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2023/01
1. Educação: pode ser compreendida por processo de comunicação que envolve o intercâmbio de
conhecimento entre os indivíduos.
2. Educação primitiva: assistemática, espontânea e por imitação.
3. Aparecimento dos primeiros colégios: a partir do século XVI. O fenômeno está relacionado a um
novo sentimento: o da infância. Na Idade Média, crianças e adultos conviviam sem a separação por fases
de aprendizagem:
A fim de proteger as crianças de ‘más influências’, é proposta uma hierarquia diferente, submetendo-
as a severa disciplina, inclusive a castigos corporais. A meta da escola não se restringe à transmissão de
conhecimentos, mas a formação moral;
O regime de estudo é rigoroso e extenso com programas de educação formal de gramática e retórica;
No Brasil, com a chegada dos jesuítas liderados pelo padre Manuel da Nóbrega, os missionários
fazem funcionar na recém-fundada cidade de Salvador, uma escola “de ler e escrever”. É o início do
processo de criação de escolas, espalhadas pelo País;
A principal estratégia dos jesuítas foi à criação de escolas religiosas para educar a juventude segundo
os princípios do cristianismo católico, com grande influência, até hoje, no setor educacional brasileiro.
PEDAGOGIA TRADICIONAL
Pela primeira vez na história da humanidade, nos colégios fundados pelas ordens religiosas dos
séculos XVI e XVII, há a formação de uma escola que visa observar totalmente a disponibilidade de
tempo da criança. Ela passa a conviver com colegas da mesma faixa etária e é separada do mundo adulto
a fim de não sucumbir aos vícios.
O que está surgindo é o modelo da escola tradicional que não se baseia nos interesses da
criança, mas procura combater os impulsos naturais inculcando-lhe virtudes morais.
Características
O homem é considerado, inicialmente, incompleto e imaturo, uma tábula rasa que precisa receber
informações para tornar-se pronto e acabado, o adulto.
A cultura constitui-se de normas e valores resultantes da tradição, um patrimônio que deve ser
repassado às novas gerações. Assim, a função da educação consiste em transmitir e preservar o
patrimônio cultural, incutindo no aluno conhecimentos, hábitos e valores morais compatíveis com o
“modelo de homem ideal”.
O conhecimento é o produto da incorporação das informações acumuladas ao longo dos tempos, a
herança cultural que deve ser transmitida aos indivíduos, através da educação formal.
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ARANHA, Maria Lúcia de arruda; Martins, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia.
6 ed. São Paulo: Moderna, 2016.
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O ensino tradicional é autoritário e rígido. O processo tem como objetivo a transmissão do acervo
cultural. Exige trabalho árduo, perseverança, aplicação e disciplina.
O professor é elemento central do processo educativo, cabendo-lhe selecionar o saber sistematizado
(educação “magistrocêntrica”: centrada no professor e na transmissão do conhecimento). O aluno nada
mais é do que um “receptor” passivo.
Os métodos de ensino devem possibilitar a reprodução correta dos conhecimentos. A exposição do
professor (aula expositiva), a repetição e aplicação dos conteúdos de ensino, pelos alunos, são técnicas
necessárias para garantir uma aprendizagem eficiente, tendo o quadro-de-giz e livro didático como
principais recursos.
A avaliação da aprendizagem, feita pelo professor, através de provas escritas e orais, torna-se
importante e necessária, a fim de constatar se o conteúdo transmitido em aula foi reproduzido
corretamente pelo aluno.
Curiosidades
A pedagogia tradicional concebe como objetivo final da educação: adaptar o indivíduo na sociedade
em que vive. Não é a sociedade que deve moldar-se ao indivíduo, mas este é que deve curvar-se à
sociedade, assimilando os conhecimentos, normas e valores, sem questionamentos.
Os contos de fadas não eram, de início, destinados exclusivamente às crianças. Desde a Idade Média,
eram contos folclóricos ouvidos sobretudo por adultos das classes mais pobres. Apenas no século XIX
foram adaptados pelos irmãos Grimm, com a nítida intenção de transmitir os valores às crianças.
“Os primeiros livros infantis foram produzidos no final do século XVII e durante o século XVIII
justamente porque, antes dessa época, não existia propriamente ‘infância’. No Brasil, o interesse pelas
histórias infantis se intensificam no final do século XIX, período em que começa aparecer a literatura
infantil com adaptações de textos europeus".
A escola tradicional, voltada para o passado, preocupava-se em transmitir a maior quantidade possível
de conhecimento acumulado, valorizando, portanto, um ensino predominantemente intelectualista e
livresco.
Segundo o conceito etimológico, ensinar (do latim signare) significa “colocar dentro, gravar no
espírito”. Assim, ensinar é gravar ideias na cabeça do aluno, transmitindo informações, marcando e
tomando lições.
Por mostrar-se cada vez mais ineficaz, esse tipo de ensino foi muito criticando, iniciando-se um
processo de reivindicação por uma escola mais realista, adaptada ao mundo em transformação.
Preocupando com o presente e com o futuro, o homem contemporâneo deve se preparar para uma
sociedade dinâmica, em constante mutação. Para tanto, precisa “aprender a aprender”, indo além da
mera fixação de conteúdos predeterminados. Daí o interesse por outros métodos e técnicas,
enfatizando mais o processo de aprendizagem (e não, simplesmente, o produto).
O movimento educacional conhecido como Escola Nova, surge no final do século XIX, justamente
para abrir novos caminhos à educação que se apresentava incoerente com o mundo no qual estava
inserido.
A concepção escolanovista, voltando-se para o psicológico, considera a criança o centro do processo
(pedocentrismo), destacando a importância da satisfação de suas necessidades, bem como a
estimulação da própria atividade, segundo as especificidades da natureza infantil.
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Escola Nova
Características
1 – O homem é um ser que se transforma, incompleto, inacabado, “sujeito único”, diferenciado, que
vive e interage com o mundo (que não é estático).
2 – “A cultura é uma aquisição sistemática da experiência humana que se constrói progressivamente, a
partir das relações homem-meio”. Portanto, os valores criados pelos grupos e pelos indivíduos são no
desenvolvimento cultural, relativos e passíveis de alterações.
3 – O conhecimento é essencialmente ativo, considerado um instrumento social, em construção
contínua.
4 – O processo de ensino-aprendizagem na escola nova, deve apresentar programas diversificados,
partindo dos interesses e das necessidades, com base nas aptidões e ritmos individuais.
5 – O aluno é considerado o centro do processo. O professor, na condição de facilitador da
aprendizagem, tem como tarefa criar situações-problema que possibilitem o desenvolvimento de
aptidões para o educando dirigir seu próprio processo de assimilação dos conhecimentos.
6 – Os métodos de ensino devem oferecer condições para que o aluno enfrente desafios cognitivos e
situações problematizadores. Ex: dinâmicas de grupo, pesquisas, estudo do meio, atividades lúdicas
etc.
7 – Na avaliação considera-se o processo de aquisição do saber (e não o produto ou o saber
propriamente dito). Portanto, a verificação da quantidade de conteúdos aprendidos não tem sentido.
Curiosidades
O ideário escolanovista precisa ser compreendido a partir da situação econômica em que foi gerado. A
crescente industrialização solicitava a ampliação da rede escolar; as transformações rápidas exigiam
que a nova escola preparasse para o novo; as desigualdades sociais poderiam ser superadas pela
adequada escolarização. Portanto, a escola nova propõe, como objetivo final da educação, o pleno
desenvolvimento da personalidade do indivíduo. Agora, não são os indivíduos que devem curvar-se
diante da sociedade, mas esta é que deve ser moldada e aperfeiçoada pelos indivíduos.
Contrariamente, a escola nova contribui para uma maior elitização do ensino, pois dada à qualidade e a
exigência de escolas aparelhadas e professores altamente qualificados, fez a escola pública se colocar
inferiorizada, incapaz de introduzir novas didáticas. Por outro lado, é muito comum a assimilação
inadequada de novas ideias e a tentativa de implantação sem critérios. Assim, por exemplo, a crítica ao
autoritarismo da velha escola resulta em ausência de disciplina; a ênfase dada ao processo (e não ao
produto) é confundida com o empobrecimento do conteúdo. Com isso a escola pública, destinada ao
povo, é severamente prejudicada com o rebaixamento da qualidade de ensino. Ao invés de promover a
democracia, colabora para o agravamento da marginalização do maior segmento da sociedade,
tornando a educação mais elitista.
Outro ponto a ser observado é o risco do puerilismo, ou seja, a supervalorização da criança e a
depreciação do adulto. A consequência disso é a minimização do papel do professor, a sua quase
ausência nas formas extremas do não-diretivismo.
A escola nova é também conhecida como tendência renovada ou renovadora.
No Brasil, o movimento da escola nova só começou no século XX, na década de 20, com diversas
reformas no ensino público, expressando-se de maneira mais clara em 1932, no Manisfesto dos
Pioneiros da Educação Nova. Como a escola tradicional, é politicamente neutra.
