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MÉTODO CIENTÍFICO

Cléa Coitinho Escosteguy


Método científico
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„ Identificar as fases do método científico.


„ Reconhecer o método científico como construtor de conhecimento
científico.
„ Diferenciar o método científico dos demais métodos existentes.

Introdução
Desde a Antiguidade os homens questionam todas os fatos e fenôme-
nos. É a partir desses questionamentos que surgem as descobertas e o
conhecimento é ampliado e atualizado. Ao longo da história foram muitas
correntes de pensamento e, com elas, formas diferentes de conceber o
conhecimento e a ciência em si.
O homem é impulsionado no caminho da ciência porque tem ne-
cessidade de compreender as relações que estão por trás das aparências
dos objetos, fatos e fenômenos, e por buscar uma explicação para os
acontecimentos da vida real.
O conhecimento científico exige um método. Ele se constrói a partir
de um tipo de raciocínio lógico, um caminho traçado pelo pesquisador
e que tem etapas bem delineadas. Neste Capítulo, você vai estudar o
método científico e o que define e diferencia o conhecimento científico
de outros tipos de conhecimentos.

As fases do método científico


Desde a sua origem, o homem sempre procurou obter conhecimento sobre
os objetos que o cercam, principalmente conhecimento sobre os fenômenos
naturais e o ambiente em sua volta. Esse conhecimento primitivo é motivado
por algo externo à atividade cognitiva propriamente dita: a necessidade de
controle dos fenômenos naturais com vistas à própria sobrevivência biológica.
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A palavra “método” vem do grego methodos, que significa “caminho


para chegar a um fim“. O método científico é um conjunto de regras básicas
para desenvolver uma experiência a fim de produzir novo conhecimento,
bem como corrigir e integrar conhecimentos preexistentes. A maioria das
disciplinas científicas consiste em juntar evidências observáveis, empíricas
(ou seja, baseadas apenas na experiência) e mensuráveis e analisá-las com o
uso da lógica.
Hoje em dia, é comum o uso do método científico nas disciplinas de cons-
trução de conhecimento. Não é novidade falar sobre a utilização de um método
para construção de conhecimentos no âmbito escolar. Durante muito tempo,
os professores dedicados ao ensino de ciências tomaram, para suas práticas
de ensino, as contribuições provenientes de procedimentos que orientavam os
cientistas no desenvolvimento de suas pesquisas. Embora nem sempre de modo
feliz, em alguns casos, tais procedimentos de pesquisa pareciam tão eficazes,
que não se via razão pela qual também não se aplicassem nas práticas escolares.
Obviamente foram esses procedimentos ditos científicos que atuaram como
legitimadores de certa forma de se ensinar ciências (MARSULO; SILVA, 2005).
Por trás de qualquer proposta didática de metodologias preocupada com a
construção do conhecimento, há concepções e ideias mais ou menos forma-
lizadas e explicitadas em relação aos processos de ensinar e aprender. Tais
processos encontram-se alicerçados numa concepção de mundo e de ciência
na qual são incorporadas as dimensões teórico-conceituais articuladoras das
práticas e das teorias, bem como as metodologias específicas e os procedimen-
tos que se fazem necessários à construção dos conhecimentos (MARSULO;
SILVA, 2005).
Quanto à metodologia como via de acesso à ciência, pressupõe-se a cons-
trução de um método a fim de atingir um objetivo, uma meta, conduzindo à
busca do conhecimento. No método, articulam-se teorias e práticas. “É ele
um sumário delas, momento de explicitação dos processos de concepção e
condução de determinada prática social.” (MARQUES, 1996). Atualmente
os cientistas e os filósofos preferem falar numa diversidade de métodos, que
são determinados pelo tipo de objeto a investigar e pela classe de proposições
a descobrir.
O método científico engloba algumas etapas, tais como a observação, a
questão, a formulação de uma hipótese, a verificação, a análise dos resultados,
hipóteses verdadeiras e falsas e o relatório dos resultados. É importante ressaltar
que a investigação de determinado fenômeno não precisa, necessariamente,
cumprir todas as etapas, assim como não existe um tempo predeterminado
para realizar cada uma delas.
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Figura 1. Esquema do método científico.


Fonte: Becris/Shutterstock.com.

