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APOSTILA PARA ESTUDOS DE

FILOSOFIA DO 2º ANO
ENSINO MÉDIO – 4º BIMESTRE

MARCELO LIMA / PROFESSOR/ DIVINÓPOLIS MG


ALUNO(A):_______________________________
4º BIMESTRE
AULA 1 – O QUE É CIÊNCIA – DO MÉTODO AS LEIS CIENTÍFICAS
O QUE É CIÊNCIA - Do método científico às leis científicas
Comecemos nossa investigação sobre a ciência buscando o significado básico dessa palavra. O
termo ciência vem do latim scientia, que significa "conhecimento". Assim, como ponto de partida, podemos
definir ciência como o campo da atividade humana que se dedica à construção de um conhecimento
sistemático e seguro a respeito dos fenômenos do mundo.

Por que dissemos "sistemático e seguro"? Porque a palavra conhecimento pode ser usada em um sentido
geral (lato sensu) e em um sentido estrito (stricto sensu), que é o conhecimento sólido e bem fundamentado.
Trata-se do que os gregos chamavam de episteme, o tipo de conhecimento que interessa à ciência. Por isso, a
investigação sobre o conhecimento obtido pela ciência é conhecida como epistemologia.

Objetivos da ciência: Nossa segunda questão pode ser: "Conhecer para quê"? Costuma-se dizer que é para
tornar o mundo compreensível, proporcionando ao ser humano meios para prever situações e
exercer controle sobre a natureza. Essa visão surgiu com a ciência moderna. Segundo Jacob Bronowski
(1908-1974), matemático britânico de origem polonesa, pelo conhecimento científico, o "homem domina a
natureza não pela força, mas pela compreensão" (Ciências e valores humanos, p. 16).
Será isso possível? Será que a ciência alcança a compreensão que pretende, e o faz sem uso da força?
Essas questões serão analisadas ao longo deste capítulo.

Método científico: Vejamos agora o meio utilizado pela ciência, desde o início da Idade Moderna, para
alcançar seus objetivos:
O que é método científico? O termo método vem do grego meta, "através" e hodos, "caminho",
significando "através de um caminho", ou de um procedimento. Assim, método científico é o núcleo de
procedimentos que orienta o modo de conduzir uma investigação científica. Há diversos conjuntos de
procedimentos que caracterizam diferentes metodologias.

A observação, experimentação ou verificação é uma etapa importante de todo


conhecimento científico. Mas é preciso considerar também que toda observação está
sempre dirigida por uma "carga" teórica que o observador (o cientista) traz consigo.

Embora variado, o método científico tem por base, de modo geral, uma estrutura lógica que engloba
diversas etapas, as quais devem ser percorridas na busca de solução para o problema proposto.
Vejamos um esquema das etapas do método científico experimental:
• enunciado de um problema — observando fatos, o cientista enuncia um problema que o intriga e que
ainda não foi explicado pelo conhecimento disponível. Nessa etapa, ele deve expor seu problema com
clareza e precisão e procurar os instrumentos possíveis para tentar resolvê-lo;
• formulação de uma hipótese — tentando solucionar o problema, o cientista propõe uma resposta
possível, que constitui uma hipótese a ser avaliada em sua investigação. Isso significa que a hipótese é uma
proposta não comprovada, que deve ser testada cientificamente;
• testes experimentais da hipótese — o cientista testa a validade de sua hipótese, investigando as
consequências da solução proposta. Essa investigação deve ser controlada por ele, para que o fator relevante
previsto na hipótese seja suficientemente destacado na ocorrência do fato-problema;
• conclusão — o cientista conclui a pesquisa científica, confirmando ou corrigindo a hipótese formulada e
testada.
Observe, porém que, conforme assinalam alguns estudiosos, os métodos científicos não constituem
sempre conjuntos fixos e estereotipados de atos a serem adotados em todos os tipos de pesquisa científica.
Eles nascem da percepção de certos procedimentos recorrentes, mas que, por si só, não são suficientes para
garantir o êxito de qualquer empreendimento.
Os resultados satisfatórios de uma pesquisa estão sujeitos a um amplo conjunto de fatores, desde
a natureza do problema pesquisado até os recursos materiais aplicados na pesquisa. Dependem, ainda, de
elementos como o acaso e, sobretudo, da criatividade, imaginação e sagacidade do pesquisador.
Leis e teorias científicas: Além de utilizar um método, os cientistas, depois de suas investigações, também
formulam leis e teorias, principalmente dentro das ciências naturais, com destaque para a física.
Nas ciências sociais esse modelo de investigação não é tão presente.
Mas o que são exatamente as leis e teorias científicas? Analisando inúmeros fatos do mundo,
percebemos a ocorrência de fenômenos regulares, como a sucessão do dia e da noite, das estações do ano, o
nascimento dos seres vivos, a atração dos corpos em direção ao centro da Terra e outros.
Para reconhecermos a ocorrência de regularidades, devemos observar os fenômenos semelhantes e
classificá-los segundo duas características comuns. Ao examinar as regularidades, a ciência procura chegar a
uma conclusão geral que possa ser aplicada a todos os fenômenos semelhantes.
Por meio desse processo, formulam-se as leis científicas. Nesse sentido, leis são enunciados
generalizadores que procuram apresentar relações constantes e necessárias entre fenômenos regulares.
As leis científicas desempenham duas funções básicas:
• resumem uma grande quantidade de fenômenos regulares, favorecendo uma visão global do seu conjunto;
• possibilitam a previsão de novos fenômenos que se enquadrem na regularidade descrita.
As leis costumam fazer parte de uma teoria científica, que "especifica a causa ou mecanismo subjacente
tido como responsável pela regularidade descrita na lei" (Kneller, A ciência como atividade humana, p.
150). Portanto, a teoria tem como objetivo explicar as regularidades entre os fenômenos e deles fornecer
uma compreensão ampla. Costuma-se dizer que explicar e prever constituem a função fundamental das leis
e teorias científicas.

