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UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL

CAMPUS CERRO LARGO


CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA

MARINA RAISA VILELA DA SILVA

O PAPEL DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL NA REDUÇÃO DE


INTERCORRÊNCIAS AMBIENTAIS COMO AS DE BRUMADINHO E MARIANA
EM MINAS GERAIS

CERRO LARGO
2021
MARINA RAISA VILELA DA SILVA

O PAPEL DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL NA REDUÇÃO DE


INTERCORRÊNCIAS AMBIENTAIS COMO AS DE BRUMADINHO E MARIANA
EM MINAS GERAIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso


de Engenharia Ambiental e Sanitária da Universidade
Federal da Fronteira Sul (UFSS), como requisito parcial
para obtenção do título de Bacharela em Engenharia
Ambiental e Sanitária.

Orientadora: Prof.ª Dra. Serli Genz Bolter

CERRO LARGO
2021
Bibliotecas da Universidade Federal da Fronteira Sul - UFFS

Silva, Marina Raisa Vilela da


O PAPEL DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL NA REDUÇÃO DE
INTERCORRÊNCIAS AMBIENTAIS COMO AS DE BRUMADINHO E
MARIANA EM MINAS GERAIS / Marina Raisa Vilela da Silva.
-- 2021.
56 f.:il.

Orientador: Serli Genz Bolter

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) -


Universidade Federal da Fronteira Sul, Curso de
Bacharelado em Engenharia Ambiental e Sanitária, Cerro
Largo, RS, 2021.

I. Bolter, Serli Genz, orient. II. Universidade


Federal da Fronteira Sul. III. Título.

Elaborada pelo sistema de Geração Automática de Ficha de Identificação da Obra pela UFFS com
os dados fornecidos pelo (a) autor (a).
MARINA RAISA VILELA DA SILVA

O PAPEL DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL NA REDUÇÃO DE


INTERCORRÊNCIAS AMBIENTAIS COMO AS DE BRUMADINHO E MARIANA
EM MINAS GERAIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso


de Engenharia Ambiental e Sanitária da Universidade
Federal da Fronteira Sul (UFSS), como requisito parcial
para obtenção do título de Bacharela em Engenharia
Ambiental e Sanitária.

Este trabalho de conclusão foi defendido e aprovado pela banca em:


14/05/2021

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________
Profª. Drª. Serli Genz Bolter – UFFS
Orientadora

___________________________________________
Profª. Dr.ª Alcione A. A. Alves – UFFS
Avaliadora

___________________________________________
Prof. Dr.ª Sandra Vidal Nogueira - UFFS
Avaliadora
Dedico este trabalho à minha família, amigas e
amigos que sempre estiveram comigo me
incentivando e apoiando, dando-me coragem
para enfrentar os desafios, em busca da
concretização dos meus objetivos.
AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais por todo esforço que fizeram durante esses seis anos para me
manter na Universidade: primordialmente a minha mãe Mirian, baliza que me guia sempre
onde quer que eu vá força guerreira que me inspira ser quem sou; e ao meu pai Giovanni
Ferrari, obrigado por ter me escolhido e sempre alimentado meus porquês! Também agradeço
minha irmã Monick e meu irmão Giancarlo, a minha tia Laudiceia e a minha avó Maria pelo
apoio incansável; e às minhas primas Gabrielle, Yolanda, Bárbara e Darlene por sempre ter
me motivado a não desistir e ser cada dia uma pessoa melhor, também deixo registrado meu
agradecimento aos demais familiares.
As minhas amigas Brena, Lorena e Thais, que ao longo do tempo foram como minha
família aqui em Cerro Largo. Agradeço à Aline, Caroline e Djaina que nos momentos mais
difíceis estiveram sempre ao meu lado. Agradeço a Leonardo, Alessandro, Rafael, Nadine N e
Bernardete pela amizade mais sincera que foi construída ao longo destes anos. Agradeço à
Matheus, Jessica e Nadine T por sempre me incentivarem e acreditarem na minha capacidade
de superação.
Agradeço a todos os professores pelos ensinamentos transmitidos, principalmente ás
professoras Liziara Cabrera e Isabel Giovelli por sempre incentivarem meu crescimento
acadêmico e pessoal. A minha orientadora Serli Genz Bolter que dedicou seu tempo para me
orientar e incentivar a buscar o melhor de mim.
Aos colegas de curso, que fiz durante a minha jornada acadêmica, pelo apoio, torcida e
por tornarem a rotina mais leve. Foi um grande aprendizado a convivência com todos vocês.
Também agraço a todos aqueles que colaboraram de alguma forma para a realização deste
trabalho.
Gostaria de deixar registrado também minha imensurável gratidão a Universidade
Federal da Fronteira Sul, que mesmo neste momento tão delicado de pandemia da Covid-19
(que gerou imensos desafios para o setor da educação no Brasil e no mundo) conseguiu de
maneira impar dar continuidade às atividades de ensino, mediadas pela tecnologia, mas
orientadas pelos princípios da educação presencial, com aulas remotas que ofereceram a
continuidade de ensino com qualidade análoga a presencial só que a distância, para atender as
orientações de distanciamento social recomendadas pela OMS.
A partir do início da atual pandemia de coronavírus (SARS-CoV-2), causador da
Covid-19, houve um grande receio diante de uma doença que se espalhou
rapidamente em várias regiões do Brasil e do mundo, com diferentes consequências.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 18 de março de 2020,
os casos confirmados da Covid-19 já haviam ultrapassado 214 mil em todo o mundo
(FREITAS, 2020). No ano de 2020 as atividades acadêmicas passaram a ser
emergencialmente de forma remota como uma das possibilidades de manter o
distanciamento social e reduzir os contágios para evitar o colapso do sistema de
saúde. O presente trabalho foi desenvolvido e concluído neste cenário de atividades
remotas
RESUMO

O licenciamento ambiental (LA), introduzido pela PNMA (Política Nacional do Meio


Ambiente) é um instrumento fundamental para controlar e limitar o uso dos recursos do meio
ambiente, pois permite definir formas de proteção e preservação ambiental. A fiscalização e
acompanhamento da implementação deste instrumento é muito importante para atender os
dispositivos de cuidados com o meio ambiente incluídos pela Constituição Federal de 1988 e
todas as legislações infraconstitucionais que tratam do Direito Ambiental. O presente trabalho
consiste em uma revisão bibliográfica descritiva de dados qualitativos acerca da legislação ambiental
vigente com foco no estudo do LA. Essa pesquisa resgata o histórico da legislação ambiental no
Brasil e indica as principais modalidades de LA que estão regulamentadas. Apresenta algumas
experiências de atividades econômicas que estão, pelos relatórios e divulgação das atividades,
adequadas ao cumprimento e na regulamentação de ações definidas pelo LA. Investiga,
também, os casos específicos de Mariana (2015) e de Brumadinho (2019), no Estado de
Minas Gerais, dois casos de desastres ambientais decorrentes do rompimento das barragens de
resíduos de mineração. Em ambos os casos o cumprimento de todos os requisitos do LA e a
responsabilização dos envolvidos está em processo de apuração. Em suma, a pesquisa
bibliográfica e documental identificou a importância do LA e que o cumprimento rigoroso das
etapas e das condições do LA pode ser uma ferramenta para evitar ou minimizar os danos
ambientais em atividades de risco ambiental, especialmente nas regiões de exploração de
minério. Também incumbe à Agência Nacional de Mineração, a fiscalização do cumprimento
das normas específicas pelos detentores de direitos minerários também fica a cargo da
Agência outorgar as autorizações de pesquisa, expedir licenças, além de gerir requerimentos e
realizar a fiscalização de lavras ativas ou não. O uso de modalidades de barragens diferentes
das existentes nos dois desastres citados e maior fiscalização e controle em atividades
ambientais de risco podem permitir que crimes ambientais como Mariana e Brumadinho
sejam extintos.

Palavras-Chave: Direito ambiental; desregulação ambiental; crimes ambientais.


ABSTRACT

Environmental licensing (EL), introduced by the PNMA (National Environmental Policy) is a


fundamental instrument to control and limit the use of environmental resources, as it allows to
define forms of environmental protection and preservation. The inspection and monitoring of
the implementation of this instrument are very important to meet the environmental care
provisions included in the Federal Constitution of 1988 and all the infra-constitutional laws
that deal with Environmental Law. The present work consists of a descriptive bibliographic
review of qualitative data about the current environmental legislation with a focus on the
study of EL. This research retrieves the history of environmental legislation in Brazil and
indicates the main modalities of EL that are regulated. It presents some experiences of
economic activities that are, according to the reports and dissemination of activities, adequate
to comply with and regulate actions defined by the EL. It also investigates the specific cases
of Mariana (2015) and Brumadinho (2019), in the State of Minas Gerais, two cases of
environmental disasters resulting from the rupture of mining waste dams. In both cases,
compliance with all LA requirements and the responsibility of those involved is in the process
of being verified. In short, bibliographic and documentary research has identified the
importance of EL and that strict compliance with EL stages and conditions can be a tool to
prevent or minimize environmental damage in activities of environmental risk, especially in
ore mining regions. It is also the responsibility of the National Mining Agency to inspect the
compliance with specific rules by holders of mining rights. The Agency is also responsible for
granting research authorizations, issuing licenses, in addition to managing requirements and
carrying out an inspection of active mines or not. The use of different types of dams than
those existing in the two mentioned disasters and greater inspection and control in risky
environmental activities may allow environmental crimes such as Mariana and Brumadinho to
be extinguished.

Keywords: Environmental law; environmental deregulation; environmental crimes.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 10

2 MATERIAIS E METÓDOS ............................................................................................... 12

3 HISTÓRICO E IMPORTÂNCIA DO LA NO BRASIL ................................................. 12

3.1 DEFINIÇÃO DE LA ...................................................................................................... 13

3.2 HISTÓRICO DO LA ...................................................................................................... 14

3.3 IMPORTÂNCIA DO CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS DO LA ......................... 21

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 25

4.1 LA COMO FERRAMENTA DE PRESERVAÇÃO E PROTEÇÃO DA NATUREZA


.............................................................................................................................................. 25

4.1 ESTÁGIOS DO LA ........................................................................................................ 25

4.1.1 Licença prévia ......................................................................................................... 26

4.1.2 Licença de instalação ............................................................................................. 27

4.1.3 Licença de operação ............................................................................................... 28

4.1.4 Licença ambiental simplificada............................................................................. 29

4.2 ANÁLISE CRÍTICA DO LA NO BRASIL: ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS


.............................................................................................................................................. 30