Segundo os autores Cervo e Bervian (1974) as fases do método científico


são:

„ Observação: como o próprio nome diz, é a visualização de um fato (ou


fenômeno). Essa observação deve ser repetida várias vezes, buscando
obter o maior número possível de detalhes, sendo realizada, portanto,
com a maior precisão possível. Deve-se tomar o cuidado com os “vícios”
para que ocorra uma observação correta do fato; em muitos casos, a
pessoa vê o que deseja ver – não o que está ocorrendo de fato.
„ Questão: corresponde à execução de questionamentos sobre o fato
observado. Para essas perguntas, o pesquisador vai à busca de respostas.
Um problema bem formulado é mais importante para a ciência do que
a sua solução, pois abre caminho para diversas outras pesquisas.
„ Formulação da hipótese: a hipótese nada mais é do que uma possível
explicação para o problema. No jargão científico, a hipótese geralmente
equivale à suposição verossímil, depois comprovável ou denegável pelos
fatos, os quais irão decidir, em última instância, sobre a veracidade ou
falsidade dos fatos que se pretende explicar. “A hipótese é a suposição
de uma causa ou de uma lei destinada a explicar provisoriamente um
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fenômeno até que o fato venha a contradizer ou afirmar.” (CERVO;


BERVIAN, 1974).
„ Verificação: etapa em que o pesquisador realiza experiências para pro-
var (ou negar) a veracidade de sua(s) hipótese(s). Se, após a execução da
experiência por repetidas vezes, os resultados obtidos forem os mesmos,
a hipótese é considerada verdadeira. Na Antiguidade, as experiências
não eram controladas – experiências empíricas, muito usadas pelos
alquimistas. Nesse modelo, as experiências eram do tipo tentativa-erro;
com isso, as descobertas acabavam sendo puramente casuais.
„ Análise dos resultados: é a atividade na qual o pesquisador transforma
um conjunto de dados com o objetivo de poder verificá-los melhor,
dando-lhes ao mesmo tempo uma razão de ser e uma análise racional.
É analisar os dados de um problema e identificá-los. A análise de dados
possui diferentes facetas e abordagens, incorporando diversas técnicas.
„ Hipóteses verdadeiras ou falsas: pode ser realizado um teste de hipó-
teses, que é um procedimento que permite tomar uma decisão (aceitar
ou rejeitar a hipótese nula) entre duas ou mais hipóteses (hipótese
nula ou hipótese alternativa) utilizando-se os dados observados de um
determinado experimento. Há diversos métodos para realizar o teste
de hipóteses, entre os quais se destacam o método de Fisher (1955)
(teste de significância), o método de “Neyman–Pearson” em 1933 e o
método de “Bayes” em 1812.

A estatística pode ser utilizada para auxiliar a tomada de decisões nas mais variadas
áreas, veja alguns exemplos:
„  Estimar a efetividade de um parâmetro de interesse.
„  Testar se determinada teorica científica deve ser mantida ou descartada.
„  Verificar se um lote de remédios deve ser desenvolvido por falta de qualidade;
entre outras possibilidades.
Os testes de hipóteses são utilizados para determinar quais resultados de um estudo
científico podem levar a rejeição da hipótese nula a um nível de significância prees-
tabelecido. O estudo da teoria das probabilidades e a determinação da estatística
de teste correta são fundamentais para a coerência de um teste de hipótese. Se as
hipóteses do teste não forem assumidas de maneira correta, o resultado será incorreto,
e a informação será incoerente com a questão do estudo científico.
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„ Relatório de resultados: como o próprio nome indica, é revelar o que


foi encontrado na pesquisa. Essa parte do artigo estará composta dos
dados relevantes obtidos e sintetizados pelo autor. Primeiramente,
apresentam-se as características dos sujeitos do estudo. São ­informações
demográficas, socioeconômicas, clínicas ou de outra natureza que des-
crevem o grupo ou os grupos estudados (PEREIRA, 1999). Em geral,
essa informação é apresentada em uma tabela. O leitor, ao inspecionar
esses dados, poderá verificar se os procedimentos de seleção adotados
produziram a amostra adequada para o estudo ou, no caso de estudos
analíticos, se os grupos são comparáveis. Segundo o autor, serve tam-
bém para indicar a que população os resultados são generalizáveis.
Outra conduta recomendada para compor a parte inicial da seção de
resultados é relatar como se chegou à amostra final utilizada na análise
dos dados. Se a descrição for complexa para aparecer no texto, sugere-
-se que seja inserido um gráfico de fluxo (ou fluxograma) contendo
o detalhamento da seleção dos sujeitos da pesquisa e os motivos de
exclusão de participantes.

