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Texto de apoio I
DIDÁCTICA GERAL
1. Breves considerações sobre Pedagogia

Pedagogia é uma ciência sobre educação ensino e instrução do homem em todos


períodos etários do seu desenvolvimento.
Quando poderemos considerar Educação como ciência e/ou como
fenómeno social?
Por um lado a Educação será considerada ciência se restringirmos seu objecto
de estudo, por outro lado Ela será considerada fenómeno social e universal
enquanto uma actividade humana indispensável a existência e funcionamento de
todas as sociedades.
Para que a educação se torne ciência é necessário ter objecto de estudo
formalizado, criar suas leis, métodos e normas por seguir, portanto a Educação
difere-se da Pedagogia na vertente em que a educação não é planificada não tem
objectivo, não esta delimitada nem sistematizada desse referimo-nos a educação
como fenómeno social e universal.
A pedagogia tem um padrão universal, com normas regras e planificação, e
podemos defini-la em três sentidos:
Sentido social é algo que acontece em qualquer canto, seja na igreja, na família,
neste sentido ela não é planificada.
Amplo pedagógico: ocorre em instituição, há que especificar que algumas são
reconhecidas mas não planificadas, embora existam normas reguladoras.
Exemplo os ritos de iniciação seguem normas e têm objectivos.
Restrito: existe um padrão aceite por todos.
Quando estamos perante a Pedagogia temos que enfatizar os seguintes termos:
educação, ensino e instrução. Assim:
Ensinar: não se educa sem ensinar porque, a educação apoia-se ao ensino para
alcançar seus objectivos educativos, neste caso, é uma interacção entre
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professor e aluno, é um processo de transmissão e aquisição de conhecimentos


que ocorre numa instituição.

Entre o Ensino e a Instrução consideramos as seguintes diferenças:


Ensino é um guião para a conceitualização da educação, é um meio de alcance
dos objectivos da educação. A diferença da educação só pode ser reafirmada
mediante o ensino.
N.B: no sentido restrito da educação temos a educação que ocorre em
instituições específicas, sejam elas escolares ou não, possuem finalidades
explícitas de ensino e instrução baseadas em actividades planificadas.
Ensino é um conjunto de uma série de acções, que o aluno e o professor devem
exercer para alcançar a própria educação.
Instrução é o processo e o resultado (saber fazer) de aquisição desses
conhecimentos, não implica só narrar na manipulação do objecto mas também a
forma de educar.
NB: o fim último da educação é a instrução.
A educação pode ocorrer sem ensino, mas o ensino resulta de uma instrução. A
instrução pode ocorrer sem ensino, o que literalmente designamos de auto-
instrução.

2. Introdução a Didáctica Geral

A Didáctica como ciência surgiu aproximadamente a 300 anos. Para além de ser
ciência autónoma, ela é um dos ramos da Pedagogia e, utiliza esta ciência como
base de sustentabilidade. Ela surgiu na Grécia Antiga entre os séculos XVI-
XVII.
Etimologicamente a palavra didáctica provém do grego didaktiké que significa
ensinar, e tekne que significa arte, logo, arte de ensinar, de instruir.
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No seu sentido de ensinar, a palavra Didáctica foi empregue pela primeira vez
em 1629 por um alemão de nome RATKE no seu livro “Principais Aforismos
Didácticos”. Mais tarde, o termo foi consagrado na obra de João Amus
Comenius intitulada “Didáctica Magna” publicada em 1657.
Inicialmente, Didáctica significou arte de ensinar e como arte, a didáctica
dependia muito do jeito de ensinar, da intuição e empatia do professor, uma vez
que havia muito pouco a aprender para ensinar.

A seguir, a didáctica, passou a ser conceituada como ciência e arte de ensinar ou


seja, maior preocupação em pesquisar as melhores formas de ensinar.
Posteriormente, passou a ser compreendida em dois sentidos, amplo e
pedagógico.
Didáctica, em sentido amplo, se preocupa com os procedimentos que levem o
educando a aprender algo.
Didáctica, em sentido pedagógico, apresenta compromissos com o sentido
sócio-moral da aprendizagem do educando, que é o de visar a formação de
cidadãos conscientes, eficientes e responsáveis.
Actualmente, a didáctica pode ser focalizada do ponto de vista do professor ou
do educando. Sendo assim, existem várias definições deste termo, que são
apresentados a seguir.

2.1. Conceitos da Didáctica


Didáctica é ciência e arte de ensinar. É ciência enquanto pesquisa e experimenta
novas técnicas de ensino com base, principalmente, na Biologia, Psicologia,
Sociologia e Filosofia. Ela como um corpo consistente de conhecimento traz
leis, princípios e teorias de ensino. E é Arte, quando estabelece normas de acção
ou sugere formas de comportamento didáctico com base nos dados científicos e
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empíricos da educação, porque a didáctica não pode separar-se da teoria e


prática.

LIBÂNEO (1994:25-26), a “Didáctica é o principal ramo de estudo da


Pedagogia. Ela investiga os fundamentos, condições e modos de realização da
instrução e do ensino”. A ela cabe converter objectivos socio-políticos e
pedagógicos em objectivos de ensino, seleccionar conteúdos e métodos em
função desses objectivos estabelecer os vínculos entre ensino e aprendizagem,
tendo em vista o desenvolvimento das capacidades mentais dos alunos.

