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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA

CAMPUS DE JI-PARANÁ
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

MAYLLA TAWANDA DOS SANTOS PEREIRA

DINÂMICA DOS FOCOS DE CALOR, DESMATAMENTO E AS CONDIÇÕES


METEOROLÓGICAS NO ESTADO DE RONDÔNIA

Ji-Paraná

2021
1

MAYLLA TAWANDA DOS SANTOS PEREIRA

DINÂMICA DOS FOCOS DE CALOR, DESMATAMENTO E AS CONDIÇÕES


METEOROLÓGICAS NO ESTADO DE RONDÔNIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Departamento de Engenharia Ambiental,
Fundação Universidade Federal de Rondônia,
Campus de Ji-Paraná, como parte dos requisitos
para obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Ambiental e Sanitária.

Orientadora: prof.ª Dra. Renata Gonçalves Aguiar

Ji-Paraná

2021
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Fundação Universidade Federal de Rondônia
Gerada automaticamente mediante informações fornecidas pelo(a) autor(a)

P436d Pereira, Maylla Tawanda dos Santos.


Dinâmica dos focos de calor, desmatamento e as condições meteorológicas
no estado de Rondônia / Maylla Tawanda dos Santos Pereira. -- Ji-Paraná,
RO, 2021.

44 f. : il.
Orientador(a): Prof. Dr. Renata Gonçalves Aguiar

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Ambiental e


Sanitária) - Fundação Universidade Federal de Rondônia
1.Queimadas. 2.Temperatura do ar. 3.Precipitação. I. Aguiar, Renata
Gonçalves. II. Título.

CDU 630*43(811.1)

Bibliotecário(a) Bruno Crespo Soares CRB 4/2061


07/10/21, 17:33 SEI/UNIR - 0772143 - Folha de aprovação para a versão de final de TCC

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ENGENHARIA AMBIENTAL - JI-PARANÁ

MAYLLA TAWANDA DOS SANTOS PEREIRA

TÍTULO: DINÂMICA DOS FOCOS DE CALOR, DESMATAMENTO E AS CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS NO


ESTADO DE RONDÔNIA.

O presente Trabalho de Conclusão de Curso foi defendido como parte dos requisitos para
obtenção do titulo de Bacharel em Engenharia Ambiental e Sanitária e aprovado pelo Departamento de
Engenharia Ambiental, Fundação Universidade Federal de Rondônia, Campus de Ji-Paraná, no dia 01 de
outubro de 2021.

Prof.a Dra. Beatriz Machado Gomes


Fundação Universidade Federal de Rondônia

Prof. Dr. Rodrigo Martins Moreira


Fundação Universidade Federal de Rondônia

Prof.a Dra. Renata Gonçalves Aguiar


Fundação Universidade Federal de Rondônia

Documento assinado eletronicamente por RENATA GONCALVES AGUIAR, Docente, em 01/10/2021,


às 10:45, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do Decreto nº 8.539,
de 8 de outubro de 2015.

Documento assinado eletronicamente por BEATRIZ MACHADO GOMES, Docente, em 01/10/2021, às


10:58, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do Decreto nº 8.539, de
8 de outubro de 2015.

Documento assinado eletronicamente por RODRIGO MARTINS MOREIRA, Docente, em 02/10/2021,


às 09:34, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do Decreto nº 8.539,
de 8 de outubro de 2015.

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Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as cousas. A ele, pois, a glória
eternamente. Amém. Romanos 11.36.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus que me guia, me dá forças e sustenta a cada dia, a Ele toda honra e
glória para sempre;
Agradeço a minha família sem a qual eu nada seria;
Aos meus avós, tios e tias que me ajudam e apoiam sempre que preciso;
A minha amada igreja, 3ª IPB de OPO, que me sustenta em oração;
Aos professores que passaram pela minha vida durante a graduação e muito me ensinaram.
Aos professores Rodrigo e Beatriz por aceitarem o convite e serem minha banca. Em especial
a minha orientadora prof.a Renata Gonçalves Aguiar pelo auxílio, apoio, paciência e
compreensão, obrigada;
A minha turma 2016, e as amizades feitas nesses anos. A Nayara, Nelma, Niely,
Lindolaine, Daise, Dara, Carol, Karol, Giovanna e Rafaela, amigas presente mesmo
distante, obrigada pelos conselhos e companheirismo;
A todos que contribuíram de forma direta e indireta para minha formação.
Obrigada!
RESUMO

Rondônia compõe a área do chamado Arco do Desmatamento que detém altas taxas de
desmatamento e concentrações de detecções de focos de calor. Aliado ao desmatamento o uso
do fogo é o precursor da expansão agrícola e a ocupação desordenada. Sendo esse uso
favorecido por determinadas condições climáticas como períodos de estiagem, baixa umidade
e altas temperaturas do ar. Sendo assim o presente estudo teve por objetivo quantificar e analisar
a relação dos elementos meteorológicos em áreas com diferentes percentuais de desmatamentos
e números de focos de calor no estado de Rondônia. O critério de escolha foi separar os
municípios com área desmatada <10% e >90%. O estudo foi realizado nos meses de agosto a
novembro, por apresentarem maior quantitativo de focos de calor nos anos de 2014 a 2018. Foi
aplicado teste de correlação não paramétrica, teste de Spearman, para os dados de focos de calor
e as variáveis climáticas temperatura, precipitação e umidade relativa. Para o município com
área desmatada <10% a média temperatura foi de 26,4 ºC, da precipitação 73 mm/mês, umidade
relativa 85% e uma correlação regular significativa (p-valor= 0,05; rho= 0,44) entre os focos
de calor e a temperatura. Para os municípios com área desmatada >90% a média, temperatura
foi de 26,2 ºC, da precipitação 79,8 mm/mês, umidade relativa 82,5% e uma correlação regular
significativa (p-valor= 0,03; rho= -0,48) entre os focos de calor e a precipitação. Esses
resultados indicam que em regiões mais preservadas o elemento meteorológico mais fortemente
relacionado com os focos de calor é a temperatura, enquanto em áreas mais desmatadas o
elemento principal é a precipitação.

Palavras-chave: queimadas; temperatura do ar; precipitação.


ABSTRACT

Rondônia makes up the area of the so-called Arc of Deforestation, which has high rates of
deforestation and concentrations of hot spot detections. Combined with deforestation, the use
of fire is the precursor of agricultural expansion and disorderly occupation. This use is favored
by certain climatic conditions such as dry periods, low humidity and high air temperatures.
Thus, this study aimed to quantify and analyze the relationship of meteorological elements in
areas with different percentages of deforestation and number of hotspots in the state of
Rondônia. The choice criterion was to separate municipalities with deforested area <10% and
>90%. The study was carried out from August to November, as they presented a greater
quantity of hotspots in the years 2014 to 2018. The non-parametric correlation test,
Spearman's test was applied to the data on hotspots and the climatic variables temperature,
precipitation and relative humidity. For the municipality with deforested area <10%, the mean
temperature was 26.4 ºC, rainfall 73 mm/month, relative humidity 85% and a significant
regular correlation (p-value = 0.05; rho = 0.44) between hot spots and temperature. For
municipalities with a deforested area >90% the average temperature was 26.2 ºC, rainfall 79.8
mm/month, relative humidity 82.5% and a significant regular correlation (p-value = 0.03; rho
= -0.48) between hot spots and precipitation. These results indicate that in more preserved
regions the meteorological element most strongly related to hotspots is temperature, while in
more deforested areas the main element is precipitation.