AULA 2 – A CIÊNCIA NA HISTÓRIA – A RAZÃO CIENTÍFICA ATRAVÉS DO TEMPO

O método científico é um conjunto de regras para a obtenção do conhecimento durante a investigação


científica. É pelas etapas seguidas que se cria um padrão no desenvolvimento da pesquisa e o pesquisador
formula uma teoria para o fenômeno observado. A teoria científica é considerada fiável quando a correta
aplicação do método científico faz com que ela seja repetida indefinidamente, conferindo confiabilidade aos
resultados.

Etapas do método científico


1. Observação
O conhecimento científico inicia com a coleta de informações para descrever de forma qualitativa e/ou
quantitativa o fenômeno.

• Observação qualitativa: quando as informações obtidas não incluem dados numéricos.


• Observação quantitativa: é obtida com a utilização de instrumentos e resultam em medidas.

2. Questionamento: Ao observar a repetição de uma propriedade ou as características do fenômeno,


formulam-se perguntas.
Exemplo:

• Por que o fenômeno ocorre?


• Como ele é descrito?
• Quais fatores podem influenciá-lo?

3. Hipóteses: As hipóteses têm como objetivo explicar as observações e, por isso, nas tentativas de desvendar
o fenômeno mais de uma hipótese pode ser formulada. Elas vão guiar o planejamento dos experimentos para
que se aprenda mais sobre o que está sendo observado.

4. Experimentos: A atividade experimental avalia o sistema em estudo e verifica as condições práticas para
que o fenômeno ocorra e possa ser reproduzido. À medida que os experimentos são realizados, as evidências
são reunidas e as hipóteses são colocadas à prova.

5. Resultados: A reunião dos dados obtidos juntamente com as interpretações realizadas vai validar as
informações para justificar a hipótese e explicar o fenômeno. Nessa etapa, os resultados são utilizados para
rejeitar ou modificar a hipótese, pois ela deve coincidir com os resultados obtidos.

6. Conclusão: Com base na observação, formulação de hipóteses, experimentos e resultados obtidos, é


possível que se construa uma teoria, lei ou princípio para expandir o conhecimento adquirido e aplicá-lo em
outras situações.

• Teoria: explica a observação feita e permite previsões a partir de um modelo criado.


• Lei: relaciona matematicamente as grandezas estudadas nos experimentos.
• Princípio: generaliza as regularidades verificadas nos experimentos.

Método Científico na Filosofia: Na filosofia, o método científico considera o fato de o pensamento obedecer
a certos princípios internos. Esses princípios são a identidade, a razão, a não-contradição e a exclusão. Dos
princípios dependem o conhecimento da verdade e exclusão do que não foi comprovado. Dessa maneira, a
verdade é alcançada após ter a ligação entre conceitos e realidade.

Método Dedutivo: É o método que começa com uma dedução que será examinada até que seja encontrado o
resultado. O método dedutivo é usado para testar as hipóteses já existentes e, assim, provar teorias. As
hipóteses iniciais usadas neste tipo de método são denominadas axiomas e as teorias são chamadas de
teoremas.