4.3 EXEMPLOS DE BOAS EXPERIÊNCIAS DE LA ....................................................... 31

5 OS DESAFIOS DO LA EM REGIÕES DE MINERAÇÃO ........................................... 36

5.1 BRUMADINHO E MARIANA: AS CONSEQUÊNCIAS DECORRENTES DE


LIMITES NOS PROCEDIMENTOS DO LA ...................................................................... 36

5.2 ―MINAS‖ GERAIS COMO É ALTO O PREÇO QUE O ESTADO PAGA ................. 41

5.3 PAPEL DO PODER PÚBLICO E SUA RESPONSABILIDADE NOS CASOS DE


MARIANA E BRUMADINHO ........................................................................................... 45

6 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 48

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 50
10

1 INTRODUÇÃO

A busca incessante pelo lucro há muito tempo vem gerando problemas ao meio
ambiente, não é de hoje que os ecossistemas financiam a acumulação de bens dos grandes
bilionários ao redor do mundo. Todavia a natureza possui mecanismos de defesa que muitas
vezes fogem do controle humano. Esse e outros fatores fizeram com que pessoas começassem
a se preocupar com a defesa destas estruturas. Em âmbito nacional, essa mentalidade ganhou
força especialmente com a promulgação da Constituição Federal em 1988, o direito de viver
num ambiente ecologicamente equilibrado foi elevado à categoria de Direito Humano
fundamental (MARTINS, 2011).
Para que tal Direito fosse atendido criou-se uma série de normas, leis e princípios
reguladores do uso e da apropriação dos recursos naturais. Destes podem ser destacados o
Princípio do Desenvolvimento Sustentável, Princípio do Poluidor pagador, Princípio da
Prevenção e o Princípio da educação ambiental, tais servem como instrumentos normativos
para aplicabilidade dos procedimentos de implementação das políticas nacionais do meio
ambiente (MARTINS, 2011).
O licenciamento ambiental (LA) também pode ser considerado peça fundamental na
construção de um ambiente equilibrado. Esta que é a principal ―arma‖ da sociedade vem
sofrendo inúmeras interferências negativas e críticas que buscam desacreditar o LA. Neste
trabalho o enfoque vai estar no LA, buscando identificar as possibilidades de proteção e
preservação ambiental gerado pelo LA adequado. Este, como conceitua Edis Milaré (2013), é
uma ação típica cuja responsabilidade não pode ser passada para outra pessoa ficando a cargo
do poder executivo, na gestão do meio ambiente por meio da qual a Administração pública
busca efetuar o adequado controle sobre as atividades humanas que possam causar
consequências danosas ao ambiente.
Como exemplo de consequências danosas ao meio ambiente, pode-se citar as
catástrofes de Mariana, em 2015 e em Brumadinho 2019. Tais eventos não geraram apenas
danos ambientais, mas também prejuízos sociais, políticos e psíquicos e a sociedade vem
sofrendo até hoje as sequelas desse desastre, que para muitos autores é apontado como um
crime ambiental (PINHEIRO, 2019). Documentos e denúncias realizados meses após o
rompimento da barragem de Brumadinho comprovam que a Vale fez os alteamentos sem
licenciamento, o que foi confirmado, na época, pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e
11

Desenvolvimento Sustentável (SEMAD). Cabe mencionar também as licenças que foram


concedidas sem que fossem exigidos todos os documentos necessários (FIÚZA, 2019).
Nesse sentido, o objetivo deste trabalho de conclusão de curso é discutir o papel do
LA na redução de ocorrências ambientais como as de Brumadinho e Mariana em Minas
Gerais de forma preventiva e seus desafios no contexto atual, reconhecendo as lacunas no
processo do LA de modo a garantir a efetivação deste em conformidade com o artigo 225 da
Constituição Federal de 1988.
Justifica-se o tema na premissa de que as duas ocorrências supramencionadas e seus
efeitos ambientais tornam urgente a discussão sobre quais os pontos do LA precisam ser
repensados para que as normas ambientais não fiquem apenas listadas como propostas de
mitigação de impactos, deixando de ser, por isso, efetivamente executadas. Assim sendo,
existe a preocupação de que sejam minimizadas as falhas dos licenciamentos ambientais
como este, para que não ocorram, novamente, crimes como aconteceram em Mariana, e
Brumadinho, assegurando de fato que os cidadãos brasileiros tenham um ecossistema
ecologicamente equilibrado.
Será apresentado no capítulo III um breve esclarecimento sobre a definição do LA,
seguindo para histórico do LA. O resgate histórico da legislação é importante para
compreender desde as primeiras leis até o quadro legislativo atual. Busca, também, como se
constituiu o instituto do LA para além da importância do cumprimento dos requisitos do LA,
para, por fim, e com base nos conhecimentos anteriores, estudar como se dá o procedimento
de LA na atualidade. Em seguida, no capítulo IV será caracterizado o procedimento de LA.
Primeiramente, serão explicados os tipos de licença ambiental existentes no sistema jurídico
Brasileiro. Tal análise é importante para assegurar um melhor entendimento acerca do
procedimento do LA expondo seus desafios no contexto atual Brasileiro. Por fim, serão
demonstrados também quais os benefícios que um empreendimento possui quando cumpre
com os requisitos do LA.
No último capítulo, será abordado o Estado de Minas Gerais, nesta seção será debatido
como o estado vem padecendo, pelas suas características naturais, com amputação dos
recursos naturais. Prosseguindo o capítulo serão introduzidos os crimes ambientais ocorridos
em Brumadinho e Mariana mostrando as consequências decorrentes de limites nos
procedimentos do LA. A seção de desfecho apresentará qual foi o papel do poder público e
sua responsabilidade nos casos de Mariana e Brumadinho. A fiscalização e o controle sobre os
procedimentos do LA podem auxiliar na redução e minimização dos danos ambientais em
atividades de risco.
12

2 MATERIAIS E METÓDOS

O presente trabalho consiste em uma revisão bibliográfica descritiva de dados


qualitativos acerca da legislação ambiental vigente com foco no estudo do LA. As fontes dos
dados que servem como base para confecção deste trabalho são pesquisas científicas sobre o
tema, divulgadas através de livros, teses, dissertações, e artigos em periódicos. Publicações
jornalísticas também são utilizadas no intuito de demonstrar o atual cenário econômico,
político e ambiental vivido pelo nosso país sobre as questões ambientais. As principais fontes
primárias utilizadas são documentos oficiais do LA, assim como informações públicas, e
pareceres técnicos dos órgãos responsáveis pela avaliação dos impactos causados pelos crimes
dos empreendimentos minerários. O estado de Minas Gerais será o alvo principal desse
estudo, visto que o mesmo vem sofrendo com a exploração desordenada há anos. Para tal, o
desenvolvimento da pesquisa o trabalho está apresentado em três capítulos.

3 HISTÓRICO E IMPORTÂNCIA DO LA NO BRASIL


Ao longo dos anos acompanham-se os desafios relacionados à temática ambiental. Em
alguns momentos houve avanços das normas jurídicas no sentido de proteção, preservação
ambiental e em outros momentos retrocessos, especialmente no sentido de fiscalização e
controle na aplicação das normas jurídicas vigentes. O debate sobre desenvolvimento e a crise
ambiental pode gerar disputas sobre o uso e os limites de apropriação dos recursos naturais.
Outrora se acreditava que as leis ambientais eram importantes apenas para o
―ambiente‖, onde para o país crescer e torna-se um lugar desenvolvido seria necessário usar
os recursos naturais e que os limites para isso constituíam-se em ‗entraves‘ para o
desenvolvimento. No entanto, acontecimentos como o desastre de Mariana, em 2015, e
Brumadinho, em 2019, são fatos que comprovam a importância de limites no uso da natureza
e, especialmente, da importância do licenciamento e do acompanhamento de seus
desdobramentos, como a fiscalização e o controle das prescrições destes atos.
A preocupação com a qualidade de ar, solo e água está totalmente atrelada à
preservação da vida humana. É importante resgatar alguns exemplos ocorridos na história
para identificar a importância de cuidar da natureza. Um exemplo disso foi à deterioração
ocorrida no Polo Petroquímico de Cubatão em 1980, a cidade ficou foi considerada o lugar
mais poluído do mundo, competindo com o Vale do Ruhr, na Alemanha. As manchetes dos
jornais na época noticiavam inúmeras notícias sobre nascimentos de crianças com
anencefalia, além de episódios agudos de poluição do ar, houve também derramamentos de
13

petróleo e lançamentos de resíduos químicos nos rios. Por estes motivos, a imprensa apelidou
a cidade de Cubatão como o ―Vale da Morte‖ (CETESB, 2018).
Outro incidente ambiental muito conhecido foi o que ocorreu na Baía de Minamata, no
Japão. O acidente foi provocado pelo despejo de efluentes industriais, sobretudo mercúrio, na
Baía de Minamata. Um dos piores casos de intoxicação, em sete anos ocorreu 121 mortes,
causadas pela síndrome de minamata, essa síndrome é gerada pela ingestão em longo prazo do
mercúrio que contaminou a água e os sedimentos, em consequência disso os peixes e demais
vidas marinhas foram gravemente afetadas (BARROCAS & WASSERMAN, 1995). Os
acontecimentos acima descritos, apesar de mais antigos resultaram em perdas de vidas, vidas
humanas pagaram pela falta de preocupação com meio ambiente. Sendo assim, ratifica-se a
importância e a necessidade de discussão sobre o que é e a importância do LA.

3.1 DEFINIÇÃO DE LA

O LA refere-se a um conjunto de processos administrativos por meio do qual o órgão


ambiental responsável confere permissão para a instalação, estabelecimento, atuação e
ampliação em um determinado local, de empreendimentos e atividades que consumam
recursos ambientais, e sejam efetivamente poluentes ou apresentem potencial para tal ou
também daquelas que possam gerar, de qualquer forma, deterioração ambiental, considerando
as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso (BRASIL,
1997). O intuito principal do LA é regular essas atividades a fim que o crescimento
econômico seja sustentável, ou seja, ocorram com menor dano ambiental possível, e assim
seja possível manter os recursos naturais para as gerações futuras (NEIVA & NUMATA,
2019).
Quanto à execução e administração da legislação ambiental no Brasil há dispositivos
jurídicos que indicam a competência ambiental. Dependendo da atividade e da localização da
atividade a competência poderá ser Municipal, Estadual ou Federal (BRASIL, 2015). Nesse
âmbito, o sistema de licenciamento visa também permitir a competência das atividades para
órgãos regionais e locais no cumprimento das normas vigentes. A execução das atividades de
fiscalização e o controle da aplicação das regras previstas na legislação são de
responsabilidade do IBAMA assim como a avaliação do controle de qualidade ambiental. A
competência se estende aos órgãos estaduais e municipais sempre que a lei definir (KRELL,
2004).
Portanto, de acordo com as legislações supracitadas, a realização de uma atividade que
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possa promover degradação ambiental deve ser avaliada pelo poder público que analisará sua
necessidade e viabilidade ambiental e determinará a melhor forma da atividade ser
desenvolvida de modo que os benefícios oriundos desta possam compensar seus eventuais
prejuízos ao ecossistema que resultem dessa atividade. Assim, o órgão ambiental competente
avaliará caso a caso para decidir se a atividade será ou não licenciada (AMADO, 2014). O LA
constitui o principal instrumento que a sociedade detém para assegurar a conservação do meio
ambiente, o que está diretamente associado à saúde pública e consequentemente à boa
qualidade de vida da população (FIORILLO, 2003).
O LA, além de garantir a responsabilidade ambiental, constitui-se em uma das
principais ferramentas para o cumprimento do artigo 225 da Constituição Federal de 1988, em
que a principal preocupação é garantir um ―meio ambiente ecologicamente equilibrado,
impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações‖. Outra peça importante para construção deste ambiente
ecologicamente equilibrado é a forma de tratar as microempresas e as de pequeno porte,
visando incentivá-las, mas não eximi-las de suas obrigações. Nessa perspectiva, o LA
simplificado, apesar de ser um pouco mais básico, representa um exemplo, pois faz com que o
empreendedor pense em seu papel social e tenha uma noção ambiental, mesmo que atuando
apenas localmente.
Desta forma, o LA vem estabelecer normas para que ocorram melhorias nesse quesito,
considerando o desgaste ambiental do local em questão como forma de que o avanço seja
favorável para ambas às partes, ou seja, para o dono do estabelecimento a ser implantado e
para o meio ambiente. Visando assim que a qualidade desses espaços permaneça a mais
original possível, mas que ainda consiga atender a necessidade de sua utilização como matéria
prima. Desse modo, colocando em ação leis que contribuem para uma preservação ambiental
saudável, promovendo agradável harmonia entre ser humano e natureza.