O método científico como construtor do


conhecimento científico
A ciência e o conhecimento científico são definidos de maneiras diferentes
pelos diversos autores que se lançam à tarefa de refletir sobre eles. Algumas
definições são bastante semelhantes, enquanto outras levantam algumas di-
ferenças. Contudo, a maior parte dos que buscam definir a ciência concorda
que “[...] ao se falar em conhecimento científico, o primeiro passo consiste em
diferenciá-lo de outros tipos de conhecimento existentes [...]” (LAKATOS;
MARCONI, 1986).
Segundo França (1994), “conhecer” é atividade especificamente humana.
Ultrapassa o mero “dar-se conta de” e significa a apreensão, a interpretação.
Conhecer supõe a presença de sujeitos; um objeto que suscita sua atenção
compreensiva; o uso de instrumentos de apreensão; um trabalho de debruçar-
-se sobre. Como fruto desse trabalho, ao conhecer, cria-se uma representação
do conhecido que já não é mais o objeto, mas uma construção do sujeito.
O conhecimento produz, assim, modelos de apreensão – que, por sua vez, vão
instruir conhecimentos futuros.
A autora destaca, assim, os principais elementos envolvidos no processo de
conhecer: o sujeito que conhece a “coisa” conhecida (que, uma vez conhecida,
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torna-se “objeto”, isto é, a “coisa”, elemento da realidade, da perspectiva de


quem a conhece, para quem se torna “objeto”), o movimento do sujeito em
direção ao objeto (que é o próprio processo de conhecer) e os instrumentos
utilizados neste processo. Um último elemento é apresentado pela autora:
o fato de que todo processo de conhecimento se dá no cruzamento de duas
dinâmicas opostas, duas atitudes básicas.
Após compreender outras formas de conhecimento – filosófico, artístico
e ideológico –, a construção da ciência na era moderna torna-se mais fácil de
ser compreendida. Afinal, o conhecimento científico nasce da proposta de
um conhecimento diferente dos demais, pois busca compensar as limitações
do conhecimento religioso, artístico e do senso comum. A busca de um co-
nhecimento mais confiável da realidade está presente desde a pré-história.
Contudo, a maior parte dos autores que definem ciência a identificam com
um momento específico da história da humanidade. Gressler (2003) afirma
que um novo tipo de abordagem do problema do conhecimento se desenvolveu
a partir do século XV. Já o método de investigação difundido por Galileu
é mais do que simples indução ou dedução. Ele compreende uma série de
procedimentos para testar criticamente e selecionar as melhores hipóteses e
teorias para explicar a realidade.
Assim, a necessidade do homem de uma compreensão mais aprofundada
do mundo, bem como a necessidade de precisão para a troca de informações,
acaba levando à elaboração de sistemas mais estruturados de organização do
conhecimento. Fourez (1995) destaca que, no início, os homens se comuni-
cavam a partir de uma linguagem que utilizava um código restrito em que
os objetos do mundo são descritos sem uma preocupação com o alcance das
descrições – não havendo, portanto, uma reflexão elaborada. É a linguagem
do dia a dia, “[...] útil na prática e que não leva adiante todas as distinções que
se poderia fazer para aprofundar o meu pensamento [...]” (FOUREZ, 1995).
No entanto, com o tempo, os homens passaram a desenvolver um código
“elaborado” com o objetivo de tornar as noções mais precisas e sistematizar
os campos de conhecimento. Aqui se tem a origem dos “conceitos”, noção
fundamental para a formação dos campos disciplinares. De acordo com ­Maslow
(1979), “[...] a ciência tem as suas origens nas necessidades de conhecer e
compreender (ou explicar), isto é, nas necessidades cognitivas [...]”, de um
conhecimento difuso, espalhado, assistemático e desorganizado, passando
a um trabalho de arranjo segundo certas relações, de disposição metódica.
Esse processo é fundamental para a composição de campos específicos do
conhecimento científico.
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Ao apontar o surgimento do método científico no século XV, Gressler (2003)


