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PEDAGOGIA E DIDÁTICA

Profª Dra Sandra Cristina Motta Bortolotti


PEDAGOGIA E DIDÁTICA

O termo PEDAGOGIA tem origem grega e é formada


pelas palavras paidós (crianca) e agogos (condutor). Na
antiga Grécia, eram chamados de pedagogos os
escravos que acompanhavam as crianças que iam para a
escola. Portanto, pedagogo significa aquele que ajuda a
conduzir as crianças no ensino.
PEDAGOGIA E DIDÁTICA
PEDAGOGIA hoje significa a ciência da educação que investiga
teorias e práticas e suas relações com a prática social global. É a
teoria da prática educativa. Ao longo da história firmou-se como
o modo de apreender ou de instituir o processo educativo,
sendo identificada com o próprio modo intencional de realizar a
educação.
Para tanto, são aspectos fundamentais da pedagogia: os
filosóficos (que se relacionam com a vida), os científicos (os
dados apresentados pelas ciências, físicas, biológicas e
sociológicas) e os técnicos que se referem às técnicas
educativas.
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As concepções pedagógicas relacionam-se com as
concepções de educação escolhidas por cada
contexto que elencarão os meios didáticos de
acordo com as concepções estabelecidas:
•Concepção Tradicional
•Concepção Comportamentalista
•Concepção Humanista
•Concepção Cognitivista
•Concepção Sociocultural
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Concepção Tradicional O modelo tradicional, embora sem fundamentação teórica


empiricamente validada e consolidada, predomina no contexto educacional brasileiro
desde o Império, tendo sido inspirado pelo modelo francês-napoleônico da época, e
influencia fortemente, até hoje, o ensino superior. Nessa concepção, o aluno é
considerado receptor passivo de informações preestabelecidas pelo sistema ou instituição
educacional, que deve criteriosamente selecionar e preparar os conteúdos a serem
transmitidos às novas gerações. A avaliação da aprendizagem baseia-se na capacidade de
reprodução fiel das informações ensinadas. A relação professor-aluno é marcada por forte
hierarquização e autoritarismo. O professor toma todas as decisões relativas ao processo
ensinoaprendizagem, e exerce a função de conduzir seus alunos a adaptarem-se ao
contexto cultural vigente, tido como referência do modelo. Não se verifica incentivo ao
pensamento crítico e criativo, à autonomia do aluno, à colaboração entre pares, e à
democracia nas tomadas de decisões.
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Na abordagem comportamentalista ou behaviorista, o conhecimento é externo ao


indivíduo e deve ser por ele descoberto como resultado direto de sua experiência. Cabe à
Educação o papel de estabelecer um roteiro de ações rigorosamente controlado, que
conduza o aluno a atingir objetivos de ensino pré-determinados. A transmissão dos
conteúdos deve levar ao desenvolvimento de habilidades e competências
O papel do professor, nessa concepção, é o de planejador e estrategista do processo
ensinoaprendizagem, e ainda o responsável por manter, sobre ele um rigoroso controle. O
professor deve reforçar os aspectos positivos ao aluno e evitar castigos e punições,
práticas toleradas no ensino tradicional. O Comportamentalismo, como o nome indica,
postula que o comportamento humano é ordenado e determinado, não havendo lugar
para o livre-arbítrio
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A abordagem Humanista privilegia os aspectos da personalidade do sujeito que aprende.


Corresponde ao “ensino centrado no aluno”. O conhecimento, para essa concepção,
existe no âmbito da percepção individual e não se reconhece objetividade nos fatos. A
aprendizagem se constrói por meio da re-significação das experiências pessoais. O aluno é
o autor de seu processo de aprendizagem e deve realizar suas potencialidades. A
educação assume um caráter mais amplo, e organiza-se no sentido da formação total do
homem e não apenas do estudante. Valoriza a democracia nas relações, de tal forma que
o professor atua como um facilitador da aprendizagem e das relações interpessoais, e
deve ser compreensivo com os sentimentos e características de personalidade de seus
alunos, criando um clima favorável à aprendizagem
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A abordagem cognitivista investiga os caminhos percorridos pela inteligência (cognição) no


processo de construção do conhecimento. Diferentes autores, adeptos dessa compreensão
da ação educativa, atribuem maior ou menor influência à cultura, à personalidade, à
afetividade, ao momento histórico e ao meio social no processo de aprendizagem. Essa
característica os distingue, em seus aspectos teóricos e práticos. Nesse conjunto ainda são
encontradas as bases teóricas das teorias construtivistas.
As teorias cognitivistas entendem o ser humano como um sistema aberto, ou seja,
consideram sua capacidade de processar novas informações, integrando-as a seu repertório
individual, reconstruindo-as de forma única e subjetiva continuamente ao longo da vida, em
direção à constante auto-superação, e incorporando estruturas mentais cada vez mais
complexas. Nessa abordagem, o professor é entendido como mediador entre o aluno e o
conhecimento. Cabe a ele problematizar os conteúdos de ensino, criando condições
favoráveis à aprendizagem, e desafiar os alunos para que cheguem às soluções por meio de
um processo investigativo.
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A abordagem Sociocultural difere das anteriores, por colocar no centro do processo


