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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE/PRODEMA

AVALIAÇÃO DO RISCO OCUPACIONAL DE


TRABALHADORES EXPOSTOS A AGROTÓXICOS NO
MUNICÍPIO DE TOUROS/RIO GRANDE DO NORTE

A BIOTECNOLOGIA VEGETALRNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR ENTÁVEL

A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COALRNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR


SUSTENTÁVEL A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTER PARA A COTONICULTURA
FAMILIAR SUSTENTÁVELAAA

ANA FLÁVIA DE SANTANA RESENDE NAGEM

2013
Natal – RN
Brasil
AVALIAÇÃO DO RISCO OCUPACIONAL DE
TRABALHADORES EXPOSTOS A AGROTÓXICOS NO
MUNICÍPIO DE TOUROS/RIO GRANDE DO NORTE
A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR
SUSTENTÁVEL

A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR


SUSTENTÁVEL A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTER PARA

A COTONICULTURA FAMILIAR SUSTENTÁVELAAA

ANA FLÁVIA DE SANTANA RESENDE NAGEM

2013
Natal – RN
Brasil
Ana Flávia De Santana Resende Nagem

AVALIAÇÃO DO RISCO OCUPACIONAL DE


TRABALHADORES EXPOSTOS A AGROTÓXICOS NO
MUNICÍPIO DE TOUROS/RIO GRANDE DO NORTE
A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA
FASTENTÁVEL

A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR


STÁVEL A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTER PARA A COTONICULTURA FAMILIAR
SUSTENTÁVELAAA
Dissertação apresentada ao Programa Regional de
Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio
Ambiente, da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (PRODEMA/UFRN), como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de Mestre.

Orientador: PROF. DR(A). VIVIANE SOUZA DO AMARAL

2013
Natal – RN
Brasil
ANA FLÁVIA DE SANTANA RESENDE NAGEM

Dissertação submetida ao Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio


Ambiente, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PRODEMA/UFRN), como
requisito para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.

Aprovada em:
BANCA EXAMINADORA:

_______________________________________________
Prof(a). Dr(a). Viviane Souza do Amaral
ORIENTADOR
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PRODEMA/UFRN)

______________________________________________
Prof(a). Dr(a). Marialva Sinigaglia
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGBM/UFRGS)

_______________________________________________
Prof(a). Dr(a). Francisca de Souza Miller
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PRODEMA/UFRN)
“Da realidade do campo para o laboratório.”
Dedico a todos os agricultores que participaram desta pesquisa, que debaixo do sol, enfrentam
a dura realidade do homem do campo.
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal do Rio Grande do Norte pela oportunidade de realizar o mestrado.
Ao Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente –
PRODEMA que a cada ano luta para a construção de mestrandos que sejam capazes de
contribuir para o equacionamento dos problemas socioambientais em prol do
Desenvolvimento Sustentável da Região Nordeste.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES pelo apoio
financeiro.
Ao Departamento de Biologia Celular e Genética pelo apoio para o transporte até a área de
estudo, assim como da utilização de laboratórios para testes e análises.
Em especial a orientadora Dra. Viviane Souza do Amaral que mesmo sabendo da minha
ausência acadêmica depois de 6 anos de formada, aceitou a orientação e deu seu crédito de
confiança. Dra. Viviane, professora e pesquisadora na qual tenho muito respeito e admiração.
Agradeço muito por tudo que aprendi! Muito Obrigada!
Ao Professor Dr Francisco Pepino De Macedo que desde o inicio disponibilizou toda a sua
boa vontade e conhecimento, sempre pronto a ajudar.
A Professora Dra. Sílvia Regina Batistuzzo de Medeiros pela atenção e por disponibilizar o
laboratório para os testes.
Ao professor Dr. Marcos Antônio de Andrade Medeiros por fazer da ciência algo tão
sensível, com suas palavras na construção do cordel.
Em especial a colega Nilmara de Oliveira Alves que dedicou parte do seu tempo e seu
conhecimento nas análises estatísticas, agradeço muito!!!
A todos os colegas de pesquisa que participaram de todas as etapas para a conclusão desta
pesquisa nas visitas a campo, coletas, testes de laboratório e análise: Giveldna Maria Costa
Pereira, Luiz Cláudio Cardoso Chaves, e Tamires e a todos que contribuíram com seus
conhecimentos e ajuda.
Aos grandes exemplos da minha vida: meus pais, Marlene e Renato que sempre apoiaram
todas as minhas decisões, sempre acreditando; aos meus sogros Lelena e Ronaldo, biólogos
de formação, pesquisadores e educadores de paixão; ao Danilo meu esposo, pesquisador e
professor de vocação, no qual apoiou a minha decisão.
Valentia, força de vontade e querer foram os três elementos que nortearam o meu retorno
na vida acadêmica. Após seis anos de formada decidi dedicar uma parte da minha vida aos
novos conhecimentos que surgirão! Desbravar este caminho sozinha não seria capaz, assim
contei com a colaboração de todas essas pessoas. Muito obrigado!
RESUMO

AVALIAÇÃO DO RISCO OCUPACIONAL DE TRABALHADORES EXPOSTOS A


AGROTÓXICOS NO MUNICÍPIO DE TOUROS/RIO GRANDE DO NORTE

O uso de agrotóxicos esta sendo usado de maneira intensiva com graves consequências para
os agricultores expostos. O presente estudo teve como objetivo descrever os perfis de saúde e
socioeconômico de 60 agricultores no Município de Touros/RN através do questionário
recomendado por: (International Commission for Protection against Environmental Mutagens
and Carcinogens (ICPEMC). As análises desses dados permitiu comprovar a importância do
conhecimento do perfil socioeconômico e de saúde de agricultores rurais como forma de
entender a realidade dessa população, que pela falta de conhecimentos e condições
encontram-se vulneráveis a exposição de agrotóxicos. Com objetivo de analisar a frequência
de micronúcleos (MN) e outras anormalidade nucleares em células da mucosa oral de 54
agricultores que trabalham no Município de Touros/RN aplicou-se o Teste de micronúcleo
(MN) em mucosa bucal. Os nossos resultados mostraram uma frequência aumentada de MN e
outras anormalidades nucleares relacionados com a exposição e efeitos dos defensivos
agrícolas na saúde. A partir dos resultados obtidos, fica notório que os agricultores estão
aplicando os agrotóxicos de maneira errônea e comprometendo a sua saúde. Como estratégia
socioeducativas foi desenvolvido um Cordel baseado no texto e nos resultados encontrados no
presente estudo. Desta forma este estudo alerta para a necessidade de profundas mudanças
sociais, culturais e no âmbito da saúde para diminuir os riscos a saúde tanto para as pessoas
quanto para o ambiente.

PALAVRAS-CHAVE
Agrotóxicos, micronúcleo (MN), risco ocupacional, Touros, Rio Grande do Norte.
ABSTRACT

OCCUPATIONAL RISK ASSESSMENT OF WORKERS EXPOSED TO PESTICIDES IN


TOUROS -RN

The use of pesticides is being used intensively with severe consequences for exposed farmers.
This study aimed to describe the socioeconomic and health profiles of 60 farmers in the city
of Touros / RN through the questionnaire recommended by: (International Commission for
Protection against Environmental Mutagens and Carcinogens (ICPEMC). The analysis of
these data allowed to prove the importance of knowledge about the socioeconomic and health
profile of rural farmers as a way to understand the reality of this population, that is vulnerable
to exposure due to the lack of knowledge and conditions. Aiming to analyze the frequency of
micronucleus (MN) and other nuclear abnormalities in oral mucosa cells of 54 farmers that
work in the city of Touros / RN it was applied the micronucleus test (MN) in oral mucosa.
Our results showed an increased frequency of MN and other nuclear abnormalities related to
the exposure and effects of pesticides on health. Based on the results, it is clear that farmers
are using pesticide in the wrong way and compromising their health. A Cordel has been
developed as a method to taking the results to the people affected by the pesticides.
Therefore this study alerts to the need for profound changes in the social, cultural and health
context to reduce health risks for both people and for the environment.

KEYWORDS: pesticides, micronucleus (MN), occupational risk, Touros, Rio Grande do


Norte.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1– (a) Imagem da célula da mucosa bucal com micronúcleo de indivíduo do grupo
exposto; (b) citoplasma, núcleo principal e micronúcleo em destaque; (c) detalhe do núcleo
principal e do micronúcleo em evidência. Identificado com objetiva de 100 X. ..................... 24
Figura 2- (a) Imagem da célula da mucosa bucal normal de indivíduo do grupo exposto ; (b)
citoplasma e núcleo em destaque; (c) detalhe do núcleo em evidência.................................... 25
Figura 3 - (a) Imagem da célula da mucosa bucal com núcleo binucleado de indivíduo do
grupo exposto; (b) citoplasma e núcleo binucleado em destaque; (c) detalhe do núcleo
binucleado em evidência. ......................................................................................................... 25
Figura 4 - (a) Imagem da célula da mucosa bucal com cromatina condensada de indivíduo do
grupo exposto; (b) citoplasma e núcleo com cromatina condensada em destaque; (c) detalhe
do núcleo com cromatina condensada em evidência. ............................................................... 26
Figura 5 - (a) Imagem da célula da mucosa bucal em cariólise de indivíduo do grupo exposto;
(b) citoplasma e núcleo em cariólise em destaque; (c) detalhe do núcleo em cariólise em
evidência. .................................................................................................................................. 26
Figura 6 - (a) Imagem da célula da mucosa bucal em picnose de indivíduo do grupo exposto;
(b) citoplasma e núcleo em picnose em destaque; (c) detalhe do núcleo em picnose em
evidência. .................................................................................................................................. 26
Figura 7 - (a) Imagem da célula da mucosa bucal em cariorrexe de indivíduo do grupo
exposto; (b) citoplasma e núcleo em cariorrexe em destaque; (c) detalhe do núcleo em
cariorrexe em evidência. ........................................................................................................... 27
Figura 8 - Mapa do Estado do Rio Grande do Norte indicando o Município de Touros,
localidade da área de estudo sobre a avaliação do risco ocupacional de trabalhadores expostos
a agrotóxicos. ............................................................................................................................ 28
Figura 9 - Mapa Geológico do Município de Touros ............................................................... 29
Figura 10- Mapa do Estado do Rio Grande do Norte- Brasil indicando o Município de Touros
em vermelho e a área em verde, que corresponde ao Projeto do Boqueirão local da área de
estudo sobre a avaliação do risco ocupacional de trabalhadores expostos a agrotóxicos no
Município de Touros/Rio Grande do Norte. 2012 .................................................................... 30
Figura 11 - Área em vermelho que corresponde ao Projeto do Boqueirão local da área de
estudo sobre a avaliação do risco ocupacional de trabalhadores expostos a agrotóxicos no
Município de Touros/Rio Grande do Norte. 2012 .................................................................... 31
Figura 12 – (a) Foto da cultura de abacaxi da área de estudo localizada no Projeto do
Boqueirão, Município de Touros- Rio Grande do Norte – Brasil. (b) Foto da cultura de
abacaxi e milho da área de estudo sobre a avaliação do risco ocupacional de trabalhadores
expostos a agrotóxicos no Município de Touros/Rio Grande do Norte. 2012. ........................ 32
Figura 13 (a) e (b) – Foto da coleta de dados e assinatura do TCLE através dos questionários
sobre a avaliação do risco ocupacional de trabalhadores expostos a agrotóxicos no Município
de Touros/Rio Grande do Norte. 2012. .................................................................................... 34
Figura 14– Foto da coleta de dados e células da mucosa bucal do grupo exposto em horário
laboral no campo sobre a avaliação do risco ocupacional de trabalhadores expostos a
agrotóxicos no Município de Touros/Rio Grande do Norte. 2012. .......................................... 36
Figura 15 (a) - Foto da coleta de células da mucosa bucal em horário laboral no campo (b) -
armazenamento das amostras sobre a avaliação do risco ocupacional de trabalhadores
expostos a agrotóxicos no Município de Touros/Rio Grande do Norte. 2012. ........................ 37
LISTA DE FIGURAS – CAPITULO 1
Figura. 1. Localização da área de estudo .................................................................................. 48

LISTA DE FIGURAS – CAPITULO 2


Figura - 1– Mapa do Estado do Rio Grande do Norte indicando o Município de Touros local
da área de estudo sobre avaliação do risco ocupacional de trabalhadores expostos a
agrotóxicos no Município de Touros/Rio Grande do Norte. 2012 ........................................... 70
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Produção brasileira de abacaxi em 2009 ................................................................. 16


Tabela 2 - Estimativas do Mercado de Defensivos Acumulado de Janeiro – Outubro 2010 vs
2011 (Milhões R$) .................................................................................................................... 17
Tabela 3- - Classificação de toxicidade com a dose letal (DL 50) ........................................... 18
Tabela 4 - Classe toxicológica e cor da faixa do rótulo de agrotóxico ..................................... 19

LISTA DE TABELAS – CAPITULO 1


Tabela. 1. Características socioeconômicas dos trabalhadores rurais entrevistados. ............... 50
Tabela. 2 Histórico de Proteção e Exposição dos trabalhadores rurais. ................................... 51
Tabela. 3. História de fumo consumo de bebidas alcoólicas, dietas, medicamentos, doenças e
história genética dos trabalhadores rurais. ................................................................................ 53
Tabela. 4. Tabela de correlação entre fatores externos e problemas relacionados ................... 56
Tabela. 5Agrotóxicos mais utilizados no Projeto Boqueirão, Rio Grande do Norte. .............. 57

LISTA DE TABELAS – CAPITULO 2


Tabela - 1 - Resultado das características do grupo exposto e não exposto sobre a avaliação do
risco ocupacional de trabalhadores expostos a agrotóxicos no Município de Touros/Rio
Grande do Norte. 2012 ............................................................................................................. 73
Tabela - 2Resultado da frequência de micronúcleo MCN do grupo exposto e do grupo não
exposto (média de MCN é para 2000 células) sobre a avaliação do risco ocupacional de
trabalhadores expostos a agrotóxicos no Município de Touros/Rio Grande do Norte. 2012 ... 74
Tabela - 3 - Resultado da frequência das alterações genéticas em células dos indivíduos
expostos e não expostos (média das alterações são para 2.000 células)................................... 75
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO GERAL 15

1.1 Formulações e Toxicidade 18

1.2 Teste de Micronúcleos 22

1.3 Origem dos micronúcleos (MN) 24

1.4 Característica do micronúcleo (MN) 24

1.5 Outras anormalidades celulares 25


CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO 28

2.1 Touros –RN - Brasil 28

2.2 Clima, Vegetação e Solos 29

2.3 Principais atividades 29

2.4 População 30

2.5 Escolha da Área de estudo - Projeto Boqueirão Touros – RN 30


METODOLOGIA GERAL 33

3.1 Procedimentos Metodológicos 33

3.1.1 Questionário de Saúde Pessoal 33

3.1.2 Coleta de Dados do Questionário 33

3.1.3 Critérios de inclusão da amostra do grupo caso 35

3.1.4 Critérios de exclusão da amostra do grupo caso 35

3.1.5 Critérios de inclusão e exclusão da amostra do grupo controle 35

3.2 Teste De Micronúcleo (MN) em Mucosa 35

3.2.2 Coleta das amostras 36

3.2.2 Preparações Citológicas 37

3.3 Análise estatística 38


REFERENCIAS 39
CAPITULO 1 - DESCRIÇÃO DOS PERFIS DE SAÚDE E SOCIOECONÔMICOS DE AGRICULTORES NO
MUNICÍPIO DE TOUROS- RIO GRANDE DO NORTE: UMA REALIDADE ALÉM DOS NÚMEROS 43

Resumo 43

Abstract 45

Introdução 46

Material e Método 47

Área de Estudo 47

Procedimento Metodológico 48

Resultados 49

Discussão 58

Conclusões 62

Colaboradores 63

Agradecimentos 63

Referências 63
CAPÍTULO 2 -ALTERAÇÕES GENÉTICAS EM TRABALHADORES RURAIS NO
NORDESTE BRASILEIRO: INVESTIGAÇÃO DO POTENCIAL MUTAGÊNICO
ASSOCIADO À EXPOSIÇÃO POR AGROTÓXICOS 66

Resumo 67

1. Introdução 68

2. Materiais e Métodos 69

Amostras 69

3. Procedimento Metodológico 70

Caracterização da Amostra 70

Coleta das amostras de mucosa bucal 71

Preparações Citológicas 71

Análise Estatística 72

4. Resultados 72
5. Discussão 75

6. Referências 79
CONCLUSÕES GERAIS 82
APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 83
APENCIDE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO GRUPO
CONTROLE 87
APENCIDE C - CORDEL 90
ANEXO A – Agrotóxicos FORMULADOS ESPECÍFICOS PARA CULTURA DE
ABACAXI. 93
ANEXO B - GRUPOS QUÍMICOS E MODO DE AÇÃO NOS QUAIS PERTENCEM OS
AGROTÓXICOS. 97
ANEXO C - MAPA DO PROJETO BOQUEIRÃO 100
ANEXO D – PARECER DE APROVAÇÃO DA PESQUISA NO COMITÊ DE ÉTICA DA
UFRN. 102
ANEXO E - QUESTIONÁRIO DE SAÚDE PESSOAL 105
ANEXO F - DADOS DE INTERNAÇÃO HOSPITALAR – NEOPLASIAS 114
ANEXO G - NORMAS DA REVISTA PARA PUBLICAÇÃO DO CAPÍTULO 1 121
ANEXO H - NORMAS DA REVISTA PARA PUBLICAÇÃO DO CAPÍTULO 2 126
15

INTRODUÇÃO GERAL

Desde os primórdios da colonização até o século XXI a agricultura passou por várias etapas
de modificações tanto políticas, sociais e culturais. Inicialmente produtora de cana-de-açúcar
e café, e, posteriormente, evoluindo para extensas monoculturas. De acordo com Ministério
da Agricultura - MAPA (2012), o Brasil é um dos líderes mundiais na produção e exportação
de vários produtos agropecuários. É o primeiro produtor e exportador de café, açúcar, etanol
de cana-de-açúcar e suco de laranja e lidera o ranking das vendas externas do complexo soja
(farelo, óleo e grãos). Além disso, o crescimento da produção agrícola no Brasil deve
continuar acontecendo com base na produtividade. As projeções indicam que tanto a
produção de grãos e a área de cultivo deverão expandir-se em 9,5% em 2020-21. A área
plantada em 2011/12 é estimada em 51,05 milhões de hectares, sendo 2,4 % maior que a
cultivada em 2010/11, passando de 49,87 milhões para 51,05 milhões de hectares Companhia
Nacional de Abastecimento - CONAB (2012).
De fato, o setor de fruticultura dispõe de linhas de crédito com o objetivo de apoiar a
comercialização de várias culturas, incentivando a agroindustrialização no setor e facilitando
novos mercados (MAPA, 2012). Neste setor, podemos destacar o abacaxi. No que tange a esta
cultura, no Brasil o desempenho em relação ao rendimento (frutos/ha) e a área de colheita (ha)
do abacaxi vêm crescendo desde 1970, segundo dados do IBGE, 2010. De acordo com a
Embrapa (2006) a produção desta fruta in natura cresceu 250% entre 1973 e 2003, e o Brasil
produziu em 2008 aproximadamente 1.4 mil toneladas do fruto, tornando-se o 6º produtor de
abacaxi do mundo, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária- EMBRAPA
(2009). Adicionalmente, no Brasil os dados mostram que em cada Hectar (ha, 10.000m2) há
uma variação na produção de abacaxis entre 17 mil a 27 mil unidades. Em 2009 o Nordeste
foi a região com maior produção desta fruta comparado com outras regiões, atingindo uma
média de 2,7 abacaxis por m2 e a região Sul foi a de menor produção sendo colhido 1,7
abacaxis por m2 (Tabela 1). De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Agrário 2011, a
produção de abacaxi bate recorde no município de Touros - Rio Grande do Norte. Os Estados
do Sudeste, como São Paulo e Rio de Janeiro são os maiores compradores e a produção tem
comércio garantido para os estados nordestinos como o Ceará, Pernambuco e o próprio Rio
Grande Norte.
16

Tabela 1 - Produção brasileira de abacaxi em 2009

Região Área colhida Quantidade Rendimento Participação


Fisiográfica (ha) produzida médio (mil na produção
(mil frutos) frutos/ha) (%)
Norte 16.626 330.017 19.849 22,43
Nordeste 21.655 599.597 27.689 40,76
Sudeste 16.824 425.113 25.268 28,90
Sul 858 14.345 16.719 0,98
Centro-Oeste 4.213 101.923 24.192 6,93
BRASIL 60.176 1.470.995 24.445 100,00
Fonte: Embrapa, 2009. http://www.cnpmf.embrapa.br/planilhas/Abacaxi_Brasil_2009.pdf

Consequentemente, esta intensa demanda agrícola no país reflete na necessidade de utilização


de defensivos agrícolas. Considerando, em especial, a cultura do abacaxi, há um amplo uso de
insumos químicos para que haja produtividade e rendimento. Os agrotóxicos específicos para
este tipo de cultura, bem como suas características de ingredientes ativos e grupos químicos,
estão apresentados no Anexo A. De acordo com a Lei Federal Nº 7802/1989 e Decreto Nº
4.074/ 2002 os agrotóxicos são definidos como produtos e agentes de processos físicos,
químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e
beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou
plantadas, e de outros ecossistemas e de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja
finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa
de seres vivos considerados nocivos, bem como as substâncias e produtos empregados como
desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores de crescimento. Essa definição exclui
fertilizantes e químicos administrados a animais para estimular o crescimento ou modificar o
comportamento reprodutivo (OPAS/OMS, 1996).
Associada as potencialidades dos agrotóxicos, com seus diferentes mecanismos de ação, e a
intensa prática agrícola no país, é crescente a comercialização destes defensivos agrícolas. Em
2009 foram consumidos mais de um bilhão de litros de agrotóxicos, segundo a Fundação
Oswaldo Cruz – FIOCRUZ e, nos últimos três anos, o Brasil vem ocupando o lugar de maior
consumidor de agrotóxicos no mundo de acordo com a Associação Brasileira de Saúde
Coletiva - ABRASCO no relatório divulgado dia 16/06/2012 na Cúpula dos Povos (Rio +20).
Este documento serve de alerta já que o Brasil é o maior consumidor de pesticidas e está
17

aumentando sua utilização a uma velocidade duas vezes superior a dos demais países. No
país, as vendas de agrotóxicos, acumuladas até outubro de 2011, apresentaram um
crescimento estimado de 10% em comparação com o mesmo período de 2010, impulsionadas
principalmente pelas culturas de soja, cana, milho, algodão, café e pastagem. Depois da soja,
o algodão é o produto que tem maior participação nas vendas de agrotóxicos no mercado
nacional, com 13% do total, a cana-de-açúcar e o milho vêm a seguir, com 12% e 9%,
respectivamente (SINDAG, 2011). As estimativas de faturamento do mercado de agrotóxicos
no Brasil de uso geral entre Janeiro a Outubro de 2010 foi de 9.278 milhões de Reais e entre
Janeiro a Outubro de 2011 foi de 10.199 milhões de Reais. Dentre os principais tipos de
agrotóxicos empregados podemos destacar os inseticidas e os herbicidas que lideraram as
vendas de 2011 (Tabela 2).
Outro ponto importante neste cenário de vendas de agrotóxicos está relacionado com o fato de
que as indústrias químicas a cada ano investem no mercado e lançam novas formulações para
atender a grande demanda existente no país gerando grande faturamento de vendas.

