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Tarcísio José Pereira

Leitura e Produção de Texto

Brasília-DF
2014
Copyright © 2014 Faculdade Projeção

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forma ou por qualquer meio. A violação dos direitos de autor (Lei nº 9.610/98) é crime
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Diretora Geral das Unidades Educacionais: Profª. Catarina Fontoura Costa
Diretor Acadêmico da Educação Superior: Prof. José Sérgio de Jesus
Coordenador dos Cursos do Pronatec: Prof. Luiz Augusto Ramos Pedro

Autor: Tarcísio José Pereira


Revisão ortográfica: Thays Almeida Lacerda
Capa: Comunicata
Diagramação: Fernando Brandão
Normalizador: Luís Eduardo Gauterio Fonseca

ISBN: 978-85-68518-10-6
1º Edição - 2014 / Brasília-DF
Impresso no Brasil

Catalogação-na-fonte

P436
Pereira, Tarcísio José
Leitura e produção de texto / Tarcísio José Pereira.
Brasília, Projeção, 2014.
124 p. : 23 cm.

Material didático-pedagógico do Pronatec - Projeção.

ISBN: 978-85-68518-10-6

1. Gramática 2. Funções da linguagem 3. Comunicação


I. Título.

CDU 811.134.3

Serviço de Regulamentação e Normas Técnicas - Biblioteca Central / FaPro


Bibliotecário Luís Eduardo Gauterio Fonseca. CRB 01/1597

Faculdade Projeção
CNB 14 - A/E 5, 6 e 7 - SAMDU Norte
Taguatinga (DF) CEP 72115-150
Tel. (61) 3451-3873
Site: http://www.fapro.edu.br/
Apresentação

Caro estudante,
A disciplina Leitura e Produção de Texto tem como objetivo principal
levar a uma discussão e aprendizado; acerca da língua portuguesa, por
meio de uma analise dos conceitos básicos aliando a teoria à prática para
que você, educando, possa repensar e melhorar a sua prática de leitura e
produção textos; uma vez que, a língua é mutável e adaptável a cada ação
do dia a dia.
Trabalhar a língua materna, no nosso caso língua portuguesa, de
forma prazerosa é um dos objetivos dessa disciplina, assim como romper
com os bloqueios que adquirimos ao longo do tempo, e aprender a usá-
la de forma correta nas diferentes ocasiões. Também, aprender o que é
a variação linguística, lembrando sempre que a norma culta é o foco do
nosso trabalho.
Assim essa disciplina encontra-se dividida em seis unidades, onde
serão trabalhadas: comunicação, gramática, coesão e coerência; funções
da linguagem, leitura e produção de texto; e, por fim, texto, contexto e
informações. Para que assim, você, possa aprofundar nas questões da
língua e refletir sobre esta.
Bons Estudos!
Sumário

1 COMUNICAÇÃO.......................................................................................... 11
1.1 Ponto de partida................................................................................................................ 11
1.2 Roteiro do conhecimento............................................................................................... 11
1.2.1 Agentes da comunicação................................................................................................ 14
1.2.2 A comunicação na atualidade....................................................................................... 16
1.2.3 Tipos de comunicação..................................................................................................... 19
1.3 O que aprendemos?......................................................................................................... 21
1.4 Na prática............................................................................................................................ 21
1.5 Glossário.............................................................................................................................. 22
1.6 Referências.......................................................................................................................... 23

2 ELEMENTOS GRAMATICAIS........................................................................ 27
2.1 Ponto de partida................................................................................................................ 27
2.2 Roteiro do Conhecimento............................................................................................... 27
2.2.1 Acentuação Gráfica........................................................................................................... 28
2.2.2 Crase..................................................................................................................................... 30
2.2.3 Substantivos....................................................................................................................... 36
2.2.4 Adjetivos.............................................................................................................................. 39
2.2.5 Pronomes............................................................................................................................. 42
2.2.6 Pontuação........................................................................................................................... 60
2.3 Na prática............................................................................................................................ 64
2.4 O que aprendemos?......................................................................................................... 67
2.5 Referências.......................................................................................................................... 68

3 COESÃO E COERÊNCIA................................................................................ 73
3.1 Ponto de Partida................................................................................................................ 73
3.2 Roteiro do conhecimento............................................................................................... 73
3.2.1 Coerência............................................................................................................................. 73
3.2.2 Coesão.................................................................................................................................. 76
3.3 Glossário.............................................................................................................................. 78
3.4 Na prática............................................................................................................................ 78
3.5 O que aprendemos?......................................................................................................... 80
3.6 Referências.......................................................................................................................... 80

Sumário 7
4 FUNÇÕES DA LINGUAGEM......................................................................... 85
4.1 Ponto de partida................................................................................................................ 85
4.2 Roteiro do conhecimento............................................................................................... 85
4.2.1 Função Referencial ou Denotativa............................................................................... 86
4.2.2 Função Conativa ou Apelativa....................................................................................... 86
4.2.3 Função Emotiva ou Expressiva...................................................................................... 87
4.2.4 Função Metalinguística................................................................................................... 88
4.2.5 Função Fática...................................................................................................................... 89
4.2.6 Função Poética................................................................................................................... 90
4.3 Glossário.............................................................................................................................. 91
4.4 Na prática............................................................................................................................ 91
4.5 O que aprendemos?......................................................................................................... 94
4.6 Referências.......................................................................................................................... 94

5 LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO.............................................................. 99


5.1 Ponto de partida................................................................................................................ 99
5.2 Roteiro do conhecimento............................................................................................... 99
5.3 O ato de ler........................................................................................................................101
5.4 Redação e os bloqueios para o seu desenvolvimento..........................................102
5.5 Tipos de redação.............................................................................................................103
5.5.1 Descrição...........................................................................................................................103
5.5.2 Narração.............................................................................................................................104
5.5.3 Dissertação........................................................................................................................105
5.6 Na prática..........................................................................................................................107
5.7 O que aprendemos?.......................................................................................................110
5.8 Referências........................................................................................................................111

6 TEXTO, CONTEXTO E INFORMAÇÃO......................................................... 115


6.1 Ponto de partida..............................................................................................................115
6.2 Roteiro do Conhecimento.............................................................................................115
6.2.1 Percepção..........................................................................................................................116
6.2.2 Linguagem e diversidade linguística.........................................................................116
6.2.3 Texto e Contexto.............................................................................................................118
6.3 Na prática..........................................................................................................................121
6.4 O que aprendemos.........................................................................................................121
6.5 Referências........................................................................................................................121

8 Leitura e Produção de Texto


1
COMUNICAÇÃO

1.1 Ponto de partida


1.2 Roteiro do conhecimento
1.2.1 Agentes da comunicação
1.2.2 A comunicação na atualidade
1.2.3 Tipos de comunicação
1.3 O que aprendemos?
1.4 Na prática
1.5 Glossário
1.6 Referências
Leitura e Produção de Texto
1 COMUNICAÇÃO

1.1 Ponto de Partida


Caro estudante,
Você sabe o que é comunicação? Quais são os elementos da
comunicação? E o que é ruído? Já parou para pensar que nós nos
comunicamos o tempo todo?
Estamos iniciando a nossa jornada na Leitura e Produção de Texto
em Língua Portuguesa. Aqui na primeira unidade veremos o que é a
comunicação, os elementos que compõem a comunicação, um pouco da
sua história; dentre outros elementos essenciais para tal processo. Nessa
unidade também será trabalhado o conceito de comunicação e os ruídos
que podem dificultá-la.
Ao final desta unidade você estará apto a:
• Identificar os elementos que compõem o processo de comunicação;
• Compreender o que é e como se faz a comunicação;
• Ser capaz de comunicar-se de maneira clara;
• Verificar se no ato da comunicação houve ruído ou não;
• Trabalhar com meios diversificados de comunicação.
Convido-te para, ao final da disciplina, realizar as atividades sugeridas
com o objetivo de fixar o conteúdo ensinado de forma eficiente, onde você
poderá por em prática o que foi aprendido ao longo da unidade.

1.2 Roteiro do Conhecimento

Você sabe o que é comunicação? Sabe quando há uma


comunicação? Com que frequência você se comunica?
Sempre há compreensão no processo de comunicação?

Segundo o Dicionário Aurélio comunicação significa:  “Ação de


comunicar, estar em comunicação com alguém. Aviso, mensagem,
informação: comunicação de uma notícia. Transmissão da informação no
interior de um grupo, considerada em suas conexões com a estrutura desse
grupo. Meio de ligação: vias de comunicação”.
Como primeiro enfoque do conceito de comunicação, pode-se
começar pela sua etimologia. A palavra deriva do latim communicare,
que significa “partilhar algo, pôr em comum”. Portanto, a comunicação

Comunicação 11
é um fenômeno inerente à relação que os seres vivos mantêm quando se
encontram em grupo. Por meio da comunicação, as pessoas ou os animais
obtêm notícias/informações sobre o seu entorno e podem partilhar com
os outros.
Também, pode-se dizer que comunicação é “a forma como as
pessoas se relacionam entre si, dividindo e trocando experiências, idéias,
sentimentos, informações, modificando mutuamente a sociedade onde
estão inseridas. Sem a comunicação, cada um de nós seria um mundo
isolado”. (VASCONCELOS, 2009).
A etimologia da palavra sugere que se trate de um conceito
eminentemente social na sua origem. Assim sendo, em primeiro lugar
diz respeito ao homem. Em segundo , trata-se de um fenômeno concreto,
objetivo, que ocorre quando um ser A transfere uma informação a um ser
B. Em terceiro, a comunicação seria um processo ativo, ou seja, envolve
na sua essência um propósito, que é o de se influenciar outro ser, modificar
seu comportamento, obter uma resposta.
Assim, podemos dizer que é por meio da através comunicação que os
seres humanos e os animais partilham informações entre si tornando o ato
de comunicar uma atividade essencial para a vida em sociedade.
Desde o princípio dos tempos, a comunicação foi de importância
vital, sendo uma ferramenta de integração, instrução, de troca mútua e
desenvolvimento. A história da comunicação começa com o grunhido
do homem, a partir daí a imitação de animais, sons não somente com a
boca, mais com as mãos e objetos passaram a fazer parte do processo de
comunicação.
Para Vasconcelos (2009):

Os homens encontraram uma forma de associar um som ou objeto a


um gesto ou ação. Assim nasceu o signo, que é qualquer coisa que faça
referência a outra coisa, dando-lhe uma significação. Os signos podem ser
representados por símbolos (objetos físicos que dão significação moral. Ex.:
bandeira e hino nacional, mulher cega segurando uma balança, alianças do
casal)e sinais (indícios que possibilitam conhecer, reconhecer ou prever algo.
Ex.: Sinais de trânsito, sinais ortográficos, sinais de luzes nos aeroportos,
nas traseiras dos carros, luz de freio etc. O homem também descobre seus
sinais: pegadas humanas na praia são indícios de que alguém esteve ali, dor
nas articulações é indício de que vai chover). A atribuição de significados a
determinados signos é a base da linguagem.

12 Leitura e Produção de Texto


Assim nascem os primeiros alfabetos, a partir de imagens que
direcionavam aos sons, desenhos, e signos diversos. Como uma forma
alternativa de comunicação os alfabetos servem para deixar recados,
transmitir informações mais distantes e fixá-la por mais tempo, como as
figuras rupestres que os homens das cavernas deixaram a milhões de anos.

www.fumdham.org.br
Pinturas rupestres

Consulte o site www.fumdham.org.br para


saber mais sobre as figuras rupestres, onde
se encontram algumas dessas figuras aqui no
Brasil e suas visitações.

No caso dos seres humanos, a comunicação é um ato próprio da


atividade psíquica, que deriva do pensamento, da linguagem e do
desenvolvimento das capacidades psicossociais de relação. A troca de
mensagens (que pode ser verbal ou não verbal) permite ao indivíduo
influenciar os de mais e ser influenciado, por sua vez.
A comunicação ocorre quando interagimos com outras pessoas,
utilizando a linguagem, sendo esta verbal (as palavras), não verbal (gestos,
movimentos, expressões corporais e faciais, sons, cores, etc.), mistas e
digitais. Também pode acorrer a junção de duas formas de linguagens no
processo de comunicação.

A Pinacoteca no estado de São Paulo, também, pode


ser um excelente local de estudo e aprofundamento
da comunicação. Confira http://www.pinacoteca.
org.br/pinacoteca-pt/

Comunicação 13
O processo comunicativo implica a emissão de sinais (sons, gestos,
indícios, etc.) com a intenção de dar a conhecer uma mensagem. Para que a
comunicação seja bem-sucedida, o receptor deve ser capaz de descodificar
a mensagem e de interpretá-la. O processo reverte-se assim que o receptor
responde e passa a ser o emissor (sendo que o emissor original passa a ser
o receptor do ato comunicativo).

1.2.1 Agentes da comunicação


Os agentes da comunicação são os elementos necessários para que
dois ou mais indivíduos possam comunicar-se de forma clara e que se
façam entender e serem entendidos no processo de comunicação. Contudo,
às vezes, podem aparecer problemas no processo de comunicação, quando
isso ocorre dizemos que houve ruído na comunicação.

QUEM?
DIZ O QUE?
EM QUE CANAL?
PARA QUEM?
E COM QUAL EFEITO?

É necessária a intervenção de, pelo menos, dois indivíduos, um que


emita e outro que receba; algo tem que ser transmitido pelo emissor ao
receptor; para que emissor e receptor se comuniquem, é fundamental que
esteja disponível um canal de comunicação; a informação a transmitir tem
que estar «traduzida» num código conhecido, quer pelo emissor, quer pelo
receptor; finalmente todo o ato comunicativo se realiza num determinado
contexto e é determinado por esse contexto.

POR QUE A COMUNICAÇÃO É TÃO IMPORTANTE?


Pesquisas revelam que um norte-americano comum
gasta cerca de 70% do seu tempo ativo ouvindo,
falando, lendo e escrevendo; nessa ordem. Isto quer
dizer que gastam-se de dez a onze horas, por dia,
todos os dias, em comportamentos de comunicação
verbal.

14 Leitura e Produção de Texto


Comunicação é o processo pelo qual os seres humanos trocam entre
si informações. Nesta breve definição temos já implicitamente presentes
os elementos nucleares do ato comunicativo: o emissor, o receptor («seres
humanos») e a mensagem («informações»). De fato, em qualquer ato
comunicativo encontramos alguém que procura transmitir a outrem uma
dada informação.
Além desses três elementos nucleares, é costume considerar outros
três: o código, o canal e o contexto. Nenhum ato comunicativo seria
possível, na ausência de qualquer um desses elementos. A comunicação
pode ser afetada pelo ruído, que é uma perturbação que dificulta o normal
desenvolvimento do sinal durante o processo (por exemplo, distorções a
nível sonoro, a afonia do falante, a ortografia defeituosa).
Emissor: emite, codifica a mensagem.
Receptor: recebe, decodifica a mensagem.
Mensagem: conteúdo transmitido pelo emissor.
Código: conjunto de signos usado na transmissão e recepção da
mensagem.
Contexto: contexto relacionado a emissor e receptor.
Canal: meio pelo qual circula a mensagem.
Ruído: Tudo o que dificulta a comunicação, interfere a transmissão e
perturba a recepção ou compreensão da mensagem; tudo o que possibilita
a perda de informação durante o transporte da mensagem entre o emissor
e o receptor.
No esquema abaixo é possível analisar o modelo de como ocorre o
processo de comunicação:

Comunicação 15
Acreditamos que o maior problema que possa existir durante
um processo de comunicação seja o ruído. Dessa forma, também em
comunicação, há de se realizar um mínimo de planejamento, a fim de
evitar os distúrbios causados pela intromissão de ruídos.
Problemas podem ocorrer no processo de comunicação, tanto por
parte do emissor, quanto por parte do receptor.

Problemas de comunicação da Problemas de comunicação da parte


parte do emissor do receptor
• Incapacidade verbal; • Nível de conhecimento insuficiente;
• Falta de coerência; • Distração;
• Uso de frases longas para • Falta de disposição para entender;
impressionar;
• Níveis cultural, social, intelectual,
• Acúmulo de detalhes irrelevantes; econômico e de escolaridade
diferentes do emissor;
• Ausência de espontaneidade;
• Manifestação evidente de linguagem
afetada;
• Uso de termos técnicos, gírias,
regionalismos e desconhecidos pelos
receptores;
• Excesso de adjetivos, advérbios e
frases feitas.

A comunicação também pode sofrer influência de quem se fala


(emissor), do meio (contexto), da cultura do falante e do ouvinte (emissor,
receptor), do grau de formação dos falantes, o meio em que se transmite
a mensagem (canal) e uma gama de variações que podem influenciar
diretamente no processo de comunicação.

1.2.2 A Comunicação na Atualidade


Hoje, a comunicação ganhou novos status dentro de um espaço social-
geográfico-político dos falantes, onde a informatização do conhecimento
também foi uma ferramenta que influenciou e influencia a comunicação
entre os falantes. Ao mesmo tempo em que a informática inclui uma
linguagem, ela também exclui uma variação significativa das expressões
linguísticas populares.

16 Leitura e Produção de Texto


Existem áreas do conhecimento como a sociolinguística que é
responsável pelo estudo da língua e suas complexidades nas formas
faladas dentro das sociedades. Contudo, ainda há descompassos entre a
gramática, a linguística e a sociolinguística.

Consulte a obra de Marcos Bagno,


“o preconceito linguístico: O que é? E como se
faz?” para aprofundar na sociolinguística e nos
principais preconceitos linguísticos e regionais.

Estamos vivendo uma nova referência de mundo. Um mundo com


novo cenário político, socioeconómico, geográfico e tecnológico que
passa por transformações culturais e religiosas; em grande velocidade, e
são decisivas para a construção desta nova sociedade e reconfiguração das
identidades culturais.
Segundo Melo (1998, p.30)

O volume e a velocidade das informações em circulação afeta


decisivamente o universo cultural da humanidade, produzindo mutações
no comportamento dos indivíduos e das comunidades. Todos se perguntam
como sobreviver num panorama tão caótico e ao mesmo tempo tão excitante.

Com essa afirmação do autor podemos perceber que o mundo


tecnológico vem modificando as relações sociais e consequentemente o
modo de comunicação entre os indivíduos, essas novas relações baseada
na tecnologia, também refletiram no modo de escrever e de falar dos seus
usuários.
É importante saber que a recepção das mídias não acontece da mesma
maneira. As intenções, as situações e os meios são diferentes. As categorias
de mediações definidas por Orozco (1997, p.113-123 apud TRIGUEIRO,
2001), no processo midiático são as seguintes:
• Mediações Individuais: provenientes das experiências de cada
um como sujeito cognitivo e comunicativo.
• Mediações Institucionais: são as participações nas várias
organizações tais como família, escola, trabalho, igreja, sindicato,
participação política e outras que possam influenciar na recepção das
mídias. Quando o estudo de recepção é feito com crianças torna-se
necessário observar as instituições da família, da escola e os amigos.

Comunicação 17
• Mediações Situacionais: é importante entender a situação da
recepção. Como são ocupados os espaços sociais e culturais
na recepção. Quais os fatores atuantes durante e depois da
recepção. Cada ambiente, cada espaço cria uma determinada
situação de recepção. Também influencia na recepção o estado de
espírito do sujeito receptor. Como, com quem e quando acontece a
recepção.
• Mediações Referenciais:  estão relacionadas com a identificação
pessoal no contexto social do sujeito receptor, assim como: faixa
etária, gênero, grau de escolaridade e classe socioeconómica;
todas são variáveis importantes nas pesquisas de recepção.
• Mediações Tecnológicas: o receptor de TV ou de rádio influencia
na modalidade de ver ou ouvir um determinado programa que,
sem dúvida, interfere na recepção. Não é a mesma coisa assistir
a um filme num aparelho de TV de 20 polegadas com som em
mono e assistir ao mesmo filme em um aparelho de 50 polegadas
com sistema de som estéreo, ou ainda ao mesmo filme numa sala
de cinema com modernas instalações num shopping center. Um
programa de rádio é diferente de um programa de televisão, que é
diferente de um filme no cinema.
A partir da utilização das tecnologias também apareceram as
derivações linguísticas como os –ês, como é o caso do “fufuxês”,
“amiguês”, “internetês”, etc. Assim, podemos dizer que a língua é viva
e ela pode se adaptar a diferentes contextos, acrescentando (como no
caso de empréstimos de palavras), modificando (como no caso dos –ês) e
extinguindo (como no caso da última reforma ortográfica).

