Você está na página 1de 39

REPÚBLICA DE ANGOLA

SEMINÁRIO MAIOR DE FILOSOFIA ‘SÃO CARLOS LUANGA’

MATERIAL DE APOIO DE DIDÁCTICA GERAL

CURSO: FILOSOFIA

Ano académico: 2º e 3º

Regime: Anual

SUMBE, OUTUBRO DE 2023

UNIDADE I - DIDÁCTICA COMO CIÊNCIA SOCIAL

Estudando Didáctica partindo de duas Situações problemáticas:


 Será que um bom professor é aquele que é o conhecedor do assunto?
 Você já ouviu alguém falar que “aquele professor é óptimo, mas falta-lhe
Didáctica?
1.1– A Didáctica e Seu objecto de estudo

De modo particular, a Didáctica tem grande centralidade e importância na acção


educativa que se desenvolve no âmbito da escola. Essa centralidade e
importância residem no fato de que a Didáctica trata de todos os aspectos que
dizem respeito à concepção de ensino, `a organização do trabalho do professor, à
definição dos conteúdos a serem trabalhados, à relação professor-aluno, aos
fundamentos e objectivos do processo de ensino e aprendizagem. A Didáctica,
portanto, é a mediação fundamental que permite pensar e implementar a acção
educativa em todas as suas dimensões. Nesse sentido, podemos afirmar que a
Didáctica está intimamente ligada à Teoria da Educação e à Teoria da
Organização Escolar, e, de modo muito especial, vincula-se à Teoria do
Conhecimento e à Psicologia da Educação.

Segundo PILETTI (2010), citado por Wanderlei, a didáctica é o ramo específico


da pedagogia que tem como objectivo dirigir tecnicamente o ensino rumo à
aprendizagem, ou seja, a didáctica é a parte da pedagogia que tem como objecto
de estudo o ensino em sua relação com a aprendizagem. Difere-se da Pedagogia,
pois esta é um ramo da pedagogia que Estuda o ensino, enquanto a pedagogia
estuda a educação.

Vendo pelo José Carlos Libânio (1994), compreende-se que não se pode falar de
educação, prática pedagógica, de relações sociais e políticas na esfera das
instituições educacionais e comunitárias sem fazer referência à Didáctica. A
Didáctica é um ramo da Pedagogia que estuda todos os factores que interferem
no processo de ensino e aprendizagem.

1.1.1 - Etimologia da palavra Didáctica

Elaborado por: Rosa Aguiar


Segundo Tavares (2011, pág. 13), O vocábulo “Didáctica” surgiu do grego
Τεχνή διδακτική (techné didaktiké), que se traduz por “arte” ou “técnica de
ensinar”. A Didáctica é a parte da Pedagogia que utiliza estratégias de ensino
destinadas a colocar em prática as directrizes da teoria pedagógica, do ensino e
da aprendizagem.

Difundiu-se com o aparecimento da obra de Jan Amos Comenius (1592-1670),


Didáctica Magna, ou tratado da arte universal de ensinar tudo a todos,
publicado em 1657,Nos dias de hoje, deparamo-nos com muitas definições, mas
quase todas apresentam-na como ciência, técnica ou arte de ensinar. Enquanto a
educação pode se processar tanto de forma sistemática como assistemática, o
ensino é uma acção deliberada e organizada.

1.1.2 - Surgimento da Didáctica como ciência

A história da didáctica está relacionada com o aparecimento do ensino ao longo


do desenvolvimento da sociedade, da produção e das ciências. Como actividade
planificada, e intencional dedicada à instrução.

Desde o princípio da humanidade existiram indícios de formas elementares de


instrução e aprendizagem. Ex: Na comunidade primitiva os jovens passavam a
um ritual de iniciação para ingressar nas actividades do mundo adulto. Pode se
considerar esta como uma forma de acção pedagógica, embora aí não esteja
presente a didáctica como forma estruturada de ensino.

Até aos meados do séc. XVII não se falava da Didáctica como teoria de ensino,
que sistematize o pensamento didáctico e o estudo científico das formas de
ensinar.

A DIDÁCTICA apareceu quando os adultos começaram a intervir na actividade


de aprendizagem das crianças e jovens através de ensino, aos contrários das
formas anteriores mais ou menos espontâneas. Estabelecendo-se uma intenção

Elaborado por: Rosa Aguiar


propriamente pedagógica na actividade de ensino, a escola se torna uma
instituição, o processo de ensino passa a ser sistematizado.

A formação da teoria didáctica para investigar as ligações entre ensino e


aprendizagem e suas leis ocorreu no séc. XVII, quando J. A. Kamensky (1592-
1670), pastor protestante escreveu a primeira obra clássica sobre didáctica, a
Didáctica Magna. Comênio foi o primeiro pedagogo a formular a ideia de
difusão dos conhecimentos a todos e criar princípios e regras de ensino.

1.1.3 – Objecto de estudo da Didáctica

A Didáctica é uma parte da ciência pedagógica que na actualidade adquire


carácter de disciplina científica independente.

A Didáctica segundo as diferentes interpretações é ciência prática, é arte,


técnica, teoria, direcção, norma, doutrina e procedimentos. A Didáctica actual é
um campo de conhecimento, de investigação, de proposta teórica e pratica que
se concentram principalmente no processo de ensino e aprendizagem.

A Didáctica como ciência tem seu próprio objecto de estudo, o processo de


ensino-aprendizagem escolarizado. O objecto de estudo da Didáctica é
dinâmico, complexo e multifacetado.

1.1.4 – Objectivo da Didáctica

Descobrir as leis, regularidades e princípios que determinam as características, o


funcionamento e o desenvolvimento do processo de ensino escolarizado.

1.1.5- Função da Didáctica

Desenvolver continuamente um sistema teórico que permita planificar, conduzir


e avaliar de maneira eficiente o processo de ensino-aprendizagem.

1.1.6- Dimensão da Didáctica

Segundo A. C. dos Santos (2018), fazendo referência à análise realizada pela


autora brasileira V. M. Candau, quando ao explicar a Didáctica sob o ponto de

Elaborado por: Rosa Aguiar


vista instrumental e fundamental, propõe a multidimensionalidade do processo
de ensino-aprendizagem, a partir de três dimensões, já conhecidas, mas que
geralmente não se tem em conta sua importância e inter-relação. A referida
autora determina que a perspectiva fundamental da Didáctica na actualidade é
assumir a multifuncionalidade do processo de ensino-aprendizagem e articular
suas três dimensões: técnica, humana e político-social no centro configurador de
sua temática.
 Dimensão humana: embora esta concepção humanista seja unilateral e
reducionista, tornando a dimensão humana o único centro configurador do
processo de ensino-aprendizagem, sem dúvida ela explica a importância
desta dimensão. Certamente o componente afectivo está presente no
processo de ensino-aprendizagem.
 Dimensão Técnica: refere-se ao processo de ensino aprendizagem como
acção intencional, sistemática, que procura organizar as condições que
melhor proporcionam a aprendizagem. Aspecto como formulação de
objectivos instrutivos, selecção dos conteúdos, estratégia de ensino,
avaliação, etc. Trata-se da disposição considerada precisa e racional do
processo de ensino aprendizagem.
 Dimensão político-social: todo processo de ensino aprendizagem como
fenómeno social, a dimensão político-social lhe é inerente. Este acontece
sempre em uma cultura específica, trata com pessoas concretas que têm
uma posição de classe definida na organização social em que vivem, toda
a prática pedagógica possui em si uma dimensão político-social.
Para que não se caia no tecnicismo ou na crítica sobre o reducionismo humanista
ou ainda na negação das duas dimensões por parte da dimensão político-social, a
mesma autora alerta e propõe, para que estas três dimensões sejam trabalhadas
de forma articulada como solução para constituir o centro configurador da
concepção do processo de ensino-aprendizagem.
1.2– A Didáctica, seu desenvolvimento até hoje

Elaborado por: Rosa Aguiar


A Didáctica está intimamente ligada à Teoria da Educação, que a subsidia e a
norteia, não há como compreendê-la no seu potencial e nos seus limites sem nos
reportarmos a sua evolução histórica, para percebermos como ela vem se e até
que ponto é influenciada pelas concepções teóricas de educação e de pedagogia.