Tabela 2 - Estimativas do Mercado de Defensivos no Brasil acumulado de Janeiro – Outubro 2010 vs 2011
(Milhões R$)
MERCADO (ESTIMATIVA)
Segmentos 2010 2011 % VAR
Herbicidas 3.205 3.455 8%
Fungicidas 2.679 2.750 3%
Inseticidas 2.899 3.512 21%
Acaricidas 127 147 16%
Outros 369 334 -9%
Total 9.278 10.199 10%
Fonte: Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (SINDAG, 2011).
<http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/camaras_tematicas/Insumos_agropecuarios/57RO/App_Defensiv
os.pdf
Em função disto, os defensivos agrícolas apresentam uma complexidade química, que impõe
sérios riscos a saúde ambiental e humana.
Várias agências de controle ambiental e de saúde vêm demonstrando o potencial destes
compostos como agentes poluidores do ambiente e consequentemente, nocivos à vida, em
particular, à saúde humana. Segundo a OMS (2010), os agrotóxicos estão entre os mais
18

importantes fatores de risco para a saúde da população em geral, especialmente para os


agricultores e para os ecossistemas próximos as áreas agrícolas.
Em função da grande diversidade dos produtos, há cerca de 300 ingredientes ativos e 2 mil
formulações comerciais diferentes no Brasil sendo classificados quanto ao tipo de toxicidade,
ação, e ao grupo químico a que pertencem. Por determinação legal todos os produtos devem
apresentar nos rótulos uma faixa colorida indicativa de sua classe toxicológica (OPAS/ OMS,
1996). Adicionalmente, a finalidade de cada agrotóxico depende do alvo que deseja
controlar/eliminar: acaricidas, fungicidas, herbicidas, inseticidas, dentre outros. Os vários
grupos químicos e modos de ação nas quais pertencem os agrotóxicos apresentam-se no
Anexo B.

1.1 Formulações e Toxicidade


Os agrotóxicos podem apresentar-se em diferentes formulações: sólidos, líquidos e gasosos.
Alguns são comercializados pronto para o uso e outros precisam ser preparados com água
antes da aplicação. Segundo a OMS, 2009 a classificação distingue entre as formas mais ou
menos perigosas de cada agrotóxico na qual se baseia na toxicidade do composto e nas suas
formulações. A toxicidade de um agrotóxico é medida de acordo com índice de dose letal 50
(DL50) oral e dérmica baseados em teste animais de laboratório.
A dose letal (DL50) é o valor estimado estatisticamente em mg do tóxico por kg de peso que é
suficiente para matar 50% da população de animais da mesma espécie. Tabela 3.
Tabela 3- - Classificação de toxicidade com a dose letal (DL 50)

Classe DL 50 para rato (mg/kg peso corporal)


Oral Dérmica
Ia Extremamente tóxico <5 < 50
Ib Altamente tóxico 5 – 50 50 - 200
II Moderadamente tóxico 50 - 2000 200 - 2000
III Levemente tóxico Acima 2000 Acima 2000
U Muito pouco tóxico 5000 ou Superior
Suscetível de apresentar
perigo agudo
Fonte: adaptado de OMS, 2009 http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/livro2.pdf, Vários fatores podem
influenciar a intoxicação, tais como a via de absorção, o estado físico do agrotóxico, o método de utilização e
uso indevido. Por determinação legal todos os produtos devem apresentar nos rótulos uma faixa colorida
indicativa de sua classe toxicológica. Tabela 4.
19

Tabela 4 - Classe toxicológica e cor da faixa do rótulo de agrotóxico

Classe l Extremamente tóxicos Faixa vermelha


Classe II Altamente tóxicos Faixa amarela

Classe lll Medianamente tóxicos Faixa azul


Classe IV Pouco tóxicos Faixa verde
Fonte: OPAS/OMS, 1996. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/livro2.pdf

A busca pelo crescimento com base na produtividade aponta para um quadro preocupante no
meio rural. Os agravos à saúde dos trabalhadores decorrentes da utilização de agrotóxicos
podem ser visto como um dos maiores problemas de saúde pública, principalmente nos países
em desenvolvimento (MS, 2010; MALASPINA, 2011). O elevado e indiscriminado uso de
agrotóxicos no Brasil tem contribuído para a contaminação ambiental e para o aumento dos
casos de intoxicações, principalmente as de origem ocupacional (PIGNATI et al.,2007.,
JACOBSON et al, 2009). Soma-se a isto, (i) a falta de orientação técnica, (ii) o
desconhecimento dos riscos associados ao uso, (iii) instruções no rótulo de difícil
compreensão, (iv) manipulação e aplicação sem os devidos equipamentos de proteção
individual (EPI), (v) o não conhecimento das normas de descarte de embalagens, e (vi) o
baixo nível de escolaridade. Todos estes fatores potencializam os riscos de intoxicações pelos
trabalhadores do meio rural (RADIS/FIOCRUZ, 2010).
Em função de todos os tipos de intoxicações, o Ministério da Saúde constituiu o Sistema
Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (SINITOX) em 1980. Este sistema tem
como principal atribuição coordenar a coleta, a compilação, a análise e a divulgação dos casos
de intoxicação e envenenamento notificados no País. Os registros são realizados pela Rede
Nacional de Centros de Informação e Assistência Toxicológica (RENACIAT), criada em
2005 pela Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 19 da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA). É composta por 35 unidades, localizadas em 19 estados brasileiros, e
tem como função fornecer informação e orientação sobre o diagnóstico, prognóstico,
tratamento e prevenção das intoxicações e envenenamentos, assim como sobre a toxicidade
das substâncias químicas e biológicas e os riscos que elas ocasionam à saúde. Atende tanto o
público em geral quanto os profissionais de saúde, e os resultados do trabalho são divulgados
anualmente. Os registros das intoxicações são realizados de acordo com os agentes tóxicos:
medicamentos, animais peçonhentos e agrotóxicos. No que se refere às intoxicações por
20

agrotóxicos, há uma distinção no site da SINITOX quanto: agrotóxico de uso agrícola,


agrotóxico de uso doméstico, produtos veterinários, raticidas e agrotóxicos em geral (que
insere todas as classes anteriores).
Segundo estatísticas oficiais do Ministério da Saúde (MS), utilizando o SINITOX, é possível
verificar 149.171 casos de intoxicações por agrotóxicos em geral no Brasil no período de
1999 a 2009. Os números de intoxicações podem ser ainda maiores do que os relatados como
apresenta BOCHNER (2007). Esta autora ressalta que a totalidade dos casos registrados no
país em um dado período pelo SINITOX é diferente da totalidade dos casos ocorridos no país
neste mesmo período porque, os números de Centros de Informação e Assistência
Toxicológica (CIATs) são insuficientes para cobrir toda a extensão territorial do país e as
notificações dos casos a esses centros são espontâneas, e o envio dos dados pelos centros ao
SINITOX é realizada de maneira voluntária. Dessa forma, são geradas irregularidades nas
estatísticas divulgadas por esse sistema. Essa afirmação também corrobora com as
informações obtidas pelo Protocolo de Atenção à Saúde dos Trabalhadores Expostos a
Agrotóxicos (MS, 2006), que demonstram que os dados oficiais brasileiros sobre intoxicações
por agrotóxicos não retratam a realidade do país. São insuficientes, parciais, fragmentados,
desarticulados e/ou dispersos em várias fontes de dados.
Bochner (2007) descreve em seu estudo que os casos de intoxicação por agrotóxicos,
registrados pelo SINITOX, são em sua grande maioria decorrentes de exposição aguda a esses
produtos e que os efeitos crônicos à saúde das populações são mais um forte componente da
subnotificação desse sistema, pois não é difícil inferir que o número de intoxicação crônicas
por agrotóxicos é superior ao das intoxicações agudas. Outro estudo indica que apesar do
consumo intensivo de agrotóxicos, os registros oficiais sobre intoxicações são limitados para
os casos agudos e quase inexistentes para as intoxicações crônicas (FARIA, 2009). É
importante salientar que os diagnósticos para intoxicação crônica são difíceis de serem
estabelecidos e há uma maior dificuldade na associação causa/efeito, principalmente quando
há exposição a múltiplos produtos, situação muito comum na agricultura brasileira
(OPAN/OMS, 1996; GRISOLIA, 2005; SILVA, 2005; SOLOMON, 2000). Não há
estimativas confiáveis quanto ao número de pessoas que padeci por efeitos na saúde
relacionados ao uso destes venenos e a taxa de incidência de intoxicação não é clara e é
subestimada (THUNDIYIL, et al., 2008). Outro aspecto observado referente aos dados de
óbitos por intoxicação, registrado pela SINITOX, é o uso de agrotóxicos com a finalidade de
suicídio. Segundo a OMS (2006), quase 1 milhão de pessoas morrem a cada ano como
21

resultado de suicídio, sendo que um número significativo dessas mortes são por uso de
produtos químicos. Estima-se que a ingestão deliberada de pesticidas provoca 370.000 mortes
por ano. O número destas mortes pode ser reduzido através das notificações de óbito, da
limitação da disponibilidade e do acesso aos agrotóxicos altamente tóxicos.
De fato, a exposição aos agrotóxicos pelos agricultores pode ser por via oral, inalatória e/ou
dérmica, resultando em quadros sintomatológicos que podem ser confundidos com outras
doenças comuns do dia a dia, levando a dificuldades e erros de diagnósticos além de
tratamentos equivocados (ABRASCO, 2012; OPAS/OMS 1996). Esta exposição aos venenos
agrícolas pode gerar as intoxicações, evidenciadas nos trabalhadores, sendo classificadas em:
aguda, subaguda e crônica. Segundo o Manual de Vigilância a Saúde de Populações Expostas
a Agrotóxicos, criados pela OPAS/OMS, 1996, na intoxicação aguda os sintomas surgem
rapidamente, algumas horas após a exposição excessiva, por curto período, a produtos
extremamente e altamente tóxicos. Pode ocorrer de forma leve, moderada ou grave, a
depender da quantidade de veneno absorvido. A intoxicação subaguda ocorre por exposição
moderada ou pequena a produtos altamente tóxicos ou mediamente tóxicos e tem
aparecimento mais lento. Os sintomas são subjetivos e vagos, tais como dor de cabeça,
fraqueza, mal-estar, dor de estomago e sonolência, entre outros. A intoxicação crônica
caracteriza-se por surgimento tardio, após meses ou anos, por exposição pequena ou
moderada a produtos tóxicos ou a múltiplos produtos, acarretando danos irreversíveis, do tipo
paralisias e neoplasias.
Considerando a intoxicação aguda, um estudo realizado por Thundiyil et al. (2008),
demonstrou que estas intoxicações são causa de morbidade e mortalidade a nível mundial. Por
outro lado, a intoxicação crônica pode gerar mutações no DNA, que contribuem para o
surgimento de doenças, entre elas o câncer, as malformações congênitas e o envelhecimento
(KUMAR e DAS, 2009). Adicionalmente, mesmo as mulheres que não trabalham na
agricultura não estão isentas do contato direto com agrotóxicos, uma vez que as roupas dos
maridos, usadas durante a pulverização, são lavadas nas suas próprias casas, desta forma, toda
a família do agricultor está sujeita a estes riscos de contaminação e consequentemente, o
desenvolvimento de doenças (RANGEL et al., 2011). Dentro desta perspectiva, está a
exposição materna aos agrotóxicos. Vários trabalhos já demonstraram que o contato com
estes venenos durante o período gestacional constitui riscos para a saúde do feto, aumentando
a taxa de abortos espontâneos, a taxa de mortalidade por baixo peso ao nascer e o nascimento
22

de bebês prematuros (ZHANG et al., 1992; TAHA & GRAY, 1993; LONGNECKER et
al.,2001).
Outro aspecto crucial relacionado com a toxicidade crônica, como já foi mencionado
anteriormente, são os riscos dos trabalhadores desenvolverem o câncer em virtude das
mutações no material genético induzidas por estes agentes químicos. Cabe salientar que os
riscos de câncer em agricultores em contato com os agrotóxicos são aproximadamente de 1,5
a 3 vezes maiores do que outras atividades ocupacionais não expostas a este fator (MATOS,
VILENSKY & BOFFETTA, 1998; PERES & MOREIRA, 2003; STOPPELLI, 2005;
ALGRANTI., et al 2010). KUMAR & DAS, (2009) publicou uma análise sobre os fatores
ambientais que estão diretamente ou indiretamente associados com o câncer, e relatou uma
evidente associação entre linfoma e o grupo de agrotóxicos caracterizados quimicamente
como organoclorados, como o 1,3 dicloropropeno, e o herbicida 2,4 ácido
diclorofenoxiacético, portanto o risco de exposição a esses químicos parece ser maior para os
tumores sólidos. O 2,4 ácido diclorofenoxiacético (glicolatos) é o herbicida mais usado no
mundo e o terceiro mais usado na América do Norte. A Agência Internacional para Pesquisa
sobre o Câncer (IARC, 1987) classifica esse agrotóxico como um agente cancerígeno classe
2B- possivelmente indutor de câncer em seres humanos.
Especialmente os agrotóxicos que pertencem a classe organoclorados, carbamatos e os grupos
carbanóis são classificados como prováveis ou possíveis cancerígenos de acordo com a
Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos - US EPA e de acordo com a
classificação da IARC, 1991, vários agrotóxicos são reconhecidos como carcinógenos em
seres humanos. Considerando os tipos de agrotóxicos e a exposição de agricultores
WEICHENTHAL et al (2010) identificou em uma revisão bibliográfica 12 tipos de
agrotóxicos entre eles carbamatos, organofosforados, piretróide, cloroacetanilida,
dinitroanilinas, imidazolinone com relações entre exposição e incidência de câncer como, por
exemplo: de cólon, reto, melanoma , pulmão, leucemia, pâncreas, bexiga, mieloma, linfo-
hematopoéticas.

1.2 Teste de Micronúcleos

Diante deste panorama, vários métodos são aplicados para mensurar o potencial dos
defensivos agrícolas em induzir danos genéticos no DNA. Um considerável número de
23

estudos tem sido conduzido usando biomarcadores para avaliar a genotoxicidade em células
de trabalhadores expostos a agrotóxicos.
Holland et al. (2008) consideram que a causa mais importante do desenvolvimento de
doenças degenerativas é, provavelmente , o dano genômico. Segundo esses autores, as lesões
no material genético são devidas a exposição ambiental a genotoxinas (radiação e produtos
químicos). Além disso, fatores como a deficiência de micronutrientes (folato), estilo de vida
(álcool, fumo, drogas, e estresse), e fatores genéticos, tais como defeitos hereditários no
metabolismo e/ou reparo DNA também contribuem na indução de danos genéticos.
Segundo Stich & Rosin, (1984), um dos principais métodos para o monitoramento de lesões
genéticas em populações humanas é o Teste de Micronúcleos. Este método é minimamente
invasivo e tem sido usado desde a década de 80 até os dias atuais. Esta metodologia está
baseada na análise de células esfoliadas que podem ser obtidas a partir de vários tecidos,
incluindo mucosa bucal, (raspagens de células bucais), brônquios (muco), bexiga e ureter
(centrifugação da urina), colo do útero (manchas) e esófago (por biópsias). Para Thomas et al
(2009), o Teste de Micronúcleos utilizando células da Mucosa Bucal vem sendo cada vez
mais empregado em diversos estudos para mensurar danos no DNA, instabilidade
cromossômica, morte celular e o potencial regenerativo de tecidos de mucosa bucal em
humanos. Destaca-se também estudos em epidemiologia molecular para investigar os
impactos da nutrição, hábito de fumar, consumo de álcool, incluindo a exposição a
agrotóxicos nas pesquisas de Fan et al. (2006), Thomas, et al. (2009) e Holland et al. (2008).
A importância de se analisar as células da mucosa oral, segundo Chen et al. (2006) e Holland
et al.(2008), está centrada no fato de que estão em constante contato com os contaminantes
ambientais, constituindo, assim, um tecido de extrema importância para avaliação dos danos
induzidos através de ingestão ou inalação de substâncias com potenciais carcinogênicos.
Cairns 1975 afirma que aproximadamente 90% dos cânceres humanos são originados em
células epiteliais.
Muitos estudos utilizaram o Teste de Micronúcleos em células da mucosa bucal para detectar
e quantificar a ação genotóxica de carcinogênicos e mutagênicos por meio da análise da
frequência de micronúcleos (MN) e outras alterações celulares em populações
ocupacionalmente expostas a determinados agentes genotóxicos. Dentre eles podemos
destacar os estudos de Bonassi et al. (2011), Bortoli et al. (2009), Thomas et al. (2009),
Holland et al.(2008), Heuser et al. (2007), Martino-Roth et al. (2003), Basu et al. (2004),
Tolbert et al. (1992).
24

1.3 Origem dos micronúcleos (MN)

Segundo Fenech et al.(2011), os micronúcleos (MN) originam-se principalmente a partir de


fragmentos do cromossomo acêntricos, fragmentos de cromátides acêntricos ou de
cromossomos inteiros que não foram incluídos no núcleo da célula filha no término da
telófase durante a mitose.

1.4 Característica do micronúcleo (MN)

Micronúcleos são considerados biomarcadores de eventos genotóxicos e de instabilidade


cromossômica (FENECH et al., 2011), sendo caracterizados pela presença de um núcleo
principal e uma ou mais estruturas nucleares pequenas chamadas de micronúcleo (THOMAS
et al., 2009). Figura 1- (MNi).

Figura 1– (a) Imagem da célula da mucosa bucal com micronúcleo de indivíduo do grupo exposto; (b)
citoplasma, núcleo principal e micronúcleo em destaque; (c) detalhe do núcleo principal e do micronúcleo
em evidência. Identificado com objetiva de 100 X.

Sua forma pode ser redonda ou oval e seu diâmetro deve variar de 1/3 a 1/6 do tamanho do
núcleo principal. O MN tem que ter a mesma intensidade de coloração e textura do núcleo
principal e deve estar localizado no citoplasma das células sendo marcados apenas em células
diferenciadas com núcleos uniformemente corados (Figura 1-(a)). A frequência de células
micronucleadas em mucosa bucal varia, geralmente, entre 0.5 – 2.5 Mni/1.000 células
(Thomas et al. 2009).
25

A figura 2 representa uma imagem da célula da mucosa bucal sem a presença de MNi.

Figura 2- (a) Imagem da célula da mucosa bucal normal de indivíduo do grupo exposto ; (b) citoplasma e
núcleo em destaque; (c) detalhe do núcleo em evidência.

Desta forma, os micronúcleos podem ser biomarcadores de instabilidade cromossômica


associada à exposição a agrotóxicos. Partindo desta problemática, o presente estudo objetivou
avaliar a indução de micronúcleos em células da mucosa oral em agricultores que trabalham
no Município de Touros/RN. Somado a esta investigação, foi realizado um perfil
socioeconômico e de saúde destes trabalhadores através da aplicação de um questionário de
Saúde Pessoal, de acordo com modelo recomendado pela International Commission for
Protection Against Environmental Mutagens and Carcinogens (ICPEMC, 1988).

1.5 Outras anormalidades celulares


Binucleada

Figura 3 - (a) Imagem da célula da mucosa bucal com núcleo binucleado de indivíduo do grupo exposto;
(b) citoplasma e núcleo binucleado em destaque; (c) detalhe do núcleo binucleado em evidência.
26

Cromatina condensada

Figura 4 - (a) Imagem da célula da mucosa bucal com cromatina condensada de indivíduo do grupo
exposto; (b) citoplasma e núcleo com cromatina condensada em destaque; (c) detalhe do núcleo com
cromatina condensada em evidência.

Cariólise

Figura 5 - (a) Imagem da célula da mucosa bucal em cariólise de indivíduo do grupo exposto; (b)
citoplasma e núcleo em cariólise em destaque; (c) detalhe do núcleo em cariólise em evidência.

Picnose

Figura 6 - (a) Imagem da célula da mucosa bucal em picnose de indivíduo do grupo exposto; (b)
citoplasma e núcleo em picnose em destaque; (c) detalhe do núcleo em picnose em evidência.
27

Cariorrexe

Figura 7 - (a) Imagem da célula da mucosa bucal em cariorrexe de indivíduo do grupo exposto; (b)
citoplasma e núcleo em cariorrexe em destaque; (c) detalhe do núcleo em cariorrexe em evidência.