Você pode visitar o Museu da Língua Portuguesa


que fica em São Paulo. Consulte o site: http://www.
museudalinguaportuguesa.org.br/

Não podemos esquecer que geograficamente temos uma variação


linguística muito grande, que influencia tanto na fala quanto na escrita
daqueles que vivem aqui no Brasil.
Por esse motivo há uma série de mitos que Bagno (2009), em sua
obra vai relatar e desmistificar, como por exemplo, “onde se fala melhor o
português é no Maranhão”. Esse mito por muito tempo foi disseminado e

18 Leitura e Produção de Texto


colocado como sendo verdade absoluta. Ora, se no Maranhão é onde se fala
melhor o português pelo simples fato de eles conjugarem corretamente o tu,
então quer dizer que todos que nasceram em outros estados que não seja o
Maranhão não sabem falar corretamente o português, consequentemente,
todos os professores de língua portuguesa de outros estados aprenderam
errado e ensinam errado nas escolas?! E preciso tomar cuidado com
afirmações equivocadas como essa.
Existe a norma culta padrão da língua portuguesa e a norma não culta;
por isso que se deve ter cautela em fazer certas afirmações sobre a língua
portuguesa, esta permanece sempre aberta a uma infinidade de possibilidades
de uso, não excluindo nenhuma forma de fala, desde que o processo de
comunicação – entender e ser entendido – não sofra nenhum ruído.

1.2.3 Tipos de comunicação


Existe a comunicação do dia a dia, a comunicação ESPONTÂNEA
informal entre as pessoas, por meio da fala, do gesto, do telefonema, da
carta. E existe a comunicação PROFISSIONAL. A atividade do jornalista,
do publicitário, do desenhista, escritor, fotógrafo e os de mais profissionais.
A diferença é que a última exige aprendizado técnico e teórico. Há 4
formas distintas de comunicação PROFISSIONAL no mercado. Elas se
distinguem pela finalidade, pelos objetivos.
Comunicação persuasiva: representada pela propaganda, pela
publicidade, pelo discurso político. Seu objetivo é persuadir, convencer,
vender uma ideia.
Comunicação artístico-cultural: representada pelo cinema, teatro,
novela, rádio, show, circo, folclore. O objetivo é o entretenimento, a
cultura e a arte. Literatura, poesia, pintura, escultura e todas as artes
tradicionais.
Comunicação Jornalística: representada pelo jornal, revista, TV,
rádio, pelas agências de notícias. O objetivo é informar o que acontece,
de acordo com o critério público do fato.
Comunicação educativa: representada pelos livros didáticos, pelos
telecursos, pelas aulas, palestras, cursos de línguas. O objetivo é ensinar,
transmitir conhecimento.
Segundo o órgão sensorial usado pelo receptor para capturar a
mensagem, existe, naturalmente, 5 categorias de comunicação humana:
Comunicação visual: sinalização de trânsito, rodoviária, ferroviária,
marítima, aeroviária, escrita, gestos, desenho, propaganda, fotografia,
pintura, escultura.

Comunicação 19
Comunicação sonora (ou auditiva): fala, música, cornetas, apitos,
sinos, buzinas, alarmes, aplausos, gritos, vaias.
Comunicação tátil: escrita braile, aperto de mãos, abraços, beijos.
Comunicação olfativa: odores (perfume) na função de mensagens. É
mais usada pelos animais.
Comunicação gustativa: sabores como mensagens (oferecer à
namorada bombons de chocolate prediletos).
A SONORA é a mais prática, econômica e fácil. Especialmente por
meio da fala, que não requer instrumento artificial algum, utiliza apenas o
aparelho vocal humano. Mas vantajosa mesmo, no entanto, é a combinação
da visual com a sonora, para formar a poderosa comunicação audiovisual
(cinema, TV, show).
Segundo a quantidade de pessoas envolvidas no processo da
comunicação, desde a menor até a maior, a comunicação humana pode ser:
Intrapessoal: quando uma pessoa se comunica consigo mesma
(agenda, diário, lembrete na porta do quarto).
Interpessoal: quando a pessoa se comunica com outra (conversa
entre dois colegas).
Intergrupal: quando as mensagens circulam entre grupos (turmas de
alunos, bancadas de partidos, nações).
Intragrupal: quando as mensagens circulam dentro de um grupo
(alunos elegendo o representante de turma).
Comunicação de massa: quando as mensagens são dirigidas ao
grande público por meio do rádio, TV, cinema, jornal, revista. É a mais
ampla porque pode atingir simultaneamente até bilhões de pessoas nos
mais diferentes pontos do Mundo (nas Olimpíadas, Copa do Mundo).
A comunicação humana pode ser direta, quando o emissor e receptor
de frente um para o outro e próximos; e indireta, quando o emissor está
distante do receptor e precisa usar um meio artificial (carta, telefone,
e-mail, rádio, televisão) para alcançá-lo.
DICAS

Você pode consultar o canal da BBC no youtube para visualizar


os avanços nos meios de comunicação. Consulte: https://
www.youtube.com/user/BBCBrasil

20 Leitura e Produção de Texto


Para que haja comunicação, evidentemente não é preciso que o
receptor responda ao emissor, ou seja, que exista uma troca de mensagens.
Você pode mandar uma carta, um e-mail, e não obter resposta. Quando a
comunicação é de mão única, ou pelo menos quando o emissor emite muito
mais do que recebe (um general falando à tropa) temos a comunicação
unidirecional. Pelo contrário, a comunicação bidirecional é aquela de
mão dupla, em que a participação do emissor e do receptor é mais ou
menos equivalente (conversa, reunião, debate).
A comunicação humana pode ser dividida em particular ou fechada
(entre namorados, por exemplo), e pública ou aberta (comício na praça,
televisão).

1.3 O que aprendemos?


Nesta unidade você aprendeu que:
• O processo de comunicação vem desde os tempos das cavernas;
• A definição de comunicação vem do latim e significa partilhar;
• Há elementos chamados agentes da comunicação;
• O ruído é tudo aquilo que dificulta o processo de comunicação;
• Na atualidade existem vários tipos de comunicação;
• A cultura está ligada também às maneiras de se comunicar;
• Existe uma variedade de tipo de comunicação.

1.4 Na prática
1) O que é comunicação?
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________

2) Explique o processo de comunicação.


_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________

Comunicação 21
3) Quem são os agentes da comunicação?
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________

4) Correlacione a primeira coluna de acordo com a segunda e marque


a alternativa correta.

a) Emissor ( ) Conjunto de signos usado na transmissão e


recepção da mensagem.
b) Receptor ( ) Aquele que envia a mensagem.
c) Mensagem ( ) Qualquer perturbação na comunicação.
d) Código ( ) O meio pelo qual circula a mensagem.
e) Canal ( ) Aquele que decodifica a mensagem.
f) Ruído ( ) O conjunto de informações transmitidas.

Complete as lacunas e marque a alternativa correspondente.

A ______________ ocorre quando interagimos com outras pessoas,


utilizando a __________________, sendo esta ________________
(as palavras), _________________ (gestos, movimentos, expressões,
corporais e faciais, sons, cores, etc.,) Mistas e __________________.

a) Linguagem – Verbal – Comunicação – Digitais – Não Verbal


b) Não Verbal – Digitais – Linguagem – Comunicação – Verbal
c) Comunicação – Linguagem – Verbal – Não Verbal – Digitais
d) Digitais – Linguagem – Não Verbal – Verbal – Comunicação
e) Verbal – Não Verbal – Linguagem – Comunicação – Digitais

1.5 Glossário
Informação: É um conjunto organizado de dados, que constitui uma
mensagem sobre um determinado fenômeno ou evento. A informação
permite resolver problemas e tomar decisões, tendo em conta que o seu
uso racional é à base do conhecimento. Como tal, outra perspectiva indica-
nos que a informação é um fenômeno que confere significado ou sentido

22 Leitura e Produção de Texto


às coisas, já que por meio de códigos e de conjuntos de dados, forma os
modelos do pensamento humano.
Signos: Sinal ou símbolo de algo. Unidade linguística que contém
um significante (forma ou imagem acústica) e um significado (conceito).
Os signos podem ser: Signos naturais: não são produzidos pelo homem.
São “coisas” e “eventos“ que o homem passa a interpretar como signos.
Ex.: nuvens negras (chuva vindoura); voo de certas aves (mau agouro),
sintomas de doença. Signos artificiais: são criados pelo homem para que
funcionem no processo da comunicação. Caracterizam-se, portanto, pela
intenção. Ex.: apitos de juiz, sinal de trânsito, signos linguísticos.
Sociolinguística: É uma das subáreas da Linguística e o seu estudo
é a língua em uso dentro das comunidades de fala, correlacionando
aspectos sociais e linguísticos. É ainda relevante citar que é uma ciência
que focaliza os empregos linguísticos concretos e heterogêneos no sentido
das múltiplas possibilidades da língua, ou seja, apresenta um dinamismo
inerente.

1.6 Referências
Aurélio. Disponível em:< http://www.dicionariodoaurelio.com/
Comunicacao.html> acesso em: 17/ago/2014

BEKIN, S. F. Conversando sobre Endomarketing. São Paulo: Makron,


1995.

BOSCO, J. B. Redação Empresarial. São Paulo: Atlas, 1998

BRASIL. <www.fumdham.org.br> acesso em: 17/ago/2014>

Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, 2008 -2013, <http://


www.priberam.pt/DLPO/signo> acesso em 19/ago/2014.

OROZCO, Guillermo Gomes. La investigación en comunicación


desde la perspectiva cualitativa. México: Instituto Mexicano para el
Desarrolio Comunitário, A.C. 1997, p. 113-123

PORTAL EDUCAÇÃO – Cursos Online : Mais de 1000 cursos online


com certificado <http://www.portaleducacao.com.br/marketing/arti-
gos/55128/agentes-de-comunicacao#ixzz3ArrUnKtL> acesso em 19/
ago/2014TRIGUEIRO,Osvaldo. O Estudo Científico Da Comunicação:
Avanços Teóricos E Metodológicos Ensejados pela Escola Latino-

Comunicação 23
-Americana. PCLA – Volume 2 – Número 2:  janeiro / fevereiro / mar-
ço 2001. Disponível em: < http://www2.metodista.br/unesco/PCLA/
revista6/artigo%206-3.htm> acesso em: 19/ago/2014.

VASCONCELOS, Ana. O que é comunicação? <http://ana-intervalo.


blogspot.com.br/2009/02/o-que-e-comunicacao.html> acesso em:
17ago/2014>

Anotações

24 Leitura e Produção de Texto


2
ELEMENTOS GRAMATICAIS

2.1 Ponto de partida


2.2 Roteiro do Conhecimento
2.2.1 Acentuação Gráfica
2.2.2 Crase
2.2.3 Substantivos
2.2.4 Adjetivos
2.2.5 Pronomes
2.2.6 Pontuação
2.3 Na prática
2.4 O que aprendemos?
2.5 Referências
Leitura e Produção de Texto
2. ELEMENTOS GRAMATICAIS

2.1 Ponto de Partida


Caro estudante,
Vamos agora trabalhar os elementos gramaticais da Língua Portuguesa
dando-lhe subsídios para um aprofundamento nas normas da escrita da
língua.
Nessa unidade será tratada a acentuação gráfica, crase, substantivos,
adjetivos, pontuação, dentre outras categorias. A gramática da língua
portuguesa é parte fundamental e integrante para uma boa comunicação,
principalmente a escrita (não verbal).
Ao fim da unidade você estará apto a:
• Empregar as normas adequadas padrão da gramática normativa;
• Identificar as categorias da gramática de acordo com a sua
necessidade;
• Trabalhar as diferentes classes gramaticais dentro do texto;
• Aplicar as normas da língua no contexto do dia a dia;
• Utilizar a gramática normativa na elaboração de documentos;
• Aprofundar os conhecimentos obtidos sobre a gramática.
Então, mãos a obra e bons estudos!

2.2 Roteiro do Conhecimento


Trabalhar a gramática é mergulhar no mundo das palavras e
aprofundar nas regras que compõem a escrita da língua portuguesa. Uma
vez adquirida, essa ferramenta servirá como um facilitador no processo de
aprendizado da mesma e na desenvoltura da escrita em língua portuguesa.
A língua materna, no nosso caso língua portuguesa, assim como em
todos os idiomas, há uma normatização que rege a escrita que vem para
facilitar de modo a não confundir, por exemplo, palavras com mesmo som
e escrita diferentes, (homófonas), palavras com escritas iguais, porém,
com sons diferentes (homógrafas).
Nesse contexto, vemos que a gramática é parte essencial da língua e
que ela vem para padronizar o modo de escrever dos falantes. Lembrando
que existem os acordos ortográficos e que esses acordos são renovados
de tempos em tempos, como o recente acordo da língua portuguesa que
entrou em vigor no ano de 2009. A língua é viva, e por isso sempre há
necessidade de modificações.

Elementos Gramaticais 27
2.2.1 Acentuação gráfica
De acordo com o Novo Acordo Ortográfico, em vigor desde 2009,
temos a seguir as regras de acentuação gráfica.

Monossílabas tônicas
Acentuamos todas as palavras monossílabas tônicas terminadas em
a(s), e(s), o(s).
Pá, pós, já, pés.
Os ditongos monossilábicos abertos éi(s), éu(s), ói(s) também são
acentuados.
Céu, véu, dói, réis.

Palavras oxítonas
Acentuamos as oxítonas terminadas em a(s), e(s), o(s), em/ens.
Amapá, compôs, reféns, bambolê.
Nas palavras oxítonas, os ditongos abertos éi(s), éu(s), ói(s) também
são acentuados.
Herói, troféus, papéis.
Oxítonas terminadas em i(s) e u(s) também são acentuadas.
Piauí, tuiuiú.

Palavras paroxítonas
Acentuamos as paroxítonas terminadas em l, n, r, x, i(s), u(s), ps, ã(s),
ão(s), um(uns).
Lavável,  pólen, repórter,  tórax,  lápis,  bônus,  bíceps,  ímãs,
sótão, álbum.
Paroxítonas terminadas em ditongos orais (seguidos ou não de s) são
acentuadas.
Vácuo, insônia, subúrbio.

Atenção
Ditongos abertos éi(s), ói(s), éu(s) não são mais acentuados nas
palavras paroxítonas.
Ideia, apoia, colmeia.

Atenção
Não utilizamos mais acentos no i e no u quando, nas palavras
paroxítonas, estas letras vierem depois de um ditongo.
Feiura, baiuca, bocaiuva.

28 Leitura e Produção de Texto


Palavras proparoxítonas
Todas as proparoxítonas são acentuadas.
Matemática, trânsito, farmacêutico, estético.

Letras I e U na segunda vogal do hiato


Estas letras receberão acento se estiverem sozinhas na sílaba, na
segunda vogal do hiato e sem nh após estas letras.
Caída, traíram, faísca, carnaúba.

Atenção
É preciso, no entanto, ficar atento às regras de I e U para as oxítonas e
paroxítonas antes de acentuar palavras que se encaixem nesta regra.

Verbos ter e vir


Na terceira pessoa do plural destes verbos, estas palavras serão
acentuadas.
Eles têm, eles vêm.
Nos derivados de ter e vir (manter, intervir, convir, etc) a terceira
pessoa do singular terá acento agudo e a terceira pessoa do plural terá
acento circunflexo.
Ele mantém, eles intervêm.

Acentos diferenciais
Os acentos diferenciais serão obrigatórios nas palavras  pôr  (verbo)
e pôde (passado do verbo poder).
O acento diferencial é opcional somente em dêmos/
demos (presente subjuntivo do verbo dar) e fôrma/forma (recipiente).

Palavras com as repetições oo, ee


Não são acentuadas.
Voo, veem, perdoo.

Curiosidade: Você pode consultar a Academia


Brasileira de Letras pelo site http://www.academia.
org.br e saber mais informações.

Elementos Gramaticais 29
2.2.2 Crase
Crase  é a fusão de duas vogais da mesma natureza. No português
assinalamos a crase com o acento grave (`). Observe:
Obedecemos ao regulamento.
                  ( a + o )
Não há crase, pois o encontro ocorreu entre duas vogais diferentes.
Mas:
Obedecemos à norma.
                ( a + a )
Há crase pois temos a união de duas vogais iguais ( a + a = à )

Regra Geral:
Haverá crase sempre que:
I. o termo antecedente exija a preposição a;
II. o termo consequente aceite o artigo a.
Fui à cidade.
( a + a = preposição + artigo )
( substantivo feminino )

Conheço a cidade.
( verbo transitivo direto – não exige preposição )
( artigo )
( substantivo feminino )

Vou a Brasília.
( verbo que exige preposição a )
( preposição )
( palavra que não aceita artigo )

Observação:
Para saber se uma palavra aceita ou não o artigo, basta usar o seguinte
artifício:
I. se pudermos empregar a combinação da antes da palavra, é sinal de
que ela aceita o artigo.
II. se pudermos empregar apenas a preposição de, é sinal de que não
aceita.
Ex:   Vim da Bahia. (aceita)
         Vim de Brasília (não aceita)
         Vim da Itália. (aceita)
         Vim de Roma. (não aceita)

30 Leitura e Produção de Texto


Nunca ocorre crase:
1) Antes de masculino.
Caminhava a passo lento.
           (preposição)

2) Antes de verbo.
Estou disposto a falar.
                  (preposição)

3) Antes de pronomes em geral.


Eu me referi a esta menina.
(preposição e pronome demonstrativo)
Eu falei a ela.
(preposição e pronome pessoal)

4) Antes de pronomes de tratamento.


Dirijo-me a Vossa Senhoria.
(preposição)

Observação:
1. Há três pronomes de tratamento que aceitam o artigo e, obviamente,
a crase: senhora, senhorita e dona.
Dirijo-me à senhora.

2. Haverá crase antes dos pronomes que aceitarem o artigo, tais


como: mesma, própria...
Eu me referi à mesma pessoa.

5) Com as expressões formadas de palavras repetidas.


Venceu de ponta a ponta.
                    (preposição)

Observação:
É fácil demonstrar que entre expressões desse tipo ocorre apenas a
preposição:
Caminhavam passo a passo.
             (preposição)
No caso, se ocorresse o artigo, deveria ser o artigo o e teríamos o
seguinte: Caminhavam passo ao passo – o que não ocorre.

Elementos Gramaticais 31
6) Antes dos nomes de cidade.
Cheguei a Curitiba.
      (preposição)

Observação:
Se o nome da cidade vier determinado por algum adjunto adnominal,
ocorrerá a crase.
Cheguei à Curitiba dos pinheirais.
                          (adjunto adnominal)

7) Quando um a (sem o s de plural) vem antes de um nome plural.


Falei a pessoas estranhas.
(preposição)

Observação:
Se o mesmo a vier seguido de s haverá crase.
Falei às pessoas estranhas.
(a + as = preposição + artigo)

Sempre ocorre crase:


1) Na indicação pontual do número de horas.
Às duas horas chegamos.
(a + as)
Para comprovar que, nesse caso, ocorre preposição + artigo, basta
confrontar com uma expressão masculina correlata.
Ao meio-dia chegamos.
(a + o)

2) Com a expressão à moda de e à maneira de.


A crase ocorrerá obrigatoriamente mesmo que parte da
expressão (moda de) venha implícita.
Escreve à (moda de) Alencar.

3) Nas expressões adverbiais femininas.


Expressões adverbiais femininas são aquelas que se referem a verbos,
exprimindo circunstâncias de tempo, de lugar, de modo...
Chegaram à noite.
(expressão adverbial feminina de tempo)

32 Leitura e Produção de Texto


Caminhava às pressas.
(expressão adverbial feminina de modo)
Ando à procura de meus livros.
(expressão adverbial feminina de fim)

Observação:
No caso das expressões adverbiais femininas, muitas vezes
empregamos o acento indicativo de crase (`), sem que tenha havido a
fusão de dois as. É que a tradição e o uso do idioma se impuseram de tal
sorte que, ainda quando não haja razão suficiente, empregamos o acento
de crase em tais ocasiões.

4) Uso facultativo da crase


Antes de nomes próprios de pessoas femininos e antes de pronomes
possessivos femininos, pode ou não ocorrer a crase.
Ex:      Falei à Maria.
      (preposição + artigo)
          Falei à sua classe.
      (preposição + artigo)
          Falei a Maria.
      (preposição sem artigo)
          Falei a sua classe.
      (preposição sem artigo)
Note que os nomes próprios de pessoa femininos e os pronomes
possessivos femininos aceitam ou não o artigo antes de si. Por isso mesmo
é que pode ocorrer a crase ou não.