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Curiosidades históricas
A década de 20 e o advento da escola nova – A década foi marcada por uma série de fatores
(industrialização; crescimento dos centros urbanos; descontentamento do operariado; classes médias e
oficiais de baixa patente; crise econômica de 1929; decadência política cafeeira). Os grupos mais
conscientes das classes dominantes perceberam que não podiam mais conter a necessidade de se formar as
estruturas caducas da República Velha “façamos a revolução, antes que o povo a faça”, dizia o
Governador de Minas, Antônio Carlos Ribeiro Andrada. O desfecho desse processo foi a chamada
Revolução de 1930, liderada por Getúlio Vargas, que assumiu o poder abriu o espaço para a manifestação
de novas forças políticas econômicas que se formaram no país: os empresários industriais, os militares, as
classes médias urbanas e o proletariado industrial. Paralelamente às transformações que se desenvolviam
na vida nacional da década de 20, um grupo de intelectuais brasileiros, preocupados com problemas da
educação, introduziram no país o ideário do movimento Escola Nova (Lourenço Filho, Anísio Teixeira,
Francisco Campos, Fernando de Azevedo e outros).
A Era Vargas (período histórico de 15 anos, marcado pela liderança Getúlio Vargas) pode ser divido
em três fases distintas: governo “revolucionário” (1930-1934), governo constitucional (1934-1937) e
governo ditatorial (1937-1945). Foi caracterizada por significativas mudanças (aumento gradual de poder
da burguesia empresarial, supremacia da indústria sobre a agricultura, dos centros urbanos sobre o meio
rural, acirramento do conflito ideológico entre as forças políticas de direita e de esquerda, criação do
Ministério da Educação e da Saúde Pública (1930), com a reforma educacional de Francisco Campos (foi
o primeiro Ministro). Em 1932, foi lançado, o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, pelos
intelectuais que defendiam a escola pública, gratuita e leiga e os ideais pedagógicos escolanovista.
Durante o período de 1934 a 1937, intensificou-se o confronto político-ideológico entre as forças da
esquerda e da direita, e Getulio Vargas fazendo grande alarde sobre o “perigo comunista”, preparou o
golpe de estado que levou a nação à ditadura do Estado Novo (1937-1945). Impondo severa repressão aos
intelectuais e censuras ao meio de comunicação, a ditadura Vargas impediu a livre expressão do
pensamento. Com o patrulhamento do Estado, diversos setores da cultura nacional, entre eles o campo
pedagógico, sofreram um processo de estagnação.
Em 1942 o Brasil ingressa na Segunda Guerra Mundial. O país ainda vive em regime de ditadura. Em
1945, Vargas é deposto e o Brasil entra num período de redemocratização (o novo presidente é o General
Dutra). A Assembleia Nacional Constituinte elabora a quarta Constituição da República, que substituiria
a de 1937, imposta à Nação pela ditadura. Em meio ao revigoramento da vida partidária, de
reestruturação das instituições, as atenções dos educadores foram absorvidas principalmente pelos rumos
da política educacional que estava sendo definida pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a
qual tramitou no Congresso entre 1948-1961. Finalmente durante sua vigência a lei revelou-se “inoperante
diante da realidade brasileira, não tendo conseguido realizar transformações substanciais”. Os graves
problemas da educação foram ignorados: a falta de vagas nas escolas, as dificuldades na educação popular
(o analfabetismo, a evasão e a repetência), a melhoria da formação do professorado. Havia uma visível
preocupação dos intelectuais em promover a crescente participação do povo no processo político do país.
Para isso, era necessário fomentar os movimentos de cultura popular, organizar e fortalecer as entidades
sindicais, impulsionar as entidades comunitárias. Nesse contexto histórico é que surgiu e desenvolveu o
pensamento de um dos mais importantes educadores brasileiros: Paulo Freire.
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Tendência Tecnicista
No século XX, a escola tradicional acaba sendo alvo de críticas por demonstrar-se, para muitos,
ineficaz. Nesse contexto, a partir da década de 60, surgem propostas de inspiração tecnicista,
fundamentadas na convicção de que a escola só se tornaria mais eficaz, caso adotasse o modelo
empresarial. Isso significa inserir na educação o modelo de racionalização típicos do sistema capitalista. A
tendência tecnicista surge nos EUA, cujos teóricos e técnicos passam a influenciar os países latino-
americanos em desenvolvimento.
No Brasil, com o golpe militar de 1964, rompeu-se o diálogo do Governo com as classes trabalhadoras
e populares. No plano político, as mudanças impostas pelo movimento militar nos diversos segmentos
sociais, culturais e educacionais, esfacelaram a vida democrática e lançaram o País no autoritarismo. O
regime militar promoveu forte repressão policial contra várias entidades de bases populares (sindicatos,
União Nacional dos Estudantes, movimentos de inspiração socialista etc.); extinguiu todos os partidos
políticos, instituindo o bipartidarismo (ARENA – partido do governo e MDB – partido reunindo
oposições) e exerceu severa censura as atividades culturais e os meios de comunicação de massa.
O pensamento pedagógico preocupado em promover a emancipação popular foi sufocado. Inúmeros
intelectuais brasileiros, educadores, sociólogos, cientistas e artistas, foram perseguidos e condenados ao
exílio. O regime militar tratou de moldar a educação brasileira segundo suas diretrizes ideológicas.
Após o golpe de 64, foram feitos diversos acordos, inicialmente sigilosos e tornados públicos apenas
em 1966: eram os acordos MEC – USAID (Ministério da Educação e Cultura; United States Agency for
Internacional Development). O Brasil passou, então, a receber assistência técnica e cooperação financeira
que resultaram nas Leis 5.540/68 (ensino universitário) e 5692/71 (ensino de 1° e 2° graus).
Como a tradicional e a escolanovista, é considerada uma pedagogia liberal (pedagogia própria da
sociedade capitalista).
O liberalismo é uma teoria política econômica que exprime os anseios da burguesia. Defende os
direitos da iniciativa privada, restringindo as atribuições do Estado.
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No Brasil (anos 70), a situação é cada vez pior: de cada três crianças, uma não consegue entrar na
escola, apesar de a lei dizer que o ensino é obrigatório. Nas áreas rurais, a metade das crianças fica de fora
e no Nordeste a situação atinge cifras dramáticas, pois duas crianças em cada três ficam excluídas da vida
escolar. Quanto aos que conseguem entrar, há um afunilamento muito grande. Nada menos do que seis em
cada dez crianças que frequentam a primeira série não conseguem passar de ano. As reprovações e
repetências continuam nos anos seguintes. Em São Paulo, o estado mais rico do Brasil, apenas 14 em cada
100 estudantes frequentam o 2º grau. Considerando o conjunto da população com mais de 5 anos de idade,
veremos que no Brasil o número dos que ficam na escola menos do que um ano ou nem conseguiram
entrar é de mais de 35 milhões. (dados do Censo de 1980).
Os principais teóricos
Bourdieu e Passeron – Teoria do sistema de ensino enquanto violência simbólica – “(...) afirmam
que, ao lado da violência material (dominação econômica) exercida pelos grupos e classes dominantes, há
a violência simbólica (dominação cultural) que se exerce através dos meios de comunicação de massa,
jornais, etc.; a pregação religiosa; a atividade artística e literária; a propaganda e a moda; educação
familiar etc.”
O mérito dos dois teóricos está em desfazer a ilusão da autonomia absoluta do sistema escolar. Para
eles a escola não é uma ilha separada de um contexto social; ao contrário, o sistema escolar marca os
indivíduos submetidos à educação de maneira inevitável e irreversível.
Althusser – demonstra que a escola, ao mesmo tempo que ensina, reproduz a ideologia
dominante. Afirma que a dominação social é exercida pelo Estado através dos aparelhos repressivos
(órgãos administrativos, militares, policiais etc.) e aparelhos ideológicos (partidos políticos, veículos de
comunicação de massa, entidades artísticas, escolas etc). A escola é vista como um dos mais importantes
aparelhos ideológicos do Estado. Reproduz culturalmente os elementos necessários à continuidade das
relações sociais exploradoras.
Tudo se transforma:
A transformação da realidade educacional – cabe ao pensamento dialético refletir sobre as
condições reais da escola a fim de compreender o “seu movimento”, tentando captar e influir sobre sua
direção.
Mudanças qualitativas:
Mudanças qualitativas e educação – a pedagogia dialética jamais perde de vista seu papel na questão
da transformação social. Mas considera a luta pedagógica apenas como um dos aspectos das lutas sociais
globais. A função específica da escola consiste em promover a transmissão-compreensão dos
conhecimentos e o desenvolvimento do senso crítico.
Conceito de educação escolar: a escola é um lugar de conflitos e contradições que pode ser utilizado
pelas forças progressistas em prol das transformações sociais. A luta pedagógica é um aspecto da luta
social global. Em termos específicos, a educação escolar tem como função: promover a transmissão-
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RACIONALISMO
- Conceito teoria das ideias inatas (inato indica “o que nasce com o sujeito”);
- Valoriza a razão ou o pensamento como fonte do conhecimento;
- Principal representante: René Descartes (1596-1650);
- Para Descartes, as ideias claras e distintas são ideias gerais que não derivam do particular,
mas já se encontram no espírito, como instrumentos de fundamentação para a apreensão de outras
verdades;
- “São ideias inatas e, portanto, não estão sujeitas a erro, pois vem da razão, independentes das
ideias que ‘vem de fora’, formadas pelos sentidos ou pela imaginação”.
- “(...) A realidade está sempre primeiramente no espírito, isto é, no sujeito, e se apresenta na
forma de ideias. (...)”