Todas as imagens das células da mucosa bucal do grupo exposto foram tiradas com objetiva
de 100X.
28

CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO

O município de Touros situa-se na mesorregião Leste Potiguar e na microrregião Litoral


Nordeste, (IBGE, 2011) cerca de 87 km da capital, limitando-se com os municípios de Rio do
Fogo, Pureza, João Câmara, Parazinho, São Miguel de Touros e o Oceano Atlântico,
abrangendo uma área de 840 km² (Figura 2). Coordenadas geográficas: latitude 5º 11’ 56” Sul
e longitude 35º 27’ 39” Oeste.

2.1 Touros –RN - Brasil

Figura 8 - Mapa do Estado do Rio Grande do Norte indicando o Município de Touros, localidade da área
de estudo sobre a avaliação do risco ocupacional de trabalhadores expostos a agrotóxicos.

Fonte:
obtido em http://pt.wiktionary.org/wiki/Ap%C3%AAndice:Munic%C3%ADpios_do_estado_do_Rio_Grande_do_Norte em
2012, adaptado.

O município de Touros foi criado por Resolução do Conselho do Governo em 11/04/1833,


desmembrado de Ceará-Mirim. O município de Touros encontra-se inserido nos domínios da
bacia hidrográfica do Rio Maxaranguape e da Faixa Litorânea NE de Escoamento Difuso,
29

sendo banhado pelas sub-bacias dos rios Maxaranguape, das Piranhas e Punaú (MINISTÉRIO
DE MINAS E ENERGIA SECRETARIA DE GEOLOGIA, MINERAÇÃO E
TRANSFORMAÇÃO MINERAL, 2005).

2.2 Clima, Vegetação e Solos

Apresenta clima tropical chuvoso com verão seco, período chuvoso de março a junho. Os
solos são predominantemente constituídos pelos sedimentos da formação Jandaíra, do grupo
Barreiras (ENb), dos depósitos Colúvio- eluviais (NQc) , de Dunas Inativas (Qd) e dos
depósitos Litorâneos (Q2l) e aluvionares (Q2a) (Figura 3).

Figura 9 - Mapa Geológico do Município de Touros


Fonte: Ministério De Minas E Energia Secretaria De Geologia, Mineração E Transformação Mineral,
2005.http://www.cprm.gov.br/rehi/atlas/rgnorte/relatorios/TOUR166.PDF

2.3 Principais atividades

As principais atividades são agropecuárias, pesca, extração vegetal e silvicultura. Destaca-se


as culturas de subsistência e fruticultura com produções de abacaxi, abóbora, manga, coco da
baia, banana e mandioca, em pequenas áreas. As práticas agrícolas estão condicionadas tanto
ao trabalho braçal e à tração animal, com implementos agrícolas simples, como a
30

motomecanização (SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE E DOS


RECUSROS HÍDRICOS - SEMARH, 2008).

2.4 População

De acordo com o censo demográfico 2010 (IBGE), a população residente é de 31.089


habitantes, sendo que 7.922 são de residentes-urbanas e 23.167 é de residentes - rurais. Dentro
desse contexto, 16.068 habitantes são do sexo masculino e 15.021 são do sexo feminino.

2.5 Escolha da Área de estudo - Projeto Boqueirão Touros – RN

A escolha da área de estudo foi feita por meio de informações pelo Instituto de assistência
Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Norte - EMATER, sendo escolhido o Projeto do
Boqueirão (Figura 4) situado na área rural do Município de Touros. Esse projeto foi criado e
implementado pelo governador estadual José Cortez Pereira de Araújo no período de 1971-
1975 e posteriormente, reconhecido pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária – INCRA como projeto de assentamento. Foram concedidos lotes para as famílias
com o objetivo de proporcionar ao homem do campo uma possibilidade de trabalhar a terra de
forma livre e independente.

Figura 10- Mapa do Estado do Rio Grande do Norte- Brasil indicando o Município de Touros em
vermelho e a área em verde, que corresponde ao Projeto do Boqueirão local da área de estudo sobre a
avaliação do risco ocupacional de trabalhadores expostos a agrotóxicos no Município de Touros/Rio
Grande do Norte. 2012

Fonte:
obtido em http://pt.wiktionary.org/wiki/Ap%C3%AAndice:Munic%C3%ADpios_do_estado_do_Rio_Grande_do_Norte em
2012, adaptado.
31

Na figura 5 as linhas marcadas em vermelho se referem ao Projeto Boqueirão e cada quadrado


equivale a um lote, conforme desenho do projeto no (Anexo C). O Projeto está localizado na
área rural de Touros - RN, sendo dividas em três Vilas: Assis, Israel e Mayne com um total de
407 famílias, representando um total de 1142 pessoas cadastradas pelo Sistema de Informação
de Atenção Básica- SIAB.

Figura 11 - Área em vermelho que corresponde ao Projeto do Boqueirão local da área de estudo sobre a
avaliação do risco ocupacional de trabalhadores expostos a agrotóxicos no Município de Touros/Rio
Grande do Norte. 2012

Fonte: Imagem obtida pelo Google Maps em julho de 2012, acrescida pela imagem fornecida pela Secretaria de
Estado de Assuntos Fundiários e de Apoio à Reforma Agrária (SEARA) em julho de 2012.

O objetivo da escolha dessa área rural dentro do Município de Touros está baseado no fato de
possuir vários produtores rurais em atividade na qual se destacam as culturas de abóbora,
mandioca, milho e fruticultura com a manga, coco da baia e principalmente cultura do abacaxi
Instituto De Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte -
IDEMA, 2008. (Figura 6).
32

(a) (b)
Figura 12 – (a) Foto da cultura de abacaxi da área de estudo localizada no Projeto do Boqueirão,
Município de Touros- Rio Grande do Norte – Brasil. (b) Foto da cultura de abacaxi e milho da área de
estudo sobre a avaliação do risco ocupacional de trabalhadores expostos a agrotóxicos no Município de
Touros/Rio Grande do Norte. 2012.
Fonte: Arquivo pessoal 2012.

Desta forma, o município de Touros/RN, especificamente na área rural onde está localizado o
Projeto do Boqueirão, constitui um cenário importante para pesquisas atuais e futuras, já que
nesta região há poucos estudos da comunidade que reside e trabalha neste projeto,
principalmente referentes a saúde dos trabalhadores rurais.
33

METODOLOGIA GERAL

3.1 Procedimentos Metodológicos

3.1.1 Questionário de Saúde Pessoal

O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) – UFRN e aprovado dia
06/12/2011, conforme resolução a RESOLUÇÃO Nº 196, de 10 de outubro de 1996,
Protocolo número 178/11-P, CAAE – 0203.0.051.000-11 (Anexo D). Toda coleta de dados
para análises e da mucosa bucal ocorreu com o conhecimento e consentimento do indivíduo,
que assinou o termo de consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), (Apêndice A e B) no qual
constam todos os esclarecimentos sobre a pesquisa, os objetivos, informações sobre
confidencialidade e sigilo dos dados coletados de forma anônima na qual os indivíduos são
identificados apenas por um número. Foi respeitada a autonomia dos indivíduos que podem
optar livremente, em qualquer momento, pela participação ou não da pesquisa, de forma
espontânea.
Após a assinatura os voluntários responderam ao questionário de Saúde Pessoal (Anexo E) de
acordo com o modelo recomendado por: (International Commission for Protection against
Environmental Mutagens and Carcinogens (ICPEMC) Mutation Research, 204:379-406, 1988
com adaptações). Esse questionário é reconhecido internacionalmente e utilizado por várias
pesquisas dessa natureza.

3.1.2 Coleta de Dados do Questionário

As coletas de dados foram realizado em campo em horário laboral, com a ajuda do GPS e
através do mapa detalhado por números de lotes e por Vilas, fornecido pela Secretaria do
Estado de Assuntos Fundiários e de Apoio à Reforma Agrária (SEARA). As coletas iniciaram
em 16/02/2011 com periodicidade mensal até setembro de 2012 sendo aplicados 54
questionários para o grupo exposto a agrotóxico e 19 para o grupo controle. A amostra no
meio rural foi escolhida por conveniência.
34

O primeiro contato foi realizado com o produtor ou com o responsável pelo lote, com o
objetivo de explicar a pesquisa, assim como a confidencialidade e o sigilo das informações
por eles fornecidas. Após, o deferimento do produtor e dos trabalhadores que optaram em
participar da pesquisa, foi aplicado o questionário individualmente (Figura 7)

(a) (b)
Figura 13 (a) e (b) – Foto da coleta de dados e assinatura do TCLE através dos questionários sobre a
avaliação do risco ocupacional de trabalhadores expostos a agrotóxicos no Município de Touros/Rio
Grande do Norte. 2012.
Fonte: Arquivo pessoal 2012.

Após a assinatura do TCLE os 54 indivíduos responderam o questionário de saúde pessoal


que apresenta-se semi-estruturado e está dividido em 7 blocos (ANEXO E). São abordadas
questões relativas a: história pessoal, idade, sexo, estado civil, história ocupacional, local de
trabalho, tipo de trabalho, carga horária, exposição, tempo de exposição, quais são os agentes
químicos, se usa algum tipo de proteção (EPI), histórico de fumo, medicamentos, doenças,
dietas e história familiar. Desta forma, através dos dados obtidos por meio destes
questionários nos propusemos a descrever o perfil do trabalhador rural no Projeto do
Boqueirão. Os dados obtidos através dos questionários foram revisados e foi construído um
banco de dados com o programa do Excel. Para a análise e interpretação dos dados foi
utilizado o programa SPSS Statistics 15.0 (Statistical Package for the Social Science) e
BioEstat versão 5.0. Técnicas estatísticas descritivas foram utilizadas, tais como a distribuição
de freqüência e a tabulação cruzada (ou crosstabs). Além disso, para avaliar a correlação entre
os resultados encontrados foi utilizado o teste de Coeficiência Contingência C (Quiquadrado),
com significância p<0.05.
35

3.1.3 Critérios de inclusão da amostra do grupo caso

Trabalhar no campo, sexo masculino, ter idade acima de 18 anos, aceitar participar
voluntariamente da pesquisa e assinar o TCLE.

3.1.4 Critérios de exclusão da amostra do grupo caso

Menor de 18 anos e sexo feminino para padronizar as amostras.

3.1.5 Critérios de inclusão e exclusão da amostra do grupo controle

Os critérios de inclusão do grupo controle sem contato com produtos tóxicos e/ou defensivos
agrícolas foi residir na área urbana, sexo masculino, ter idade acima de 18 anos, aceitar
participar da pesquisa e assinar o TCLE. Os critérios de exclusão são: sexo feminino, menor
de 18 anos e ter contato com produtos tóxicos e/ou a agrotóxicos.

3.2 Teste De Micronúcleo (MN) em Mucosa

O teste foi realizado junto com a coleta dos dados dos questionários sendo um total de 73
indivíduos divididos em dois grupos. O grupo caso foi composto de 54 trabalhadores rurais
expostos a defensivos agrícolas utilizados na região. O grupo controle consistiu de 19
indivíduos do sexo masculino, que trabalham nas áreas administrativas em área urbana
especificamente da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN sem histórico de
exposição ocupacional a defensivos agrícolas ou a qualquer agente tóxico.
O teste de micronúcleo por meio das células esfoliadas da mucosa oral foi proposto por
STICH et al .,1982 e atualmente tem sido utilizado para monitorar populações humanas
expostas a uma variedade de agentes físicos e químicos com potencial mutagênico e
carcinogênico (HOLLAND et al ,2008). Além de ser relativamente fácil de realizar,
fornecendo resultados com forte suporte estatístico (FENECH et al .,1999) é um método
minimamente invasivo (HOLLAND et al., 2008).
36

3.2.2 Coleta das amostras

As coletas das células da mucosa bucal do grupo exposto totalizando 54 indivíduos foram
realizadas em campo em horário laboral, (Figura 8) sem exposição dos dados dos voluntários
que são identificados por um número e de forma anônima. As coletas do grupo controle,
totalizando 19 indivíduos foram realizadas na Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
com os funcionários das áreas administrativas, sem exposição a produtos químicos.

Figura 14– Foto da coleta de dados e células da mucosa bucal do grupo exposto em horário laboral no
campo sobre a avaliação do risco ocupacional de trabalhadores expostos a agrotóxicos no Município de
Touros/Rio Grande do Norte. 2012.
Fonte: Arquivo pessoal 2012.

Para a coleta das células da mucosa bucal utilizou-se uma escova estéril especifica de material
biológico (endobrush). As células são retiradas com leves movimentos de raspagens do
epitélio da mucosa bucal e são transferidas e emersas em tubos falcon contendo solução
fisiológica (Figura 9). As amostras são armazenadas em caixas de isopor com gelo para
preservar as características celulares e, logo após as coletas, esses materiais são transportados
para o laboratório de Mutagênese Ambiental (LAMA) – UFRN onde foram realizados testes e
análises.
37

(a) (b)
Figura 15 (a) - Foto da coleta de células da mucosa bucal em horário laboral no campo (b) -
armazenamento das amostras sobre a avaliação do risco ocupacional de trabalhadores expostos a
agrotóxicos no Município de Touros/Rio Grande do Norte. 2012.
Fonte: Arquivo pessoal 2012.

3.2.2 Preparações Citológicas

No laboratório o material é centrifugado por três vezes a 1500 RPM por 8 min e a cada ciclo
de centrifugação retira-se o sobrenadante e troca a solução fisiológica no primeiro e no
segundo ciclo, para eliminar os restos de alimentos. No terceiro ciclo adiciona o fixador
metanol a 80%. Após a última centrifugação podemos observar as células depositadas no
fundo do tubo falcon. Com uma pipeta essas células são ressuspendidas a 500 ml com o
fixador, são feitas 5 lâminas por indivíduo. As lâminas contendo as amostras ficam expostas
a temperatura ambiente para secar por 48 horas, após esse período, as lâminas são
hidrolisadas em HCL (1 N) a 60º C aquecidos em banho-maria por 10 min, lavadas com água
destilada e secas a temperatura ambiente por alguns minutos. Depois dessa etapa, as lâminas
estão prontas para a coloração com corante reativo de Schiff por 3 a 4 horas no escuro, pois
este corante é fotossensível. Após coradas as lâminas são lavadas em água destiladas para
retirar o excesso do corante. Depois de secas, as lâminas estão prontas e são contra-coradas
com o corante Fast Green (HEUSER et al., 2007, com adaptações).
Após essa etapa de coloração, as lâminas estão prontas para serem analisadas em microscópio
em objetiva de 100 X. Para a contagem de micronúcleos foram analisadas 2000 células para
cada indivíduo, sendo contadas 1000 células por lâminas seguindo o critério de contagem
descrito por (Tolbert et al.,1992 e THOMAS et al.,2009).
38

3.3 Análise estatística

Os programas utilizados foram Statistical Package for the Social Science (SPSS) 15.0,
BioEstat versão 5.0 e GraphPad Prism versão 5.0. Para os resultados dos questionários em
relação às associações entre duas variáveis foram analisadas por correlação de Spearman.
Inicialmente utilizou-se o teste de normalidade de Komogorov-Smirnov para verificar se as
variáveis estão normalmente distribuídas e os dados obtidos são paramétricos. O teste t-
Student foi usado para comparar a faixa etária entre o grupo exposto e não exposto. O teste do
Qui-Quadrado foi utilizado para comparar as frequências entre os grupos. Realizou-se uma
análise de variância (ANOVA) dos resultados de danos genéticos e a comparação entre as
médias para verificar o nível de significância foram feitas utilizando os testes Dunnett e
Tukey. A análise é significativa com p < 0,05.
39

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43

CAPITULO 1 - DESCRIÇÃO DOS PERFIS DE SAÚDE E SOCIOECONÔMICOS DE AGRICULTORES


NO MUNICÍPIO DE TOUROS- RIO GRANDE DO NORTE: UMA REALIDADE ALÉM DOS NÚMEROS

Ana Flávia De Santana Resende Nagem1, Nilmara de Oliveira Alves 2, Giveldna Maria Costa
Pereira 3, Luiz Cláudio Cardoso Chaves 4, Viviane Souza do Amaral1,2
1
Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio ambiente, Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brasil
2
Programa de Pós-Graduação em Bioquímica, Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
Natal, RN, Brasil
3
Graduação em Biomedicina, Centro de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, Natal, RN, Brasil
4
Graduação em Ciências Biológicas, Centro de Biociências, Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, Natal, RN, Brasil

ESTE ARTIGO FOI SUBMETIDO NO PERIÓDICO


CIÊNCIA E SAÚDE COLETIVA DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PÓS-
GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA
Normas da revista ANEXO G

Resumo

O presente estudo teve como objetivo descrever os perfis de saúde e socioeconômico


de 60 agricultores no Município de Touros/RN. A partir da análise de questionários foi
possível identificar que 91% dos trabalhadores ganham até 3 salários mínimos, na qual
a maioria tem jornada de trabalho de 40 horas semanais. Em relação à saúde, os
agricultores apresentam frequentemente quadros de infecção, além de alguns sofrerem
de doenças renais e cardiovasculares. A frequência de aborto foi de menos de 20% e
alguns entrevistados (30%) declararam casos de doenças hereditárias. Além disso, foi
possível observar que os agricultores não têm o hábito de procurar os postos de
atendimento médico para fazer exames de rotina, exercendo uma implicação direta nos
diagnósticos referentes a intoxicações agudas e crônicas. Desta forma, há uma
dificuldade na associação de sintomas relacionados com as intoxicações de origem
44

ocupacional e este fator vem sendo uma preocupação no âmbito da saúde


coletiva/epidemiológica. Por fim, esses resultados apontam para a necessidade de
medidas sócio-educativas que tenham como objetivo a melhoria das condições de
saúde e de trabalho para estes agricultores no município de Touros-RN.

Keywords: Cultura de Abacaxi, Agrotóxicos, Risco Ocupacional, agricultores, Touros-RN.


45

Description of health and Socioeconomic profiles of Farmers in the Touros county-Rio


Grande do Norte: A Reality Beyond Numbers

Abstract
The present study describes the socioeconomic and health profiles of sixty farmers from
Touros county/RN. According to the analysis of questionnaires it was possible to identify that
91% of the workers earn up to 3 minimum salaries and that most of them work 40 hours per
week. Concerning to their health, the farmers frequently presented cases of infection, besides
suffering from kidney and cardiovascular diseases. The frequency of abortion was lower than
20% in women and approximately 30% of the interviewed reported cases of hereditary
diseases. Furthermore, it was possible to observe that farmers are not used to look for medical
support neither to do routine exams, affecting directly on diagnostics related to chronic and
acute poisoning. Therefore, there are difficulties associating symptoms related to poisoning
and occupational origin, reflecting a concern in the public health/epidemiology. Finally, these
results show the need of socio-educational measures that has the proposal of improvement of
health and work conditions for these farmers from Touros County - RN.
Key words: Pineapple Culture, Pesticides, Occupational Risk, farmers,Touros – RN.
46

Introdução
Desde os primórdios da colonização até o século XXI, a agricultura tem passado por várias
etapas de modificações tanto políticas, sociais e culturais, inicialmente na produção da cana-
de-açúcar e do café, e, posteriormente, evoluindo para extensas monoculturas. O Brasil é um
dos líderes mundiais na produção e exportação de vários produtos agropecuários. É o primeiro
produtor e exportador de café, açúcar, etanol de cana-de-açúcar e suco de laranja; liderando o
ranking das vendas externas do complexo soja (farelo,óleo e grãos). Além disso, o
crescimento da produção agrícola no Brasil deve continuar acontecendo com base na
produtividade. As projeções indicam que tanto a produção de grãos e a área de cultivo
deverão expandir-se em 9,5% em 2020-21 de acordo com o Ministério da Agricultura -
MAPA (2011)1 , Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB (2012)2.
De fato, o setor de fruticultura dispõe de linhas de crédito com o objetivo de apoiar a
comercialização de várias culturas, incentivando a agroindustrialização no setor e facilitando
novos mercados (MAPA, 2011)1. No Brasil, o desempenho em relação ao rendimento
(frutos/ha) e a área da colheita (ha) do abacaxi vêm crescendo desde 1970 EMBRAPA
(2009)3. Além disso, os dados mostram que em cada Hectar (ha, 10.000m2) há uma variação
na produção de abacaxis entre 17 a 27 mil unidades. Em 2009, o Nordeste foi a região com
maior produção desta fruta comparado com outras regiões, atingindo uma média de 2,7
abacaxis por m2. Em contrapartida, a região Sul foi a de menor produção, sendo colhido 1,7
abacaxis por m2 Ministério do Desenvolvimento Agrário (2011)4. Consequentemente, esta
intensa demanda agrícola no país reflete na necessidade de utilização de defensivos agrícolas.
Considerando, em especial, a cultura do abacaxi, há um amplo uso de insumos químicos para
que haja produtividade e rendimento. Associada as potencialidades dos agrotóxicos, com seus
diferentes mecanismos de ação e a intensa prática agrícola no país, é crescente a
comercialização destes defensivos agrícolas. Em 2009, de acordo com a Fundação Oswaldo
Cruz – FIOCRUZ5, foram consumidos mais de um bilhão de litros de agrotóxicos. É
importante destacar que, nos últimos três anos, o Brasil vem ocupando o lugar de maior
consumidor de agrotóxicos no mundo de acordo com a Associação Brasileira de Saúde
Coletiva – ABRASCO (2012)6.
Outro ponto importante relacionado ao comércio de agrotóxicos está no fato de que as
indústrias químicas a cada ano investem no mercado e lançam novas formulações para atender
a grande demanda existente no país. Em função disto, os defensivos agrícolas apresentam uma
complexidade química, que impõe sérios riscos a saúde ambiental e humana. Várias agências
de controle ambiental e de saúde vêm demonstrando o potencial destes compostos como
47

agentes poluidores do ambiente e consequentemente, nocivos à vida, em particular, à saúde


humana. Segundo Ministério da Saúde (MS), os agrotóxicos estão entre os mais importantes
fatores de risco para a saúde da população em geral, especialmente para os agricultores e para
os ecossistemas próximos as áreas agrícolas (MS, 2010)7.
O elevado e indiscriminado uso de agrotóxicos no Brasil tem contribuído para a contaminação
ambiental e para o aumento dos casos de intoxicações, principalmente as de origem
ocupacional (JACOBSON et al, 2009)8. Soma-se a isto, (i) a falta de orientação técnica, (ii) o
desconhecimento dos riscos associados ao uso, (iii) instruções no rótulo de difícil
compreensão, (iv) manipulação e aplicação sem os devidos equipamentos de proteção
individual (EPI), (v) o não conhecimento das normas de descarte de embalagens, e (vi) o
baixo nível de escolaridade. Todos estes fatores potencializam os riscos de intoxicações pelos
trabalhadores do meio rural (FIOCRUZ, 2010)1. Segundo as estatísticas oficiais do Ministério
da Saúde (MS), utilizando o Sistema Nacional de Informações Toxico Farmacológicas -
SINITOX, é possível verificar que, durante o período de 1999 a 2009, houve 149.171 casos
de intoxicações ocasionadas por envenenamento por agrotóxicos no Brasil.
Dentro desta perspectiva de emprego de agrotóxico e saúde do trabalhador, o presente estudo
teve como objetivo descrever o perfil de saúde pessoal e o perfil socioeconômico dos
agricultores que trabalham na área rural do Município de Touros/RN/Brasil, além de criar um
material socioeducativo em forma de cordel tendo como objetivo sumarizar os resultados
encontrados na pesquisa e informar sobre medidas que possam minimizar o contato com os
agrotóxicos. Este cordel poderá ser divulgado nas áreas de saúde, como no posto de saúde no
município de Touros.