3.2 HISTÓRICO DO LA

A preocupação com as questões ambientais é um desafio das últimas décadas. Muitas


são as ações neste sentido. Neste estudo o enfoque é em relação ao LA, ou seja, os
mecanismos de controle e limitação no uso dos recursos naturais. Uma das primeiras
identificações com este tema retoma a legislação referente ao controle do impacto no meio
ambiente de 1969 que advém do NEPA (do inglês – National Environmental Policy Act) nos
Estados Unidos da América, sendo que foi institucionalizado no ano seguinte e foi
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denominado processo de Avaliação de Impacto Ambiental – AIA (BRASIL, 2014). No Brasil,


as legislações acerca do tema surgiram vinte oito anos depois e são regidas, principalmente,
pela Lei nº 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente e determina
diversas normas com a finalidade de preservação do meio ambiente; pelas resoluções do
Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) nº 1 de 86 e nº 237 de 97, que
estabelecem procedimentos para o LA; e a Lei Complementar nº 140/11, que define normas
de cooperação entre as três esferas da administração pública na proteção ambiental (OECO,
2013).
No Brasil, importante destacar que antes da Lei nº 6.938/81, que dispõe sobre a
Política Nacional do Meio Ambiente, foram criados alguns dispositivos jurídicos relevantes
na questão ambiental. Entre eles destacam-se algumas leis da década de 1930, período
conhecido como início da Era Vargas. O então governante, em caráter provisório, editou o
Decreto nº 23.793/34 - denominado código florestal - que institui regras para regular as
atividades que fizessem uso de recursos ambientais com intuito de preservar as florestas
(SIRVINKAS, 2011). O país passava por um grande processo de expansão e precisava se
adaptar aos moldes internacionais, este decreto, além de simples, dispunha normas e critérios
em sua maioria para florestas, não abordando assuntos como, por exemplo, a poluição
atmosférica.
Outro momento muito importante para o histórico da legislação ambiental no Brasil
foi à promulgação do Decreto 24.643/34, conhecido como Código das Águas, sendo este o
ponto de partida no que tange o gerenciamento dos recursos hídricos no país. Este código foi
sempre bem conceituado e acredita-se ser uma das mais eficientes leis de águas já existentes,
apesar de alterações em alguns artigos que foram modificados ou revogados por leis mais
atuais (DARONCO, 2013).
Assistindo um Brasil que busca se moldar aos padrões de preocupações mundiais com
as questões ambientais, vimos o Estado intervir no auxílio à preservação do patrimônio
histórico e cultural, esta foi de fato, uma legislação própria brasileira, a partir dessa lei pode-
se notar um país tentando construir uma sua identidade como nação. Esse ato se deu com a
publicação do Decreto-Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, que organizou a proteção do
patrimônio histórico e artístico nacional e instituiu o instrumento do tombamento. O caput do
art. 1º do Decreto - Lei nº 25/37 dispõe que: ―constitui patrimônio cultural e artístico nacional
o conjunto de bens móveis e imóveis existentes no País e cuja conservação seja de interesse
público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu
excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico‖. O Brasil tem com
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esse texto um instrumento legal para a proteção do patrimônio cultural, popularmente


conhecido como ―Lei do Tombamento‖ (MACHADO, 2007).
A aplicação propriamente dita do decreto-lei 25/37 ganhou força com a inserção de
outras leis e decretos, com a intenção de dar mais proteção aos bens tombados, no que
concerne a sua proteção, evitando a destruição, deterioração ou alteração dolosa
(MACHADO, 2007). É o que se vê com a inclusão no Código Penal de 1940, do artigo 165,
que rege ser crime ―Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autoridade
competente em virtude de valor artístico, arqueológico ou histórico: Pena - detenção, de 6
(seis) meses a 2 (dois) anos, e multa‖.
Outro setor que também tem dispositivos legais importantes na questão ambiental é o
da pesca. Este passou por um processo modernizador, seguindo as direções da economia
nacional e da centralização de poder no Executivo, a gestão da pesca fica a cargo do
Ministério da Agricultura e, assim, este pode deliberar de maneira mais eficiente sobre o
assunto. Decreto-Lei nº 794, de 19 de outubro de 1938, que atualiza o Código de Pesca da
década de 20. Este decreto atribui o controle e regulamentação da pesca ao Serviço de Caça e
Pesca do Departamento Nacional da Produção Animal, pertencente ao Ministério da
Agricultura. O Decreto-Lei reafirma a divisão regional dos pescadores em colônias,
federações e confederações, ordena as técnicas e zonas de pesca e obriga os pescadores a
buscarem registros em alguma colônia (NETO & SUZUKI, 2017).
Este Decreto-Lei foi criado durante o "Estado Novo", nesta época a principal
preocupação era a criação de uma república corporativista, então se centralizou o poder e
houve a criação de uma legislação trabalhista, baseada na "Carta del Lavoro". Sendo assim, o
Decreto-Lei nº 794 é uma tentativa de determinar a profissão dos pescadores e sua classe,
explorando então a expansão dos direitos trabalhistas (MORAES, 2005). Por esse motivo, em
1943 é criado o Decreto-Lei nº 530, que transformou as colônias em cooperativas, eliminando
as federações e confederações. E em 1945, o Decreto-Lei nº 8526 cria a Caixa de Crédito da
Pesca, concedendo créditos à compra de petrechos e embarcações para a hoje denominada
pesca industrial (SILVA, 2015).
Análogo ao anterior este dispositivo jurídico trata de recursos naturais. O Estatuto da
Terra foi elaborado em 1964 e encontra-se vigente até os dias atuais. Nesse período, poucas
modificações foram realizadas, tendo em vista a conservação de todos os princípios que
direcionaram sua implementação em 1964. O Estatuto da Terra (Lei 4504/64) foi
desenvolvido com a intenção de criar uma política agrária em busca de justiça social no
campo, de uma reforma agrária e do crescimento econômico no meio rural. No entanto, tal
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qual a lei referente à pesca, esse decreto não tinha um caráter protetivo no que diz respeito ao
meio ambiente. Graças a este, houve uma evolução significativa no direito agrário brasileiro
(WEIBLEN, 2007).
Outro dispositivo que deve ser destacado neste histórico é o Decreto nº 23.793/34, que
foi o precursor do primeiro Código Florestal Brasileiro, criado em 15 de setembro de 1965
através da Lei nº 4.771 que definiu de forma cuidadosa os princípios necessários para proteger
o meio ambiente e garantir o bem estar da população do país naquela época (GARCIA, 2012).
Atualmente não resta dúvida acerca da importância da Lei nº 4771/65, mesmo possuindo
muitas deficiências, foi um importante marco para construção da esfera ambiental brasileira.
O código de pesca foi encorpado e ganhou um novo impacto no setor pesqueiro com a
criação do Decreto-Lei 221, de 28 de fevereiro de 1967 (Código de Pesca) (NETO &
SUZUKI, 2017). Este Decreto-Lei não definia a pesca artesanal, tratando apenas dos
―pescadores profissionais‖, inviabilizava aqueles que realizavam tal atividade de maneira
artesanal, visto que a pesca era definida conforme o sujeito que a realizava. Havia três grupos
de agentes: o pescador profissional, o amador e o cientista. O pescador profissional possuía o
amparo do seguro defeso, porém o pescador artesanal não obtinha nenhum instrumento que o
amparasse (OLIVEIRA & SILVA, 2012). O Código 221/1967 tinha a missão de desenvolver
a formação de uma indústria nacional, substituindo o consumo de produtos oriundo de
importações e aguçando a concentração de capitais, a ideia principal era fazer a economia
brasileira ascender através da industrialização do setor pesqueiro (OLIVEIRA & SILVA,
2012).
Em relação à mineração, o Decreto-Lei 1985/40 apresentava principalmente os
regulamentos sobre as jazidas e minas, além da intervenção do Estado na indústria da
mineração. O decreto, então conhecido como ―Código de Minas‖, teve base nos fundamentos
da CF/1937. A atividade mineradora ficou limitada apenas a brasileiros ou a empresas destes,
porém o Supremo Tribunal Federal decidiu que as sociedades de mineração com a
participação estrangeira poderiam participar da atividade mineradora (SANTOS, 2018).
O Decreto-Lei 227/1967 foi um dos principais documentos que deu base ao Código de
Mineração vigente até os dias de hoje, de modo que tal dispositivo regulamentou a mineração
no país de 1967 até o presente momento. Além do referido decreto, a mineração possui outros
dispositivos legais que englobam este segmento: o Decreto 97.632 de 1989, que dispõe sobre
a exploração de recursos minerais; o Decreto 98.812 de 1990, atendendo sobre a permissão de
lavra garimpeira; Decreto 3.358 de 2000, que regula a extração de substâncias minerais de uso
na construção civil; a Lei 6.567 de 1978, que trata do aproveitamento de substâncias minerais;
18

a Lei 7.805 de 1989, que regula a permissão de lavra garimpeira e entre outros (DE
ARRUDA, 2018).
A partir de 1967, o debate sobre os cuidados com o meio ambiente se intensificam no
mundo. Em 1968 ocorreu a Conferência Mundial sobre a Biosfera em Paris, e após este,
outros eventos foram organizados visando buscar uma melhor qualidade de vida, pois como já
dito, a alteração de características ambientais vinha deixando marcas e números expressivos
de consequências que afetam a vida no planeta. Entre esses eventos pode-se citar: os
Relatórios do Clube de Roma, em 1971 e a Conferência de Estocolmo, em 1972 (SILVA,
2001).
Após tal conferência, um dos principais textos que entrou em vigor no país foi o
Decreto-Lei 1413/1975 que dispõe sobre o controle da poluição do meio ambiente provocada
por atividades industriais. Esse decreto estipula que empresas previnam ou corrijam os
prejuízos oriundos da poluição gerados por elas, prevê medidas como zoneamento e
alternativas para construção e instalação de novos empreendimentos industriais e em casos
drásticos ele estabelece critérios para seu funcionamento. Outro ponto importante desse
decreto é a possibilidade de estados e municípios estabelecerem penas a infratores do
Decreto-Lei (CASTRO, 2005).
Seguindo a linha de diálogo com o resto do mundo, alguns instrumentos e metas foram
planejados e estabelecidos pela Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) (Lei 6.938/81).
Essa lei vinha com o intuito de conciliar o desenvolvimento econômico, a preservação
ambiental e a qualidade de vida. Além disso, esta mesma lei criou o Sistema Nacional de
Meio Ambiente (SISNAMA) integrado por um órgão colegiado: o Conselho Nacional do
Meio Ambiente (CONAMA). O Conselho é um colegiado de cinco setores: órgãos federais,
estaduais e municipais, setor empresarial e entidades ambientalistas (BRASIL, 1997).
O objetivo principal da PNMA (Política Nacional do Meio Ambiente) era conciliar o
desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente, além
de estabelecer critérios e padrões da qualidade ambiental e definir diretrizes relativas ao uso e
manuseio sustentável dos recursos ecossistêmicos. Porém, os critérios descritos acima, em sua
maioria, eram instrumentos, princípios e objetivos definidos pela PNMA aplicáveis apenas ao
setor hídrico, desde que não possuísse uma legislação acima desta especificando algo no
sentido contrário (DARONCO, 2013).
A PNMA contava também com o auxílio do Decreto 99.274/90, que no seu artigo 19
previu três tipos de licenças: a Licença Prévia (LP) na fase preliminar do planejamento; a
Licença de Instalação (LI) autorizando o início da implantação; e a Licença de Operação
19