Keywords: burned; air temperature; precipitation.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Desmatamento na Amazônia Legal Brasileira pré-PPCDAm e durante o PPCDAm-


I, II e III (INPE, 2020). .......................................................................................... 15

Figura 2 - Localização do estado de Rondônia e dos munícipios selecionados para o


estudo. .................................................................................................................... 21

Figura 3 - Densidade kernel aplicado aos focos de calor de 2014 a 2018 no estado de
Rondônia. ............................................................................................................... 26

Figura 4 - Frequência anual dos focos de calor no estado de Rondônia de 2014 a 2018. A linha
vermelha tracejada representa a média. ................................................................ 27

Figura 5 - Diagrama de Pareto aplicado aos focos de calor mensal dos anos de 2014 a 2018
para os municípios de Guajará-Mirim, Nova União, Rolim de Moura, Presidente
Médici, Vale do Paraíso, Ouro Preto D’Oeste e Teixeirópolis.............................. 28
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Estatística descritiva dos dados de desmatamento (km2) acumulado do ano de 2000
a 2020..................................................................................................................... 24

Tabela 2 - Municípios com área desmatada <10% e >90% e a extensão do desmatamento do


ano de 2000 a 2020. ............................................................................................... 25

Tabela 3 - Estatística descritiva dos focos de calor no estado de Rondônia nos anos de 2014 a
2018. ..................................................................................................................... 27

Tabela 4 - Estatística descritiva dos focos de calor no período de agosto a novembro dos anos
de 2014 a 2018 dos municípios de Guajará-Mirim, Nova União, Rolim de Moura,
Presidente Médici, Vale do Paraíso, Ouro Preto D’Oeste e Teixeirópolis. ........... 29

Tabela 5 - Estatística descritiva das variáveis meteorológicas do município de Rondônia com


área desmatada <10% (Guajará-Mirim), no período de agosto a novembro dos anos
de 2014 a 2018. ...................................................................................................... 30

Tabela 6 - Estatística descritiva das variáveis meteorológicas dos municípios de Rondônia com
área desmatada >90% (Nova União, Rolim de Moura, Presidente Médici, Vale do
Paraíso, Ouro Preto D’Oeste e Teixeirópolis), no período de agosto a novembro dos
anos de 2014 a 2018. ............................................................................................. 30

Tabela 7 - Teste de correlação de Spearman das variáveis meteorológicas e focos de calor dos
municípios de Rondônia com área desmatada <10% (Guajará-Mirim) e >90%
(Nova União, Rolim de Moura, Presidente Médici, Vale do Paraíso, Ouro Preto
D’Oeste e Teixeirópolis), no período de agosto a novembro dos anos de 2014 a
2018. ..................................................................................................................... 31
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 11

1 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 14


1.1 DESMATAMENTO E A FRAGMENTAÇÃO DA FLORESTA AMAZÔNICA
BRASILEIRA .................................................................................................................. 14
1.2 FOGO E OS FOCOS DE CALOR NA AMAZÔNIA ................................................... 16
1.3 ELEMENTOS METEOROLÓGICOS .......................................................................... 18
1.3.1 Precipitação ................................................................................................................... 18
1.3.2 Temperatura do Ar........................................................................................................ 19
1.3.3 Umidade Relativa do Ar ............................................................................................... 20

2 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................... 21


2.1 ÁREA DE ESTUDO ........................................................................................................ 21
2.2 AQUISIÇÃO DE DADOS ............................................................................................... 22
2.2.1 Dados Meteorológicos .................................................................................................... 22
2.2.2 Dados de Desmatamento e Focos de Calor .................................................................. 23
2.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA ............................................................................................... 23

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 24


3.1 DESMATAMENTO EM RONDÔNIA........................................................................... 24
3.2 CONCENTRAÇÃO DOS FOCOS DE CALOR EM RONDÔNIA ............................. 25
3.3 TEMPERATURA DO AR, PRECIPITAÇÃO E UMIDADE RELATIVA DO AR...29
3.4 RELAÇÃO ENTRE ELEMENTOS METEOROLÓGICOS E FOCOS DE
CALOR .......................................................................................................................... 31

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 33

REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 34
11

INTRODUÇÃO

O desmatamento na Amazônia Legal brasileira se consolidou alicerçado pelos


projetos de colonização e integração da década de 70, a materialização do slogan “uma terra
sem homens para homens sem terra” se deu por meio da abertura de novos espaços produtivos
visando à ocupação dessa região até então considerada como “espaços demográficos vazios”
(GOMES, 2019; TOURNEAU; BURSZTYN, 2010). Foram criados 3.518 assentamentos até
o ano de 2017, ocupando mais de 76 milhões de hectares na Amazônia Legal (INCRA, 2020).
Rondônia foi inserido nesse contexto de colonização e integração por meio dos
empreendimentos que visavam a construção da estrada de Ferro Madeira Mamoré, a instalação
dos postos telegráficos ao longo do estado e a abertura da rodovia BR-364 (BRANDÃO
JÚNIOR; SOUZA JÚNIOR, 2006; NASCIMENTO, 2010). Desta forma ocorreu a migração
de pessoas de outros estados almejando oportunidades de emprego, terra e uma vida de
qualidade. Houve então um crescimento populacional demasiado, acelerando o processo de
urbanização, aumentando os conflitos sociais pela posse de terras, desencadeando também uma
busca pela fortuna com o garimpo, a expansão da fronteira agropecuária e a degradação
ambiental (MONTEBUGNOLI, 2015; PIONTEKOWSKI et al., 2014; TOURNEAU;
BURSZTYN, 2010).
Composto, por tais fatores, o chamado Arco do Desmatamento, área que se estende
do sul do Pará, norte de Mato Grosso, Rondônia, ao sudeste do Acre (MMA, 2020), apresenta
predominância de altas taxas de desmatamento e concentrações de detecções de focos de calor
(ARAUJO; SILVA; NASCIMENTO, 2007; JUSTINO; SOUZA; SETZER, 2002).
Aliado ao desmatamento, o uso do fogo é o precursor da expansão agrícola (LAMPER
MARTINEZ; FIEDLER; LUCATELLI, 2007) e a ocupação desordenada. Sendo esse uso
favorecido por determinadas condições climáticas como períodos de estiagem (SOUZA;
CASAVECCHIA; STANGERLIN, 2012), baixa umidade do ar e altas temperaturas do ar
(JUSTINO; SOUZA; SETZER, 2002; VASCONCELOS, 2012).
12