Material e Método

Área de Estudo
O presente estudo foi realizado na cidade de Touros - Rio Grande do Norte, Brasil,
especificamente no Projeto Boqueirão reconhecido pelo Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária – INCRA como projeto de assentamento. O município de Touros situa-se na
mesorregião Leste Potiguar e na microrregião Litoral Nordeste, cerca de 87 km da capital . As
principais atividades são a agropecuária, a pesca, a extração vegetal e a silvicultura.
Destacam-se as culturas abóbora, mandioca e fruticultura com manga, coco da baia, banana e
principalmente abacaxi Instituto De Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio
Grande do Norte - IDEMA (2008)9.
48

Figura. 1. Localização do Minicípio de Touros –Rn- Brasil

Fonte: IBGE adaptado

De acordo com o censo demográfico 2010 (IBGE)10, a população residente no Município de


Touros é de 31.089 habitantes, sendo que uma parte da população (7.922 hab) reside na área
urbana e a outra parte (23.167 hab) residem na área rural. Dentro desse contexo, 16.068
habitantes são do sexo masculino e 15.021 são do sexo feminino. O projeto do Boqueirão
localizado na área rural do Município de Touros – RN é dividido em três vilas: Assis, Israel e
Mayne onde vivem 407 famílias, representando aproximadamente um total de 1142 pessoas
residentes. A escolha da área de estudo foi feita por meio de informações pelo Instituto de
Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Norte – EMATER.

Procedimento Metodológico
Para a coleta de dados foi utilizado o questionário de Saúde Pessoal de acordo com o modelo
recomendado por: International Commission for Protection against Environmental Mutagens
and Carcinogens (ICPEMC) Mutation Research, 1988 com adaptações. Esse estudo foi
submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) - Universidade Federal do
Rio Grande do Norte conforme o Protocolo número 178/11-P, CAAE – 0203.0.051.000-11.
49

Toda coleta de dados para análises ocorreu com o conhecimento do indivíduo, que assinou o
termo de consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). As coletas de dados foram realizadas
em campo em horário laboral no período de fevereiro a setembro de 2012. Com ajuda do GPS
e através de um mapa (fornecido pela Secretaria do Estado de Assuntos Fundiários e de Apoio
à Reforma Agrária – SEARA) os lotes foram identificados para a realização das coletas. O
questionário foi aplicado somente com os trabalhadores agrícolas que aceitaram participar da
presente pesquisa. Devido à dificuldade de encontrar agricultores no dia das visitas no Projeto
do Boqueirão a amostra foi escolhida por conveniência.
Os critérios de inclusão da amostra foram: trabalhadores rurais, sexo masculino, ter idade
acima de 18 anos, aceitar participar voluntariamente da pesquisa e assinar o TCLE. Após a
assinatura do termo, os 60 indivíduos responderam o questionário que se apresenta em
perguntas divididas em 7 módulos: história pessoal, história ocupacional, exposição, história
de fumo, medicamentos e doenças, dietas e história genética.
Para a análise e interpretação dos dados foi usado o programa SPSS Statistics 15.0
(Statistical Package for the Social Science) e BioEstat versão 5.0. Técnicas estatísticas
descritivas foram utilizadas, tais como a distribuição de freqüência e a tabulação cruzada (ou
crosstabs). Além disso, para avaliar a correlação entre os resultados encontrados foi utilizado
o teste de Coeficiência Contingência C (Quiquadrado), com significância p<0.05.

Resultados
O projeto do Boqueirão foi criado e implementado entre 1971 a 1975, sendo concedidos lotes
para as famílias com o objetivo de proporcionar ao homem do campo uma possibilidade de
trabalhar a terra de forma livre e independente. Em relação à população entrevistada no
Projeto do Boqueirão a maioria dos agricultores trabalha em diferentes lotes dependendo da
época do ano. A Tabela1 apresenta as características socioeconômicas dos entrevistados tais
como: gênero, idade, etnia, estado civil, números de filhos, renda familiar e carga horária de
trabalho. As faixas etárias estão distribuídas de acordo com o SINITOX . Do total de 60
entrevistados a média de idade foi de 37,4 sendo que apenas 1,7% dos entrevistados
encontram-se na faixa etária entre 60 a 69 anos. Em relação ao estado civil, mais da metade
dos entrevistados são casados legalmente ou constituem relações estáveis, na qual (31,7%)
tem 4 ou mais filhos. A principal fonte de renda familiar é o trabalho na agricultura sendo que
45,0% das famílias ganham menos de 1 salário mínimo e outros 46,7% ganham entre 1 e 3
salários mínimos, sendo que os ganhos salariais dependem dos dias trabalhados, sendo em
torno de R$120,00 semanais.
50

Em relação ao tempo de trabalho no mesmo local 40,0% trabalham há menos de 1 ano, 41,7%
de 1 a 5 ano e a maioria trabalha 40 horas por semana.

Tabela. 1. Características socioeconômicas dos trabalhadores rurais entrevistados.


Características Frequência *Porcentagem Gráfico
(%)
Amostra geral 60 100

Faixa etária (anos)


15 a 19 3 5
20 a 29 15 25
30 a 39 15 25
40 a 49 16 26,7
50 a 59 10 16,7
60 a 69 1 1,7
Total 60 100

Etnia
Sem resposta 2 3,3
Caucasiano 24 40
pardo 21 35
negro 13 21,7
Total 60 100

Estado Civil
solteiro 23 38,3
convivente 13 21,7
casado 21 35
separado 3 5
Total 60 100

Números de filhos
nenhum 6 10
1 filho 18 30
2 filhos 10 16,7
3 filhos 7 11,7
4 ou mais filhos 19 31,7
Total 60 100

Renda Familiar
menos de 1 salário 27 45
entre 1 e 3 salários 28 46,7
51

acima de 3 salários 2 3,3


Total 60 100

Tempo que trabalha no mesmo local


menos de 1 ano 24 40
1 a 5 anos 25 41,7
6 a 10 anos 4 6,7
11 a 16 anos 2 3,3
17 a 21 anos 2 3,3
acima de 22 anos 3 5
Total 60 100

Carga horária de trabalho por semana


30h 1 1,7
35h 2 3,3
40h 45 75
41h 1 1,7
48h 10 16,7
70h 1 1,7
Total 60 100
*valores aproximados

Outro ponto abordado nesta análise está apresentado na Tabela 2.


De acordo com os dados obtidos nos questionários sobre a utilização de algum tipo de
proteção (71,7%) dos indivíduos responderam que usam, (25,0%) não usam, (3,3%) às vezes
usam. Dentre os que citaram o uso de proteção, declararam que o uso de calça comprida,
blusa de manga longa e boné representam a proteção. Quanto ao tipo de exposição, foi
relatado que 81,7% se expõe a agrotóxicos, 1,7% a soda caustica e 16,7% não responderam.

Tabela. 2 Histórico de Proteção e Exposição dos trabalhadores rurais.


Variável Frequência *Porcentagem % Gráfico
Você usa algum tipo de proteção?
Sim 43 71,7
Não 15 25,0
Às vezes 2 3,3
Total 60 100,0
52

Tipo de exposição
Sem reposta 10 16,7
Agrotóxicos 49 81,7
Soda caustica 1 1,7
Total 60 100,0
*valores aproximados

Considerando o estilo de vida, a Tabela 3 apresenta as principais características relacionadas a


hábitos de fumar, consumo de bebidas alcoólicas, dietas, uso de medicamentos, doenças e
história genética. No que se refere à história de fumo (51,7%) dos entrevistados já fumou
alguma vez na vida e (48,3%) nunca fumou. Nesse contexto, 33,3% fumam e 66,7% não
fumam atualmente. Outro aspecto questionado foi o consumo de bebidas alcoólicas. Em
destaque aos que bebem cerveja (58,3%), uma considerável parte dos entrevistados (40,0%)
relatam consumir 1 a 6 garrafas por semana. Outros tipos de bebidas foram questionados e
31,7% afirmaram que bebem vinho e 50,0% consomem outras bebidas destiladas, como a
cachaça.
Com o objetivo de conhecer a dieta dos agricultores, os hábitos alimentares foram
questionados. Os dados obtidos mostraram que 53,3% dos indivíduos consomem carne pelo
menos 1 a 2 dias por semana e 36,7% consomem peixe pelo menos de 1 a 2 vezes na semana.
Em relação ao histórico de medicamentos observou-se que 25,0% diz usar algum tipo de
medicamento com prescrição médica enquanto que 55,0% usam medicamentos sem
prescrição médica. Em relação aos problemas de saúde mais declarados pelos indivíduos,
56,7% são quadros de infecção bacteriana e viral. Além disso, 21,7% dos indivíduos relataram
diversos incômodos, tais como: (a) dor nos olhos e ardência; (b) dor nas articulações; (c) dor
renal; (d) dor no estomago; (e) dor no corpo; (f) dor nos ossos e falta de apetite; (g) dor na
coluna e (h) pressão alta. Somente (1,7%) tem conhecimento que teve hepatite e 3,3% doença
cardiovascular. Nenhum entrevistado relatou doenças como câncer, diabetes, herpes e AIDS.
No que se referem a vacinações nos últimos 12 meses apenas 26,7% dos indivíduos relataram
estar vacinados. Observou-se que 13,3% dos entrevistados declararam que os mesmos ou a
esposa tiveram dificuldades reprodutivas e 8,3% dos filhos nasceram prematuros. É
interessante ressaltar que 18,3% relataram que a esposa já abortaram e esse fato é recorrente
em algumas famílias.
É importante destacar um caso em particular no qual o agricultor relatou que na sua família
sete bebês recém-nascidos morreram, além de ter tido 1 caso de aborto.
53

Considerando o surgimento de malformações congênitas e de doenças hereditárias, 30,0%


relataram ter conhecimento de algum defeito de nascimento ou doença genética que afetou
seus pais, irmãos ou seus filhos. Os distúrbios relatados foram: (a) língua pregada; (b)
problemas intestinais; (c) epilepsia; (d) má formação óssea dos membros inferiores e diabetes;
(e) problemas oculares; (f) problemas neurais. Ao correlacionar os indivíduos que estão
expostos a agrotóxicos com o quadro de dificuldades de engravidar e abortos, esses dados não
foram significativos, (p) =0,2757 e (p) =0,26 respectivamente. Entretanto, para os quadros de
infecções mostrou-se significativo com (p)= 0,0025. Também foram feitas as correlações do
hábito de fumar e consumir bebidas destiladas com doenças cardiovasculares, defeito
genético, bebês prematuros e os resultados não foram significativos.
Tabela. 3. História de fumo consumo de bebidas alcoólicas, dietas, medicamentos, doenças e história
genética dos trabalhadores rurais.
Informações Frequência *Porcentagem (%) Gráfico
Alguma vez você já fumou?
Sim 31 51,7
Não 29 48,3
Total 60 100,0
Fuma atualmente?
Sim 20 33,3
Não 40 66,7
Total 60 100,0
Você bebe cerveja?
Sim 35 58,3
Não 25 41,7
Total 60 100,0
Consumo semanal de cerveja
Nenhuma 25 41,7
Menos de 1 garrafa 7 11,7
1 a 6 garrafas 24 40,0
7 a 12 garrafas 2 3,3
13 a 24 garrafas 2 3,3
Total 60 100,0
Você bebe vinho?
Sim 19 31,7
54

Não 41 68,3
Total 60 100,0
Consumo semanal de vinho
Nenhum 42 70,0
1 a 4 copos 12 20,0
5 a 8 copos 5 8,3
Acima de 16 copos 1 1,7
Total 60 100,0
Consumo de outras bebidas alcoólicas
Sim 30 50,0
Não 30 50,0
Total 60 100,0
Com qual frequência você come carne?
Não come 2 3,3
1 a 2 dias 32 53,3
3 a 4 dias 19 31,7
5 a 6 dias 3 5,0
todos os dias 4 6,7
Total 60 100,0
Com qual frequência você come peixe?
Não come 7 11,7
1 a 2 dias 22 36,7
3 a 4 dias 14 23,3
5 a 6 dias 9 15,0
Todos os dias 8 13,3
Total 60 100,0
Tem tomado algum remédio prescrito pelo medico?
Sim 15 25,0
Não 45 75,0
Total 60 100,0

Tem tomado algum remédio sem prescrição médica?


Sim 33 55,0
55

Não 27 45,0
Total 60 100,0
Você teve ou tem algum dessas doenças?
Infecção bacteriana ou viral
Sim 34 56,7
Não 26 43,3
Total 60 100,0
Doença cardiovascular
Sim 2 3,3
Não 58 96,7
Total 60 100,0
Doença Renal
Sim 5 8,3
Não 55 91,7
Total 60 100,0
Outras doenças
Sim 13 21,7
Não 47 78,3
Total 60 100,0
Você tomou algum vacina nos últimos 12 meses?
Sim 16 26,7
Não 32 53,3
Não lembra 12 20,0
Total 60 100,0
Você tem conhecimento de algum defeito de nascimento ou outra desordem genética ou
doença hereditária que tenha afetado seus pais, irmãs ou seus filhos?
Sim 18 30,0
Não 42 70,0
Total 60 100,0
Você ou sua esposa teve ou tem dificuldade reprodutiva?
Sim 8 13,3
Não 52 86,7
Total 60 100,0
56

Você já teve filho prematuro?


Sim 5 8,3
Não 55 91,7
Total 60 100,0
Já teve aborto?
Sim 11 18,3
Não 49 81,7
Total 60 100,0
Quantos filhos prematuros
0 56 93,3
1 4 6,7
Total 60 100,0
Quantos abortos
0 49 81,7
1 6 10,0
2 3 5,0
3 1 1,7
4 1 1,7
Total 60 100,0
*valores arredondados

Referente ao uso de agrotóxicos no Projeto do Boqueirão, foram relatados 9 tipos: dentre eles
com finalidades de herbicidas, inseticidas, fungicidas, Tabela 4.
57

Tabela. 4 Agrotóxicos mais utilizados no Projeto Boqueirão, Rio Grande do Norte.

Classe Grupo Químico Classificação Potencial de Recomendação


Toxicológica periculosidade
ambiental
(PPA)
Herbicida Uréia IV – Pouco II - Muito Única Aplicação, Uso
Tóxico Perigoso Ao Exclusivamente
Meio Ambiente Agrícola, Usar EPI
Inseticida Metilcarbamato De I– II- Muito Perigo Usar EPI, afastar de qualquer
Oxima Extremamente Para O Meio calor,
Tóxico Ambiente altamente móvel, uso
exclusivo agrícola
Inseticida Avermectinas III - III - Perigoso Altamente persistente no
Medianamente Ao Meio meio ambiente,
Tóxico Ambiente uso de EPI,exclusivamente
agrícola,
Inseticida Antranilamida ou III - II - Muito Não deve ser utilizado em
Diamida Medianamente Perigoso Ao mistura
Antranílica Tóxico Meio Ambiente de tanque com qualquer outro
agrotóxico, não entrar na área
em
que o produto foi aplicado
antes da secagem completa
da calda (no mínimo 24
horas após a aplicação),uso
de EPI
Inseticida Piretróide III – I – Produto Uso de EPI, manter afastado
Medianamente Altamente do calor e fontes de ignição,
Tóxico Perigoso Ao altamente bioconcentrável
Meio Ambiente em peixes.
Fungicida Acetamida III- III- Perigoso Ao
(Cimoxanil) E Medianamente Meio Ambiente Uso de EPI e exclusivamente
Ditiocarbamato Tóxico agrícola
(Mancozebe
Oxazolidinedionas
Ou
Fungicida Oxazolidinedionas, I II Muito Perigoso para transporte e
Ou Extremamente Perigoso Ao usar EPI
Ditiocarbamatos Tóxicos Meio Ambiente
(Mancozebe
Fungicida Benzimidazol IV- Pouco III- Perigoso Ao Uso Exclusivamente
Tóxico Meio Ambiente Agrícola,
Uso de EPI Altamente
Persistente
no meio ambiente
Fungicida Triazol III – II – Produto Uso Exclusivamente
Medianamente Muito Perigoso Agrícola,
Tóxico Ao Meio uso De EPI evite o máximo
Ambiente possível
o contato com a área tratada
Fonte: Informações extraídas das bulas das empresas fabricantes de agrotóxicos.
Nota: Os agrotóxicos listados foram relatados pelos produtores.
58

Discussão
O presente estudo apresenta o perfil da saúde e o perfil socioeconômico de agricultores rurais
que trabalham na área rural Município de Touros/RN/Brasil especificamente nos lotes
inseridos no Projeto Boqueirão. Os dados socioeconômicos dessa população em estudo
mostraram que a população economicamente ativa está na faixa etária entre 20 a 59 anos. O
fato da maioria dos entrevistados serem casados implica que os mesmos tem uma grande
responsabilidade para o sustento da família e encontram na agricultura o meio de
sobrevivência, mesmo que as condições de trabalho não sejam ideais para a saúde e ainda,
com um salário relativamente baixo. As observações de campo relacionado a escolaridade nos
mostraram que a maior parte dos entrevistados teve pouco tempo de estudo, alguns eram
analfabetos sendo incapazes de assinar o TCLE, dessa forma a coleta da impressão digital se
fez necessária. Os dados relacionados ao analfabetismo de pessoas que vivem no Nordeste
segundo o IBGE, 2010, correspondem a 52,2 % da população. Contudo vale ressaltar que em
outros estudos realizados no Brasil, mostram que a baixa renda e a baixa escolaridade têm
sido predominante nas comunidades rurais (RANGEL, et al., 201111, FARIA, et al., 200912,
JACOBSON et al., 20098). Em relação ao hábito de fumar, constatou-se que a metade da
população entrevistada já fumou alguma vez na vida e consomem bebidas alcoólicas
destiladas com frequência. Como foi observado o consumo de álcool no meio rural esta
relacionado ao absenteísmo (falta no trabalho) o que pode prejudicar a produtividade
econômica e consequentemente as relações sociais, familiares e até mesmo psicológicas dos
entrevistados. Adicionalmente o teste de correlação não foi significativo para o consumo de
álcool e fumo quando correlacionados a doenças cardiovasculares, bebês prematuros e defeito
genético ou doença hereditária.
O combate para eliminar pragas e doenças é uma preocupação comum no meio rural entre os
agricultores nos diferentes lotes. Logo, foi relatado o uso de 9 tipos de agrotóxicos, sendo:
(a) 2 são classe I- extremamente tóxicos; (b) 5 são agrotóxicos de classe III – medianamente
tóxicos; e (c) 2 são de classe IV – Pouco tóxicos. Em relação ao Potencial de periculosidade
ambiental (PPA) esses produtos representam risco: I – altamente perigoso ao meio ambiente;
II - muito perigoso; III - perigoso, com efeitos de alta persistência no meio ambiente,
altamente móvel, apresentando características desde alto potencial de deslocamento no solo
podendo atingir principalmente as águas subterrâneas. Além disso, são altamente
bioconcentráveis em peixes e tóxicos para microcrustáceos. Nota-se que diferentes classes
toxicológicas são utilizadas e mesmo o produto químico pouco tóxico, está envolvido com
algum tipo de periculosidade e pode contaminar o ambiente, aumentando os casos de
59

intoxicações, principalmente as ocupacionais (JACOBSON et al, 20099). De acordo com