Ate ao século XIX, a didáctica encontrou seus fundamentos quase que


exclusivamente na filosofia. Isso pode ser constatado não apenas nas obras de
Comenius, mas também nas de Jean Jacques Rousseau, Johann Heinrich
Pestalozzi, Johann friedrich Herbart e de outros pedagogos tradicionais da
época.

Vários autores e autoras defendem que a Didáctica passa a ser tomada como
curso ou disciplina a partir do século XVII, quando o educador tcheco João
Amós Comênio, formula os princípios da educação racionalista tomando como
base a ciência moderna e os estudos sobre a natureza. Na sua obra, “Didáctica
Magna – a arte de ensinar tudo a todos” (1633), Comênio defendia como meta
para a educação a reforma da fé cristã e um método de ensino baseado na
economia de tempo e fadiga, na racionalidade e eficiência. Na época, vivia-se a
transição do absolutismo das monarquias para a ascensão da burguesia
comercial. A Didáctica de Comênio foi extremamente importante para os ideais
da burguesia que, deixando de lado os aspectos teológicos da obra comeniana,
abraçou os procedimentos didático-metodológicos, colocando-os a serviço de
seus interesses económicos e políticos.

Mais tarde, no século XVIII, Jean Jacques Rousseau, segue as “pegadas” de


Comênio, inaugurando uma nova revolução didáctica, com suas obras “O
Contrato Social” e “Emílio” ou “Da Educação”, onde o filósofo suíço apresenta
um novo conceito de infância – a criança é boa por natureza, corrompida
posteriormente pela sociedade – e defende uma educação livre, espontânea e
natural. O filósofo faz crítica a didáctica de Comênio, principalmente o sua
adaptação e vínculo com o projecto da burguesia, e afirma a educação como um

Elaborado por: Rosa Aguiar


processo que recupera e desenvolve a verdadeira natureza humana, que, segundo
ele, é boa. A educação para Rousseau, vem da natureza, dos homens e das
coisas; portanto, vem do desenvolvimento das faculdades internas do ser
humano, das coisas que os seres humanos nos ensinam e das experiências que
fazemos na relação com a natureza e com os outros seres.

No século XIX, as sociedades eram dominas pela burguesia e esta precisava


avançar em seu projecto económico, social e político. As pedagogias de
Comênio e Rousseau já não eram adequadas aos seus interesses, pois a primeira
pertencia a um mundo onde a produção manufareira era dominante, período já
superado; a segunda, atendia a um período revolucionário também superado. É
neste contexto que nasce a contribuição de Johann Friedrich Herbart (1776-
1841), filósofo e psicólogo alemão, considerado um dos pioneiros da psicologia
científica e criador do método de ensino fundamentado em quatro passos:

1) Clareza na apresentação do conteúdo (etapa de demonstração do objecto);


2) Associação de um conteúdo a outro com outro assimilado anteriormente
pelo aluno (etapa de comparação);
3) Ordenação e sistematização dos conteúdos (etapa da generalização); 4)
aplicação a situações concretas dos conhecimentos adquiridos (etapa de
aplicação). Os objectos deviam ser apresentados mediante os interesses
dos alunos e segundo suas diferenças individuais, por isso seriam
múltiplos e variados.

A pedagogia de Herbart conquistou o mundo e espalhou-se naturalmente nas


redes escolas públicas, que se expandiram a partir do século XIX.

A burguesia, naquele momento histórico, precisava de uma pedagogia científica


capaz de fundamentar uma escola eficiente, porque precisava instrumentalizar-
se culturalmente, preparar a elite para o avanço científico, formar seus quadros,
formar o cidadão e difundir sua visão de mundo às camadas populares. A partir
do final do século XIX, a Didáctica passou de buscar fundamentos também nas

Elaborado por: Rosa Aguiar


ciências, especialmente na Biologia e na Psicologia, graças às pesquisas de
cunho experimental. No inicio do século XX, por sua vez, surgiram numerosos
movimentos de reforma escolar tanto na Europa quanto na América. Esses
movimentos reconheciam as insuficiências da didáctica tradicional e inspiravam
a uma educação que levasse mais em consideração os aspectos psicológicos
envolvidos no processo de ensino. Esses movimentos são reconhecidos por
tendências pedagógicas de pedagogia da escola nova ou da escola activa. No
qual se destaca o pensamento de Jonh Dewey propondo então um novo ideal
pedagógico, afirmando o ensino pela acção e não pela instrução. Propondo,
portanto, uma educação pragmática e instrumentalista, Dewey defendia que a
acção educativa reconstruía continuamente a experiência concreta, activa,
produtiva, de cada um. Segundo ele, há uma escala de cinco estágios do ato de
pensar:

1º. Uma necessidade sentida;

2º. A análise da dificuldade;

3º. As alternativas de solução do problema;

4º. A experimentação de várias soluções, até que o teste mental aprove uma
delas;

5º. A acção como a prova final para a solução proposta, que deve ser
verificada de maneira científica.

Já na segunda metade do século XX, uma visão critica a respeito da Escola


Nova vem desmistificar o optimismo dos educadores novos, afirmando que toda
educação é política e que ela, na maioria das vezes, constitui-se, em função dos
sistemas de educação implantados pelos estados modernos, num processo
através do qual as classes dominantes preparam a mentalidade, a ideologia, a
conduta das crianças para reproduzirem a mesma sociedade e não para
transformá-la. No decorrer no século XX e do século XXI, basicamente três

Elaborado por: Rosa Aguiar


projectos de escola vão ocupar o cenário educacional: a pedagogia tradicional, a
pedagogia da escola nova e a pedagogia crítica.

No entanto, no passado, a didáctica era dominada pela figura central do


professor como sendo aquele que ensina, o detentor do conhecimento a ser
passado para as gerações. No presente, projecta-se o aspecto correlativo da
aprendizagem. O princípio básico deixa de ser a passividade e passa a ser a
actividade do aluno.

Neste novo contexto, ensinar e aprender são, portanto, duas faces de uma mesma
moeda. A didáctica não pode tratar do ensino sem considerar simultaneamente a
aprendizagem, que é, inclusive, a finalidade da actividade em sala de aula.
Didáctica é, então, o estudo da situação instrucional, isto é, do processo de
ensino e aprendizagem, enfatizando a relação professor-aluno. Torna-se
necessário que a pesquisa didáctica adapte os métodos e as técnicas de maneira a
obter o máximo de resultado com o mínimo de esforço, o que reflectirá um
trabalho muito eficaz.

1.2.1 - Divisão da Didáctica

A Didáctica divide-se em duas disciplinas:

A Didáctica Geral: não é a pedagogia geral. Este trata para além dos métodos,
as questões gerais de ensino e de educação. Ela preocupa-se do estudo dos
métodos gerais do ensino sem referência as diferentes disciplinas específicas.

A Didáctica Especial é um ramo de pedagogia que se preocupa de estudo de


dados particulares, de procedimentos e de técnicas apropriados ao ensino de
cada disciplina ou grupo de disciplinas.

1.3- Relação da Didáctica com outras ciências.

Para percebermos melhor acerca da relação da Didáctica com outras ciências,


partimos de uma situação problemática: Como alcançar um grande nível no
desenvolvimento mental dos alunos no processo de ensino e aprendizagem?