O corte raso da floresta e a eliminação por meio do fogo, difundido na Região


Amazônica, causa perda de biodiversidade e ocasiona a fragmentação da floresta causando
efeito de borda e impactando negativamente a interação mutualística planta-animal
(MARJAKANGAS et al., 2019). Haddad et al. (2015), concluem que a pressão sobre os
fragmentos florestais causa a degradação dos ecossistemas pois afetam os processos
ecológicos, diminuindo a resiliência das espécies, desestabilizando o ciclo de nutrientes e a
dinâmica trófica. Ademais as alterações do domínio morfoclimático alteram o balanço de
energia e ameaçam as ligações de retroalimentação entre a floresta e a atmosfera
(FEARNSIDE, 2006; SEIXAS, 2011).
Rosan, Anderson e Vedovato (2017), observaram em seu estudo, realizado em um
município do Pará, que no ano de 2010, ano que ocorreu um evento de seca extrema, houve
aumento de incêndios registrados. Dentre as classes de uso e ocupação, as áreas de pastagens
e florestas foram detentoras das maiores quantidades de focos de calor, sendo associadas à
proximidade entre essas áreas. Costa (2017), constatou um aumento expressivo da degradação
florestal na Amazônia no período de 1992 a 2014, passando de 11.800 km² para 46.789 km²,
na qual a extração seletiva foi responsável por 72% e o fogo foi responsável por 28% da
degradação.
O ano de 2019 acumulou 11.230 focos de calor no estado de Rondônia (INPE, 2020),
acompanhando um incremento de aproximadamente 1,3 mil km2 de área desmatada
(TERRABRASILIS, 2020). Sendo 49,8% dos focos de calor registrados no mês de agosto e
32,5% no mês de setembro (INPE, 2020), que representa o período de estiagem (FRANCA,
2015) e contabiliza altas temperaturas do ar.
Tais focos de calor podem acarretar extensivas queimadas que resultam
principalmente na emissão de poluentes como o monóxido de carbono, os hidrocarbonetos, os
óxidos de nitrogênio e material particulado na atmosfera, além disso, ocorrem reações
fotoquímicas com compostos presentes no ar que resultam em ozônio, peroxiacil nitratos e
aldeídos (RIBEIRO; ASSUNÇÃO, 2002), prejudicando o ecossistema, o microclima e
consequentemente a saúde da população.
Por tais fatos torna-se imprescindível o estudo e monitoramento do desmatamento e
dos focos de calor e sua interação com o clima. Conhecer sua dinâmica no território auxilia no
planejamento de ações de prevenção e combate à degradação ambiental e às mudanças
climáticas. Ademais, os sistemas de informações geográficas (SIG) propiciam o
monitoramento ambiental dos recursos naturais e seu uso, aliado às descrições de
13

geoestatística, agregam informações temporal e espacial cruciais para orientar o planejamento


ambiental estratégico visando o desenvolvimento sustentável (ASSIS et al., 2019).
Diante do exposto o objetivo desta monografia foi quantificar e analisar a relação dos
elementos meteorológicos em áreas com diferentes percentuais de desmatamentos e números
de focos de calor no estado de Rondônia.
O presente estudo será desenvolvido conforme os objetos específicos discriminados a
seguir:
a) mensurar e analisar a distribuição espacial do desmatamento;
b) mensurar e analisar a distribuição temporal e espacial dos focos de calor;
c) quantificar e analisar os elementos meteorológicos temperatura, precipitação e
umidade relativa em áreas com diferentes percentuais de desmatamentos e números
de focos de calor;
d) verificar a relação dos elementos meteorológicos temperatura, precipitação e
umidade relativa com os focos de calor.

Ressalta-se que parte deste trabalho foi desenvolvido no projeto intitulado “Dinâmica
dos Focos de Calor, Desmatamento e Elementos Meteorológicos no Estado de Rondônia”
durante o ciclo de 2020/2021 do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica
(PIBIC), financiado pelo Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Científico
(CNPq).
14

1 REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 DESMATAMENTO E A FRAGMENTAÇÃO DA FLORESTA AMAZÔNICA


BRASILEIRA

A Floresta Amazônica é o maior remanescente florestal tropical do mundo o que lhe


confere especial importância global, uma vez que mantém altos níveis de biodiversidade e
desempenha um papel fundamental na ciclagem da água e na regulação do clima (EXBRAYAT;
LIU; WILLIAMS, 2017; KHANNA et al., 2017; NOBRE et al., 2016). Em muitas partes do
mundo originalmente cobertas por florestas tropicais o desmatamento atingiu o ponto em que
permanecem apenas pequenos remanescentes, representando um risco a essa biodiversidade
(FEARNSIDE, 2017).
Brinck et al. (2017), observaram em seu estudo que apesar da Amazônia abrigar a
maior área de florestas tropicais intactas do mundo, a prevalência do desmatamento e da
fragmentação da floresta resultou na América do Sul liderando em emissões totais de carbono
no mundo.
As décadas de 1970 e 1980 representam um salto no que tange à transformação
espacial na Amazônia Legal, pois áreas que passaram séculos na economia de subsistência, no
final do século XX, passaram a integrar áreas de mercado (OLIVEIRA; PIFFER, 2017). A
retirada da floresta para a formação de pastagem mostrou-se lucrativa.
As exportações de produtos do agronegócio tiveram um novo recorde em junho de
2021, atingindo uma cifra passando de 12 bilhões de dólares, decorrente do aumento dos preços
internacionais desses produtos, sendo os principais produtos exportados a soja e a carne bovina
(MAPA, 2021).
A agropecuária ocupa cerca 12,8% do bioma Amazônia, desse percentual 10,5%
(440,9 mil km2) são pastagens nativas, plantadas e manejadas e 2,3% (96,6 mil km2) são
lavouras anuais, semiperenes e perenes. Grande parte dos produtores rurais estão em área
agrícola já consolidada, preexistentes até julho de 2008 (MIRANDA, 2019).
O ano de 2004 foi marcado como um ano de alto índice de desmatamento, em
contrapartida o governo federal, em uma ação coordenada, lançou o plano de ação para a
prevenção e controle do desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm). As taxas anuais caíram
do pico de 27,8 mil km2 em 2004 (INPE, 2021), para a mínima histórica de 4,6 mil km2 em
2012 (FIGURA 1), sendo a média da taxa anual no período de 1996 a 2005 de 19,6 mil km2.
15

Outros fatores para tal redução nesse período foram a oscilação nos preços de
commodities, e no preço de terras (FEARNSIDE, 2017), a moratória da soja de 2006 e os termos
de ajustamento de condutas de 2009 (ERMGASSEN et al., 2020). Entretanto nos anos
subsequentes a 2012 a taxa anual de perda de florestas primárias, com menor intensidade, volta
a aumentar.
Desmatamento (km2)

Ano

Figura 1 - Desmatamento na Amazônia Legal Brasileira pré-PPCDAm e durante o PPCDAm-I, II e


III (INPE, 2020).
Fonte: Fearnside e West (2021).