WEICHENTHAL et al (2010)13, os efeitos potenciais à saúde pela exposição a agrotóxicos
são de particular interesse, uma vez que estes produtos químicos são projetados para dar
efeitos biológicos adversos sobre organismos alvo. As vias de absorção desses produtos são
orais, oculares e dérmicas podendo causar sintomas e sinais clínicos como irritação ocular
transitória com lacrimejamento, dor ou visão borrada, irritação do trato respiratório superior,
faringite, rinite, laringite, traqueobronquite, conjutivite, fraqueza, dor de cabeça, suores e
náuseas.
Através dessa pesquisa, constata-se que somente 3,3% desta população tem conhecimento de
ter alguma doença cardiovascular e 8,3% tem conhecimento de ter doença renal. Como
principais fatores disso destacam-se a ausência de exames de rotinas e diagnósticos,
adicionalmente a falta de conhecimento pode-se justificar a pequena porcentagem de doenças
nessa população entrevistada.
Foi realizado o teste de correlação da população exposta aos agrotóxicos com quadros de
infecções bacterianas ou virais, o resultado mostrou-se significante (p = 0,0025), na qual
56,7% dos trabalhadores expostos a agrotóxicos responderam que já teve ou têm quadros de
infecções bacterianas ou virais. Essas infecções podem além de estar relacionados a gripe,
resfriados também podem ser confundidos com irritações de mucosas, irritação do trato
respiratório superior, pneumonite química pelo uso de herbicidas e fumigantes.
Outras injúrias também foram declaradas, como: (a) dor nos olhos e ardência; (b) dor nos
braços, pernas e nas articulações; (c) problemas renais; (d) dor no estomago; (e) dor no corpo;
(f) dor nos ossos e falta de apetite; (g) dor na coluna e (h) pressão alta. Logo, a exposição aos
agrotóxicos podem potencializar esses sintomas. Os agrotóxicos estão entre os mais
importantes fatores de risco para a saúde da população geral, especialmente para a saúde dos
trabalhadores e para o meio ambiente OMS (2010)7, e seus efeitos biológicos na saúde podem
ser adversos (WEICHENTHAL, et al.,2010)13.
Nessa população entrevistada nota-se que há uma frequente utilização de medicamentos sem
prescrição médica tornando-se um quadro preocupante, pois a automedicação a certos
fármacos pode mascarar a identificação das intoxicações pelo uso de agrotóxicos, além de
contribuir para uma dupla intoxicação. Os remédios relatados e a finalidade do uso são: (a)
dor no estomago, (b) fortificante, (c) remédio para os rins, (d) dores de coluna, (e) dor de
cabeça. A exposição a múltiplos agrotóxicos e efeitos da exposição prolongada torna-se
preocupante, pois as queixas mais frequentes e o uso desses medicamentos podem estar
60

relacionados aos agravos de saúde semelhantes a intoxicações subagudas que ocorrem por
exposição moderada ou pequena a produtos altamente tóxicos, como os agrotóxicos.
Esses quadros sintomatológicos podem ser confundidos com outras doenças comuns do dia a
dia, levando a dificuldades e erros de diagnósticos além de tratamentos equivocados
(OPAS/OMS 1996)14. Considerando a intoxicação aguda, um estudo realizado por
THUNDIYIL et al (2008)15, demonstrou que estas intoxicações são causa de morbidade e
mortalidade a nível mundial.
Por outro lado, a intoxicação crônica pode gerar danos no DNA que quando não reparado
podem surgir mutações, contribuindo assim para o surgimento de doenças, entre elas o câncer,
malformações congênitas e envelhecimento (KUMAR & DAS, 2009)16. Cabe salientar que os
riscos de câncer em agricultores em contato com agrotóxicos são aproximadamente de 1,5 a 3
vezes maior do que outras atividades ocupacionais não expostas a este fator (MATOS,
VILENSKY & BOFFETTA, 199817; PERES & MOREIRA, 200318; STOPPELLI, 2005)19.
Neoplasias malignas têm sido associadas com a exposição a fatores de risco ocupacionais e
ambientais, assim como algumas doenças neuropsiquiátricas como Parkinson, e doenças
pulmonares obstrutiva crônica tem sido associadas à exposição a químicos (OMS, 2006)20.
Embora entre os 60 entrevistados nenhum deles relatasse quadro de câncer, diabetes, herpes,
AIDS, observa-se que os trabalhadores não têm o hábito de procurar os postos de atendimento
médico para fazer diagnósticos de rotina o que pode ter uma relação com a ausência desses
dados. Os diagnósticos referentes a intoxicações crônicas são uma preocupação em âmbito da
saúde coletiva /epidemiológica, pois são difíceis de serem estabelecidos, os registros oficiais
sobre intoxicações são limitados para os casos agudos e quase inexistentes para as
intoxicações crônicas por FARIA (2009)12 e há uma dificuldade na associação com as
intoxicações de origem ocupacionais, suas causas/efeitos, principalmente quando há
exposição a múltiplos produtos, situação muito comum na agricultura brasileira OPAN/OMS,
199614; GRISOLIA, 200521; SILVA, 200522; SOLOMON, 2000 23 .
Embora não tenha sido significante, um quadro preocupante nas implicações a saúde dos
trabalhadores expostos a agrotóxicos foi observado em relação à história genética relacionada
a relatos de dificuldades reprodutivas, abortos e filhos prematuros.
Vários trabalhos já demonstraram que o contato com venenos durante o período gestacional
constitui riscos para a saúde do feto, aumentando a taxa de abortos espontâneos, a taxa de
mortalidade por baixo peso ao nascer e o nascimento de bebês prematuros (ZHANG, et
al.,199224; TAHA & GRAY, 199325; LONGNECKER et al.,2001)26.
61

Quanto ao uso de alguma proteção no presente estudo, mais da metade dos entrevistados
responderam que usam alguma proteção. Porém, os tipos de proteção citados não são
eficientes na proteção contra os agrotóxicos, por exemplo, uso de bermudas, boné, blusa de
manga curta. Em campo pode-se observar que para as práticas agrícolas como preparo da
calda e pulverização os trabalhadores utilizam roupas do uso comum do dia a dia, colocando-
os em alto grau de exposição. É interessante destacar que alguns familiares como as esposas
estão expostas aos produtos químicos pelo contato físico e pelo manuseio das roupas dos
maridos usadas durante a pulverização, que são lavadas nas suas próprias residências
(RANGEL et al., 2011)11. Além disso, o uso adequado dos equipamentos de pulverização
associados com precauções necessárias pode contribuir para reduzir a exposição aos
agrotóxicos e a efeitos adversos à saúde humana e ao meio ambiente (DAMALAS &
ELEFTHEROHORINOS, 2011)27. É considerado Equipamento de Uso Individual – EPI -
próprio para uso e manipulação de agentes tóxicos: luvas; proteção respiratória como
máscaras; proteção ocular e facial como óculos e viseiras; proteção de cabeça; roupas
impermeáveis e bota.
Segundo as estatísticas oficiais do MS, utilizando o Sistema Nacional de Informações Tóxico
Farmacológicas28 é possível verificar 149.171 casos de intoxicações por agrotóxicos em geral
no Brasil no período de 1999 a 2009, portanto não há estimativas confiáveis quanto ao
número de pessoas que padece por efeitos na saúde relacionados ao uso destes venenos e a
taxa de incidência de intoxicação não é clara e é subestimada (THUNDIYIL, et al., 2008)15.
Dada à magnitude dessa utilização e os agravos à saúde a Associação Brasileira de Saúde
Coletiva - ABRASCO no relatório divulgado dia 16/06/2012 na Cúpula dos Povos que é um
evento paralelo a Rio +20 alerta: O Brasil é o maior consumidor de pesticidas do mundo e
aumenta sua utilização a uma velocidade duas vezes superior a dos demais países. Se o
cenário atual já é suficientemente preocupante, do ponto de vista da saúde pública, deve-se
levar em conta que as perspectivas são de agravamento dos problemas nos próximos anos
(ABRASCO, 2012)6.
Buscando relacionar a literatura de cordel e a história desses indivíduos buscou-se
desenvolver uma estratégia socioeducativas, como o cordel (Apêndice C). Foi desenvolvido
baseado no texto e nos resultados encontrados no presente estudo. Espera-se que esta
estratégia possa contribuir de forma lúdica como meio de divulgar e promover conhecimentos
e medidas que possam minimizar os efeitos adversos sobre a saúde humana e ao meio
ambiente no município de Touros, assim como em outras regiões que utilizam agrotóxicos de
forma intensa. Espera-se que este cordel em forma de folheto possa ser divulgado de forma
62

lúdica na área de saúde e na população e possa ter resultados positivos, na construção de


valores, idéias, conhecimentos destes indivíduos. Criado de forma lúdica possibilita mais
aceitação dessa população e até mesmo espera-se que o leitor acate a idéia proposta.

Conclusões
Diante dos resultados e discussão apresentados a principal contribuição desse estudo foi abrir
espaço para uma série de questões que extrapolam a realidade em números.
Esse estudo comprova a importância do conhecimento do perfil socioeconômico e de saúde de
agricultores rurais como forma de entender a realidade dessa população, que pela falta de
conhecimentos e condições encontram-se vulneráveis a exposição. Dar-se a importância do
Estado e de políticas que apoiem e contribuam para uma melhor qualidade de trabalho e
consequentemente melhor qualidade de vida dos trabalhadores rurais.
Além disso, este estudo nos mostra que a proteção do meio ambiente e da saúde constituem
um desafio sendo urgente o desenvolvimento de medidas de controle de compra e utilização
dos agrotóxicos com suas devidas fiscalizações, devendo ser realizadas campanhas de
incentivo para a utilização dos EPIs, campanhas de educação, palestras, e incentivos.
Adicionalmente a esses aspectos, é necessária a implementação de ambulatórios e hospitais
especializados para ações de prevenção, triagens e acompanhamento, tanto para os
trabalhadores e suas famílias relacionados à saúde ocupacional para os casos de intoxicações
agudas e/ou crônicas. Uma vez que em Natal – RN não possui ambulatórios e centros
especializados relacionados à prevenção, tratamento e acompanhamento. Outro fator que
deverá ser avaliado está relacionado aos atendimentos em consultórios referentes a diversos
sintomas clínicos que são indicativos de exposição a agrotóxicos, mas que nem sempre são
investigados. Todavia deverá ser reforçado o modelo de integração entre os casos de
intoxicação notificados e a compilação dos dados nos sites oficiais de intoxicações atravésde
formulários eletrônicos, notificando sem gerar dados irregulares e incompletos.
Além disso, a partir da iniciativa de elaboração de um cordel, esperamos divulgar de maneira
lúdica os resultados obtidos nesta pesquisa, assim como informar sobre medidas para
minimizar o contato e o cuidado com os agrotóxicos, desta forma, diminuindo o risco à saúde
dos trabalhadores. Contudo, além dessas ações de responsabilidades governamentais, um
grande desafio será a implementação da agricultura alternativa como forma de possibilitar as
gerações presentes e futuras uma melhor condição de saúde e consequentemente melhor
qualidade de vida.
63

Colaboradores
Nagem, A. F. S. R trabalhou na concepção do estudo, redação do texto, revisão bibliográfica,
banco de dados; ALVES, N.O colaborou na análise dos dados, análise estatística; CHAVES,
L.C.C participou do trabalho de campo e colaborou na construção do banco de dados,
PEREIRA, G.M.C colaborou nas vistas a campo; este trabalho foi orientado por AMARAL,
V. S.

Agradecimentos
Ediovar Varela da Silva da Secretária do Estado do Rio Grande do Norte, Betânia Freire
Teixeira funcionária da EMATER, Amarildo SEARAS. Apoio financeiro CAPES e
Departamento de Biologia Molecular e Genética e a todos envolvidos no projeto.

Referências
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d=123
66

CAPÍTULO 2 -ALTERAÇÕES GENÉTICAS EM TRABALHADORES RURAIS NO


NORDESTE BRASILEIRO: INVESTIGAÇÃO DO POTENCIAL MUTAGÊNICO
ASSOCIADO À EXPOSIÇÃO POR AGROTÓXICOS

Ana Flávia De Santana Resende Nagem1, Nilmara de Oliveira Alves 2, Giveldna Maria Costa
Pereira 3, Luiz Cláudio Cardoso Chaves 4, Tamires Leite Costa3 , Viviane Souza do Amaral1,2

1
Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio ambiente, Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brasil
2
Programa de Pós-Graduação em Bioquímica, Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
Natal, RN, Brasil
3
Graduação em Biomedicina, Centro de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, Natal, RN, Brasil
4
Graduação em Ciências Biológicas, Centro de Biociências, Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, Natal, RN, Brasil

ESTE ARTIGO SERÁ SUBMETIDO AO PERIÓDICO


GENETICS AND MOLECULAR BIOLOGY
Normas da Revista (ANEXO H)
67

Resumo
O uso de defensivos agrícolas esta sendo usado de maneira intensiva com graves
consequências para os agricultores expostos. Analisamos a frequência de micronúcleos (MN)
e outras anormalidade nucleares em células da mucosa oral de 54 agricultores expostos a
agrotóxicos e 19 indivíduos não expostos. Aplicou-se o Teste de micronúcleo (MN) em
mucosa bucal e os resultados obtidos indicaram uma diferença significativa na indução de
micronúcleos entre o grupo exposto (3.72 ± 1.82) e o grupo não exposto a agrotóxico (1.02 ±
1.00). Também foi observado um incremento significativo na frequência de células
binucleadas, cariólise e cromatina condensada em indivíduos que estão expostos aos
agrotóxicos. Os trabalhadores expostos a agrotóxicos apresentaram uma frequência muito
maior de micronúcleos (MN) e de outras anormalidades nucleares quando comparados com os
indivíduos sem esta exposição ocupacional. Com relação ao número de MCN quando
comparado com o consumo (ou não) de álcool e de fumo nos indivíduos expostos e não
expostos, não houve diferença significativa dentro dos grupos. A frequência aumentada de
MN e outras anormalidades nucleares podem ser explicadas pela exposição dos trabalhadores
rurais com os defensivos agrícolas.

Abstract

The use of pesticides is being used intensively with severe consequences for exposed farmers.
We analyzed the frequency of micronucleus (MN) and other nuclear abnormalities in oral
mucosa cells of 54 farmers exposed to pesticides and 19 unexposed individuals. The test of
micronucleus (MN) in oral mucosa was applied and the findings indicated a significant
difference on the induction of micronucleus between the exposed group (3.72 ± 1.82) and the
unexposed group (1.02 ± 1.00). Workers exposed to pesticides had a much higher frequency
of micronucleus (MN) and other nuclear abnormalities when compared with individuals
without occupational exposure. Regarding the number of MCN when comparing with the
consumption (or not) of alcohol and tobacco, of the exposed and unexposed individuals, there
was no significant difference within the groups. The higher frequency of MN and other
nuclear abnormalities can be explained by the exposition of the rural farmers to pesticides
68

1. Introdução

O Brasil é um dos líderes mundiais na produção e exportação de vários produtos


agropecuários segundo o Ministério da Agricultura - MAPA (2012). Dados do governo
brasileiro apontam que em 2009 foram consumidos mais de um bilhão de litros de
agrotóxicos, (FIOCRUZ, 2010) e nos últimos três anos, o Brasil vem ocupando o lugar de
maior consumidor de agrotóxicos no mundo de acordo com a Associação Brasileira de Saúde
Coletiva – ABRASCO.
Desta forma, a intensa demanda agrícola no Brasil reflete a necessidade de utilização de
defensivos agrícolas. Entretanto, estes produtos, em função da sua complexidade química, são
focos de investigação em várias agências de controle ambiental e de saúde que vêm
demonstrando o potencial destes compostos como agentes poluidores do ambiente e
consequentemente, nocivos à vida, em particular, à saúde humana. As intoxicações crônicas
podem gerar mutações no DNA, que contribuem para o surgimento de doenças, entre elas o
câncer, as malformações congênitas e o envelhecimento (KUMAR e DAS, 2009), assim como
durante o período gestacional constitui riscos para a saúde do feto, aumentando a taxa de
abortos espontâneos, a taxa de mortalidade por baixo peso ao nascer e o nascimento de bebês
prematuros (ZHANG, et al., 1992; TAHA & GRAY, 1993; LONGNECKER et al.,2001).
Cabe salientar que os riscos de câncer em agricultores em contato com os agrotóxicos são
aproximadamente de 1,5 a 3 vezes maior do que outras atividades ocupacionais não expostas
a este fator (MATOS, VILENSKY & BOFFETTA, 1998; PERES & MOREIRA, 2003;
STOPPELLI, 2005; ALGRANTI., et al 2010).
Diante deste panorama, várias metodologias são aplicadas para mensurar a indução de
mutações no DNA de trabalhadores rurais expostos a agrotóxicos. Dentre os principais
métodos, podemos destacar o Teste de Micronúcleos em Mucosa Bucal. Essa técnica é cada
vez mais usada em estudos de epidemiologia molecular para investigar os impactos da
nutrição, do hábito de fumar, do consumo de álcool, incluindo a exposição a agrotóxicos
(FAN et al, 2006; THOMAS, et al ., 2009; HOLLAND et al. 2008). A importância de se
analisar as células da mucosa oral está centrada no fato de que estão em constante contato
com os contaminantes ambientais, constituindo, assim, um tecido de extrema importância
para avaliação dos danos induzidos através de ingestão ou inalação de substâncias com
potenciais carcinogênicos (CHEN et al, 2006, HOLLAND et al.,2008), sendo que
69

aproximadamente 90% dos cânceres humanos são originados em células epiteliais, Cairns
1975.
O Teste de Micronúcleos em Mucosa Bucal tem sido usado desde a década de 80 até os dias
atuais (STICH et al.,1983; HOLLAND et al.,2008; THOMAS et al.,2009). Vários estudos já
analisaram a frequência de micronúcleos em populações ocupacionalmente expostas a
determinados agentes genotóxicos, inclusive a agrotóxicos (BONASSI et al., 2011,
BORTOLI et al.,2009, THOMAS et al., 2009, HOLLAND et al., 2008, HEUSER et al.,2007,
ROTH et al .,2003, BASU et al., 2004,TOLBERT et al .,1992). Portanto, os micronúcleos são
excelentes indicadores de mutação cromossômica no material genético de indivíduos expostos
a agentes químicos, como os defensivos agrícolas.
Diante deste contexto, o objetivo deste estudo visou investigar o risco genotóxico da
exposição a agrotóxicos através da detecção e quantificação de micronúcleos (MN) e outras
alterações celulares como células binucleadas, cariólise, cromatina condensada, em células
esfoliadas da mucosa oral de agricultores que trabalham principalmente na cultura do abacaxi
no Município de Touros/RN.

2. Materiais e Métodos

Amostras
Os dados para este estudo foram coletados na área rural do município de Touros – Estado Rio
Grande do Norte, Brasil. Figura 1. O município de Touros situa-se na mesorregião Leste
Potiguar e na microrregião Litoral Nordeste, cerca de 87 km da capital na qual se destacam as
culturas de abóbora, mandioca e fruticultura com manga, coco da baia, banana e
principalmente abacaxi.
A população residente no Município de Touros é de 31.089 habitantes, sendo que uma parte
da população (7.922 hab) reside na área urbana e a outra parte (23.167 hab) reside na área
rural. A área escolhida para o presente estudo foi o projeto do Boqueirão localizado na área
rural do Município de Touros – RN, que é dividido em três vilas: Assis, Israel e Mayne onde
vivem 407 famílias, representando aproximadamente um total de 1142 pessoas residentes.
70

Figura - 1– Mapa do Estado do Rio Grande do Norte indicando o Município de Touros local da área de
estudo sobre avaliação do risco ocupacional de trabalhadores expostos a agrotóxicos no Município de
Touros/Rio Grande do Norte. 2012

Fonte: obtido em
http://pt.wiktionary.org/wiki/Ap%C3%AAndice:Munic%C3%ADpios_do_estado_do_Rio_Grande_do_Norte em 2012
adaptado

3. Procedimento Metodológico

Caracterização da Amostra

O estudo foi realizado com 73 indivíduos (expostos e não expostos). A amostra foi escolhida
por conveniência na qual todos os indivíduos eram do sexo masculino e tinham idade acima
de 18 anos. O grupo exposto foi composto de 54 trabalhadores rurais diretamente envolvidos
com as atividades do campo e com a pulverização de agrotóxicos (Tabela 1). O grupo
controle foi constituído por 19 indivíduos - que trabalham em áreas administrativas da
Universidade Federal do Estado do RN - sem histórico ocupacional de exposição a
agrotóxicos.
Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) -
Universidade Federal do Rio Grande do Norte conforme o Protocolo número 178/11-P,
CAAE – 0203.0.051.000-11. Toda coleta de dados para análises ocorreu com o conhecimento
do indivíduo, que assinou o termo de consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). As coletas
71

de dados e das células da mucosa bucal do grupo exposto foram realizadas em campo em
horário laboral no período de fevereiro a setembro 2012 e as coletas do grupo controle foram
realizadas no período de novembro de 2012. Todos os participantes da pesquisa responderam
ao questionário adaptado de Saúde Pessoal (Anexo 1) de acordo com o modelo recomendado
por: (International Commission for Protection against Environmental Mutagens and
Carcinogens (ICPEMC) Mutation Research, 204:379-406, 1988.

Coleta das amostras de mucosa bucal

Para a coleta das amostras das células da mucosa bucal, foram seguidas as recomendações
conforme o protocolo estabelecido por Thomas et al.(2009) com adaptações. As coletas foram
obtidas de forma anônima, sem exposição dos dados dos voluntários que são identificados por
um número. Para as coletas das células da mucosa bucal utilizou uma escova estéril especifica
de material biológico (endobrush). As células são retiradas com leves movimentos de
raspagens do epitélio da mucosa bucal e são transferidas e emersas em tubos falcon contendo
solução fisiológica, armazenados em caixas de isopor com gelo para preservar as
características celulares e, logo após as coletas, esses materiais são transportados para o
laboratório.

Preparações Citológicas

No laboratório o material é centrifugado por três vezes a 1500 RPM por 8 min e a cada ciclo
de centrifugação retira-se o sobrenadante e troca a solução fisiológica no primeiro e segundo
ciclo. No terceiro ciclo as amostras são fixadas com metanol gelado a 80%.
Após a última centrifugação podemos observar as células depositadas no fundo do tubo
falcon. Com uma pipeta essas células são ressuspendidas a 500 ml com o fixador e são
espalhadas em 5 lâminas por indivíduo. As lâminas contendo as amostras ficam expostas a
temperatura ambiente para secar por 48 horas, após esse período, as lâminas são hidrolisadas
em HCL (1 N) a 60º C aquecidos em banho-maria por 10 min. Após secar as lâminas estão
prontas para a coloração com corante Schiff por 3 a 4 horas e contra-coradas com o Fast
Green. Após esta etapa de coloração, as lâminas estão prontas para serem analisadas em
microscópio em objetiva de 100 X segundo Heuser et al., 2007 com adaptações.
72

Para cada indivíduo foram analisadas 2000 células, sendo contadas 1000 células por lâminas
sendo identificadas por código seguindo o critério de contagem descrito por (Tolbert et
al.,1992).

