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Metodologia de

Pesquisa
Material teórico
Métodos Científicos

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Msc. Mathias Gonzalez
Profa. Dra. Ana Barbara Ap. Pederiva
Métodos Científicos

Verificamos nas unidades anteriores a importância da


organização da vida de estudos no ensino superior, que a
Epistemologia torna possível compreender as diferentes
formas que um estudante acadêmico pode empreender na
obtenção de um novo saber e ainda, que os métodos
científicos orientam a condução do trabalho acadêmico.

Todos os conteúdos examinados nas Unidades


anteriores fazem parte do processo de investigação científica.
É importante que vocês estudantes compreendam esses
procedimentos, pois eles deverão ser considerados durante a
elaboração dos trabalhos acadêmicos.

Munidos das informações necessárias sobre como se dá


a construção e a execução do processo investigativo da
ciência, na Unidade Instrucional 4 “Métodos Científicos”, da
disciplina Metodologia da Pesquisa Científica estudaremos os
métodos científicos, que são mecanismos essenciais para se
obter novos conhecimentos e transformar a realidade.

Atenção

Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar
as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.
Contextualização

Munidos das informações necessárias sobre como se dá a construção e a execução do


processo investigativo da ciência, você acredita que os métodos científicos são mecanismos
essenciais para se obter novos conhecimentos e transformar a realidade?
Material Teórico

Métodos Científicos

Conceituação e Importância do Método


Para reforçar o que aprendemos nas unidades anteriores, de que a Ciência é um
procedimento metódico que busca conhecer, interpretar e intervir na realidade, estudaremos
alguns dos diferentes métodos científicos.

O método não é único e nem sempre o mesmo para o estudo deste ou


daquele objeto e / ou para este ou aquele quadro da ciência, uma vez que
reflete as condições históricas do momento em que o conhecimento é
construído. Somente à base desta reflexão o pesquisador conseguirá
compreender o plano histórico e dinâmico do conhecimento científico.
(BARROS; LEHFELD, 2000, p. 55)

Método significa caminho para chegar a um fim ou pelo qual se atinge um objetivo.
Portanto, entende-se que:

È um procedimento de investigação e controle que se adota para o


desenvolvimento rápido e eficiente de uma atividade qualquer. Não se
executa um trabalho sem a adoção de algumas técnicas e procedimentos
norteadores da ação.” (BASTOS; KELLER, 2000, p.84)

Que dizer então do método científico? Poderia dizer que é o caminho trilhado pelo
cientista quando em busca de "verdades" científicas. Quais são as "verdades" científicas? O que
é ser cientista? O que é ciência? Existe uma ciência única? Quando nos reportamos a uma
hipotética linha demarcatória, a separar o que julgamos ser uma verdade científica de outras
possíveis verdades, a que nos estamos referindo? Por estas questões, nota-se que o método
tem vital importância, já que é por meio dele que se alcançam as verdades buscadas pela
humanidade por meio dos pesquisadores.

Qualquer pessoa pode realizar uma experiência que julgue ser bem-sucedida, mas
sempre necessitará da comprovação científica por meio de provas. Os cientistas só aceitarão
uma teoria ou descoberta depois que a replicarem ou obtiverem provas irrefutáveis até aquele
momento.

Uma experiência científica só será considerada como válida para o mundo da Ciência,
se for realizada seguindo determinadas normas controladas. Os cientistas se esmeram em
replicar incontáveis vezes uma experiência até terem certeza de que foram obedecidos todos
os critérios de cientificidade exigidos pela Ciência.
O cientista é aquele que se utiliza do método científico
para encontrar a solução dos problemas ou compreender
o universo à sua volta. Assim, o método científico é o
caminho trilhado pelo cientista.

No método científico, a hipótese é o caminho que deve levar à formulação de uma


teoria. O cientista, na sua hipótese, tem dois objetivos: explicar um fato e prever outros
acontecimentos dele decorrentes. A hipótese deverá ser testada / aplicada para que os
resultados obtidos pelos pesquisadores comprovem perfeitamente a hipótese, então ela será
aceita como uma teoria.

Para simplificar, a hipótese é uma tentativa preliminar de resposta ao problema da


pesquisa.

