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AULA – 1

INTRODUÇÃO A PEDAGOGIA

1. BREVE HISTORIAL DA PEDAGOGIA

A Pedagogia como ciência, tem uma longa história. Os seus primeiros estudos emergiram, com a origem e
o desenvolvimento da própria civilização, como aliás aconteceu com outras ciências. A Pedagogia teve os
seus primeiros grandes estudos nas obras dos clássicos da antiguidade: Platão (427-347); Aristóteles (384-
322); entre outros. Portanto, o seu surgimento sustenta-se a partir da definição de seu objecto de estudo a
educação. O progresso da educação não poderia se fundamentar só com a experiência do dia-a-dia e
conjecturas de pensadores. Era necessário o surgimento de uma ciência que desse a esse objecto de estudo
uma sustentação científica e tecnológica. As obras de Comenius, Rousseau, Kant, Hegel, Herbart,
Chemischevski, Pestalozzi, Diesterweg e Ushinski, entre outros intelectuais, ajudaram a independência
da Pedagogia como ciência particular.

Efectivamente, o termo Pedagogia provem do grego: peidós + Agogé = (criança + condução) a ciência
que estuda, teoriza sobre a educação, investigando sua natureza, finalidades e conteúdos. Assim, a
Pedagogia aparece como ciência ou disciplina cujo objectivo é a reflexão, ordenação, sistematização e a
crítica do processo educativo.

1.1 OBJECTO DE ESTUDO DA PEDAGOGIA

A Pedagogia enquanto área de conhecimento aplicado, que tem por objecto a compreensão e a intervenção
construtiva nos processos educativos, é eminentemente multidisciplinar fundamentando-se na Filosofia e
em diversas Ciências. O seu campo específico se constitui de teorias e práticas que se articulam cada vez
mais com outras áreas do conhecimento permitindo assim o desenvolvimento de lastros cognoscitivos e das
competências e habilidades requeridas ao Pedagogo.
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1.2. DEFINIÇÃO DE CONCEITO

1.2.1 PEDAGOGIA
PEDAGOGIA- é uma ciência que estuda, teoriza sobre a educação, investigando sua natureza e
finalidades e conteúdos. A Pedagogia ocupa-se também da reflexão, ordenação, sistematização e crítica
do processo educativo.

1.2.2 EDUCAÇÃO
O conceito de educação mereceu atenção de vários autores, pois assumiu diversas formas, nomeadamente:
 Educação: é o conjunto de influências que a sociedade exerce sobre o indivíduo. Isso implica que o
ser humano se educa durante toda a vida. A educação consiste, antes de tudo, em um fenómeno
social historicamente condicionado e com um marcado carácter classista. Através da educação se
garantirá a transmissão de experiências de uma geração à outra.
 Educação é um processo de acção da sociedade sobre o educando, visando entregá-lo segundo seus
padrões sociais, económicos, políticos, e seus interesses (Martins,1990).
 Educação corresponde a toda modalidade de influências e inter-relações que convergem para a
formação de traços de personalidade social e do carácter, implicando uma concepção de mundo, de
ideias, valores, modos de agir, que se traduzem em convicções ideológicas, morais, politicas,
princípios de acção frente a situações reais e desafios da vida prática (Libâneo, 2013).

Para uns, Educação é processo, para outros é categoria, ou fenómeno social, ou preparação, ou conjunto
de influências, etc. Duma forma geral, podemos conceptualizar a EDUCAÇÃO como sendo é uma
actividade social, política e económica, que se manifesta de diversas formas e que seu sistema de acções e
operações exercem influências na formação de convicções para o desenvolvimento humano do ser social e
do ser individual.

1.2.3 ENSINO

 Piletti (2006), defende que o termo ensinar é etimologicamente proveniente do latim Signare, que
significa “colocar dentro, gravar no espírito”. De acordo com este conceito, ensinar é gravar ideias
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na cabeça dos alunos, ou seja, o método de ensino é o de marcar e tomar a lição. Numa outra
abordagem, referindo-se ainda sobre a questão do ensino, Assim, do conceito etimológico, surgiu o
conceito tradicional de ensino: “ensinar é transmitir conhecimentos”. Segundo esse conceito, o
método utilizado baseia-se em aulas expositivas e explicativas. O professor fala aquilo que sabe
sobre determinado assunto e espera que o aluno saiba reproduzir o que ele lhe disse (p.29).