- Assim, é a tendência que, diante dos pólos sujeito-objeto, privilegia o sujeito;
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EMPIRISMO
- Conceito termo cuja origem é a palavra grega empeiría, que significa experiência;
- Considera o conhecimento como algo que vem de fora;
- Principal representante: Locke (1632-1704)
- “Para Locke, há duas fontes possíveis para nossas ideias: a sensação e a reflexão”;
- “A sensação é o resultado da modificação feita na mente por meio dos sentidos, enquanto a
reflexão é a percepção que a alma tem daquilo que nele ocorre”;
- “Portanto, a reflexão se reduz apenas à experiência interna do resultado da experiência
externa produzida pela sensação”;
- Assim, a mente da criança é um tabula rasa (uma tábua que ainda não recebeu inscrições,
nada contém: é passiva e receptiva);
- O empirismo não despreza a razão, mas a subordina ao trabalho anterior da experiência;
- O Positivismo de Comte, e o behaviorismo (de behaviour ou behavior, conduta) ou teoria
comportamentalista e o princípio do condicionamento estímulo-resposta de Skinner (1904- 1990), são
herdeiros do empirismo.
- O empirismo vê a realidade exterior ao sujeito que aprende como a fonte de todas as suas
explicações;
- Ao longo da vida, o meio, a experiência, os estímulos vão depositando os conhecimentos na
mente do sujeito.
Representação
Sujeito Objeto
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O sujeito recebe passivamente o conhecimento que vem do objeto, isto é, de fora para dentro, através
das sensações ou experiências.
Kant, no século XVIII, preocupou-se em buscar uma compreensão mais elaborada do problema
relativo às posturas antagônicas das duas tendências: racionalista e empirista.
Solução: a teoria interacionista.
INTERACIONISMO
Na fala de um professor a respeito do que ele considera importante fazer para que seu aluno
aprenda de fato, é possível perceber a ligação intrínseca existente entre as questões epistemológicas
analisadas e a sua práxis em sala de aula.
Vejamos os exemplos para reflexão e discussão.
1. O bom professor deve preocupar-se com os pré-requisitos, a prontidão do aluno para o
desenvolvimento da aprendizagem.
2. É importante que o professor transmita bem o conhecimento acumulado na cultura a que
pertence.
3. O professor deve investigar o estágio de desenvolvimento intelectual do educando com o
qual vai trabalhar, a fim de criar situações para que ele aprenda por si próprio.
A ESPIRAL DO CONHECIMENTO
Para Piaget, a inteligência é uma das formas que assumiu a adaptação do homem ao mundo exterior.
Essa adaptação se dá de forma progressiva e resulta da equilibração majorante de estruturas que vão
se constituindo ao longo do desenvolvimento. Este pode ser representado pela forma espiralar onde uma
estrutura é sempre base de uma outra que a sucederá, bem como foi a ampliação de uma estrutura que
antecedeu. Desde que o equilíbrio seja atingido num ponto, a estrutura é integrada num novo equilíbrio em
formação, até chegar a um novo equilíbrio cada vez mais estável aberto ao infinito.
O conhecimento físico
O conhecimento físico é construído pela ação contínua da criança sobre os objetos de sua realidade.
Essa construção se inicia logo após o nascimento, no estágio sensório-motor (0 a 2 anos), pelo contato com o
meio por intermédio dos órgãos dos sentidos e da manipulação dos objetos. O conhecimento das propriedades
dos objetos – sua cor, forma, tamanho, peso, material de que são feitos, etc. – constitui um conhecimento físico.
Esse tipo de conhecimento resulta da abstração empírica ou abstração simples ou direta, isto é, da
percepção que a criança vai tendo de algumas características do objeto, sem relacioná-las entre si. O
conhecimento físico resulta da observação direta.
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O conhecimento lógico-matemático
Ao evoluir para estágios superiores (pré-operatório e operatório-concreto), a criança começará a
“operar” sobre a realidade, isto é, a relacionar seus diversos elementos (tanto concretamente como
mentalmente). Esse estabelecimento de relações entre os elementos da realidade, ou essas “operações” sobre os
objetos, é resultante de um outro tipo de abstração: a abstração reflexiva.
O ato de relacionar objetos por suas propriedades, comparando-os e agrupando-os, é um trabalho
mental e abstração reflexiva (que é uma construção feita pela mente). Ambos os tipos de abstração são
interdependentes. Não podemos realizar abstração reflexiva independente de construções feitas anteriormente
pela criança.
Entre dois objetos, por exemplo, podemos criar, por abstração reflexiva, relações tais como
diferentes ou parecidos, mais leve mais pesado e iguais. Ao relacionarmos dois objetos, estamos criando,
mentalmente, a “diferença” ou “semelhança” entre ambas. A “diferença” (ou a “semelhança”) não é
diretamente observável; não existe nem em um objeto nem no outro. Essa relação entre os objetos é construída
por abstração reflexiva, enquanto o conhecimento do peso, da cor e do tamanho dos objetos, por exemplo, é
construído pela observação direta, ou abstração empírica (ou simples).
A coordenação de relações entre os objetos nos possibilita o conhecimento lógico-matemático. Por
exemplo, ao coordenar as relações de “igual”, “diferente” e “mais”, a criança se torna apta a deduzir que há
mais contas no mundo que contas vermelhas e que há mais animais do que vacas. Da mesma forma, é
coordenando a relação entre “dois” e “dois” que ela deduz que 2 + 2 = 4, e que 2 x 2 = 4.
O conhecimento social
O conhecimento social resulta das convenções construídas pelas pessoas. A principal característica
do conhecimento social é que sua natureza é arbitrária, podendo ser ensinado por meio da transmissão social
(pela linguagem). Por exemplo: devemos ficar de pé ao ouvirmos o hino nacional; geralmente os homens tiram
o chapéu ao cumprimentarem as pessoas. Uma xícara é chamada de “xícara”; dia 25 de dezembro é o dia do
Natal, etc. “As palavras um, dois, três, quatro são exemplos de conhecimentos social. Cada idioma tem um
conjunto diferente de palavras que serve para o ato de contar. A ideia subjacente de número, contudo, pertence
ao conhecimento lógico-matemático, que é universal”.
O conhecimento lógico-matemático não pode ser ensinado diretamente, por meio da transmissão
social ou pela linguagem. Cada criança tem que construí-lo por si mesma.
Importância da psicogênese
Para chegar a esse processo de adaptação em relação ao conhecimento do texto, a criança passa por
muitos momentos de dúvida, incerteza, confusão – momentos que Piaget define como conflitos. A psicogênese
serve como ponto de partida, como indicador de interferências e mediações do professor, e não para classificar
crianças segundo sua capacidade de desempenho, centrando o trabalho pedagógico quase exclusivamente no
desenvolvimento intelectual.
Uma preocupação excessiva com o cognitivo, com o crescimento individual do sujeito, pode
desqualificar aspectos fundamentais como a afetividade, a criatividade, o desejo, o prazer, a fantasia e a
necessária relação do conhecimento com o contexto sociocultural do sujeito
A teoria de Piaget oferece ao professor uma compreensão do processo de formação do conhecimento
científico e dos limites e possibilidades individuais da criança, mas é preciso levar em conta que as condições
de vida, a cultura e o meio social também interferem na forma de perceber e de interpretar a realidade e,
portanto, na relação com o conhecimento.
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ESPIRAL DO CONHECIMENTO
Do ponto de vista piagetiano, o desenvolvimento intelectual pode ser compreendido como o processo pelo
qual as estruturas da inteligência se constroem, progressivamente, pela contínua interação entre o sujeito e o
mundo exterior.
Conceitualmente, o desenvolvimento intelectual é subdividido em estágios. Um estágio corresponde
a um nível de equilíbrio alcançado pela inteligência. Nunca é um nível estático, mas em evolução, em mudança.
Por isso, embora os estágios obedeçam a uma ordem sequencial psicologicamente necessária, o aparecimento
imediato das estruturas anteriores. Um novo conjunto de estruturas da inteligência tem sempre um caráter
integrativo, ou seja, novas estruturas são preparadas por aquelas que as precedem e se integram às que as
sucedem.
Estruturas dos esquemas sensório-motores são seguidas pelas estruturas pré-operatórias ou
intuitivas, que por sua vez são seguidas pelas estruturas operatórias concretas ou lógico-matemáticas e depois
pelas operatórias formais. A evolução cognitiva se dá por meio de equilibrações, que resultam dos processos
de assimilação, acomodação e adaptação.
Para Piaget, a inteligência é uma das formas que assumiu a adaptação do homem ao mundo
exterior. Essa adaptação se dá de forma progressiva e resulta da equilibração majorante de estruturas que
vão se constituindo ao longo do desenvolvimento. Este pode ser representado pela forma espiralar onde
uma estrutura é sempre base de uma outra que a sucederá, bem como foi a ampliação de uma estrutura que
antecedeu. Desde que o equilíbrio seja atingido num ponto, a estrutura é integrada num novo equilíbrio em
formação, até chegar a um novo equilíbrio cada vez mais estável aberto ao infinito.