(LO), dando ao empreendimento autorização para começar as atividades. Naquela época, o


LA, era exigido principalmente para as atividades de extração mineral, podendo ser de
responsabilidade do órgão ambiental do Estado e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Minerais Renováveis – IBAMA, processo este de licenciamento norteado pelas
diretrizes do CONAMA (PIMENTA, 2016).
A ação civil pública foi instituída pela Lei 7.347 de 24 de julho de 1985, e é um dos
principais instrumentos para a defesa de interesses coletivos. Isto se deve em maioria pela
ampliação de matérias que podem ser conhecidas por esta ação e também pela grande
variedade de sujeitos autorizados a executá-las. Segundo seu art. 1°, da referida Lei, e seus
incisos, a ação civil pública pode ser usada para a responsabilização por danos causados ao
meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico,
turístico, paisagístico, por infração da ordem econômica e outros interesses difusos e coletivos
(ARAÚJO, 2004).
A promulgação da Constituição Federal de 1988, traz a ideia da necessidade da
implementação de instrumentos de proteção, conservação e recuperação dos recursos naturais.
É muito importante ressaltar que, a partir da promulgação da Constituição de 1988, passou a
ser um direito de todo cidadão brasileiro um ambiente ecologicamente equilibrado, como bem
de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se a todos os
envolvidos da sociedade civil o dever de defendê-lo e preservá-lo para as gerações presentes e
futuras (DARONCO, 2013).
Alterações pontuais ainda foram registradas no Código Florestal: em 1986, a Lei
Federal 7.511 trouxe modificações a respeito das reservas florestais. Após aprovação dessa
lei, o desmatamento das áreas de mata nativa passou a ser proibido. Foram modificados
também os limites mínimos das APPs, originariamente de 5 metros, para uma faixa de 30 a
150 metros em propriedades próximas a rios com largura entre 10 metros e 200 metros. Nos
rios com mais de 200 metros de largura, a APP passou a ser equivalente à largura do rio.
Houve ainda outro aperfeiçoamento três anos mais tarde que revogou a lei 7.511 e estabeleceu
a lei nº 7.803 de 18 de julho de 1989. Esta lei fazia algumas alterações na Lei 4771/65 e
acarretou importantes contribuições para o texto do Código Florestal vigente (GARCIA,
2012).
Houve também, em 1998, a criação da Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/1998)
que transformava infrações ambientais em crimes ambientais, o que até então não estava
previsto no Código Florestal. Em 2008, começou-se a pensar em uma reformulação para o até
então vigente Código Florestal de 1965, porque, apesar de ter ganhado ao longo do tempo
20

artigos que incorporaram o seu texto e o deixaram mais robusto, não atendia a todas as
demandas existentes. O então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o seu ministro Carlos
Minc assinaram o Decreto 6.514/2008 que dispunha majoritariamente sobre as infrações e
sanções administrativas ao meio ambiente, estabelecendo o processo administrativo federal
para apuração destas infrações. Em 2012 foi aprovado o atual Código Florestal, estabelecido
pela Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012 (BARBOSA, 2012).
O histórico até aqui desenvolvido demonstra o percurso normativo trilhado na questão
ambiental no Brasil e, indica alguns avanços e retrocessos. Salienta-se que, para este estudo, é
importante destacar um fenômeno que se intensifica a partir de 2019 no Brasil. Há uma
intensificação na exploração dos recursos naturais e muita flexibilização no controle e
fiscalização, especialmente sobre alguns biomas, entre eles a floresta Amazônica. Há um
aumento significativo na exploração da região, fazendo a fumaça das queimadas, em 2019,
chegar à capital paulista, por exemplo. Além desse acontecimento ter alarmado toda a
população brasileira, chamou atenção também dos meios de comunicação e dos governos
internacionais, sendo este considerado um problema de proporção mundial (CORRÊA &
CORRÊA, 2020). A figura a seguir demonstra esse contexto:

Gráfico 1 — Série histórica do total de focos ativos detectados pelo satélite de


referência, no período de 1998 até 13/10/2020 (Amazonas atual, 2020)

Fonte: CAMPINAS (2020).

A figura 1 traz a intensificação das queimadas no país no período de 1998 a 2020,


nota-se que na comparação dos dados do mesmo período do ano de 2019, houve um aumento
significativo do total de destruição para o ano de 2020. Existem denúncias que indicam uma
21

opção política do atual governo brasileiro em flexibilizar o controle e a proteção ambiental.


Uma das principais confirmações que constatam que o governo atual está ligado ao
desmatamento da Amazônia e em concordância com o desmonte das políticas ambientais
nacionais foi em uma reunião ministerial realizada no dia 22 de abril de 2020, quando o
ministro de Meio Ambiente, Ricardo Salles, aproveitando o momento de comoção nacional
em torno das mortes provocadas pela pandemia do COVID-19, sugere às autoridades que
aproveitem o momento para, conforme suas próprias palavras: ―ir passando a boiada, ir
mudando todo o regramento, ir simplificando normas‖ (CNN BRASIL, 2020).
Câmeras e vinte cinco autoridades presentes, incluindo o presidente da República,
foram testemunhas da demonstração da intenção de Salles de iniciar os dispositivos, para
destruir o regulamento ambiental brasileiro (BRONZ, ZHOURI, CASTRO, 2020), ―dar de
baciada a simplificação regulatória que nós precisamos‖, deixando ―passar a boiada‖ dos
grandes projetos de infraestrutura, do setor de energia e do agronegócio (CNN BRASIL,
2020). Os dispositivos do ―parecer‖ e da ―caneta‖, referido por Salles, sugerem uma
desregulação isenta do debate público, a serem realizada por meio de ―reformas infralegais‖ –
portarias, instruções normativas e atos administrativos, que não dependem de aprovação no
Congresso (BRONZ, ZHOURI, CASTRO, 2020).
Conclui-se que em pleno ano de 2021, em que ―comemoram-se‖ 48 anos de política
ambiental no Brasil, os retrocessos estão cada vez mais presentes no combate à preservação
ambiental. Setores industriais e agropecuários buscam de diversas maneiras defenderem seus
objetivos, alianças são criadas e tais interesses são protegidos, com um alto custo para o meio
ambiente.

3.3 IMPORTÂNCIA DO CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS DO LA

O LA além de ser um instrumento legal, cujo cumprimento é obrigatório, constitui


uma relevante ferramenta de preservação ambiental, pois por meio das avaliações de impacto
ambiental realizadas constroem-se análises de suma importância para mitigar os riscos das
atividades econômicas, protegendo a biota local e população residente. É evidente que o LA
tem um amplo impacto na preservação ambiental e a falha no cumprimento dessas medidas
acarreta inúmeros riscos.
O crescimento é sim de extrema importância, já que é imprescindível atender as
necessidades humanas, todavia existem limites e barreiras que devem ser medidos, inclusive
tratar sobre modelos de crescimento que são indicados para atender as necessidades humanas.
22

O ser humano vive buscando lucro, característica de sociedade capitalista, e também tem
necessidades de consumo que garantem a sobrevivência e condições de uma vida digna
(MENDES, 2008).
Dessa forma é importante salientar que o desenvolvimento sustentável, tão citado na
atualidade, deve primeiramente aceitar que o meio ambiente é de todos os seres vivos e
ecossistemas, tendo que ser preservado. Precisa-se de um entendimento que preservar não é
apenas uma opção, mas sim necessidade, então é imprescindível buscar um método onde a
ideia principal seja a vigência dos Direitos Humanos e os Direitos da Natureza, ambos
alinhados em prol de um bem comum. Visto que a natureza não está aqui para nos servir, até
porque nós humanos, também somos natureza e, sendo natureza, quando nos desligamos dela
e lhe fazemos mal, estamos fazendo mal a nós mesmos, como é o caso de episódios que será
exposto no capítulo III deste trabalho, quando se tratará dos crimes ambientais de Mariana,
em 2015 e Brumadinho em 2019 (ACOSTA, 2019).
Nesse âmbito, pode-se conceituar o desenvolvimento sustentável como a concepção de
crescer sem destruir, como é citada por José Eli da Veiga (2006) em seu livro Meio Ambiente
& Desenvolvimento, onde o autor afirma que o termo remonta à ideia de que a humanidade
pode atender às suas necessidades materiais sem comprometer a capacidade das próximas
gerações de fazerem o mesmo, ou seja, mais uma vez faz-se presente o artigo 225 da
Constituição Federal - CF-88. Veiga (2006) remonta a ideia do texto constitucional que
afirma que viver não está diretamente ligado a consumir, existem muitas formas de consumo
indiscriminado que ultrapassam as necessidades humanas. Um aspecto importante é o de
reconhecer como dever do Estado e da sociedade a preservação da natureza. Todos são
responsáveis por ações de proteção e preservação do meio ambiente (VIEIRA & TAVARES,
2018).
Os princípios ambientais são um bom referencial para indicar os deveres do Estado e
da sociedade civil com as questões ambientais. Eles referendam e dão suporte para as normas
jurídicas ambientais, conferem ao ordenamento jurídico uma base para criação de leis, sendo
assim, essenciais na elaboração de normas. Há duas fases em que os princípios são muito
importantes na elaboração das leis e na aplicação do direito, além de preencher as lacunas da
lei, estabelecem programas de ação para o legislador e para o intérprete. Dentro do exposto,
alguns princípios irão se mostrar parte fundamental para o cumprimento dos requisitos do LA.
O primeiro princípio a ser destacado neste trabalho é o ―Princípio do Desenvolvimento
Sustentável‖, este princípio segundo o art. 225 afirma que ‗todos têm direito‘ ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, tem por objetivo não excluir ninguém, inferindo-se que
23

o meio ambiente é um bem coletivo, estando na categoria dos direitos difusos (FIORILLO,
2010, p.77-123). ―Nesses termos, entendem-se como interesses difusos aqueles indivisíveis,
cujos titulares são pessoas indeterminadas, como exemplo, pode-se citar o direito à paz
pública, à segurança pública, ao meio ambiente‖ (FIORILLO, 2010, p.77-123).

Já para Sirvinskas (2011, p.100-108), ―O princípio do desenvolvimento sustentável


procura conciliar a proteção do meio ambiente com o desenvolvimento
socioeconômico para a melhoria da qualidade de vida do homem. É a utilização
racional dos recursos naturais não renováveis. Também conhecido como meio
ambiente ecologicamente equilibrado ou eco-desenvolvimento‖.