DÚVIDA PROBLEM HIPÓTESE

TENTATIVA DE SOLUÇÃO

A hipótese é uma resposta provisória e antecipa algo que será ou não confirmado com
a pesquisa.

O método científico é composto pelas seguintes fases:

• Observação de um fato;

• Formulação de um problema;

• Proposta de uma hipótese;

• Realização de uma pesquisa para testar a validade da hipótese.


Para maior segurança nas conclusões, toda pesquisa deve ser controlada com técnicas
que permitem descartar as variáveis que podem mascarar o resultado.

Tipos de métodos

Existem vários tipos de métodos científicos utilizados pelos cientistas e pesquisadores de


diferentes áreas do conhecimento para se chegar a determinados resultados. São eles:

a) Método indutivo: é aquele que parte da observação de casos particulares para o


estabelecimento de hipóteses de caráter geral. Trata-se do método proposto pelos
empiristas (Bacon, Hobbes, Locke, Hume), para os quais o conhecimento é
fundamentado exclusivamente na experiência, sem levar em consideração princípios
preestabelecidos.

Nesse método, parte-se da observação de fatos ou fenômenos cujas causas se desejam


conhecer. A seguir, procura-se compará-los com a finalidade de descobrir as relações
existentes entre eles. Por fim, procede-se à generalização, com base na relação verificada entre
os fatos ou fenômenos. Observe o exemplo a seguir:

• João é mortal.
• Paulo é mortal.
• Manoel é mortal.
• Ora, João, Paulo e Manoel são homens.
• Logo, (todos) os homens são mortais.
Conclusões indutivas são perigosas, pois generalizações de premissas verdadeiras
podem levar a uma falsa conclusão.

b) Método dedutivo: é aquele pelo qual, a partir da observação de um princípio geral,


chega-se a conclusões particulares. Parte de princípios reconhecidos como verdadeiros
e indiscutíveis e possibilita chegar a conclusões de maneira puramente formal, isto é,
em virtude unicamente de sua lógica. É o método proposto pelos racionalistas
(Descartes, Spinoza, Leibniz), segundo os quais só a razão é capaz de levar ao
conhecimento verdadeiro, que decorre de princípios a priori evidentes e irrecusáveis.
Como neste exemplo:

• Todo mamífero é vertebrado.


• Todo homem é mamífero.
• Logo, todo homem é vertebrado.

c) Método hipotético-dedutivo: é aquele pelo qual, mediante a percepção de uma


lacuna no conhecimento, formula-se uma hipótese e, então, pelo processo de
observação e inferência dedutiva, testa-se a predição da ocorrência de fenômeno
abrangido pela hipótese (LAKATOS; MARCONI, 1991).

Pode-se apresentar as etapas do método hipotético-dedutivo da seguinte forma:

1 - Problema: quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado assunto são


insuficientes para a explicação de um fenômeno, surge o problema;

2 - Conjecturas: para tentar explicar a dificuldade expressa no problema, são formuladas


conjecturas ou hipóteses. Para a explicação de um fenômeno, surge o problema;

3 - Dedução de conseqüências observadas: das hipóteses formuladas, deduzem-se


conseqüências que deverão ser testadas ou falseadas;

4 - Tentativa de falseamento: falsear significa tentar tornar falsas as conseqüências


deduzidas das hipóteses. Enquanto no método dedutivo procura-se a todo custo
confirmar a hipóteses, no método hipotético-dedutivo, ao contrário, procuram-se
evidências empíricas para derrubá-la;

5 - Corroboração: quando não se consegue demonstrar qualquer caso concreto capaz de


falsear a hipótese, tem-se a sua corroboração, que é a confirmação da hipótese,
entretanto, está é considerada provisória.
Neste caso, de acordo com Popper 1, a hipótese mostra-se válida, pois superou todos os
testes, mas não definitivamente confirmada, já que a qualquer momento poderá surgir um
fato que a invalide.

d) Método dialético: procura contestar uma realidade posta, enfatizando as suas


contradições. Para toda tese, existe uma antítese, que, quando contraposta, tende a
formar uma síntese.

Tal método funda-se numa concepção dinâmica da realidade e das relações dialéticas
entre sujeito e objeto, conhecimento a ação, teoria e prática.