OS ESTÁGIOS DE PIAGET
Estágio da inteligência Sensório: motora (o a 2 anos)
Estágio Pré - operatório (2 aos 7 anos)
Estágio da inteligência Operatória: concreta (2 a 11/12 anos)
Estágio da inteligência Formal (a partir de 12 anos)
Cada estrutura anterior serve de base para a posterior: Evolução Cognitiva = Equilibrações = Processos
de Assimilação, Acomodação e Adaptação.
Dúvida, incerteza, confusão = CONFLITOS.
Para chegar ao processo de adaptação a criança passa por momentos de conflitos.
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Neste período, a criança reconstrói conceitualmente tudo o que construiu como ação no período
anterior.
Representação dos objetos ausentes pode ocorrer por meio de significantes.
De 2 aos 7 anos, o pensamento da criança é egocêntrico.
As crianças pré-operatórias permanecem centradas em seu ponto de vista, incapazes ainda de
considerar o ponto de vista do outro.
A capacidade de representação se manifesta por meio de diferentes formas de expressão.
Ao final do estágio pré-operatório, a criança começa a querer checar seu simbolismo que permite a
transição para o pensamento operatório.
Permanece as características do egocentrismo como o animismo, antificialismo e o finalismo.
Em cada estágio o mais importante são os esquemas mentais já adquiridos, e não a idade cronológica
da criança.
Todas as estruturas construídas em um estágio vão integrar as estruturas do estágio seguinte. Assim,
um estágio não é isolado do outro nem é totalmente diferente dele.
Cada estágio representa um nível já alcançado, mas também é uma preparação para o estágio seguinte.
Há uma continuidade entre os estágios, isto é, sempre parte do processo de desenvolvimento, e essa
progressão ocorre por meio da equilibração, resultante dos processos de assimilação, acomodação e
adaptação.
Jean Piaget nasceu na Suíça, em 1896. Em sua infância e adolescência demonstrou uma rara
precocidade intelectual.
Graduou-se em Ciências Naturais, pelas quais mostrava grande interesse desde
pequenino, mas lia também sobre outros assuntos: Sociologia, Religião e Filosofia. Durante suas
leituras sobre Filosofia, Piaget interessou-se pelo estudo de como o conhecimento é adquirido
(Epistemologia). Decidiu, então, entrar no mundo da Psicologia.
Com esse fim, deixou a Suíça e procurou diversos laboratórios, clínicas e universidades da
Europa. Nessa época trabalhou em Paris, no laboratório de Binet, onde aplicava testes de
inteligência em crianças das escolas públicas. Ele se sentia fascinado não com as respostas
corretas que as crianças davam aos testes propostos, mas com as respostas incorretas. Estudou
obstinadamente as respostas incorretas na esperança de aprender sobre a extensão e a
profundidade das ideias e dos processos mentais infantis.
O objetivo de Piaget era compreender como as crianças de várias idades obtêm o
conhecimento do mundo a seu redor. Descobrir como elas adquirem conhecimento tornou-se, para
ele, o trabalho de sua vida inteira.
Mais tarde, de novo na Suíça, anotou minuciosamente o crescimento mental de seus
filhos: Jacqueline, Laurent, Lucienne. Essas observações, cuidadosamente interpretadas, constituem
suas obras. O nascimento da inteligência na criança (1936) e A construção do real na criança
(1937).
Piaget publicou inúmeros livros e artigos sobre o desenvolvimento cognitivo da criança.
Seu trabalho foi muito influenciado pela sua formação em Ciências Naturais. Para Piaget, a
habilidade de pensar resulta de uma base filosófica. A criança nasce biologicamente equipada para
realizar uma grande variedade de respostas motoras, que constituem a armação para os posteriores
processos de pensamento.
Até seu falecimento, em setembro de 1980, Piaget se manteve trabalhando ativamente.
Sua pesquisa não visava diretamente servir de base à educação. Sua principal finalidade era
descobrir como o homem adquire conhecimento.
Por isso, dizemos que a principal finalidade das pesquisas de Piaget era epistemológica e
não educacional. Mesmo assim, os educadores têm encontrado, nas descobertas de Piaget, muitos
ensinamentos valiosos para seu trabalho. O grupo de colaboradores de Piaget, conhecido como a
Escola de Genebra, continua ainda suas pesquisas. Mesmo fora da Suíça, a teoria de Piaget tem
servido de inspiração tanto a pesquisas como a trabalhos na área da educação.
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A obra do psicólogo russo que ressaltou o papel da sociedade no processo de aprendizado ganha destaque
com as comemorações do centenário de seu nascimento e a expansão do socioconstrutivismo.
No interior da Rússia pós-revolucionária, nos anos 20, um professor de ginásio que amava as artes se
fazia uma pergunta fundamental: como o homem cria cultura? Dono de uma inteligência brilhante, ele
buscou a resposta na Psicologia e acabou por elaborar uma teoria do desenvolvimento intelectual,
sustentando que todo conhecimento é construído socialmente, no âmbito das relações humanas. O
nome do professor era Lev Vygotsky e sua obra é hoje a fonte de inspiração do socioconstrutivismo, uma
tendência cada vez mais presente no debate educacional.
A repercussão que o pensamento de Vygotsky vem obtendo possui a força de uma redescoberta.
Nascido há um século, morreu em 1934, aos 37 anos. Sua obra enfrentou décadas de silêncio
imposto pelo regime stalinista. Apenas em meados dos anos 60 seus livros chegaram ao Ocidente. Só
então o psicólogo suíço Jean Piaget (1896-1980), lamentando que os dois não tivessem se conhecido, leu e
comentou os elogios e as críticas que Vygotsky lhe fizera em 1932.
Natureza social
No Brasil, Vygotsky é estudado há pouco mais de uma década. Segundo a pedagoga Maria Teresa
Freitas, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFMG), que pesquisou a difusão do trabalho dele por
aqui, suas ideias chegaram no fim dos anos 70, trazidas por estudiosos que as conheceram no exterior.
Mas sua obra só começou a ser divulgada, de fato, nos anos 80, ao mesmo tempo em que a linha
educacional construtivista se expandia, impulsionada pela psicóloga Argentina Emília Ferreiro, discípula
de Piaget.
Embora não tenha elaborado uma pedagogia, Vygotsky deixou ideias sugestivas para a
educação. Atento à “natureza social” do ser humano, que desde o berço vive rodeado por seus pares em
um ambiente impregnado pela cultura, defendeu que o próprio desenvolvimento da inteligência é produto
dessa convivência. Para ele “na ausência do outro, o homem não se constrói homem”.
2
KOLL, Marta de Oliveira. Vygotsky: Aprendizado e desenvolvimento: um processo sócio-histórico. São
Paulo: Scipione, 2010.
24
Essa evolução acontece pela elaboração das informações recebidas do meio. Com um detalhe
importantíssimo, ressaltado pela psicóloga Cláudia Davis, da Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo (PUC-SP): “As informações nunca são absorvidas diretamente do meio. São sempre
intermediadas, explícita ou implicitamente, pelas pessoas que rodeiam a criança, carregando
significados sociais e históricos”.
Isso não significa que o indivíduo seja como um espelho, apenas refletindo o que aprende. “As
informações intermediadas são reelaboradas numa espécie de linguagem interna”. Explica o
pedagogo João Carlos Martins, diretor pedagógico do Colégio São Domingos, de São Paulo. “É isso que
caracterizará a individualidade”. Por isso a linguagem é duplamente importante para Vygotsky. Além
de ser o principal instrumento de intermediação do conhecimento entre os seres humanos, ela tem
relação direta com o próprio desenvolvimento psicológico.
Maria Teresa Freitas resume: “Nenhum conhecimento é construído pela pessoa sozinha, mas sim
em parceria com as outras, que são os mediadores”.
Aprendizado é contínuo
Desenvolvimento Real - É determinado por aquilo que a criança é capaz de fazer sozinha
porque já tem um conhecimento consolidado. Se domina a adição, por exemplo, esse é um nível de
desenvolvimento real.
O mediador - É quem ajuda a criança a concretizar um desenvolvimento que ela ainda não
atinge sozinha. Na escola, o professor e os colegas com mais experiências são os principais
mediadores.
Desenvolvimento Potencial - É determinado por aquilo que a criança ainda não domina, mas
é capaz de realizar com auxílio de alguém mais experiente. Por exemplo, uma multiplicação
simples, quando ela já sabe somar.
25
Esse termo (ou, como preferem alguns especialistas, sociointeracionismo) é usado para fazer
distinção entre a corrente teórica de Vygotsky e o construtivismo de Jean Piaget. Segundo Maria
Teresa, ambos são construtivistas em suas concepções do desenvolvimento intelectual. Ou seja,
sustentam que a inteligência é construída a partir das relações recíprocas do homem com o meio. Os dois
se opõem tanto à teoria empirista (para a qual a evolução da inteligência é produto apenas da ação do
meio sobre o indivíduo) quanto à concepção racionalista (que parte do princípio de que já nascemos
com a inteligência pré-formada). Para o ser humano, segundo Vygotsky, o meio é sempre revestido de
significados culturais. Por exemplo, o objeto armário (meio) não tem sentido em si Só tem o sentido
(cultural) que lhe damos, como ser útil ou inútil, valioso ou não, rústico ou sofisticado e assim por
diante. E os significados culturais só são aprendidos com a participação dos mediadores. O fator
cultural, básico para Vygotsky, e pouco enfatizado por Piaget, é a diferença central entre os dois
teóricos construtivistas. Ambos divergem também quanto à sequência dos processos de
APRENDIZAGEM e de DESENVOLVIMENTO MENTAL. Para Vygotsky, é o primeiro que gera o
segundo. Em suas palavras. “O aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento que,
de outra forma, seriam impossíveis”. Piaget, ao contrário, defende que é o desenvolvimento progressivo
das estruturas intelectuais que nos torna capazes de aprender (fases pré-operatória ou lógico-formal).