Método Indutivo: Este método parte de generalizações recolhidas a partir de observações específicas. Ou seja,
parte do específico para o geral. Em resumo, o método indutivo parte de observações e o dedutivo da teoria.
Ambos têm como meta o conhecimento da verdade.

Descartes - Discurso do Método


O filósofo francês René Descartes (1596–1650) aponta que o método é o caminho para garantir o sucesso em
uma tentativa de conhecimento para a elaboração de uma teoria científica.

Descartes descreve quatro regras para que seja alcançado o método científico. São elas:

• Evidência: duvidar de tudo, jamais aceitar um fato como verdadeiro;


• Análise: dividir as partes em quantas forem possíveis para poder resolver de maneira clara;
• Síntese: ordenar o pensamento e começar a solução pelos fatos mais simples;
• Enumerar e revisão: enumerar e revisar de maneira tão completa e geral que nada restará.

Darwin - Teoria da Evolução: O cientista Charles Darwin (1809–1882) está entre os mais notórios exemplos
da aplicação do mecanismo científico. Suas observações permitiram o aperfeiçoamento do conhecimento
sobre o mecanismo evolutivo, conhecido como darwinismo.
AULA 3 - Ética: desdobramentos da reflexão ética em bioética.

"A Bioética é uma área de estudo interdisciplinar que envolve a Ética e a Biologia, fundamentando os
princípios éticos que regem a vida quando essa é colocada em risco pela Medicina ou pelas ciências. A palavra
Bioética é uma junção dos radicais “bio”, que advém do grego bios e significa vida no sentido animal e
fisiológico do termo (ou seja, bio é a vida pulsante dos animais, aquela que nos mantém vivos enquanto
corpos), e ethos, que diz respeito à conduta moral. Trata-se de um ramo de estudo interdisciplinar que utiliza
o conceito de vida da Biologia, o Direito e os campos da investigação ética para problematizar questões
relacionadas à conduta dos seres humanos em relação a outros seres humanos e a outras formas de vida."

"Origem da Bioética: A Bioética surgiu na segunda metade do século XX, devido ao grande desenvolvimento
da Medicina e das ciências, que avançaram cada vez mais para a modificação da vida humana e a promoção
do conforto humano, bem como para a utilização de cobaias vivas (humanas e não humanas). A fim de evitar
horrores, como os que foram vividos dentro dos campos de concentração nazistas e de técnicas médicas que
ferissem os princípios vitais das pessoas, surgiu a Bioética como meio de problematizar o que está oculto na
pesquisa científica ou na técnica médica quando elas envolvem a vida."

"Autores da Bioética: Hoje, alguns autores são referências para os estudos de Bioética no mundo. Entre eles,
estão o filósofo Tom L. Beauchamp, professor da Georgetown University, e o filósofo e teólogo James F.
Childress, professor de Ética da Universidade de Virgínia. Juntos, esses dois destacados estudiosos da Bioética
escreveram o livro Princípios de Ética Biomédica, que contém a formulação dos princípios bioéticos básicos,
inspirados em grandes sistemas éticos de filósofos considerados cânones do conhecimento ocidental, como
Kant e Mill. Outro autor de igual importância é Peter Singer, filósofo australiano e professor da Universidade
de Princeton desde 1999. Dentre suas obras, podemos destacar Ética prática, que problematiza questões
referentes à Ética enquanto área de estudo capaz de interferir na vida cotidiana das pessoas, analisando
questões polêmicas, como o aborto e a eutanásia; e Libertação animal, que funda a teoria dos direitos dos
animais.

Importância da Bioética: A importância social da Bioética centra-se, justamente, no fato de que ela procura
evitar que a vida seja afetada ou que alguns tipos de vida sejam considerados inferiores a outros. A Bioética
discute, por exemplo, a utilização de células-tronco embrionárias em suas mais diversas problemáticas,
passando pela necessidade de abortar-se uma gestação para retirar tais células e pelos benefícios que os
tratamentos obtidos por esse recurso podem promover para as pessoas. Também é tratado por estudiosos de
Bioética o respeito aos limites que devemos ter ao lidar com animais, seja para o cuidado ou a alimentação,
seja para a utilização comercial deles, pois são seres vivos dotados de sentidos e capazes de sofrer.
Princípios da Bioética: Em Princípios de Ética Biomédica, Beauchamps e Childress estabelecem quatro
princípios básicos que devem nortear o trabalho bioético tanto para as ciências que utilizam cobaias quanto
para as técnicas biomédicas e médicas que lidam diretamente com a vida. Esses princípios estão ligados a
teorias éticas conhecidas e ganham um novo contorno em suas formulações voltadas para a vida animal.
Princípio da não maleficência: consiste na proibição, por princípio, de causar qualquer dano intencional ao
paciente (ou à cobaia de testes científicos). A sua mais antiga formulação pode ser encontrada no Juramento
de Hipócrates, e, no século XX, ele foi estabelecido como princípio bioético pelos estudiosos Dan Clouser e
Bernanrd Gert.