Ou seja, é importante que todo o LA tenha como princípio o atendimento de um modelo de


desenvolvimento sustentável. Já o Princípio da Educação Ambiental para Fiorillo (2010, p.77-
123.) é derivado do Princípio da Participação, tratando apenas como Educação Ambiental.
Portanto, para Fiorillo:
A educação ambiental decorre do princípio da participação na tutela do meio
ambiente, e, como acima mencionado, restou expressamente prevista na
Constituição Federal, no seu art. 225, § 1°, VI. Buscou trazer consciência ecológica
ao povo, titular do direito ao meio ambiente, permitindo a efetivação do princípio da
participação na salvaguarda desse direito.
Destaca-se do mesmo modo que educar ambientalmente significa: a) reduzir os custos
ambientais, à medida que a população atuará como guardiã do meio ambiente; b) efetivar o
princípio da prevenção; c) fixar a ideia de consciência ecológica, que buscará sempre a
utilização de tecnologias limpas; d) incentivar a realização do princípio da solidariedade, no
exato sentido que perceberá que o meio ambiente é único, indivisível e de titulares
indetermináveis, devendo ser justa e distributivamente acessível a todos; e) efetivar o
princípio da participação, entre outras finalidades (SPADOTTO & ROCHA, 2013).
Outro autor que tem uma compreensão expressiva acerca do princípio da educação é
Sirvinskas, este recordado por Spadotto e Rocha (2013), acredita que o Princípio da Educação
está contido dentro dos princípios gerais do direito ambiental, não o elencando como um dos
princípios específicos do direito ambiental. A partir do demonstrado acima, admite-se que o
Princípio da Educação Ambiental já tem sido tratado como a relação entre o homem e o meio
ambiente, recorre-se a um processo de conscientização ecológica em todas as atividades que o
ser humano realiza.
Além dos princípios citados, o princípio do poluidor pagador também é mencionado
com frequência, para Fiorillo (2010, p.77-123), esse princípio traz a seguinte conotação: Não
traz como indicativo ―pagar para poder poluir‖, ―poluir mediante pagamento ou pagar para
24

evitar a contaminação‖. Sirvinskas (2011, p.100-108.), em harmonia com Fiorillo (2010)


supracitado, esclarece que esse princípio tem como fundamento a Conferência do Rio/92, e
que o poluidor deve arcar com o custo da poluição, bastando que para que isso ocorra à
comprovação do dano ambiental, a autoria, o nexo causal, independentemente da existência
de culpa.
É fundamental o esforço no alcance de um Estado de Direito Ambiental de proteger o
meio ambiente, estimulando a consciência ambiental exclusivamente junto ao exercício da
responsabilidade compartilhada e à participação pública, e a favorecer a jurisdicionalização de
ferramentas capazes de garantir um nível de proteção adequado aos bens públicos ambientais
e de toda sociedade que os desfrutam (VIEIRA & TAVARES, 2018).
O Princípio do poluidor pagador, por exemplo, irá fazer com que os responsáveis de
ações poluidoras (como um LA mal executado) assumam financeiramente as consequências
desta conduta. O Princípio do Desenvolvimento Sustentável quando afirma que ‗todos têm
direito‘ ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, ou seja, a importância da consulta
pública que consta no LA é essencial já que todos possuem o mesmo direito, é justo que
aqueles que serão ―lesados‖ participem das decisões que irá mudar algo que de alguma forma
lhe pertence.
Atrelado também ao LA, o Princípio da educação ambiental diferente dos outros
princípios pode ser utilizado por aqueles que desejam a concessão das licenças ambientais,
utilizando deste como uma das formas de mitigar os danos causados por certos
empreendimentos, colocando em prática o princípio, que tem como finalidade formação de
funcionários com consciência ambiental e formação de política ambiental das empresas.
O objetivo principal aqui é mostrar a importância de salvaguardar os inúmeros
recursos naturais que o país possui. O desenvolvimento é necessário para preservação da vida
humana, mas é necessário que seja um desenvolvimento em harmonia com a preservação e
proteção de toda a natureza. Por esse motivo, a engenharia ambiental busca incessantemente
fazer esse papel, unificando e desenvolvendo técnicas para que o máximo possível de
patrimônios seja poupado ou utilizado com consciência, desenvolvendo ações de tratamento
de solos quimicamente contaminados, realizando plano de gerenciamento de resíduos sólidos,
exemplos estes dentre outras tantas ações.
25

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 LA COMO FERRAMENTA DE PRESERVAÇÃO E PROTEÇÃO DA NATUREZA

O LA vem se consolidando, através de resoluções e normativas, como um importante


instrumento para a preservação e proteção ambiental. O licenciamento e o acompanhamento
dos atos que devem ser tomados no empreendimento são muito importantes no processo de
preservação ambiental. Neste capítulo aborda-se a importância das diferentes etapas do
licenciamento e do acompanhamento de todas as normativas que devem ser adotadas no
decorrer do desenvolvimento de uma atividade econômica que pode gerar impactos ao meio
ambiente. De acordo com a Resolução do CONAMA nº. 237/97 o licenciamento ambiental é
tido como um procedimento no qual o órgão ambiental autoriza que empreendimentos
capazes ou que de fato irão causar algum tipo de degradação ambiental sejam realizados,
pretendendo obter um maior controle dos impactos que estes possam vir a causar. Dentro do
licenciamento ambiental existem três fases legais para que o empreendimento possa ser
realizado, sendo cada fase caracterizada por um aspecto definido. Essas fases são: Licença
Ambiental Prévia (LP), Licença Ambiental de Instalação (LI) e, por último, Licença
Ambiental de Operação (LO). Existe também a Autorização Ambiental (AA), que é destinada
a empreendimentos de menor impacto ao meio ambiente (SANTOS, 2010).
Para que essas licenças sejam concedidas, são exigidos pelo órgão ambiental estudos
ambientais correspondentes a cada prática sujeita a licenciamento. Em relação à competência
da União encontram-se as orientações de atividades e de procedimentos de LA na Resolução
237/97 do CONAMA. A listagem dessas atividades e seus respectivos estudos ambientais
para o estado do Rio Grande do Sul estão na resolução CONSEMA Nº 288/2014, na Lei
11.520/200, além da lei complementar Nº 140/2011. Os estudos que podem ser exigidos pelo
órgão ambiental são Declaração de Conformidade Ambiental (DCA), Estudo de
Conformidade Ambiental (ECA), Relatório Ambiental Prévio (RAP), Estudo Ambiental
Simplificado (EAS), Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e seu Relatório de Impacto
Ambiental (RIMA) (SANTOS, 2010).

4.1 ESTÁGIOS DO LA
Como discorrido até o momento às licenças ambientais são imprescindíveis, então esta
seção servirá para exibir de maneira detalhada cada etapa do LA e como e quais os
mecanismos realizados até a aquisição desta. A realização destas etapas do LA tem uma clara
26

intenção de fazer com que o empreendedor busque de todas as formas possíveis trazer o
menor impacto negativo exequível.
Esta seção se faz importante também pelo fato de que o LA estabelece e regulamenta
muitos pontos da Política Nacional do Meio Ambiente, entre os principais, a necessidade de
regulamentação de aspectos do LA estabelecidos na Política Nacional do Meio Ambiente que
ainda não haviam sido definidos. Define, também, a necessidade de revisão dos
procedimentos e critérios utilizados no LA no decorrer da concessão e no decorrer das
diferentes etapas de acompanhamento e fiscalização dos procedimentos da LA.

4.1.1 Licença prévia

A Licença Prévia (LP), que uma das primeiras etapas do LA, está conceituada no
inciso I do art. 8º da Resolução CONAMA 237/97, que assim dispõe:

Art. 8º O Poder Público, no exercício de sua competência de controle, expedirá as


seguintes licenças: I - Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do
planejamento do empreendimento ou atividade aprovando sua localização e
concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e
condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação [...].

A Licença Prévia busca objetivamente atestar a efetividade ambiental do


empreendimento. Subsequentemente, servirá de instrumento de aprovação da concepção, da
adequação e da localização, além de definir as medidas mitigadoras e compensatórias dos
impactos ambientais que podem ser causados pelo empreendimento. Sendo assim, o
empreendedor deve requerer esta licença na fase preliminar do planejamento da atividade. A
permissão da LP dependerá de autorização, realizado por meio de um estudo prévio de
impacto ambiental, e seu respectivo relatório de impacto sobre o meio ambiente (EIA/RIMA).
Na fase de elaboração do EIA e RIMA são realizados levantamentos dos possíveis impactos
ambientais e sociais, além da apresentação dos planos para medidas mitigadoras, é aberto
também neste momento diálogos com a comunidade e consultas com entidades setoriais
(LEITE, 2013).
É importante destacar que nessa fase o empreendimento não está autorizado a dar
início nas obras sequer a funcionar. Nessa primeira fase o empreendedor manifesta sua
intenção de realizar determinada atividade, e serão avaliados, pelo órgão ambiental
competente, o local do empreendimento e sua concepção, o atendimento às leis ambientais, e
atestando a sua viabilidade ambiental. A partir de então, determina-se os requisitos básicos
para as fases seguintes (OLIVEIRA, 2012).
27

Segundo Talden Farias (2006, p 3352.), a LP seria uma ―espécie de chancela para o
início do planejamento da atividade‖. Ele entende essa fase como a mais importante de todo o
LA, por ser o momento em que são efetuadas as maiores mudanças estruturais no projeto da
atividade a ser licenciada.
Entende-se como primordial a participação, de fato efetiva, de todos os indivíduos
envolvidos neste primeiro momento de solicitação da LP: a comunidade que vivenciará os
resultados da instalação do empreendimento de forma muito próxima; o órgão ambiental
como detentor da responsabilidade propriamente dita sob os recursos naturais; e as entidades
setoriais, com consequentemente função de defender os seus interesses e direitos profissionais
e sua cidadania, contribuindo não apenas para a defesa dos seus próprios interesses, como
também para o desenvolvimento da sociedade como um todo.
Essa etapa é muito importante, inclusive porque ajustes e correções serão mais difíceis
de serem realizados a posteriori. O correto encaminhamento dessa fase auxiliará nos
procedimentos adequados nas fases seguintes.
4.1.2 Licença de instalação
A Licença de Instalação (LI), conforme visto, está prevista no art. 8º, II da Resolução
CONAMA 237/97, com a seguinte redação:

Art. 8º O Poder Público, no exercício de sua competência de controle, expedirá as


seguintes licenças: [...] II - Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do
empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos
planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental
e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante.

Após aprovação da Licença Prévia, o empreendedor deverá pleitear a Licença de


Instalação (LI). Para tal, precisará apresentar ao órgão competente o projeto físico e
operacional da obra, contendo o maior detalhamento possível, neste momento o
empreendedor precisará expor como irá atender às condições e restrições impostas pela
Licença Prévia. Somente após a aprovação por parte do órgão ambiental e emissão da LI é
que o projeto pode ser iniciado (LEITE, 2013).
Portanto, a Licença de Instalação somente permite que o empreendimento seja
instalado, nos termos das condicionantes previstas na licença ambiental. Essa licença é
concedida após a Licença Prévia, nesta fase é permitido dar-se o início das obras de
determinado empreendimento. Entretanto, essa licença não permite a execução das atividades
(OLIVEIRA, 2012).
28

De acordo com Talden (2016, p 260) depois de consentido o projeto executivo, é


emitido a Licença de Instalação contendo as especificações de natureza legal e técnica para
efetiva proteção do meio ambiente, sendo somente a ―partir daí que o órgão ambiental
autorizará a implantação da atividade, qualquer alteração na planta ou nos sistemas instalados
devem ser formalmente enviada ao órgão licenciador para avaliação e posterior permissão ou
não‖.
4.1.3 Licença de operação
A Licença de Operação (LO) possui sua regulamentação prevista no inciso III da
Resolução CONAMA 237/97 (já visto), conforme segue:

Art. 8º O Poder Público, no exercício de sua competência de controle, expedirá as


seguintes licenças: [...] III - Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da
atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que
consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e
condicionantes determinados para a operação.