O método dialético não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de


polêmicas. Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo
de sua ação recíproca (...) É contrário a todo conhecimento rígido: tudo é visto
em constante mudança, pois sempre há algo que nasce e se desenvolve e algo
que se desagrega, se transforma (ANDRADE, 1999, p.114-115).

O método dialético portanto, é contrário a todo conhecimento rígido, pois tudo é


percebido como em constante mudança.

e) Método fenomenológico: não se limita à descrição dos fenômenos. Também é, ao


mesmo tempo, tentativa de interpretação dos mesmos, com o objetivo de pôr a
descoberto os sentidos menos aparentes, os sentidos mais fundamentais que os
fenômenos têm. Caracteriza-se por valorizar a pesquisa do cotidiano, por tentar
resgatar tudo aquilo que, pela rotina, foi perdendo relevo e significação, foi ficando
oculto pelo uso, pelo hábito, pelo senso comum. Nesse sentido, o enfoque
fenomenológico permite reeducar, reorientar o olhar que investiga.

O método fenomenológico valoriza, sobretudo, a interpretação do mundo, o qual surge


intencionalmente à consciência do homem. Assim, pode-se afirmar que, na pesquisa de
orientação fenomenológica, o sujeito deixa de ser um observador imparcial, como pretende a
abordagem positivista, para assumir, de certa forma, a condição de “ator”. Aliás, um os
méritos do método fenomenológico é justamente o de questionar os procedimentos
positivistas, encarecendo a importância do sujeito no processo da construção do
conhecimento.

Outra característica marcante da pesquisa fenomenológica é sua recusa à


caracterização, pretendendo-se, ao contrário, sempre aberta a novas interpretações.

É importante ressaltar que, conforme Masini (1989), alguns autores consideram


inadequado falar em método fenomenológico. Segundo eles, não haveria tal método, mas
regras formais de pesquisa voltadas especialmente para o fenômeno (aquilo que se mostra

1
O método hipotético-dedutivo foi definido por Karl Popper a partir de criticas a indução,
expressas em A lógica da investigação científica, obra publicada pela primeira vez em 1935.
como é, que se mostra a si mesmo). Então, não caberia falar em método, mas em atitude
fenomenológica.

f) Método histórico: específico das ciências sociais, parte do princípio de que as atuais
formas de vida social, as instituições e os costumes têm suas raízes no passado, sendo,
portanto, fundamental pesquisar sua origem para bem compreender sua natureza e
função. Por exemplo, para se investigar uma instituição social como a família e as
relações de parentesco, o método histórico pesquisa, no passado, os elementos
constitutivos dos vários tipos de família e as fases de sua evolução social.

O método histórico “consiste em investigar os acontecimentos, processos e instituições


do passado para verificar sua influência na sociedade de hoje”. (ANDRADE, 2003, p. 133)

Dessa forma, o pesquisador que se utiliza do método histórico tem a preocupação de


colocar o fenômeno estudado no ambiente social em que surgiu, ou seja, contextualiza-lo.
Assim, será capaz de acompanhar suas sucessivas alterações e de compará-lo a fenômenos
semelhantes em sociedades diferentes (LAKATOS; MARCONI, 1991).

Dentro do método histórico, há toda uma diversidade de abordagem. É possível aplicar


esse método ao estudo de um mesmo tema, porém com enfoques tão diferentes quanto o
positivista, o fenomenológico, o dialético etc.

Relação entre Método e Técnica


Na investigação científica, os termos “método” e “técnica” acima estão estreitamente
relacionados e são comumente empregados sem uma compreensão exata da sua
diferenciação semântica.

Como já foi anteriormente descrito, o método - termo já conhecido na Grécia Clássica


(méthodos) foi usado por Platão e Aristóteles no sentido de "estudo ordenado de uma questão
filosófica ou científica". A palavra pode ser decomposta no prefixo metá + hodós, que quer
dizer caminho, via, rota. Em sentido genérico é, portanto, o caminho pelo qual se chega a
um determinado resultado.