Elaborado por: Rosa Aguiar


Esta pergunta tem uma importância singular para os psicólogos, técnicos em
didáctica e metodologia. A didáctica tal como a ciência de que provém
“Pedagogia-Científica;” apoia-se em dados apresentados pelas ciências
biológicas, físicas e sociológicas; as principais ciências que se interessam pelo
assunto são: a psicologia da educação, que visa as técnicas de transmissão do
conteúdo da educação; a sociologia da educação, que visa o ambiente social que
condiciona a transmissão e a recepção desse conteúdo e a Pedagogia, que
formula as teorias explicativas do uso das referidas técnicas. A Didáctica busca
de outras ciências os conhecimentos teóricos e práticos que concorrem para o
esclarecimento do seu objecto, o fenómeno educativo (processo e ensino-
aprendizagem), como se vê no esquema seguinte:

1.3.1 - Importância da didáctica para o professor

A didáctica é uma disciplina que se preocupa com o processo de ensino e


aprendizagem. Estudar didáctica, por sua vez, significa ir além do acúmulo de
conhecimento sobre técnicas que ajudam a desenvolver o processo. Significa,
antes de tudo, desenvolver a capacidade de questionamento e de experimentação
sobre esses procedimentos, aprender a reflectir ao escolher entre as diversas
alternativas de desenvolvimento da actividade docente.

Elaborado por: Rosa Aguiar


É muito importante que o futuro professor tenha uma visão ampla e profunda do
contexto em que se desenvolverá sua actividade profissional, ou seja, da escola
e, principalmente, da sala de aula.

A Didáctica e a Formação do Professor

A formação profissional do professor pode ser definida como um “processo


pedagógico, intencional e organizado, de preparação teórico-científica e técnica
do professor para dirigir competentemente o processo de ensino” (Haidt, 2002)
citado por Wanderlei. Abrange, desse modo, ao menos duas dimensões:

• Formação teórico-científica: inclui a formação específica nas disciplinas em


que o docente vai especializar-se e a formação pedagógica, que envolve
conhecimentos de filosofia, sociologia, história da educação e da própria
pedagogia, que contribuem para o esclarecimento do fenómeno educativo no
contexto histórico-social;

• Formação teórico-prática: visa à preparação específica para a docência,


incluindo a didáctica, as metodologias específicas das matérias, a psicologia da
educação, a pesquisa educacional, entre outras.

Elaborado por: Rosa Aguiar


UNIDADE II – O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

Situações problemáticas:

1- Onde é que se ensina e se aprende?


2- Em que consiste o fracasso ou seja incapacidades de certos alunos?

2.1- O ensino e aprendizagem na vida humana. Evolução do Conceito


ensino e aprendizagem

O ensino e a aprendizagem são tão antigos quanto a própria humanidade. Nas


tribos primitivas, os filhos aprendiam com os pais a atender suas necessidades, a
superar as dificuldades do clima e a desenvolver-se na arte da caça. No decorrer
da história da humanidade, o ensino e a aprendizagem foram adquirindo cada
vez maior importância.

O conceito de ensino, tal como é o da “educação”, evoluiu graças aos


questionamentos e pesquisas realizadas por diversos pensadores, educadores,
psicólogos, sociólogos, etc.

Elaborado por: Rosa Aguiar


O património mais importante da Didáctica, pelo seu objecto de estudo, é
“processo de ensino-aprendizagem” que se desenvolve em centros docentes.
Considerando que este processo transcorre em diferentes lugares e contextos
sociais, é mais exacto declarar este processo com o adjectivo “escolarizado”
para distingui-lo daqueles que também são processos de ensino-aprendizagem e
que não são objectos de estudo didáctico porque acontece na família ou no
âmbito comunitário.

Processo de ensino-aprendizagem escolarizado é a formação cientificamente


planeada, desenvolvida e avaliada da personalidade dos alunos de um centro
docente em qualquer dos níveis educacionais de um dado território. É um
processo porque esta formação transcorre de maneira sistemática e progressiva,
por etapas ascendentes, cada uma das quais está marcada por comutação
quantitativas que conduzem a comutação qualitativas nos alunos, no aspecto
cognitivo, volitivo, afectivo e comportamentais.
Não há dúvida que neste processo se apresenta dois actores essenciais que se
complementam e não podem existir um sem o outro, como duas caras de mesma
moeda: o processo de ensinar e o aprender. Cuja fim destas actividades
pespeguem o processo de ensino-aprendizagem escolarizado em instrutivo e
educativo.
Hoje a sociedade tem novas necessidades que implementam ao processo de
ensino-aprendizagem. É obrigação de que este processo, além de instrutivo e
educativo, seja desenvolvente.
O processo de ensino-aprendizagem escolar deve ser hoje planeado, bilateral,
diverso, contextualizado, significativo, grupal, unitário, activo, consciente,
instrutivo, educativo, desenvolvente, aberto, multifactorial, complexo, sistémico,
socializado e ideopolítico, legal e dialéctico entre outras qualidades que no seu
conjunto o identificam.

2.1.1- Ensino

Elaborado por: Rosa Aguiar


“Ensino” vem etimologicamente do latim, de “ensinar” (in + signare = colocar
dentro, gravar ideias na cabeça do aluno).
Surge, mais tarde, o conceito tradicional de ensino: “Ensinar é transmitir
conhecimentos”, em que o professor fala daquilo que sabe sobre determinado
assunto e espera que o aluno saiba reproduzir o que ele disse. Esse tipo de
ensino, por mostrar-se cada vez mais ineficaz, passou a receber uma série de
críticas, e foi-se aos poucos dando origem a novos conceitos e actualizações: o
conceito de Escola Nova. Pode dizer-se mesmo que cada época apresenta um
ensino próprio, característico, de acordo com os conhecimentos que se tenha da
realidade humana e social, bem como em consonância com as novas exigências
de vida que venham a surgir.
Ensino, sob o ponto de vista dialéctico, é portanto, toda e qualquer forma de
orientar a aprendizagem do aluno, desde a acção directa do professor até à
execução de tarefas da responsabilidade do aluno, previstas pelo professor.
Ensino é actividade pela qual o professor, através de métodos adequados,
orienta a aprendizagem dos seus alunos, é um processo psicológico de dotar os
alunos, sob a orientação do professor, com conhecimentos, habilidades, hábitos
e de influir sobre a sua consciência e conduta, é o processo da actividade
cognitiva viva dos alunos e do seu desenvolvimento multifacetado.
O ensino na escola ocorre em direcção a um objectivo planeado. Trata-se de que
os alunos adquiram em um determinado espaço de tempo, certos conhecimentos
e capacidades simultaneamente, algumas qualidades próprias de um cidadão. O
ensino escolar exige que este processo seja organizado, planificado
sistematicamente por pessoas e colectivos especiais de acordo com
determinados horários, planos de ensino, livros de texto, meios didácticos, sob a
direcção de um regulamento.
2.1.1.1- Funções do Ensino
O ensino tem três funções principais:

Elaborado por: Rosa Aguiar


a) Organizar os conteúdos, para a sua transmissão de forma que os alunos
tenham uma relação subjectiva com ele;
b) Ajudar os alunos a conhecer as suas possibilidades de aprender, orientar
suas dificuldades, indicar métodos de estudo e actividade que os leva a
aprender de forma autónoma e independente;
c) Dirigir e controlar a actividade docente para os objectivos de
aprendizagem.

