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METODOLOGIA – TEXO A1

Qual a contribuição da Metodologia Científica para criação do conhecimento?

Há conhecimento fora da ciência? Sim, a própria ciência reconhece outros tipos


de conhecimentos. O conhecimento científico, no sentido moderno do termo,
surge no século XIX.

O conhecimento, então, é científico quando sua criação ocorre por meio da


aplicação de métodos científicos

O conhecimento científico é criado a partir da existência de um problema,


cabendo à metodologia científica e seu cabedal de instrumentos sistematizar
dados e informações, tornando-o, de fato, um conhecimento científico, provável
e apresentado sob uma lógica do que o torna compreensível pelas pessoas.

1.1 Conhecimento e método científico

As regras são onipresentes, importantes instrumentos para manter o


equilíbrio das relações entre as pessoas na sociedade.

O método ou a metodologia se configura como uma regra orientadora das


práticas investigativas da ciência. Por meio do método, o pesquisador indica os
caminhos trilhados para alcançar seus resultados. Assim, além de possibilitar o
reconhecimento científico da sua pesquisa, é com o método que o pesquisador
conta a história do seu trabalho, as decisões tomadas, as limitações, entre
outros aspectos.

Segundo Magalhães (2005, p. 13, grifos do autor), “A palavra ‘conhecimento’


em nossa língua deriva do latim cognocere, cuja etimologia significa ‘conhecer
junto’ ou ‘procurar saber’ e que, por sua vez, se relaciona com o grego gnosis,
habitualmente traduzido com o próprio sentido de ‘conhecimento’”. O autor
ainda lembra que outra palavra que facilita o entendimento sobre o conhecimento
é o termo grego logos, que tem por significado “fala”, “razão” ou
“entendimento”.
O conhecimento é reconhecido como científico a partir da aplicação do
método científico, caracterizado como sendo objetivo, racional, sistemático,
geral e verificável.

Podemos pensar sobre o conhecimento para além da origem e da evolução


histórica do termo, ou seja, no contexto da sua história social, posto que
diferentes acontecimentos influenciem o que é considerado conhecimento em
épocas e lugares distintos.

1.1.1 O que é ciência? O que é conhecimento científico?

Nem tudo que acontece na sociedade é abordado pela ciência. os conhecimentos


sociais, de senso comum ou popular, mantêm-se, mas, em muitos casos, não são
objetos de investigações científicas.

Definir a ciência consiste em uma tarefa complexa, pois, já que a sociedade é


mutável, muitos de seus conceitos são efêmeros ou imprecisos.

Critérios possíveis para a condição definidora do que se pode chamar de ciência:


a coerência entre argumentação, o corpo sistemático bem conduzido até suas
conclusões congruentes entre si e entre as premissas iniciais, a consistência
argumentativa e sua atualidade, a originalidade criativa e a objetivação como
busca incessante da realidade (ainda que parcial e provisória).

Assim, para Gil (2011, p. 02), a ciência pode ser considerada “[...] uma forma
de conhecimento que tem por objetivo formular, mediante linguagem
rigorosa e apropriada — se possível, com auxílio da linguagem matemática —,
leis que regem os fenômenos”.

O pensamento científico em suas diferentes e descontínuas formas, não como


uma evolução linear e um progresso sucessivo, mas “[...] como resultado de
diferentes maneiras de conhecer e construir os objetos científicos, de elaborar
métodos e inventar tecnologias (CHAUI, 2010, p. 223).

O fato é que podemos reiterar que a ciência evolui tal e qual a sociedade por não
haver sentido no afastamento da segunda em relação à primeira, uma vez que a
ciência influencia e é simultaneamente influenciada pela economia, pela política,
pela moral e por tudo que acontece na sociedade.

Exemplos de tipos de conhecimentos e suas aplicações.

O quadro indica a íntima relação da ciência com a sociedade para a criação do


conhecimento científico, oferecendo claros sinais da amplitude do conhecimento.
Podemos concluir que o conhecimento científico não é o único existente, além de
não ser o único que depende de instrumentos metodológicos para ser aferido.

Para reforçar a ideia de que há amplas relações entre a sociedade e a ciência — e


que o conhecimento popular ou de senso comum é relevante na constituição do
conhecimento científico —, Francelin (2004, p. 30) afirma que “[...] os conceitos
nascem do cotidiano, são apropriados pelo meio científico e tornam-se científicos
ao romperem com esse cotidiano, com esse senso comum”.
Dessa forma, vale destacar que, na relação entre sociedade e ciência,
considerando situações coloniais, os conhecimentos dos colonizadores se
tornaram dominantes, ao passo que os conhecimentos dos colonizados se
tornaram subjugados, esquecidos ou desprestigiados.

O conhecimento científico não é definitivo portanto, é provisório, podendo ligar


um conhecimento ao outro, evidentemente, a partir de novos estudos. Para os
atores do senso comum, seus conceitos e conhecimentos são definitivos, sendo
que as modificações são difíceis de serem percebidas, justamente pela ausência
de aplicação de método que afere essas mudanças

1.2 Metodologia como processo de pesquisa

O método científico facilita a estruturação, o planejamento, o desenvolvimento, a


execução e a análise em uma pesquisa.