ensinoaprendizagem os contextos político, econômico, social e cultural onde ocorre a ação
educativa
Para os autores adeptos dessa concepção, toda atividade educacional deve ser pautada por
essa visão de mundo e sociedade e permitir amplas possibilidades de reflexão. A educação
deve ser sempre problematizadora e proporcionar ao aluno uma compreensão ampla dos
contextos nos quais o problema se insere, mobilizando-o para perceber-se como parte
integrante desse conjunto complexo que é a sociedade. A relação professor-aluno é
igualitária e democrática, o professor deve ser crítico, questionar os valores da cultura
dominante, instigando os alunos para que eles mesmos se tornem produtores de cultura
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DIDÁTICA

A PEDAGOGIA então engloba a didática entre


seus estudos e fazeres.
PEDAGOGIA E DIDÁTICA

A palavra didática (do grego didaskein) pode ser definida como


arte ou técnica de ensinar. O vocábulo é um adjetivo derivado
do verbo didásk, que indica a realização lenta através do tempo,
própria do processo de instruir.
O marco no processo de sistematização da didática, contudo, é a
Didactica Magna, escrita em 1638 pelo tcheco Jan Amós
Comenius (1592- 1670). Comenius viveu num dos períodos mais
conturbados da Europa, com longas e contínuas guerras
religiosas: a transição da Idade Média para a Idade Moderna.
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Os profundos sofrimentos pelos quais passou leva- ram
Comenius a buscar alternativas para educar melhor o ser
humano. Para Comenius, a educação era o caminho para criar
um ser humano e uma sociedade melhor. Comenius é
considerado pai da Pedagogia Moderna. A Didactica Magna
popularizou a literatura pedagógica e trouxe uma proposta de
reforma da escola e do ensino, lançando as bases para uma
Pedagogia que prioriza a ‘arte de ensinar’. Comenius chamou
essa “arte de ensinar” de didática, em oposição ao pensamento
pedagógico que prevalecia até então, às ideias conservadoras da
nobreza e do clero.
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Na Didactica Magna, a intenção de Comenius foi oferecer um método ou


uma arte de ensinar que, em virtude de sua pretendida universalidade,
deveria ser “um artifício universal de ensinar tudo a todos”. Assim, ele
introduziu no cenário pedagógico a ênfase nos meios e no processo,
deixando em segundo plano a formação de um homem ideal – o que vinha,
até então, sendo fundamental. As contribuições de Comenius foram muito
importantes para a Pedagogia e para a sociedade da época, que via nascer
e se fortalecer o sistema de produção capitalista. Esse sistema exigia que o
ensino se voltasse para o mundo da pro- dução e dos negócios,
contemplando o desenvolvimento das capacidades e os interesses
individuais
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Assim, podemos entender a didática como o conhecimento que tem como
compromisso buscar práticas pedagógicas que promovam um ensino
realmente eficiente, com significado e sentido para os educandos, e que
contribuam para a transformação social. Algumas autores nos ajudam a
definir o conceito:
Garcia e Garcia (apud OLIVEIRA, 1988) definem a didática como a área do
conhecimento que, embora se utilize de conquistas de outras áreas,
estando inserida no tronco comum das ciências da educação, tem objeto
próprio, definindo-se como a ciência do ensino.
De acordo com Libâneo (2006) “a didática tem um núcleo próprio de
estudos: a relação ensino–aprendizagem, na qual estão implicados os
objetivos, os conteúdos, os métodos e as formas de organização do
ensino”.
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Para Libâneo (1994), a didática, um dos ramos de estudo da


Pedagogia, in- vestiga os fundamentos, as condições e modos de
realização do processo de ensino, baseando-se numa concepção
de homem e sociedade. Cabe à didática converter objetivos
sociopolíticos e pedagógicos em objetivos de ensino, além de
selecionar conteúdos e métodos de acordo com esses objetivos,
a fim de es- tabelecer vínculos entre ensino e aprendizagem.
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Luckesi (1994), por sua vez, afirma que a didática configura-se
como o di- recionamento imediato da prática do ensino e da
aprendizagem, articulando proposições teóricas com prática
escolar. A didática, para o autor, é a mediação necessária para
transformar teoria pedagógica em prática pedagógica. Para ele,
é na didática que concepções teóricas estudadas em disciplinas
como Filosofia da Educação, Sociologia da Educação, Psicologia
da Educação, História da Educação, entre outras, concretizam-se
historicamente.
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O objeto de estudo da didática é o processo de ensino–


aprendizagem, sempre presente, no relacionamento humano”. O
ensino então consiste no planejamento e na seleção de
experiências de aprendizagem que permitam ao aluno reorganizar
seus esquemas mentais, estabelecendo relações entre os conheci-
mentos que já possui e os novos, criando novos significados.

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