Casos especiais:
1) Crase antes de casa.
A palavra casa, no sentido de lar, residência própria da pessoa, se não
vier determinada por um adjunto adnominal não aceita o artigo, portanto
não ocorre a crase.
Por outro lado, se vier determinada por um adjunto adnominal, aceita
o artigo e ocorre a crase. Ex:
Volte a casa cedo.
(preposição sem artigo)
Volte à casa dos seus pais.
(preposição com artigo)
(adjunto adnominal)

Elementos Gramaticais 33
2) Crase antes de terra.
A palavra terra,  no sentido de chão firme, tomada em oposição ao
mar ou ar, se não vier determinada, não aceita o artigo e não ocorre a
crase. Ex:
Já chegaram a terra.
(preposição sem artigo)
 Se, entretanto, vier determinada, aceita o artigo e ocorre a crase. Ex:
Já chegaram à terra dos antepassados.
(preposição + artigo)
(adjunto adnominal)

3) Crase antes dos pronomes relativos.


Antes dos pronomes relativos quem e cujo não ocorre crase. Ex:
Achei a pessoa a quem procuravas.
Compreendo a situação a cuja gravidade você se referiu.
Antes dos relativos qual ou quais ocorrerá crase se o masculino
correspondente for ao qual, aos quais. Ex:
Esta é a festa à qual me referi.
Este é o filme ao qual me referi.
Estas são as festas às quais me referi.
Estes são os filmes aos quais me referi.

4) Crase com os pronomes demonstrativos aquele (s), aquela (s),


aquilo.
Sempre que o termo antecedente exigir a preposição a e vier seguido
dos pronomes demonstrativos: aquele, aqueles, aquela, aquelas,
aquilo, haverá crase. Ex:
Falei àquele amigo.
Dirijo-me àquela cidade.
Aspiro a isto e àquilo.
Fez referência àquelas situações.

5) Crase depois da preposição até.


Se a preposição até vier seguida de um nome feminino, poderá ou
não ocorrer a crase. Isto porque essa preposição pode ser empregada
sozinha (até) ou em locução com a preposição a (até a). Ex:
Chegou até à muralha.
(locução prepositiva = até a)
(artigo = a)

34 Leitura e Produção de Texto


Chegou até a muralha.
(preposição sozinha = até)
(artigo = a)

6) Crase antes do que.


Em geral, não ocorre crase antes do que. Ex: Esta é a cena a que me
referi.
Pode, entretanto, ocorrer antes do que uma crase da preposição a com
o pronome demonstrativo a (equivalente a aquela).
Para empregar corretamente a crase antes do que  convém pautar-se
pelo seguinte artifício:
I. se, com antecedente masculino, ocorrer ao que / aos que, com o
feminino ocorrerá crase;
Ex:      Houve um palpite anterior ao que você deu.
                                      ( a + o )
         Houve uma sugestão anterior à que você deu.
                                      ( a + a )
 II. se, com antecedente masculino, ocorrer a que, no feminino não
ocorrerá crase.
Ex:      Não gostei do filme a que você citou.
              (ocorreu a que, não tem artigo)
         Não gostei da peça a que você citou.
               (ocorreu a que, não tem artigo)

Observação:
O mesmo fenômeno de crase (preposição a + pronome demonstrativo a)
que ocorre antes do que, pode ocorrer antes do de. Ex:
Meu palpite é igual ao de todos.
(a + o = preposição + pronome demonstrativo)
Minha opinião é igual à de todos.
(a + a = preposição + pronome demonstrativo)

7) há / a
Nas expressões indicativas de tempo, é preciso não confundir a grafia
do a (preposição) com a grafia do há (verbo haver).
Para evitar enganos, basta lembrar que, nas referidas expressões:
a (preposição) indica tempo futuro (a ser transcorrido);
há (verbo haver) indica tempo passado (já transcorrido). Ex:
Daqui a pouco terminaremos a aula.
Há pouco recebi o seu recado.

Elementos Gramaticais 35
2.2.3 Substantivos
Os Substantivos são classes de palavras que nomeiam os seres, objetos,
fenômenos, lugares, qualidades, ações, dentre outros. São termos que podem
ser flexionados em gênero (masculino e feminino), número (singular e
plural) e grau (aumentativo e diminutivo).

Substantivo simples
São substantivos formados por apenas um radical.
• Exemplos: casa, amor, roupa, livro, felicidade,…

Substantivo composto
São substantivos formados por dois ou mais radicais, podendo ocorrer
composição por justaposição ou composição por aglutinação.
• Exemplos (composição por justaposição): passatempo, arco-íris,
beija-flor, segunda-feira, malmequer,…
• Exemplos (composição por aglutinação): aguardente, fidalgo,
planalto, vinagre, …

Substantivo primitivo
São substantivos cuja origem reside em palavras de outras línguas
(latim, árabe, grego, francês, inglês,…). Os substantivos primitivos dão
origem aos substantivos derivados.
• Exemplos: folha, chuva, algodão, pedra, quilo,…

Substantivo derivado
São substantivos que derivam de substantivos primitivos existentes
na língua portuguesa. Podendo ocorrer derivação prefixal, sufixal,
parassintética, regressiva e imprópria.
• Exemplos: território, chuvada, jardinagem, açucareiro, livraria,…

Substantivo comum
São substantivos que nomeiam genericamente, sem especificar, seres
da mesma espécie, que partilham características comuns.
• Exemplos: mãe, computador, papagaio, uva, planeta,…

Substantivo próprio
São substantivos escritos com letra maiúscula que nomeiam seres
individuais e específicos. Estes substantivos particularizam os seres
dentro de sua espécie, distinguindo-os dos restantes.
• Exemplos: Flávia, Brasil, Carnaval, Nilo, Serra da Mantiqueira,…

36 Leitura e Produção de Texto


Substantivo coletivo
São substantivos que, escritos no singular, indicam um conjunto de
coisas ou de seres da mesma espécie.
• Exemplos: rebanho (conjunto de ovelhas), cardume (conjunto
de peixes), pomar (conjunto de árvores de fruto), arquipélago
(conjunto de ilhas), constelação (conjunto de estrelas),…

Substantivo concreto
São substantivos que nomeiam seres com existência própria, como
objetos, pessoas, animais, vegetais, minerais, lugares, …
• Exemplos: mesa, cachorro, samambaia, chuva, Felipe,…

Substantivo abstrato
São substantivos que nomeiam conceitos, conceptualizações
abstratas e realidades imateriais, como qualidades, noções, estados, ações,
sentimentos e sensações de outros seres.
• Exemplos: beleza, pobreza, crescimento, amor, calor,…

Substantivo comum de dois gêneros


São substantivos que apresentam uma só forma para o gênero
masculino e o gênero feminino.
• Exemplos: o estudante/a estudante, o jovem/a jovem, o artista/a
artista,…

Substantivo sobrecomum
São substantivos que nomeiam pessoas e apresentam um só gênero
para o masculino e o feminino.
• Exemplos: a vítima, a pessoa, a criança, o gênio, o indivíduo,…

Substantivo epiceno
São substantivos que nomeiam animais e apresentam um só gênero
para o masculino e o feminino.
• Exemplos: a formiga, o crocodilo, a mosca, a baleia, o besouro,…

Substantivo de dois números


São substantivos que apresentam uma só forma para o singular e para
o plural.
• Exemplos: o lápis/os lápis, o tórax/os tórax, a práxis/as práxis,…

Elementos Gramaticais 37
Gênero dos Substantivos
De acordo com o gênero (feminino e masculino) das palavras
substantivas, elas são classificadas em:
• Substantivos Biformes: apresentam duas formas, ou seja, uma
para o masculino e outra para o feminino; por exemplo, professor
e professora; amigo e amiga.
• Substantivos Uniformes: Há somente um termo que especifique
os dois gêneros (masculino e feminino), sendo classificados
em: epicenos, sobrecomum e comum dos dois gêneros.
1. Epicenos: Palavra que apresenta somente um gênero e refere-
se aos animais, por exemplo, foca (macho ou fêmea).
2. Sobrecomum: Palavra que apresenta somente um gênero
e refere-se às pessoas, por exemplo, criança (masculino e
feminino).
3. Comum dos dois gêneros: Termo que se refere aos dois gêneros
(masculino e feminino), identificado por meio do artigo que o
acompanha, por exemplo, “o artista” e “a artista”.

Número dos Substantivos


De acordo com o número do substantivo, eles são classificados em:
• Singular: Palavra que designa uma única coisa, pessoa ou um
grupo, por exemplo: bola, mulher.
• Plural: Palavra que designa várias coisas, pessoas ou grupos, por
exemplo: bolas, mulheres.

Grau dos Substantivos


De acordo com o grau dos substantivos, eles são classificados
em aumentativo e diminutivo:

Aumentativo
Palavra que indica o aumento do tamanho de algum ser ou alguma
coisa. Divide-se em:
• Analítico: Substantivo acompanhado de um adjetivo que indica
grandeza, por exemplo, casa grande.
• Sintético: Substantivo com acréscimo de um sufixo indicador de
aumento, por exemplo, casa-rão.

Diminutivo
Palavra que indica a diminuição do tamanho de algum ser ou alguma
coisa. Divide-se em:

38 Leitura e Produção de Texto


• Analítico: Substantivo acompanhado de um adjetivo que indica
pequenez, por exemplo, casa pequena.
• Sintético: Substantivo com acréscimo de um sufixo indicador de
diminuição, por exemplo, cas-inha.

• Quanto ao gênero, os substantivos de origem


grega terminados em “ema” e “oma” são
masculinos, por exemplo, teorema, poema.
• Quanto ao gênero, há os substantivos chamados
de “gênero duvidoso ou incerto”, ou seja, aqueles
utilizados para os dois gêneros sem alterar o
significado, por exemplo, o personagem e a
personagem.
• Existem alguns substantivos que, variando de
gênero, mudam seu significado, por exemplo,
“o cabeça” (líder), “a cabeça” (parte do corpo
humano)

2.2.4 Adjetivo
Adjetivos são palavras que caracterizam um substantivo, conferindo-
lhe uma qualidade, característica, aspecto ou estado. Podem ser simples,
sendo formados por apenas um radical, ou compostos, sendo formados
por dois ou mais radicais.

Exemplos de adjetivos simples:


• A maçã é vermelha.
• O menino é muito bonito.
• Minha mãe está zangada.

Exemplos de adjetivos compostos:


• Meu vestido verde-escuro está estragado.
• Meu pai é franco-brasileiro.
• Que menino mal-educado!
Os adjetivos variam em gênero (masculino e feminino), em número
(singular e plural) e em grau (normal, comparativo e superlativo).

Elementos Gramaticais 39
Gênero dos adjetivos
Relativamente ao gênero, os adjetivos podem ser biformes ou
uniformes.
Os  adjetivos biformes apresentam duas formas, uma para o gênero
masculino e outra para o gênero feminino.
Exemplos
• Helena é uma menina simpática.
• Paulo é um menino simpático.
• A blusa é vermelha.
• O casaco é vermelho.

Os adjetivos uniformes apresentam sempre a mesma forma, quer no


gênero feminino, quer no gênero masculino. Normalmente, os adjetivos
terminados em -e, -z, -m e -l são adjetivos uniformes.
Exemplos
• Helena é uma menina feliz.
• Paulo é um menino feliz.
• A blusa é azul.
• O casaco é azul.

Número dos adjetivos


Para a formação do plural dos adjetivos simples, são utilizadas as
mesmas regras de formação do plural dos substantivos, sendo a principal
regra acrescentar a letra s no final da palavra.
Exemplos
• A pera madura.
• As peras maduras.
• O homem resmungão.
• Os homens resmungões.

Para a formação do plural dos adjetivos compostos, apenas o último


elemento varia em número, indo para o plural:
Exemplos
• Minha tia é afro-brasileira.
• Minhas tias são afro-brasileiras.
• Este aluno é mal-educado!
• Estes alunos são mal-educados!

40 Leitura e Produção de Texto


Contudo, o adjetivo composto se mantém invariável no plural se for
formado por um substantivo no último elemento.
Exemplos
• A parede é amarelo-canário.
• As paredes são amarelo-canário.
• O tecido é vermelho-sangue.
• Os tecidos são vermelho-sangue.

Grau dos adjetivos


Relativamente ao grau, os adjetivos podem estar no grau normal,
comparativo ou superlativo; indicando diferentes intensidades com que
um adjetivo pode caracterizar um substantivo.

Grau normal: O Mateus é inteligente.

Grau comparativo de superioridade: O Mateus é mais inteligente


que o Bruno.

Grau comparativo de inferioridade: O Mateus é menos inteligente


que a Camila.

Grau comparativo de igualdade: O Mateus é tão inteligente


quanto a Luana.

Grau superlativo relativo de superioridade: O Mateus é o mais


inteligente da turma.

Grau superlativo relativo de inferioridade: O Mateus é o menos


inteligente da turma.

Grau superlativo absoluto analítico: O Mateus é muito inteligente.


Grau superlativo absoluto sintético: O Mateus é inteligentíssimo.

Formação dos adjetivos


Quanto à sua formação, os adjetivos podem ser simples ou compostos;
conforme explicado acima, mas também podem ser primitivos ou
derivados.
Adjetivos primitivos são adjetivos cuja origem não reside em outras
palavras da língua portuguesa, mas sim em palavras de outras línguas.
Exemplos: feliz, bom, azul, triste, grande,…

Elementos Gramaticais 41
Adjetivos derivados são adjetivos cuja origem reside em outras
palavras da língua portuguesa, ou seja, derivam de substantivos ou verbos.
Exemplos: magrelo, avermelhado, apaixonado,…

Os adjetivos pátrios, que nomeiam as pessoas conforme o local onde


nascem ou vivem, são adjetivos derivados, dado que têm quase sempre
sua origem no nome do lugar ao que se referem.
Exemplos: baiano, paulista, pernambucano, cearense,…

Adjetivo pátrio
Os adjetivos podem se referir a cidades, países, continentes, etc.
exprimindo a nacionalidade. Ex.: Amazonense (do Amazonas), baiano (da
Bahia), catarinense (de Santa Catarina), etc.

Locução adjetiva
A locução adjetiva é toda expressão (duas ou mais palavras) que
aparecem no lugar de um adjetivo. Ex.: amor de mãe, casa de campo,
avaliação por mês. A locução adjetiva sempre começa com uma preposição.
A maioria das locuções adjetivas é substituída por um adjetivo
correspondente. Ex.: amor materno, casa campestre, avaliação mensal.

2.2.5 Pronomes
Pronomes pessoais do caso reto
Pronomes pessoais do caso reto são aqueles que substituem os
substantivos, assumindo majoritariamente a função de sujeito da oração.
Podem, contudo, assumir a função de predicativo do sujeito. Os pronomes
pessoais do caso reto indicam ainda as pessoas do discurso, ou seja, quem
fala (eu e nós), com quem se fala (tu e vós) e de quem se fala (ele, ela,
eles, elas).
Pronomes pessoais retos:
• 1.ª pessoa do singular – eu.
• 2.ª pessoa do singular – tu.
• 3.ª pessoa do singular – ele, ela.
• 1.ª pessoa do plural – nós.
• 2.ª pessoa do plural – vós.
• 3.ª pessoa do plural – eles, elas.

Exemplos
• Eu escrevi o texto.
• Tu escreveste o texto.

42 Leitura e Produção de Texto


• Ele escreveu o texto.
• Nós escrevemos o texto.
• Vós escrevestes o texto.
• Eles escreveram o texto.
Para que se evitem repetições desnecessárias, pode ocorrer a omissão
do pronome pessoal do caso reto nos enunciados, uma vez que a pessoa
do discurso é marcada pela desinência verbal indicada pelos pronomes
pessoais do caso reto.

Exemplos
• Cursei veterinária, mas nunca segui a profissão. (eu)
• Passeamos muito no domingo passado. (nós)
• Gostaste do jogo? (tu)

Pronomes pessoais do caso reto enquanto


predicativo do sujeito
Os pronomes pessoais do caso reto podem assumir a função de
predicativo do sujeito nos predicados nominais, havendo a existência de
um verbo de ligação. Este verbo deverá concordar com o pronome pessoal
reto que desempenha a função de predicativo do sujeito.

Exemplos
• A responsável sou eu.
• A responsável é ela.

Dúvidas na utilização dos pronomes pessoais do


caso reto
Para eu, para tu, para mim e para ti
As expressões para eu e para tu deverão ser usadas quando assumem
a função de sujeito, sendo seguidas de uma ação, ou seja, de um verbo no
infinitivo.

Exemplos
• Façam silêncio para eu telefonar para este cliente.
• Para eu fazer isso, vou precisar da sua ajuda.
• Vê se tem algum erro para tu corrigires.
É errado dizer “Ela comprou este caderno para eu.” ou “Ela comprou
este caderno para tu.”. Não se pode usar preposição com os pronomes
retos eu e tu. Com preposições têm que ser usados os pronomes oblíquos
correspondentes: mim e ti.

Elementos Gramaticais 43
Exemplos
• Ela comprou este caderno para mim.
• Ela comprou este caderno para ti.

Vi ele, ajudei ele, encontrei ele ou vi-o, ajudei-o, encontrei-o


É comum ouvirmos, na linguagem oral, as seguintes construções
frásicas: “Ajudei ele na arrumação do armário.” e “Encontrei ela na
praia.”. Contudo, estas construções estão erradas! Nestas frases, os
pronomes ele e ela não estão se referindo ao sujeito da ação, por isso não
podem ser utilizados pronomes pessoais do caso reto. Têm que ser usados
os pronomes oblíquos correspondentes: o e a.

Exemplos
• Ajudei-o na arrumação do armário.
• Encontrei-a na praia.

Atenção
Além dos pronomes pessoais do caso reto, existem também pronomes
pessoais oblíquos que assumem, majoritariamente, a função de objeto
direto ou objeto indireto de uma oração, podendo ser tônicos ou átonos.

Pronomes pessoais oblíquos


Os  pronomes pessoais oblíquos assumem, majoritariamente, a
função de objeto direto ou objeto indireto, podendo ser tônicos ou átonos.

Pronomes pessoais oblíquos tônicos


Os pronomes pessoais oblíquos tônicos são sempre precedidos de uma
preposição, como: para, a, de e com. Devem ser usados quando, na frase,
o substantivo que substituem tem função de objeto indireto. As formas
contraídas comigo, contigo, conosco,… podem ainda assumir a função de
adjunto adverbial de companhia.

Exemplos de pronomes pessoais oblíquos tônicos:


1.ª pessoa do singular – mim, comigo.
2.ª pessoa do singular – ti, contigo.
3.ª pessoa do singular – ele, ela.
1.ª pessoa do plural – nós, conosco.
2.ª pessoa do plural – vós, convosco.
3.ª pessoa do plural – eles, elas.

44 Leitura e Produção de Texto


Exemplos
• Você comprou esta blusa para mim? (objeto indireto)
• Você sabe que eu gosto de ti. (objeto indireto)
• Amanhã vou ao cinema contigo. (adjunto adverbial)

Pronomes pessoais oblíquos átonos


Os pronomes pessoais oblíquos átonos não são precedidos de uma
preposição. Podem ser usados quando, na frase, o substantivo que
substituem tem função de objeto direto (o, a, os, as) ou de objeto indireto
(lhe, lhes).

Exemplos de pronomes pessoais oblíquos átonos


1.ª pessoa do singular – me.
2.ª pessoa do singular – te.
3.ª pessoa do singular – o, a, lhe.
1.ª pessoa do plural – nos.
2.ª pessoa do plural – vos.
3.ª pessoa do plural – os, as , lhes.

Exemplos
• Eu comprei-o numa loja no centro da cidade. (objeto direto)
• O diretor ligou-lhe, mas ele não atendeu o telefone. (objeto
indireto)

A ligação dos pronomes pessoais oblíquos átonos aos verbos pode


ser feita por meio de próclise (antes do verbo), mesóclise (intercalado no
meio do verbo) ou ênclise (depois do verbo).

Exemplos
• não me deram (próclise);
• oferecer-nos-ão (mesóclise);
• ofereceram-me (ênclise).
Além disso, conforme o verbo a que estão ligados, os pronomes
pessoais oblíquos átonos sofrem alterações para: no, na, nos, nas, lo, la,
los, las.