Na terminologia científica, método pode ser definido como um conjunto de dados e


regras de proceder, permitindo atingir um fim previamente determinado. Ex.: pesquisa
experimental, diagnóstico, operação, tratamento, reação físico-química ou biológica, prova
clínica ou teste de laboratório. Muitos teóricos definem método como um conjunto de meios
dispostos convenientemente para se chegar a um fim.

A palavra “técnica” vem do grego tékhne, e significa arte. Se o método é o caminho,


a técnica é o modo de caminhar. Técnica subentende o modo de proceder em seus menores
detalhes, a operacionalização do método segundo normas padronizadas. É resultado da
experiência e exige habilidade em sua execução. Um mesmo método pode comportar
mais de uma técnica.

O método científico inicialmente ocorre do seguinte modo: há um problema que


desafia a inteligência; o cientista elabora uma hipótese e estabelece as condições para seu
controle, a fim de confirmá-la ou não. A conclusão é então generalizada, ou seja, considerada
válida não só para aquela situação, mas para outras similares. Além disso, quase nunca se
trata de um trabalho solitário do cientista, pois, hoje em dia, cada vez mais as pesquisas são
objetos de atenção de grupos especializados ligados às universidades, às empresas ou ao
Estado. De qualquer forma, a objetividade da ciência resulta do julgamento feito pelos
membros da comunidade científica que avaliam criticamente os procedimentos utilizados e as
conclusões, divulgadas em revistas especializadas e congressos.

Assim, dentro da visão do senso comum, a ciência busca compreender a realidade de


maneira racional, descobrindo relações universais e necessárias entre os fenômenos, o que
permite prever os acontecimentos e, conseqüentemente, também agir sobre a natureza.

Para tanto, a ciência utiliza métodos rigorosos e atinge um tipo de


conhecimento sistemático, preciso e objetivo. Entretanto, apesar do rigor do método,
não é conveniente pensar que a ciência é um conhecimento certo e definitivo, pois ela avança
em contínuo processo de investigação que supõe alterações à medida que surgem fatos novos,
ou quando são inventados novos instrumentos.

Por exemplo, nos séculos XVIII e XIX, as leis de Newton foram reformuladas por
diversos matemáticos que desenvolveram técnicas para aplicá-las de maneira mais precisa. No
século XX, a teoria da relatividade de Einstein desmentiu a concepção clássica que a luz se
propaga em linha reta. Isso serve para mostrar o caráter provisório do conhecimento científico
sem, no entanto, desmerecer a seriedade e o rigor do método e dos resultados. Ou seja, as leis
e as teorias continuam sendo de fato hipóteses com diversos graus de confirmação e

• A partir da explanação feita acima será que podemos afirmar que


existe um método universal?
• Será que os métodos universais devem ser considerados válidos
para situações diversas? E tendo situações diferentes podemos
qualificá-las como universais?
• Como descrever relações universais por meio de métodos
“individuais”?
• Será que esse tipo de método é realmente válido universalmente?
• Será que podemos nomear o método como sendo universal?
verificabilidade, podendo ser aperfeiçoadas ou superadas.

Conceito, tipos e técnicas


A pesquisa está relacionada diretamente com a produção de conhecimento e decorre
da capacidade de raciocínio do homem, no enfrentamento de inúmeros problemas e desafios.
A curiosidade e a necessidade de conhecer e explicar o novo faz com que a investigação
científica se enriqueça e evolua constantemente.

Inúmeros autores, entre os quais Andrade (1999), Cervo e Bervian (1996), Gil (1982),
Lakatos e Marconi (1991), Salomon (1977) e Severino (2000), ao conceituarem pesquisa
científica, concordam que se trata de procedimento eminentemente racional, que faz uso de
métodos científicos, visando à busca de respostas e explicações para a questão em estudo.
Enfatizam, também, o caráter processual da pesquisa enquanto atividade que envolve fases,
desde a formulação adequada do problema até a elaboração e apresentação do relatório final
ou monografia.

Para Cervo e Bervian (1996), os passos geralmente observados na realização de


pesquisas são os seguintes:

• formular questões ou propor problemas e levantar hipóteses;

• efetuar observações e medidas;

• registrar, tão cuidadosamente quanto possível, os dados observados com o intuito de


responder às perguntas formuladas ou comprovar a hipótese levantada;

• elaborar explicações ou rever conclusões, idéias ou opiniões que estejam em desacordo


com as observações ou com as respostas resultantes;

• generalizar, isto é, estender as conclusões obtidas a todos os casos que envolvam


condições similares; a generalização é tarefa do processo chamado indução;

• prever ou predizer, isto é, antecipar que, dadas certas condições, é de se esperar que
surjam certas relações (CERVO; BERVIAN, 1996, p.46-47).