O PPCDAm é um plano tático-operacional com ações e metas definidas, está


estruturado em três eixos temáticos que direcionam a ação governamental. Desse modo, as
atividades realizadas para redução da pressão por desmatamento de novas áreas estão inseridas
nos eixos i) Ordenamento Fundiário e Territorial; ii) Monitoramento e Controle Ambiental; e
iii) Fomento às Atividades Produtivas Sustentáveis (MMA, 2013).
O Estado brasileiro assumiu o compromisso legal, estabelecido pela Política Nacional
Sobre Mudança do Clima (Lei n. 12.187/2009), de reduzir o desmatamento em 80% em relação
16

ao período base de 1996 a 2005, perfazendo uma taxa anual de 3,9 mil km2 até o ano de 2020
(ARAGÃO; SILVA JUNIOR; ANDERSON, 2020).
Os estados do Pará, Mato Grosso e Rondônia são responsáveis pelas maiores perdas
de área florestal, correspondendo a aproximadamente 80% do desmatamento da Amazônia
Legal. A taxa anual desses estados em 2020 foi de aproximadamente 5,2 mil km2, 1,8 mil km2
e 1,3 mil km2, respectivamente, somando 8,3 mil km2 (INPE, 2021).
Os estados do Pará, Mato Grosso e Rondônia tiveram participação de 36,3% na
exportação de carne bovina fresca, refrigerada ou congelada e 39,3% na exportação de soja no
período de janeiro a junho de 2021 (MDIC,2021).
Rondônia possui um efetivo bovino de mais de 14 milhões de cabeças, sendo 80%
bovinos de corte (IDARON, 2020). E é o terceiro maior produtor de soja da região norte, as
exportações das duas últimas safras (2018/2019 e 2019/2020) superaram os 411 milhões de
dólares com a venda de mais de 3,8 milhões de toneladas (SEAGRI, 2020).
O manejo de pastos e lavouras em grande parte da Amazônia é realizado através da
utilização do fogo. Miranda, Martinho e Carvalho (2019) estimaram que, em 2019, houve uma
queimada em cada imóvel rural de pequeno agricultor, duas nos dos médios produtores e cinco
nos dos considerados grandes produtores.

1.2 FOGO E OS FOCOS DE CALOR NA AMAZÔNIA

Embora as emissões de carbono provenientes do desmatamento tenham sido reduzidas,


as provenientes de queimadas e incêndios têm aumentado nos últimos anos (ARAGÃO et al.,
2018). O cenário fica ainda pior em anos de estiagem severa (ALENCAR et al., 2015).
As queimadas e incêndios florestais geram emissões de gases-traço, tais como metano
(CH4) e óxido nitroso (N2O), que por não serem consumidos na fotossíntese, se acumulam na
atmosfera mesmo quando a biomassa se recupera totalmente (FEARNSIDE, 2003).
A inflamabilidade da floresta amazônica poderá aumentar com a redução da chuva e
com temperaturas mais altas (NEPSTAD et al., 2004). Esse cenário implica em uma maior
evapotranspiração e menor escoamento, infiltração e evaporação (NÓBREGA, 2014). Por
conseguinte, há o aumento na mortalidade de indivíduos arbóreos, aumento da quantidade de
serapilheira depositada no chão da floresta, gerando um efeito retroativo com a ocorrência de
fogo e ocasionando consequentemente mais incêndios florestais (COCHRANE, 2003;
COCHRANE; SCHULZE, 1999; FREIRE et al., 2020).
17

Vasconcelos (2012), determinou que uma precipitação acumulada mensal inferior a


100 mm, temperatura média do ar superior a 24°C, e umidade relativa do ar inferior a 65%
propícia a ocorrência de fogo. Em seu estudo observou que durante o período de atividade de
fogo em 2004, em média 39% das células da área de estudo apresentavam condições propícias
ao fogo e em agosto houve o aumento para 86% das células. Já no ano de 2005, em que houve
o aquecimento anômalo do Atlântico Norte Tropical, em média 72% das células apresentavam
condições meteorológicas propícias à ocorrência de fogo, com picos de 97% em julho, 99% em
agosto e 83% em setembro.
De acordo com Jiménez-Muñoz et al. (2016), a Amazônia teve um aquecimento
recorde em 2015, o evento de seca mais extremo do século 21. Aragão et al. (2018), relataram
que diferente das secas de 2005 e 2010, os incêndios associados à seca de 2015 se estenderam
além do Arco do Desmatamento, impactando áreas pouco afetadas por incêndios no passado,
como a Amazônia central. Mostrando que em um futuro mais quente e seco, grandes extensões
da Amazônia, distantes dos principais epicentros do desmatamento, podem queimar.
Através das geotecnologias o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), desde
1987, realiza o monitoramento da queima de vegetação, o programa queimadas do INPE possui
um banco de dados de produtos, chamados focos de calor, gerados através da detecção dos
sensores de satélites. São detectados pelos satélites frentes de fogo com mais de 30 m de
extensão (INPE, 2021).
O excesso do uso do fogo no campo está entre as práticas que mais causam impactos
sobre o solo, aproximadamente 85% de todos os focos de calor registrados no Brasil nos últimos
anos ocorreram na Amazônia Legal, principalmente nos estados que englobam a chamada zona
do arco do desmatamento (SODRÉ, 2019). Condições climáticas como alta temperatura do ar,
baixa umidade e baixa precipitação favorece o uso do fogo e que esse saia de controle e se
alastre.
Segundo Nogueira (2019), a classe de floresta nativa foi a que contabilizou o maior
quantitativo de focos de calor, com 83.958 FC, no estado de Rondônia em 2018. Seguido pelas
áreas de pastagens onde o uso do fogo está associado ao objetivo de renovação de pastagem.
As emissões por queimadas de florestas e cerrados têm sido grandes fontes de
aerossóis para a atmosfera na América do Sul. A concentração de material particulado inalável
e gases traços, medidos ao nível da superfície na região tropical do Brasil, apresenta forte
sazonalidade, com máximos durante a estação seca nessa região (FREITAS et al., 2005).
O impactos causados pela queima de biomassa são propagados para regiões distantes
de sua origem através do transporte de fumaça, havendo aumento da concentração de partículas
18

de aerossóis que acabam atuando como núcleos de condensação na atmosfera, modificando a


microfísica das nuvens, que por sua vez ocasiona a supressão de precipitação tanto em escala
local como regional causando impacto direto no clima e no uso da terra (ARTAXO et al., 2009;
NOBRE; MARENGO;ARTAXO, 2009; SANTOS et al., 2017).