Exemplos
• Fizeram-nos esperar muito!
• Ela vai seduzi-lo rapidamente.

Elementos Gramaticais 45
Atenção
Existem também pronomes pessoais retos que assumem a função de
sujeito de uma oração.

Pronome adjetivo
Pronomes adjetivos  acompanham, determinam e modificam os
substantivos, ou seja, atribuem particularidades e características ao
substantivo, como se fossem adjetivos. Tal como os substantivos que
determinam, variam em gênero (masculino e feminino), número (plural e
singular) e pessoa (1ª, 2ª ou 3ª pessoa do discurso).

Exemplos
• Minha prima chega hoje da Europa. (Determina o substantivo
comum prima.)
• Suas  dúvidas serão respondidas pela professora. (Determina o
substantivo comum dúvidas.)
• Aqueles estudantes passaram no exame com distinção. (Determina
o substantivo comum estudantes.)
• Este livro é muitíssimo bom. (Determina o substantivo comum
livro.)

Atenção
A classificação em pronome adjetivo não invalida outras classificações
como possessivo, demonstrativo,…

Exemplos
• Aquela caneta é azul. (pronome demonstrativo adjetivo)
• Meu filho é indisciplinado. (pronome possessivo adjetivo)
Pronomes são palavras que substituem ou determinam os substantivos.
Assim, podem assumir a função de pronomes substantivos ou de pronomes
adjetivos.

Pronomes interrogativos
Pronomes interrogativos são utilizados para interrogar, ou seja, para
formular perguntas de modo direto ou indireto. Referem-se sempre à 3.ª
pessoa gramatical e possuem uma significação indeterminada, que apenas
é esclarecida pela resposta dada à interrogação.

Exemplos – interrogação direta:


• Quem ganhou a competição?
• Qual o motivo desta confusão?

46 Leitura e Produção de Texto


Exemplos – interrogação indireta:
• Gostaria de saber quem ganhou a competição.
• Diga-me, por favor, qual o motivo desta confusão.
Os pronomes interrogativos existentes são: que, quem, qual e quanto,
sendo que os pronomes que e quem são invariáveis, o pronome qual pode
variar em número para quais e o pronome quanto pode variar em gênero e
número para quanta, quantos e quantas.

Exemplos com os pronomes invariáveis que e quem:


• Que é este embrulho?
• Que são estes embrulhos?
• Que é esta caixa?
• Que são estas caixas?
• Quem é este garoto?
• Quem são estes garotos?
• Quem é esta garota?
• Quem são estas garotas?

Exemplos com os pronomes variáveis qual e quanto:


• Qual é o propósito deste trabalho?
• Quais são os propósitos deste trabalho?
• Qual é a vantagem deste trabalho?
• Quais são as vantagens deste trabalho?
• Quanto dinheiro será necessário?
• Quanta mão de obra será necessária?
• Quantos empregados serão necessários?
• Quantas empregadas serão necessárias?

Uso e valores dos pronomes interrogativos


Pronome interrogativo que
O pronome interrogativo que se refere principalmente a coisas,
podendo perguntar: que coisa? ou que espécie de coisa ou pessoa? Pode
vir acompanhado da expressão é que, reforçando a interrogação, bem
como ser utilizado para conferir maior ênfase à interrogação.

Exemplos
• Que comeremos agora?
• Que comunicado ele pretende fazer?
• Que é que você fez?
• O que terá acontecido?

Elementos Gramaticais 47
Pronome interrogativo quem
O pronome interrogativo quem se refere principalmente a pessoas ou
coisas personificadas.

Exemplos
• Quem quer ir comigo ao cinema?
• Gostaria de saber quem é o responsável pela empresa.

Pronome interrogativo qual


O pronome interrogativo qual se refere a coisas ou a pessoas. Pode
transmitir uma ideia de seleção, ou seja, de identificação de um ou vários
elementos dentro de um grupo.

Exemplos
• Qual é o departamento certo?
• Qual de vocês me ajudará nesta tarefa?

Pronome interrogativo quanto


O pronome interrogativo quanto se refere a coisas ou a pessoas.
Transmite uma ideia de quantificação.

Exemplos
• Quanto mais terei que aturar?
• Quantas inscrições são precisas para que a atividade se realize?

Fique sabendo mais!


Os pronomes interrogativos podem ainda ser usados em exclamações
que simbolizem uma interrogação com admiração e espanto.

Exemplos
• Que confusão!
• Quem diria!
• Quanta barbaridade!

Pronome substantivo
Pronomes substantivos substituem o substantivo numa frase. São
utilizados de forma a tornar o discurso menos repetitivo, mais rico e
variado. Tal como os substantivos que substituem, variam em gênero
(masculino e feminino), número (plural e singular) e pessoa (1ª, 2ª ou 3ª
pessoa do discurso). Podem assumir a função de sujeito da oração.

48 Leitura e Produção de Texto


Exemplos
• Pedro sabe tocar piano.
• Ele sabe tocar piano. (Substitui o substantivo próprio Pedro.)
• Helena e Paulo foram ao cinema.
• Eles foram ao cinema. (Substitui os substantivos próprios Helena
e Paulo.)
• Alguns trabalhadores saíram mais cedo que outros trabalhadores.
• Alguns trabalhadores saíram mais cedo que outros. (Substitui o
substantivo comum trabalhadores.)
• Minha mãe está quase chegando. E a sua mãe?
• Minha mãe está quase chegando. E a sua? (Substitui o substantivo
comum mãe.)
• Este livro é muito bom. Levei o livro para a escola.
• Este livro é muito bom. Levei-o para a escola. (Substitui o
substantivo comum livro.)

Atenção
A classificação em pronome substantivo não invalida outras
classificações como pessoal, possessivo, demonstrativo,…

Exemplos
• Nós vamos embora agora. (pronome pessoal substantivo)
• Aquela caneta é a minha. (pronome possessivo substantivo)
• O meu filho é aquele. (pronome demonstrativo substantivo)
Pronomes são palavras que substituem ou determinam os substantivos.
Assim, podem assumir a função de pronomes substantivos ou de pronomes
adjetivos.

Pronomes relativos
São pronomes que se relacionam sempre com o termo da oração
que está antecedente ao mesmo, servindo ao mesmo tempo de elo de
subordinação das orações que iniciam, exercendo uma função sintática na
frase. Normalmente, introduzem as orações subordinadas adjetivas. Por
meio da utilização de pronomes relativos, evitamos a repetição dos termos
nas orações, sendo fácil relacioná-los e sintetizá-los.

Exemplos
• Orações simples: Este é o museu. Eu visitei o museu.
• Com pronome relativo: Este é o museu que eu visite.
• Orações simples: Eu comprei a blusa. A blusa é amarela.
• Com pronome relativo: Eu comprei a blusa que é amarela.

Elementos Gramaticais 49
Exemplos de pronomes relativos
Formas invariáveis: que, quem, onde.
Formas variáveis: o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos,
cujas, quanto, quanta, quantos, quantas.

Nota
Os pronomes relativos podem vir precedidos de preposição de acordo
com a regência verbal dos verbos da oração.

Uso dos pronomes relativos


Que: É o pronome relativo mais utilizado, sendo considerado um
pronome relativo universal. Refere-se a coisas ou a pessoas e pode ser
substituído por: o qual, a qual, os quais e as quais. Além disso, pode
aparecer precedido pelos pronomes demonstrativos o, a, os, as.

Exemplos
• Acabei de lavar o vestido que estava sujo de tinta.
• Já nem sei o que faço.
Quem: Refere-se somente a pessoas, nunca a coisas. Vem sempre
antecedido de preposição quando tem um antecedente explícito.

Exemplos
• Este é o garoto a quem sempre amei.
• É esta a professora de quem você falou?
Onde: É utilizado para indicar um lugar, podendo ser substituído
por: em que, no qual, na qual, nos quais e nas quais. Pode ser utilizado
juntamente com preposições, formando as palavras aonde e donde para
transmitir noções de movimento.

Exemplos
• Este é o apartamento onde vivi quando pequena.
• O hotel onde ficamos era cinco estrelas.

Qual e suas flexões: Vem sempre precedido de um artigo. Emprega-se


depois de preposições com duas sílabas ou mais e de locuções prepositivas.

Exemplos
• Pensei nisso naquela noite de tempestade, durante a qual não
consegui dormir.
• Li um livro sobre o qual nunca tinha ouvido falar nada.

50 Leitura e Produção de Texto


Quanto e suas flexões: Aparece depois dos pronomes indefinidos
tudo, tanto, todos, bem como suas flexões.

Exemplos
• Compre tanto quanto for preciso.
• Ele não fez tudo quanto havia prometido.

Cujo e suas flexões: Aparece entre dois substantivos e transmite


uma ideia de posse, sendo equivalente a: do qual, da qual, dos quais, das
quais, de que e de quem. Deve concordar em gênero e número com a coisa
possuída.

Exemplos
• Escolheram os alunos cujas notas foram exemplares.
• Preferem atletas cujo condicionamento físico está excelente.

Fique sabendo mais!


Os antecedentes com os quais os pronomes relativos se relacionam
podem ser um substantivo, um pronome, um adjetivo, um advérbio ou uma
oração. Contudo, com os pronomes quem e onde, é possível que sejam
utilizados na frase sem o antecedente, chamando-se então de pronomes
relativos indefinidos.

Exemplo
• Quem copiou na prova, foi reprovado.

Pronomes possessivos
Pronomes possessivos indicam, principalmente, uma relação de
posse, ou seja, indicam que alguma coisa pertence a uma das pessoas
do discurso. A forma que o pronome possessivo assume concorda com a
pessoa gramatical a que se refere (1ª, 2ª ou 3ª pessoa do discurso) e varia
em gênero (masculino e feminino) e número (plural e singular) de acordo
com aquilo que é possuído.

Exemplos de pronomes possessivos:


1.ª pessoa do singular (eu) - meu, minha, meus, minhas.
2.ª pessoa do singular (tu) - teu, tua, teus, tuas.
3.ª pessoa do singular (ele/ela) - seu, sua, seus, suas.
1.ª pessoa do plural (nós) - nosso, nossa, nossos, nossas.
2.ª pessoa do plural (vós) - vosso, vossa, vossos, vossas.
3.ª pessoa do plural (eles/elas) - seu, sua, seus, suas.

Elementos Gramaticais 51
Exemplos de concordância dos pronomes possessivos:
• Eu não dormi na minha cama.
• Tu não dormiste no teu quarto.
• Você não dormiu na sua cama.
• Nós não dormimos no nosso quarto.
• Vós não dormistes na vossa cama.
• Eles não dormiram nos seus quartos.

No caso do pronome possessivo determinar vários substantivos,


deverá concordar em gênero e número com o substantivo que estiver mais
próximo.

Exemplo: Nós trouxemos nossas roupas, sapatos e equipamento.

É facultativa a utilização de um artigo definido antes dos pronomes


possessivos.

Exemplos
• Meu irmão é muito bonito.
• O meu irmão é muito bonito.
• O diretor não ouviu minha intervenção.
• O diretor não ouviu a minha intervenção.

Os pronomes possessivos, além da noção de posse, podem transmitir


uma ideia de respeito, afeto, ofensa ou cálculo aproximado.

Exemplos
• Não se preocupe, minha senhora, nós resolveremos o assunto.
(Respeito)
• Meu filho, por favor, tenha cuidado! (Afeto)
• Seu irresponsável, você podia ter morrido! (Ofensa)
• Aquela estátua já deve ter seus 15 anos. (Cálculo aproximado)

Em algumas situações, os pronomes pessoais oblíquos podem assumir


valores equivalentes aos pronomes possessivos.

Exemplos
• A chuva molhou-te o cabelo. (Molhou o teu cabelo).
• Agarrei-lhe a mão. (Agarrei a sua mão).

52 Leitura e Produção de Texto


Ambiguidade na utilização de alguns pronomes
possessivos
A utilização dos pronomes possessivos na 3.ª pessoa do singular ou
do plural (seu, sua, seus, suas) pode originar dúvidas quanto ao elemento
possuidor. Para evitar ambiguidades, utilizam-se as formas contraídas
dele, dela, deles, delas.

Exemplo de ambiguidade de possuidor:


A professora proibiu que o aluno utilizasse seu dicionário.
(O dicionário é da professora ou do aluno?)

Exemplo de utilização das formas contraídas dele, dela, deles,


delas:
• A professora proibiu que o aluno utilizasse o dicionário dele.
• A professora proibiu que o aluno utilizasse o dicionário dela.

Pronomes possessivos adjetivos e substantivos


Os pronomes possessivos podem ser classificados ainda em pronome
possessivo adjetivo, quando acompanha, determina e modifica os
substantivos; e em pronome possessivo substantivo, quando substitui o
substantivo numa frase.

Exemplos
• Meu filho é indisciplinado. (pronome possessivo adjetivo)
• Aquela caneta é a minha. (pronome possessivo substantivo)

Atenção
Na frase “Seu Antônio, o senhor chegará hoje ou manhã?”, a palavra
seu não é um pronome possessivo, é uma alteração fonética da palavra
senhor.

Pronomes indefinidos
Referem-se sempre à 3.ª pessoa gramatical, indicando que algo
ou alguém é considerado de forma indeterminada. Existem pronomes
indefinidos invariáveis, variáveis em gênero e número e variáveis apenas
em número.

Pronomes indefinidos invariáveis:


• alguém, ninguém, outrem, tudo, nada, cada, algo.

Elementos Gramaticais 53
Pronomes indefinidos variáveis em gênero e número:
• algum, alguns, alguma, algumas;
• nenhum, nenhuns, nenhuma, nenhumas;
• todo, todos, toda, todas;
• outro, outros, outra, outras;
• muito, muitos, muita, muitas;
• pouco, poucos, pouca, poucas;
• certo, certos, certa, certas;
• vário, vários, vária, várias;
• tanto, tantos, tanta, tantas;
• quanto, quantos, quanta, quantas.

Pronomes indefinidos variáveis em número:


• qualquer, quaisquer;
• bastante, bastantes.
Além dos pronomes indefinidos, existem conjuntos de palavras
que atuam como pronomes indefinidos, sendo chamadas de  locuções
pronominais indefinidas.

Exemplos
• cada qual, cada um, todo aquele que, quem quer que, seja quem
for, seja qual for, qualquer um,…

Pronomes indefinidos substantivos e adjetivos


Alguns pronomes indefinidos são utilizados apenas como pronomes
indefinidos substantivos, substituindo o substantivo numa frase. É o caso
dos pronomes alguém, ninguém, outrem, algo, nada e tudo.

Exemplos
• Este livro é de alguém?
• Tudo é importante, nada deverá ser esquecido!

Outros pronomes indefinidos são utilizados majoritariamente como


pronomes indefinidos adjetivos, acompanhando o substantivo, mas
podendo ser utilizados também como pronomes indefinidos substantivos.
É o caso dos pronomes algum, nenhum, todo, outro, muito, pouco, vário,
tanto e quanto.

54 Leitura e Produção de Texto


Exemplos
• Nenhum homem teve coragem de se pronunciar contra aquela
tirania.
• Nenhum teve coragem de se pronunciar contra aquela tirania.
• Poucos alunos passaram para a oitava série.
• Poucos passaram para a oitava série.

Os pronomes indefinidos certo, cada e qualquer, deverão desempenhar


sempre a função de pronomes indefinidos adjetivos, vindo acompanhados
de substantivo. O pronome cada, na ausência de um substantivo, poderá
vir acompanhado de um numeral pronome, como um e qual: cada um ou
cada qual.

Exemplos
• Certas atitudes são incompreensíveis.
• Qualquer escolha será longamente ponderada.
• Cada pessoa deverá seguir o seu próprio caminho.
• Cada um deverá seguir o seu próprio caminho.
• Cada qual deverá seguir o seu próprio caminho.

Valores dos pronomes indefinidos


Nenhum x algum
O pronome indefinido nenhum assume sempre um sentido negativo.
Já o pronome indefinido algum assume um sentido afirmativo quando
anteposto ao substantivo e um sentido negativo quando posposto ao
substantivo.

Exemplos
• Nenhum motivo foi apresentado para a desistência da candidatura.
(sentido negativo)
• Motivo  algum foi apresentado para a desistência da candidatura.
(sentido negativo)
• Algum motivo foi apresentado para a desistência da candidatura?
(sentido afirmativo)

Ninguém x alguém
O pronome indefinido ninguém assume sempre um sentido negativo,
enquanto o pronome indefinido alguém assume um sentido afirmativo.
Ambos se referem a pessoas.

Elementos Gramaticais 55
Exemplos
• Com certeza, ninguém seguiu este caminho. (sentido negativo)
• Com certeza, alguém seguiu este caminho. (sentido afirmativo)

Nada x algo
O pronome indefinido nada assume sempre um sentido negativo,
enquanto o pronome indefinido algo assume um sentido afirmativo.
Ambos se referem a coisas.

Exemplos
• Não pretendia nada, além de uma vida descansada. (sentido
negativo)
• Queria sempre algo novo. (sentido afirmativo)

O pronome indefinido nada significa principalmente coisa nenhuma,


mas pode significar alguma coisa em frases interrogativas negativas.
Pode ainda assumir a função de advérbio quando acompanhado de um
substantivo.

Exemplos
• Não quero nada, obrigado! (coisa nenhuma)
• Você não viu nada de estranho ontem? (alguma coisa)
• Não fiquei nada feliz com meu resultado na prova. (advérbio)

Certo
O pronome certo apenas atua como pronome indefinido quando
anteposto ao substantivo, particularizando alguma coisa. Quando posposto
ao substantivo assume a função de um adjetivo, sinônimo de correto,
certeiro, garantido, combinado, apropriado, entre outros.

Exemplos
• Certos  alunos ficam para sempre na memória dos professores.
(pronome indefinido)
• O diretor tomou decisões certas. (adjetivo)

Qualquer
O pronome indefinido qualquer tem como principal função generalizar
uma situação. Contudo, assume um valor depreciativo quando posposto a
um artigo indefinido ou a um substantivo próprio.

56 Leitura e Produção de Texto


Exemplos
• Qualquer ajuda será bem-vinda. (sentido generalizador)
• Ele é apenas um qualquer. Nem me vou preocupar com suas
opiniões. (sentido depreciativo)

Todo e tudo
No singular, os pronomes indefinidos todo e tudo indicam a totalidade
das partes. No plural indicam uma totalidade numérica. O pronome todo
se refere unicamente a coisas, enquanto o pronome tudo pode se referir a
coisas ou pessoas.

Exemplos
• Ele comeu o bolo todo. (totalidade das partes)
• Todos os alunos realizaram a prova. (totalidade numérica)

Outro
O pronome indefinido outro pode indicar um momento passado ou
um momento futuro, como nas expressões outro dia (passado) e no outro
dia (futuro).

Exemplos
• Outro dia fui ver a exposição de pintura da minha tia.
• No outro dia, depois de regressar de viagem, irei ver a exposição
de pintura da minha tia.

Pronomes demonstrativos
Situam alguém ou alguma coisa no tempo, no espaço e no discurso,
em relação às próprias pessoas do discurso: quem fala, com quem se fala,
de quem se fala. Podem ser invariáveis ou variáveis em gênero (masculino
e feminino) e número (plural e singular). Possuem ainda uma finalidade
expressiva, reforçando algum termo anteriormente mencionado.

Pronomes demonstrativos variáveis:


1.ª pessoa: este, esta, estes, estas.
2.ª pessoa: esse, essa, esses, essas.
3.ª pessoa: aquele, aquela, aqueles, aquelas.

Pronomes demonstrativos invariáveis:


1.ª pessoa: isto.
2.ª pessoa: isso.
3.ª pessoa: aquilo.

Elementos Gramaticais 57
Pronomes demonstrativos combinados com preposições
Os pronomes demonstrativos contraem-se com as preposições a, em
e de.

Pronomes demonstrativos contraídos com preposições:


Preposição a – àquele, àquela, àqueles, àquelas, àquilo.
Preposição em – neste, nesta, nestes, nestas, nisto, nesse, nessa,
nesses, nessas, nisso, naquele, naquela, naqueles, naquelas, naquilo.
Preposição de – deste, desta, destes, destas, disto, desse, dessa, desses,
dessas, disso, daquele, daquela, daqueles, daquelas, daquilo.

Exemplos
• Eu moro nesta casa.
• Não gosto dessa sua maneira de ser.
• Entregue seu teste àquele professor.