Além do fato de ser professor, a preocupação de Vygotsky com a educação tinha também motivos
políticos, pois era um de seus compromissos revolucionários. “Ele queria acelerar, pela educação, o
desenvolvimento da Rússia, então atrasada e iletrada”, comenta Cláudia Davis. Coerentemente, sua teoria
explica a evolução intelectual como um processo constante que pode ser impulsionado também com a
ajuda externa.
“Nessa perspectiva, a educação não fica à espera do desenvolvimento intelectual da criança”,
diz João Carlos. “Ao contrário, sua função é levar o aluno adiante, pois quanto mais ele aprende, mais se
desenvolve mentalmente”. Segundo Vygotsky, essa demanda por desenvolvimento é característica das
crianças. Se elas próprias fazem da brincadeira um exercício de ser o que ainda não são, a escola que se
limita ao que elas já sabem é inútil.
Priorizando as interações entre os próprios alunos e deles com o professor, o objetivo da escola,
então, é fazer com que os CONCEITOS ESPONTÂNEOS, que as crianças desenvolvem na convivência
social, evoluam para o nível dos CONCEITOS CIENTÍFICOS. “Nesse sentido, o educador assume o
papel de mediador privilegiado na formação do conhecimento”, explica Cláudia.
escola que “puxe pelo aluno, que o faça avançar. E traçam claramente o papel do professor como condutor
do processo”.
Já no construtivismo, o educador tem uma atuação mais discreta, agindo principalmente como um
animador e apresentador de contraexemplos para as descobertas que os alunos realizam à medida que
atingem as sucessivas fases de desenvolvimento.
Algumas distinções entre as duas correntes já foram bem mais claras, principalmente nos anos 80,
época da rápida difusão das ideias construtivistas. É que, num processo quase inevitável na popularização
de teorias complexas, muitas interpretações simplistas, que não podem ser atribuídas a Piaget ou Emília
Ferreiro, acabaram aparecendo como princípios construtivistas. Isso resultou numa visão de que a
construção do conhecimento é um processo isolado e espontâneo por parte da criança. O amadurecimento
do construtivismo, mas também a crítica socioconstrutivista, contribuíram para uma correção de rumos em
vários desses aspectos.
Como a Teoria é aplicada na sala de aula: Alguns exemplos de práticas didáticas baseadas nos estudos
vygotskyanos
Alfabetização: Não se pauta por fases (como pré-silábica ou silábica, que orientam o
construtivismo). O objetivo é ampliar o universo de expressões da criança para facilitar a
incorporação da escrita. A ênfase é na elaboração da fala, da escrita e da leitura como
instrumentos simbólicos que repercutem no desenvolvimento mental.
Cópia: O aluno deve contar com um ponto de partida para realizar suas próprias descobertas.
Nesse sentido o oferecimento de modelos de texto, por exemplo, é uma estratégia válida –
desde que resulte numa atividade criativa, não numa cópia mecânica. O construtivismo rígido
exclui o trabalho com cópias.
O erro: Faz parte do processo de aprendizado, mas o professor deve apontá-lo sempre para
que a criança corrija. “Não se pode esperar que o aluno descubra sozinho que errou”, diz João
Carlos. O construtivismo também faz correções, mas sempre considerando o desenvolvimento
da criança.
Prática investe nas parcerias: Trabalhos em pequenos grupos facilitam o aprendizado, mas cabe
ao educador acompanhar individualmente o aluno
No colégio São Domingos, da rede particular, a orientação socioconstrutivista não determina uma
didática rígida. “Vygotsky não dá receitas, mas propõe reflexões que orientam algumas práticas”, diz o
diretor pedagógico João Carlos Martins. O objetivo geral é promover as intermediações do conhecimento
e estimular o avanço do aluno. Os conteúdos valorizam o universo social e histórico da criança, buscando-
se a transformação de seus conceitos espontâneos em conceitos científicos. Veja alguns exemplos de
atividades desenvolvidas na escola.
27
Trabalho em duplas
O professor explica um assunto e os alunos fazem discussões ou trabalhos em pequenos grupos. O
tamanho reduzido das equipes amplia as interações, facilitando o processo de aprendizado. Essas equipes
podem ser formadas espontaneamente, mas podem também ser determinadas pelo professor. “O que se
busca é exatamente o confronto de diferenças que levem a novas descobertas”, diz João Carlos. “Não se
trata de fazer trabalho em grupo para que todo mundo pense igual e produza a mesma coisa”. Outro
aspecto positivo do estudo em parcerias é o estímulo à autonomia. “Em cada trabalho com seus colegas os
alunos caminham claramente de um nível de alta dependência do professor para a completa independência
na formulação de hipóteses”, afirma o direto.
Assistência individual
O professor acompanha cada aluno para auxiliá-lo na superação de dificuldades. “É quando se
trabalha diretamente com o conceito de desenvolvimento proximal”, explica João Carlos. “O professor
precisa conhecer o desenvolvimento real da criança, mas não pode parar aí”. É pelo auxílio direto, com
explicações, pistas e sugestões, que o aluno avança, consolidando o desenvolvimento que era apenas
potencial. No trabalho individual de cada um, pois ela não é homogênea para todo o grupo.
Atividade de linguagem
Se a linguagem é o principal instrumento de intermediação do conhecimento de intermediação do
conhecimento e corresponde ao desenvolvimento de uma linguagem interna, as atividades de fala, escrita
e leitura ganham a maior importância. Os professores buscam então diversificar técnicas que enfatizem
essas ações. Uma delas são os textos sugeridos, em que o professor desafia o aluno a escrever a partir de
diferentes modelos. “Pela análise das características estruturais de um texto, as crianças devem criar suas
histórias seguindo aquele padrão”, diz João Carlos. Mas os textos livres também são estimulados. Outra
atividade é a roda da leitura, em que as crianças debatem suas interpretações. Uma das estratégias é o
“conto e reconto”, em que os estudantes ouvem uma história e devem recontá-la do seu ponto de vista.
Quando Vygotsky era adolescente, seus colegas o chamavam de “o pequeno professor”, pois ele já
gostava dos estudos intelectuais que marcariam sua vida. Conheça um pouco de sua trajetória.
1896 - Nasceu em 17 de novembro em Orsha, mas cresceu em Gomel. Desde cedo mostrou-se
apaixonado por Teatro, Literatura, Poesia e Filosofia. Estudou Francês, Alemão, Inglês, Hebraico,
Latim e Grego. Teve um tutor particular até entrar na escola, para fazer o curso secundário,
graduando-se com medalha de ouro.
1917: Formado voltou a Gomel. Lecionou Literatura, Estética e História da Arte e fundou um
laboratório de Psicologia na Escola de Professores local.
1924: Casou-se com Rosa Smekhova, com quem teve duas filhas. Apresentando-se de improviso
no Congresso Panrusso de Psiconeurologia, foi convidado a trabalhar no Instituto de Psicologia de
Moscou, onde uniu-se a Aleksandr Luria (1902-1977) e Aleksei Leontiev (1904-1979), seus
principais colaboradores.
1925: Conclui A Psicologia da Arte, tese baseada em Hamiet, de Shakespeare. Já com tuberculose,
iniciou um período de intensa produção de conferências, textos e pesquisas, principalmente com
crianças portadoras de deficiências visuais e auditivas.
1927: Seu interesse pela arte mantinha-o afinado com intelectuais russos. Entre seus admiradores
estava, por exemplo, o cineasta Sergel Eisenstein (1898-1948), que o considerava “um dos
psicólogos mais brilhantes de nossa era, capaz de ver o mundo com claridade celestial”.
1936: Acusada de “idealista” por Josel Stalin (1879-1953), sua obra foi proibida por vinte anos.
Bibliografia é extensa: A obra de Vygotsky, que reúne cerca de setenta textos, só voltou a ser publicada
na antiga URSS em 1956, mesmo assim parcialmente. Atualmente prepara-se a edição integral de todos os
seus trabalhos. Além de dois de seus principais livros, o mercado brasileiro dispõe de dezenas de títulos,
nacionais e estrangeiros, a respeito de suas teorias.
Indicações bibliográficas
2023/01
I - O FAZER DIDÁTICO
A ação didática constitui um conjunto de atividades destinadas a dirigir e orientar o processo de
aprendizagem.
Para o bom desempenho de sua função é necessário que o professor conheça: a quem ensina
(alunos); o que ensina (conteúdo); para que ensina (objetivos); como ensina (procedimentos e recursos
metodológicos).
Há atualmente uma tentativa de ampliar o conceito de conteúdo e passar a usá-lo para tudo
quanto se tem que aprender, não apenas as capacidades cognitivas, como também as
demais capacidades. Pode-se assim incluir de forma explícita nos programas o que antes
estava apenas no currículo oculto. (ZABALA, 1998)
Conteúdos = conhecimentos, habilidades, hábitos, valores e atitudes, organizados
pedagógica e didaticamente. Revisão do conceito de conteúdo ampliando-o para todas as
capacidades além da cognitiva (Zabala, 1998).