1.3 ELEMENTOS METEOROLÓGICOS

1.3.1 Precipitação

A Região Amazônica possui um regime de precipitação tipo monção, por apresentar


um inverno seco e um verão chuvoso (MARENGO, 1992; GAN et al. 2016). Em média ocorre
um aumento da precipitação nos meses de novembro até março, seguido de uma diminuição
nos meses seguintes de maio a setembro, sendo os meses de abril e outubro considerados meses
de transição (FISCH; MARENGO; NOBRE, 1998; REUMALLY, 2019).
Os meses de dezembro a fevereiro (verão austral) são os que apresentam maior
volume de precipitação na região oeste e central da Amazônia, com valores superiores a 900
mm (FISCH; MARENGO; NOBRE 1998), e está relacionado à Zona de Convergência do
Atlântico Sul (ZCAS). Enquanto a porção norte da Amazônia apresenta o máximo em março
a junho (outono austral), devido ao deslocamento da Zona de Convergência Intertropical
(ZCIT) mais ao sul (COUTINHO et al., 2018).
Em contrapartida os meses de junho a agosto são caracterizados pela baixa
pluviosidade, com valores abaixo de 50 mm por mês, nesse período a chuva ocorre em áreas
esparsas em forma de pancadas isoladas, apresentando períodos de estiagem que atingem
principalmente o Acre, Rondônia, Tocantins, centro sul do Maranhão, e sul do Amazonas e do
Pará (SOUZA; AMBRIZZI, 2003).
Segundo Molion (1987, 1993 apud FISCH; MARENGO; NOBRE, 1996), os
mecanismos que provocam chuva na Amazônia podem ser agrupados em 3 categorias: i)
convecção diurna resultante do aquecimento da superfície e condições de larga-escala
favoráveis; ii) linhas de instabilidade originadas na costa norte e nordeste do litoral do
Atlântico; e iii) aglomerados convectivos de meso e larga escala, associados com a penetração
de sistemas frontais na região sul e sudeste do Brasil, interagindo com a região Amazônica;
A região Amazônica possui uma precipitação média anual de aproximadamente 2.300
mm, embora tenha regiões (na fronteira entre Brasil, Colômbia e Venezuela) que atingiram
3.500 mm, nessas regiões não existe período de seca (FICH; MARENGO; NOBRE, 1996). Do
19

total de chuva sobre a bacia amazônica, em média 20% é decorrente do processo de


evapotranspiração local, com valores que variam de 15% na porção norte a 40% ao sul. Embora
essa contribuição seja importante, o ciclo anual é determinado pela convergência do vapor
d’água (ROCHA et al., 2018; ROCHA et al. 2017).
Segundo Valadão (2019), as chuvas em Rondônia apresentaram média anual de
2.016,55 mm entre os anos de 2008 e 2018, com maiores índices ao extremo norte, leste e
sudeste do estado, e menores a oeste e sudoeste. Nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro
foram registrados quase a metade do volume total.
Os menores índices de precipitação ocorreram nos anos de 2010, 2015 e 2016, os
quais estão associados à ocorrência de eventos de El Niño. Por outro lado, os maiores índices
foram nos anos de 2009 e 2014 associados ao fenômeno La Niña (VALADÃO, 2019).
O impacto do uso da terra e das práticas de fogo têm perturbado e enfraquecido
processos físicos que são cruciais para as interações superfície-atmosfera causando a
diminuição da absorção de calor pela superfície, decréscimo na propagação de calor latente e
incidindo na redução da quantidade de partículas biogenéticas responsáveis pela formação de
nuvens e propagação de chuvas (BORTOLI, 2013).
Marengo (2006), ressalta que a substituição da Floresta Amazônica por outro tipo de
cobertura, que tenha evapotranspiração menor, acarreta diminuição na quantidade de vapor
d’água na atmosfera, reduzindo a precipitação, principalmente nos períodos mais secos
deixando-os mais longos, causando déficit de água no solo e maiores oscilações na temperatura
do ar.

1.3.2 Temperatura do Ar

Os valores da temperatura média do ar sobre a Amazônia estão entre 24 °C e 26 °C, e


a amplitude térmica sazonal é de 1°C a 2 °C (FISCH; MARENGO; NOBRE, 1998). Bastos e
Diniz (1982) encontraram valores registrados de temperatura média e mínima no estado de
Rondônia entre 24,4º C e 25,6º C e 18,8 ºC e 20,3 ºC.
A temperatura do ar varia conforme a sazonalidade do microclima, em períodos úmido
e úmido-seco em que há menor disponibilidade de energia são registrados menores
temperaturas, e nos períodos seco e seco-úmido há o aumento da disponibilidade de energia
refletindo diretamente no aumento da temperatura (NASCIMENTO et al., 2016).
Nascimento et al. (2020), elucidam em seu estudo, sobre a resposta do microclima de
uma floresta nativa e uma área de pastagem na Amazônia Ocidental frente a ocorrência dos
20

eventos de extrema seca nos anos de 2005 e 2010, um aumento significativo (p-valor < 0,001)
na temperatura do ar nos períodos estudados em comparação aos anos normais, sendo a área de
pastagem mais vulnerável nos períodos seco e seco-úmido e a área de floresta com maior
vulnerabilidade nos períodos úmido e úmido-seco em resposta ao acúmulo de calor absorvido
pela umidade contida na atmosfera.

1.3.3 Umidade Relativa do Ar

Na Amazônia, o Oceano Atlântico Tropical é uma das principais fontes de umidade.


O Atlântico Tropical Norte contribui, principalmente, durante o verão austral, enquanto o
Atlântico Tropical Sul contribui no restante do ano (DRUMMOND et al., 2014).
Os Jatos de Baixos Níveis (JBN), fortes fluxos observados na baixa atmosfera ao longo
de cadeias montanhosas, atuam no transporte da umidade atmosférica da bacia Amazônica para
a bacia do Paraná Prata, oriunda do fluxo dos ventos alísios que passam sobre a Amazônia
(CAVALCANTI et al., 2009).
Segundo Bastos, Pacheco, Frazão (2002), a média de umidade relativa do ar na região
amazônica oscila entre 67% e 90%. Quando a umidade relativa está abaixo de 60% pode ser
prejudicial para as plantas por causar o aumento excessivo na taxa de transpiração e valores
acima de 90% causa a redução da absorção de nutrientes e favorece a propagação de doenças
fúngicas.
Bastos e Diniz (1982), observaram que a umidade do ar no estado de Rondônia
apresenta-se mais elevada nos meses de dezembro a maio, e é variável espacialmente podendo
observar valores médios mensais e anuais mais elevados em Porto Velho, enquanto Vilhena
apresenta menores valores.
21

2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo é o Estado de Rondônia – Brasil (FIGURA 2), que compreende uma
área de 237.765,233 km² com uma população estimada de 1.777.225 pessoas, cuja capital é o
município Porto Velho e abrange 52 municípios (IBGE, 2019). Segundo a classificação
climática de Köppen, o clima predominante no estado é do tipo Aw – clima tropical chuvoso,
com período seco definido durante a estação de inverno e temperatura média do ar durante o
mês mais frio superior a 18 °C (ALVARES et al., 2014).

Figura 2 - Localização do estado de Rondônia e dos munícipios selecionados para o estudo.


Fonte: os autores.

Considerando a climatologia, o período chuvoso do estado se estende de outubro a


abril do ano subsequente; junho a agosto é o período seco, maio e setembro meses de transição.
O mês de setembro é o intervalo entre o fim do período seco e o início do período chuvoso,
outubro e novembro representam o início da estação chuvosa para a região. Maio é transição
do período chuvoso para o seco (SEDAM, 2018).
22

O estado possui 61 unidades de conservação (UCs) registradas até o ano 2019, sendo
14 UCs de proteção integral e 47 de uso sustentável (CNUC, 2020). Consta também em seu
território 27 terras indígenas (FUNAI, 2020), entretanto algumas dessas terras estão
sobrepostas a unidades de conservação.