Regras de utilização dos pronomes


demonstrativos
Este, esta, estes, estas, isto, neste, nesta, nestes, nestas, deste,
desta, destes, destas:
Usados quando o que está sendo demonstrado está perto da pessoa
que fala ou no tempo presente em relação à pessoa que fala. Usa-se ainda
para referir o que vai ser mencionado no discurso.

Exemplos
• Esta caneta aqui é minha.
• Este é o ano do meu casamento.
• Isto que está acontecendo é horrível!
• Isto será explicado mais à frente.
• Neste momento não tenho nada para fazer.
• Venha aqui e coloque tudo dentro deste recipiente.

Esse, essa, esses, essas, isso, nesse, nessa, nesses, nessas, desse,
dessa, desses, dessas:
Usados quando o que está sendo demonstrado está longe da pessoa
que fala e perto da pessoa a quem se fala ou num tempo passado recente em
relação à pessoa que fala. Usa-se ainda para referir o que foi mencionado
no discurso.

58 Leitura e Produção de Texto


Exemplos
• Essa caneta aí é sua.
• Esse foi o ano em que fui mãe.
• Isso que aconteceu foi horrível!
• Isso foi explicado na aula passada.
• Nesse dia eu estava nervosa porque tinha visto um acidente.
• Antes de ir embora, coloque tudo dentro desse recipiente que está
perto de você.

Aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo, naquele, naquela,


naqueles, naquelas, daquele, daquela, daqueles, daquelas:
Usados quando o que está sendo demonstrado está longe da pessoa
que fala e da pessoa a quem se fala. Também se usa para referir um
passado distante ou para referir algo que foi mencionado com uma grande
distância no discurso.

Exemplos
• Aquela caneta ali é dele.
• Aquele foi o melhor ano da minha infância.
• Aquilo foi o melhor de tudo.
• Ela partiu a perna naquele  fim de semana que fomos passear ao
campo.
• Este livro é daquele menino da 6ª série. Você sabe quem ele é?

Outros pronomes demonstrativos


Outras palavras atuam como pronomes demonstrativos. São variáveis
em gênero (masculino e feminino) e número (plural e singular), mas não
se relacionam com as três pessoas discursivas.

O, a, os, as
Quando acompanharem os pronomes que e qual, podendo ser
substituídos por aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo.

Exemplos
• Não entendi o que foi dito pelo apresentador. (aquilo que foi dito).
• Essa mochila não é a que eu comprei. (aquela que eu comprei).

Mesmo, mesma, mesmos, mesmas


Próprio, própria, próprios, próprias
Reforçam pronomes pessoais e se referem alguma coisa citada
anteriormente.

Elementos Gramaticais 59
Exemplos
• Ela mesma resolveu o assunto.
• Foram os próprios responsáveis que fizeram a confusão.

Tal, tais
Semelhante, semelhantes
Referem-se a um nome anteriormente citado e transmitem um sentido
completo (tal) ou incompleto (semelhante), podendo ser substituídos por
aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo, esse, essa, esses, essas, isso,
este, esta, estes, estas, isto. Estes dois pronomes podem ser utilizados
ironicamente.

Exemplos
• Não tenha semelhante atitude. (aquela atitude)
• Em tais momentos, não devemos reagir de cabeça quente. (nesses
momentos)

Pronomes demonstrativos adjetivos e substantivos


Os pronomes demonstrativos podem ser classificados ainda
em pronome demonstrativo adjetivo, quando acompanha, determina
e modifica os substantivos, e em  pronome demonstrativo substantivo,
quando substitui o substantivo numa frase.

Exemplos
• Aquela caneta é azul. (pronome demonstrativo adjetivo)
• O meu filho é aquele. (pronome demonstrativo substantivo)

2.2.6 Pontuação
Para que servem os sinais de pontuação? No geral, para representar
pausas na fala, nos casos do ponto, vírgula e ponto e vírgula; ou entonações,
nos casos do ponto de exclamação e de interrogação, por exemplo.
Além de pausa na fala e entonação da voz, os sinais de pontuação
reproduzem, na escrita, nossas emoções, intenções e anseios.
Vejamos aqui alguns empregos:

Vírgula (,)
É usada para:
a) separar termos que possuem mesma função sintática na oração: O
menino berrou, chorou, esperneou e, enfim, dormiu.
Nessa oração, a vírgula separa os verbos.

60 Leitura e Produção de Texto


b) isolar o vocativo: Então, minha cara, não há mais o que se dizer!
c) isolar o aposto: O João, ex-integrante da comissão, veio assistir à
reunião.
d) isolar termos antecipados, como complemento ou adjunto:
1. Uma vontade indescritível de beber água, eu senti quando olhei
para aquele copo suado! (antecipação de complemento verbal)
2. Nada se fez, naquele momento, para que pudéssemos sair!
(antecipação de adjunto adverbial)
e) separar expressões explicativas, conjunções e conectivos: isto é,
ou seja, por exemplo, além disso, pois, porém, mas, no entanto,
assim, etc.
f) separar os nomes dos locais de datas: Brasília, 30 de janeiro de
2009.
g) isolar orações adjetivas explicativas: O filme, que você indicou
para mim, é muito mais do que esperava.

Ponto-final (.)
É usado ao final de frases para indicar uma pausa total:
a) Não quero dizer nada.
b) Eu amo minha família.
E em abreviaturas: Sr., a. C., Ltda., vv., num., adj., obs.

Ponto de Interrogação (?)


O ponto de interrogação é usado para:
a) Formular perguntas diretas:
Você quer ir conosco ao cinema?
Desejam participar da festa de confraternização?
b) Para indicar surpresa, expressar indignação ou atitude de
expectativa diante de uma determinada situação:
• O quê? Não acredito que você tenha feito isso! (atitude de
indignação)
• Não esperava que fosse receber tantos elogios! Será que mereço
tudo isso? (surpresa)
• Qual será a minha colocação no resultado do concurso? Será a
mesma que imagino? (expectativa)

Ponto de Exclamação (!)  


Esse sinal de pontuação é utilizado nas seguintes circunstâncias:
a) Depois de frases que expressem sentimentos distintos, tais como:
entusiasmo, surpresa, súplica, ordem, horror, espanto:

Elementos Gramaticais 61
• Iremos viajar! (entusiasmo)
• Foi ele o vencedor! (surpresa)
• Por favor, não me deixe aqui! (súplica)
• Que horror! Não esperava tal atitude.  (espanto) 
• Seja rápido! (ordem)
b) Depois de vocativos e algumas interjeições:
• Ui! que susto você me deu. (interjeição)
• Foi você mesmo, garoto! (vocativo)
c) Nas frases que exprimem desejo:
• Oh, Deus, ajude-me! 

Observações dignas de nota:


• Quando a intenção comunicativa expressar, ao mesmo tempo,
questionamento e admiração, o uso dos pontos de interrogação e
exclamação é permitido. Observe:
Que que eu posso fazer agora?!
• Quando se deseja intensificar ainda mais a admiração ou qualquer
outro sentimento, não há problema algum em repetir o ponto de
exclamação ou interrogação.
Note:
Não!!! – gritou a mãe desesperada ao ver o filho em perigo.  

Ponto e vírgula (;)
É usado para:
a) separar itens enumerados:
A Matemática se divide em:
• geometria;
• álgebra;
• trigonometria;
• financeira.
b) separar um período que já se encontra dividido por vírgulas: Ele
não disse nada, apenas olhou ao longe, sentou por cima da grama;
queria ficar sozinho com seu cão.

Dois-pontos (:)
É usado quando:
a) se vai fazer uma citação ou introduzir uma fala:
Ele respondeu: não, muito obrigado!
b) se quer indicar uma enumeração:
Quero lhe dizer algumas coisas: não converse com pessoas
estranhas, não brigue com seus colegas e não responda à professora.

62 Leitura e Produção de Texto


Aspas (“”)
São usadas para indicar:
a) citação de alguém: “A ordem para fechar a prisão de Guantánamo
mostra um início firme. Ainda na edição, os 25 anos do MST e o
bloqueio de 2 bilhões de dólares do Oportunity no exterior” (Carta
Capital on-line, 30/01/09)
b) expressões estrangeiras, neologismos, gírias: Nada pode com a
propaganda de “outdoor”.

Reticências (...)
São usadas para indicar supressão de um trecho, interrupção ou dar
ideia de continuidade ao que se estava falando:
a) (...) Onde está ela, Amor, a nossa casa,
O bem que neste mundo mais invejo?
O brando ninho aonde o nosso beijo
Será mais puro e doce que uma asa? (...)
b) E então, veio um sentimento de alegria, paz, felicidade...
c) Eu gostei da nova casa, mas do quintal...

Parênteses ( )
São usados quando se quer explicar melhor algo que foi dito ou para
fazer simples indicações.
Ele comeu, e almoçou, e dormiu, e depois saiu. (o e aparece repetido
e, por isso, há o predomínio de vírgulas).

Travessão (–)
O travessão é indicado para:
a) Indicar a mudança de interlocutor em um diálogo:
• Quais ideias você tem para revelar?
• Não sei se serão bem-vindas.
• Não importa, o fato é que assim você estará contribuindo para
a elaboração deste projeto.
b) Separar orações intercaladas, desempenhando as funções da
vírgula e dos parênteses:   
• Precisamos acreditar sempre – disse o aluno confiante – que
tudo irá dar certo.
• Não aja dessa forma – falou a mãe irritada – pois pode ser
arriscado.

Elementos Gramaticais 63
c) Colocar em evidência uma frase, expressão ou palavra:
• O prêmio foi destinado ao melhor aluno da classe – uma pessoa
bastante esforçada. 
• Gostaria de parabenizar a pessoa que está discursando – meu
melhor amigo.

2.3 Na Prática
01) EFOMM – É inaceitável a pontuação na alternativa:
a) 1 cm., 2 cm., 1 m., 2 m., 1 g., 2 g., 1 kg., 1 h 20., 2 h 20 m 30 s.
b) De boa árvore, bons frutos.
c) Terminada a palestra, procure-nos.
d) Não chore, que será pior.
e) Eram dois – eu os vi pessoalmente – os assaltantes.

02) EFOMM – Assinale a alternativa em que o período está


corretamente pontuado:
a) Uns trabalhavam, esforçavam-se, exauriam-se; outros
gozavam, não pensavam no futuro.
b) “E agora José?”
c) Cauteloso que era, nunca revelava realmente, suas ideias.
d) Afirmavam, insistentes; era o reparo moral, que queriam, e
não o dinheiro.
e) Com as graças de Deus, vou indo caríssima Rosália.

03) UFRRJ – Marco Túlio Cícero, tão famoso quanto Demóstenes


na área da retórica, sempre dizia:
Prefiro a virtude do medíocre ao talento do velhaco.
Neste período está faltando um sinal de pontuação:
a) vírgula;
b) ponto e vírgula;
c) ponto de exclamação;
d) aspas;
e) reticência.

04) Assinale o item em que todas as palavras são acentuadas pela


mesma regra de: também, incrível e caráter.
a) alguém, inverossímil, tórax 
b) hífen, ninguém, possível 
c) têm, anéis, éter 
d) há, impossível, crítico
e) pólen, magnólias, nós

64 Leitura e Produção de Texto


05) Assinale a alternativa correta
a) Não se deve colocar acento circunflexo em palavra como avo,
bisavo, porque há palavras homógrafas com pronúncia aberta 
b) Não se deve colocar acento grave no a do contexto: Fui a
cidade
c) Não se deve colocar trema em palavras como tranquilo,
linguiça, sequência
d) Não se deve colocar trema em palavras derivadas como
avozinho, vovozinho
e) O emprego do trema é facultativo

06) Assinale a opção em que as palavras, quanto à acentuação


gráfica, estejam agrupadas pelo mesmo motivo gramatical.
a) problemáticos, fácil, álcool
b) já, até, só 
c) também, último, análises
d) porém, detêm, experiência 
e) país, atribuíram, cocaína

07) A única alternativa que possui, pelo menos, uma palavra


indevidamente acentuada é:
a) fórceps-avícola 
b) lábaro-néctar. 
c) homília-hieróglifo. 
d) ístmo-resfolego 
e) bólido-interim.

08) “O pobre fica ___ meditar, ___ tarde, indiferente ___ que
acontece ao seu redor”.
a) à – a – aquilo
b) a – a – àquilo 
c) a – à – àquilo 
d) à – à – aquilo 
e) à – à – àquilo

09) Chegou-se _____ conclusão de que a escola também é importante


devido _____ merenda escolar que é distribuída gratuitamente
_____ todas as crianças.
a) à – à – à 
b) a – à – a 
c) a – à – à 
d) à – à – a 
e) à – a – a

Elementos Gramaticais 65
10) Quanto _____ problema, estou disposto, para ser coerente
__________ mesmo, _____ emprestar-lhe minha colaboração.
a) aquele – para mim – a 
b) àquele – comigo – a 
c) aquele – comigo – à 
d) aquele – por mim – a 
e) àquele – para mim – à

11) Dentre as frases abaixo, escolha aquela em que há, de fato, flexão
de grau para o substantivo.
a) O advogado deu-me seu cartão.
b)  Deparei-me com um portão, imenso e suntuoso.
c) Moravam num casebre, à beira do rio.
d) A abelha, ao picar a vítima, perde seu ferrão.
e) A professora distribuiu as cartilhas a todos os alunos.

12) Indique a alternativa correta no que se refere ao plural dos


substantivos compostos casa-grande, flor-de-cuba, arco-íris e
beija-flor.
a)  casa-grandes, flor-de-cubas, os arco-íris, beijas-flor
b)  casas-grandes, flores-de-cuba, arcos-íris, beijas-flores
c)  casas-grande, as flor-de-cubas, arcos-íris, os beija-flor
d)  casas-grande, flores-de-cuba, arcos-íris, beijas-flores
e)  casas-grandes, flores-de-cuba, os arco-íris, beija-flores

13) Assinale a alternativa em que há gênero aparente na relação


masculino/feminino dos pares.
a)  boi – vaca
b)  homem – mulher
c)  cobra macho – cobra fêmea
d) o capital – a capital
e) o cônjuge (homem)– o cônjuge (mulher)

14) Numa das frases seguintes, há uma flexão de plural totalmente


errada. Assinale-a.
a)  Os escrivães serão beneficiados por essa lei.
b)  O número mais importante é o dos anõezinhos.
c)  Faltam os hifens nesta relação de palavras.
d)  Fulano e Beltrano são dois grandes caráteres.
e)  Os reptis são animais ovíparos.

66 Leitura e Produção de Texto


15) “Os homens são os melhores fregueses” – os melhores encontra-
se no grau:
a)  comparativo de superioridade.
b)  superlativo relativo de superioridade.
c)  superlativo absoluto sintético.
d)  superlativo absoluto analítico de superioridade.

16) Os adjetivos Iígneo, gípseo, níveo, braquial significam,


respectivamente:
a) lenhoso, feito de gesso, alvo, relativo ao braço.
b) lenhoso, feito de gesso, nivelado, relativo ao crânio.
c) lenhoso, rotativo, abalizado, relativo ao crânio.
d) associado, rotativo, nivelado, relativo ao braço.
e) associado, feito de gesso, abalizado, relativo ao crânio.

17) Aponte a alternativa incorreta quanto à correspondência entre a


locução e o adjetivo.
a)  glacial (de gelo); ósseo (de osso)
b)  fraternal (de irmão); argênteo (de prata)
c)  farináceo (de farinha); pétreo (de pedra)
d) viperino (de vespa); ocular (de olho)
e)  ebúrneo (de marfim); insípida (sem sabor)

18) Assinale a alternativa em que ambos os adjetivos não se


flexionam em gênero.
a)  elemento motor, tratamento médico-dentário
b)  esforço vão, passeio matinal
c) juiz arrogante, sentimento fraterno
d)  cientista hindu, homem célebre
e)  costume andaluz, manual Iúdico-instrutivo

2.4 O que aprendemos?


Nessa unidade aprendemos a trabalhar com alguns elementos da
gramática normativa da língua portuguesa, como:
• Trabalhar com a pontuação;
• Identificar as crases e o uso da crase nas orações;
• Usar os diferentes tipos de substantivos;
• Utilizar das formas e flexões dos adjetivos;
• Empregar os pronomes em orações;
• E aplicar o uso da acentuação de acordo com a norma padrão da
língua portuguesa e o novo acordo ortográfico.

Elementos Gramaticais 67
2.5 Referências
Adjetivos. Disponível em: <http://www.normaculta.com.br/
adjetivos/> acesso em 20/ago/2014

Adjetivos. Disponível em: <http://www.significados.com.br/


adjetivo/> acesso em 20/ago/2014

Crase. Disponível em: <http://www.tudosobreconcursos.com/


materiais/portugues/crase-regras> acesso em 20/ago/2014

FERREIRA, Mauro. Aprender e praticar gramática. Ed renovada. São


Paulo: FTD, 2007.

PEREZ, Ana Gabriela Figueiredo. Rachacuca. Disponível em


<http://rachacuca.com.br/educacao/portugues/regras-de-acentuacao-
grafica/> Acesso em: 20/ago/2014

Pronomes. Disponível em: <http://www.normaculta.com.br/


busca/?q=Pronomes> acesso em 20/ago/2014

Substantivos. Disponível em: <http://www.todamateria.com.br/


substantivos/> acesso em 20/ago/2014

Tipos de Substantivos. Disponível em <http://www.normaculta.


com.br/tipos-de-substantivos/> acesso em 20/ago/2014

VILARINHO, Sabrina; DUARTE, Vânia. Sinais de Pontuação.


Disponível em: <http://www.brasilescola.com/redacao/pontuacao.
htm> acesso em 20/ago/2014

68 Leitura e Produção de Texto


Anotações

Elementos Gramaticais 69
Anotações

70 Leitura e Produção de Texto


3
COESÃO E COERÊNCIA

3.1 Ponto de Partida


3.2 Roteiro do conhecimento
3.2.1 Coerência
3.2.2 Coesão
3.3 Glossário
3.4 Na prática
3.5 O que aprendemos?
3.6 Referências
Leitura e Produção de Texto
3 COESÃO E COERÊNCIA
3.1 Ponto de Partida
Caro estudante,
Chegamos à terceira unidade, aqui serão trabalhados os conceitos de
coesão e coerência da língua, os elementos fundamentais para que haja
uma comunicação limpa, sem qualquer tipo de ruído.
Os elementos da coesão e da coerência, que serão apresentados aqui
têm por finalidade:
• Empregar os micros elementos da comunicação;
• Trabalhar com textos coesos;
• Aprofundar o conhecimento obtido;
• Lidar com diferentes objetos textuais, com finalidade de passar
uma ideia ou mensagem;
• Verificar os elementos textuais no macrocontexto;
• Entender o significado de coesão e coerência e sua aplicabilidade.
Bons estudos!

3.2 Roteiro do Conhecimento


Um dos problemas encontrados com mais frequência nos textos é a
falta de coesão e de coerência. É comum encontrarmos textos que iniciam
com um tema e terminam com outro, mostrando falta de unidade e de
coerência. Além da falta de coerência, há falta de coesão, o que torna,
muitas vezes, os períodos ininteligíveis.
Mas, o que é coerência e o que é coesão?

3.2.1 Coerência
O conceito de coerência refere-se ao nexo entre ideias, acontecimentos,
circunstâncias. A coerência é um resultado da não contradição entre as
partes do texto e do texto em relação ao mundo. É um instrumento que o
autor vai usar para conseguir encaixar as “peças” do texto e dar sentido
completo a ele.
Todo texto é composto por uma macroestrutura e uma microestrutura.
A macroestrutura refere-se à coerência, ou seja, à manutenção
da mesma referência temática em toda extensão. Para que ela exista é
necessário:

Coesão e Coerência 73
a) harmonia de sentido de modo a não ter nada ilógico, nada desconexo;
b) relação entre as partes do texto, criando uma unidade de sentido;
c) as partes devem estar inter-relacionadas;
d) expor uma informação nova e expandir o texto;
e) não apresentar contradições entre as ideias;
f) apresentar um ponto de vista, uma nova visão de mundo.
Mas, a coerência é uma característica textual que depende da
interação do texto, do seu produtor e daquele que procura compreendê-lo.
Muito depende do receptor, de seu conhecimento de mundo, da situação
de produção do texto e do grau de domínio dos elementos linguísticos
constantes do texto.
Veja no exemplo abaixo a falta desse domínio, o que parece tornar o
texto incoerente.
Eu gosto tanto de frango, mas tenho medo de gripe aviária.
– Ah, mas só dá na Ásia, responderam.
– Justo na parte de que eu mais gosto!?
(Folha de São Paulo, 18 de março de 2006, p. E13)

Tipos de Coerência
• Coerência semântica (relação dos significados dos elementos das
frases em sequência)

• Coerência sintática (refere-se a conectivos, pronomes)


Ex: Educação, problema universal que por direito todo indivíduo
deve ter acesso.