Análise Estatística

Os programas utilizados foram Statistical Package for the Social Science (SPSS) 15.0,
BioEstat versão 5.0 e GraphPad Prism versão 5.0. Inicialmente utilizou-se o teste de
normalidade de Komogorov-Smirnov para verificar se as variáveis estão
normalmente distribuídas e os dados obtidos são paramétricos. O teste t-Student foi usado
para comparar a faixa etária entre o grupo exposto a agrotóxicos e não exposto a agrotóxicos.
O teste do Qui-Quadrado foi utilizado para comparar as frequências entre os
grupos. Realizou-se uma análise de variância (ANOVA) dos resultados de danos genéticos e a
comparação entre as médias para verificar o nível de significância foram feitas utilizando os
testes Dunnett e Tukey. A análise é significativa com p < 0,05.

4. Resultados

O perfil dos indivíduos pesquisados foi extraído do questionário de saúde pessoal aplicado
aos dois grupos. A Tabela 1 indica a comparação feita entre os grupos, sendo um grupo de 54
indivíduos expostos e 19 não expostos.
Quanto ao perfil dos indivíduos que participaram desta pesquisa, 19 (35.2%) homens do
grupo exposto fumam e 35 (64.8%) não fumam, já no grupo controle apenas 3 (15.8%)
indivíduos tem o hábito de fumar e 16 (84.2%) não, entretanto, não houve diferença estatística
para essa variável entre os grupos estudados.
Considerando o consumo de álcool, no grupo exposto 26 (48.1%) ingerem bebida alcoólica e
28 (51.9%) não ingerem. No grupo controle 7 (36.8%) ingerem bebida alcoólica e 12 (63.2%)
não ingerem. Entretanto, tanto no grupo controle como no grupo exposto há o consumo de
álcool e fumo, porém, esse fator não é significativo, mostrando que a exposição aos
agrotóxicos que influência entre um grupo e o outro.
Em relação ao uso de equipamento de proteção, 38 (70.4%) indivíduos do grupo exposto
utilizam os EPIs e 16 (29.6%) dizem não usar. A análise estatística demonstrou que esta
diferença é altamente significativa (p 0.0043).
73

Tabela - 1 - Resultado das características do grupo exposto e não exposto sobre a avaliação do risco
ocupacional de trabalhadores expostos a agrotóxicos no Município de Touros/Rio Grande do Norte. 2012

Grupo exposto Grupo não exposto P


Nº de indivíduos 54 19
Idade (anos)a 37.01 ± 11.59 37.84 ± 12.62 0,79

Hábito de fumar (Nº)

Sim 19 (35.2%) 3 (15.8%) 0,11


Não 35 (64.8%) 16 (84.2%)

Consumo de álcool (Nº)


Sim 26 (48.1%) 7 (36.8%) 0,39
Não 28 (51.9%) 12 (63.2%)

Uso de equipamentos de
proteção (Nº)
Sim 38 (70.4%) *
Não 16 (29.6%) *
(p 0.0043)
a
Média e desvio padrão

Considerando os dados oriundos das análises dos micronúcleos nas células esfoliadas
dos indivíduos expostos e não expostos, foram obtidas as seguintes frequências de MCN
(Tabela 2):
Entre o grupo exposto (3.72 ± 1.82) e o grupo não exposto (1.02 ± 1.00) os resultados
mostram uma diferença significativa na indução de micronúcleos. Os trabalhadores expostos a
agrotóxicos apresentaram uma frequência muito maior quando comparados com os indivíduos
sem esta exposição ocupacional.
74

Tabela - 2 Resultado da frequência de micronúcleo MCN do grupo exposto e do grupo não exposto a
agrotóxico (média de MCN é para 2000 células) sobre a avaliação do risco ocupacional de trabalhadores
expostos a agrotóxicos no Município de Touros/Rio Grande do Norte. 2012

Grupo Exposto Grupo não Exposto


Grupos 3.72 ± 1.82*** 1.02 ± 1.00

Consumo de álcool
Sim 3.11 ± 1.58 1.42 ± 1.39
Não 4.28 ± 1.88 0.75 ± 0.62

Fumantes
Sim 3.84 ± 1.89 1.66 ± 0.57
Não 3.65 ± 1.81 0.87 ± 1.02

Uso de equipamentos de
proteção
Sim 4.40 ± 1.89 *
Não 3.87 ± 1.72 *
Teste Tukey
*** p< 0.001

Entretanto, é importante averiguar variáveis de confusão como o álcool e o fumo, que podem
contribuir para a indução de danos genéticos. Desta forma, foram feitas análises que levaram
em consideração estes parâmetros. Com relação ao número de MCN quando comparado com
o consumo (ou não) de álcool e de fumo nos indivíduos expostos e não expostos, não houve
diferença significativa dentro dos grupos. Os que consumiam álcool no grupo dos expostos
apresentaram uma frequência de micronúcleos de 3.11 ± 1.58 e os que não consumiam
mostraram uma frequência de 4.28 ± 1.88. Comportamento semelhante foi observado entre os
indivíduos fumantes e não fumantes. Quando analisadas estas variáveis entre o grupo não
exposto, a mesma resposta foi observada, ou seja, tanto o álcool quanto o fumo não estavam
contribuindo no aumento da frequência de micronúcleos em todos os indivíduos analisados.
75

O teste de Micronúcleos em mucosa oral permite também que sejam feitas análises adicionais
quanto à estrutura nuclear. Os resultados provenientes destas análises são apresentados na
Tabela 3.

Tabela - 3 - Resultado da frequência das alterações genéticas em células dos indivíduos expostos e não
expostos a agrotóxicos no Município de Touros –RN (média das alterações são para 2.000 células).

Alterações genéticas Grupo Exposto Grupo não


(n) Exposto (n)
Cariólise 329.02 ± 99.56** 200.47 ± 63.90
Cariorrexe 48.09 ± 18.12 62.10 ± 45.41
Piquinose 3.70 ± 2.14 2.52 ± 1.21
Cromatina Condensada 45.55 ± 20.09** 28.73 ± 10.46
Broto 3.33 ±2.00 2.10 ±1.28
Célula binucleada 1.29 ±1.69* 2.78 ± 1.90
Teste Dunnett
* p<0.05
** p<0.01

O resultado proveniente destas análises aponta para um incremento significativo na frequência


de células binucleadas, cariólise e cromatina condensada em indivíduos que estão expostos
aos agrotóxicos. Embora presentes nas células tanto no grupo exposto quanto no grupo não
exposto o resultado não foi significativo para cariorrexe, piquinose e broto.

5. Discussão

O uso de agrotóxicos na agricultura mundial, em especial na brasileira, é intenso e


indiscriminado (Faria et al., 2004). Em função disso, a aplicação destes produtos gera um
impacto tanto para o ambiente quanto para a saúde, principalmente para aqueles indivíduos
que trabalham na agricultura (Bortoli, et al., 2009; Ergene et al., 2007). Um dos principais
problemas dos agrotóxicos consiste no fato de que a maior parte aplicada não atinge os
organismos-alvo, sendo carreada pelas águas das chuvas, lixiviada ou volatilizada (Braun et
al., 2012). Segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento estes
produtos representam efeitos de alta persistência no meio ambiente, com potencial de
76

deslocamento no solo podendo atingir principalmente as águas subterrâneas, além disso, são
altamente bioconcentráveis em peixes e tóxicos para microcrustáceos.
Considerando a área de estudo, o Município de Touros/RN desenvolve várias atividades
agrícolas com destaque para as culturas de abóbora, mandioca, milho, manga, coco da baia e
principalmente o cultivo do abacaxi. Em 2009, o Nordeste foi a região com maior produção
de abacaxi quando comparado com outras regiões no Brasil de acordo com Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA (2009). Foi relatado pelos produtores
rurais cerca de nove tipos de pesticidas utilizados no local. Nossos achados indicam que entre
estes produtos químicos apenas 1 é classificado como altamente perigoso ao meio ambiente -
inseticida do grupo químico piretróide. É importante destacar que este tipo de composto é
considerado pouco tóxico para o ser humano, entretanto pode apresentar um potencial de
periculosidade ambiental muito alto ao meio ambiente. O piretroide é um derivado sintético
das piretrinas. O grupo das piretrinas é considerado segundo Guidelines for Carcinogen Risk
Assessment (EPA/630/P-03/001B) - EPA (2005) como apresentando um potencial
carcinogêncio. Indica-se que uma reavaliação do mesmo deve ser feita considerando a
evolução das formulações e sua avaliação de risco já que estudos que avaliam o impacto da
exposição aos pesticidas sobre a incidência e mortalidade por câncer são muito escassos
(Chrisman et al., 2009).
Dentre os nove agrotóxicos relatados pelos produtores rurais, sendo 1 piretróide classificado
como altamente perigoso ao meio ambiente; 5 agrotóxicos foram classificados como muito
perigosos ao meio ambiente: (a) herbicida do grupo químico uréia, (b) inseticida do grupo
químico metilcarbamato de oxima, (c) inseticida do grupo químico antranilamida, (d)
fungicida do grupo químico ditiocarbamatos, (e) fungicida do grupo químico triazol, e apenas
2 tipos foram considerados como perigoso ao meio ambiente: um inseticida do grupo químico
avermectinas, e 1 fungicida do grupo químico acetamida e ditiocarbamato.
Tendo ciência do risco destes produtos químicos para a saúde dos trabalhadores, foi utilizado
o Teste de Micronúcleos em células da mucosa bucal com o objetivo de detectar e quantificar
a ação genotóxica por meio da análise da frequência de micronúcleos (MN) e outras
alterações nucleares nos agricultores que trabalham no Município de Touros/RN,
especificamente na área do Projeto Boqueirão.
A aplicação desta metodologia permitiu observar a diferença significativa na frequência de
MN do grupo exposto a agrotóxicos (3.72 ± 1.82) quando comparado com o grupo controle
(1.02 ± 1.00). Além disso, a averiguação da influência das variáveis de confusão, tais como
idade, hábito de fumar e consumo de álcool, demonstraram que o aumento detectado na
77

frequência de MN no grupo exposto é devido, provavelmente, a exposição aos defensivos


agrícolas. Da mesma forma, podemos considerar que o incremento na frequência de eventos
como a cariólise - células nas quais o núcleo é completamente ausente - cromatina
condensada e células binucleadas é devido à exposição ocupacional.
Em um recente estudo aplicando a mesma metodologia realizada pela presente pesquisa,
Benedetti et al.(2013) observaram a ocorrência de danos no DNA em trabalhadores
envolvidos com o cultivo de soja na cidade de Espumoso/RS com exposição a defensivos
agrícolas. Também detectaram um aumento na frequência de micronúcleos, brotos nucleares e
células binucleadas em comparação com os indivíduos controles. Neste estudo também foi
observada morte celular através da visualização de alterações no núcleo, como cromatina
condensada, cariorrexe e cariólise. Nenhuma associação com o uso de equipamentos de
proteção individual, sexo ou modo de aplicação de pesticidas foram observados.
Adicionalmente aos achados no estudo de Benedetti et al.(2013) também foi encontrado em
nosso estudo defensivos agrícolas do grupo dos piretroides, ditiocarbamato e triazol.
Resultados similares também foram encontrados por Bortoli et al. (2009). Nesse estudo, o
número de células com MN não foi influenciada pela idade, hábito de fumar e tempo de fumo,
mostrando que o uso de agrotóxicos usados na cultura de soja na cidade de Fortaleza dos
Valos, Rio Grande do Sul, pode estar relacionado com o aumento de células com MN nos
trabalhadores expostos. Martínez-Valenzuela et al.(2009) observaram em uma população de
agricultores em Sinaloa, México, uma diferença significativa em relação a frequência de Mn
nos indivíduos expostos do que no grupo não exposto a agrotóxicos. A análise de variância
revelou que a idade, sexo, tabagismo e álcool não teve um efeito significativo sobre o dano
genético.
Desta forma, os nossos resultados estão de acordo com pesquisas que estudam a influência do
agrotóxico em trabalhadores rurais, uma vez que relacionam a frequência aumentada de MN e
outras anormalidades nucleares com a exposição e efeitos dos defensivos agrícolas na saúde
de trabalhadores rurais. Segundo Bolognesi (2003) agrotóxicos são considerados mutagênicos
químicos potenciais: dados experimentais revelaram que vários ingredientes de agrotóxicos
possuem propriedades mutagênicas capazes de induzir mutações gênicas, alterações
cromossômicas ou danos ao DNA.
Dada à complexidade das misturas dos agrotóxicos, tempo de exposição, e a susceptibilidade
interindividual de cada individuo, os efeitos potenciais a saúde pode ser de diferentes tipos.
Fatores como idade, sexo, hábito de fumar e beber podem influenciar na frequência de MN
assim como a dieta adequada de micronutrientes (HOLLAND et al.,2008). Entretanto, no
78

presente estudo, assim como em outros relatados, essas variáveis não foram as responsáveis
pelo acréscimo na frequência de danos ao material genético dos indivíduos.
Um ponto importante a ser considerado, é a relação entre o aumento na frequência de MN e a
carcinogênese. Para Fenech et al. (2011), micronúcleos são biomarcadores de eventos
genotóxicos e de instabilidade cromossômica e ao longo das últimas décadas estes
biomarcadores têm sido aplicados na avaliação da exposição de agentes genotóxicos e
aumentos nas suas frequências estão relacionados a inúmeras injúrias a saúde, inclusive o
câncer (BONASSI et al.,2011). McDuffie et al.(2009), relatam que a história familiar positiva
de câncer e /ou a exposição ambiental a substâncias químicas agrícolas desempenham um
papel no desenvolvimento de câncer, e Kumar & Das (2009), esclarecem que os fatores
genéticos são responsáveis por cerca de 5% a 10% de todos os cânceres e o restante pode ser
atribuído a carcinógenos ambientais, como por exemplo, a exposição ocupacional a
agrotóxicos.
A partir dos resultados obtidos, fica notório que os agricultores estão aplicando os agrotóxicos
de maneira errônea e comprometendo a sua saúde. Apesar das respostas do questionário
mostrarem que 70.4% dos indivíduos declaram usar equipamento de proteção individual, o
uso é incorreto. Uma vez que os trabalhadores consideram como EPIs roupas de uso diário,
como calça, bermuda, camiseta, bota e boné. Esse panorama de má informação fomenta as
injúrias a saúde dos trabalhadores rurais.
Desta forma, profundas mudanças são necessárias para diminuir os riscos tanto para as
pessoas quanto para o ambiente. Tais medidas poderiam envolver a implantação de uma
vigilância epidemiológica, o acompanhamento dos agricultores que incluísse avaliações do
estado de saúde para evitar não somente toxicidades agudas, mas também a toxicidade crônica
que pode levar ao surgimento de neoplasias. Estas atitudes iriam proporcionar a melhoria das
condições de trabalho, assim como, a redução dos efeitos adversos sobre a saúde humana e o
meio ambiente, já que defensivos agrícolas vêm sendo usados de forma sistemática.
79

6. Referências

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Projeções do


Agronegócio 2010/2011 a 2020/2021, Assessoria De Gestão Estratégica Brasília, 2011.
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82

CONCLUSÕES GERAIS

Os resultados obtidos a partir deste estudo indicaram que os trabalhadores rurais no


Município de Touros estão vulneráveis, podendo colocar a saúde em risco devido à exposição
aos agrotóxicos utilizados. Através dos resultados do Teste de micronúcleos em mucosa bucal
foi identificada uma frequência aumentada de alterações nucleares e de micronúcleos que
pode estar relacionada à exposição por pesticidas.
Diante dos resultados apresentados, a principal contribuição desse estudo foi abrir espaço para
uma série de questões que extrapolam a realidade em números. Esta pesquisa denota a
importância da implantação de uma vigilância epidemiológica na região estudada, com
medidas sócio-educativas e com avaliações periódicas da saúde que tenham como objetivo a
melhoria das condições de trabalho, assim como, a redução dos efeitos adversos sobre a saúde
humana e ao meio ambiente no município de Touros-RN, servindo também como modelo
para outras localidades afetadas pela prática intensiva de agrotóxicos.
Além disso, este trabalho indica que a proteção ao meio ambiente e a saúde constituem um
desafio, sendo urgente o desenvolvimento de medidas de controle de compra e utilização dos
agrotóxicos com suas devidas fiscalizações. Para tanto, campanhas de incentivo para a
utilização dos Equipamentos de Proteção Individuais, por meio de palestras, oficinas, entre
outras atividades educativas, são um excelente método para a educação e consequentemente
para a proteção à saúde do homem e do meio no qual ele vive. Adicionalmente, é necessária a
criação e/ou aperfeiçoamento de ambulatórios e hospitais especializados em casos de
intoxicações por agrotóxicos para ações de prevenção, triagens e acompanhamento, para os
trabalhadores rurais e suas famílias. Contudo, além dessas ações de responsabilidades
governamentais, um grande desafio será a implementação da agricultura alternativa como
forma de possibilitar as gerações presentes e futuras uma melhor condição de saúde e
consequentemente melhor qualidade de vida.
Como contribuição direta desta dissertação, foi criado o cordel que poderá ser encaminhado
para obter registro através do ISBN, podendo ser divulgado na área de saúde, como postos de
saúde na área de estudo, assim como em outras áreas que apresentem a mesma problemática.
Esta iniciativa teve como objetivo, divulgar de forma lúdica os resultados encontrados nesta
pesquisa e ser o gatilho inicial para a tomada de medidas sócio-educativas.
83

APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO


84

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

ESCLARECIMENTOS

Este é um convite para você participar da pesquisa: O impacto do uso dos agrotóxicos na
saúde do trabalhador rural - RN, que é coordenada pela Professora Dra Viviane Souza do
Amaral, UFRN, e pela mestranda responsável Ana Flávia de Santana Resende Nagem.
Essa pesquisa procura analisar os impactos do uso dos agrotóxicos na saúde dos trabalhadores
rurais. Os agrotóxicos são substâncias que apresentam um maior número de fatores de riscos
para a saúde da população podendo causar intoxicações, e doenças, tais como o câncer.

PARTICIPAÇÃO VOLUNTÁRIA: Sua participação é voluntária, o que significa que você


poderá desistir a qualquer momento, retirando seu consentimento, sem que isso lhe traga
nenhum prejuízo ou penalidade. Caso decida aceitar o convite, você será submetido(a) ao(s)
seguinte(s) procedimento(s):

1) QUESTIONÁRIOS: Será necessário responder dois questionários: o primeiro será o


Questionário individual sobre Exposição Ocupacional e o segundo será o Questionário sobre
Saúde Pessoal, com a duração aproximada de 15 minutos.

2) COLETA DE SANGUE: Após responderem aos dois questionários, será realizada a


coleta de 5 ml de sangue por profissionais experientes da área de saúde habilitados, como
técnicos de enfermagem e enfermeiros.Os materiais utilizados para a coleta de sangue são
estéreis e descartáveis, e será realizado com medidas de segurança confiáveis, dessa forma
minimiza os riscos à saúde e as complicações decorrentes dessa atividade. Você será
informado pelo responsável pela coleta de todo o procedimento da coleta, e que poderá ou não
aparecer manchas roxas após a coleta e desmaios. Haverá um pequeno desconforto devido à
punção da veia para a retirada do sangue, com uma dor mínima e será um procedimento
rápido, por ser pouco sangue a ser coletado. Você será acomodado em uma cadeira com apoio
para o braço, para evitar o desconforto e para prevenir quedas, caso você venha a desmaiar.
Podem surgir manchas roxas no seu braço após a coleta, mas medidas serão feitas para
minimizá-las, por exemplo; após a retirada da agulha o responsável pela coleta irá exercer
pressão no local, em geral, de 1 a 2 minutos com algodão ou gaze seco, após esse tempo você
será orientado a fazer pressão até que o orifício pare de sangrar. Você será orientado a não
dobrar o braço, não carregar peso ou bolsa a tiracolo e não manter a manga dobrada no
mesmo lado do braço de onde retirou o sangue por no mínimo 1 hora evitando-se assim, a
formação de hematomas, que são manchas roxas e possível sangramento. Após a coleta, a
responsável irá observar se você está em condições de se locomover sozinho e então você
poderá sair da cadeira.
3) COLETA DAS CÉLULAS DA MUCOSA ORAL: O procedimento para coletar uma
pequena quantidade de células da mucosa oral é um procedimento indolor, não invasivo e
rápido. Sendo realizado com uma leve fricção com uma escova de cerdas macias apropriada,
estéril, descartáveis e com o uso de luvas descartáveis para cada coleta. Esse procedimento
85

não agride a sua mucosa oral, não sangra e não oferece nenhum prejuízo para a sua saúde. Os
riscos envolvidos e o incomodo da coleta são considerados mínimos. A partir do sangue
coletado as análises serão realizadas no laboratório na UFRN para detectar se há alguma
alteração sanguínea e as CÉLULAS DA MUCOSA ORAL também serão analisadas no
laboratório para ver se há algum defeito nas células.
O sangue e as células da mucosa oral, uma vez coletadas, serão transportadas logo após a
coleta com os devidos cuidados de medidas de segurança para a Universidade Federal do Rio
Grande do Norte - UFRN direto para o laboratório onde serão realizadas as análises. Dessa
forma, as medidas de segurança visam proteger o coletor e o doador de qualquer possibilidade
de contaminação.