Princípio da beneficência: pode ter seu gérmen encontrado no juramento hipocrático, em que se é afirmado
que o médico deve visar ao benefício do paciente. Beauchamp e Childress vão além, estabelecendo que tanto
médicos quanto cientistas que utilizem cobaias devem basear-se no princípio da utilidade (o utilitarismo de
Mill e Bentham), visando a provocar o maior benefício para o maior número possível de pessoas.

Princípio da autonomia: tem suas raízes na filosofia de Immanuel Kant e busca romper a relação paternal
entre médico e paciente e impedir qualquer tipo de obrigação de cobaias para com a ciência. Trata-se do
respeito à autonomia do indivíduo, pois esse é o responsável por si, e é ele que decide se quer ser tratado ou
se quer participar de um estudo científico.

Princípio da justiça: baseado na teoria da justiça, de John Rawls, esse princípio visa a criar um mecanismo
regulador da relação entre paciente e médico, a qual não deve ficar submetida mais apenas à autoridade
médica. Tal autoridade, que é conferida ao profissional devido ao seu conhecimento e pelo juramento de
conduta ética e profissional, deve submeter-se à justiça, que agirá em caso de conflito de interesses ou de dano
ao paciente.

Temas da Bioética: A Bioética trata de temas muito delicados, muitas vezes considerados tabus. Há uma
dificuldade de estabelecimento de proposições únicas e últimas, pois existem, ao menos, três grandes áreas do
conhecimento que envolvem a Bioética e porque, enquanto ciência, ela não pode se submeter à moral religiosa,
que pode ser um obstáculo forte em questões relativas à vida, principalmente a humana.

Temas tratados pela Bioética, expondo uma breve discussão que pode aparecer sobre eles:

→ Médico e paciente x cientista e cobaia: É o principal ponto tocado pelos estudos de Beauchamp e
Childress, que formulam a solução principalista (que se baseia em uma ética de princípios) para os problemas
decorrentes.

→ Eutanásia e suicídio assistido: A tradução literal de eutanásia é “boa morte”. Eutanásia é o ato de encerrar
a vida de alguém que, incapacitado, está em situação de penúria e não pode decidir por si mesmo. Quando um
animal de estimação tem uma doença crônica progressiva ou ficou gravemente sequelado por algum mal, os
veterinários podem dar a eles a eutanásia para encerrar o seu sofrimento. O suicídio assistido é um tipo de
eutanásia, mas aplicado por humanos que decidem tirar a própria vida de maneira digna e assistida por pessoas
que garantirão o não sofrimento do paciente. Peter Singer baseia-se no respeito à dignidade humana e no
direito à escolha, que, para Beauchamp e Childress, podem ser representados pelo princípio da autonomia,
para afirmar a necessidade de serem respeitadas as escolhas individuais de cada sujeito e a necessidade de
olhar-se para a dignidade de uma vida que não vale a pena ser vivida.

→ Aborto: Singer defende o aborto de fetos com até três meses de gestação, período em que a Medicina
afirma não haver ainda atividade cerebral e, portanto, há a ausência completa de sentidos. O aborto, antes dos
três meses, seria apenas a interrupção do crescimento celular dentro de um corpo. Para discutir sobre isso,
Singer parte das noções de consciência e de senciência (sentidos básicos e noção da presença no mundo pela
dor e pelo sofrimento).

→ Utilização de células-tronco: Partindo da utilidade e da beneficência, a utilização de células-tronco


embrionárias é eticamente viável quando visa ao tratamento e à melhoria da vida comum. A parte polêmica
desse tema é a necessidade de efetuar-se abortos para conseguir a extração de células de embriões. A eticidade
do aborto, nesses casos, baseia-se nos mesmos princípios discutidos no tópico anterior.