2.2 AQUISIÇÃO DE DADOS

Para representação do estado de Rondônia foi realizado um recorte espacial


utilizando a amostragem estratificada em dois grupos: município com percentual de
desmatamento acima de 90% (Nova União, Rolim de Moura, Presidente Médici, Vale do
Paraíso, Ouro Preto D’Oeste e Teixeirópolis) e município com percentual de desmatamento
abaixo de 10% (Guajará-Mirim) conforme os dados do Prodes (2021). A análise temporal foi
realizada com dados dos anos de 2014 a 2018 e concentrada nos meses de agosto, setembro,
outubro e novembro, por apresentarem maior quantitativo de focos de calor nos municípios
do estudo. Os dados geográficos utilizados na pesquisa para o sensoriamento remoto são no
formato vetorial extensão shapefiles, obtidos em sítios governamentais, o sistema geodésico
de referência utilizado foi o datum SIRGAS 2000 (IBGE, 2015).

2.2.1 Dados Meteorológicos

Os dados meteorológicos da pesquisa, temperatura, precipitação e umidade relativa


do ar foram obtidos no sítio do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), no sistema
de informações ambientais integrados a saúde (SISAM), que fornece gratuitamente um banco
de dados para cada município das federações.
Os valores de temperatura e umidade relativa foram obtidos do ERA-Interim
(BERRISFORD et al., 2011; DEE et al., 2011) uma reanálise atmosférica global feita pelo
European Centre for Medium-Range Weather Forecasts (ECMWF), dados diários referentes
aos horários de 00, 06, 12 e 18 UTC (Universal Time Coordinated) (SISAM, 2021).
A aquisição da precipitação acumulada foi por meio do Centro de Previsão de Clima
(Climate Prediction Center - CPC) da National Ocean and Atmospheric Administrantion
(NOAA) (XIE et al., 2010), dados acumulados diário 24 horas (SISAM, 2021).
23

2.2.2 Dados de Desmatamento e Focos de Calor

Os dados de desmatamento acumulado são oriundos no sítio do INPE/Prodes


(PRODES, 2021) formato de texto, os dados de focos de calor (FC) são oriundos do banco de
dados do portal do programa de monitoramento de queimadas do INPE no formato vetorial e
cvs (BDQUEIMADAS, 2021). Ressalta-se que foram considerados dados de todos os satélites,
de sensores óticos, MODIS, VIIRS e AVHRR. Para o processamento dos dados geográficos
foi utilizado o sistema de informações geográficas de código aberto QuantumGis® V 3.16.8
“Hannover” (QGIS, 2019).
Com o auxílio do programa aplicou-se a estimativa de densidade Kernel, com um raio
de 20 km que melhor representou os dados do período e área de estudo. As densidades foram
divididas em cinco classes, sendo elas: baixíssimo, baixo, médio, alto, altíssimo. Abreu e Souza
(2016), observaram em seu estudo que os mapas térmicos (kernel) permitem verificar quais
são as áreas de maior incidência de focos de calor.

2.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA

A base de dados da área de estudo foi processada e analisada por meio da estatística
descritiva e inferencial, com nível de significância α = 0,05, no programa BioEstat 5.3 (AYRES
et al., 2007). Todos os conjuntos de dados foram submetidos ao teste de pressuposto de
normalidade: Shapiro-Wilk (n<50) e Kolmogorov-Smirnov (n>50). Os dados que não
apresentaram normalidade tiveram seus intervalos de confiança calculados por meio da
reamostragem bootstrap com 1.000 replicações.
Posterior ao tratamento dos dados foram realizadas análises de correlação e regressão
(α = 0,05) entre os dados de focos de calor e os elementos meteorológicos. Não houve aderência
à normalidade nos conjuntos de dados e nem foi constatada linearidade, sendo assim aplicou-
se o teste de correlação não paramétrico de Spearman.
24

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 DESMATAMENTO EM RONDÔNIA

O desmatamento é um dos principais impactos do crescimento populacional, a floresta


é substituída por cidades e áreas rurais voltadas a criação de animais e lavouras. Esse é o
contexto de Rondônia inserido em projetos de colonização, hoje com muita importância para o
mercado de carne e grãos (IDARON; SEAGRI, 2020). Na Tabela 1 está representada a
estatística descritiva dos dados de desmatamento, a extensão da área desmatada em Rondônia
segundo os dados do Prodes/INPE (2021).

Tabela 1 - Estatística descritiva dos dados de desmatamento (km2) acumulado do ano de 2000 a 2020.

Estatística Desmatamento
Média 1.847,9
Erro padrão 215,4
Mediana 1.510,6
Desvio padrão 1.553,5
Mínimo 425,9
Máximo 11.075,1
Área total desmatada 96.093,1
n 52
IC bootstrap (95%) [1.502,8; 2.302,1]
Nota: n – número de elementos; IC - intervalo de confiança.
Fonte: os autores.

O desmatamento médio em Rondônia foi de 1.847,9 [1.502,8; 2.302,1] km2, uma


mediana de 1.510,6 km2, apresentando área máxima em Porto Velho, de 11.075,1 km2 e mínima
em Primavera de Rondônia, de 425,9 km2. Com coeficiente de variação de 84,1%, Rondônia
apresenta expressiva variabilidade, haja vista que o desmatamento se difere nos municípios e
ao longo do tempo.
Ao analisar a taxa percentual (área desmatada dividida pela área do município), o
município de Guajará-Mirim é o que possui menor taxa de desmatamento, com 6,7%, em
contrapartida o município Teixeirópolis é o que possui a maior taxa percentual com 96,3% de
sua área desmatada (TABELA 2).
25

Tabela 2 - Municípios com área desmatada <10% e >90% e a extensão do desmatamento do ano de
2000 a 2020.

Município Área Desmatamento Taxa


(km2) (km2) (%)
Guajará-Mirim 24.856,9 1.586,7 6,7
Nova União 807,1 734,5 91,0
Rolim de Moura 1.457,8 1.331,6 91,3
Presidente Médici 1.758,5 1.611,1 91,6
Vale do Paraíso 965,7 888,2 91,9
Ouro Preto do Oeste 1.969,9 1.842,4 93,5
Teixeirópolis 460,0 442,9 96,3
Fonte: os autores.

A preservação do município Guajará-Mirim se deve às unidades de conservação ali


existente, sendo essas: Reservas Biológicas Rio Ouro Preto e Traçadal; Reservas Extrativistas
Rio Pacaás Novos, Barreiro das Antas e do Rio Cautário e Parque Estadual de Guajará-Mirim.
Instituídas por meio da Lei nº 9.985/2000 que institui o Sistema Nacional de Unidades
de Conservação da Natureza – SNUC, estabelece critérios e normas para a criação, implantação
e gestão das unidades de conservação. E outro instrumento legal importante para preservação e
gestão da floresta é o código florestal Lei nº 12.651/2012 que dispõe sobre a proteção da
vegetação, áreas de Preservação Permanente e as áreas de Reserva Legal.