Planejar é organizar, sistematizar a ação docente mediadora da interação S – O (Sujeito – objeto
conceitual). Para organizar, sistematizar, executar e avaliar a ação docente, o professor precisa:
1. Conhecer o aluno em seus aspectos cognitivo, afetivo e social, isto é, entender como o
aluno aprende, o que pensa e sente, como vê e se coloca no mundo;
2. Conhecer o objeto conceitual, suas relações e inter-relações;
3. Estabelecer princípios de organização grupal e boa base de relação afetiva;
4. Adotar o relatório como ponto de referência para planejamento e replanejamento do fazer
didático;
5. Selecionar atividades desequilibradoras e sistematizadoras do processo.
3
DCNs – Diretrizes Curriculares Nacionais.
4
RCNs – Referenciais Curriculares Nacionais
5
PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais.
31
O professor, no seu trabalho diário, tem presente todos esses aspectos, procurando dar-lhes
sentido objetivo, atendendo às necessidades do aluno, orientando-o a trabalhar de acordo com
suas possibilidades, buscando uma aprendizagem eficiente e satisfatória.
Sendo o processo de ensino um conjunto de atividades organizadas do professor e dos alunos
para alcançar determinados resultados, tendo como ponto de partida o nível atual de
conhecimentos, experiências e de desenvolvimento dos alunos, devemos considerar algumas
características desse processo:
O sentido de aprendizagem
A aprendizagem é um fenômeno, um processo bastante complexo e, por isso, é estudada
profundamente pela Psicologia Educacional. Esta não consiste simplesmente num processo de aquisição
de conhecimentos, conteúdos ou informações, pois o que é adquirido deve ser processado para tornar-se
significativo para a vida do aluno. As informações, os dados da experiência, os conhecimentos prévios,
devem ser trabalhados, de maneira consciente e crítica por quem os recebe. Portanto, podemos definir
aprendizagem como “um processo de aquisição e assimilação, mais ou menos consciente, de novos
padrões e novas formas de perceber, ser, pensar e agir”.
32
Fases da aprendizagem
II - Construção do conhecimento
Possibilita o confronto do conhecimento entre o sujeito e o objeto;
Envolve a captação da essência do objeto;
É o momento da análise, que consiste no desdobramento da realidade em seus elementos, a
parte como parte do todo (o sujeito constrói o conhecimento através da elaboração de relações
totalizantes);
Esta etapa pressupõe ação, participação ativa do aluno. Processo de conhecer:
estabelecimento de relações significativas entre as ideias, conceitos do sujeito sobre o objeto
num determinado contexto;
A preocupação do educador neste momento deve estar voltada para a análise das relações
que compõem o objeto de conhecimento;
Há necessidade da ação do sujeito sobre o objeto do conhecimento, para que a
aprendizagem seja eficaz;
O papel do educador é de desafiador, mediador e orientador do processo de conhecimento
(promove o aprofundamento da habilidade através da experimentação)
Através da análise, busca-se chegar a uma síntese pessoal, daquilo que foi estudado.
34
Em suma...
O termo “conteúdo” normalmente é utilizado para nomear o que se deve aprender nas disciplinas e matérias. É uma
alusão a quantidade de conhecimento que deverá ser adquirido. Após a análise do plano de aula é possível perceber
que os conteúdos de aprendizagem são “todos aqueles que possibilitem o desenvolvimento das capacidades
motoras, afetivas, de relação interpessoal e de inserção social” (ZABALA, p. 30, 1998). Ou seja, o conjunto de
aprendizagens possíveis em uma sala de aula está além do que se encontra nos currículos.
Segundo Zabala (p.30, 1998) “tudo aquilo que indubitavelmente se aprende na escola, mas que não se pode
classificar nos compartimentos das disciplinas, não tem aparecido e tampouco tem sido objeto de avaliações
explícitas” é denominado currículo oculto.
Compreender todos esses conteúdos de aprendizagem nos faz pensar sobre a prática pedagógica do professor,
pois “por trás de qualquer prática educativa sempre há uma resposta a “por que ensinamos e como se aprende”.
(ZABALA, p.33, 1998).
II - Avaliação de Conteúdos
Dimensão Conceitual
A dimensão conceitual do conhecimento implica que a pessoa esteja estabelecendo relações entre
fatos para compreendê-los. Os fatos e dados, segundo COLL, C. ET AL. (2000) estão num extremo de um
contínuo da aprendizagem – que aciona a memória e a retenção da informação simples, a aprendizagem de
natureza mnemônica ou “memorística”. São informações curtas sobre os fenômenos da vida, da natureza, da
sociedade, que dão uma primeira informação objetiva sobre o que é, quem fez, quando fez, o que foi. Os
conceitos estão no outro extremo (desse contínuo da aprendizagem) e envolvem a compreensão e o
estabelecimento de relações. Traduzem um entendimento do porquê daquele fenômeno ser assim como é.
As crianças, para aprenderem fatos, apenas os memorizam. Esquecem mais rápido. Para aprenderem
conceitos precisam estabelecer conexões mais complexas, de aprendizagem significativa, identificadas por
autores como os citados acima. Quando elas constroem os conceitos, os fatos vão tomando outras dimensões,
informando o conceito. É como se os fatos começassem a ser ordenados, atribuindo sentido ao que se tenta
entender.
Como a escola teve, durante muito tempo, a predominância da concepção empirista de ensino como
transmissão, a memorização era o referencial mais comum para a avaliação. Nesse sentido, os instrumentos e
momentos de Avaliação traziam a característica de um espaço em que as pessoas tentavam recuperar um dado
de sua memória. Essa atividade, ainda segundo POZO (2000), pode ser feita por evocação (pergunta direta,
com resposta certa ou errada) ou por reconhecimento, quando lhe oferecemos pistas e apresentamos
alternativas para as respostas. Pode-se levantar uma hipótese de que a Avaliação foi, durante muito tempo,
entendida como recuperação dos fatos nas memórias. Essa redução do entendimento do que é avaliar vem
sendo superada nas reflexões sobre a tipologia dos conteúdos, principalmente ao se diferenciar a
aprendizagem e a avaliação de conceitos. A construção conceitual demanda compreensão e
estabelecimento de relações, sendo, portanto, mais complexa para ser avaliada.
POZO (2000) e ZABALA (1998) apresentam algumas situações e técnicas que contribuem no
levantamento de dados sobre a construção conceitual do aluno. É importante conhecer essa discussão, pois, ao
decidir, a legitimidade de um Instrumento de avaliação, cada escola e cada professor precisam analisar seu
alcance. POZO mostra que pedir ao aluno que defina um significado (técnica muito comum nas escolas),
nem sempre proporciona boa medida para a Avaliação. É uma técnica com desvantagens, pois pode
induzir a falsos erros e falsos acertos. É uma técnica que exige um critério de correção muito minucioso. Ele
ainda propõe que, se a opção for por usar essa técnica, que se valide mais o que o aluno expuser com as
próprias palavras do que uma reprodução literal. Se usarmos uma técnica de múltipla escolha – o
reconhecimento da definição – corre-se o risco de se cair na armadilha da mera reprodução de uma
definição previamente estabelecida e mesmo de um conhecimento fragmentário, o que coloca esse tipo de
instrumento e questão na condição de insuficiente para conhecer a aprendizagem de conceitos. Outra
possibilidade é a da exposição temática na qual o aluno debate sobre um tema incluindo comparações,
estabelecendo relações.
6
COLL, César et alii. Os conteúdos na reforma: ensino e aprendizagem de conceitos, procedimentos e atitudes. Porto Alegre:
Editora Artes Médicas Sul Ltda., 1998.
37
É preciso cuidado do professor para analisar se o aluno não está procurando reproduzir termos e
ideias de autores e sim usando sua compreensão e sua linguagem. Evidencia-se, com isso, a necessidade
de se trabalhar com questões abertas. Outra técnica, - a identificação e categorização de exemplos – por
evocação (aberta) ou reconhecimento (fechada) possibilita ao professor conhecer como o aluno está
entendendo aquele conceito. Na técnica de reconhecimento o aluno deverá trabalhar, em questão fechada, com
a categorização. Pode ser incluída, portanto, num instrumento como a prova objetiva.
Outra possibilidade para avaliar a aprendizagem de conceitos seria a técnica de aplicação à solução
de problemas. Deveriam ser situações abertas, nas quais os alunos fariam uma exposição da compreensão
que têm do conceito, tentando responder à situação apresentada. Nesse caso, o instrumento mais adequado
seria uma prova operatória. É importante, no caso da avaliação de conceitos, resgatar sempre os
conhecimentos prévios dos alunos, para analisar o que estiver sendo aprendido. Isso implica legitimar a
avaliação inicial, o momento inicial da aprendizagem. A avaliação da aprendizagem de conceitos remete o
professor, portanto, a instituir também a observação como uma técnica de levantamento de dados sobre
a aprendizagem dos alunos, ampliando as informações sobre o que o aluno está sabendo para além dos
momentos formais da avaliação como momentos de provas ou outros instrumentos de verificação.