 Segundo Baranov, S.P. et al (1989, p. 75) o ensino é "um processo bilateral de ensino e
aprendizagem". Daí, que seja axiomático explicitar que não existe ensino sem "aprendizagem".
 Para Neuner, G. et al (1981, p. 254) "a linha fundamental do processo de ensino é a transmissão e
apropriação de um sólido sistema de conhecimentos e capacidades duradouras e aplicáveis."
 Na opinião de Bordenave & Pereira (2009), o ensino pode ser entendido como sendo o processo
deliberado de facilitar que a outra pessoa ou pessoas aprendam e cresçam intelectual e moralmente,
fornecendo-lhes situações planejadas, de tal modo que os aprendizes vivam as experiências
necessárias para que se produzam neles as modificações desejadas, de uma maneira mais ou menos
estável.

Nesta óptica, o ensino visa estimular, dirigir, incentivar e impulsionar o processo de aprendizagem dos
alunos, razão pela qual tem a tarefa principal de assegurar a difusão e o domínio dos conhecimentos
sistematizados legados pela humanidade. Sendo assim, uma das tarefas básicas do ensino é a selecção e
organização dos conteúdos do ensino e dos métodos apropriados a serem trabalhados em um processo
organizado na sala de aula.

Portanto, o ensino, como objecto de estudo e pesquisa da Didáctica, é uma actividade direccionada por
docentes à formação qualificada dos discentes. Por isso, na implementação do ensino se dão a instrução e
o treino, como formas de manifestar-se, concretamente, este processo na realidade objectiva. Sendo assim,
numa perspectiva de ensino mais actual, exige-se uma participação activa do aluno, no qual deve
estruturar racionalmente os conhecimentos que vai adquirindo, relacionando o novo conhecimento com
conhecimentos antigos, questionando e intervindo directamente na construção de novos saberes
(Perrenoud, 1995). Desta forma, o ensino passa obrigatoriamente a ser mais do que transmissão de
conhecimentos, passando o professor a facultar processos e ferramentas ao estudante de forma a envolvê-lo
nas aprendizagens académicas.

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1.2.4 INSTRUÇÃO

Segundo Baranov, et all. (1989, p. 22) "a instrução constitui o aspecto da educação que compreende o
sistema de valores científicos culturais, acumulados pela humanidade". Nesta perspectiva nota-se a
coincidência com o próprio termo de educação. A instrução, não é directamente um aspecto da educação,
mas bem, deve ser considerado como um elemento que aperfeiçoa o processo educativo, o que é diferente
Se estes autores estiveram certos, não existiriam pessoas bem instruídas, pessoas já formadas, mas mal
educadas. Ou também, não existiriam analfabetos, sem alguma instrução, com uma boa educação.”

Portanto, na literatura pedagógica “o conceito de instrução se emprega, na maioria das vezes, com a
significação de ministrar e assimilar conhecimentos e habilidades, com a formação de interesses
cognoscitivos e talentos, e com a preparação para as actividades profissional .” Ou seja, O conceito
expressa o resultado da assimilação de conhecimentos, hábitos, e habilidades; se caracteriza pelo nível de
desenvolvimento do intelecto e das capacidades criadoras do homem. A instrução pressupõe determinado
nível de preparação do individuo para sua participação numa ou outra esfera da actividade social.

Deste modo, a instrução, como manifestação concreta do ensino, é uma acção didáctica que desenvolve o
intelecto e a criatividade dos seres humanos com conhecimentos e habilidades que os prepara para
desenvolver actividades sócio-culturais.

1.2.5 DIFERENÇA ENTRE ENSINO, EDUCAÇÃO E INSTRUÇÃO

Na opinião de Haydt (2011), a principal diferença entre ensino e educação, é que o ensino é uma acção
deliberada e organizada. Ensinar é a actividade pela qual o professor, através de métodos adequados,
orienta a aprendizagem dos alunos, enquanto que educar é um termo mais amplo que ensinar, pois,
enquanto a educação refere-se ao processo de formação humana, o ensino é a orientação da aprendizagem.
Efectivamente, A Educação se centra na formação do ser humano, especificamente na construção da
personalidade, enquanto o Ensino reflecte o processo de optimização da aprendizagem, a qual ajuda na

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formação do ser humano, já a Instrução é uma forma de manifestar-se o ensino, onde se focaliza os
aspectos de conhecimentos e saberes da realidade objectiva e subjectiva.
De acordo com Libâneo (2013), a educação corresponde a toda modalidade de influências e inter-relações
que convergem para a formação de traços de personalidade social e do carácter, implicando uma concepção
de mundo, de ideias, valores, modos de agir, que se traduzem em convicções ideológicas, morais, politicas,
princípios de acção frente a situações reais e desafios da vida prática. Segundo o mesmo autor, a instrução
se refere a formação intelectual, formação e desenvolvimento das capacidades cognoscitivas mediante o
domínio de certo nível de conhecimentos sistematizados; enquanto que o ensino corresponde a acções, meios e
condições para a realização da instrução.