2.1.2- Aprendizagem

O ensino visa a aprendizagem e usualmente se acredita que o professor ensina e


as crianças aprendem. Na realidade tudo isso é mais complexo. No processo de
ensino o professor constitui a fonte de conhecimentos e capacidades mais
importante. O aluno aprende dele, das suas palavras e seus feitos. É por esta
razão que o professor, no conceito das crianças, é a autoridade máxima nas
questões referentes a ciência e a prática, é um exemplo a seguir. «Quantas de
nós mães perante um erro na tarefa do seu filho(a) não ouviu a frase “mãe a
professora é que sabe você”…»
Por sua vez, a aprendizagem é um processo de aquisição e assimilação, mais
ou menos consciente, de novos padrões e formas de perceber, ser, pensar e
agir. Mas a aprendizagem não é apenas um processo de aquisição de
conhecimentos, conteúdos ou informações. Esses devem passar por um
processo complexo que vise transformar as informações recebidas, dando-lhes
um carácter significativo para a vida das pessoas (que sejam úteis ao
indivíduo e a sociedade).
Não obstante, o aluno dispõe de capacidades intelectuais normais, tais como
atenção, imaginação, memória, raciocínio, etc. Também dispõe de habilidades
cognitivas elementares, a capacidade de escutar, de entender o que fala e lê, e
reproduzir os conhecimentos, de observar e de investigar, etc. Entre as crianças
normais não há incapazes para aprender. Mas na escola às vezes há muitos

Elaborado por: Rosa Aguiar


incapacitados. Em que consiste? Evidentemente consiste em que o aluno em
todas as fases do ensino organizado necessita dos seus conhecimentos e
habilidades já existentes que são necessários para o trabalho com a nova
matéria; mas só pode alcançar isso mediante a aprendizagem sistemática. Sem
aprendizagem sistemática surge, nos conhecimentos da criança uma serie de
lacunas e produz-se um atraso crónico.
No entanto, é importante lembrar o carácter activo que se reflecte no processo de
aprendizagem onde o sujeito ao apropriar-se da cultura, também a constrói, a
enriquece e a transforma, o que permite seu próprio desenvolvimento.
Destacam-se ainda outros elementos essenciais que caracterizam a
aprendizagem como, seu carácter social, individual, activo, de colaboração,
significativo e consciente.

2.1.2.1- Tipos de Aprendizagem

Segundo Claudino Piletti (2010, p.32), os tipos de aprendizagem são:

 Aprendizagem cognitiva - abrange a aquisição de informações e


conhecimentos;
 Aprendizagem afectiva ou emocional - diz respeito aos sentimentos e
emoções;
 Aprendizagem motora - consiste na aprendizagem de habilidades
motoras, verbais e gráficas;

2.1.2.2- Formas de Aprendizagem

Segundo A. C. dos Santos (2017), a aprendizagem pode ainda ser de forma:


 Casual: quando é espontânea, surge naturalmente da interacção entre as
pessoas com quem se convive, em leituras e meios de comunicação;
 Organizada: é aquela que tem finalidade por específica, aprender
determinados conhecimentos, hábitos, normas de convivência social;
 Receptiva: quando o aluno escuta as explicações do professor.

Elaborado por: Rosa Aguiar


 Reprodutiva: quando o aluno repete os conhecimentos, uma narração,
uma poesia, um texto;
 Produtiva: quando o aluno realiza uma tarefa com relativa
independência, sem a intervenção directa do professor;
 Directa: quando é dirigida uma apropriação de conhecimentos, hábitos;
 Indirecta: quando o domínio destes conhecimentos e habilidades ao
mesmo tempo alcançam outros objectivos.
O professor deve procurar estabelecer sempre o equilíbrio entre o ensino-
aprendizagem em cada fase do processo de ensino, é uma das condições
indispensáveis para o bom êxito do ensino.

2.1.2.3- Fases da aprendizagem

A aprendizagem parte sempre de uma situação concreta. Inicialmente a visão do


problema deve ser sempre a observação da realidade para se ter uma visão
global, geral indefinida do assunto a ser ensinado. Esta visão do problema, da
situação concreta geralmente confusa é a situação sincrética, isto é, a síncrise.
A esta visão global segue-se a fase de discussão sobre os diversos aspectos
observados: a análise e finalmente uma terceira fase a síntese. Através da
síntese procura-se integrar os elementos mais significativos e essenciais os
aspectos cognitivos.
2.1.2.4- As funções da Aprendizagem
a) Direcção do Desenvolvimento: o indivíduo em contacto com o meio
recebe destes estímulos que contribuem para o seu desenvolvimento físico
e mental, nessa interacção com o meio ele modifica o meio a fim de
ajustá-lo às suas necessidades e interesses. O professor deve respeitar o
educando como agente do seu próprio desenvolvimento, ele é apenas o
facilitador de sua adaptação com o meio.
b) Socialização do Educando: o processo de socialização é feita através dos
trabalhos de grupo, o aluno aprende a colaborar, pelas suas capacidades

Elaborado por: Rosa Aguiar


com os demais colegas a fim que o grupo atinja o desenvolvimento, o
objectivam em comum, assim, o senso social.
c) Liberdade Disciplinada: o educando deve aprender a usar a liberdade
que lhe é oferecida pelo ambiente escolar, onde o educador desempenha o
papel de orientador discreto das actividades dos alunos. O educando não é
um ser passivo, mas um ser activo que pensa, age e resolve por si próprio,
os seus problemas.
d) Aprendizado p/as Actividades Económicas: o educando deve ser
orientado para a prática de actividades manuais e para a escolha
profissional bem como oferece-lhe a noção de economia.
e) Aquisição e Renovação da Cultura: a escola nova não se deve limitar a
uma transmissão do património cultural de geração adulta para uma
geração jovem, mas oferece condições ao educando de desenvolver sua
criatividade, ampliando e refazendo sua cultura, tornando-se capaz de
enfrentar e superar os obstáculos que vão surgindo no seu dia-a-dia.
f) Gestão p/Uso de Lazeres: a escola preconiza a orientação para o bom
uso do tempo ocioso, por actividades sadias de lazer. A escola deve
oferecer aos educandos actividades desportivas variadas, visitas,
excursões, acampamentos, escutismo, etc.

2.5- O processo de ensino-aprendizagem. Características Gerais

• Desenvolvimento e transformação progressiva: das capacidades


intelectuais dos alunos em direcção ao domínio dos conhecimentos,
habilidades e sua aplicação.

• Alcance de determinados resultados: domínio de conhecimentos,


habilidades, hábitos, atitudes, convicções e de desenvolvimento das
capacidades cognitivas dos alunos.

Elaborado por: Rosa Aguiar


• O carácter bilateral: o aluno enfrenta-se activamente com a matéria de
ensino, ele apropria-se da matéria com a ajuda e orientação do professor,
exige esforço simultâneo das duas partes.

2.6- O processo de ensino-aprendizagem desenvolvente.

Quando este processo é desenvolvente tem, como resultado lógico uma


aprendizagem desenvolvente. “Uma aprendizagem desenvolvente é aquela que
garante no indivíduo a apropriação activa e criadora da cultura, proporcionando
o desenvolvimento do seu auto-aperfeiçoamento constante, da sua autonomia e
autodeterminação, em íntima conexão com os necessários processos de
socialização, compromisso e responsabilidade social.”
Pode-se reconhecer assim que num processo de ensino-aprendizagem
escolarizado desenvolvente tem lugar a assimilação, reconstrução e construção
personalizada e significativa assim como pela cultura da humanidade que foi
seleccionada e organizada sob critérios curriculares. A isso está estreitamente
unida a qualidade de atitudes conscientes dos sujeitos participantes, docentes e
alunos, isso explica porque o processo de ensino-aprendizagem desenvolvente
seja sempre um processo de comunicação activa e participativa.

O Processo de ensino-aprendizagem desenvolvente pressupõe basicamente a


inter-relação de três conceitos essenciais: Instrução, Educação e
Desenvolvimento

No entanto, é um processo que Estimula a formação de conceitos e o


desenvolvimento dos processos lógicos de pensamento, assim como o alcance
do nível de pensamento teórico, na medida que se produz a apropriação dos
conhecimentos e se eleva a capacidade de resolver problemas.

