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Unidade 3 – Métodos e Técnicas de

Pesquisa Científica
Todas as ciências caracterizam-se pela utilização de métodos científicos.
Em contrapartida, nem todos os ramos de estudo que empregam estes
métodos são ciências. A utilização de métodos científicos não é da
alçada exclusiva da ciência, mas não há ciência sem o emprego de
métodos científicos. Assim, esta unidade aborda sobre o conjunto das
actividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança, permite
alcançar conhecimentos válidos e verdadeiros.

3.1. Definição e origem dos métodos científicos

A preocupação em descobrir e, portanto, explicar a natureza dos


fenómenos vem desde os primórdios da humanidade, quando as
principais questões referiam-se às forças da natureza, a cuja mercê
viviam os homens, e à morte. O conhecimento mítico voltou-se à
explicação desses fenómenos, atribuindo-os a entidades de carácter

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sobrenatural. A verdade era impregnada de noções supra-humanas e a
explicação fundamentava-se em motivações humanas.

À medida que o conhecimento religioso se voltou, também, para a


explicação dos fenómenos da natureza, como fundamento de suas
concepções, a verdade revestiu-se de carácter dogmático, baseada em
revelações da divindade. É a tentativa de explicar os acontecimentos
através de causas primeiras, sendo o acesso dos homens ao
conhecimento derivado da inspiração divina.

O carácter sagrado das leis, da verdade, do conhecimento, como


explicações sobre o homem e o universo, determina uma aceitação sem
crítica dos mesmos, deslocando o foco das atenções para a explicação da
natureza da divindade. O conhecimento filosófico, por seu lado, volta-se
para a investigação racional na tentativa de captar a essência imutável do
real, através da compreensão da forma e das leis da natureza.

O senso comum, aliado à explicação religiosa e ao conhecimento


filosófico, orientou as preocupações do homem com o universo.
Somente no século XVI é que se iniciou uma linha de pensamento que
propunha encontrar um conhecimento embasado em maiores garantias,
na procura do real. Não se buscam mais causas absolutas ou a natureza
íntima das coisas. Ao contrário, procura-se compreender as relações
entre elas, assim como a explicação dos acontecimentos, através da
observação científica aliada ao raciocínio. Daí surgiu então diferentes
métodos científicos:

De origem grega, methodus se refere ao caminho ou via, com etapas e


processos, a ser seguido para se atingir um determinado objectivo. O
método é entendido como um “conjunto de procedimentos intelectuais
e técnicos adoptados para se atingir o conhecimento. Um método deve
ser utilizado como guia para o estudo de um determinado problema,
constituindo-se em um caminho a ser trilhado, na elaboração organizada
de procedimentos de orientação para um determinado propósito.

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Na ciência, os métodos constituem os instrumentos básicos que
ordenam de início o pensamento em sistemas, traçam de modo
ordenado a forma de proceder do cientista ao longo de um percurso
para alcançar um objectivo preestabelecido. É fundamental entender a
importância do método para a ciência como um modo de pensar e de
trabalhar, pois requer que o pesquisador faça perguntas: COMO?, COM
QUÊ?, ONDE?, QUANTO? Em síntese, auxilia a responder estas questões
num estudo. O método científico tende a reduzir a influência da
parcialidade do pesquisador sobre o fenómeno a ser investigado, e ainda
esclarecer e distinguir o conhecimento científico de outros
conhecimentos.
Existem autores que identificam a ciência com o método, entendido
como um modo sistemático de explicar um grande número de
ocorrências semelhantes. O método científico quer descobrir a realidade
dos factos, e estes, ao serem descobertos, devem, por sua vez, guiar o
uso do método. Entretanto como já foi dito, o método é apenas um meio
de acesso: só a inteligência e a reflexão descobrem o que os factos
realmente são. O método científico segue o caminho da dúvida
sistemática, metódica, que não se confunde com a dúvida universal dos
cépticos, que é impossível. O método científico deve ser aplicado de
modo positivo, e não de um modo normativo, isto é, a pesquisa positiva
deve preocupar-se com o que é, e não com o que se pensa que deve ser.

