versión 6. Atlanta, GA: Centers for Disease
Control and Prevention; 1994.
- Observações inéditas.
120
- Comunicações pessoais.
Em suma devemos citar sempre que se copie directamente as palavras de outro autor
(citação textual) ou use suas ideias com suas próprias palavras (parafraseando) se deve
referir o que foi feito ou está plagiando o trabalho; o uso das referências depende do estilo
ou norma utilizada; estas devem ser feitas no mesmo estilo.
121