→ Direitos dos animais: Singer escreveu o livro Libertação animal, que, entre outras coisas, discute os
direitos dos animais. Os animais são providos de níveis de senciência e, por isso, sofrem, sentem dor, medo,
fome etc. Isso é suficiente para notar que os animais não podem ser indiscriminadamente utilizados pela
indústria, tirando a dignidade de suas vidas. Singer problematiza a alimentação humana que utiliza os animais
como produtos e, mais profundamente, introduz ao debate a utilização dos animais para testes científicos,
farmacêuticos e de cosméticos."

AULA 4 - O surgimento das Ciências Humanas e suas especificidades

As ciências humanas surgiram no século 19, durante a segunda fase da Revolução Industrial na Europa.
Muito antes disso, os saberes relativos ao estudo do ser humano já estavam presentes nas reflexões de filósofos
clássicos e historiadores. O surgimento das ciências humanas foi trabalhado por Michel Foucault no seu livro
''As palavras e as coisas'', no qual ele retrata a formação do pensamento moderno e sua relação com as formas
do conhecimento que surgem no século XVIII.

O que são as ciências humanas: As ciências humanas são um conjunto de conhecimentos que tem como
objetivo o estudo do homem como ser social. Também chamadas de humanidades, elas reúnem
criteriosamente conhecimentos organizados sobre a produção criativa humana e do conhecimento, realizadas
a partir de discursos específicos. Seu objetivo é desvendar as complexidades da sociedade, suas criações e
pensamentos. É importante ter em mente que em todos os lugares, os seres humanos estabelecem relações uns
com os outros, sejam elas de amizade, afeto ou poder. As ciências humanas buscam compreender como estas
relações se formam e de que maneira elas vão se estabelecendo ao longo do tempo. Assim como a condição
humana, elas também possuem um caráter múltiplo, onde abordam características teóricas como filosofia e
sociologia, ao mesmo tempo que abordam características práticas e subjetivas.
Por ser uma área do conhecimento que tem como objetivo o estudo do ser humano em sociabilidade, as
ciências sociais têm em sua base disciplinas como filosofia, história, direito, antropologia cultural, ciência
da religião, arqueologia, comunicação social, psicologia, teoria da arte, cinema, administração, dança,
teoria musical, design, literatura, letras, história, geografia, filologia, filosofia, sociologia, entre outras.
As ciências humanas surgiram no século 19, durante a segunda fase da Revolução Industrial na Europa. Muito
antes disso, os saberes relativos ao estudo do ser humano já estavam presentes nas reflexões de filósofos
clássicos e historiadores. A contribuição das ciências humanas para o mundo foi Indagar, questionar e
refletir. Afirmar, negar e construir o novo. Conhecer, entender e ampliar a consciência. Esses são os
contributos das ditas ciências sociais e humanas para a sociedade.

As Ciências Sociais e sua Intervenção na Ordem da Vida: desafios do contexto contemporâneo

As ciências sociais e humanas tiveram e continuam a ter um papel importante no contexto desse
desenvolvimento, tanto em nível metodológico como conceitual, sobretudo a partir dos anos 1980. Disciplinas
como a Política, a Sociologia, a Antropologia, a Psicologia e a Filosofia trouxeram grande contribuição às
áreas temáticas que começavam a se expandir na década de 1980 e que desde então não cessaram de aumentar:
políticas e serviços de atenção à saúde: sexualidade, gênero e reprodução humana; violência doméstica e
social; epidemias em que comportamentos e representações sociais estão fortemente implicados, como a
AIDS; doenças sexualmente transmissíveis, consumo de drogas; intervenção biotecnológica nos corpos,
práticas de saúde corporais, busca das chamadas medicinas ou terapias alternativas; síndromes atuais
envolvendo a corporeidade etc.

As Ciências Humanas focam no estudo da complexidade das questões referentes à humanidade. Por esse
motivo, as Ciências Humanas nos permitem conhecer nossa história e, a partir dela, entender as pessoas e as
relações sociais. A pesquisa e o ensino das Ciências Humanas nos permitem olhar para o mundo onde
vivemos, perceber suas mudanças e suas tendências, compreender grupos e comportamentos, observar as
mudanças históricas da vida em sociedade e projetar que tipo de sociedade queremos para o futuro.
As ciências sociais têm contribuído, nos estudos desses eixos temáticos, não apenas com metodologia de
pesquisa ("técnicas qualitativas"). Do nosso ponto de vista, é sobretudo no olhar disciplinar dessas ciências,
centrado na compreensão e na interpretação dos fenômenos socioculturais ligados à saúde e ao adoecimento,
isto é, nas suas abordagens conceitual e metodológica, que reside sua maior contribuição à vida humana
contemporânea.