A LO autoriza a operação da atividade ou empreendimento, em seguida da verificação


do cumprimento do que consta das licenças anteriores. A licença não é definitiva, subjugando
o empreendedor à renovação. Cabendo a cada ente federativo estabelecer seus próprios
prazos, que estão entre quatro e dez anos, levando-se em consideração os planos de
contingência ambiental (LEITE, 2013).
Sendo assim, observa-se que a Licença de Operação poderá ser concedida, pelo órgão
ambiental, após a verificação de que as licenças anteriores (prévia e de instalação) foram
devidamente cumpridas, incluindo as suas condicionantes (OLIVEIRA, 2012).
Assim, a licença concedida permitirá o efetivo início das atividades do
empreendimento. Porém, é importante salientar que o licenciamento não se esgota com a
obtenção da Licença de Operação, pois, após a sua concessão, deverá ocorrer o
monitoramento e a fiscalização da atividade potencialmente lesiva, a fim de que o órgão
ambiental verifique se as condicionantes estão sendo cumpridas pelo empreendedor
(OLIVEIRA, 2012).
Talden (2016, p. 260) também traz nessa etapa sua contribuição quanto a
obrigatoriedade do órgão ambiental de ―vistoriar a obra ou empreendimento a fim de constatar
se todas as exigências de controle ambiental feitas nas fases anteriores foram devidamente
cumpridas‖. Para que somente após certificação seja conferida a licença de operação ao
empreendimento, em razão deste ato administrativo estão contidas as técnicas de controle e as
conjunturas de operações.
29

4.1.4 Licença ambiental simplificada


Assim dispõe o parágrafo único do art. 8º da Resolução CONAMA 237/97:

Art. 8º [...] Parágrafo único. As licenças ambientais poderão ser expedidas isolada
ou sucessivamente, de acordo com a natureza, características e fase do
empreendimento ou atividade.

Entendendo mais sobre o assunto, tal artigo deve ser lido conjuntamente com o art. 12
da mesma Resolução, que assim dispõe:

Art. 12. O órgão ambiental competente definirá se necessário, procedimentos


específicos para as licenças ambientais, observadas a natureza, características e
peculiaridades da atividade ou empreendimento e, ainda, a compatibilização do
processo de licenciamento com as etapas de planejamento, implantação e operação.
§ 1º Poderão ser estabelecidos procedimentos simplificados para as atividades e
empreendimentos de pequeno potencial de impacto ambiental, que deverão ser
aprovados pelos respectivos Conselhos de Meio Ambiente. § 2º Poderá ser admitido
um único processo de licenciamento ambiental para pequenos empreendimentos e
atividades similares e vizinhos ou para aqueles integrantes de planos de
desenvolvimento aprovados, previamente, pelo órgão governamental competente,
desde que definida a responsabilidade legal pelo conjunto de empreendimentos ou
atividades § 3º Deverão ser estabelecidos critérios para agilizar e simplificar os
procedimentos de licenciamento ambiental das atividades e empreendimentos que
implementem planos e programas voluntários de gestão ambiental, visando a
melhoria contínua e o aprimoramento do desempenho ambiental.

Analisando o artigo apresentado, conclui-se que o órgão público poderá estabelecer


uma licença simplificada conforme a natureza, características e peculiaridades de determinado
empreendimento ou atividade. A licença simplificada também pode ser concedida no caso do
potencial de impacto ambiental ser baixo, isso deverá ser aprovado pelo respectivo Conselho
de Meio Ambiente. Esse tipo de licença, dentre outras, trata de situações em que o
empreendimento não se sujeitaria ao LA, mas, devido à sua localização, onde existem outros
empreendimentos, ou por estar localizado em área especial dentro do plano diretor do
Município ou outro plano governamental, passa a necessitar de licenciamento (OLIVEIRA,
2012).
Nesse caso, é feito um licenciamento em conjunto com os demais empreendimentos,
pois é justamente esse conjunto que pode tornar as atividades poluidoras. Entretanto, apesar
de o licenciamento ser feito em conjunto, como por exemplo, um estudo ambiental para todos,
cada um receberá sua licença de forma individual (OLIVEIRA, 2012). Talden (2016, p 260)
descreve ainda que em relação às atividades de menor porte ou de menor potencial ofensivo, o
órgão ambiental poderá estabelecer um procedimento simplificado, independentemente da
fase em que se encontrarem.
30

4.2 ANÁLISE CRÍTICA DO LA NO BRASIL: ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS

No cenário socioeconômico e político vigente o LA passou a ser visto como um mero


rito burocrático e até mesmo sofre ataques, baseados em falácias, que alegam que ele é um
atraso ao desenvolvimento econômico. Um exemplo que comprova isso ocorreu no ano de
2004 quando o influente senador baiano Antônio Carlos Magalhães, em discurso no Senado,
censurou o IBAMA por impedir a realização de dezenas de obras, atribuindo isso ao que
denominou de fundamentalismo ecológico (SIC.) que segundo ele, estaria presente em áreas
do poder público, em especial no IBAMA (AGÊNCIA SENADO, 2004). Entretanto, cabe
ressaltar que o IBAMA tem poder de polícia e é um órgão de fundamental relevância na
preservação do meio ambiente cuja função é:

Implementar o Cadastro Técnico Federal; fiscalização ambiental e a aplicação de


penalidades administrativas; geração e disseminação de informações relativas ao
meio ambiente; monitoramento ambiental, principalmente no que diz respeito à
prevenção e controle de desmatamentos, queimadas e incêndios florestais; apoio às
emergências ambientais; execução de programas de educação ambiental; elaboração
do sistema de informação e estabelecimento de critérios para a gestão do uso dos
recursos faunísticos, pesqueiros e florestais; dentre outros (OECO).

Atualmente, os órgãos de proteção ambiental vêm sofrendo sucessivos desmontes que


impactam significativamente as medidas de proteção ambiental. O que pode ser demonstrado
por múltiplos fatos recentes. No dia 12 de maio de 2020 foram exonerados 46 chefes de
unidades de conservação, e bases e escritórios do ICMBio foram desativados (DOU, 2020a).
A partir de outubro do ano de 2019 as multas pelo desmatamento da Amazônia foram
suspensas por um decreto do presidente da república que fez uso de uma ação de garantia da
lei da ordem geral - o presidente retirou a autonomia dos órgãos de proteção ambiental do
combate de proteção ao desmatamento (DOU, 2020b).
O LA e seus desdobramentos são importantes porque permitem a proteção e
preservação dos bens naturais. São também, necessários para o empreendedor porque —
apesar de gerar custo e demandar por um período de tempo para obtenção do licenciamento
— o empresário, ao agir de acordo com a lei, tem a segurança que não ocorrerão problemas
como paralisações e multas devido ao descumprimento das medidas legais. No que tange aos
aspectos ambientais, há a garantia que os prováveis impactos ambientais do empreendimento
serão atenuados e compensados conforme determina a legislação (MILARÉ, 2013).
Quanto aos pontos negativos são citados, por exemplo: Estudos e Relatórios de
Impacto Ambiental (EIA-RIMA), frequentemente extensos e bastante detalhados, porém
31

focados principalmente no diagnóstico, sem contribuição efetiva para o atendimento das


questões específicas do licenciamento; baixa qualidade dos EIA/RIMA e ausência do veículo
ambiental na concepção dos projetos; excessiva demora na emissão dos Termos de Referência
para a preparação dos EIA/RIMA; frequentes ações na justiça por conflitos ambientais, sem a
busca de alternativas visando resolvê-los; ausência de monitoramento, fiscalização e
acompanhamento geral dos projetos licenciados, basicamente decorrentes da limitada
habilidade institucional; falta de marco regulatório específico e detalhado para tratar de
questões sociais frequentemente incorporadas no licenciamento ambiental e que, normalmente
acabam virando um obstáculo para aqueles que buscam a licença; falta de profissionais da
área social no órgão licenciador; regulamento de compensação ambiental pouco claro, sendo
economicamente pouco eficiente e legalmente frágil, desincentivando investimentos;
ausência de dados e de informações ambientais; falta de cooperação entre os diversos órgãos
competentes; contradição na aplicação de princípios e critérios quando da análise e aprovação
do EIA/Rima (HOFMANN, 2015).
Com tais pontos mencionados, começou-se a construção de um ―hino‖ que embasa
aqueles que querem tornar o LA como algo facultativo, e isso vêm se tornando realidade dia
após dia com pessoas ―certas‖ em locais estratégicos, por isso este trabalho vem dando o
devido destaque a importância do LA e seus desafios.
Em nível nacional, marcos regulatórios vem sendo desestruturados e existem também
desmontes em direitos essenciais com cortes e agressões diretas ao meio ambiente em todas as
suas formas (ZHOURI, 2018). O LA que vem sendo negligenciado precisa ser praticado para
começar a conceder a população o direito de decidir sobre seus lugares de morada e seus
territórios, preservando e conservando a natureza.

4.3 EXEMPLOS DE BOAS EXPERIÊNCIAS DE LA

Apesar de muitas divergências em relação à execução e fiscalização do LA existem


experiências que indicam a importância do LA para desenvolvimento sustentável. São
empreendimentos que investem em ferramentas de gestão ambiental, e começam a contar com
documentos e selos comprobatórios, o que atualmente torna as empresas certificadas serem
bem vistas nacional e internacionalmente obtendo lucros com produtos que são considerados
sustentáveis e provenientes de produção limpa (FERREIRA, 2020).
Um exemplo é a indústria Celulose Nipo-Brasileira (CENIBRA), que se encontra no
município de Belo Oriente (MG), funcionando também em outros 54 municípios mineiros
32

(Açucena, Alvinópolis, Antônio Dias, Barão de Cocais, Bela Vista de Minas, Belo Oriente,
Bom Jesus do Amparo, Bom Jesus do Galho, Braúnas, Bugre, Caeté, Cantagalo, Caratinga,
Catas Altas, Coluna, Coroaci, Coronel Fabriciano, Córrego Novo, Dores de Guanhães,
Divinolândia de Minas, Ferros, Gonzaga, Governador Valadares, Guanhães, Iapu, Ipaba,
Ipatinga, Itabira, Joanésia, Mariana, Marliéria, Materlândia, Mesquita, Naque, Nova Era,
Paulistas, Peçanha, Periquito, Pingo D‘Água, Rio Piracicaba, Rio Vermelho, Sabinópolis,
Santa Bárbara, Santa Maria de Itabira, Santana do Paraíso, Santo Antônio do Itambé,
São Domingos do Prata, São Gonçalo do Rio Abaixo, São João Evangelista, Sardoá, Sem-
Peixe, Senhora do Porto, Virginópolis, Virgolândia) onde desenvolve diversos projetos
socioambientais, com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento da região. A empresa
dispõe de 104 mil hectares de floresta (FERREIRA, 2020).
E tem como missão transformar árvores plantadas, gerando e distribuindo riqueza de
forma sustentável. Nota-se que de certa forma a esta tende a se comprometer com as questões
ambientais. Em relação aos seus princípios e valores, dos cinco apresentados em seu site, três
citam sua veemente preocupação em trabalhar de forma correta e sustentável. Eles são:
Excelência: trabalhar com qualidade, confiabilidade e competitividade; Sustentabilidade:
garantir a competitividade, atendendo a sociedade e preservando a natureza; Espírito
Empreendedor: agir no presente com visão de futuro (FERREIRA, 2020).
A CENIBRA possui um Sistema de Gestão Ambiental bem organizado e foi uma das
primeiras empresas brasileiras a alcançar a certificação ABNT NBR ISO 14001 em outubro
de 1997. Outra certificação que a Celulose Nipo-Brasileira detém é a ABNT NBR ISO 9001,
obtida em 1993, que trata da preocupação que a empresa tem em obter melhoria contínua dos
seus produtos e serviços. Em junho de 2008, a empresa recebeu a certificação ABNT NBR
ISO/IEC 17025 para seu laboratório de meio ambiente. Essa certificação é reconhecida pela
Rede Metrológica de Minas Gerais (RMMG) e reconhece a competência do laboratório da
empresa para realizar ensaios analíticos ambientais e obter dados precisos e confiáveis
(FERREIRA, 2020).
Outras duas certificações que a empresa possui é o da Forest Stewardship Council
(FSC) e do Programa Nacional de Certificação Florestal (CERFLOR). O FSC é uma
organização internacional e independente composta por membros de setores ambientais,
econômicos e sociais, enquanto a CERFLOR é um programa brasileiro certificado e gerido
pelo Instituto Nacional de Metrologia (INMETRO), suas normas foram criadas pela ABNT
(FERREIRA, 2020).
A CENIBRA foi a primeira empresa brasileira a receber simultaneamente as
33