74 Leitura e Produção de Texto


• Coerência estilística (mistura de registros linguísticos)
Ex: Uso de gírias em textos acadêmicos.

• Coerência pragmática (sequência de atos de fala)


Os atos da fala devem satisfazer as condições presentes em uma
dada situação comunicativa.
Ex: – Você pode me emprestar seu livro do Guimarães Rosa?
– Hoje eu comi um chocolate que é uma delícia.

Exemplo de um texto incoerente


O quarto-zagueiro Edinho Baiano, do Paraná Clube, foi entrevistado
por um repórter da rádio Cidade.
O Paraná tinha tomado um balaio de gols do Guarani de Campinas,
alguns dias antes. O repórter queria saber o que tinha acontecido. Edinho
não teve dúvidas sobre os motivos:
– Como a gente já esperava, fomos surpreendidos pelo ataque do
Guarani.

Exemplos de textos incoerentes em anúncios

Será que eles descansam trabalhando?


Em uma campanha publicitária, um anúncio, propaganda, placa
ou outdoor é de extrema importância prestar atenção ao que você
está anunciando e como o fazer, para que seu anúncio não seja
contraditório ao seu produto.

Coesão e Coerência 75
Na semana dele domingo não é dia!?

Pérolas do Vestibular
“A fé é uma graça através da qual podemos ver o que não vemos.”
“O objetivo da Sociedade Anônima é ter muitas fábricas
desconhecidas.”
“O Ateísmo é uma religião anônima.”
“O problema fundamental do terceiro mundo é a superabundância de
necessidades.”
“A diferença entre o Romantismo e o Realismo é que os românticos
escrevem romances e os realistas nos mostram como está a situação do
país.”
“O Chile é um país muito alto e magro.”
“Em Esparta as crianças que nasciam mortas eram sacrificadas.”

3.2.2 Coesão
Coesão é a conexão, ligação, harmonia entre os elementos de um
texto.
Diz respeito às articulações gramaticais existentes entre as palavras,
orações, frases, parágrafos e partes maiores de um texto que garantem sua
conexão sequencial.
Para que o texto seja coeso, deve seguir pelo menos um dos
mecanismos de coesão:
a) Retomada de termos, expressões ou frases já ditas.
b) Encadeamento de segmentos do texto, feito com conectores ou
operadores discursivos, tais como então, portanto, mas, já que,
porque...

76 Leitura e Produção de Texto


Tipos de Coesão
• Coesão por referência (são elementos de referência os pronomes
pessoais, possessivos, demonstrativos e os advérbios de lugar.)
Ex: Foi à Europa e lá foi feliz.
• Coesão lexical:
• por sinônimo
• por hiperônimos (palavras que correspondem ao gênero do
termo a ser retomado)
• por repetição do mesmo item
• por substituição (colocação de um item num lugar de um outro
segmento)

Exemplo de texto coeso


Observe a coesão presente no texto a seguir:
“Os sem-terra fizeram um protesto em Brasília contra a política
agrária do país, porque consideram injusta a atual distribuição de terras.
Porém o ministro da Agricultura considerou a manifestação um ato de
rebeldia, uma vez que o projeto de Reforma Agrária pretende assentar
milhares de sem-terra.”
JORDÃO, R., BELLEZI C. Linguagens. São Paulo: Escala Educacional, 2007, 566 p

Coesão e Coerência 77
Texto sem elementos de coesão
“... É só isso, não tem mais jeito, acabou, boa sorte não tem o que
dizer, são só palavras, saiba que o que eu sinto não mudará...”
(composição: Vanessa Da Mata feat. Ben Harper)

Veja a mesma canção com os elementos de coesão


Se é só isso, então não tem mais jeito, por isso acabou, desejo-
lhe boa sorte e não se preocupe não tem nada o que dizer, isso são só
palavras, mas saiba que e o que eu sinto por você não mudará...”

3.3 Glossário
Macroestrutura: Estrutura de dimensão superior que engloba outras
estruturas menores que pode ser composta em elementos menores.
Microestrutura: Estrutura de dimensão inferior que pertence à outra
estrutura mais vasta. Pormenorização de uma estrutura.

3.4 Na Prática
1) Um dos problemas encontrados com mis frequência nos textos é
a falta de coesão e de coerência. É comum encontrarmos textos
que iniciam com um tema e terminam com outro, mostrando falta
de unidade e de coerência. Além da falta de coerência, há falta de
coesão, o que torna, muitas vezes, os períodos ininteligíveis. Mas,
o que é coerência?
a) O conceito de coerência refere-se ao nexo entre ideias,
acontecimentos, circunstâncias. A coerência é um resultado da
não contradição entre as partes do texto e do texto em relação ao
mundo. É um instrumento que o autor vai usar para conseguir
encaixar as “peças” do texto e dar sentido completo a ele.
b) A coerência é uma característica textual que depende da
interação do meio, do seu produtor e não daquele que procura
compreendê-lo. Muito depende do receptor, de seu conhecimento
de mundo, mas, não da situação de produção do texto e do grau
de domínio dos elementos linguísticos constantes do texto.
c) A coerência é uma característica não textual que depende da
interação do texto, do seu produtor e daquele que procura
compreendê-lo. Muito depende do canal, de seu conhecimento
de mundo, da situação de produção do texto e do grau de
domínio dos elementos linguísticos constantes do texto.

78 Leitura e Produção de Texto


d) O conceito de coerência refere-se ao nexo entre ideias,
acontecimentos, circunstâncias. A coerência é um resultado da
não contradição entre as partes do texto e do texto em relação ao
mundo. É um instrumento que o autor vai usar para conseguir
encaixar as “peças” do texto e dar sentido completo a ele.
e) A microestrutura refere-se à coerência, ou seja, à manutenção
da mesma referência temática em toda extensão.

2) Na frase: “Em Esparta as crianças que nasciam mortas eram


sacrificadas”. Está presente um erro de:
a) Coesão
b) Coerência
c) Grafia
d) Vício de Linguagem
e) Concordância

3)
(TRF) A forma que substitui adequadamente a palavra mas, no
trecho “compele os homens a se defrontar com a realidade não
do ponto de vista da realização do prazer, mas  do dever fazer”,
mantendo o sentido original, é:
a) senão que também;
b) senão;
c) não obstante;
d) no entanto;
e) quando não.

4)
(TRF) O pronome sublinhado em “Não surpreende que assim seja,
porque desta definição depende em parte o estabelecimento das
credenciais dos atores que hoje estão envolvidos na luta dos negros
pelo lugar na sociedade brasileira que nem a abolição, nem os cem
anos que a seguiram lhes propiciaram.” está em clara referência ao
termo:
a) negros;
b) atores;
c) credenciais;
d) cem anos;
e) envolvidos.

Coesão e Coerência 79
5) (TRF) O pronome destacado em “... e a frente do movimento pelo
fim das discriminações raciais. Ambas são políticas, mas a primeira
O é de forma mediatizada” tem a função de substituir, no texto:
a) o adjetivo político;
b) o substantivo discriminações;
c) o verbo ser;
d) o substantivo movimento;
e) o numeral primeira.

3.5 O que aprendemos?


Nessa unidade aprendemos que:
• A diferença entre coesão e coerência está na macro e na
microestrutura;
• A coerência é o nexo entre as ideias de um texto;
• A coesão é a harmonia entre os elementos de um texto;
• Um texto para ser coeso deve seguir a retomada ou o encadeamento
de ideias;
• Que a coesão, ou a falta dela, pode se dar por diferentes tipos.

3.6 Referências
“macroestrutura”, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa
[em linha], 2008-2013, <http://www.priberam.pt/DLPO/macro
estrutura> [consultado em 21-08-2014].

ARAUJO, Ana Paula. Coesão e Coerência Textual. Disponível em:


<http://www.infoescola.com/redacao/coesao-e-coerencia-textual/>
Acesso em 21 ago. 2014.

CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português


Contemporâneo. 3 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001

GARCIA, Othon Moacyr. Comunicação em prosa moderna. Rio de


Janeiro:Fundação Getúlio Vargas,2006.

HOUAISS, Antônio et al. Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua


Portuguesa. São Paulo: Objetiva,2001.[CD-ROOM].

microestrutura, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa


[em linha], 2008-2013, <http://www.priberam.pt/DLPO/micro
estrutura> [consultado em 21-08-2014].

PLATÃO e FIORIN. Lições de texto: leitura e redação. 5 ed. São


Paulo: Ática, 2006.

80 Leitura e Produção de Texto


Anotações

Coesão e Coerência 81
Anotações

82 Leitura e Produção de Texto


4
FUNÇÕES DA LINGUAGEM

4.1 Ponto de partida


4.2 Roteiro do conhecimento
4.2.1 Função Referencial ou Denotativa
4.2.2 Função Conativa ou Apelativa
4.2.3 Função Emotiva ou Expressiva
4.2.4 Função Metalinguística
4.2.5 Função Fática
4.2.6 Função Poética
4.3 Glossário
4.4 Na prática
4.5 O que aprendemos?
4.6 Referências
Leitura e Produção de Texto
4 FUNÇÕES DA LINGUAGEM

4.1 Ponto de Partida


Caro estudante,
Nessa unidade conheceremos e trabalharemos as funções da
linguagem, não esquecendo que funções da linguagem não são figuras
de linguagem. As funções da linguagem estão diretamente ligadas a cada
elemento da comunicação, como visto na unidade anterior, como existem
seis elementos fundamentais da comunicação, também existirão seis
funções da linguagem.
Ao final desta unidade, você estará habilitado a:
• Compreender melhor o processo de comunicação;
• Utilizar os elementos das funções da linguagem;
• Trabalhar as diferentes habilidades da linguagem;
• Diferenciar as funções dentro do contexto social.
• Empregar com clareza as funções da linguagem no cotidiano.
Bons estudos!

4.2 Roteiro do conhecimento


Estamos imersos em meio a um cotidiano estritamente social, no
qual nos interagimos com nossos semelhantes por meio da linguagem. A
mesma permite-nos revelarmos nossos sentimentos, expressarmos nossas
opiniões, trocarmos informações no intuito de ampliarmos nossa visão de
mundo, dentre outros benefícios.
A cada mensagem que enviamos ou recebemos, seja esta de natureza
verbal ou não verbal, estamos compartilhando com um discurso que se
pauta por finalidades distintas, ou seja, entreter, informar, persuadir,
emocionar, instruir, aconselhar, entre outros propósitos.
O objetivo de qualquer ato comunicativo está vinculado à intenção de
quem o envia, no caso, o emissor. Dessa forma, de acordo com a natureza
do discurso presente na relação emissor x interlocutor, a linguagem assume
diferentes funções, todas elas portando-se de características específicas.
O emissor, ao transmitir uma mensagem, sempre tem um objetivo:
informar algo, demonstrar seus sentimentos, convencer alguém a fazer
algo, entre outros; consequentemente, a linguagem passa a ter uma função,
que são as seguintes:

Funções da Linguagem 85
• Função Referencial;
• Função Conativa;
• Função Emotiva;
• Função Metalinguística;
• Função Fática;
• Função Poética.
Obs.: Em um mesmo contexto, duas ou mais funções podem ocorrer
simultaneamente: uma poesia em que o autor discorra sobre o que ele sente
ao escrever poesias tem as linguagens poética, emotiva e metalinguística
ao mesmo tempo.

As funções para a linguagem foram bem


caracterizadas em 1960, por um famoso
linguista russo chamado Roman Jakobson,
num célebre ensaio intitulado “Linguística e
Poética”.

4.2.1 Função Referencial ou Denotativa


Quando o objetivo do emissor é informar, ocorre a função referencial,
também chamada de denotativa ou de informativa. São exemplos de
função denotativa a linguagem jornalística e a científica.
Por exemplo:
– Numa cesta de vime há um cacho de uvas, duas laranjas, dois
limões, uma maçã verde, uma maçã vermelha e uma pera.
Transmite uma informação objetiva, expõe dados da realidade de
modo objetivo, não faz comentários, nem avaliação. Geralmente, o texto
apresenta-se na terceira pessoa do singular ou plural, pois transmite
impessoalidade. A linguagem é denotativa, ou seja, não há possibilidades
de outra interpretação além da que está exposta.
Em alguns textos é mais predominante essa função, como: científicos,
jornalísticos, técnicos, didáticos ou em correspondências comerciais.
Por exemplo: “Bancos terão novas regras para acesso de deficientes”.
O Popular, 16 out. 2008.

4.2.2 Função Conativa ou Apelativa


Ocorre a função conativa, ou apelativa, quando o emissor tenta
convencer o receptor a praticar determinada ação. É comum o uso do
verbo no Imperativo. Por exemplo:

86 Leitura e Produção de Texto


– Compre aqui e concorra a este lindo carro
 É uma tentativa do emissor de convencer o receptor a praticar a ação
de comprar ali.
A ênfase está diretamente vinculada ao receptor, na qual o discurso
visa persuadi-lo, conduzindo-o a assumir um determinado comportamento.
Essa modalidade encontra-se presente na linguagem publicitária de uma
forma geral e traz como característica principal, o emprego dos verbos no
modo imperativo.

O objetivo é de influenciar, convencer o receptor de alguma coisa por


meio de uma ordem (uso de vocativos), sugestão, convite ou apelo (daí
o nome da função). Os verbos costumam estar no imperativo (Compre!
Faça!) ou conjugados na 2ª ou 3ª pessoa (Você não pode perder! Ele vai
melhorar seu desempenho!). Esse tipo de função é muito comum em
textos publicitários, em discursos políticos ou de autoridades.

4.2.3 Função Emotiva ou Expressiva


Nesta, há um envolvimento pessoal do emissor, que comunica seus
sentimentos, emoções, inquietações e opiniões centradas na expressão do
próprio “eu”, levando em consideração o seu mundo interior. Para tal, são
utilizados verbos e pronomes em 1ª pessoa, muitas vezes acompanhados

Funções da Linguagem 87
de sinais de pontuação, como reticências, pontos de exclamação, bem
como o uso de onomatopeias e interjeições. 

Soneto de Fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento


Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento


E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure


Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):


Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinícius de Moraes

O objetivo do emissor é transmitir suas emoções e anseios. A


realidade é transmitida sob o ponto de vista do emissor, a mensagem é
subjetiva e centrada no emitente e, portanto, apresenta-se na primeira
pessoa. A pontuação (ponto de exclamação, interrogação e reticências)
é uma característica da função emotiva, pois transmite a subjetividade
da mensagem e reforça a entonação emotiva. Essa função é comum em
poemas ou narrativas de teor dramático ou romântico.

4.2.4 Função Metalinguística


É a utilização do código para falar dele mesmo: uma pessoa falando
do ato de falar, outra escrevendo sobre o ato de escrever, palavras que
explicam o significado de outra palavra. Por exemplo:
  – Escrevo porque gosto de escrever. Ao passar as ideias para o
papel, sinto-me realizado...

88 Leitura e Produção de Texto


A linguagem tem função metalinguística quando o uso do código tem
por finalidade explicar o próprio código.]

Catar Feijão 

Catar feijão se limita com escrever:


joga-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.
2. 
Ora, nesse catar feijão entra um risco:
o de que entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a como o risco.
João Cabral de Melo Neto

4.2.5 Função Fática


O objetivo do emissor é estabelecer o contato, verificar se o receptor
está recebendo a mensagem de forma autêntica, ou ainda visando prolongar
o contato. Há o predomínio de expressões usadas nos cumprimentos como:
bom dia, Oi!. Ao telefone (Pronto! Alô!) e em outras situações em que se
testa o canal de comunicação (Está me ouvindo?). 
– Alô! Como vai?
– Tudo bem, e você?
– Vamos ao cinema hoje?
– Prometo pensar no assunto. Retorno mais tarde para decidirmos
o horário.
A função fática ocorre quando o emissor quebra a linearidade de sua
comunicação, a fim de observar se o receptor o entendeu. São perguntas
como não é mesmo?, você está entendendo?, cê tá ligado?, ouviram?,
ou frases como alô!, oi.

Funções da Linguagem 89
O objetivo dessa função é estabelecer uma relação com o emissor,
um contato para verificar se a mensagem está sendo transmitida ou para
dilatar a conversa.

4.2.6 Função Poética


É a linguagem das obras literárias, principalmente das poesias, em
que as palavras são escolhidas e dispostas de maneira que se tornem
singulares. Por exemplo:

Clímax

No peito a mata
aperta o pranto
do olhar do louco
pra meia-lua.
O clímax da noite,
escorrendo orvalho como estrelas,
refletindo nas águas
da cachoeira gelada.
Cabeça caída, cabelos escorridos,
pelos eriçados pela emoção nativista.
Segurem as florestas, mãos fortes,
decididas!
Ficar o vazio é não ter a noite
é não ter o clímax.
O clímax da vida!
(Dílson Catarino)

Nesta modalidade, a ênfase encontra-se centrada na elaboração da


mensagem. Há um certo cuidado por parte do emissor ao elaborar a
mensagem, no intuito de selecionar as palavras e recombiná-las de acordo
com seu propósito. Encontra-se permeada nos poemas e, em alguns casos,
na prosa e em anúncios publicitários.

Canção 

Ouvi cantar de tristeza,


porém não me comoveu.
Para o que todos deploram.
que coragem Deus me deu!

90 Leitura e Produção de Texto


Ouvi cantar de alegria.
No meu caminho parei.
Meu coração fez-se noite.
Fechei os olhos. Chorei.

[...]
Cecília Meireles

Observação:
Nem toda poesia tem a função poética. Vale lembrar que Em um
mesmo texto podem aparecer várias funções da linguagem. O importante
é saber qual a função predominante no texto, para então defini-lo.

4.3 Glossário
Interlocutor: Cada uma das pessoas que toma parte numa conversação.
O que fala em nome de vários.

4.4 Na Prática

TEXTO III

Nova Poética
Vou lançar a teoria do poeta sórdido.
Poeta sórdido:
Aquele em cuja poesia há a marca suja da vida.
Vai um sujeito,
Saí um sujeito de casa com a roupa de brim branco
[muito bem engomada, e na primeira esquina passa um
[caminhão, salpica-lhe o paletó ou a calça de uma nódoa de lama:
É a vida
O poema deve ser como a nódoa no brim:
Fazer o leitor satisfeito de si dar o desespero [...]
Manuel Bandeira

01) As funções de linguagem predominante no Texto III são:


a) Poética e metalinguística.
b) Conativa e referencial.
c) Referencial e emotiva.
d) Metalinguística e conativa.
e) Emotiva e referencial.

Funções da Linguagem 91
02) As funções de linguagem predominantes no texto acima se
justificam pelos seguintes fatores.
a) Sentimentalismo e informatividade.
b) Metadiscursividade e interpelação ao leitor.
c) Informatividade e sentimentalismo.
d) Interpelação ao leitor e informatividade.
e) Criatividade linguística e metadiscursividade.

03) Leia a estrofe abaixo:


“Oh! ter vinte anos sem gozar de leve
A ventura de uma alma de donzela!
E sem na vida ter sentido nunca

Na suave atração de um róseo corpo


Meus olhos turvos se fechar de gozo!
Álvares de Azevedo

A presença da interjeição, as exclamações e a 1ª pessoa gramatical


identificam no texto a função da linguagem:
a) Poética.
b) Conativa.
c) Referencial.
d) Metalinguística.
e) Emotiva.

04) Marque a sequência correta com relação a funções da linguagem.

1)

92 Leitura e Produção de Texto


2)

3) Alô! Está me escutando?


Marque a alternativa correspondente a cada função da
linguagem.
a) Apelativa – Metalinguística – Fática
b) Fática – Referencial – Apelativa
c) Metalinguística – Conativa – Fática
d) Emotiva – Metalinguística – Conativa
e) Fática – Apelativa – poética

05) Leia o excerto abaixo extraído de uma suposta entrevista com


Riobaldo, de Grande sertão: veredas.