3.2 CONCENTRAÇÃO DOS FOCOS DE CALOR EM RONDÔNIA

A região que compreende os municípios de Porto Velho, Nova Mamoré, Buritis, Alto
Paraíso, Candeias do Jamari, Rio Crespo, Cujubim, Vale do Anari e Machadinho D’Oeste
formam uma grande área com densidade de focos de calor alta e altíssima em Rondônia. Ao
observar a Figura 3 percebe-se que durante os cinco anos não houve expressiva variação de
áreas com focos, mas sim de intensidade de focos de calor.
26

Figura 3 - Densidade kernel aplicado aos focos de calor de 2014 a 2018 no estado de Rondônia.
Fonte: os autores.

O fogo é uma ferramenta muito utilizada ao longo das fronteiras agrícolas na


Amazônia, tanto para o desmatamento quanto para a gestão da terra, sua dinâmica apresenta-se
heterogênea no território sendo um proponente da mudança ambiental (SORRENSEN, 2004).
O monitoramento de queimadas e incêndios florestais no Brasil é feito através de
imagens de satélites e se mostra útil para regiões remotas sem meios intensivos e locais de
acompanhamento. São gerados como produtos os focos de calor, pontos com coordenadas
geográficas permitindo análise temporal e espacial da ocorrência de fogo na paisagem.
Rondônia apresentou um total de 599.474 FC nos anos de 2014 a 2018 (FIGURA 4).
A média foi de 119.894,8 [91.830; 137.877,8] (todo valor entre [...] representa um intervalo de
confiança (IC) obtido através de reamostragem bootstrap com 1.000 repetições), com mínimo
de 64.038 no ano de 2014 e máximo de 141.150 no ano de 2018. Representando um aumento
de 120,4% de focos de calor no ano de 2018 em relação a 2014.
27

160000
140000
120000
Focos de Calor

100000
80000
60000
40000
20000
0
2014 2015 2016 2017 2018
Ano

Figura 4 - Frequência anual dos focos de calor no estado de Rondônia de 2014 a 2018. A linha
vermelha tracejada representa a média.
Fonte: os autores.

Nogueira (2019), ao analisar o uso do solo no ano de 2018 observou que a área de
floresta nativa foi a que registrou o maior quantitativo, com 83.958 FC, seguido pelas áreas de
pastagem com registro de 24.042 FC. Expressando o uso do fogo como ferramenta de alteração
da paisagem no estado.
As estatísticas descritivas dos focos de calor no estado de Rondônia estão
representadas na Tabela 3. O desvio padrão foi de 31.848,2 e o coeficiente de variação de
26,6%, evidenciando a variabilidade dos FC nos anos de 2014 a 2018.

Tabela 3 - Estatística descritiva dos focos de calor no estado de Rondônia nos anos de 2014 a 2018.

Estatísticas Focos de Calor


Média 119.894,8
Erro padrão 14.243,0
Mediana 129.711,0
Desvio padrão 31.848,2
Intervalo 77.112,0
Mínimo 64.038,0
Máximo 141.150,0
Soma 599.474,0
n 5
IC bootstrap (95%) [91.830; 137.877,8]
Nota: n – número de elementos; IC - intervalo de confiança.
Fonte: os autores.
28

Na Figura 5 é possível observar que os meses que contabilizaram maior quantitativo


de FC foram agosto, setembro, outubro e novembro, ao considerar o recorte espacial do
município com área desmatada <10% (Guajará-Mirim) e com área desmatada >90% (Nova
União, Rolim de Moura, Presidente Médici, Vale do Paraíso, Ouro Preto D’Oeste e
Teixeirópolis), nos anos de 2014 a 2018.

Figura 5 - Diagrama de Pareto aplicado aos focos de calor mensal dos anos de 2014 a 2018 para os
municípios de Guajará-Mirim, Nova União, Rolim de Moura, Presidente Médici, Vale do Paraíso,
Ouro Preto D’Oeste e Teixeirópolis.

Fonte: os autores.

Esses municípios contabilizaram nos meses de agosto 8.561 FC, setembro 7.424 FC,
outubro 3.551 FC e novembro 870 FC. Esses quatros meses somaram 93% dos FC no período
de 2014 a 2018. A média foi de 1.020,3 [619,4; 1.469] FC e a mediana de 708,5 FC. Com o
valor mínimo de 56 FC registrado em novembro de 2018 e máximo de 3.298 FC registrado em
agosto de 2018 (TABELA 4).
29

Tabela 4 - Estatística descritiva dos focos de calor no período de agosto a novembro dos anos de 2014
a 2018 dos municípios de Guajará-Mirim, Nova União, Rolim de Moura, Presidente Médici, Vale do
Paraíso, Ouro Preto D’Oeste e Teixeirópolis.

Estatística FC
Média 1.020,3
Erro padrão 232,0
Mediana 708,5
Desvio padrão 1.037,3
Intervalo 3.242
Mínimo 56
Máximo 3.298
Soma 20.406
n 20
IC bootstrap (95%) [619,4; 1.469]
Nota: n – número de elementos; IC - intervalo de confiança.
Fonte: os autores.

Vasconcelos (2021), ao estudar os FC no estado do Amazonas observou que os meses


que se concentram o maior quantitativo são os meses de julho, agosto, setembro, outubro e
novembro, com uma média na participação anual de 94,1%. Notou que o uso do fogo está
iniciando mais cedo, pois nos anos de 2016 a 2019 houve aumento na detecção de FC no mês
de julho. Observou também que nesses meses houve redução nos níveis de precipitação e
aumento da temperatura, contribuindo para o aumento dos incêndios e queimadas no estado.

3.3 TEMPERATURA DO AR, PRECIPITAÇÃO E UMIDADE RELATIVA DO AR

As Tabelas 5 e 6 apresentam a estatística descritiva das variáveis meteorológicas dos


municípios de área desmatada <10% e >90%, respectivamente. O município com área
desmatada <10% (Guajará-Mirim) apresentou média da temperatura de 26,4±0,3 ºC (todo valor
após o sinal ± corresponde a um intervalo de confiança de 95% para os dados que apresentarem
normalidade). Por sua vez, os municípios com área desmatada >90% (Nova União, Rolim de
Moura, Presidente Médici, Vale do Paraíso, Ouro Preto D’Oeste e Teixeirópolis) apresentaram
média de temperatura de 26,2 [25,8; 26,7] ºC. Silva et al. (2018), registraram uma média de
temperatura do ar de 26,2 ºC, 26,1ºC e 26,0 ºC, para os meses de setembro a novembro,
respectivamente, no período de 1945 a 2005 no município de Porto Velho.
30

Tabela 5 - Estatística descritiva das variáveis meteorológicas do município de Rondônia com área
desmatada <10% (Guajará-Mirim), no período de agosto a novembro dos anos de 2014 a 2018.

Precipitação Umidade relativa


Estatística Temperatura (ºC)
(mm/mês) (%)
Média 26,4 73 85
Erro padrão 0,2 11,7 2,04
Mediana 26,4 61,5 85,1
Desvio padrão 0,7 52,4 9,1
Variância 0,4 2.744,8 83,2
Intervalo 2,6 194 29,2
Mínimo 24,8 11 67,6
Máximo 27,4 205 96,8
n 20 20 20
IC (95%) 0,3 24,5 4,3
Nota: n – número de elementos; IC - intervalo de confiança.
Fonte: os autores.