certificações FSC e CERFLOR tanto para o Manejo Florestal como para a Cadeia de
Custódia. O CERFLOR é reconhecido internacionalmente pelo Programme for the
Endorsement of Forest Certification (PEFC). Possuindo tais certificações, a empresa garante
que sua madeira é proveniente de floresta certificada e de origem controlada. Estes
diferenciais contribuem tanto para empresa que coopera para o meio ambiente quanto para a
valorização de seus produtos. Desse esforço, a empresa conta com seu produto (celulose)
tendo as seguintes certificações: FSC Crédito Misto ou FSC Mix Credit (Sistema de
Créditos); FSC 100% (Sistema de Transferência); Madeira Controlada FSC ou Controlled
Wood FSC; 100% CERFLOR/PEFC Certificado ou 100% CERFLOR/PEFC Certified;
(Sistema de Créditos); CERFLOR/PEFC Origem Controlada ou CERFLOR/PEFC Controlled
Sources (FERREIRA, 2020).
Dentre as estratégia praticada pela CENIBRA estão planejamento técnico, econômico,
ambiental e social para todas as atividades de produção de mudas, preparo de áreas,
plantio, manutenção florestal, colheita e transporte para a fábrica, monitoramento e
conservação de áreas cobertas com vegetação nativa. Pela cadeia de custódia é possível
fazer o rastreio Floresta - Cliente e Cliente - Floresta (FERREIRA, 2020).
A empresa também possui outros projetos como de controle da fauna e flora;
reintrodução de aves silvestres ameaçadas de extinção; manejo de áreas de vegetação nativa
envolvendo o enriquecimento com o plantio de mudas e controle de plantas invasoras e de
pragas; a recuperação de áreas erodidas; a proteção contra incêndios florestais, roubo de
madeira, caça; o programa de educação ambiental; o apoio ao desenvolvimento de estudos por
universidades e centros de pesquisa; a utilização sustentável de recursos das florestas nativas;
e o desenvolvimento de atividades de ecoturismo em locais de beleza cênica (FERREIRA,
2020)
Diante de todas as medidas executadas pela CENIBRA, fica nítido que é sim possível
o desenvolvimento sustentável. A empresa além de estar há anos no mercado, contribuindo
cada vez mais para o desenvolvimento ambiental do país, dá bons exemplos aos
empreendimentos deste e outros segmentos. O Coordenador de Meio Ambiente Industrial e
Florestal do empreendimento Cenibra Celulose destaca que, por ser um empreendimento de
grande porte, desde a sua concepção, instalação e início de operação, em 1973, a companhia
sempre teve a preocupação com as questões ambientais como parte intrínseca de suas
atividades. Ele declara ainda que: ―os marcos regulatórios e processos de licenciamento
demandam a adoção de uma série de controles e melhorias de processo visando à prevenção
ou minimização de seus impactos ambientais‖ (FERRARO, 2012). O LA já consolidado será
34

um ótimo antecessor para essa instalação. Estes procedimentos são extremamente importantes
para quando for tomada a decisão de implementação de sistema de gestão ambiental.
Outro empreendimento que pode servir para exemplificar bons resultados de LA bem
encaminhado é o empreendimento Maran & Salinas LTDA, que foi fundado em 1978 e tinha
como objetivo a fabricação de cepas e saltos de madeiras para calçados. Porém na década de
1980, foram adquirindo a participação total da empresa que ficou conhecida como Salinas &
CIA LTDA. Pouco tempo depois, mais propriamente dito em 1985, passou a fabricar e
fornecer caixas de sapatos e iniciando assim suas atividades como Cartonagem, passando a
atuar como Salinas Embalagem. Sua localização é estratégica, fica a 20 km do centro
geográfico do Estado de São Paulo, próximo a rodovias, ferrovia e hidrovia na cidade de
Pederneiras – SP (SOLANA; CARNEVALE, SIMONAGIO, 2013).
Neste momento a empresa atende todo território nacional, principalmente o Estado de
São Paulo. Com equipamentos desenvolvidos a Salinas produz uma completa linha de
produtos com variedade para atender a necessidade de diversos segmentos industriais,
executando tal tarefa sempre em sintonia e respeito com o meio ambiente (SOLANA,
CARNEVALE, SIMONAGIO, 2013).
As conquistas da Empresa começaram no ano de 2012, quando a Salinas Embalagem
conquista a certificação ISO 9001, que conforme como já dito é a certificação que trata da
preocupação que a empresa tem em obter melhoria contínua dos seus produtos e serviços, no
mesmo ano a empresa também conquistou o selo FSC (Forest Stewardship Council ou
Conselho de Manejo Florestal). Vale lembrar que para obter a certificação ISO 9001 a
empresa deve atender alguns requisitos, dentre eles ressalta-se a padronização,
monitoramento, medição e rastreabilidade para assegurar a qualidade dos processos, que
consequentemente irá refletir na qualidade do produto. Além disso, capacita seus
colaboradores verificando a satisfação dos clientes e funcionários e ainda realiza constantes
melhorias nos processos internos baseando-se nas premissas normativas da ISO 9001
(SOLANA, CARNEVALE, SIMONAGIO, 2013).
Outro cuidado que a Salinas embalagens tem é que seus produtos sejam
ambientalmente adequados, economicamente viáveis e socialmente justos, simultaneamente
as exigências dos seus clientes, buscou em seus processos a Certificação FSC que garante que
todo o processo produtivo da embalagem é de fontes responsáveis, garantindo assim
qualificação em seus processos produtivos, preservação dos recursos naturais, sendo a
primeira empresa da região do ramo gráfico a adquirir a certificação FSC (Forest Stewardship
Council) (SOLANA, CARNEVALE, SIMONAGIO, 2013).
35

Apresentando inúmeras maneiras de estar em conformidade com o meio ambiente, a


empresa foi buscar a certificação SOY INK, que é concedida para materiais impressos com
tintas que têm o selo ―Printed with Soy Ink‖, que atesta que as tintas são certificadas pelo
órgão regulador American Soybean Association- ASA e estão de acordo com as exigências
ambientais estabelecidas. Essa tinta é à base de óleo de soja e tem naturalmente baixa emissão
de VOC (compostos orgânicos voláteis, compostos químicos que se evaporam e reagem à luz
solar) assim, sua utilização reduz emissões que provocam poluição atmosférica e outros
efeitos nocivos ao meio ambiente. Além do mais, os resíduos não são considerados perigosos
e podem ser tratadas mais facilmente e de forma rentável. Resíduos de tinta à base de petróleo
são considerados resíduos líquidos industriais que requerem descarte apropriado. A tinta à
base de soja também requer a destinação correta enquanto resíduo, mas é um resíduo muito
menos poluente (SOLANA, CARNEVALE, SIMONAGIO, 2013).
O empreendimento apresenta como visão ―Tornar-se referência de qualidade no
mercado de embalagens, bem como, ser reconhecida como exemplo a ser seguido por outros
segmentos empresariais, ganhando repercussão pela excelência total no modo que nos
relacionamos com as pessoas e o ambiente‖ (SALINAS EMBALAGENS, 2021). O que
ratifica o compromisso da mesma para com a sociedade e o meio ambiente.
Em termos financeiros a aquisição do selo FSC para Salinas Embalagens trouxe
vantagem competitiva para a empresa por suprir as exigências de seus novos clientes, também
certificados, fazendo parte de um mercado, em que antes, era composto apenas por grandes
empresas gráficas, e clientes com potencial de compra elevado. Após a certificação, a
empresa acabou servindo de referência para a região quando foi a primeira do setor gráfico a
se certificar, mantendo-se à frente de seus concorrentes na busca por se diferenciar em um
mercado competitivo. Em sua maioria os clientes da Salinas embalagens são multinacionais e
exigem o selo FSC em seus produtos (SOLANA, CARNEVALE, SIMONAGIO, 2013).
Para todos esses objetivos alcançados, anteriormente existiu o cumprimento do LA,
que puderam anteceder a busca de novos desafios como as certificações e outros atributos.
Sem que houvesse um LA eficaz, todos os trabalhos acima mencionados poderiam ser bem
mais onerosos eventualmente contribuintes para um fracasso na obtenção dos diferenciais
como FSC e ISO 14001.
36

5 OS DESAFIOS DO LA EM REGIÕES DE MINERAÇÃO

Todo o caminho trilhado até aqui mostrou a importância do LA a relevância de cada


etapa, e sua a preocupação com a preservação do ambiente. Neste capítulo, abordam-se os
casos de Mariana em 2015 e Brumadinho em 2019, que alertam para riscos no estado de
Minas Gerais, pelas atividades econômicas na área de mineração e que coloca o Estado à
mercê da mineração e vem sofrendo consequências da presença destes empreendimentos.
Salienta-se que além dos crimes ocorridos, a instalação de novos empreendimentos deste
porte cresce cada vez mais no Estado de Minas Gerais. A manutenção e as características
econômicas deste Estado indicam para medidas que devem ser adotados em relação aos
cumprimentos do LA e até mesmo da necessidade de realizar mudanças nele para tornar as
medidas de proteção ambiental mais rígidas.
A instalação de companhias de mineração não são ameaças apenas após rompimentos.
A instalação dessas atividades comprometem nascentes de água, a sua inserção em áreas de
extrema importância biológica que coloca em risco de extinção áreas de muita relevância
como, por exemplo, a Mata Atlântica e os campos rupestres. Pode-se mencionar também a
supressão da cobertura vegetal, que além de diretamente incidirem na flora, afeta
indiretamente, a fauna. Da mesma forma, são comprometidos recursos que embora renováveis
podem implicar em perdas de diversidade e riqueza, além de danos ecológicos relativos à
funcionalidade e importância das formações vegetais para a dinâmica dos ecossistemas. Todas
essas são questões relevantes na região em análise.