As pesquisas costumam ser agrupadas de acordo com diferentes critérios e


nomenclaturas. Podem ser classificadas, por exemplo:

• segundo a área de conhecimento - em pesquisas sociológicas, antropológicas,


educacionais etc.;

• segundo suas finalidades - em pesquisa pura ou aplicada;

• segundo as técnicas de coleta e interpretação de dados - em pesquisa quantitativa e


qualitativa;
• segundo o ambiente em que se desenvolve - em pesquisas de campo, de laboratório.

A essa diversidade correspondem múltiplas maneiras de se interpretar os dados


obtidos. São os diferentes marcos epistemológicos de que se lança mão para a compreensão
da realidade estudada. O resultado não deve constituir-se em uma verdade única, absoluta e
inquestionável, mas numa forma de conhecimento que atribui um determinado sentido (não
dogmático) àquele aspecto particular do real.

Conforme esclarece Pádua (1996), a classificação das pesquisas em diferentes tipos


surgiu com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento das mesmas. A autora, entretanto,
observa:

Para além do formalismo que uma tipologia requer, devemos reconhecer que
o fundamental é compreender a realidade em seus múltiplos aspectos e, para
tanto, essa compreensão vai requerer, e talvez admitir, diferentes enfoques,
diferentes níveis de aprofundamento, diferentes recursos, dependendo dos
objetivos a serem alcançados e as possibilidades do próprio pesquisador para
desenvolvê-los (PÁDUA, 1996, p. 32-33).

Quanto às suas finalidades, as pesquisas podem ser divididas em dois grandes


grupos: puras e aplicadas. No primeiro, encontram-se os estudos motivados por razões de
ordem intelectual e, no segundo, as pesquisas que objetivam resultados de ordem prática.

Se a pesquisa pura pretende alargar a fronteira do conhecimento, a pesquisa


aplicada tem em vista a utilização, na prática, de conhecimentos disponíveis para responder
às demandas da sociedade em contínua transformação.

Ao tomarmos como critério de classificação o procedimento geral de que se valeu


o pesquisador, podemos classificar as pesquisas em: Bibliográficas, de Laboratório e de
Campo.

Um trabalho científico pode utilizar mais de um tipo de metodologia.


Assim, uma pesquisa de cunho predominantemente bibliográfico pode
adotar, também, recursos da pesquisa de campo ou de laboratório.

a) Pesquisa Bibliográfica
A pesquisa bibliográfica abrange a leitura, análise e interpretação de livros, periódicos,
textos legais, documentos mimeografados ou xerocopiados, mapas, fotos, manuscritos etc.
Todo material recolhido deve ser submetido a uma triagem, a partir da qual é possível
estabelecer um plano de leitura. Trata-se de uma leitura atenta e sistemática que se faz
acompanhar de anotações e fichamentos que, eventualmente, poderão servir à
fundamentação teórica do estudo.

Por tudo isso, deve ser uma rotina tanto na vida profissional de professores e
pesquisadores, quanto na dos estudantes. Isso porque a pesquisa bibliográfica tem por
objetivo conhecer as diferentes contribuições científicas disponíveis sobre determinado tema.
Ela dá suporte a todas as fases de qualquer tipo de pesquisa, uma vez que auxilia na definição
do problema, na determinação dos objetivos, na construção de hipóteses, na fundamentação
da justificativa da escolha do tema e na elaboração do relatório final ou monografia.

Encontram-se em Andrade (1999), Gil (1991), Severino (2000), entre outros,


importantes diretrizes para o êxito na pesquisa bibliográfica, no que se refere à leitura, análise
e interpretação de textos.

b) Pesquisa de Laboratório
Comumente, este tipo de pesquisa é confundido com pesquisa experimental, o que é
um equívoco. Embora a maioria das pesquisas de laboratório seja experimental, muitas vezes
as ciências humanas e sociais lançam mão de pesquisa de laboratório sem que se trate de
estudos experimentais.