O método científico deve ser encarado como algo de suma importância


para que se chegue ao conhecimento, visto que, ele norteará o
andamento de uma pesquisa informando o quê e como deve ser feito.
Assim, o método científico apresenta o direccionamento para a
conclusão da pesquisa, os resultados. Existem diversos métodos para que
se chegue ao resultado final de um estudo e consiga assim, responder o
problema que fomenta a pesquisa. Esses métodos são caracterizados
pelo objecto e pela intenção do resultado (Lakatos & Marconi, 2007).

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Com o desenvolvimento da ciência e a evolução da sociedade, são
inúmeros os pensadores, filósofos, sociólogos, entre outros membros da
sociedade científica, que pensaram e inovaram com novos métodos de
análise de um objecto ou fenómeno. Com o passar do tempo, muitas
modificações foram feitas, os métodos existentes, inclusive surgiram
outros novos. Interessa é o conceito moderno de método (independente
do tipo). O método científico está alcançado aos objectivos da pesquisa,
de forma científica, quando cumpre ou se propõe a cumprir as seguintes
etapas:
 Descobrimento do problema ou lacuna num conjunto de
conhecimentos. Se o problema não estiver enunciado com clareza,
passa-se à etapa seguinte; se o estiver, passa-se à subsequente;
 Colocação precisa do problema, ou ainda a recolocação de um velho
problema, à luz de novos conhecimentos (empíricos ou teóricos,
substantivos ou metodológicos);
 Procura de conhecimentos ou instrumentos relevantes ao problema
(por exemplo, dados empíricos, teorias, aparelhos de medição, técnicas
de cálculo ou de medição). Ou seja, exame do conhecido para tentar
resolver o problema;
 Tentativa de solução do problema com auxílio dos meios identificados.
Se a tentativa resultar inútil, passa-se para a etapa seguinte; em caso
contrário, à subsequente;
 Invenção de novas ideias (hipóteses, teorias ou técnicas) ou produção
de novos dados empíricos que prometam resolver o problema;

Conjunto das actividades sistemáticas e racionais


que, com maior segurança e economia, permite
alcançar o objectivo – conhecimentos valiosos e

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verdadeiros. É a estratégia da investigação, que
afecta o ciclo de investigação e é independente do
tema de estudo. A utilização dos métodos científicos
não é da alçada exclusiva da ciência, mas não há
ciência sem o emprego de métodos científicos.

Portanto, o método científico envolve um suceder alternativo entre


reflexão e experimento. Consiste no procedimento racional arbitrário de
como atingir determinados resultados (...). Em suma, método científico é
a lógica geral tácita ou explicitamente empregada para apreciar os
méritos de uma pesquisa. É oportuno distinguir, aqui, método e
processo. Por método entende-se o dispositivo ordenado, o
procedimento sistemático, em plano geral. O processo (a técnica), por
sua vez, é a aplicação específica do plano metodológico e a forma
especial de o executar. Comparando, poder-se-á dizer que a relação
existente entre método e processo é a mesma, que existe entre
estratégica e táctica.

O processo está subordinado ao método e lhe é auxiliar imprescindível.


O método se concretiza nas diversas etapas ou passos que devem ser
dados para solucionar um problema. Esses passos são as técnicas ou
processos. Um e outro empregam técnicas específicas como também
técnicas comuns a ambos. Pode-se dizer que a maioria das técnicas que
compõem o método científico e racional são comuns, embora devam
adaptar-se ao objecto de investigação. Os objectivos de investigação
determinam o tipo de método a ser empregado.

3.2. Métodos de Abordagem

Existem métodos conduzem à indagação científica e podem agrupar um


conjunto de procedimentos. Estabelecem um conjunto de acções
práticas que realiza o investigador (com o objecto) para determinar as
linhas gerais e regularidades sobre uma base senso-perceptual. Os

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métodos de abordagem são utilizados na elaboração do conhecimento
para a descrição ou explicação das regularidades de um fenómeno.