2.7- Princípios Didácticos do Processo de ensino-aprendizagem.

1. Ter carácter científico e sistemático: Os conteúdos de ensino devem estar


em correspondência com os conhecimentos científicos actuais e com os

Elaborado por: Rosa Aguiar


métodos de investigação próprios de cada matéria. Para isso recorre ao
princípio da sistematização, ou seja a estruturação lógica do sistema de
conhecimentos de cada matéria.

2. Sistematização do ensino: a essência deste princípio de ensino está dada


na necessidade de que toda actividade do professor e dos estudantes seja
consequência de uma planificação e de uma sequência lógica. É
determinado, pela estrutura sistemática das ciências que proporcionam o
conteúdo de ensino e pelas normas do processo de aprendizagem.

3. Acessibilidade do ensino: consiste justamente em apresentar dificuldades


ao aluno e ensiná-lo a coordenar conscientemente dando-lhes orientações
para vencê-las. Seleccionar tarefas de diferentes graus de dificuldades
para os diversos alunos.

4. Ser compreensível e possível de ser assimilado: deve combinar com o


carácter científico e sistemático, devem ser compatíveis com as condições
prévias com as quais os alunos se apresentam em e relação à assimilação
de novos conhecimentos (conteúdos). Recomenda-se: dosagem do grau
de dificuldades no processo de ensino, diagnóstico periódico do nível de
conhecimentos e de desenvolvimento, análise sistemática da
correspondência entre o volume de conhecimento e as condições
concretas do grupo de alunos.

5. Assegurar a relação teoria e prática: O estudo dos conhecimentos


sistematizados e a aquisição de habilidades e hábitos decorrem das
exigências e necessidades da vida prática. Exige que professor não só
brinde aos estudantes a oportunidade de fazer elaborações teóricas, como
também a de enfrentar-se com a actividade prática, manejar, instrumentos
e equipamentos e aplicar os conhecimentos.

6. Garantir a solidez dos conhecimentos: Exige do professor frequente


recapitulação da matéria, exercícios de fixação, tarefas individualizadas a

Elaborado por: Rosa Aguiar


alunos que apresentem dificuldades e sistematização dos conceitos
básicos da matéria.

7. Vinculação ao trabalho do colectivo e atenção às particularidades


individuais: O professor deve empenhar-se para que os alunos aprendam
a comportar-se tendo em vista o interesse de todos, ao mesmo tempo que
presta atenção às diferenças individuais e às peculiaridades de
aproveitamento escolar.

2.8- As fases ou etapas do processo de ensino-aprendizagem

Segundo A. C. dos Santos (2017), o processo de ensino aprendizagem realiza-se


através de quatro fases ou etapas, a saber:

1. Aquisição e assimilação de novos conhecimentos;

2. Consolidação e aprimoramento dos novos conhecimentos, adquiridos;

3. Aplicação dos novos conhecimentos, habilidades e hábitos;

4. Comprovação e avaliação dos novos conhecimentos, habilidades e


hábitos.

Elaborado por: Rosa Aguiar


UNIDADE III - COMPONENTES DIDÁCTICOS DO PROCESSO DE
ENSINO-APRENDIZAGEM

Os componentes determinam uma lógica interna, na qual intervém


condicionantes sociais. Quando abordamos os componentes do processo, não
podemos denotar particularmente a nenhum deles pela sua importância, se não
trabalhá-los como um sistema de componentes que se inter-relacionam e actuam
dialecticamente. Não é possível separar os componentes da didáctica em
desenvolvimento do processo docente – educativo, sem dúvida para uma melhor
compreensão aparecem de forma independente.

Por sua vez os componentes do processo de ensino-aprendizagem ou (elementos


didácticos de ensino) dividem-se em dois grupos nomeadamente: componentes
pessoais (professor, aluno e o grupo) e componentes não pessoais (objectivos,
conteúdos, métodos de ensino, meios de ensino, formas de organização e
avaliação).

3.1- Componentes pessoais

3.1.1- Professor

Professor diferente de docente é uma pessoa que ensina uma ciência, arte,
técnica ou outro conhecimento. Para o exercício dessa profissão, requer-se
qualificações académicas e pedagógicas, para que consiga transmitir/ensinar a
matéria de estudo da melhor forma possível ao aluno.

Na prática pedagógica onde o professor é o mediador das dimensões cognitivas,


afectivas e sociais, os elementos da concepção de mediação são os significados.
Sua função consiste no desenvolvimento de uma relação pessoal com seus
alunos e do estabelecimento de um clima nas salas que possibilitam a realização
natural dessa tendência.

3.1.2- Aluno

Elaborado por: Rosa Aguiar


O aluno é a pessoa ou um indivíduo que independentemente da existência de um
estabelecimento de ensino, recebe instrução ou educação em determinada
matéria, ciência ou arte “e que precisa de orientação e ensino”. Um ser com
várias particularidades quer cognitivas como afectivas.

Na prática pedagógica, há necessidade da escola criar condições de recebe-lo


como ele é, segundo a sua idade e as suas peculiaridades pessoais, a fim de levá-
lo a modificar seu comportamento em termos de aceitação social e crescimento
da personalidade.

3.2- Componentes não pessoais

3.2.1- Os objectivos

Os objectivos como categoria reitora do processo de ensino aprendizagem. Eles


definem com clareza o que se pretende com o processo de ensino, pois eles
antecipam resultados e processos esperados do trabalho conjunto do professor e
dos alunos.

Este componente, dentro do processo docente educativo responde a pergunta


“para que ensinar e aprender?” Para melhor entendimento acerca das
finalidades dos objectivos na prática educacional, vejamos explicitamente os
objectivos gerais e os objectivos específicos determinantes do processo ensino-
aprendizagem.

3.2.1.1- Objectivos Gerais

Expressam propósitos mais amplos acerca do papel da escola e do ensino diante


das exigências postas pela realidade social e do desenvolvimento da
personalidade dos alunos.

3.2.1.2- Objectivos Específicos

Expressam as expectativas do professor sobre o que deseja obter dos alunos no


decorrer do processo de ensino. Têm sempre um carácter pedagógico, porque
explicitam a direcção a ser estabelecida ao trabalho escolar, em torno de um

Elaborado por: Rosa Aguiar


programa de formação. Determinam exigências e resultados esperados da
actividade dos alunos, referente a conhecimentos, habilidades, atitudes e
convicções.

Nota: para que o processo de ensino-aprendizagem aconteça, é importante que o


professor estabeleça os objectivos gerais, que expressem propósitos mais amplos
acerca do ensino; e os objectivos específicos, que determinem exigências e
resultados esperados da actividade dos alunos. Neste contexto, é a missão do
professor, estabelecer um vínculo entre os objectivos específicos aos objectivos
gerais nas suas práticas pedagógica em que serão empregados.

3.2.1.3- Características dos objectivos adequados

Formular objectivos adequados aos propósitos do ensino nem sempre constitui


tarefa fácil. Muitos professores, pressionados pelos coordenadores de curso,
elaboram seus planos com objectivos que, apesar de planificados de acordo com
procedimentos técnicos, não se aplicam efectivamente ao ensino que irão
ministrar. Requer-se, portanto, a observação de alguns critérios.

 Os objectivos orientam-se para os alunos;


 Os objectivos fornecem uma descrição dos resultados de aprendizagem
desejados;
 Os objectivos são claros e precisos;
 Os objectivos são facilmente compreendidos;
 Os objectivos são relevantes;
 Os objectivos são realizáveis.