Na verdade, o que caracteriza a pesquisa de laboratório é o fato de que ela


ocorre em situações controladas, valendo-se de instrumental específico e preciso.

Tais pesquisas, quer se realizem em recintos fechados ou ao ar livre, em ambientes


artificiais ou reais, em todos os casos, requerem um ambiente adequado, previamente
estabelecido e de acordo com o estudo a ser realizado.

A Psicologia Social e a Sociologia, freqüentemente, utilizam a pesquisa de laboratório,


muito embora aspectos fundamentais do comportamento humano nem sempre possam ou,
por questões de ética, nunca devam ser estudados e/ou reproduzidos no ambiente controlado
do laboratório.

c) Pesquisa de Campo
A pesquisa de campo procede à observação de fatos e fenômenos exatamente como
ocorrem no real, à coleta de dados referentes aos mesmos e, finalmente, à análise e
interpretação desses dados, com base numa fundamentação teórica consistente, objetivando
compreender e explicar o problema pesquisado.
Ciência e áreas de estudo, como a Antropologia, Sociologia, Psicologia Social,
Psicologia da Educação, Pedagogia, Política, Serviço Social, usam freqüentemente a pesquisa
de campo para o estudo de indivíduos, grupos, comunidades, instituições, com o objetivo de
compreender os mais diferentes aspectos de uma determinada realidade.

Como qualquer outro tipo de pesquisa, a de campo parte do levantamento


bibliográfico. Exige também a determinação das técnicas de coleta de dados mais apropriadas
à natureza do tema e, ainda, a definição das técnicas que serão empregadas para o registro e
análise.

Dependendo das técnicas de coleta, análise e interpretação dos dados, a pesquisa de


campo poderá ser classificada como de abordagem predominantemente quantitativa ou
qualitativa.

Numa pesquisa em que a abordagem é basicamente quantitativa, o pesquisador se


limita à descrição factual deste ou daquele evento, ignorando a complexidade da realidade
social (FRANCO, 1985, p.35).

É empregada nas pesquisas de âmbito social econômico, de comunicação,


mercadológica, de opinião etc., como forma de garantir a precisão dos resultados, na medida
em que as técnicas de coleta que aplica propiciam a quantificação de todo o material
recolhido e na medida em que prevê o tratamento estatístico desse material.

Numa pesquisa em que a abordagem é qualitativa o pesquisador está interessado na


interpretação que os próprios sujeitos estudados têm da situação sob estudo, por esse motivo
a ênfase na subjetividade.

A abordagem qualitativa oferece flexibilidade no processo de conduzir a pesquisa, pois


“o pesquisador trabalha com situações complexas, que não permitem a definição exata e a
priori dos caminhos que a pesquisa irá seguir”. (MOREIRA, 2004, p. 57)
Referências

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Loyola, 2000.

ANDRADE, M. M. Introdução á metodologia do trabalho científico. São Paulo: Atlas,


2003.

BARBOSA, Derly. Metodologia de estudos e elaboração de monografia. São Paulo:


Expressão & Arte, 2006.

BARROS, Aidil Jesus da Silveira.; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos de


metodologia científica: um guia para a iniciação científica. São Paulo: Pearson
Makron Books, 2000.

BASTOS, Cleverson; KELLER, Vicente. Aprendendo a aprender: introdução à


metodologia científica. Petrópolis: Vozes, 2000.

DEMO, Pedro. Metodologia do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, 2000.

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FREIRE-MAIA, N. A ciência por dentro. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 2000.

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GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1989.

HAGUETTE, T. M. F. Metodologias qualitativas na sociologia. Petrópolis: Vozes, 2003.

JAPIASSU, H. Nascimento e morte das ciências humanas. Rio de Janeiro: F. Alves,


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KÖCHE, J. C. Fundamentos de metodologia científica. 12. ed. Petrópolis: Vozes, 1997.

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MÁTTAR NETO, J. A. Metodologia científica na era da informática. São Paulo:


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SALONON, D. V. Como fazer uma monografia. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

SEVERINO, A. Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 21. ed. São Paulo: Cortez,
2000.
Anotações

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