BENEFÍCIOS: A sua participação é muito importante, pois os dados coletados através dos
questionários e dos testes ajudarão a compreender os efeitos do uso dos agrotóxicos sobre a
saúde. Pretende-se realizar uma palestra para promover uma divulgação da correta
manipulação, uso dos equipamentos de proteção individual, assim como o descarte das
embalagens. Espera-se que essa ação promova conhecimentos e informações sobre a proteção
da sua saúde, contribuindo para a melhoria nas condições de trabalho e uma melhor condição
de vida. Dessa forma, projetos futuros poderão ser implantados levando em conta as
necessidades locais analisadas através dessa pesquisa.

CONFIDENCIALIDADE E SIGILO: Todos os dados obtidos neste estudo serão mantidos


em sigilo e não serão disponibilizados para terceiros nem utilizados para outros fins que não
os da pesquisa, sem a sua aprovação. A sua identificação não será revelada e os resultados
serão relatados de forma resumida sem citar nomes. Essas medidas e cuidados evitam
qualquer tipo de situação de discriminação. Informação quanto a medidas de proteção de
dados individuais, resultados de exames e testes, bem como as fichas contendo suas
informações, somente será acessível aos pesquisadores envolvidos e não será permitido o
acesso a terceiros. Os dados serão guardados em local seguro. Se você tiver algum gasto que
seja devido à sua participação na pesquisa, você será ressarcido, caso solicite. Em qualquer
momento, se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta pesquisa, você terá
direito a indenização. Você ficará com uma cópia deste Termo e toda a dúvida que você tiver
a respeito desta pesquisa, poderá perguntar diretamente para a responsável pela pesquisa Ana
Flávia de Santana Resende Nagem, pelo telefone 9968-0518 ou pelo email
aflaviasr@yahoo.com.br
Dúvidas a respeito da ética dessa pesquisa poderão ser questionadas ao Comitê de Ética em
Pesquisa da UFRN no endereço Campus Universitário, Av. Senador Salgado Filho, s/n,
bairro: Lagoa Nova, Natal, 59078-970, e-mail cepufrn@reitoria.ufrn.br ou pelo telefone: (84)
3215-3135.

As amostras de material biológico (sangue) que não forem utilizadas nessa pesquisa serão
armazenados em no máximo 5 (cinco) anos na UFRN, para ser utilizadas em pesquisas futuras
na qual poderá analisar a diferença de sensibilidade como cada indivíduo se comporta em
relação a exposição aos agrotóxicos. Neste caso, assinando esse termo você também estará
autorizando a armazenagem das amostras para uso do material em futuros projetos. Essas
futuras pesquisas serão novamente aprovadas pelo CEP e, quando for o caso, pela CONEP, e
o(a) senhor(a) será consultado para dizer se permite ou não a utilização do seu sangue.

CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO: Declaro que compreendi os objetivos


desta pesquisa, como ela será realizada, os riscos e benefícios envolvidos, autorizo o
armazenamento do meu sangue e concordo em participar voluntariamente da pesquisa: O
impacto do uso dos agrotóxicos na saúde do trabalhador rural – RN.
86

Participante da pesquisa:
Nome:
Assinatura:

Pesquisador responsável:
Nome: Ana Flávia de Santana Resende Nagem
Assinatura_______________________________________

Cidade:_________________________, Data:___________________

Endereço profissional: Campus Universitário, Av. Senador Salgado Filho, s/n, bairro: Lagoa
Nova, Natal, 59078-970 fone 9968-05 18
Comitê de ética e Pesquisa: Campus Universitário, Av. Senador Salgado Filho, s/n, bairro:
Lagoa Nova, Natal, 59078-970, e-mail cepufrn@reitoria.ufrn.br ou pelo telefone: (84) 3215-
3135.
87

APENCIDE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO GRUPO


CONTROLE
88

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

ESCLARECIMENTOS

Este é um convite para você participar da pesquisa: O impacto do uso dos


agrotóxicos na saúde do trabalhador rural - RN que é coordenada pela Professora
Dra Viviane Souza do Amaral, UFRN, e pela mestranda responsável Ana Flávia de
Santana Resende Nagem.

Você fará parte da pesquisa apenas como GRUPO CONTROLE. Os dados obtidos
através das análises da coleta de células da mucosa oral e dos questionários serão
utilizados somente estatisticamente para a comparação com outros grupos de
indivíduos que estão em contato com a pulverização de agrotóxicos para evitar erros
estatísticos. Os dados do GRUPO CONTROLE serão utilizados para julgar os
resultados; só servem de parâmetro.

PARTICIPAÇÃO VOLUNTÁRIA: Sua participação é voluntária, o que significa que


você poderá desistir a qualquer momento, retirando seu consentimento, sem que
isso lhe traga nenhum prejuízo ou penalidade.
Caso decida aceitar o convite, você será submetido (a) ao(s) seguinte (s)
procedimentos:

1) QUESTIONÁRIOS: Será necessário responder dois questionários: o primeiro será


o Questionário individual sobre Exposição Ocupacional e o segundo será o
Questionário sobre Saúde Pessoal, com a duração aproximada de 15 min.

2)COLETA DAS CÉLULAS DA MUCOSA ORAL: O procedimento para coletar uma


pequena quantidade de células da mucosa oral é um procedimento indolor, não
invasivo e rápido. Sendo realizado com uma leve fricção com uma escova de cerdas
macias apropriada, estéril, descartáveis e com o uso de luvas descartáveis para
cada coleta. Esse procedimento não agredi a sua mucosa oral, não sangra e não
oferece nenhum prejuízo para a sua saúde. Os riscos envolvidos e o incomodo da
coleta são considerados mínimos. As CÉLULAS DA MUCOSA ORAL serão
analisadas no laboratório para ver se há algum defeito nas células.
As células da mucosa oral uma vez coletadas serão transportados após a coleta
com os devidos cuidados de medidas de segurança para a Universidade Federal do
Rio Grande do Norte - UFRN direto para o laboratório onde serão realizadas as
análises. Dessa forma as medidas de segurança visam proteger o coletor e o doador
de qualquer possibilidade de contaminação.

BENEFÍCIOS: A sua participação como GRUPO CONTROLE é muito importante,


pois os dados do resultado do teste das células de mucosa oral contribuirão
89

estatisticamente utilizando como comparação com outros grupos de indivíduos que


estão em contato com a pulverização de agrotóxicos.

CONFIDENCIALIDADE E SIGILO: Todos os dados, nomes obtidos neste estudo


serão mantidos em sigilo e não serão disponibilizados para terceiros nem utilizados
para outros fins que não os da pesquisa, sem a sua aprovação. Informação quanto a
medidas de proteção de dados individuais, suas informações, somente serão
acessíveis aos pesquisadores envolvidos e não será permitido o acesso a terceiros.
Os dados serão guardados em local seguro, isso evita qualquer tipo de situação de
discriminação.
Se você tiver algum gasto que seja devido à sua participação na pesquisa, você será
ressarcido, caso solicite. Em qualquer momento, se você sofrer algum dano
comprovadamente decorrente desta pesquisa, você terá direito a indenização. Você
ficará com uma cópia deste Termo e toda a dúvida que você tiver a respeito desta
pesquisa, poderá perguntar diretamente para a responsável pela pesquisa Ana
Flávia de Santana Resende Nagem, pelo telefone 9968-0518 ou pelo email
aflaviasr@yahoo.com.br
Dúvidas a respeito da ética dessa pesquisa poderão ser questionadas ao Comitê de
Ética em Pesquisa da UFRN no endereço Campus Universitário, Av. Senador
Salgado Filho, s/n, bairro: Lagoa Nova, Natal, 59078-970, e-mail
cepufrn@reitoria.ufrn.br ou pelo telefone: (84) 3215-3135.

CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO: Declaro que compreendi os objetivos


desta pesquisa, como ela será realizada, os riscos e benefícios envolvidos, e
concordo em participar voluntariamente como GRUPO CONTROLE da pesquisa: O
impacto do uso dos agrotóxicos na saúde do trabalhador rural – RN.

Participante da pesquisa:
Nome:
Assinatura:

Pesquisador responsável:
Nome: Ana Flávia de Santana Resende Nagem
Assinatura_______________________________________

Cidade:_________________________, Data:___________________

Endereço profissional: Campus Universitário, Av. Senador Salgado Filho, s/n, bairro:
Lagoa Nova, Natal, 59078-970 fone 9968-05 18
Comitê de ética e Pesquisa: Campus Universitário, Av. Senador Salgado Filho, s/n,
bairro: Lagoa Nova, Natal, 59078-970, e-mail cepufrn@reitoria.ufrn.br ou pelo
telefone: (84) 3215-3135.
90

APENCIDE C - CORDEL
91

A PESQUISA É SALUTAR, QUANDO A SAÚDE É BEM VISTA,


E O PESQUISADOR SE ACHAR UM VERDADEIRO HUMANISTA.

Sessenta homens valentes


Marcos Medeiros Vieram a ser inqueridos
Natal, 28/11/2012 Quase todos com família,
A maioria maridos,
Na pesquisa motivada
Pesquisadora adentrou Sujeitos à chuva e sol
No Rio Grande do Norte, E ao veneno submetidos.
Por quilômetros viajou,
Investigou dano forte Dos vinte aos cinquenta e nove
Que o agrotóxico causou. A faixa etária estudada
Para compor uma amostra
No município de Touros Muito bem representada
Bem lá na zona rural Corresponde aos camponeses
Lotes foram escolhidos Trazidos nessa jornada.
Pelo fazer laboral
Sendo assim trabalhadores Plantando batata-doce
Pesquisados afinal. Jerimum e macaxeira,
O melão e a melancia
Gente simples, camponeses, Para vender lá na feira,
Na verdade agricultores Abacaxi bem docinho
Foram sendo entrevistados E o feijão de primeira.
Para saber dos rigores
Da lida de todo dia No seu trabalho diário
da dimensão das suas dores Vivendo de capinar
Tirar toco, com enxada,
De cada um foi colhida Para poder semear,
Amostra pra estudo igual É trabalhador que vem
De células da bochecha depressa pulverizar.
Bem da mucosa bucal
Para ver se micronúcleos O agrotóxico aplicado
Davam mostras de algum mal Como é de conhecimento
Tem o resíduo que espalha
Sendo de base genética, E é trazido com o vento
De efeitos cromossômicos, De volta ao trabalhador
Será possível aluir Que absorve sem intento.
Complicadores genômicos
Afetando caracteres Esse maldito veneno
Sexuais e autossômicos Entra na boca e narinas
Podendo ser mutagênico
Também foram perguntados E outras coisas malinas,
Sobre a carne semanal Causando muitas doenças,
E o matuto diz: três vezes Pondo a saúde em ruínas.
Ela está no ritual
Mas só de um a dois dias Algumas dessas mazelas
O peixe é que é normal. Mais comuns no cidadão
São visão dupla ou embaçada,
92

Tonturas e distração, Que, tendo um mal já citado,


Transpiração excessiva, O camponês procurasse
Picos de hipertensão. Doutor pra ser medicado
E desse modo tratasse
Até perda de apetite Antes de prejudicado.
Foi, por demais, sugerida,
Mas isso deixou o matuto Com as respostas colhidas
Com a mente bem confundida: Dos camponeses sondados,
Como posso ter fastio Eis que no laboratório
Se eu como pouco por vida? Vão ser testados seus dados,
Para dizer se afinal
Nessa horinha quem aplica Poderão ser publicados.
A pergunta faz limite
Tentando esclarecer Depois de ser tabuladas
Que a falta de apetite Aquelas informações
Não tem a ver com fartura, Por testes serão testadas
Embora ele acredite. Várias associações
Entre danos cromossômicos
Fadiga se faz comum, E “micronucleações”
Dores nos membros também,
Isso é coisa revelada Assim a pesquisadora
Que não agrada a ninguém, Poderá vir publicar
O perigo é afastar Fruto da sua pesquisa
O camponês do seu bem. Nessa terra potiguar
Pra outros agricultores
Por isso é recomendado Vir a poder ajudar
Trocar de roupa lá fora
Lavar bem longe de casa Eu, aqui, da minha mesa,
Preservando a quem lá mora De humilde cordelista,
E só depois de banhado Quero parabenizar
É que esse homem namora. E emitir ponto de vista
Que quem faz dessa pesquisa
Pra proteger a família É muito mais cientista.
De uma contaminação
Por causa do pesticida Digo mais que essa pessoa
Fez-se a recomendação É deveras altruísta
Para fechar toda a casa Pois dedicou muito tempo
No ato da aplicação. Da sua vida em revista
Da saúde no trabalho
Também lá se aconselhou Teve senso de humanista.
93

ANEXO A – AGROTÓXICOS FORMULADOS ESPECÍFICOS PARA CULTURA DE


ABACAXI.
94

Marca Nr. Ingrediente Ativo(Grupo


Titular de Registro
Comercial Registro Químico)
Actara 10SYNGENTA PROTEÇÃO DE
3200 tiametoxam (neonicotinóide)
GR CULTIVOS LTDA.
Actara 250SYNGENTA PROTEÇÃO DE
10098 tiametoxam (neonicotinóide)
WG CULTIVOS LTDA.
Aliette BAYER S.A. São Paulo/ SP 108700 fosetil (fosfonato)
MILENIA AGROCIÊNCIAS S.A. -
Ametrex WG 16308 ametrina (triazina)
Londrina
FMC QUÍMICA DO BRASIL LTDA -
Boral 500 SC 7495 sulfentrazona (triazolona)
Campinas
Bulldock 125
BAYER S.A. São Paulo/ SP 1192 beta-ciflutrina (piretróide)
SC
LANXESS - INDÚSTRIA DE
Cention SC PRODUTOS QUÍMICOS E688304 diurom (uréia)
PLÁSTICOS LTDA
Cercobin 700IHARABRAS S.A. INDÚSTRIA tiofanato-metílico (benzimidazol
1248399
WP QUÍMICAS (precursor de))
Constant BAYER S.A. São Paulo/ SP 9299 tebuconazol (triazol)
Decis 25 EC BAYER S.A. São Paulo/ SP 758498 deltametrina (piretróide)
SUMITOMO CHEMICAL DO
Dipel WP 858901 Bacillus thuringiensis (biológico)
BRASIL REPRES. LTDA.
Direx 500MILENIA AGROCIÊNCIAS S.A. -
388703 diurom (uréia)
SC Londrina
Diuron
NORTOX S.A. 988692 diurom (uréia)
Nortox
Diuron 500MILENIA AGROCIÊNCIAS S.A. -
408905 diurom (uréia)
SC Milenia Londrina
Dominador BAYER S.A. São Paulo/ SP 418893 deltametrina (piretróide)
Elite BAYER S.A. São Paulo/ SP 10499 tebuconazol (triazol)
Ethrel BAYER S.A. São Paulo/ SP 993 etefom (etileno (precursor de))
Ethrel 720 BAYER S.A. São Paulo/ SP 3292 etefom (etileno (precursor de))
Evidence BAYER S.A. São Paulo/ SP 6294 imidacloprido (neonicotinóide)
95

700 WG
Explorer 500FMC QUÍMICA DO BRASIL LTDA -
5407 sulfentrazona (triazolona)
SC Campinas
Folicur 200
BAYER S.A. São Paulo/ SP 2895 tebuconazol (triazol)
EC
SYNGENTA PROTEÇÃO DE diurom (uréia) + Dicloreto de
Gramocil 1248498
CULTIVOS LTDA. paraquate (bipiridílio)
Herbipak MILENIA AGROCIÊNCIAS S.A. -
16208 ametrina (triazina)
WG Londrina
MILENIA AGROCIÊNCIAS S.A. -
Karmex 11989 diurom (uréia)
Londrina
MILENIA AGROCIÊNCIAS S.A. -
Karmex 800 408303 diurom (uréia)
Londrina
Kohinor 200MILENIA AGROCIÊNCIAS S.A. -
8998 imidacloprido (neonicotinóide)
SC Londrina
bromacila (uracila) + diurom
Krovar DU PONT DO BRASIL S.A. - Barueri 938900
(uréia)
ARYSTA LIFESCIENCE DO
Orthocide
BRASIL INDÚSTRIA QUÍMICA E198608 captana (dicarboximida)
500
AGROPECUÁRIA
NUFARM INDÚSTRIA QUÍMICA E
Rival 200 EC 6203 tebuconazol (triazol)
FARMACÊUTICA S.A.
Sevin 480 carbaril (metilcarbamato de
BAYER S.A. São Paulo/ SP 918600
SC naftila)
Sevin 850 carbaril (metilcarbamato de
BAYER S.A. São Paulo/ SP 158603
WP naftila)
SYNGENTA PROTEÇÃO DE
Tecto SC 8396 tiabendazol (benzimidazol)
CULTIVOS LTDA.
IHARABRAS S.A. INDÚSTRIA tiofanato-metílico (benzimidazol
TOPSIN 700 8711
QUÍMICAS (precursor de))
Triade BAYER S.A. São Paulo/ SP 2600 tebuconazol (triazol)
IHARABRAS S.A. INDÚSTRIA tiofanato-metílico (benzimidazol
Viper 700 5608
QUÍMICAS (precursor de))
Warrant BAYER S.A. São Paulo/ SP 8398 imidacloprido (neonicotinóide)
96

Fonte: AGROFIT (2012)


97

ANEXO B - GRUPOS QUÍMICOS E MODO DE AÇÃO NOS QUAIS PERTENCEM


OS AGROTÓXICOS.
98

Finalidade Grupo Químico Modo de Ação


Organofosforados Inibidores de enzimas
Inseticidas Derivados do ácido fosfórico, do colinesterases, especialmente
ácido tiofosfórico ou do ácido acetilcolinesterase
ditofosfórico
Carbonatos São inibidores reversíveis das
Derivados do ácido carbâmico colinesterases
Organoclorados Estimulante do sistema nervoso
A base de carbono, com radicais de central (em altas doses são
cloro. São derivados do indutores das enzimas
clorobenzeno, do ciclo-hexano ou microssômicas hepáticas) e
do ciclodieno podem ser armazenados no
tecido adiposo
Piretróides Sintéticos Estimulante do sistema nervoso
Apresentam estrutura semelhantes à central, em doses altas pode
piretrina produzir lesões duradouras ou
permanentes no sistema nervoso
periférico
Fungicidas Etileno-bis-ditiocarbamatos - compostos que contém
Alguns desses compostos contêm manganês pela ação no sistema
manganês, outros contêm etileno- nervoso central pode ocasionar
etiluréia (ETU) parkinsonismo
- e os compostos que contém
(ETU) pode ocasionar efeitos
carcinogênicos
(adenocarcinoma de tireóide),
teratogênicos e mutagênicos em
animais de laboratório
Trifenil estânico Em provas experimentais este
promove uma redução dos
anticorpos circulantes em varias
espécies de animais
Captan Observado efeito teratogênico
99

(má formação fetal) em animais


de laboratório
Hexaclorobenzeno Lesões de pele e porfiria cutânea
tardia (patologia grave)
Herbicidas Dipiridilos - Paraguat Irritação grave das mucosas,
alterações proliferativas e
irreversíveis no epitélio
pulmonar,lesões hepáticas,renais
e fibrose pulmonar irreversível
Glifosato Irritantes de mucosas e causa
problemas dermatológicos
Pentaclorofenol Estimulam o metabolismo, com
hipertermia,que pode se tornar
irreversível
Derivados do ácido fenoxiacético Lesões degenerativas, hepáticas
a renais (em altas doses)
Dinitrofenóis Estimulam o metabolismo, com
hipertermia,que pode se tornar
irreversível

Fumigantes Brometo de metila Causa edema pulmonar,


Irritantes de mucosas pneumonite química,
insuficiência circulatória e
perfurações neuropsicológicas,
como psicoses e tremores
Fosfina Causa lesões herpéticas, por
Irritantes de mucosas alterações no metabolismo dos
carboidratos, lipídios e proteínas.
Raticidas São anticoagulantes, inibindo a
Derivados da cumaria e indantona formação da protombina,
promovendo hemorragias em
diversos órgãos
Fonte: Manual de Vigilância da Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos OPAS/OMS
1997
100

ANEXO C - MAPA DO PROJETO BOQUEIRÃO


101

Fonte: Imagem fornecida pela Secretaria de Estado de Assuntos Fundiários e de Apoio à


Reforma Agrária (SEARA) em julho de 2012, evidenciando a área que corresponde ao
Projeto do Boqueirão. Local da área de estudo sobre a avaliação do risco ocupacional de
trabalhadores expostos a agrotóxicos no Município de Touros/Rio Grande do Norte. 2012
102

ANEXO D – PARECER DE APROVAÇÃO DA PESQUISA NO COMITÊ DE ÉTICA


DA UFRN.
103
104
105

ANEXO E - QUESTIONÁRIO DE SAÚDE PESSOAL


106
107
108
109
110
111
112
113
114

ANEXO F - DADOS DE INTERNAÇÃO HOSPITALAR – NEOPLASIAS


115

MOVIMENTO DE AIH - NEOPLASIAS (TUMORES) INTERNAÇÃO HOSPITALAR


FREQÜÊNCIA POR ANO PROCESSAMENTO SEGUNDO DIAG CID10 (CATEG)
Diag CID10 (categ) 2010 2011 2012 Total
C00 Neopl malig do labio 0 1 1 2
C01 Neopl malig da base da lingua 0 1 1 2
C02 Neopl malig outr partes e NE da lingua 0 0 1 1
C04 Neopl malig do assoalho da boca 0 1 0 1
C06 Neopl malig outr partes e partes NE da boca 0 1 0 1
C13 Neopl malig da hipofaringe 0 1 0 1
C15 Neopl malig do esofago 1 2 0 3
C16 Neopl malig do estomago 3 3 0 6
C18 Neopl malig do colon 1 1 0 2
C20 Neopl malig do reto 1 3 0 4
C22 Neopl malig figado vias biliares intra-hepat 1 0 0 1
C24 Neopl malig outr partes e NE vias biliares 1 0 0 1
C32 Neopl malig da laringe 4 2 0 6
C34 Neopl malig dos bronquios e dos pulmoes 1 0 0 1
C40 Neopl malig ossos/cartilag artic membros 0 1 0 1
C41 Neopl malig ossos/cartil artic outr loc e NE 1 0 0 1
C43 Melanoma malig da pele 1 1 1 3
C44 Outr neopl malig da pele 2 2 2 6
C48 Neopl malig tec moles retro- e peritonio 1 0 0 1
C49 Neopl malig tec conjuntivo e outr tec moles 1 2 3 6
C50 Neopl malig da mama 2 2 0 4
C53 Neopl malig do colo do utero 9 0 1 10
C56 Neopl malig do ovario 0 2 0 2
C57 Neopl malig outr org genitais femin e NE 3 4 0 7
C60 Neopl malig do penis 2 1 0 3
C61 Neopl malig da prostata 1 1 0 2
C67 Neopl malig da bexiga 0 1 0 1
C69 Neopl malig do olho e anexos 0 0 1 1
C71 Neopl malig do encefalo 1 0 0 1
116