Dimensão Procedimental
A dimensão procedimental do conhecimento implica no saber fazer. Ex: uma pesquisa tem uma
dimensão procedimental. O aluno precisa saber observar, saber ler, saber registrar, saber procurar dados
em várias fontes, saber analisar e concluir a partir dos dados levantados. Nesse caso, são procedimentos
que precisam ser desenvolvidos. Muitas vezes o aluno está com uma dificuldade procedimental e não
conceitual e, dependendo do instrumento usado, o professor não identifica essa dificuldade para então ajudá-
lo a superá-la. Por isso é importante diferenciar essas dimensões. Outros exemplos de dimensões
procedimentais do conhecimento: saber fazer um gráfico, um cartaz, uma tabela, escrever um texto
dissertativo, narrativo. Vale a pena, nesse caso, que o professor acompanhe de perto essa aprendizagem. O
melhor instrumento para isso é a observação sistemática – um conjunto de ações que permitem ao
professor conhecer até que ponto seus alunos estão sabendo: dialogar, debater, trabalhar em equipe, fazer
uma pesquisa bibliográfica, orientar-se no espaço, dentre outras. Devem ser atividade abertas, feitas em
aula, para o professor perceber como o aluno transfere o conteúdo para a prática.
Dimensão Atitudinal
A dimensão atitudinal do conhecimento é aquela que indicará os valores em construção. É a mais
difícil de ser trabalhada porque não se descola da formação mais ampla em outros espaços da sociedade,
sendo complexa por seus componentes cognitivos (conhecimentos e crenças), afetivos, (sentimentos e
preferências) e condutuais (ações e declaração de intenção). Manifesta-se mais através do comportamento
referenciado em crenças e normas. Por isso, precisa ser amplamente entendida à luz dos valores que a
escola considera formadores. A aquisição de valores é alcançada através do desenvolvimento de atitudes
de acordo com esse sistema de valores. Depende de uma autopersuasão que está sempre permeada por
crenças que sustentam a visão que as pessoas têm delas mesmas e do mundo. E delas mesmas em relação ao
mundo. As atitudes e valores envolvem também as normas. Valores são princípios ou ideias éticas que
permitem às pessoas emitir um juízo sobre as condutas e seu sentido. Ex: a solidariedade, a
responsabilidade, a liberdade, o respeito aos outros. Atitudes são tendências relativamente estáveis das
pessoas para atuarem de certas maneiras: cooperar com o grupo, respeitar o meio ambiente, participar
das tarefas escolares, respeitar datas, prazos, horários, combinados. Normas são padrões ou regras de
comportamentos que as pessoas devem seguir em determinadas situações sociais. Portanto, são desenvolvidas
38
nas interações, nas relações, nos debates, nos trabalhos em grupos, o que indica uma natureza do
planejamento das atividades de sala de aula.
Os melhores instrumentos para se avaliar a aprendizagem de atitudes são a observação e a
autoavaliação.
Para uma avaliação completa (envolvendo fatos, conceitos, procedimentos e atitudes), deve se
formalizar sempre o momento da avaliação inicial. Ela é um início de diagnóstico que ajudará aos
professores e alunos conhecerem o processo de aprendizagem. O professor deve diversificar os instrumentos
para cobrir toda a tipologia dos conhecimentos: provas, trabalhos e observação para avaliar fatos e
conceitos, observação para contribuir na avaliação da construção conceitual; observação para avaliar a
aprendizagem de procedimentos e atitudes; autoavaliação para avaliar atitudes e conceitos.
Além disso, deve-se validar o momento de avaliação inicial em todo o processo de aprendizagem, usando
a prática de datar o que está sendo registrado e propiciando ao próprio aluno refletir sobre o que ele já sabe
acerca de um conteúdo novo quando se começa a estudar seriamente sobre ele.
Sugestão de avaliação inicial/campo atitudinal
Essa sugestão não substitui a avaliação inicial de cada conteúdo que é introduzido, pois, é a partir dela que
se pode fazer uma avaliação do que realmente pode ser considerado aprendido.
Como são os alunos individualmente e em grupos? Que grupos sociais representam? Como se
comportam e se vestem? O que apreciam? Quais sés interesses? O que valorizam? O que fazem quando
não estão na escola? Como suas famílias vivem? O que suas famílias e vizinhos fazem e o que
comemoram? Como se organiza o espaço que compartilham fora da escola? Como falam, expressam
seus sentimentos, seus valores, sua adesão/rejeição às normas, suas atitudes? Feito isso, planeja-se como
trabalhar as atitudes importantes para a formação dos alunos na adolescência. Para mudança de atitudes é
que são feitos os projetos.
Valores são princípios ou ideias éticas que permitem às pessoas emitir um juízo sobre as condutas e seu
sentido. Ex: a solidariedade, a responsabilidade, a liberdade, o respeito aos outros...
Atitudes são tendências relativamente estáveis das pessoas para atuarem de certas maneiras: cooperar com o
grupo, respeitar o meio ambiente, participar das tarefas escolares, respeitar datas, prazos, horários,
combinados...
Normas são padrões ou regras de comportamento que as pessoas devem seguir em determinadas situações
sociais.
COLL, C.; POZO, J. I.; SARABIA, B; VALLS, E. Os conteúdos na reforma. Porto alegre: Artmed, 2000.
VALLS, Enric. Os procedimentos educacionais: aprendizagem, ensino e avaliação. Porto Alegre: Artes Medicas,
1996.
Traz uma discussão, por disciplina, da aprendizagem procedimental e de formas de avaliação.
ZABALA, Antoni. A pratica educativa: como ensinar. Porto Alegre: ARTMED, 1998.
Trata de temas como: sequências didáticas e de conteúdos, relações interativas na sala de aula, materiais
curriculares, a organização dos conteúdos e a avaliação. Além disso, discute a função social do ensino e a
compreensão sobre os processos de aprendizagem.
atividades e experiências a serem vivenciadas pelos alunos para que haja assimilação do conteúdo;
determinam possíveis critérios de avaliação. Sugestões para definir objetivos específicos:
Estágio de análise: analisar, comparar, criticar, debater, diferenciar, discriminar, examinar, investigar,
provar.
Estágio de síntese: compor, construir, documentar, especificar, esquematizar, formular, produzir,
propor, reunir, sintetizar.
Estágio de avaliação: argumentar, avaliar, contrastar, decidir, escolher, estimar, julgar, medir,
selecionar.
Exemplos de objetivos para habilidades perceptivo - motoras (Habilidades auditivas, visuais e viso –
motoras primárias). Educação Infantil:
Acuidade auditiva: Captar e diferenciar estímulos auditivos.
Decodificação auditiva: Decifrar sons ou palavras faladas apresentando compreensão ao
serem emitidos.
Associação áudio-verbal: Responder verbalmente, com significado, a estímulos auditivos.
Sequência auditiva: Lembrar informação auditiva anterior, na sequência correta e em
detalhes.
Segundo o Relatório da UNESCO, realizado pela Comissão Internacional sobre Educação
para o século XXI, são quatro os eixos estruturais da educação na sociedade contemporânea:
Os Quatros Pilares da Educação: SABER CONHECER, SABER FAZER, SABER SER,
SABER VIVER.
1) Aprender a conhecer (como buscar o conhecimento)
2) Aprender a fazer (colocar em prática o conhecimento adquirido)
3) Aprender a viver (aprender junto com o outro e não de forma solitária)
4) Aprender a ser (tudo isso de forma ética, visando ao bem estar social)
43
O que é capacidade?
Capacidade é o poder humano de receber, aceitar, apossar. O professor não pode “ensinar” um aluno a ser
capaz, mas pode ajudá-lo a se descobrir capaz. Assim, a escola deve propiciar aos alunos a recepção plena
de suas capacidades: motoras, cognoscitivas e emocionais.
É num ambiente acolhedor que o professor poderá mediar, estimular, desafiar e orientar o aluno no sentido
de liberar sua força, agilidade, equilíbrio e expressar-se através dos sentidos. Além disso, deve oferecer-
lhe a oportunidade de refletir, pesquisar, estudar, autoavaliar-se, sendo conhecedor de si mesmo, autor de
suas próprias metas e meios, capaz de interagir e relacionar-se com os outros.
7
PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar. Artmed, 2000.
PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar. Artmed, 2000.
PERRENOUD, P. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens. Entre duas lógicas. Artmed,
1999.
44
Verdadeiro leitor;
Sujeito capaz de expor e usar com clareza as ideias que cria e aprende;
Capaz de fazer uso de saberes não só na escola, mas principalmente, na vida cotidiana;
Hábil e consciente ao aplicar as habilidades operatórias em diferentes situações;
Construtor de equações e interpretante de gráficos e tabelas;
Agente atuante e capaz de compreender seu meio social;
Capaz de saber localizar, acessar e usar toda informação útil acumulada pela humanidade, pela
cultura, por seu meio social.
Tais competências estão ligadas, umas se relacionam a outras. É importante entender que desenvolver
competências significa fazer todo estudante um ser de vida diferente, porque aplica no dia-a-dia o que
aprendeu na escola.
Atualmente, fala-se muito em competências graças ao sociólogo suíço Philippe Perrenoud, doutor em
Sociologia e Antropologia, professor da Universidade e Genebra e especialista em práticas pedagógicas e
instituições de ensino. Segundo Perrenoud (apud ANTUNES, 2002, p. 94).