não descarta que, desde a Idade Antiga, já houvesse habilidades e preocupações
com uma linguagem técnica e uma argumentação lógica fundamentada na
razão – como bem demonstra, por exemplo, a geometria desenvolvida pelos
gregos. Contudo, a autora particulariza o projeto científico como uma forma
específica de conhecer a realidade desenvolvida com a contribuição de uma
série de personagens.
O método científico se refere a um aglomerado de regras básicas dos
procedimentos que produzem o conhecimento científico – seja ele um novo
conhecimento ou uma correção (evolução) – ou um aumento na área de inci-
dência de conhecimentos anteriormente existentes. A maioria das disciplinas
científicas consiste em juntar evidências empíricas verificáveis, baseadas na
observação, sistemáticas e controladas – geralmente resultantes de experiências
ou de pesquisa de campo – e analisá-las com o uso da lógica. Para muitos
autores, o método científico nada mais é do que a lógica aplicada à ciência.
Já a metodologia científica, conforme Singh (2006), literalmente refere-se
ao estudo dos pormenores dos métodos empregados em cada área científica
específica e, em essência, dos passos comuns a todos esses métodos, ou seja,
do método da ciência em sua forma geral, que se supõe universal. Embora
procedimentos variem de uma área da ciência para outra (as disciplinas
científicas), diferenciadas por seus distintos objetos de estudo, consegue-se
determinar certos elementos que diferenciam o método científico de outros
métodos encontrados em áreas não científicas, como os presentes na filosofia,
na matemática e até mesmo nas religiões.
Portanto, de acordo com Muline, Leite e Campos (2013), os indivíduos
que participam do processo de construção do conhecimento argumentam,
integram e têm curiosidade mais aguçada, apresentam maiores chances de
êxito no processo de construção, desconstrução e reconstrução dos conheci-
mentos científicos.
A utilização da sequência didática voltada ao ensino de investigação na
produção de conhecimento é de suma importância, uma vez que oportuniza
a atuação dos envolvidos como agentes e construtores do conhecimento por
meio da investigação científica e permite uma inovação em todos os contextos.
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O método científico e os demais métodos


existentes
Método científico é o conjunto das normas básicas que devem ser seguidas
para a produção de conhecimentos que têm o rigor da ciência, ou seja, é um
método usado para a pesquisa e comprovação de um determinado conteúdo.
Essa metodologia parte da observação sistemática de fatos, seguido da rea-
lização de experiências, das deduções lógicas e da comprovação científica
dos resultados obtidos. Para diversos autores, o método científico é a lógica
aplicada à ciência.
O método científico é um trabalho sistemático na busca de respostas às
questões estudadas, é o caminho que se deve seguir para levar à formulação
de uma teoria científica. É um trabalho cuidadoso, que segue um caminho
sistemático, sendo a ferramenta do pesquisador, que, no fim de seu processo de
pesquisa, explica e prevê um conjunto de ocorrências provenientes da aplicação
de suas teses. Um artigo científico é o resultado de um estudo realizado e
comprovado pelo método científico. O método é uma forma de comprovar a
veracidade de algumas teses desacreditadas pelo ceticismo.

Figura 2. Etapas do método científico.


Fonte: Andrea Danti/Shutock.com.
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Tartuce (2006) apresenta alguns conceitos importantes para melhor se


compreender a natureza do método científico e afirma que essa é a forma mais
segura inventada pelos homens para controlar o movimento das coisas que
envolvem um fato e montar formas de compreensão adequada dos fenômenos.
Fatos – acontecem na realidade, independentemente de haver ou não quem
os conheça.
Fenômeno – é a percepção que o observador tem do fato. Pessoas diversas
podem observar no mesmo fato fenômenos diferentes, dependendo de seu
paradigma.
Paradigmas – são referenciais teóricos que servirão de orientação para
a opção metodológica de investigação. Mesmo que os paradigmas sejam
constituídos por construções teóricas, não há cisão entre a teoria e a prática
ou entre a teoria e a lei científica. Portanto, eles coexistem, gerando o que se
pode denominar “praxiologia”.
Em contraposição ao método científico está o método empírico, que é
baseado unicamente na experiência, sem nenhum processo científico. Empírico
é um fato que se apoia somente em experiências vividas, na observação de
coisas – e não em teorias e métodos científicos. Empírico é aquele conheci-
mento adquirido durante toda a vida, no dia a dia, que não tem comprovação
científica nenhuma.
O método empírico é um método feito por tentativas e erros e é caracterizado
pelo senso comum – e cada um compreende à sua maneira. O método empírico
gera aprendizado, uma vez que aprendemos fatos pelas experiências vividas e
presenciadas, para se obterem conclusões. O conhecimento empírico é muitas
vezes superficial, sensitivo e subjetivo. Assim, é o conhecimento baseado em
uma experiência vulgar ou imediata, não metódica e que não foi interpretada
e organizada de forma racional.