3.2.1.4- Classificação dos objectivos

Os objectivos de aprendizagem podem ser classificados em três domínios:


cognitivo, afectivo e psicomotor (BLOOM, 1972). O domínio cognitivo refere-
se aos objectivos relacionados a conhecimentos, informações ou capacidades
intelectuais. É o domínio a que se dá maior atenção em todos níveis de

Elaborado por: Rosa Aguiar


escolaridade. O domínio afectivo abrange os objectivos relacionados a
sentimentos, emoções, gostos ou atitudes. O domínio psicomotor, por fim,
envolve os objectivos que enfatizam o trabalho de natureza neuromuscular.

3.2.1.4.1- Domínio cognitivo

Bloom e seus colaboradores criaram a Taxonomia dos objectivos educacionais


em 1956. Nesse ano, foi editado o primeiro volume da taxonomia, que tratou do
domínio cognitivo. Os objectivos correspondentes a este domínio foram
ordenados em seis níveis, do mais simples ao mais complexo:

• Conhecimento: evocação de algo que tenha sido aprendido. Os objectivos


neste nível podem ser expressos por verbos como: citar, identificar, listar e
definir. Por exemplo: "Definir o conceito de Administração Científica."

• Compreensão: refere-se a reafirmação do conhecimento sob novas formas.


Neste nível, o indivíduo conhece o que está sendo comunicado e pode fazer uso
do respectivo material ou ideia. Não se torna capaz, no entanto, de relacioná-lo a
outro material ou de perceber suas implicações mais complexas. Os objectivos
neste nível podem ser expressos com verbos como ilustrar, exemplificar e
traduzir. Por exemplo: "Explicar as regras de concordância verbal."

• Aplicação: refere-se ao uso de abstracções em situações particulares e


concretas. As abstracções podem apresentar-se sob a forma de ideias gerais,
princípios técnicos ou regras de procedimento que devem ser aplicadas. Os
objectivos neste nível podem ser expressos por verbos como: aplicar, demons-
trar, usar, inferir etc. Por exemplo: "Aplicar o princípio da resistência a
situações práticas em Aerodinâmica."

• Análise: é a separação de um todo em suas partes componentes. Em sua forma


mais elementar, a análise envolve uma simples relação de elementos. Num nível
mais elevado, implica determinar a natureza do relacionamento entre esses
elementos. Os objectivos neste nível podem ser expressos com verbos como:

Elaborado por: Rosa Aguiar


analisar, distinguir, categorizar e descriminar. Por exemplo: "Distinguir juízos
de facto de juízos de valor."

• Síntese: é a combinação conjunta de certo número de elementos para formar


um todo coerente. Envolve o processo de trabalhar com peças, partes ou
elementos, dispondo-os de forma a constituir um padrão ou estrutura que antes
não estava evidente. Os objectivos neste nível podem ser expressos por verbos
como: resumir, compor, formular e deduzir. Por exemplo: "Resumir uma obra
literária."

• Avaliação: é o julgamento acerca do valor do material e dos métodos para


propósitos determinados. Esta categoria constitui o mais alto nível da
taxionomia no domínio cognitivo, segundo Bloom. Seus objectivos podem ser
expressos por verbos como: avaliar, criticar, julgar e decidir. Por exemplo:
"Avaliar um plano de disciplina, levando em consideração o conteúdo
programático e o nível de conhecimento dos alunos."

3.2.2- Conteúdos de ensino

Tomando como base referencial, Rosilene Horta Tavares, 2011; Conteúdos de


ensino são o conjunto de conhecimentos, habilidades, hábitos, modos
valorativos e atitudinais de actuação social, organizados pedagógica e
didacticamente pelo professor, tendo em vista a assimilação activa e aplicação
pelos alunos na sua prática de vida.

Tendo em vista que o ensino dos conteúdos deve ser visto como a acção
recíproca entre a matéria, o ensino e o conhecimento prévio dos alunos, os
conteúdos seleccionados a serem transmitidos pelo professor, devem oportunizar
procedimentos de ensino que levam as formas de organizações dos estudos
activos pelos alunos.

Dentro do processo de ensino-aprendizagem este componente responde a


pergunta “o que ensinar e aprender?”

Elaborado por: Rosa Aguiar


3.2.3- Método de ensino

Como sendo uma maneira sensata de agir para a concretização de um fim, em


uma situação didáctica, são determinados pela relação objectivo-conteúdo e
referem-se aos meios para alcançar objectivos gerais e específicos do ensino.
Implicando uma sucessão planejada e sistematizada de acções, tanto do
professor quanto dos alunos; a utilização de meios; assim como do atendimento
as características dos alunos quanto à capacidade de assimilação, conforme:
idade, nível de desenvolvimento mental e físico, características socioculturais e
individuais.

Este componente, neste processo é chamada para responder a questão “como


ensinar e aprender?”

3.2.3.1- Classificação dos Métodos de Ensino/Aprendizagem

Obs. não há uma classificação universalmente aceite. Não obstantes, podemos


classificá-los em:

1- Métodos de Exposição do Professor: Neste método os conhecimentos,


habilidades e tarefas são apresentados, explicados ou demonstradas pelo
professor.

Entre as formas de exposição mencionamos:

 A Exposição Verbal: Ocorre em circunstância em que não é possível


prever a relação directa do aluno com o material de estudo.
 A Demonstração: Ocorre através da explicação colectiva de um
fenómeno por meio de experiências simples.
 Ilustração: É uma forma de apresentação gráfica de factos e fenómenos
da realidade, por meio de gráficos, mapas, esquemas, gravuras, etc. a
partir dos quais o professor enriquece a explicação da matéria.
 Exemplificação: Ocorre quando o professor ensina o modo correcto de
realizar uma tarefa.

Elaborado por: Rosa Aguiar


2- Métodos de Trabalho Independente. Consiste de tarefas, dirigidas e
orientadas pelo professor, para que os alunos as resolvam de modo relativamente
independente e criador.

Entre as formas de trabalho independente mencionamos:

 Tarefa Preparatória: Os alunos escrevem o que pensam sobre o assunto


que será tratado.
 Tarefa de Assimilação dos Conteúdos: São exercícios de
aprofundamento e aplicação dos temas já tratados.
 Tarefa de Elaboração Pessoal: São exercícios nos quais os alunos
produzem respostas surgidas do seu próprio pensamento.

OBS: Para que o trabalho independente cumpra, a sua função didáctica são
necessárias condições prévias. O professor precisa:

 Orientar tarefas clara, compreensíveis e a altura dos conhecimentos e


das capacidades de raciocínio dos alunos;
 Assegurar as condições de trabalho/local, material disponível, etc.
 Acompanhar de perto o trabalho.

3- Método de Elaboração Conjunta. A elaboração conjunta é uma forma de


interacção entre o professor e os alunos visando a obtenção de novos
conhecimentos, habilidades, atitudes e convicções, bem como a fixação e
consolidação de conhecimentos e convicções já adquiridos.

Recomendações sobre a elaboração de perguntas e a condução metodológica da


conversação:

 A pergunta deve ser preparada cuidadosamente para que seja


compreendida pelo aluno.
 Deve ser iniciada por um pronome interrogativo correcto (o quê,
quando, quanto, por quê, etc.)

Elaborado por: Rosa Aguiar


4- Métodos de Trabalho em Grupo: Consiste basicamente em distribuir temas
de estudo iguais ou diferentes a grupos fixos ou variáveis compostos de 3 à 5
alunos.

A finalidade principal do trabalho em grupo e obter a cooperação dos alunos


entre si na realização de uma tarefa.

Formas de organização do trabalho em grupo:

 Debate: São indicados alguns alunos para discutir, perante a classe /turma
um tema polémico, cada qual defendendo uma posição.
 Philips 66- Seis grupos de seis alunos discutem uma questão em poucos
minutos para apresentar depois as suas conclusões.
 Tempestade mental: Dado um tema, os alunos dizem o que lhes vem a
cabeça, sem preocupação de censurar as ideias.
 Seminário: Um aluno ou grupo prepara um tema para apresenta-lo a
turma. É uma modalidade de aula expositiva ou conversação realizada
pelos alunos.