“Mire e veja o leitor e a leitora: se não houvesse Brasil, não


haveria ‘Grande sertão: veredas’, não haveria Riobaldo. Deviam
ter pensado que pelo menos para isso serviu. E o resto é silêncio.
Ou melhor, mais uma pergunta senhor Riobaldo. O que é silêncio?
O senhor sabe o que o silêncio é? É a gente mesmo, demais.”
Alberto Pompeu de Toledo, Veja.

Acima, predominam as seguintes funções da linguagem:


a) Poética e fática.
b) Conativa e metalinguística.
c) Referencial e expressiva.
d) Metalinguística e emotiva.
e) Emotiva e poética.

Funções da Linguagem 93
06) Leia atentamente o texto abaixo:
A biosfera, que reúne todos os ambientes onde se desenvolvem
os seres vivos, se divide em unidades menores chamadas
ecossistemas, que podem ser uma floresta, um deserto e até um
lago. Um ecossistema tem múltiplos mecanismos que regulam o
número de organismos dentro dele, controlando sua reprodução,
crescimento e migrações.
DUARTE, M. O guia dos curiosos.
São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

Predomina no texto a função da linguagem


a) Referencial, porque o texto trata de noções e informações
conceituais.
b) Conativa, porque o texto procura orientar comportamentos do
leitor.
c) Poética, porque o texto chama a atenção para os recursos de
linguagem.
d) Fática, porque o texto testa o funcionamento do canal de
comunicação.
e) Emotiva, porque o autor expressa seu sentimento em relação à
ecologia.

4.5 O Que Aprendemos?


Nessa unidade você aprendeu que:
• Existem seis funções da linguagem;
• Que cada uma das funções é direcionada a um interlocutor da
comunicação;
• Num texto pode haver mais de uma função, mais somente uma irá
predominar;
• Que as funções não se anulam e sim, se completam;

4.6 Referências
CATARINO, Dílson. Dicas de Português: Teoria da comunicação.
Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/folha/fovest/teoria_
comunicacao.shtml> Acesso em: 23 ago. 2014.

DUARTE, Vânia Maria do Nascimento. Funções da Linguagem.


Disponível em: <http://www.portugues.com.br/redacao/funcoes-
linguagem-.html> acesso em: 21/ago/2014

94 Leitura e Produção de Texto


Funções da Linguagem. In Só Português. Disponível em: <http://
www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil14.php> acesso em: 21/
ago/2014

interlocutor, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha],


2008-2013, <http://www.priberam.pt/DLPO/interlocutor> acesso em
22-08-2014].

LARANJEIRA, Caio. Letras e Armas: Exercícios sobre funções


da linguagem. Disponível em: <http://letrasearmas.blogspot.com.
br/2013/02/exercicios-sobre-funcoes-da-linguagem.html> acesso
em: 22/ago/2014

VILARINHO,Sabrina. Funções da Linguagem. Disponível em:


<http://www.brasilescola.com/gramatica/funcoes-linguagem.htm>
acesso em: 21/ago/2014

Anotações

Funções da Linguagem 95
Anotações

96 Leitura e Produção de Texto


5
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

5.1 Ponto de partida


5.2 Roteiro do conhecimento
5.3 O ato de ler
5.4 Redação e os bloqueios para o seu desenvolvimento
5.5 Tipos de redação
5.5.1 Descrição
5.5.2 Narração
5.5.3 Dissertação
5.6 Na prática
5.7 O que aprendemos?
5.8 Referências
Leitura e Produção de Texto
5 LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

5.1 Ponto de Partida


Caro estudante,
Chegamos a nossa quinta unidade, e com muita animação. Nessa
unidade será trabalhada a leitura e produção textual, tipos de texto e outros
mecanismos de leitura fundamentais para o aprofundamento da disciplina
e aprimoramento do curso.
Ao final da disciplina você estará apto a:
• Reconhecer os tipos de texto;
• Trabalhar com a diversidade textual;
• Escrever um texto dissertativo, argumentativo ou narrativo;
• Romper com os bloqueios de leitura;
• Ler e interpretar de forma clara e concisa;
• Produzir textos de diferentes categorias (jornalística, acadêmico,
cômico).
Ao final da disciplina faça o exercício de fixação, para ver o que
aprendeu, melhorou ou adquiriu ao longo da unidade, este como parte
integrante e importante do processo de aprendizagem do aluno.
Bons estudos!

5.2 Roteiro do Conhecimento


O que é ler?
O que é leitura?
O ato de ler é um ato de recriação do mundo. Nos primeiros sete
segundos de leitura já um mundo novo é criado pelo leitor no fecundo
espaço da sua imaginação. A geografia física e espiritual do mundo
ficcional e poético surge diante de quem lê, que passa então, a reescrever
a obra, da qual se torna também o autor.
Ler é construir significados constituindo o leitor como um sujeito
ativo nesse processo. Apesar disso, ler pressupõe o envolvimento de
múltiplos processos que para Jouve “é uma atividade de várias facetas”
(JOUVE, 2002, p. 17).
“Se é praticando que se aprende a nadar, se é praticando que se
aprende a trabalhar. É praticando também que se aprende a ler e escrever.
Vamos praticar para aprender e aprender para praticar melhor”. Vamos
ler... (Paulo Freire).

Leitura e Produção de Texto 99


Segundo este autor, ao lermos infringimos em várias faculdades, tais
como, a identificação e memorização dos signos, o entendimento do que
está escrito, a identificação afetiva com o texto, a intenção argumentativa
que poderá levar a uma conclusão ou desviá-la dela e o sentido da leitura.
(JOUVE, 2002, p. 17).
O ato de ler é um ato de fusão dialética entre razão e sensibilidade.
No Oriente, sintetiza Confúcio e Lao Tse. No Ocidente, talvez Marx e
Freud. O aparato descritivo da razão é fulminado por transcendências,
insolitudes, e inquietado por hipóteses de existência incompreensíveis à
luz da razão, mas iluminadoras dos variados sentidos da vida.

Ampliando a noção de leitura


• O professor no processo de leitura.
• Os que não compreendem o porquê, como e para quê ler,
transformam-se em adultos alienados e dominados por aqueles
que “sabem ler”.
• “Educação bancária”, o aluno é apena depositório do conhecimento
transmitido pelo professor.
Qualquer que seja o tipo de texto, o leitor sempre será interpelado
pelo conhecimento que já adquiriu ao longo de sua vida. Nesse sentido,
‘ler’ não é apenas decodificar o que está escrito, mas, também isso, é
compreender os significados mediatizados no texto.
A compreensão é um processo dinâmico, no qual fazemos uso dos
nossos conhecimentos prévios e interagindo com as pistas fornecidas
vamos construindo o sentido global do texto. Assim, “o  texto, como se
vê, pode apenas programar a leitura: é o leitor que deve concretizá-la”
(JOUVE, 2002, p.74).
O ato de ler é um ato de encantamento. Para uma “humanidade que
não suporta tanta realidade” , como sabe T.S. Eliot, a leitura é uma viagem
segura para a nau insensata da sensibilidade, levando-a para paragens e
a estágios suprarracionais, fazendo-a perder-se, mas não completamente.
Quando o leitor fecha um livro, às vezes a contragosto, recobra o seu
estado de normalidade, sem correr altos riscos.
À medida que avançamos na leitura do texto vamos realizando
vários processos mentais de modo que possamos continuar a leitura.
Na maioria dos casos, a leitura solicita uma competência mínima que o
leitor deve possuir para prossegui-la.

100 Leitura e Produção de Texto


Deste modo, o (des)conhecimento do assunto poderá constituir,
inicialmente, um sentido de admiração como também antipatia pelo que
se está lendo. A alternativa de muitos leitores, nesse caso, restringe-se em
recorrer a outro texto ou abandonar a leitura naquele momento.

A leitura ao jeito de cada leitor


• Não existe método de ensino.
“a leitura de efetivar, deve preencher uma lacuna em nossa vida,
precisa vir ao encontro de uma necessidade, de um desejo de uma
expansão sensorial, emocional ou racional, de uma vontade de
conhecer mais”.
• Releitura é benéfica.
O que é ler?
O que é a leitura?

5.3 O ato de ler


Caso apareça algum obstáculo, nossa mente fará interromper a leitura
e voltar à tenção, posteriormente, seguirá o percurso se for resolvido.
Quando o leitor não controla esse mecanismo, ele age passando os olhos
sobre as letras. Presume-se que, naquele instante, o leitor realize uma
leitura dinâmica daquele texto para logo defrontar-se com o final e ‹estar
livre› do que está lendo. 
Conscientemente ele fez a leitura, mas entendê-la já é outro caso.
Então, ao relermos o escrito em outro momento iremos dar novo sentido
àquele texto, isso, por que nesta ocasião já teremos internalizadas novas
leituras acerca do conteúdo relatado no referido texto.
O ato de leitura não corresponde unicamente ao entendimento
do mundo do texto, seja ele escrito ou não.

A prática da leitura
• A leitura carece da mobilização do universo de conhecimento do
outro – leitor – para atualizar o universo do texto e fazer sentido
na vida, que é o lugar onde o texto realmente. 
• Aprender a ler é familiarizar-se com diferentes textos produzidos
em diversas esferas sociais (jornalística, artística, judiciária,
científica, didático-pedagógica, cotidiana, midiática, literária,
publicitária, entre outras) para desenvolver uma atitude crítica; ou
seja, de discernimento, que leve a pessoa a identificar as vozes
presentes nos textos e perceber-se capaz de tornar a palavra diante
deles.

Leitura e Produção de Texto 101


• Para pensar a prática da leitura, sobretudo de seu ensino, o mediador
não pode depender de receitas e fórmulas, tomadas emprestadas de
outras situações e contextos, como modos de fazer. 
• É necessária uma atitude de reflexão sobre as implicações
presentes no ato de ler e o estabelecimento de uma disposição
para inovar, nascida da confiança em sua própria capacidade
de pensar e criar nas circunstâncias em que desenvolve seu
propósito.
A leitura apresenta-se como um jogo de relações, no qual o leitor
vai construindo por antecipação o contexto do discurso, formulando
hipóteses e suposições que posteriormente, no decorrer da leitura, serão
ratificadas, negadas ou reformuladas; incidindo ao leitor recorrer as suas
interpretações.

5.4 Redação e os bloqueios


A redação em vestibular, em qualquer tipo de concurso ou em qualquer
ocasião, certamente, já causou muito mais horror, tremores, faniquitos e
bloqueios do que hoje.
São poucas as pessoas que, ao receberem a incumbência de escrever
alguma coisa, ainda que um simples bilhete, não sintam inibição paralisante.
Acontece um branco em sua mente, um vazio em sua potencialidade. Vivem
minutos (minutos?) de angústia, roem unhas, mascam canetas e nada sai.
Como se dá esse processo?
Primeiramente, como causa objetiva, existe a falta de hábito da
escrita e da leitura. Secundariamente, existe a causa subjetiva, o bloqueio
psíquico. Quando escrevemos, temos medo de expor-nos. Em geral não
tememos ser gozados pelo que dizemos, mas não aceitamos a hipótese de
gozação pelo que escrevemos. É a força do documento!...
É importante não esquecer que, na maioria das vezes, falar bem
não significa necessariamente escrever bem. Na língua oral, usamos de
recursos que inexistem na escrita.

Como evitar isso?


Treinando! Escrevendo todos os dias. Lendo e escrevendo.

E tempo?
Todos dispõem de tempo. É apenas uma questão de saber aproveitá-
lo. De dez minutos diários para uma leitura, de mais dez minutos para
pequena redação, todos dispõem. É só fazer hábito e... até gosto é capaz
de adquirirem.

102 Leitura e Produção de Texto


Adianta escrever se ninguém corrige?
Evidentemente que sim! Escrevendo todos os dias você vai se
desinibindo. Vai adquirindo jeito para a coisa. Vai sanando dúvidas de
ortografia (desde que consulte o dicionário). Vai ficando fluente.

Escrever sobre o que?


Qualquer coisa.
Os bloqueios de redação podem surgir a qualquer momento, lugar
ou situação; evitar que eles ocorram, superar essas limitações lendo
todos os dias um pouquinho que seja, colocando o cérebro em atividade
constante objetivando evitar essas dificuldades; é necessário para sanar
o que chamamos de bloqueio, ou o famoso “deu branco”.

5.5 Tipos de Redação


Três são os tipos de composição escrita: a Descritiva, a Narrativa,
e a Dissertativa.

5.5.1 Descritiva
Descrever é traduzir com palavras aquilo que se viu e se observou. É
a representação, por meio das palavras, de um objeto ou imagem.
As características que existem em um texto descritivo estão focadas
nos detalhes, o texto descrito tem como objetivo mostrar ao leitor as
minúcias da história ou do objeto que está se descrevendo.
Os substantivos e adjetivos são predominantes nesse tipo de texto, a
descrição é uma forma de foto textual no qual o leitor submerge a leitura.
A descrição tem que ser organizada podendo – ou não – ter comparações,
utiliza-se também metáforas ou outras figuras de linguagens, o uso
do verbo no presente ou no pretérito imperfeito traz uma relação de
perspectiva.
Descrição Denotativa: a descrição é denotativa quando a linguagem
representativa do objeto é objetiva, clara, direta, sem metáforas ou outras
figuras literárias. Na descrição denotativa, as palavras são tomadas no
seu sentido de dicionário, único. Exemplos: as descrições científicas, as
descrições dos livros didáticos, etc.
Descrição Conotativa: é a descrição literária, na qual as palavras
são tomadas em sentindo simbólico, ricas em polivalência. Visam
retratar uma realidade além da realidade. Uma suprarrealidade.

Leitura e Produção de Texto 103


Estrutura de uma Descrição
CARACTERÍSTICAS Situa seres e objetos no espaço (fotografia)
INTRODUÇÃO A perspectiva do observador focaliza o ser
ou objeto, distingue seus aspectos gerais e
os interpreta.
DESENVOLVIMENTO Capta os elementos numa ordem coerente
com a disposição em que eles se encon-
tram no espaço, caracterizando-os objetiva
e subjetivamente, física e psicologicamente
na redação.
CONCLUSÃO Não há um procedimento específico para
conclusão. Considera-se concluído o texto
quando se completa a caracterização.
RECURSOS Uso dos cinco sentidos: audição, gustação,
olfato, tato e visão, que, combinados, pro-
duzem a sinestesia. Adjetivação farta, ver-
bos de estado, linguagem metafórica, com-
parações e prosopopeias.
O QUE SE PEDE Sensibilidade para combinar e transmitir
sensações físicas (cores, formas, sons, gos-
tos, odores) e psicológicas (impressões sub-
jetivas, comportamentos). Pode ser redigi-
da num único parágrafo.

5.5.2 Narrativa
A Narrativa caracteriza-se pela representação de fatos com personagens
fictícios ou reais que ocorrem numa linha de tempo. Fatos reais são mais
normais em livros científicos, jornais, livros de histórias entre outros, se
sua história for com fatos fictícios você vai ter toda liberdade para criar.
Os verbos nesse tipo de redação são em primeira pessoa quando o narrador
for um narrador-personagem, caso contrário serão em terceira pessoa.
Narrar é discorrer sobre fatos. É contar. Consiste na elaboração de
um texto que relate episódios, acontecimentos.
Ao contrário da descrição, que é estática, a narração é eminentemente
dinâmica. Nela predominam os verbos. Aqui o importante está na ação.
No que aconteceu.
A sua essência é a criatividade.
O quê? – o acontecimento a ser narrado;
Quem? – a personagem principal (protagonista);

104 Leitura e Produção de Texto


Quem? – o antagonista;
Como? – a maneira como se desenrolou o acontecimento;
Quando? – o tempo da ação;
Onde? – o local do acontecimento;
Por quê? – a razão do fato;
Por isso – resultado ou consequência.
Esta modalidade de texto transita por um fio condutor que leva a uma
situação denominada “clímax” ou “nó”, decaindo numa “resolução” ou
epílogo. O segredo da narrativa concentra-se no grau de suspense criado,
bem como no fecho surpreendente.

Estrutura de uma Narração


CARACTERÍSTICAS Situa seres e objetos no tempo (história)

INTRODUÇÃO Apresenta as personagens, localizando-as


no tempo e no espaço.

DESENVOLVIMENTO Por meio de ações das personagens,


constroem-se a trama e o suspense, que
culminam no clímax da redação.

CONCLUSÃO Existem várias maneiras de concluir-se uma


narração. Esclarecer a trama é apenas uma
delas.
RECURSOS Verbos de ação, geralmente no tempo pas-
sado; narrador personagem, observador ou
onisciente; discursos direto, indireto e indi-
reto livre.
O QUE SE PEDE Imaginação para compor uma história que
entretenha o leitor, provocando expectati-
va e tensão. Pode ser romântica, dramática
ou humorística.

5.5.3 Dissertativa
Um texto dissertativo é diferente dos de mais tipos de textos, pois
caracteriza-se por informar  fatos de maneira clara segundo a norma
culta da língua portuguesa. O texto deve ser objetivo, impessoal e não
deve apresentar insuficiência de dados, incertezas e o escritor não poderá
defender uma ideia e nem dar opiniões. Como é um texto que pretende
mostrar a realidade, o tempo verbal mais utilizado é o presente atemporal,
isto é, quando as ações são válidas a qualquer tempo.

Leitura e Produção de Texto 105


Dissertar é tratar com desenvolvimento um ponto doutrinário, um
tema abstrato, um assunto genérico. Ou seja, dissertar é expor ideias em
torno de um problema qualquer.
A dissertação exige reflexões e seleção de ideias. Exige que se monte
um plano de desenvolvimento.
Para escrever bem, é preciso, portanto, estar plenamente senhor do
seu assunto; é preciso refletir bem nele, para ver claramente a ordem
dos pensamentos e formular deles uma sequência, uma cadeia, em que
cada ponto representa uma ideia.
A dissertação baseia-se em três partes fundamentais:
Introdução: parte em que se apresenta o assunto a ser questionado;
Desenvolvimento: parte em que se discute a proposta;
conclusão: parte em que se toma posição relativamente à proposta.

A Estrutura do texto Dissertativo


Classicamente, uma redação deve constar de três partes:
• Introdução;
• Desenvolvimento;
• Conclusão.
Introdução: significa “levar para dentro”. Na introdução, portanto,
conduzimo-nos para dentro do tema, do assunto.
Ela é muito importante. Sendo o contato inicial do leitor com o texto,
deve atraí-lo, despertar-lhe o interesse. Assim, deve ser objetiva, simpática
e, sobretudo, não pode ser longa.
A introdução apresenta a ideia que vai ser discutida, nada lhe
acrescentando. Enfim, na introdução, o importante é falar do tema da
redação.
Desenvolvimento: é o corpo da redação. Sua parte principal. É aqui
que aparecem as ideias, os argumentos, a originalidade. A introdução
corresponde à tese, e o desenvolvimento vem a ser o debate da tese. É a
parte mais longa.
Apresenta cada um dos argumentos ordenadamente, analisando
detidamente as ideias e exemplificando de maneira rica e suficiente o
pensamento.
Só comece a escrever depois que você souber, com certeza, quais
as ideias, aquilo que e sobre o que você vai escrever.
Desenvolvimento: é necessário que as ideias sejam corretas e
objetivamente expostas. Não se deve cansar o leitor com um milhão
de argumentos diferentes, nem com períodos longos e maçantes que
fatalmente, resultam confusos.

106 Leitura e Produção de Texto


Conclusão: é o acabamento da redação. E, não se deve iniciar
abruptamente a redação, também não se deve terminá-la de súbito.
A conclusão resume todas as ideias apresentadas e discutidas no
desenvolvimento, tomando uma posição sobre o problema apresentado.
Ela é, a princípio, retirada da melhor ideia, que achamos ter no momento
da reflexão inicial sobre o tema. É a nossa posição em face de um problema
qualquer, a sua solução, ou a projeção futura.

Estrutura de uma Dissertação


CARACTERÍSTICAS Discute um assunto apresentando pontos
de vista e juízos de valor.
INTRODUÇÃO Apresenta a síntese do ponto de vista a ser
discutido (tese).
DESENVOLVIMENTO Amplia e explica o parágrafo introdutório.
Expõe argumentos que evidenciam posi-
ção crítica, analítica, reflexiva, interpretati-
va, opinativa sobre o assunto.
CONCLUSÃO Retoma sinteticamente as reflexões críticas
ou aponta as perspectivas de solução para
o que foi discutido.
RECURSOS Linguagem referencial, objetiva; evidências,
exemplos, justificativas e dados.
O QUE SE PEDE Capacidade de organizar ideias (coesão),
conteúdo para discussão (cultura geral),
linguagem clara, objetiva, vocabulário ade-
quado e diversificado.