NÉRICI (Op.cit:17), Didáctica é “o conjunto de recursos técnicos que tem por


objectivo dirigir a aprendizagem do educando, tendo em vista leva-lo atingir
um estado de maturidade que lhe permita encontrar-se com a realidade
circundante, de maneira consciente equilibrada e eficiente em agir como um
cidadão participante e responsável”.

Para MONJANE, DAVUCA e ROMÃO (1999:02), a Didáctica pode ser


definida em dois sentidos:
- Didáctica no sentido Amplo, que se preocupa somente com os procedimentos
que levam o educando a aprender algo. Não tem conotações sócio-morais.
- Didáctica no sentido Pedagógico, no entanto, apresenta compromissos sócio
morais de aprendizagem do educando, que é o de visar a formação de cidadãos
conscientes, eficientes e responsáveis.
A didáctica é uma disciplina orientada mais para a prática, uma vez que o seu
principal objectivo é de orientar o ensino.

2.2. Objecto de estudo da Didáctica Geral


Como podemos ver, a Didáctica Geral para além de ser um ramo da Pedagogia,
ela é uma ciência que tem como objecto de estudo o processo de Ensino e
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Aprendizagem. Podemos assim dizer que, o objecto da Didáctica no seu


conjunto, inclui: os conteúdos dos programas e dos livros didácticos, os
métodos e formas organizativas do ensino, as actividades do professor e dos
alunos e as directrizes que regulam e orientam esse processo.

Porque estudar o processo de ensino? Como sabemos, a educação escolar é uma


tarefa eminentemente social, a didáctica não apenas permite que os alunos
dominem os conteúdos mas, também, diz como faze-lo, isto é, investigando
objectivos e métodos seguros e eficazes para assimilação dos conhecimentos.

O processo de ensino e aprendizagem, revela uma sequência de actividades do


professor e dos alunos, tendo em vista a assimilação de conhecimentos e
desenvolvimento de habilidades, através dos quais os alunos aprimoram
capacidades cognitivas (pensamento independente, observação, análise-síntese e
outras).

A Didáctica investiga as condições e formas que vigoram no ensino e ao mesmo


tempo factores reais (sociais, político, culturais, psicossociais) de
condicionamento das relações entre a docência e a aprendizagem. Ou seja,
destacando a instrução e o ensino como elementos primordiais do processo
pedagógico-escolar.

2.3. DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DA DIDÁCTICA

O desenvolvimento da Didáctica obedece a evolução das sociedades humanas.


Na sua origem, nas primeiras fases da história da humanidade, ela consistia em
instruções, esclarecimentos sobre os comportamentos, técnicas e experiências
relacionadas com actividades básicas da caça e da aquisição de alimento, com a
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evolução, com o desenvolvimento das sociedades, da produção e das ciências a


didáctica passou por vários momentos.

2.3.1. Sociedade Primitiva


Nas comunidades primitivas os jovens passavam por um ritual de iniciação para
ingressar nas actividades do mundo adulto. Pode-se considerar esta fase uma
forma de acção pedagógica, embora aí não esteja presente o “didáctico” como
forma estruturada de ensino.

A educação duma geração para outra, nesta fase, era feita na base de imitação
aos mais velhos. Esta imitação primeiramente era feita de maneira inconsciente,
isto é, a criança aprendia na actividade prática. Depois, a imitação passou a ser
consciente, isto é a criança passa a imitar actividades dominantes. Neste período
a didáctica caracterizava-se por uma instrução sem classes, isto é, ninguém era
excluído da educação mas, na altura, a educação não tinha bases científicas.

2.3.2. Sociedade Esclavagista


Nesta fase, a educação e a instrução tinha um carácter de classes com ideias
pedagógicas transmitidas por escrito. Era uma educação transmitida aos filhos
dos esclavagistas e regentes.

Inicialmente, esta educação não tinha bases científicas, eram colectâneas de


ideias, apontamentos dos grandes filósofos e da classe dominante. Depois foram
surgindo as concepções materialistas e idealistas protagonizadas pelos seguintes
filósofos: SÓCRATES, PLATÃO, ARISTÓTELES E DEMÓCRITO.
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2.3.3. Sociedade Feudal


Aqui a pedagogia estava ligada á igreja sobretudo a Igreja católica, os membros
da igreja é que elaboravam as teorias e técnicas pedagógicas, que eram
dogmáticas e fanáticas viradas para os interesses da religião.

A transmissão de conhecimento era efectuada na base de métodos dogmáticos,


onde se exigia a pura memorização dos conteúdos e leitura de textos bíblicos. É
neste período onde surgem pela primeira vez as Escolas (na forma clássica:
espaços de interacção entre o mestre e os discentes e tempo determinado para
essa interacção), assim são criadas Universidades e Bibliotecas.
Nesta fase a didáctica já estava muito desenvolvida, embora muitas ideias
fossem dogmáticas e desprovidas de cientificidade, o dogmatismo fazia com
que os princípios e as técnicas de ensino fossem irrefutáveis, consequentemente
a aplicação da didáctica não era rigorosa por falta de carácter científico.

2.3.4. Sociedade Capitalista


Com a revolução técnico-científica introduziu-se novas e maiores exigências
sobre o saber. Face a estas necessidades surgiu uma outra que é a formação de
pessoas com capacidades de instruir outras através de métodos e meios
científicos que possam responder as exigências da sociedade. Assim, a escola se
torna uma instituição, o processo de ensino passa a ser sistematizado conforme
níveis tendo em vista a adequação das possibilidades das crianças de acordo
com as idades e ritmo de assimilação dos estudos.

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