Podem ser compreendidos como a forma, o meio ou o caminho do


pensamento que vai permitir que se crie uma base coerente para a
investigação científica e delinear o raciocínio lógico e seus princípios.
Assim, os métodos de abordagem permitem que o pesquisador utilize
normas destinadas a oferecer uma quebra entre os objectivos científicos
e do senso comum, sendo racionais e usados em diversas ciências.
Além disso, possibilitam ao pesquisador mensurar e definir a abrangência
de sua investigação, as ideias generalizantes, a explicação dos factos e as
regras para tal. Destes destacam-se: método fenomenológico, método
dialéctico, método dedutivo, método indutivo e modelo hipotético-
dedutivo.

 Método Fenomenológico: consiste, especificamente, em analisar


os dados e seus aspectos fundamentais (como é percebido pelo
mundo e a essência das coisas) ao fenómeno, sem construir demais
deduções ou empirismos, compreendidos pela intuição,
observando apenas o dado/fenómeno, sem se importar com sua
natureza fictícia ou real. O método consiste em mostrar o que é
dado e em esclarecer esse dado. Não explica mediante leis nem
deduz a partir de princípios, mas considera imediatamente o que
está perante a consciência, o objecto. Consequentemente, tem uma
tendência orientada totalmente para o objectivo. Interessa ao
pesquisador imediatamente não o conceito subjectivo, nem uma
actividade do sujeito (se bem que esta actividade possa igualmente
se tornar em objecto da investigação), mas aquilo que é sabido,
posto em dúvida, amado, odiado, etc. A utilização ou não do
método fenomenológico irá, pois, nascer de uma investigação
prévia sobre o objecto de estudo e as pretensões do pesquisador

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quanto ao tipo de informação que mais lhe interessa. Na pesquisa
fenomenológica, o problema do pesquisador está consubstanciado
em dúvidas e não em hipóteses prévias; logo, ele deverá interrogar
os sujeitos para conseguir respostas a essas dúvidas. Ou seja, vem
compreender o fenómeno da forma que ele se apresenta na
natureza (como ele é), sem influências, por meio de uma análise
sólida, e com uma apresentação dos dados e sua devida
explicação, sem demais interferências. O método fenomenológico
objectiva compreender a relação entre a essência e o fenómeno; o
que está atrás da realidade, sem atribuir pressupostos e/ou o
subjectivo do pesquisador.
 Método dialéctico: elucida que tudo vive em constante
transformação, pois existe um ciclo onde algo novo surge
desagregando aquilo que se torna obsoleto e o transforma. O
termo dialéctico é empregado desde a antiguidade, dando uma
categoria de cientificidade ao discurso. O termo que atingiu seu
apogeu com Hegel, e que foi apoiado por Karl Marx, procura
compreender a sociedade mediante ao pressuposto que todos os
fenómenos possuem características contraditórias que são unidas e
indissolúveis. Este método enfatiza que as mudanças ocorrem na
natureza, sempre num ciclo de contradições, onde tudo está
interligado ao que permeia um fenómeno. Assim, para estudar
determinado objecto ou fenómeno, o pesquisador vai estudá-lo
nas mais diversas vertentes, a fim de conhecê-lo em tua totalidade.
Identificam-se princípios que são pertinentes à dialéctica: 1. Da
unidade e da luta contrárias (unidade dos opostos) – os fenómenos
apresentam aspectos contraditórios, indissociáveis - os opostos vão
apresentar-se em uma luta constante e com isso desenvolve-se a
sociedade. 2. Da transformação das mudanças quantitativas em
qualitativas – afirma-se que tanto a qualidade quanto a quantidade