5.6 Na Prática
1) Explique o ato de ler.
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________

2) Explique o que vem a ser o bloqueio de redação.


_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________

Leitura e Produção de Texto 107


3) Explique o que é o texto narrativo.
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________

4) Explique o que é o texto descritivo.


_______________________________________________________
______________________________________________________
_______________________________________________________

5) Explique o que é o texto dissertativo.


_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________

6) Leia o texto a seguir e responda:

O Coveiro

Ele foi cavando, cavando, cavando, pois sua profissão – coveiro – era
cavar. Mas, de repente, na distração do ofício que amava, percebeu que
cavara demais. Tentou sair da cova e não conseguiu. Levantou o olhar para
cima e viu que sozinho não conseguiria sair. Gritou. Ninguém atendeu.
Gritou mais forte. Ninguém veio. Enrouqueceu de gritar, cansou de
esbravejar, desistiu com a noite. Sentou-se no fundo da cova, desesperado.
A noite chegou, subiu, fez-se o silêncio das horas tardias. Bateu o frio da
madrugada e, na noite escura, não se ouviu um som humano, embora o
cemitério estivesse cheio de pipilos e coaxares naturais dos matos. Só
pouco depois da meia-noite é que vieram uns passos. Deitado no fundo
da cova o coveiro gritou. Os passos se aproximaram. Uma cabeça ébria
apareceu lá em cima, perguntou o que havia: O que é que há?
O coveiro então gritou, desesperado: Tire-me daqui, por favor. Estou
com um frio terrível! Mas, coitado! – condoeu-se o bêbado – Tem toda
razão de estar com frio. Alguém tirou a terra de cima de você, meu pobre
mortinho! E, pegando a pá, encheu-a e pôs-se a cobri-lo cuidadosamente.
Millôr Fernandes
Fonte: http://raquelletras.blogspot.com.br/2010/03/

108 Leitura e Produção de Texto


Com base na leitura textual responda: Qual a tipologia textual
predominante no texto?
a) Dissertativa
b) Narrativa
c) Argumentativa
d) Descritivo
e) Novela

7) Julgue os itens em (V) verdadeiro ou (F) falso:

I. A narração consiste em arranjar uma sequência de fatos na


qual os personagens se movimentam num determinado espaço
à medida que o tempo passa. O texto narrativo é baseado na
ação que envolve personagens, tempo, espaço e conflito. Seus
elementos são: narrador, enredo, personagens, espaço e tempo.
II. Descrição é a representação verbal de um objeto sensível (ser,
coisa, paisagem), por meio da indicação dos seus aspectos mais
característicos, dos pormenores que o individualizam, que o
distinguem.
III. Dissertar é o mesmo que desenvolver ou explicar um assunto,
discorrer sobre ele. Assim, o texto dissertativo pertence ao grupo
dos textos expositivos, juntamente com o texto de apresentação
científica, o relatório, o texto didático, o artigo enciclopédico.
Em princípio, o texto dissertativo não está preocupado com a
persuasão e sim, com a transmissão de conhecimento, sendo,
portanto, um texto informativo.
IV. Diferentemente da narração, que faz uma história progredir, a
dissertação faz interrupções na história, para apresentar melhor
um personagem, um lugar, um objeto, enfim, o que o autor
julgar necessário para dar mais consistência ao texto.
Marque a sequencia correta:

a) V; V; V; F
b) F; V; F; V
c) V; F; V; F
d) F; F; V; V
e) V; V; F; F

Leitura e Produção de Texto 109


8) Julgue os itens a seguir:

I. Bloqueios de redação – Primeiramente, como causa objetiva,


existe a falta de hábito da escrita e da leitura. Secundariamente,
existe a causa subjetiva, o bloqueio psíquico. Quando escrevemos,
temos medo de expor-nos. Em geral não tememos ser gozados
pelo que dizemos, mais não aceitamos a hipótese de gozação
pelo que escrevemos.
II. É importante não esquecer que, na maioria das vezes, falar bem
não significa necessariamente escrever bem. Na língua oral,
usamos de recursos que inexistem na escrita.
III. Uma forma de evitar o bloqueio e escrevendo todos os dias.
Lendo e escrevendo pelo menos 10 minutos todos os dias.

Marque a alternativa correta:

a) I e III estão corretos.


b) II e III Estão corretas.
c) I e II estão corretas.
d) Todas estão corretas.
e) Todas estão incorretas.

5.7 O que aprendemos?


Nessa unidade aprendemos que:
• Existem diferentes tipos de texto;
• Descrever é detalhar um objeto em suas particularidades e cheio
de detalhes;
• Narrar e contar uma história, com seus elementos, lugar,
personagem, tempo;
• A narrativa tanto pode ser um fato real ou ficção;
• Dissertação é o texto de caráter científico;
• Dissertar é defender um ponto de vista (tese) de forma mais
elaborada;
• Existem bloqueios de redação e esses bloqueios podem ser
superados;
• Que o ato de ler começa no campo da objetividade e termina no
campo da subjetividade;
• Ler é construir um mundo novo em segundos e fazer uma viajem
sem percas ou danos, somente ganhos.

110 Leitura e Produção de Texto


5.8 Referências
Estrutura de uma redação. <http://www.coladaweb.com/redacao/
estrutura-de-uma-redacao> acessado em 16/abr/2013

JOUVE, Vincent. Como se lê? In: JOUVE, Vincent. A leitura. Assis/


SP: Editora da UNESP, p. 61-87. 2002.

JOUVE, Vincent. O que é a leitura? In: JOUVE, Vincent. A


leitura. São Paulo: Editora da UNESP, 2002. p.17-33.

LEAL, Leiva de Figueiredo Viana. Leitura e formação de


professores. In: EVANGELISTA, Aracy Alves Martins; BRANDÃO,
Heliana Maria Brina; MACHADO, Maria Zélia Versiani (orgs.). A
escolarização da leitura literária: o jogo do livro infantil e juvenil.
Belo Horizonte: Autêntica, 2006. p. 263-268.

MARTINS, Maria Helena. O que é leitura?. Disponível em <http://


www.slideshare.net/robertogomes86/a-importncia-do-ato-de-
ler-4721000> acesso em 27/ago/2014

MAZAROTTO, Luiz Fernando. Redação: Gramática e


Literatura: aprenda a elaborar textos claros, objetivos
e eficientes. 2 ed. São Paulo: editora CDL, 2007.
Quais os tipos de redação que existem? <http://www.blogers.com.
br/quais-os-tipos-de-redacao-que-existe/> acessado em 16/abr/2013

SIEVERT, Mara. Uma leitura sobre o ato de ler. Disponível em:


<http://artigos.netsaber.com.br/resumo_artigo_20634/artigo_sobre_
uma_e > acesso em 27/ago/2014

Anotações

Leitura e Produção de Texto 111


Anotações

112 Leitura e Produção de Texto


6
TEXTO, CONTEXTO E INFORMAÇÃO

6.1 Ponto de partida


6.2 Roteiro do Conhecimento
6.2.1 Percepção
6.2.2 Linguagem e diversidade linguística
6.2.3 Texto e Contexto
6.3 Na prática
6.4 O que aprendemos
6.5 Referências
Leitura e Produção de Texto
6 TEXTO, CONTEXTO E INFORMAÇÃO

6.1 Ponto de Partida


Caro estudante,
Chegamos a nossa última unidade, e com muita animação, e cheio de
conhecimentos. Nessa unidade, serão trabalhadas as diferenças entre texto,
contexto e informação; onde cada um trará uma importante contribuição
para o processo de aprendizagem e reflexão sua, estudante.
Ao fim desta unidade você estará apto a:
• Identificar os textos e interpretá-los;
• Verificar em qual contexto o texto se encontra, ou os interlocutores
de uma comunicação;
• Definir o que é percepção;
• Saber a diferença entre comunicação e informação;
• Trabalhar com a diversidade geográfica textual e gramatical.
Ao final da unidade faremos a nossa última atividade, conto com
vocês!
Bons estudos!

6.2 Roteiro do conhecimento


Comunicação é o processo pelo qual os seres humanos trocam entre
si informações. Nesta breve definição temos já implicitamente presentes
os elementos nucleares do ato comunicativo: o emissor, o receptor (“seres
humanos”) e a mensagem (“informações”). De fato, em qualquer ato
comunicativo encontramos alguém que procura transmitir a outrem uma
dada informação.
• é necessária a intervenção de, pelo menos, dois indivíduos, um
que emita, outro que receba;
• algo tem que ser transmitido pelo emissor ao receptor;
• para que o emissor e o receptor comuniquem é necessário que
esteja disponível um canal de comunicação;
• a informação a transmitir tem que estar «traduzida» num código
conhecido, quer pelo emissor, quer pelo receptor;
• finalmente todo o ato comunicativo se realiza num determinado
contexto e é determinado contexto.

Texto, Contexto e Informação 115


6.2.1 Percepção
O que é a percepção?
• Processo pelo qual indivíduos organizam e interpretam suas
impressões sensoriais a fim de dar sentido ao seu ambiente.
Entretanto, o que alguém percebe pode ser substancialmente
diferente da realidade objetiva.
• O comportamento das pessoas é baseado em suas percepções do
que a realidade é, e não na realidade em si.

O indivíduo que percebe


A interpretação é influenciada pelas características pessoais do
indivíduo.
Atitudes: são pensamentos diferentes a respeito de algo e que implicam
em interpretações distintas que duas ou mais pessoas têm a respeito do
mesmo objeto ou situação.
Motivação: necessidades não atendidas levam a diversas maneiras de
percepção.
Interesse: como os interesses individuais variam consideravelmente,
o que uma pessoa nota numa situação pode diferir do que os outros
percebem.
Experiências passadas: percebem-se as coisas com as quais se pode
fazer alguma relação.

6.2.2 Linguagem e Diversidade Linguística


As pessoas percebem e interpretam as coisas e situações conforme
suas cargas de experiência, conhecimento, crenças, valores, sentimentos,
condicionamentos e vivência pessoal.
1. Nenhuma língua é um fato homogêneo.
2. Cada variedade de uma língua é resultado das peculiaridades das
experiências históricas do grupo que a fala.
3. Do ponto de vista exclusivamente linguístico, todas as variedades
de uma língua se equivalem e não há como diferenciá-las em termos
de melhor ou pior, de certa ou errada. A diferença de valoração das
variedades é um fato exclusivamente social.
4. As línguas mudam constantemente no tempo.
5. A língua varia conforme a região em que é falada.
6. A língua reflete as diferenças socioeconômicas e culturais.

116 Leitura e Produção de Texto


7. Nós, falantes, variamos nosso modo de falar conforme a situação
em que estamos.
8. “Não há lei contra o preconceito linguístico, além disso, ele é
estimulado diariamente na mídia e na prática pedagógica” (Marcos
Bagno).
9. “O julgamento artificial que separa línguas em melhores ou
piores tem paridade nos códigos socioculturais que afirmam, por
exemplo, ser a culinária francesa mais sofisticada que a brasileira”
(Sírio Possenti).
10. “A ‘skrita’ na internet. Estudos linguístico-discursivos procuram
mostrar que ‘internetês’ não é mera reprodução da fala na escrita,
mas, sim, uma forma de aproximação entre os falantes” (Fabiana
Cristina Komesu).

Tornar comum, trocar opiniões, fazer saber; implica interação, troca


de mensagens. É um processo de participação de experiências, que
modifica a disposição mental das partes envolvidas.
(BOSCO, J. B. Redação Empresarial. SãoPaulo: Atlas, 1998)

A comunicação ocorre quando interagimos com outras pessoas,


utilizando a linguagem, sendo esta verbal (as palavras), não verbal (gestos,
movimentos, expressões corporais e faciais; sons, cores, etc., mistas e
digitais.
Interlocutores são as pessoas que participam do processo de interação
por meio da linguagem.
Código é um conjunto de sinais convencionados socialmente para a
construção e a transmissão de mensagens.
Língua: código linguístico social, formado por signos (palavras) e
leis combinatórias, por meio do qual as pessoas se comunicam.
Obs.: Idioma são “normas” linguísticas coletivas, nacionais.
Dialeto: normas coletivas regionais, ou seja, originadas das diferenças
de região ou território, de idade, de sexo, de classes ou grupos sociais e da
própria evolução histórica da língua.
Registros: variações de acordo com o grau de formalismo na situação,
modo de expressão (oral ou escrito), sintonia entre os interlocutores
(cortesia, vocabulários específico), etc..

Texto, Contexto e Informação 117


Fala: normas linguísticas individuais.
• não planejada;
• fragmentária;
• incompleta;
• pouco elaborada;
• predominância de frases curtas, simples ou coordenadas;
• pouco uso de passivas.

Escrita:
• planejada;
• não fragmentária;
• completa;
• elaborada;
• predominância de frases complexas, com subordinação abundante;
• emprego frequente de passivas.
As diferenças no uso da língua constituem as variedades linguísticas.
São, portanto, as variações que uma língua apresenta, de acordo com as
condições sociais, culturais, regionais e históricas em que é utilizada.
Entre as variedades de uma língua, existe a língua padrão (culta), a
não padrão (popular, coloquial), técnica, literária, gíria e jargão.
Todo desvio das normas gramaticais provoca, segundo o padrão culto
(e oficial) um vício de linguagem.

6.2.3 Texto e Contexto


A leitura de um texto se dá primeiramente a partir do processo de
decodificação, quando temos contato com o “conteúdo” e buscamos
compreendê-lo.

Comunicação envolve interlocutores, troca de informações; começa


quando a informação acaba. O melhor sistema de informação, por si só,
não garante comunicação.
Fonte: BEKIN, S. F. (1995) Conversando sobre Endomarketing. São Paulo: Makron.

Existem elementos que nos ajudam a interpretar os textos que estão a


nossa volta, mas para que se possa compreender bem um texto é necessário
identificar o contexto (social, cultural, estético, político) no qual ele está
inserido.

118 Leitura e Produção de Texto


Essa identificação vai depender do conhecimento sobre
o que está sendo tratado e as conclusões referentes ao texto.
Em determinados textos a informação sobre acontecimentos passados
contribui para sua compreensão.
Por isso, quanto mais variado o campo de conhecimento, mais
facilidade encontrará o leitor para ler e interpretar textos.
Segundo Pignatari (2002, p. 35) afirma que:

Embora a palavra texto tenha como referente “conjunto verbal”,


podemos entendê-la aos signos em geral, definindo texto como um processo
de signos que tendem a eludir seus referentes, tornando-se referentes de si
mesmo e criando um campo referencial próprio. Assim entendido, o texto se
move como uma estrutura sintática, a que comumente chamamos de “forma”.
Por contexto, entendemos um processo de signos cuja coerência ou unidade
é suscitada diretamente pelo referente (coisa ou situação a que os signos se
referem). Estaríamos aqui mais dentro do nível semântico-pragmático, a que
ordinariamente chamamos de “conteúdo”. Claro que a demarcação entre os
níveis só é nítida para efeitos metalinguagem crítica e analítica; na realidade
concreta, os níveis se inter-relacionam isomorficamente (isomorfismo =
processo de identificação fundo-forma).

Texto é um tecido verbal estruturado de tal forma que as ideias


formam um todo coeso, uno coerente. A imagem de tecido contribui para
esclarecer que não se trata de feixe de fios entrelaçados (frases que se
inter-relacionam).
Todas as partes de um texto devem estar interligadas e manifestar
um direcionamento único. Assim, um fragmento que trata de diversos
assuntos não pode ser considerado texto. Da mesma forma, se lhe falta
coerência, se as ideias são contraditórias, também não constituirá um
texto. Se os elementos da frase que possibilitam a transição de uma ideia
para outra não estabelecem coesão entre as partes expostas, o fragmento
não se configura texto. Essas três qualidades – unidade, coerência e coesão
– são essenciais para a existência de um texto. Um texto é mais ou menos
eficaz dependendo da competência de quem o produz, ou da interação de
autor-leitor, ou emissor-receptor. O texto exige determinadas habilidades
do produtor, como conhecimento do código, das normas gramaticais que
regem a combinação dos signos. A competência na utilização dos signos
possibilita melhor desempenho.

Texto, Contexto e Informação 119


Define-se como informações que acompanham o texto. Por isso,
sua compreensão depende da compreensão do contexto. Assim sendo,
não basta a leitura do texto, é preciso retomar os elementos do contexto,
aqueles que estiveram presentes na situação de sua construção.
O contexto deve ser visto em suas duas dimensões: estrutura de
superfície e estrutura de profundidade. A estrutura de superfície considera
os elementos do enunciado, enquanto a estrutura de profundidade
considera a semântica das relações sintáticas. Num caso, o leitor busca o
primeiro sentido pelo produzido pelas orações; no outro, vasculha a visão
do mundo que enforma o texto.
O Contexto pode ser imediato ou situacional.
O contexto imediato relaciona-se com os elementos que seguem ou
precedem o texto imediatamente. São os chamados referentes textuais.
O contexto situacional é formado por elementos exteriores ao texto.
Esse contexto acrescenta informações, quer históricas, quer geográficas,
quer sociológicas, quer literárias, para maior eficácia da leitura que se
imprime ao texto.
Informação diz respeito aos atos de transmitir uma notícia, de
dar instruções, oferecer um ensinamento ou um determinado tipo de
conhecimento, uma opinião sobre o procedimento de alguém, um parecer
técnico.
A comunicação, por sua vez, implica em relação. Nela também está
contida a informação, inserida na mensagem que o receptor quer transmitir
ao destinatário ou público alvo, contudo, há uma amplitude maior. A
comunicação é o processo pelo qual ideias são transmitidas entre pessoas,
tornando possível a interação social. Uma campanha de vacinação, por
exemplo, é um tipo de divulgação, que leva uma determinada informação
ao público geral. Já a construção do conhecimento depende de interação,
participação de todas as partes envolvidas no processo, de feedback.
A comunicação e a informação andam lado a lado porque se
apreendermos a comunicação básica, que envolve um receptor que
direciona uma mensagem a um destinatário, veremos que a informação é
também um tipo de comunicação, de um modo restrito. Quando alguém
coloca um aviso na portaria de um prédio e todos leem, é um modo básico
de comunicação, sem troca, sem perguntas, mas ainda é comunicação.
Então, o grande ponto a ser ressaltado na comunicação assertiva é o modo
como a informação é concebida e gerada. Se ela não pode ser transformada,
tocada por todos e valorizar a compreensão, contribuição e proatividade,
então, ela cumpriu um simples papel: saiu de um ponto e chegou a outro.

120 Leitura e Produção de Texto


6.3 Na Prática
Convido agora a você aluno depois de tudo que vimos a fazer uma
reflexão sobre o que é texto, contexto e comunicação discuta com os
colegas em sala.

6.4 O que aprendemos?


Nessa unidade aprendemos a diferenciar texto, contexto e informação,
uma vez que aprendido a diferença entre esses elementos, fica mais fácil
ler, compreender e interpretar os elementos da comunicação e do texto.
Aqui você também aprendeu que:
• Texto e contexto estão sempre juntos;
• Nem toda informação produz comunicação;
• Informação requer alguns elementos da comunicação;
• O texto é um conjunto de signos que produz uma informação num
determinado contexto;
• Que a percepção faz parte do contexto e que influencia na
interpretação do texto;

6.5 Referências
CABRAL, Marina. O texto e o contexto. Disponível em: <http://
www.brasilescola.com/redacao/o-texto-contexto.htm> acesso em:
28/ago/2014

Comunicação X Informação: como unir o conhecimento. Disponível


em: <http://hotsites.atribuna.com.br/atribuna/jornalescola/noticias.as
p?idConteudo=1125&categoria=3> acesso em 28/ago/2014

Elementos do Texto. Disponível em: <http://www.angelfire.com/bc/


fontini/resenha.html> acesso em: 28/ago/2014

PIGNATARI, Dércio. Informação, Linguagem, Comunicação.


Cotia-SP; Atelie, 25 ed. 2002

Texto, Contexto e Informação 121


Anotações

122 Leitura e Produção de Texto


Atenção: Até onde e permitido pela aplicação da lei, em
nenhuma hipótese a Faculdade Projeção e os autores envolvidos
na produção desta obra serão responsáveis por danos incidentais,
consequentes, especiais, indiretos, punitivos ou lucros perdidos
por imperícia técnica na execução dos itens relatados nesta obra.

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