ATIVIDADES:
1 - Qual o conceito de ciências humanas?
2 - Como Foi surgimento das ciências humanas?
3 - Qual a contribuição das ciências humanas para o mundo?
4 - Qual é a importância das Ciências Humanas?
5 - Por que ensinar Ciências Humanas?

AULA 5 - A revolução científica e a mudança de paradigma do pensamento filosófico –


A ciência e os seus paradigmas

22
abr
Thomas Kuhn (1922-1996) foi um grande pesquisador e cientista da Filosofia da Ciência e um dos que mais
defendeu a evolução científica. Para Kuhn, a episteme é a atividade de resolver problemas (como um quebra
cabeça, por exemplo) dentro de um paradigma. Defende que a ciência se organiza de acordo com os modelos.
Contudo, antes de estar estabelecido não existe um estudo, este período os estudiosos chamam de pré-ciência.

Quando é ultrapassado este período surge uma teoria consensual entre a equipe científica, que Kuhn chama
de paradigma. Que nada mais é que um modelo de investigação em suas variadas atividades, estudando e
regulando o trabalho em uma determinada área. Sendo aceito por todos, oferece uma grande visão global
de mundo e deve ser um conjunto de leis próprias. Suas regras devem ser aplicadas à nossa realidade. Para
Kuhn, os “paradigmas são as realizações científicas universalmente reconhecidas que, durante algum tempo,
fornecem problemas e soluções modelares para uma comunidade de praticantes de uma ciência” [1].

Quando surge novo padrão inicia-se um período normal, que consiste em resolver os problemas dele mesmo.
Neste período, não se discute e nem se critica a teoria principal; pelo contrário, aumenta-se a credibilidade e
a confiança da teoria. Muda-se de conceito quando os especialistas entram em conflito não conseguindo
resolver determinados problemas, período este que chamamos de anomalia.

Diante disso aparecem dúvidas quanto à validade destes modelos. Os cientistas buscam ignorá-la, pois não os
desestabilizam. Elas se tornam visíveis a partir do momento que comprometem como um todo, levando a uma
chamada crise, que é momento de insegurança, desconfiança. O tempo da normalidade cede lugar à ciência
extraordinária, causando conflitos e divergências entre os próprios pesquisadores a respeito do referido.

Para conter esta crise, deve-se elaborar um novo paradigma, uma nova teoria proposta por um dos cientistas
envolvidos nesta crise. Com ela e um novo modelo, Kuhn afirma que se inicia o período decisivo para uma
Revolução Científica. Revolução esta que simboliza uma mudança: o novo paradigma toma o lugar do velho,
e desenvolve uma mudança radical de mundo. Com isso, entramos numa controvérsia de Kuhn, em que conclui
que é impossível um paradigma ser superior ou mais verídico do que o anterior. Não sabemos se isto foi um
avanço, já que não é adequado comparar paradigmas, uma vez que se diferem em essência.

Assim sendo, paradigmas dos quais a ciência se desenvolve e entende a realidade não são absolutamente
verídicos, mas historicamente determinados por experiências e relações com a realidade. A ciência se move,
e se desenvolve pelos paradigmas. Apesar de não serem absolutamente verdades e compreendendo que
certamente serão paradigmas superados um dia, tal superação não será uma negação puramente simples, mas
uma mudança que do mesmo modo que nega, conserva e supera.

Portanto, para Kuhn, o conceito de verdade é algo relativo a determinado paradigma, isto é, o que é verdade
para este pode não ser verdade para o outro paradigma. Esta tese nos impede de refletir e saber se a ciência
está progredindo ou não à verdade, já que isto é relativo a cada paradigma. Uma mudança de paradigma pode
acontecer em uma ampla variedade de contextos. Muitas vezes acontecem quando se introduz uma nova
tecnologia que altera radicalmente o processo de produção de um bem ou serviço. E vejam só como isso se
relaciona com os meios de produção, se pensarmos em como ele era e como é hoje.