Se por meio do método é criado o conhecimento científico, este, por sua vez, é
fundamentado por teorias. “A teoria é uma visão generalizada de fenômeno de
qualquer natureza, que possa ser comprovado de alguma forma” (Magalhães,
2005, p. 34).

Todo método requer registros que identifiquem o passo a passo de uma pesquisa
em suas diferentes etapas, por isso, muitos autores definem método como o
caminho trilhado em uma pesquisa. Segundo o Houaiss (2004, p. 494), método
significa “[...] procedimentos, técnica ou meio para atingir um objetivo; processo
organizado de ensino, pesquisa, apresentação, etc.”.

A aplicação do método nas pesquisas também objetiva sistematizar dados e


informações por meio de processos cientificamente reconhecimentos, visando a
criação de um conhecimento novo, a partir do conhecimento existente.

Cada pessoa é dotada de conhecimentos, mas, para torná-los cientificamente


reconhecidos, é necessário o domínio de instrumentos metodológicos e do
entendimento das técnicas de pesquisa, bem como da pesquisa por si como um
processo de criação do conhecimento.
A aplicação de métodos científicos amplia a capacidade de visão do pesquisador
sobre o objeto de pesquisa, facilita a compreensão e a análise dos resultados da
pesquisa, amplia a compreensão sobre o tema, permite a descoberta de novos
assuntos e campos de pesquisa e
amplia a visão de mundo dos pesquisadores e leitores.

Escolha correta do método, a aplicação adequada de seus instrumentos e a


postura ética do pesquisador.

A pesquisa baseada em métodos fez evoluir consideravelmente a ciência,


afastando o empirismo exacerbado de outros tempos. Inspirado em Magalhães
(2005), consideramos que a ciência e a pesquisa devem muito ao empírico, à
observação do fato ou evento em sua essência. No
entanto, o perigo do empirismo consiste em tornar uma verdade absoluta naquilo
que se experimenta pelos sentidos, que faz parte da percepção individual.

1.3 Etapas da pesquisa científica: escolha do tema e problema

O tema e o problema de pesquisa podem até parecer fáceis de serem idealizados,


mas a dificuldade está em escrevê-los e, principalmente, descrevê-los.

“O que vai ser observado? Que técnicas serão usadas na observação? Como será
registrada a observação? Como evitar erros gerados pela observação e
interpretação da observação?”

O problema precisa ser bem definido e delimitado, necessitando de objetividade


para ser estruturado metodologicamente.

A escolha do problema de pesquisa não é neutra, nem desinteressada, uma vez


que se relaciona com condições práticas de produção, fontes de financiamento e
condições institucionais. Isso porque muitas dessas pesquisas respondem a
demandas de empresas, órgãos governamentais, institutos de pesquisa, centros de
tecnologia ou instituições educacionais.
A formulação do problema de pesquisa é sempre um desafio que se impõe ao
pesquisador. É recomendado fazer a formulação do problema na forma
interrogativa.

O problema de pesquisa em si deve ser viável e adequado a investigação, dentro


das condições práticas de sua execução, como tempo, recursos materiais,
humanos e financeiros. Características relevantes são a clareza e a precisão com
que são empregados os termos na formulação do problema, devendo guardar
coerência e coesão dentro do campo de
conhecimento delimitado, além de informar os limites de sua aplicabilidade. Os
cuidados com os princípios éticos devem ser observados na formulação da
pesquisa científica em todas as suas etapas.

O problema precisa ser relevante cientificamente socialmente, economicamente


ou ambientalmente, isto é, ter relevância para a sociedade. A pesquisa poderá
ampliar as discussões sobre o problema, sem efetivamente resolvê-lo.

O tema e problema assumem importância no escopo de uma pesquisa, pois


oferecem notoriedade à própria pesquisa e ao pesquisador, encontram
reconhecimento e relevância por parte da sociedade, possuem escopo
metodológico que os fundamentam e reúnem elementos para a viabilidade de
uma pesquisa.

Na construção metodológica da pesquisa, a articulação entre escolha do tema e a


formulação do problema são o substrato necessário às etapas seguintes de
definição dos objetivos geral e específicos.

1.4 Etapas da pesquisa científica: objetivos

Ao definir os objetivos de um trabalho, você pode apresentar uma abordagem


histórica, ser descritivo ou trazer um propósito para o objeto geral, que
possui intimidade com o problema e com o tema. Pense, também, que os
objetivos específicos são definidos para estabelecerem etapas e nortearem
procedimentos de pesquisa, a fim de alcançar o objetivo geral.
Vale ressaltar que não se concebe projetos de pesquisa científica ou acadêmica
apenas para vermos seus objetivos comprovados, mas, sim, para que demonstre a
relevância do tema, a potencialidade do problema para novas investigações e a
possibilidade de novos conhecimentos que podem ser criados.