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são características particulares dos objectos e dos fenómenos e
estão relacionados, fazendo com que as mudanças quantitativas
mudem também as qualitativas. 3. Da negação da negação – o
desenvolvimento ocorre em um ciclo, onde em um determinado
momento é negado, devido às mudanças, que pela segunda vez é
negado levando à transformação, ao desenvolvimento (mudança
dialéctica). A dialéctica encarrega-se das mudanças qualitativas e
nubla qualquer questão onde o quantitativo se sobressaia, assim
fica evidente que as pesquisas que se baseiam na dialéctica, trazem
uma discussão de ordem teórica se opondo as pesquisas
positivistas.
 Método dedutivo. Apresenta-se por meio de reflexões que
partem das verdades universais para as conclusões particulares.
Deste modo, parte de leis ou teorias gerais para compreender
fenómenos particulares. Muito utilizado nos estudos sobre Física,
Matemática e Lógica, mas pouco utilizada dentro das Ciências
Sociais, apresentando apenas a razão para se chegar ao
conhecimento. É coerente a utilização do uso do racionalismo, o
uso da lógica, da coerência, a aplicação de recursos lógicos-
discursivos e a não-contradição em prol da verdade. O raciocínio
lógico deve ser bastante utilizado, por meio de premissas para que
se chegue a uma determinada conclusão. Veja o esquema clássico
utilizado para representar o método. Exemplo: Todo homem é
mortal (geral - premissa maior); Octávio é homem (particular-
premissa menor); Logo, Octávio é mortal (conclusão). Esse método
permite compreender e concluir de diferentes formas a mesma
coisa. Apresenta uma crítica, visto que, nada de novo é
acrescentado ao ser utilizado na afirmação universal (premissa
maior), sendo necessário trazer o conhecimento prévio do
pesquisador.

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 Método indutivo: possui uma característica mais generalizante,
pois partimos de algo particular para o geral, para uma questão
mais abrangente. Ou seja, é o caminho contrário da dedução. As
características e/ou as condições particulares encaminham para
teorias ou leis mais gerais. Nesse sentido, o método indutivo
necessita de verificação, observação e experimentação, partindo
dos efeitos para as causas. A indução se refere a um processo de
ordem mental, que por meio de dados particulares (singulares),
baseia uma verdade geral e universal. Ou seja, do particular para o
geral, por meio das premissas particulares. Exemplo: Adolfo é
mortal. Adalberto é mortal. Fernando é mortal. ... César é mortal.
Adolfo, Adalberto, Fernando e César são homens. Logo, todos os
homens são mortais. As conclusões tiradas no exemplo, são
baseadas em observações, mas não contidas nas premissas
anteriores. Diferentemente do que ocorre na dedução, onde
chega-se a uma conclusão verdadeira baseada em premissas
também verdadeiras; na indução, você chega a conclusões
prováveis. Nisso, a indução foi extremamente importante para as
Ciências Sociais, posto que, auxiliou os estudiosos que analisavam
e observavam a sociedade debruçando-se sobre a observação
como um dos procedimentos indispensáveis para se atingir o
conhecimento científico.
 Método hipotético-dedutivo. Método que identifica um vazio,
principalmente, na formulação do que se entende por hipóteses, e
também pelo desenvolvimento do pensamento dedutivo, e avalia a
ocorrência de um fenómeno que é utilizado pela referida hipótese.
Pode ser conhecido como método de tentativas e eliminação de
erros. Neste sentido, a hipótese é uma possibilidade considerada
válida antes mesmo de sua confirmação; sendo uma suposição. A
hipótese ela propõe uma solução para o problema levantado,
sendo colocada como uma interpretação provisória, ou mesmo
uma tentativa de explicação por meio de uma suposição destinada

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a ser provada pelos factos. Para apresentar a ideia de uma
hipótese-dedutiva, alguns autores esquematizam a construção de
uma hipótese 1. Problema 2. Hipóteses 3. Dedução de
consequências observadas 4. Busca pelo falseamento 5.
Corroboração. Pelo método hipotético-dedutivo, o estudo inicia-se
por meio de um problema (uma questão clara, concisa e objectiva),
onde auxilia a identificar os principais temas que nortearão o
estudo do problema. A partir disso, o pesquisador começa a
observar o universo ou o objecto da pesquisa; após formula-se as
hipóteses que serão comprovadas ou não, por meio de testes,
observações e experimentos. Com os resultados, as hipóteses
podem ser modificadas ou não, o que poderá dar início a um novo
ciclo, até que não haja disparidades entre a teoria e os
experimentos e observações.