Para a ciência, empírico é um tipo de evidência inicial para comprovar alguns métodos
científicos: o primeiro passo é a observação, para então se fazer uma pesquisa seguindo
um raciocínio lógico e normas, que é o método científico. Nas ciências, muitas pesquisas
são realizadas inicialmente pela observação e a experiência.
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Em oposição ao pensamento de senso comum, o método dialético se propõe


a compreender a “coisa em si”, construindo uma compreensão da realidade
que considere a totalidade como dinâmica e em constante construção social.
Ao considerar a realidade dessa forma, a dialética rompe com a pseudocon-
creticidade, pois desvela as tramas que relacionam a essência ao fenômeno.
Foi por isso que Hegel (2007) preconizava: “O verdadeiro é o todo, mas o todo
é somente a essência que se implementa através de seu desenvolvimento.”.
Marx e Engels (2007), ao usarem a dialética, objetivam suprimir a ime-
diaticidade e a pretensa independência com que o fenômeno surge, focando
a sua essência. Com a dialética, os elementos cotidianos deixam de ser na-
turalizados e eternizados, passando a ser encarados como sujeitos da práxis
social da humanidade. Nesse sentido, a dialética é um esforço para perceber
as relações reais (sociais e históricas) entre as formas estranhadas com que
se apresentam os fenômenos.
O método dialético irá justamente buscar as relações concretas e efetivas
por trás dos fenômenos. Sobre essa posição marxiana, Walhens (apud Kosik
1976 p.17) escreveu: “O marxismo é o esforço para ler, por trás da pseudoi-
mediaticidade do mundo econômico reificado, as relações inter-humanas que
o edificaram e se dissimularam por trás de sua obra.”.
Descartes (1973) apresenta o método dedutivo a partir da matemática e de
suas regras de evidência, análise, síntese e enumeração. Esse método parte do
geral e, a seguir, segue para o particular. O protótipo do raciocínio dedutivo
é o silogismo, que, a partir de duas proposições chamadas de “premissas”,
retira uma terceira, chamada de “conclusão”.

Exemplo do método dedutivo


Todo mamífero tem um coração.
Ora, todos os cães são mamíferos.
Logo, todos os cães têm um coração.
No exemplo apresentado, as duas premissas são verdadeiras, portanto a conclusão
é verdadeira.
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Parte-se de princípios reconhecidos como verdadeiros e indiscutíveis,


possibilitando chegar a conclusões de maneira puramente formal em virtude
de sua lógica. Esse método é bastante usado na matemática e na física, cujos
princípios podem ser enunciados por leis. Já nas ciências sociais, seu uso é
mais restrito em virtude da dificuldade de se obterem argumentos gerais cuja
veracidade não possa ser colocada em dúvida (GIL, 1994).

Método dedutivo
O raciocínio educativo, também chamado de lógica educativa ou dedução lógica – ou
até mesmo, informalmente, de lógica “top-down” –, é o processo de raciocínio a partir
de uma ou mais afirmações (premissas) para se chegar a uma certa conclusão lógica.
O raciocínio dedutivo liga afirmações (ou premissas) a conclusões.

Como vimos, o método científico é uma forma de raciocínio lógico por meio
do qual o pesquisador organiza a análise dos fatos ou fenômenos investigados.
É assim que se definem a modalidade, a técnica e os instrumentos da pesquisa.
Neste capítulo conhecemos as fases de construção do método científico,
partindo da observação e chegando à produção de um relatório de resultados.
Foi possível reconhecer que é por meio do método científico que construímos
o conhecimento científico. Existem outras formas de construir conhecimento,
entre elas as experiências e o método empírico, mas estes não preenchem os
requisitos para serem considerados ciência.

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sobre “Ciência animada”:

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Leituras recomendadas
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conhecimento é um caleidoscópio. 5. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
LAVILLE, C.; DIONNE, J. A construção do saber: manual de metodologia da pesquisa
em ciências humanas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.

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