É de fundamental importância relacionar o objetivo ao problema e às hipóteses,


posto que, no final, o pesquisador constata que cada um desses elementos
responde o outro.

Erros mais comuns nos trabalhos acadêmicos: transcrever o problema no


objetivo, fazendo o famoso jogo de palavras por meio de sinônimos.

A relação entre o problema e o objetivo será mantida durante todo o processo de


pesquisa, por isso, são complementares.

Conforme apresenta Minayo, Deslandes e Gomes (1994, p. 42), em uma


pesquisa científica, é possível a formulação de um objetivo geral “[...] de
dimensões amplas”, complementados por outros objetivos específicos.
O exercício de elaboração dos objetivos é complexo, por isso, o pesquisador deve
ter sempre em mente o problema de pesquisa, caso contrário, tende a cometer
outro erro comum: dividir o objetivo geral entre os objetivos específicos,
enquanto que, conforme caracterizado, os objetivos específicos são etapas para se
alcançar o objetivo geral.

Os objetivos de uma pesquisa podem oferecer possibilidades interessantes para a


pesquisa, mas, também, podem significar uma cilada, ou seja, tornar o trabalho
sem efeito e genérico, cujo desdobramento é perceptível na vulnerabilidade das
conclusões.

Nesse contexto, Larocca, Rosso e Souza (2005, p. 126-127) apresentam


categorias de objetivos de pesquisa, conforme identificados no quadro a seguir.

O objetivo de um projeto de pesquisa enfatiza a verdadeira expressão do


significado da pesquisa.

***

COMO ELABORAR OBJETIVOS DE PESQUISA

Sandra Mattos
O objetivo de uma pesquisa tem a intenção de esclarecer aquilo que o
pesquisador pretende desenvolver, desde os caminhos teóricos até os resultados a
serem alcançados. O que se pretende alcançar com a pesquisa, ou seja, quais
resultados ou quais contribuições proporcionarão com seu desenvolvimento para
o meio acadêmico científico.

Segundo o dicionário Aurélio objetivo significa um fim a atingir, uma meta de


pesquisa, propósito de pesquisa, ou seja, é a finalidade de um trabalho de
pesquisa, que indica o que o pesquisador vai desenvolver.

É necessário ser claro, preciso e coerente com o tema de pesquisa, pois ele
apresenta os motivos para o desenvolvimento da pesquisa, informando assim, as
contribuições que os resultados produzirão. Os objetivos de uma pesquisa têm o
papel de nortear, pois direciona a leitura do texto, bem como, permite entender o
que o pesquisador fez em seu trabalho.

Tipos de objetivos:

Em uma pesquisa é necessário ter um único objetivo geral e de três a cinco


objetivos específicos, que ajudarão a direcionar os rumos ou os caminhos que a
pesquisa seguirá, já que o objetivo específico é uma fragmentação do objetivo
geral, ou seja, é por meio dos objetivos específicos que o pesquisador
consegue alcançar o objetivo geral. O importante é que a formulação do
objetivo auxilia obter resposta a três perguntas: para quê, por quê? Para quem?

Objetivo Geral  O objetivo geral é baseado na questão norteadora da


pesquisa. É mais amplo, entretanto, deve ser formulado em uma única frase.
Ele dá a direção que a pesquisa tomará em seu percurso. Para formular o objetivo
geral o pesquisador deve perguntar: Para quê pretendo pesquisar?

De acordo com Marconi & Lakatos (2003, p. 219) o objetivo geral “está ligado a
uma visão global e abrangente do tema.” Esta visão permite ao pesquisador
compreender o todo da pesquisa. Para Andrade (2009) o objetivo geral está
ligado ao tema de pesquisa.
Objetivos Específicos  Os objetivos específicos são assuntos complementares
da questão, fazendo assim, o desdobramento do objetivo geral. O objetivo
específico é mais delimitado, é o caminho a ser percorrido para alcançar o
objetivo geral, ou seja, caracteriza as etapas ou fases de uma pesquisa.

Para os objetivos específicos o pesquisador deve perguntar: O que farei para


desenvolver a pesquisa?

Para Andrade (2009) os objetivos específicos referem-se ao tema ou assunto


propriamente dito e definem as etapas que devem ser alcançadas para alcançar o
objetivo geral de pesquisa. Portanto, o pesquisador deve perguntar: o que farei
para alcançar o objetivo geral?

O objetivo específico pode ser:

 Exploratório – no qual o pesquisador identifica, levanta, descobre,


conhece, busca informações necessárias sobre o tema ou assunto;

 Descritivos – no qual o pesquisador descreve, caracteriza conceitos; e

 Explicativo – no qual o pesquisador analisa, verifica, avalia, compara,


explica as informações.

Segundo Richardson (1999, p.63) deve-se ter sempre objetivos exploratório,


descritivo e explicativo, nesta ordem, em uma pesquisa.

Verbos para elaboração dos objetivos  intenção do pesquisador no


desenvolvimento da pesquisa. É necessário utilizar verbos no infinitivo, que
apresente apenas uma interpretação e que seja de ação, nunca de estado.

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