O paradigma de Aristóteles, por exemplo, via o universo em dois reinos: região lunar (imutável) e região
terrestre (mutável). Eles posteriormente foram combatidos quando se afirmou que seriam compostos das
mesmas substâncias materiais. Outro exemplo é o pensamento de Ptolomeu sobre o geocentrismo, que
estabelecia a terra como o centro do universo. Foi combatido mais tarde pelo heliocentrismo de Copérnico,
que apresentava o Sol como o centro do universo. Por essa razão, podemos considerar que o pensamento de
Kuhn a respeito da finalidade das ciências contribui de maneira universal para o desenvolvimento do pensar
filosófico.
ATIVIDADES:
1 - O que é Revolução Científica na filosofia?
2 - Qual a importância das revoluções científicas para a criação de novos paradigmas?
3 - O que é mudança de paradigma?
4 - Que paradigmas foram quebrados com a Revolução Científica na história? Pesquise.
5 – O que é a verdade no contexto de uma revolução científica?
6 – Como Kuhn determina o momento de crise na revolução científica?

AULA 6 - GEOCENTRISMO X HELIOCENTRISMO

Geocentrismo e heliocentrismo são duas teorias que explicam o funcionamento do universo. O geocentrismo
afirma que a Terra está fixa no universo e os planetas e astros giram ao seu redor. Foi muito utilizada na
Antiguidade para esclarecer como aconteciam os fenômenos celestes, porém, atualmente não é mais válida.
Já a teoria heliocêntrica afirma que a Terra gira ao redor do sol e de si mesma. Foi postulada desde a
Antiguidade, mas foi recuperada e defendida na Idade Moderna. O heliocentrismo, nos dias de hoje, é a teoria
aceita pelos cientistas para entender o universo.

Os estudos de Galileu: Defensor do heliocentrismo, os seus estudos científicos foram fundamentais para o
desenvolvimento da mecânica (movimento dos corpos) e a descoberta sobre os planetas e os satélites. Suas
teorias serviram de apoio e inspiração às ideias posteriores de Isaac Newton. Podemos citar as três Leis dos
Movimentos dos Corpos (princípios da inércia, dinâmica, ação e reação) e a Lei da Gravitação Universal.

Diante de seu notório brilhantismo, em 1588 foi indicado para ocupar a Cátedra de Matemática na
Universidade de Pisa. Quatro anos mais tarde, em 1592, foi nomeado professor da Cátedra de Matemática na
Universidade de Pádua, e ali permaneceu 18 anos. Viajou para Veneza, Roma e Florença a fim de aprofundar
seus estudos bem como divulgar suas ideias.

Entretanto, considerado um herege pelo Tribunal da Santa Inquisição, foi acusado e perseguido pela Igreja
Católica que o fez negar suas teorias. Foi condenado à prisão domiciliar, pelo resto da vida. Morreu cego, na
cidade de Florença, no dia 08 de janeiro de 1642 no mesmo ano em que nasceu Isaac Newton. Em 1992, o
Papa João Paulo II absolveu Galileu, reconhecendo que a igreja tinha cometido um erro ao condená-lo.

Geocentrismo

O Geocentrismo colocava a Terra no centro do sistema e o Sol girando ao seu redor.


O geocentrismo foi baseado na observação terrestre e, do ponto de vista da Terra, se tem a impressão de que
a Terra não se move e sim o céu. Por isso, acreditava-se que o céu seria um cristal e as estrelas estariam fixas.
A palavra geocentrismo vem de "Geo" (terra) e o vocábulo "centro", em outras palavras, a Terra seria o centro
do universo. O modelo geocêntrico foi elaborado na Antiguidade por Hiparco e mais tarde, seria retomado e
expandido por Cláudio Ptolomeu. A teoria geocêntrica foi defendida pela Igreja Católica durante muito tempo,
porque coincidia com os ensinamentos encontrados na Bíblia.
Heliocentrismo

O Sol no centro do sistema e os planetas girando em sua volta


A palavra heliocentrismo vem de "Hélio" (deus do Sol) e o vocábulo "centro". Isto significa que o Sol
estaria no centro do universo com os corpos celestes girando ao seu redor (movimento de translação).

É importante frisar que já na Antiguidade havia estudiosos que defendiam que o Sol girava ao redor da Terra,
como Aristarco de Samos. Também os próprios astrônomos não conseguiam explicar como havia planetas e
estrelas que seguiam uma trajetória em espiral. No entanto, foi Nicolau Copérnico que provou que a Terra
girava ao redor do sol e a alternância entre dia e noite se devia ao fato de que ela girava no seu próprio eixo
(movimento de rotação). A partir do esquema de Ptlomeu, Copérnico decide colocar o sol no centro do
universo e assim alterou toda a percepção que se tinha do espaço e da própria humanidade. A partir daí, a
Terra passava a ser mais um planeta e não o corpo celeste mais importante, com afirmava a Bíblia. Essas
ideias foram consideradas polêmicas tanto pelo mundo científico quanto pelo religioso. De qualquer forma, o
livro de Copérnico, “Da Revolução”, foi essencial para o começar se fazer ciência de maneira moderna e deu
origem à Revolução Científica.