3.3. Métodos de Procedimento

Os métodos de procedimentos são menos subjectivos e estão mais


ligados às técnicas ou procedimentos técnicos que o pesquisador
utilizará para alcançar o seu objectivo. A escolha de determinado método
de procedimento influenciará na colecta de dados e também nas análises
e seus resultados, visto que, eles fazem parte das etapas do trabalho de
pesquisa. Estão intimamente relacionado com a experiência prática, ainda
que não se reduz a ela, já que suporta a elaboração e processamento dos
dados para explicar, a esse nível, o objecto. Permitem revelar as relações
essenciais do objecto de investigação para a compreensão dos fatos.
Permitem também ascender do acondicionamento de informação
empírica a descrever, explicar e determinar as causas.
Esses métodos são utilizados para facilitar os estudos dos fatos sociais,
ou seja, da pesquisa social. Nem sempre esses são utilizados de maneira
única e enrijecida, e é bastante comum utilizar mais de dois métodos

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num mesmo estudo porquanto, nem sempre um único método é capaz
de orientar todo o andamento da pesquisa. Então, entre os métodos
mais utilizados: o histórico, o estatístico, o monográfico e o comparativo.

 Histórico-Lógico: consiste em o exame crítico das evidências


históricas, a fim de estabelecer uma compreensão e interpretação
precisas dos eventos passados. Este método baseia-se fortemente
na análise de fontes primárias tais como documentos, artefactos e
materiais arqueológicos, bem como fontes secundárias tais como
histórias e relatos publicados. Consiste na investigação de
acontecimentos, processos e instituições do passado para verificar
a sua influência na sociedade contemporânea e melhor
compreender o papel que actualmente desempenham na
O método usa dados passados para explicar um fenômeno
Actual.

sociedade. Para compreender a natureza e a função das


instituições, dos costumes, das diversas formas atuais de vida
social, torna-se necessário pesquisar as raízes históricas, isto é, as
origens no passado, uma vez que, por meio da reconstrução
artificial e formal dos fatos e fenómenos do passado, o método
construi uma estratégia para estabelecer o processo de
continuidade e de entrelaçamento entre os fenómenos. Também
envolve a avaliação da confiabilidade das fontes, o cruzamento de
informações de várias fontes e o discernimento de padrões e
tendências dos dados disponíveis. Ao envolver-se neste processo,
os pesquisadores podem obter uma compreensão mais completa
do passado e de suas implicações para o presente. O procedimento
histórico reproduz, cronologicamente, factos fundamentais da
trajectória do desenvolvimento do fenómeno que é objecto de
estudo. A partir do mesmo, é possível estruturar a regularidade
interna, mediante o procedimento lógico, que explica esse
fenómeno.
 Observação: consiste em aplicar atentamente os sentidos a um
objectivo, para dele adquirir um conhecimento claro e preciso. A

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observação é de importância capital nas ciências, pois dela
depende o valor de todos os outros processos. Sem a exame o
estudo da realidade e de suas leis reduzir-se-á sempre à simples
conjectura e adivinhação. Para o bom êxito da observação exigem-
se uma percepção intencional, um registo planificado e sistemático
do comportamento do objecto em seu meio. Uma observação
elaborada previamente permite o registro de dados ou aspectos
que são objecto da investigação, em suas condições naturais.
Deve-se tomar medidas para não afectar o objecto observado com
a apreciação individual do observador, isto é, ser o mais fiel
possível com a realidade, sem elementos subjectivos que
mascarem a verdade. Diferencia-se da observação espontânea por
seu carácter consciente e planificado.
O método usa o sentida da visão para recolher dados
Seguindo uma planificação e medidas para não afetar
O objeto observado
 Experimentação: consiste no conjunto de processos utilizados
para verificar as hipóteses. Obedece a uma ideia directriz que
implica ao intento de modificar os fenómenos. A ideia geral que
governa os processos de experimentação é a seguinte: consistindo
a hipótese, essencialmente, em estabelecer uma relação de causa e
efeito ou de antecedente e consequente entre dois fenómenos,
trata-se de descobrir se realmente B (suposto efeito ou
consequente) varia cada vez que se faz variar A (suposta causa ou
antecedente) e se varia nas mesmas proporções. O princípio geral
em que se fundamentam os processos da experimentação é o do
determinismo, que se anuncia assim: nas mesmas circunstâncias, as
mesmas causas produzem os mesmos efeitos – ou ainda – as leis
da natureza são fixas e constantes. Permite esclarecer o
comportamento do fenómeno, suas propriedades e relações
mediante a criação de determinadas condições pelo investigador.
Apresenta três etapas fundamentais: 1) Constatação inicial; 2)
Experimental; 3) Constatação final ou o 4) Controlo. O método
experimental procura compreender os fenómenos por meio da
experiência induzida, onde necessita da observação, manipulação e