1. 3. RAMOS DA PEDAGOGIA

No cumprimento do seu papel a Pedagogia conta com os seguintes ramos de estudos próprios:

 Teoria da Educação - que estuda os aspectos essenciais do processo educativo como os objectivos,
princípios, conteúdos da educação;

 Didáctica Geral - que trata das técnicas ou arte de ensinar; fundamentalmente, sobre a planificação
e realização do ensino, os métodos, meios didácticos e avaliação, entre outros aspectos.

 Organização Escolar - que integra a administração escolar, orientação pedagógica, e supervisão


educacional; que se ocupa da criação de condições humanas, materiais e organizacionais do
processo de ensino e aprendizagem;

 História da Educação - que estuda e analisa as práticas, a evolução histórica da educação no


mundo, envolvendo diversos povos.

 Filosofia da Educação - que se ocupa da definição das metas (objectivos) finais, que um dado
sistema educacional deve atingir num dado País ou período histórico.

1. 4. FUNÇÕES DA EDUCAÇÃO

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A natureza social da educação pode ser definida ou apresentada a partir de vários parâmetro ou contextos.
Ela é social porque envolve pessoas que estão em interacção, desempenhando diversos papéis e influencias,
e por essa via socializam os indivíduos nos modos desejados. È social também porque o próprio conteúdo
objecto de educação é baseado na realidade (política ideologia, cultural etc.) da sociedade onde os
educandos vivem. Portanto, com base nos pressupostos anteriormente apresentados a educação na
sociedade desempenha as seguintes funções:

1- Função cultural - visto que se focaliza na transmissão de valores, normas, modo de pensar e agir
característico da comunidade social que o sistema serve; para além de que a escola através do
currículo, é um veículo de socialização das crianças e jovens;

2- Função social – pois permite a selecção e orientação para o desempenho de papéis ou funções a
exercer na sociedade, os factores de selecção social favorecido pelos seus sistemas,
mérito/competência versos classe ou privilégio social;

3- Função económica – na medida em que dedica-se na preparação dos indivíduos para o exercício
profissional e ocupações sociais servindo as necessidades do desenvolvimento económico e social;

4- Função política – institucional – uma vez que contribui para a coesão e identidades nacionais,
assim como para a participação social, cívica e política dos indivíduos nos campos e níveis da
actuação em que se inserem.
NB:

Torna-se importante frisar, que as funções sociais do sistema educativo, articulam-se entre sí em função da
formação do indivíduo na sua qualidade de «pessoa»; de «cidadão» e de «profissional». Mas para que a
educação cumpra o seu papel social ele precisa de ter os seguintes subsistemas em funcionamento:
a) Subsistema curricular e pedagógico (planos de estudo, programas, avaliação, métodos e materiais
de ensino, actividade do cumprimento curricular, organização pedagógica do ensino);
b) Recursos humanos (em especial a formação e regime do funcionamento do pessoal docente e outros
agentes educativos);

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c) Recursos materiais (rede escola, instalações, equipamentos escolares e demais recursos
educativos);
d) Subsistema de administração educacional (nível nacional, regional, local e de estabelecimento de
ensino);
e) Serviços de apoio e complementos educativos (saúde escolar, acção escolar, apoio psicológico e de
orientação escolar e profissional, actividades de apoio e complemento a aluno com necessidades
escolares específicos).

Referencias Bibliográficas:

 Rachide, F. (2015). Manual II de Fundamentos de Pedagogia. Maputo, Moçambique:


Universidade Pedagógica.

 Martinho, A (2020). Tecnologias de Informação e Comunicação no Processo de Ensino-


Aprendizagem: Adopção e Uso na Faculdade de Ciências de Saúde da Universidade X. Berlim,
Alemanha: Novas Edições Académicas

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