AULA 7 – (CASO NECESSÁRIO) Ética e Ciência: consciência ecológica e


responsabilidade com o futuro dos povos e lugares.

Consciência Ecológica

Consciência ecológica para preservação de ambientes como esse


A atual sociedade de consumo vem alterando de forma cada vez mais perigosa a biosfera. No capitalismo a
função da natureza é exclusivamente de promover recursos, mas em contrapartida as consequências são
extremamente negativas.

Do ponto de vista ambiental o mundo passa por uma série de modificações, devido a esse processo percebemos
o fim do petróleo, escassez de água e aquecimento global, tudo isso fruto da sociedade industrial consumista.
O homem esquece que quando promove a destruição da natureza ele está se autodestruindo pois esse é parte
integrante da natureza, esquece também que os elementos da natureza (hidrosfera, atmosfera, litosfera,
animais, plantas entre outros) possui uma relação de interdependência.

A Hipótese Gaia, do grego “mãe Terra”, divindade que também recebia o nome de Gea, é uma nova visão de
mundo, diz que a natureza poderá impor limitações à existência da vida humana no planeta. Algumas das
limitações podem ser percebidas, como o aquecimento global, ou efeito estufa, fenômeno que se caracteriza
pelo aumento da temperatura média do planeta, provocando aumento dos níveis das águas oceânicas, além de
mudanças climáticas com efeitos imprevisíveis.

Com base nestes problemas alguns grupos começaram a se preocupar, dando início a vários movimentos
ambientalistas e o despertar da consciência ecológica, é lógico que isso não ocorre de forma homogênea nos
governos das maiores potências, pois vários acordos são gerados, muitos não são cumpridos para não
comprometer a prosperidade econômica.

Hoje existem muitos movimentos ambientalistas, em sua grande maioria se trata de ONG´s (Organizações não
Governamentais), que lutam para preservar a natureza, dentre muitas podemos citar o Greenpeace, grupo de
defesa ecológica, SOS MATA ATLÂNTICA e o Fundo Mundial para a Natureza, os movimentos em defesa
surgiram principalmente a partir da década de 1960 e 1970.

Qual caminho seguir na preservação ambiental num mundo moderno em que não há maneiras de retroceder
em condição de vida?

Primeiro é preciso um despertar da sociedade, que é o agente das questões ambientais, tanto positivas quanto
negativas. Atualmente existem várias correntes de pensamentos de preservação, o conservacionismo (consiste
no pensamento de que a prioridade é a natureza com uma preocupação de conservação para as demais
gerações), desenvolvimentismo ecológico (consiste no pensamento de que o mundo pode continuar crescendo
economicamente de forma sustentável) e eco capitalismo (corresponde ao pensamento capitalista de obter
vantagens com as questões ambientais).

Em busca de soluções para os problemas ambientais são realizados, ocasionalmente, conferências, congressos,
acordos para discutir as possíveis maneiras de solucionar ou pelo menos amenizar, alguns dos principais
eventos mundiais estão o Rio 92, Protocolo de Quioto, Rio +10 e outras, além de outras discussões no campo
acadêmico. Em suma todos os questionamentos acerca dos problemas ambientais devem ser encarados de
forma coletiva, pois não é só o poder governamental que deve ter compromisso, mas sim todos os cidadãos
podem participar cada um fazendo sua parte.

Desenvolvimento Sustentável: O que é Desenvolvimento Sustentável, quais os objetivos do


Desenvolvimento Sustentável?

Economia verde: Pesquise: O que é o conceito de economia verde e quais os seus princípios?

Lixo: Quais são os impactos do lixo no meio ambiente e na saúde humana?


Quais as formas de tratamento de lixo existentes no Brasil?

Sociedade e Natureza: Qual a relação entre sociedade e natureza, que gera a construção e transformação do
espaço geográfico?

AULA 7 – REVISÃO

AULA 8 – AVALIAÇÃO BIMESTRAL DE FILOSOFIA

AULA 9 – AVALIAÇÃO DE ATIVIDADES DO BIMESTRE

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