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controle em uma determinada situação. É mais utilizado nas
Ciências Naturais e Físicas. Neste método, é importante utilizar as
variáveis a fim de controlar determinados objectos, que de acordo
com as condições impostas pelo pesquisador em busca da melhor
análise pode fornecer dados diferentes.
 Método Comparativo: busca a análise e investigação de classes,
indivíduos, fenómenos ou factos, que ressalta as similaridades e
diferenças entre eles, principalmente, nas Ciências Sociais, onde
possibilita a análise comparativa de grandes grupos sociais,
podendo estar separados pelo tempo e espaço. O método
comparativo propõe a realização de comparações entre povos,
grupos e sociedades, a partir da identificação de suas diferenças e
semelhanças com o objectivo de construir uma melhor
compreensão do comportamento humano. Com este método é
muito comum estabelecer leis gerais sobre um fenómeno,
comparando propriedades entre indivíduos ou grupos por meio de
avaliação nomotética. O objectivo é estabelecer relações que
possam ser representadas, se possível, com modelos matemáticos.
Por outro lado, a ideografia (usada nas Ciências Sociais) funciona
ao contrário e analisa particularidades do objecto de estudo. O que
se busca é comparar o singular ao invés do geral e alcançar o
conhecimento do indivíduo unindo o nomotético e o ideográfico. É
usado tanto para comparações de grupos no presente, no passado,
ou entre os atuais e os do passado, quanto entre sociedades de
iguais ou de diferentes estágios de desenvolvimento.
 Método Estatístico: método que procura uma explicação sobre a
sociedade, por meio de uma descrição quantitativa, e de modo
extremamente organizado. Esse método fundamenta-se nos
conjuntos de procedimentos apoiados na teoria da amostragem. E,
com tal, é indispensável no estudo de certos aspectos da realidade
social, onde quer que se pretendam medir o grau de correlação
entre dois ou mais fenómenos. A função essencial desse método é

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a representação e explicação sistemática das observações
quantitativas numéricas relativas a factores oriundos das Ciências
Sociais, como padrão cultural, comportamental, condições
ambientais, físicas, psicológicas, económicas etc., que ocorrem em
determinada sociedade, ou de fenómenos de diversas naturezas
pertencentes a outras ciências como na Física, Química, Biologia,
entre outras. São aqueles factos que envolvem uma multiplicidade
de causas e por fim são representados sob forma analítica,
geralmente através de gráficos, tabelas, quadros estatísticos. O
método estatístico fundamenta-se na aplicação da teoria estatística
da probabilidade e constitui importante auxílio para a investigação.
Mediante a utilização de testes estatísticos, torna-se possível
determinar, em termos numéricos, a probabilidade de acerto de
determinada conclusão, bem como a margem de erro de um valor
obtido. Portanto, o método estatístico passa caracterizar-se por
razoável grau de precisão, o que o torna bastante aceito por parte
dos pesquisadores com preocupação de ordem quantitativa. Os
procedimentos estatísticos fornecem considerável reforço às
conclusões obtidas, sobretudo mediante a experimentação, a
observação, a análise e prova. Abrange o universo dos elementos
ou uma amostra. Os métodos e técnicas de amostragem, quando
bem empregados, dão condições para se chegar a conclusões
válidas e previsões muito próximas da realidade, com pequena
margem de erro.
 Método Monográfico ou Estudo de Caso: consiste no estudo de
determinados indivíduos, profissões, condições, instituições, grupos
ou comunidades, com a finalidade de obter generalizações O
estudo de caso é uma caracterização abrangente para designar
uma diversidade de pesquisas que colectam e registram dados de
um caso particular ou de vários casos a fim de organizar um
relatório ordenado e crítico de uma experiência. Trata-se de uma
investigação radical de um caso, seja com especificidades