“A abordagem por competência é uma maneira de levar a sério um problema antigo, o de transferir
conhecimentos. Em geral, a escola se preocupa mais com ingredientes de certas competências e menos
em colocá-las em sinergia nas situações complexas. Durante a escolaridade básica, aprende-se a ler,
escrever, contar, mas também a raciocinar, explicar, resumir, observar, comparar, desenhar, e dúzias de
outras capacidades gerais. Assimilam-se conhecimentos disciplinares, como Matemática, História,
Ciências, Geografia etc. Mas a escola não tem preocupação em ligar esses recursos a situações da vida.
Quando se pergunta por que se ensina isto ou aquilo, a justificativa é geralmente baseada nas
exigências de sequência do curso: ensina-se a contar para resolver problemas; aprende-se gramática
para redigir um texto. Quando se faz referência à vida, apresenta-se um lado muito global: aprende-se
para se tornar um cidadão, para se virar, ter um bom trabalho, cuidar da saúde. A transferência e a
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mobilização das capacidades e dos conhecimentos não caem do céu. É preciso trabalhá-las e treiná-las,
e isso exige tempo, etapas didáticas e situações apropriadas que hoje não existem.”
E continua: “Os alunos acumulam saberes, passam nos exames, mas não conseguem mobilizar o
que aprenderam em situações reais, no trabalho e fora dele (em família, na cidade, no lazer etc.).
Isso é grave para aqueles que frequentam aulas por alguns anos. A escola básica não deve ser uma
preparação para estudos longos. Deve enxergá-la como preparação para a vida.”
São, portanto, inúmeros os desafio colocados para a educação escolar. Deste modo, cabe indagar, em que
medida a noção de competências pode contribuir com o fim de produzir um fazer pedagógico consistente
e significativo, capaz de contribuir para uma formação voltada para a reflexão e a crítica, e que ultrapasse,
assim, o atrelamento imediato da escolarização ao mercado de trabalho.
Perrenoud (1999, 2000), chama a atenção para algumas possibilidades que a noção de competências traz
para a formação humana que se processa no interior da escola. Para este autor, competência significa a
“capacidade de agir eficazmente em um determinado tipo de situação, apoiando em conhecimento, mas
sem limitar-se a ele”. Esta compreensão da noção de competências, leva o autor a considerá-la como a
possibilidade de se transferir saberes. Assim, os conhecimentos adquiridos em situações específicas da
experiência, poderiam ser mobilizados em outros contextos para que se pudesse desempenhar-se bem
diante de situações novas. A competência, no entanto, não se resume ao emprego destes saberes em novas
situações, mas, principalmente, na capacidade que geram de criar outros saberes e/ou usos novos para
antigos saberes.
Para o mesmo autor, porém, a capacidade de mobilizar saberes não se desenvolve de maneira espontânea,
mas deve ser provocada pela escola. Isto exige que toda situação de ensino e aprendizagem seja produzida
por meio de práticas pedagógicas capazes de instituir significados aos saberes escolares. Práticas
pedagógicas que produzam significados podem recorrer, por exemplo, a procedimentos de
contextualização e problematização, colocando os alunos diante de situações-problema que recorram à
análise e à reflexão e permitem que se relacionem com o saber de modo mais autônomo e reflexivo.
Diante desta compreensão da noção de competências, apontamos, a seguir, algumas finalidades que cabe à
escola básica, no sentido de produzir uma formação voltada para as capacidades de reflexão e de crítica.
Potencializar o desenvolvimento físico, intelectual, social e afetivo tendo em vista a construção
da autonomia intelectual e moral;
Favorecer e estimular o desenvolvimento das capacidades de comunicação, mediante o uso das
diferentes formas de linguagem, de formas de expressão individual e grupal;
Desenvolver o gosto pela aprendizagem, pela investigação, pelo conhecimento, pelo novo;
Desenvolver o pensamento crítico, mediante a superação de desafios e por meio da criatividade;
Estimular o desenvolvimento psicomotor, as habilidades física, motora e as diferentes destrezas;
Favorecer o desenvolvimento do raciocínio lógico e da autonomia de pensamento;
Favorecer a sociabilização, mediante a localização de si próprio como sujeito, e da localização
espaço-temporal e sócio-cultural;
Refletir sobre a conduta ética de modo a produzir a sensibilidade necessária para entender e agir
no mundo;
Propiciar o domínio de conhecimento científico básicos, nas diferentes áreas, tais como:
Matemática, Língua Portuguesa, Estudos Sociais, Ciências, Arte-Educação e Educação Física.
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Competências
Sociólogo suíço Philippe Perrenoud organizou, em seu best-seller “Dez novas
competências para ensinar,” alguns aspectos que trazem uma reflexão acerca da
atuação docente e seu caráter multidimensional.
Estudo desta abordagem traz para nós um elemento valioso, o cuidado para não
adquirirmos uma visão reducionista do “ser professor” ou da docência.
Novas competências profissionais para ensinar
1 – Organizar e dirigir situações de aprendizagem.
Eu ensino, mas eles aprendem?
Conhecer, para determinada disciplina, os conteúdos a serem ensinados e sua tradução em
objetivos de aprendizagem;
Trabalhar a partir da representação dos alunos;
Trabalhar a partir dos erros e dos obstáculos à aprendizagem;
Construir e planejar dispositivos e sequências didáticas;
Envolver os alunos em atividade de pesquisa, em projetos de conhecimento.
5 – Trabalhar em equipe
Não há vagas para aqueles que agem “sozinhos no comando”.
Elaborar um projeto em equipe, representações comuns;
Dirigir um grupo de trabalho, conduzir reuniões;
Formar e renovar uma equipe pedagógica;
Confrontar e analisar em conjunto situações complexas, práticas e problemas profissionais;
Administrar crises ou conflitos interpessoais;
“Uma prática reflexiva não se fundamenta só em saber – analisar (Altet, 1994, 1996), mas em uma forma de
sabedoria que permite encontrar seu caminho entre a auto-satisfação conservadora e a auto-difamação
destruidora...”
Proposta de trabalho
Destaque nas citações acima a ideias de Perrenoud que expressam críticas à escola tradicional.
Que características da escola progressista estão de acordo, na sua opinião, com a abordagem que defende
o desenvolvimento de competências?
As novas informações não apenas se associam, mas interagem com os conhecimentos prévios e
ambos se modificam num processo de transformação mútua: o novo conhecimento passa a ter
significado e o conhecimento prévio adquire novos significados, fica mais diferenciado e
elaborado
Outra estratégia facilitadora é relacionar o que aluno está aprendendo na escola com o seu
DIA A DIA, fazendo uma ponte entre o conhecimento científico e o mundo em que ele
vive. Esses recursos facilitadores visam contribuir para a organização da estrutura cognitiva
e para ativação do processo de aquisição de significado. (Masini e Moreira, 2001)
Atividades desafiadoras e bem encadeadas, que induzam o aluno a pensar e construir o seu
próprio conhecimento, são o caminho mais curto para o bom aprendizado de matemática.
Ao organizar uma sequência didática, é preciso preparar detalhadamente cada uma as etapas do
trabalho:
• Compartilhar a proposta de trabalho com os alunos:
É importante explicar o trabalho passo a passo. Apresentar o que será estudado e comentar as
atividades que serão desenvolvidas. Organize com a turma um plano de ação, anotando cada etapa da
proposta.
• Mapear o conhecimento prévio dos alunos: Nesta etapa, os alunos conversam sobre o que
conhecem sobre o assunto que será trabalhado.
• Desenvolver atividades que proporcionem a ampliação do repertório dos alunos:
De posse do mapeamento dos alunos – informação precisa para avaliar em que ponto está a turma – o
professor elabora um conjunto de atividades que aproxima o aluno do conteúdo, aumentando os desafios e
propondo diversas discussões para que toda turma avance. Essa diversidade de propostas amplia a
possibilidade de êxito dos alunos.
OBJETIVO: O que se espera que os alunos aprendam com a atividade proposta, tendo
como foco a aprendizagem, e não o ensino.
CONTEÚDO: Conteúdos curriculares trabalhados na atividade.
DESENVOLVIMENTO: Envolve as várias etapas da atividade, as intervenções a serem
feitas, a criação de situações mais adequadas à realidade da turma.
RECURSOS: Todo material utilizado para efetivar a prática.
AVALIAÇÃO: Verificação do processo de aprendizagem. Parâmetros a serem usados no
decorrer das etapas. Atividades específicas, como problemas e perguntas.
REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS
ARANHA, MARIA LÚCIA DE ARRUDA; MARTINS, MARIA HELENA PIRES. Filosofando: Introdução à
Filosofia. 6 ed. São Paulo: Moderna, 2016.
COLL, C.; POZO, J. I.; SARABIA, B.; VALLS, E. Os Conteúdos na Reforma: ensino e aprendizagem de conceitos,
procedimentos e atitudes. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
KOLL, Marta de Oliveira. Vygotsky: Aprendizado e desenvolvimento: um processo sócio-histórico. São Paulo:
Scipione, 2010.
PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar. Artmed, 2000.
PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar. Artmed, 2000.
PERRENOUD, P. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens. Entre duas lógicas. Artmed, 1999.
ZABALA, Antoni – A prática Educativa: Como Ensinar. Porto Alegre, Artmed, 1998.