C73 Neopl malig da gland tireoide 3 1 0 4


C74 Neopl malig da gland supra-renal 1 0 1 2
C76 Neopl malig outr localiz e mal definidas 0 1 0 1
C77 Neopl malig secund e NE gangl linfaticos 4 0 1 5
C80 Neopl malig s/especificacao de localiz 1 0 0 1
C81 Doenc de Hodgkin 3 1 0 4
C83 Linfoma nao-Hodgkin difuso 1 4 0 5
C90 Mieloma mult e neopl malig de plasmocitos 0 1 0 1
C91 Leucemia linfoide 1 1 1 3
C92 Leucemia mieloide 0 4 0 4
C95 Leucemia de tipo celular NE 0 1 0 1
D11 Neopl benig de gland salivares maiores 1 0 1 2
D13 Neopl benig outr part e mal def ap digestivo 0 1 0 1
D16 Neopl benig de osso e cartilagem articular 1 1 0 2
D18 Hemangioma e linfangioma de qualquer localiz 5 6 3 14
D23 Outr neopl benig da pele 2 0 0 2
D25 Leiomioma do utero 18 9 1 28
D26 Outr neopl benig do utero 5 3 0 8
D29 Neopl benig dos orgaos genitais masc 2 0 0 2
D31 Neopl benig do olho e anexos 0 1 0 1
D32 Neopl benig das meninges 0 1 0 1
D33 Neopl benig encef e out part sist nerv centr 0 1 1 2
D34 Neopl benig da gland tireoide 2 1 0 3
D35 Neopl benig de outr gland endocrinas e NE 1 0 0 1
D38 Neopl comp inc/desc ouv med org resp intrat 0 1 0 1
D39 Neopl comp incerto/desconh org genitais fem 1 0 0 1
D40 Neopl comp incerto/desconh org genitais masc 2 3 0 5
D41 Neopl comp incerto/desconh orgaos urinarios 0 1 0 1
D43 Neopl comp inc/desc encefalo sist nerv centr 1 0 0 1
D46 Sindr mielodisplasicas 1 0 0 1
D48 Neopl comp inc/desconh outr localiz e NE 1 3 1 5
Total 94 79 21 194
117

Movimento de AIH - INTERNAÇÃO NEOPLASIAS


Freqüência por Ano processamento segundo Diag CID10 (grupo)
Diag CID10 (grupo) 2010 2011 2012 Total
Neoplasias malignas 51 47 14 112
. Neoplasias malignas de localizações especificada 28 18 9 55
. Neopl malig local mal def, secund e local n espe 5 6 4 15
. Neopl malig tecido linfát hematopoét e correlato 13 21 1 35
. Neopl malig local múltiplas independentes (prim) 5 2 0 7
... Neopl malig dos ossos e cartilagens articulare 1 1 0 2
... Melanoma e outras(os) neoplasias malignas da p 3 3 3 9
... Neopl malig do tecido mesotelial e tecidos mol 2 2 3 7
... Neoplasias malignas da mama 2 2 0 4
... Neoplasias malignas dos órgãos genitais femini 12 6 1 19
... Neoplasias malignas dos órgãos genitais mascul 3 2 0 5
... Neoplasias malignas do trato urinário 0 1 0 1
... Neopl malig olhos encéf outr part sist nerv ce 1 0 1 2
... Neopl malig tireóide e outras glândulas endócr 4 1 1 6
Neoplasias [tumores] benignas(os) 37 24 6 67
Neopl de comportamento incerto ou desconhecido 6 8 1 15
Total 94 79 21 194

Movimento de AIH - INTERNAÇÃO ÓBITOS


Óbitos por Ano processamento segundo Diag CID10 (categ)
Diag CID10 (categ) 2010 2011 2012 Total
C16 Neopl malig do estomago 1 1 0 2
C32 Neopl malig da laringe 0 1 0 1
C34 Neopl malig dos bronquios e dos pulmoes 1 0 0 1
C50 Neopl malig da mama 1 0 0 1
C74 Neopl malig da gland supra-renal 0 0 1 1
C80 Neopl malig s/especificacao de localiz 1 0 0 1
C81 Doenc de Hodgkin 0 1 0 1
C83 Linfoma nao-Hodgkin difuso 0 1 0 1
118

C90 Mieloma mult e neopl malig de plasmocitos 0 1 0 1


D48 Neopl comp inc/desconh outr localiz e NE 0 1 0 1
Total 4 6 1 11
Fonte : datasus\ms\sesap\tabwin

Dados de internação hospitalar , Doenças do aparelho respiratório


Movimento de AIH - Doenças do aparelho respiratório
Freqüência por Ano processamento segundo Diag CID10 (categ)
Diag CID10 (categ) 2010 2011 2012 Total
J04 Laringite e traqueite agudas 2 0 0 2
J06 Infecc agudas vias aereas super loc mult NE 2 4 0 6
J12 Pneumonia viral NCOP 0 1 1 2
J15 Pneumonia bacter NCOP 17 19 5 41
J18 Pneumonia p/microorg NE 51 34 7 92
J21 Bronquiolite aguda 2 2 1 5
J32 Sinusite cronica 0 0 1 1
J34 Outr transt do nariz e dos seios paranasais 1 0 1 2
J35 Doenc cronicas das amigdalas e das adenoides 16 9 6 31
J38 Doenc das cordas vocais e da laringe NCOP 3 2 0 5
J39 Outr doenc das vias aereas super 1 0 0 1
J40 Bronquite NE como aguda ou cronica 0 1 0 1
J44 Outr doenc pulmonares obstrutivas cronicas 5 3 0 8
J45 Asma 7 8 2 17
J69 Pneumonite dev solidos e liquidos 1 0 0 1
J81 Edema pulmonar NE de outr form 1 0 0 1
J85 Abscesso do pulmao e do mediastino 0 2 0 2
J90 Derrame pleural NCOP 1 4 0 5
J93 Pneumotorax 0 1 0 1
J94 Outr afeccoes pleurais 3 0 1 4
J95 Afeccoes respirat pos-proced NCOP 1 1 0 2
J96 Insuf respirat NCOP 2 6 0 8
Total 116 97 25 238
119

Movimento de AIH - INTERNAÇÃO HOSPITALAR


Freqüência por Ano processamento segundo Diag CID10 (categ)
Diag CID10 (categ) 2010 2011 2012 Total
J04 Laringite e traqueite agudas 2 0 0 2
J06 Infecc agudas vias aereas super loc mult NE 2 4 0 6
J12 Pneumonia viral NCOP 0 1 1 2
J15 Pneumonia bacter NCOP 17 19 5 41
J18 Pneumonia p/microorg NE 51 34 7 92
J21 Bronquiolite aguda 2 2 1 5
J32 Sinusite cronica 0 0 1 1
J34 Outr transt do nariz e dos seios paranasais 1 0 1 2
J35 Doenc cronicas das amigdalas e das adenoides 16 9 6 31
J38 Doenc das cordas vocais e da laringe NCOP 3 2 0 5
J39 Outr doenc das vias aereas super 1 0 0 1
J40 Bronquite NE como aguda ou cronica 0 1 0 1
J44 Outr doenc pulmonares obstrutivas cronicas 5 3 0 8
J45 Asma 7 8 2 17
J69 Pneumonite dev solidos e liquidos 1 0 0 1
J81 Edema pulmonar NE de outr form 1 0 0 1
J85 Abscesso do pulmao e do mediastino 0 2 0 2
J90 Derrame pleural NCOP 1 4 0 5
J93 Pneumotorax 0 1 0 1
J94 Outr afeccoes pleurais 3 0 1 4
J95 Afeccoes respirat pos-proced NCOP 1 1 0 2
J96 Insuf respirat NCOP 2 6 0 8
Total 116 97 25 238

Movimento de AIH - ÓBITOS


Óbitos por Ano processamento segundo Diag CID10 (categ)
Diag CID10 (categ) 2010 2011 Total
J12 Pneumonia viral NCOP 0 1 1
J15 Pneumonia bacter NCOP 0 2 2
J18 Pneumonia p/microorg NE 2 1 3
120

J38 Doenc das cordas vocais e da laringe NCOP 1 1 2


J44 Outr doenc pulmonares obstrutivas cronicas 1 0 1
J69 Pneumonite dev solidos e liquidos 1 0 1
J94 Outr afeccoes pleurais 1 0 1
J96 Insuf respirat NCOP 0 1 1
Total 6 6 12
Fonte : datasus\ms\sesap\tabwin

Dados referentes a malformações congênitas e anomalias cromossômicas


Movimento de AIH - XVII.Malf cong deformid e anomalias cromossômicas
Freqüência por Ano processamento segundo Diag CID10 (categ) touros
Diag CID10 (categ) 2010 2011 2012 Total
Q17 Outras malformacoes congen da orelha 0 1 0 1
Q18 Outr malformacoes congen da face e pescoco 1 0 0 1
Q22 Malform congen valvas pulmonar tricuspide 0 2 0 2
Q23 Malformacoes congen valvas aortica e mitral 0 1 0 1
Q28 Outr malform congen aparelho circulatorio 0 1 0 1
Q35 Fenda palatina 2 0 0 2
Q37 Fenda labial c/fenda palatina 1 0 0 1
Q40 Outr malform congen trato digestivo super 1 0 0 1
Q52 Outr malformacoes congen org genitais femin 1 0 0 1
Q53 Testiculo nao-descido 4 1 0 5
Q54 Hipospadias 1 1 0 2
Q66 Deform congen do pe 1 2 1 4
Q70 Sindactilia 1 1 0 2
Q89 Outr malformacoes congen NCOP 2 2 1 5
Total 15 12 2 29
Fonte : datasus\ms\sesap\tabwin
121

ANEXO G - NORMAS DA REVISTA PARA PUBLICAÇÃO DO CAPÍTULO 1


122
123
124
125
126

ANEXO H - NORMAS DA REVISTA PARA PUBLICAÇÃO DO CAPÍTULO 2


127

INSTRUCTIONS TO AUTHORS

SUBMISSION OF PAPERS

There is a publication charge for manuscripts once they are accepted. For price information, exemptions
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Carlos C. F. Menck, Editor-in-Chief, Genetics and Molecular Biology

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process.
• Entering the following metadata is required: (i) the manuscript title, (ii) a short running title
(max. 35 characters), (iii) the Abstract, and (iv) up to five keywords. All these items must be
exactly the same as those figuring in the first two pages of the manuscript file. Furthermore, a
cover letter addressed to the Editor is required. It must be edited by the corresponding author
inserted within the reserved data field.
• Statements are required informing that the data have not been published and are not under
consideration elsewhere, and that all authors have approved the submission of the manuscript.
Furthermore, possible conflicts of interest (e.g. due to funding, consultancies) must also be
disclosed.
• The names of all co-authors, including institutional affiliations and e-mail addresses must be
entered, as contact information for the Editorial Office.
• In the referee suggestions field, up to five reviewer names can be entered by the author(s);
valid e-mail contact addresses for these are required, in case they are selected by the editor.
These suggestions can be made separately as preferred and not-preferred reviewer(s).
• Files must be uploaded separately and identified according to file types. The main text file must
include references and, if applicaple, figure legends, which must be typed on a separate page
following the References and Internet Resources sections. Each table, figure and element
containing supplementary material must be saved and uploaded in a separate file. Formats for
text and tables are Word or RTF in Windows platform. Figures should be in TIFF or JPEG formats
(see detailed instructions in 3.1.h).
• Manuscripts including photos or any other identifiable data of human subjects must be
accompanied by a copy of the signed consent by the individual or his/her guardian.

Failure to adhere to these guidelines can delay the handling of your contribution and manuscripts may be
returned before being reviewed.
Special attention should be given to the structuring of the manuscript and correct language usage. These
are important factors in the smooth running of the editorial and peer-review process, and can result in
faster publication.
128

3. Categories of Contribution

3.1. Research Articles


Manuscripts must be written in English in double-spaced, 12-point type throughout; marked with
consecutive line and page numbers, beginning with the cover page.
The following elements must start on a new page and be ordered as they are listed below:

a) The title page must contain: a concise and informative title; the authors’ names (first name at full
length); the authors’ institutional affiliation, including department, institution, city, state or province, and
country; different affiliations indicated with superscript Arabic numbers; a short running title of up to 35
characters (including spaces); up to five key words; the corresponding author’s name, full postal, and
email address.

b) The Abstract must be a single paragraph that does not exceed 200 words and summarizes the main
results and conclusions of the study. It should not contain references.

c) The text must be as succinct as possible. Text citations: articles should be referred to by authors’
surnames and date of publication; citations with two authors must include both names; in citations with
three or more authors, name the first author and use et al. List two or more references in the same
citation in chronological order, separated by semi-colons. When two or more works in a citation were
published in the same year, list them alphabetically by the first author surname. For two or more works
by the same author(s) in a citation, list them chronologically, with the years separated by commas.
(Example: Freire-Maia et al., 1966a, 1966b, 2000). Only articles that are published or in press should be
cited. In the case of personal communications or unpublished results, all contributors must be listed by
initials and last name (et al. should not be used). Numbers: In the text, numbers nine or less must be
written out except as part of a date, a fraction or decimal, a percentage, or a unit of measurement. Use
Arabic numerals for numbers larger than nine. Binomial Names: Latin names of genera, species and
infraspecific taxa must be printed in italics; names of orders and families should appear in the Title and
also when first mentioned in the text. URLs for programs, data or other sources should be listed in the
Internet Resources Section, immediately following the References Section, not in the text.
The text includes the following elements:
Introduction - Description of the background that led to the study.
Material (or Subjects) and Methods - Details relevant to the conduct of the study. Statistical methods
should be explained at the end of this section.
Results - Undue repetition in text and tables should be avoided. Statistical analyses should be presented
as complete as possible, i.e. not only P-values should be shown, but also all other test variables required
for full appreciation of the results by the reviewers and readers. Comments on relevance of results are
appropriate but broader discussion should be part of the Discussion section.
Discussion - The findings of the study should be placed in context of relevant published data. Ideas
presented in other publications should not be discussed solely to make an exhaustive presentation.
Some manuscripts may require different formats appropriate to their content.

d) The Acknowledgments must be a single paragraph that immediately follows the discussion and
includes references to grant support.

e) The References Section: References must be ordered alphabetically by the first author surname;
references with the same first author should be ordered as follows: first, as single author in chronological
129

order; next, with only one more co-author in alphabetical order by the second author; and finally
followed by references with more than two co-authors, in chronological order, independent of the second
author surnames. In references with more than 10 authors only the first ten should be listed, followed
by et al. Use standard abbreviations for journal titles as suggested by NCBI
(http://www.ncbi.nlm.nih.gov/journals/).
Only articles that are published or in press should be included in this section. Works submitted for
publication but not yet accepted, personal communications and unpublished data must be cited within
the text. “Personal communication” refers to information obtained from individuals other than the
authors of the manuscript being submitted; “unpublished data” refers to data produced by at least one of
the authors of the manuscript under consideration. Works of restricted circulation (e.g., theses not
available in public databases, congress abstracts not published in regular journals or public databases)
should not be listed in this section.

Sample journal article citation:


Breuer ME and Pavan C (1955) Behaviour of polytene chromosomes ofRhynchosciara angelae at different
stages of larval development. Chromosoma 7:371-386.
Yonenaga-Yassuda Y, Rodrigues MT and Pellegrino KCM (2005) Chromosomal banding patterns in the
eyelid-less microteiid lizard radiation: The X1X1X2X2:X1X2Y sex chromosome system
in Calyptommatus and the karyotypes of Psilophtalmus and Tretioscincus (Squamata,
Gymnophthalmidae). Genet Mol Biol 28:700-709.

Sample book citation:


Dobzhansky T (1951) Genetics and Origin of Species. 3rd edition. Columbia University Press, New York,
364 pp.

Sample chapter-in-book citation:


Crawford DC and Howard-Peebles PN (2005) Fragile X: From cytogenetics to molecular genetics. In:
Gersen SL and Keagle MB (eds) The Principles of Clinical Cytogenetics. 2nd edition. Humana Press, New
Jersey, pp 495-513.

Sample electronic article citation:


Gotzek D, Ross KG (2009) Current status of a model System: The gene Gp-9 and its association with
social organization in fire ants. PLoS One 4:e7713.

f) Internet Resources Section: this section should contain a list of URLs referring to data presented in
the text, as well as software programs and other Internet resources used during data processing. Date of
consultation must be stated.
Sample Internet resource citation:
Online Mendelian Inheritance in Man (OMIM), http://www.ncbi.nlm.nih.gov/OMIM (September 4, 2009)
LEM Software, http://dir.niehs.nih.gov/dirbb/weinbergfiles/hybrid_design.htm (September 4, 2009)

g) Tables: must be in Word format prepared with the table tool (do not use space bar or tabulator). A
concise title should be provided above the table. Tables must be numbered consecutively in Arabic
numerals. Each column must have a title in the box head. Footnotes typed directly below the table
should be indicated in lowercase superscript letters. Tables that are to appear in the printed version must
be saved in Word format and not as figures, so that they can later be fitted during typesetting. Each
table must be saved and uploaded as a separate file.
130

h) Figures must be numbered consecutively using Arabic numerals. Images should be in TIFF or JPEG
format. Figures in Word, PowerPoint or Excel format cannot be published. Only sequence data can be
presented in Word format. Journal quality reproduction will require grayscale resolution yielding 300 dpi,
color figures should be at 600 dpi. These resolutions refer to the output size of the file, that is the size in
which it will appear printed in the journal; if it is anticipated that images will be enlarged or reduced, the
resolutions should be adjusted accordingly. Figures composed of several elements should be sent as a
single panel, obeying the print size definitions of the journal (single or two columns width). Scanned
figures should not be submitted. Color illustrations are accepted. Each figure/panel must be saved and
uploaded as a separate file. When uploading, identify each illustration by the first author name and the
number of the respective figure.
Figure legends must be included at the end of the main text file and should be typed on a new page.

i) Nomenclature: Taxonomic names should be in accordance with current international standards. For
rules concerning gene names and gene symbols, please see separate Instruction form.

j) Sequences may appear in text or in figure. DNA, RNA and protein sequences equal to or greater than
50 units must be entered into public databases and accession numbers must be provided upon
acceptance of the article. Failure to do so will inadvertently delay publication.

k) Data access: reference should be made to availability of detailed data and materials used for
reported studies.

l) Ethical issues: Reports of experiments on live vertebrates must include a statement in the text that
the institutional review board approved the work and the protocol number must be provided. For
experiments involving human subjects, authors must also include a statement that informed consent was
obtained from all subjects. If photos or any other identifiable data are included, a copy of the signed
consent must be uploaded during manuscript submission.

m) Supplementary Material: Data that the authors consider of importance for completeness of a
study, but which are too extensive to be included in the published version, can be submitted as
Supplementary Material. At publication, this material will be made available together with the electronic
version. In case a manuscript contains such material, it should be appropriately identified within the text
file. Supplementary material in tables should be identified as Table S1, Table S2, etc., in case of figures
they should be named accordingly, Figure S1, Figure S2. In addition, a list of this material should be
presented at the end of the manuscript text file, containing the following statement:

Supplementary material - the following online material is available for this article:

• Table S1 – < short title>


• Figure S1 – < short title>

This material is available as part of the online article from http://www.scielo.br/gmb

3.2 Short Communications

Short Communications present brief observations that do not warrant full-length articles.
Theyshouldnotbeconsideredpreliminary communications;
131

• should be 15 or fewer typed pages in double spaced 12-point type, including literature
cited;
• should include an Abstract;
• but no further subdivision, with introduction, material and methods, results and
discussion; all in a single section and without headers.
• up to four items (tables and/or figures) may be submitted;

Note: The title page, abstract and reference section format is that of a full-length Research Article. For
Supplementary Material see instructions in item 3.1.m.

3.3 Letters to the Editor


Relate or respond to recent published items in the journal. Discussions of political, social and ethical
issues of interest to geneticists are also welcome in this form.

3.4 Review Articles


Review Articles are welcome. The Editor must be contacted prior to submission. Please, provide an
Abstract and a list of your recent publications in the area.

3.5 Book Reviews


Publishers are invited to submit books on Genetics, Evolution and related disciplines, for review in the
journal. Aspiring reviewers may propose writing a review.

3.6 History, Story and Memories


These are accounts on historical aspects of Genetics relating to Brazil.

4. Articles accepted for publication


Once an article is accepted, the Editorial Office will send it to copy editor for language and technical
corrections. If major corrections were proposed, the manuscript with the highlighted corrections will be
returned to the corresponding author for approval. The final version approved by the authors must be
free of any text/correction markings when returned to the Editorial Office.
After typesetting, page proofs will be sent to the corresponding author. Changes made to page proofs,
apart from typesetting errors, will be charged to the authors. Notes added in proof require Editorial
approval.
Together with the proofs, a form of consent to publish and transfer of copyright is sent to the
corresponding other. The latter will have sign this form, also on behalf of any co-authors, and send it by
fax to the Editorial Office.

5. Reprints
Reprints are free of charge and will be provided as a pdf-file.

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