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particulares ou colectivas. A investigação deve observar todos os
factores que o influenciaram e analisa-lo em todos os seus
aspectos. Partindo do princípio de que qualquer caso que se
estude em profundidade pode ser considerado representativo de
muitos outros, este método consiste no estudo de determinados
indivíduos, profissões, condições, instituições, grupos ou
comunidades, com a finalidade de obter generalizações.
Caracteriza-se por descrever um evento ou caso de uma forma
longitudinal. Pressupõe um estudo aprofundado de uma unidade
individual, tal como: uma pessoa, um grupo de pessoas, uma
instituição, um evento cultural, etc. Este tipo de estudo tem como
objetivo principal, analisar um caso em grande profundidade e
intenso debate sobre um determinado assunto. Esses debates
podem envolver grupos sociais, indivíduos, instituições,
comunidade, entre outros. Assim, podemos acreditar que o
pesquisador estuda o tema seleccionado em extrema
profundidade, observando todos os factores e o analisando-os em
todos os aspectos.

3.4. Técnicas de coleta de dados

As técnicas de colecta de dados são um conjunto de regras ou processos


utilizados por uma ciência, ou seja, corresponde à parte prática da
colecta de dados. Durante a colecta de dados, diferentes técnicas podem
ser empregadas, sendo mais utilizados: a entrevista e o questionário.
Questionário: é um instrumento de investigação que visa recolher
informações baseando-se, geralmente, na inquisição de um grupo
representativo da população em estudo. Para tal, coloca-se uma série
de questões que abrangem um tema de interesse para os
investigadores, não havendo interacção directa entre estes e os
inquiridos. Utilizado para obter informações em grande escala.
Perguntas previamente elaboradas, permitem obter avaliações,

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opiniões e critérios. As perguntas devem ser claras e fáceis de
responder. Podem ser abertas, fechadas ou mistas. Um questionário é
extremamente útil quando um investigador pretende recolher
informação sobre um determinado tema. Deste modo, através da
aplicação de um questionário a um público-alvo constituído, por
exemplo, de alunos, é possível recolher informações que permitam
conhecer melhor as suas lacunas, bem como melhorar as
metodologias de ensino podendo, deste modo, individualizar o
ensino quando necessário. A importância dos questionários passa
também pela facilidade com que se interroga um elevado número de
pessoas, num espaço de tempo relativamente curto. Estes podem ser
de natureza social, económica, familiar, profissional, relativos às suas
opiniões, à atitude em relação a opções ou a questões humanas e
sociais, às suas expectativas, ao seu nível de conhecimentos ou de
consciência de um acontecimento ou de um problema, etc.
Entrevista: é uma das principais técnicas de colectas de dados e
pode ser definida como conversa realizada face a face pelo
pesquisador junto ao entrevistado, seguindo um método para se
obter informações sobre determinado assunto. A entrevista é uma
das técnicas de colecta de dados mais utilizados nas pesquisas
sociais. Esta técnica de colecta de dados é bastante adequada para a
obtenção de informações acerca do que as pessoas sabem, crêem,
esperam e desejam, assim como suas razões para cada resposta.
Existem muitas vantagens na utilização da técnica de entrevista, tais
como maior abrangência, eficiência na obtenção dos dados,
classificação e quantificação. Além disso, se comparada com os
questionários, a pesquisa não restringe aspectos culturais do
entrevistado, possui maior número de respostas, oferece maior
flexibilidade e possibilita que o entrevistador capte outros tipos de
comunicação não-verbal. Permite a colecta de informações mediante
o diálogo directo entre o investigador e os sujeitos que são fontes de
informação. Pode ser individual ou colectiva, porem deve-se elaborar

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um plano que precise os aspectos a serem tratados, sem que o
entrevistador faça avaliações, nem com palavras, nem com gestos,
que possam predispor a uma determinada resposta.
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