5- Actividades especiais: Consiste na realização de actividades que


complementam os métodos de ensino e que concorrem param a assimilação
activa dos conteúdos. São por exemplo, o estudo do meio, jornal escolar, a
assembleia de alunos, o museu escolar, o teatro, a biblioteca escola, etc.

3.2.4- Meios de Ensino

Os meios ou recursos de ensino, definem-se como sendo componentes do


ambiente da aprendizagem que dão origem à estimulação para o aluno.
(Claudino Piletti, 2010).

Esta categoria, dentro do processo de ensino-aprendizagem responde a pergunta


“com que ensinar e aprender?”

3.2.4.1- As funções e finalidades dos meios de ensino.

Elaborado por: Rosa Aguiar


 Aproximam o aluno da realidade que se quer ensinar;
 Dão ao aluno uma noção exacta dos factos ou fenómenos estudados;
 Facilitam a retenção em memória;
 Vinculam a teoria a prática,
 Promovem a partida das ideias.

3.2.4.2- Critérios para a selecção dos meios de ensino.

Os critérios de selecção dos meios de ensino estão intimamente ligados aos


factores que condicionam os meios de ensino.

 Objectivo pedagógico;
 A população alvo da formação;
 Conteúdo e mensagem a transmitirem;
 Espaço de ensino-aprendizagem.

3.2.5- Formas de organização

As formas de organizações são os modos que adoptam o processo docente-


educativo para alcançar seu objectivo. É a aula, (onde criam-se, desenvolvem-se
e transformam-se as condições necessárias para que os alunos assimilem
conhecimentos, habilidades, atitudes e convicções, desenvolvendo assim as suas
capacidades cognitivas e afectivas); que pode ser: aula prática, seminário,
conferência, prática de laboratório e debates.

No processo docente educativo responde a pergunta “como organizar o


ensino?”

3.2.6- A Avaliação

Deve-se lembrar que nenhuma avaliação dá resultados absolutos, mas sim


informações sobre “o que e como” o aluno aprendeu. E é função da avaliação,
diagnosticar o processo de aprendizagem, e não a capacidade dos alunos.

Elaborado por: Rosa Aguiar


A avaliação permite verificar até que ponto o ensino tem alcançado suas metas,
possibilitando a mudança dos rumos dos objectivos ou melhor, para que se tenha
clareza do propósitos estabelecidos e para que estes sejam úteis e significativos
para o aluno.

Componente que no processo docente educativo responde a pergunta “em que


medida estão sendo alcançados ou alcançaram-se os objectivos?”

3.2.6.1- As funções da Avaliação

Pode-se dizer em síntese que são três as funções da avaliação.

1. Função de Determinação: Quando tem por objectivo esclarecer as


condições e possibilidades de aprendizagem ou de execução de uma ou
determinadas tarefas por parte do aluno com vista a determinação do
conteúdo de ensino-aprendizagem.
2. Função de Controle da aprendizagem: Quando tem o propósito de se
inteirar se os objectivos do mesmo estão a ser ou não alcançados e o que
é preciso fazer para melhorar o desempenho do aluno individualmente
ou da turma.
3. Função de Hierarquização e classificação “avaliativa”: Após um
período de ensino se deseja saber quanto ao desempenho do aluno ou da
turma.

3.2.6.2- As modalidades de Avaliação

A avaliação intervém de maneira específica antes, durante e depois da acção. As


modalidades que se vão considerar são:

A avaliação Diagnostica: Aplica-se fundamentalmente no inicio de novas


aprendizagens, sua finalidade é verificar se o aluno está na posse de certas
aprendizagens anteriores que servem de base a unidade que se vai iniciar e ainda
detectar as causas subjacentes a dificuldades de aprendizagem e ajudar o aluno a
superá-las antes de iniciar a nova unidade.

Elaborado por: Rosa Aguiar


A avaliação Formativa: A avaliação formativa, como função de controle é
realizada durante todo o decorrer do ano lectivo, com intuito de verificar se os
alunos estão atingidos os objectivos previstos. Sua finalidade e informar aos
alunos e aos professores do grau de realização, ou seja o de determinar o grau de
domínio alcançado.

A avaliação Somativa ou sumativa: Aplica-se no fim de um período


relativamente longo de ensino e destina-se a estabelecer um balanço, permite
identificar os objectivos que os alunos não atingiram sobre os conteúdos básicos
ou essências, não só, como também tem a finalidade da constatação do
afastamento em relação a norma.

UNIDADE IV - FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DOCENTE

4.1 - Planeamento de Ensino

A planificação é uma antecipação mental de uma acção que será realizada. Ele
consiste em traduzir, em termos mais concretos e operacionais, o que o professor
fará em sala de aula, para conduzir os alunos a alcançar os objectivos propostos.

A planificação exerce várias funções. Dentre as quais, pode-se destacarem a de


explicitar princípios, directrizes e procedimentos do trabalho docente; expressar
as ligações entre o posicionamento filosófico, político-pedagogico e profissional
e as acções efectivas que o professor irá realizar na sala de aula; assegurar a
racionalização, organização e coordenação do trabalho docente; bem como

Elaborado por: Rosa Aguiar


prever objectivos, conteúdos e métodos, para responder as exigências sociais, no
âmbito de arranjo e das condições socioculturais e individuais dos alunos.

A planificação de ensino organiza as acções com determinadas finalidades que


se deseja alcançar para atingir objectivos, por meio de actividades de ensino e de
aprendizagem. Portanto, no processo de planificação torna-se necessário
responder às seguintes perguntas:

• Quais objectivos pretendem-se alcançar?


• O que fazer e como fazer?
• Quais recursos e estratégias utilizar?
• Qual o tempo necessário para se alcançar os objectivos?
• O que e como analisar os resultados, a fim de verificar se os objectivos
foram alcançados?

4.2 - Formas de organização da docência em diferentes níveis

Em educação ocorrem vários níveis de planificação, que variam em abrangência


e complexidade. São eles:

 De sistema educacional (Planificação educacional) – como o próprio


nome sugere, é sistémico. Este nível de planificação reflecte a política de
educação adoptada no país. É o que se desenvolve em nível mais amplo. É o
processo que objectiva definir os fins últimos da educação e os meios para
alcançá-los. A planificação nesse nível está a cargo das autoridades
educacionais, no âmbito do Ministério da Educação e do Conselho Nacional
de Educação e outros órgãos que têm atribuições no campo da Educação.
 Da escola (Planificação institucional)– Trata-se de um instrumento que
possibilita definir a acção educativa da escola em sua totalidade. Nesse
sentido, essas atribuições configuram-se como a planificação institucional da
escola. Essa planificação institucional, por um lado, é política pois
estabelece um compromisso com a formação de um cidadão para um tipo de

Elaborado por: Rosa Aguiar


sociedade. Por outro, é pedagógica pois define os propósitos e a forma de
efectivação das acções educativas da escola.