Tabela 6 - Estatística descritiva das variáveis meteorológicas dos municípios de Rondônia com área
desmatada >90% (Nova União, Rolim de Moura, Presidente Médici, Vale do Paraíso, Ouro Preto
D’Oeste e Teixeirópolis), no período de agosto a novembro dos anos de 2014 a 2018.

Precipitação Umidade relativa


Estatística Temperatura (ºC)
(mm/mês) (%)
Média 26,2 79,8 82,5
Erro padrão 0,2 15,6 2,9
Mediana 26,2 59,3 86,6
Desvio padrão 1,1 69,9 13
Variância 1,2 4.882,6 169,1
Intervalo 3,5 241,8 44,3
Mínimo 24,6 0,3 52,8
Máximo 28,1 242,2 97,1
n 20 20 20
IC bootstrap (95%) [25,8; 26,7] [50,3; 108,7] [76,6; 87,9]
Nota: n – número de elementos; IC - intervalo de confiança.
Fonte: os autores.

A precipitação média no município de Guajará-Mirim foi de 73±24,5 mm/mês e em


Nova União, Rolim de Moura, Presidente Médici, Vale do Paraíso, Ouro Preto D’Oeste e
Teixeirópolis foi de 79,8 [50,3; 108,7] mm/mês. Santos et al. (2018), encontraram valor médio
para precipitação máxima mensal, de 58,9 mm/mês para o período de outubro a abril dos anos
de 2008 a 2016 para o município de Cacoal.
A umidade relativa para o período foi de 85±4,3% em Guajará-Mirim e 82,5 [76,6;
87,9] % nos seis munícipios. Carvalho et al. (2016), encontraram uma média de 81,2% para o
município de Ariquemes no período de dezembro de 2010 a fevereiro de 2014. Andrade et al.
31

(2009), ao estudarem uma área de Floresta Amazônica em Rondônia (Reserva Biológica do


Jaru) e uma área de floresta de transição Amazônia-Cerrado em Mato Grosso, observaram que
durante a estação úmida a umidade relativa do ar apresentou os maiores valores para ambas as
áreas, entretanto os valores médios de umidade relativa do ar foram maiores na área de Floresta
Amazônica em ambas as estações. A área de floresta de transição Amazônia-Cerrado
apresentou maior vulnerabilidade ao período de seca, esse comportamento pode ser explicado
pela maior disponibilidade hídrica na área de Floresta Amazônica.
Ressalta-se que ao comparar as variáveis meteorológicas nas áreas com diferentes
proporções de taxa de desmatamento, não foi encontrada diferença significativa entre as médias.

3.4 RELAÇÃO ENTRE ELEMENTOS METEOROLÓGICOS E FOCOS DE CALOR

A fim de verificar a correlação entre a série de dados de focos de calor e as variáveis


estudadas, aplicou-se o teste de correlação de Spearman (rho). O valor da correlação, bem como
seu respetivos p-valor são apresentados na Tabela 7.

Tabela 7 - Teste de correlação de Spearman das variáveis meteorológicas e focos de calor dos
municípios de Rondônia com área desmatada <10% (Guajará-Mirim) e >90% (Nova União, Rolim de
Moura, Presidente Médici, Vale do Paraíso, Ouro Preto D’Oeste e Teixeirópolis), no período de agosto
a novembro dos anos de 2014 a 2018.

rho p-valor rho p-valor


Variáveis
<10% >90%
Precipitação -0,34 0,15 -0,48* 0,03
Temperatura Média 0,44* 0,05 0,29 0,22
Umidade Relativa -0,27 0,24 -0,07 0,77
Nota: * correlação significativa.
Fonte: os autores.

O município com área desmatada <10% (Guajará-Mirim) apresentou uma correlação


regular e significativa (p-valor= 0,05; rho= 0,44) entre os focos de calor e a temperatura, sendo
essa diretamente proporcional, ou seja, quanto mais elevada a temperatura maior a
probabilidade de aumento de focos de calor nessa área.
Por sua vez, nos municípios com área desmatada >90% (Nova União, Rolim de Moura,
Presidente Médici, Vale do Paraíso, Ouro Preto D’Oeste e Teixeirópolis) a correlação foi
regular e significativa (p-valor= 0,03; rho= -0,48) entre os focos de calor e a precipitação, sendo
32

essa inversamente proporcional, indicando que uma frequência menor de precipitação pode
favorecer o aumento do quantitativo de focos de calor nessas áreas.
Esses resultados indicam que em regiões mais preservadas o elemento meteorológico
mais fortemente relacionado com os focos de calor é a temperatura, enquanto que em áreas mais
desmatadas o elemento principal é a precipitação. A floresta emite gases, através da
evapotranspiração, que atuam como núcleo de condensação propiciando a precipitação
enquanto que nas regiões desmatadas há uma menor taxa de evapotranspiração, devido sua
diminuição na estação seca, mas se mantém constante o ano todo sobre a floresta devido às
raízes profundas (SILVA DIAS et al. 2003; WRIGHT et al., 1996).
Apesar de não terem sido encontradas correlações fortes, permanece o alerta de que o
aumento da temperatura e a diminuição da precipitação favorecerá o espalhamento de uma
frente de fogo, aumentando os ricos de incêndios. Estudos mostram que eventos extremos como
El Niño têm sido cada vez mais recorrentes e intensos (ARAGÃO et al., 2018; JIMÉNEZ-
MUÑOZ et al., 2016)
33

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desmatamento médio em Rondônia foi de 1.847,9 km2, sendo que o município de


Guajará-Mirim foi o que apresentou menor taxa percentual de desmatamento, em contrapartida
Teixeirópolis representa o município com a maior taxa de área desmatada.
A região que compreende os municípios de Porto Velho, Nova Mamoré, Buritis, Alto
Paraíso, Candeias do Jamari, Rio Crespo, Cujubim, Vale do Anari e Machadinho D’Oeste
formam uma grande área com densidade de focos de calor alta e altíssima em Rondônia.
A média de focos de calor em Rondônia nos anos de 2014 a 2018 foi de 119.894,8 e
houve um aumento de 120,4% de focos de calor no ano de 2018 em relação ao ano de 2014.
O município com área desmatada <10% apresentou temperatura do ar média de 26,4
ºC, precipitação de 73 mm/mês e umidade relativa do ar de 85%. Os municípios com área
desmatada >90% apresentaram temperatura do ar média de 26,2 ºC, precipitação de 79,8
mm/mês e umidade relativa do ar de 82%. Não foi constatada diferença significativa entre as
médias.
O município com área desmatada <10% apresentou correlação significativa entre os
focos de calor e a temperatura, por sua vez, os municípios com área desmatada >90%
apresentaram correlação significativa entre os focos de calor e a precipitação. Esses resultados
indicam que em regiões mais preservadas o elemento meteorológico mais fortemente
relacionado com os focos de calor é a temperatura, enquanto em áreas mais desmatadas o
elemento principal é a precipitação.
Para melhor entendimento dos focos de calor e sua interação com o clima são
necessários mais estudos em longo prazo, haja vista que esses elementos apresentam expressiva
variabilidade espacial e temporal.
34

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