Por essa razão é que o resultado concreto dessa planificação pode ser chamado
de Projecto Político Pedagógico. Deve ter carácter participativo, com
professores, pais de alunos, alunos e funcionários participando da tomada de
decisão. Em geral, o esquema de acção das escolas segue etapas, dentre as quais:

1. Sondagem (levantamento de dados e fatos importantes da realidade) e


diagnóstico (análise e interpretação dos dados colectados) da realidade
escolar.
2. Definição dos objectivos e prioridades da escola.
3. Proposição da organização geral da escola no que se refere a:
 Grade curricular e carga horária;
 Calendário escolar;
 Critérios de agrupamentos dos alunos;
 Definição do sistema de avaliação, contendo normas para adaptação,
recuperação, reposição de aulas, compensação de ausências, promoção
dos alunos;
 Plano de curso, contendo as programações das actividades
curriculares;
 Elaboração do sistema disciplinar da escola;
 Atribuição de funções a todos os elementos que trabalham na escola.
 De currículo – previsão dos diversos componentes curriculares que serão
desenvolvidos ao longo do curso. Deve seguir as directrizes fixadas pelo
Conselho Nacional de Educação (núcleo comum) e pelo Conselho Estadual
de Educação (parte diversificada do currículo).
 Didáctico ou de Ensino – previsão das acções e procedimentos que o
professor vai realizar junto a seus alunos, e a organização das actividades

Elaborado por: Rosa Aguiar


discentes e das experiências de aprendizagem. Em outras palavras, é a
especificação e operacionalização do plano curricular.

4.2.1 - Plano Didáctico ou de Ensino

Sant' Anna et al. (1995, p. 49) citados por Rosilene Horta Tavares, 2011;
ressaltam que “é o plano de disciplinas, de unidades e experiências propostas
pela escola, professores, alunos ou pela comunidade”. Situa--se no nível bem
mais específico e concreto em relação aos outros planos, pois define e
operacionaliza toda a acção escolar existente no plano curricular da escola.”

Neste plano define-se o tema central da aula; estabelece-se os objectivos da aula;


indica-se o conteúdo a ser abordado; dá-se a previsão das avaliações das
aprendizagens; os métodos como também os recursos a serem utilizados para a
efectivação eficaz da aula desejada.

Para elaborarmos um bom plano de ensino, precisamos definir os objectivos que


conduzem uma aula ou um conjunto de aulas com vista a realização das
actividades planeadas pelo professor com base no desenvolvimento de
conhecimentos, competências, habilidades e atitudes demonstradas pelos alunos.

No aspecto didáctico planejar é:

 Analisar as características (aspirações, necessidades e possibilidades) dos


alunos;
 Reflectir sobre recursos disponíveis;
 Definir objectivos educacionais adequados aos alunos;
 Seleccionar e estruturar conteúdos a serem assimilados;
 Prever e organizar os procedimentos do professor;
 Prever e escolher recursos didácticos adequados para estimular a
participação dos alunos;
 Prever procedimentos de avaliação condizentes com os objectivos
propostos.

Elaborado por: Rosa Aguiar


Existem três tipos de A planificação didáctica ou de ensino. São eles:

 De curso: previsão dos conhecimentos e actividades a serem


desenvolvidos numa classe durante o período lectivo;
 De unidade: reunião de várias aulas sobre assuntos correlatos;
 De aula: sequência de tudo o que vai ser desenvolvido em um dia
lectivo.

4.2.1.1 - Plano de Unidade

O plano de unidade consiste em organizar sistematicamente as partes das


actividades previstas no plano do curso. Ele reúne varias aulas sobre assuntos
correlatos, constituindo uma parte significativa do conteúdo que deve ser
ensinado e dominado em sua inter-relação. Basicamente deve conter os
seguintes aspectos:

Informações gerais: nome da escola, ano lectivo, curso, disciplina, número de


unidades, número de frequência semanal, semestral e anual, subunidades,
objectivos educacionais desejados, formas de incentivo (identificar e estimular
os interesses dos alunos, tentando aproveitar os conhecimentos prévios e
relacioná-los ao tema da nova unidade); esquema de apresentação da unidade
aos alunos: conteúdos programáticos por unidade, subunidades, metodologia de
ensino, recurso de ensino, formas de avaliação. (ver anexos)

Para que o plano seja útil, recomenda-se em sua construção a observação de


alguns critérios:

a. As unidades do plano devem ser construídas em torno de assuntos que se


inter-relacionam ou se complementam;
b. A organização do plano deve levar em consideração não apenas o orde-
namento lógico dos conteúdos, mas também as dificuldades de apren-
dizagem dos estudantes;

Elaborado por: Rosa Aguiar


c. O plano de unidade deve ser elaborado preferencialmente com a parti-
cipação dos estudantes;
d. O plano deve ser elaborado de forma tal que cada unidade utilize con-
teúdos das unidades anteriores, ao mesmo tempo em que oferece ele-
mentos para a aprendizagem do conteúdo das posteriores;
e. Deve-se evitar que uma unidade requeira muito tempo para ser desen-
volvida, pois unidades muito longas podem causar cansaço e desinte-
resse. Não se aconselha definir mais do que quatro semanas de duração
para cada unidade.

4.2.1.2 - O plano de aula

Dentre os diferentes níveis de A planificação, o que se refere ao “plano de aula”


é aquele mais próximo da sua futura actuação como professor, o que justifica
uma aproximação maior ao conceito. O preparo e uso de um bom plano de aula
seria o suficiente para revolucionar o ensino de muitos professores. Muitas
vezes, os professores vacilam no ensino e erram o alvo por não termos objectivo
definido.

O plano de aula simples, claro e bem elaborado pode nos ajudar muito no nosso
dia-a-dia. Algumas das principais vantagens que o plano de aula traz para
professores e alunos são:

 Facilita o avanço da aula em direcção ao alvo;


 Proporciona economia e maior controlo do tempo;
 Lembra ao professor de elementos essenciais à aula (material
necessário, tarefas, avisos, métodos etc.);
 Organiza o tempo do professor e a aula, evitando imprevistos,
contratempos e detalhes esquecidos;
 Incentiva o preparo prévio da aula;
 Preserva o procedimento e o conteúdo da aula em um arquivo para uso
futuro;

Elaborado por: Rosa Aguiar


 Facilita a avaliação e eventual reformulação da aula.

Obs: O plano de aula existe para o professor, e não o professor para o plano de
aula!”. Cada professor precisa de um plano, mas o plano é servo do mestre, e
não o contrário. Por isso, é imprescindível que cada professor descubra como
organizar e estruturar a aula conforme seu “gosto”, personalidade e habilidades.
(exemplo de plano de aula, ver anexos)

BIBLIOGRAFIA

 Phd Dos Santos, A. C.. (2018). Material de apoio da disciplina de


Didáctica Geral; segundo ano do curso de pedagogia. Isced Cuanza-Sul.
Sumbe.
 Libâneo, J. C. (1990). Didáctica geral. Editora: Cortez Editora. São Paulo.
Impresso no Brasil – Outubro de 2006.
 Libâneo, J. C. (1994). Síntese do livro didáctica. Autor: José Carlos
Libâneo editora: cortez. Coleção preparatório magistério – prof. Ana vital.
Brasil.

Elaborado por: Rosa Aguiar


 Pdf - ENSINO/APRENDIZAGEM: UMA ANÁLISE DA PRÁTICA
DOCENTE. Profa. Msc. Ma. Marly de Oliveira Coelho (UFAM);
 Pdf – FERNÁNDEZ, F. A. Didática y optimización del processo de
enseñanzaaprendizaje. IN: Instituto Pedagógico Latinoamericano y
Caribeño – La Havana – Cuba, 1998;
 Piletti, C. (2010). Didáctica geral. 24ª Edição. Editora Ática. São Paulo:
Brasil.
 Tavares, R. H. (2011). Didáctica Geral. Editora: UFMG. Belo Horizonte.
 Zinga, A & Niemba, A (2018). Material de apoio da disciplina de
Didáctica Especial; 3º ano do curso de Pedagogia. Isced Cuanza-Sul.
Sumbe.
 PDF - Didática Geral. Professora conteudista: Wanderlei Sérgio da Silva.
UNIVERSIDADE PAULISTA. INTERATIVA.

Elaborado por: Rosa Aguiar

Você também pode gostar