5.1 BRUMADINHO E MARIANA: AS CONSEQUÊNCIAS DECORRENTES DE


LIMITES NOS PROCEDIMENTOS DO LA

No dia 5 de novembro de 2015, a contenção da barragem do Fundão apresentou um


vazamento, neste momento algumas equipes terceirizadas estavam no local para realização do
processo de alteamento (ação que ocorre quando a barragem chega ao seu ponto limite
de reservatório de despejos dos rejeitos da mineração). Esta medida constituiu em uma
tentativa de atenuar o vazamento com o procedimento de esvaziar parte da barragem, mas, por
volta das 16h20min, a barragem cedeu e houve o rompimento, lançando os rejeitos
provenientes da extração do minério de ferro por quilômetros, o município Bento Ribeiro, que
se localizava em torno de 2,5 quilômetros da barragem, foi o que mais sofreu com a enxurrada
de lama, que matou várias pessoas e desabrigou todas as outras. Apesar de estar em um
37

terreno abaixo e no sentido da represa, Bento Rodrigues não possuía um plano de


contingência nem rotas de fugas que permitissem aos moradores se afastarem a tempo para
áreas seguras (MIRANDA, 2017).
A barragem fazia parte da unidade de Germano, no município de Mariana, que se situa
na vertente sul da Serra do Espinhaço, na Zona Metalúrgica de Minas Gerais, conhecida como
Quadrilátero Ferrífero, o município faz limite com Ouro Preto e Barra Longa, entre outros,
este fica cerca de 12 km de Ouro Preto e 110 km da capital do estado, Belo Horizonte, a
unidade é composta pelas barragens de Germano, Fundão e Santarém. A empresa responsável
pela unidade é a SAMARCO (s.d.), a empresa foi fundada em 1977 e é controlada, em partes
iguais, por dois acionistas BHP Billiton Brasil e a Vale S.A. Seu produto principal é o
minério de ferro comercializado para as diversas indústrias siderúrgicas do mundo
(MIRANDA, 2017).
Já o desastre ocorrido em Brumadinho, que é um município brasileiro no estado de
Minas Gerais, Região Sudeste do país, localizado na região metropolitana de Belo Horizonte.
Aconteceu no dia 25 de janeiro de 2019, às 12h 28min 25s a barragem de rejeitos (B1) da
mina Córrego do Feijão, da mineradora Vale S.A cedeu e deu início ao crime ambiental que
pode ser considerado como um dos maiores do século. No primeiro dia contabilizava 13
milhões de m3 de rejeitos da mineração lançados ao meio ambiente. Após um mês de buscas,
o número de óbitos ultrapassava 300, e os bombeiros ainda buscavam desaparecidos
(FREITAS et al., 2019).
Os rejeitos soterraram parte das estruturas da própria mina, como o refeitório e área
administrativa, além de diversas comunidades situadas abaixo da barragem rompida. Um dos
principais motivos para o alto número de vítimas foi a não adoção das medidas cautelares de
evacuação, e por ser horário de almoço, assim muitas pessoas estavam presentes no refeitório
o que influenciou diretamente no grande número de mortes ocasionadas por essa tragédia
(REZENDE & SILVA, 2019).
O que difere os acontecimentos ocorridos em Mariana, 2015, e Brumadinho, 2019 é
que em Mariana os prejuízos maiores foram em relação ao meio ambiente, já em Brumadinho
a expressividade se mostra através de números de óbitos. Pinheiro (2019, p.308) reitera que ―é
surreal, mas três anos e dois meses após a ruptura da barragem de Fundão em Mariana
vivemos, o mesmo do mesmo, repetindo erros, tragédias e crimes. Como em tão pouco tempo
medidas não foram tomadas, responsabilidades não foram concedidas e culpados não foram
condenados‖.
38

O rompimento da barragem de rejeitos da Vale, no córrego do fundão, em


Brumadinho ocorreu 25/01/2019 no início da tarde de uma sexta-feira, por volta do meio-dia.
A lama atingiu a empresa em que se encontravam cerca de 430 trabalhadores. Às 13h37, a
Secretaria do Estado de Meio Ambiente foi avisada do acidente pela mineradora.
Aproximadamente 14 milhões de toneladas de lama e rejeitos de minério de ferro foram
liberadas no ambiente com o rompimento. Os rejeitos avançaram rapidamente por 8 km e
poluíram o rio Paraopeba (RODRIGUES, 2019).
O desastre ocorreu após três anos do rompimento da barragem em Mariana que era de
responsabilidade da Samarco, empresa subsidiária da Vale na cidade. O modelo de barragem
da vale em Brumadinho (nomeado de alteamento a montante) utiliza o próprio rejeito como
base para ampliação superior e é o mesmo do que se rompeu em Mariana. Esse modelo é um
dos mais utilizados, devido ao reduzido custo de implantação, porém é um dos mais instáveis
e o presidente se comprometeu, no mesmo mês, a acabar com as demais barragens da empresa
desse mesmo tipo (RODRIGUES, 2019).
O desastre ganhou repercussão em nível mundial e gerou dúvidas a respeito de
aspectos como segurança das barragens, indenização das vítimas, dimensão dos danos
causados, consequências jurídicas e, sobretudo, a responsabilidade penal em crimes praticados
na atividade mineradora (MOREIRA, 2019). A Vale foi punida com multas aplicadas pelo
IBAMA e também pelo tribunal de justiça do estado, as penalidades totalizam cerca de 6,25
bilhões, cerca de 56% do lucro trimestral da empresa (MORAES, 2019).O rompimento
retoma a discussão quanto à desregulação e flexibilização das medidas de proteção ambiental.
De acordo com Zhouri (2018):
O retrocesso institucional coloca em questão a própria noção de democracia e
configuram um dos efeitos do derrame da mineração. Os desastres se multiplicam na
mesma medida em que os espaços da política são transformados em instâncias de
judicialização e criminalização de atingidos e lideranças que lutam em defesa dos
seus territórios e modos de vida a eles associados. A violência dessas formas de
apropriação do lugar do outro e sua submissão aos diferentes tipos de ameaças
oblitera diferenças, diversidades, identidades e escolhas coletivas. (ZHOURI, 2018).

Há quem diga que não houve tragédia maior nesse segmento, mas caso ações não
sejam adotadas, os casos de Brumadinho e Mariana serão apenas os primeiros dos muitos
crimes ambientais que empresas desse setor cometerão que causa danos irreparáveis ao
ecossistema e muitas vidas perdidas. Enfatiza-se a necessidade de acirrar as cobranças de
cunho ambiental, principalmente para estes setores, já que em caso de ―acidentes‖ além do
meio ambiente perdem-se também vidas. Apesar de haver constantes desmontes ambientais
estes só ficaram visíveis porque além do meio ambiente houve também mortes.
39

O quadro abaixo expõe em dimensões o quanto foi perdido nos dois acontecimentos.
Ele demonstra claramente como os principais pontos que originaram o caso de Mariana em
2015, tivessem sido resolvidos, poderia ter evitado o que ocorreu na cidade de Brumadinho
em 2019.

Quadro 1 — Comparação entre os acontecimentos de Mariana e Brumadinho

Informações Barragem de Fundão Barragem do Córrego do


(Mariana) Feijão (Brumadinho)

Bacia Hidrográfica Bacia do Rio Doce Bacia do rio Paraopeba (Rio


comprometida São Francisco)

Volume de Rejeitos 60 milhões de m3 12 milhões de m3

Tipo de barragem Montante Montante

Atestado de segurança da Tinha atestado de segurança Tinha atestado de segurança


barragem

Sirene de aviso Não foi acionado Não foi acionado

Número de mortos 19 pessoas Estimado 310

Descrição do perfil das Operários da Samarco e Profissionais de nível


vítimas fatais terceirizados; pessoas da superior, técnicos, operários
comunidade principalmente da Vale e terceirizados;
de Bento Rodrigues, empresários; turistas;
moradores da comunidade
do Córrego do Feijão.

Número de pessoas 504 famílias de forma mais Aproximadamente 175


desabrigadas direta famílias de forma mais
direta

Dano ao ecossistema e ao Perda de 324 hectares de Perdas de centenas de


corpo hídrico Mata Atlântica, devastação hectares de Mata Atlântica,
do córrego Santarém, devastação do Córrego do
comprometimento Feijão e comprometimento
importante do rio Gualaxo da qualidade de água e biota
do Norte, e da qualidade de aquática por mais de 250
água e biota nos 680 quilômetros de extensão ao
quilômetros de extensão do longo do rio Paraopeba,
Rio Doce afluente do Rio São
Francisco.
Fonte: PINHEIRO (2019).
40

Se Mariana possuía o atestado de segurança (como foi constatado pelo corpo de


bombeiro de Minas Gerais) por que havia a presença de trincas dentro de outra barragem que
compunha o sistema de barragens da Samarco? Além de possuir atestado de segurança, a
mineradora havia sido fiscalizada pouco tempo antes do rompimento e nenhum problema foi
encontrado na sua barragem. Por que as alterações na Lei Nº 12.334, de 20 de Setembro de 2010,
que estabelece a Política Nacional de Segurança de Barragens só realizou alterações em seu
texto em 2020 após o crime de Brumadinho e não em 2015 após o crime em Mariana?
A revista Manuelzão (2016, p.11) afirma que passado um ano após a tragédia nada de
concreto ainda foi realizado neste período, segundo moradores, ambientalistas e o Ministério
Público, muito pouco do que foi acordado e menos ainda do mínimo que a população atingida
precisava para ter melhores perspectivas de futuro. Percorrendo o local pode-se perceber que
os atingidos continuam sujeitos à própria sorte. Nenhum responsável das empresas foi
culpado ou condenado, nenhuma indenização foi paga e ainda, nenhuma solução foi
apresentada para atenuar o impacto negativo que sofreu o Rio Doce. Para aqueles que
perderam tudo com o rompimento da barragem de Fundão a única saída que ainda resta é
continuarem esperando. Para aqueles que perderam parentes e amigos, fica o luto para ser
vivido. Quanto ao governo, acordos unilaterais não condizem com a realidade e frustram a
população.
Outro dado que expõe os desfechos do crime de Mariana, em 2015 foi publicado no
portal de notícias G1, no dia 05 de Novembro de 2020, e tem como capa a seguinte frase
―Tragédia de Mariana, 5 anos: sem julgamento ou recuperação ambiental, 5 vidas contam os
impactos no período‖ 60 meses após o rompimento da barragem de fundão ainda existem
lacunas que parecem muito longe de ser resolvidas. Esperança, preparação para o inesperado,
injustiça, tristeza e revolta. No dia 5 de novembro de 2020, o rompimento da barragem de
Fundão, em Mariana (MG), completou cinco anos e, com essas palavras e expressões, cinco
pessoas tiveram as vidas impactadas pelo maior desastre ambiental do país.
Depois do rompimento da barragem da Vale no córrego do Feijão, em Brumadinho,
em 25 de janeiro de 2019, passou-se a viver a insegurança das barragens minerárias. Muitas
evidências indicam que elas tinham atestados de segurança garantidos pela empresa e diversas
instituições, bruscamente tiveram seus atestados revistos e assim verificou-se o quão frágil e
insegura era a fiscalização dessas estruturas. Isto gerou diversas consequências prejudiciais,
especialmente para comunidades no entorno de barragens, que passaram a ser retiradas de
suas propriedades, tornando-se assim o que denominou de ―exilados da mineração‖. ―Lama
invisível‖ é a expressão que passamos a usar para definir a incerteza gerada pelo possível
41

rompimento de uma barragem (SILVA, 2021).

5.2 ―MINAS‖ GERAIS COMO É ALTO O PREÇO QUE O ESTADO PAGA

O Estado de Minas Gerais possui uma área territorial de 586.513,993 km2, e população
estimada no ano de 2020 de 21.292.666, localizada na região Sudeste da República Federativa
do Brasil. Tem produto interno bruto (PIB) que gira em torno de R$ 287 bilhões, sua capital
Belo Horizonte tem em média (2.375.151 habitantes), já a região metropolitana de Belo
Horizonte possui (4.883.970 habitantes) (MINAS GERAIS, 2021).
As principais cidades do estado são: Uberlândia (699,097 mil), Contagem (668.949
mil), Juiz de Fora (573.285 mil), Betim (444.784 mil), Montes Claros (413.487 mil), Ribeirão
das Neves (338.197 mil), Uberaba (337.092 mil), Governador Valadares (281.046 mil),
Ipatinga (265.409 mil), Santa Luzia (220.444 mil) e Sete Lagoas (241.835 mil). O número
total de municípios no estado é de 853, o clima é tropical, e apresenta subdivisões regionais,
sobretudo em função da altitude, apresentando variações entre: tropical de altitude, tropical
úmido, etc. O clima semiárido ocorre no extremo norte mineiro, em função da baixa
pluviosidade (INMET/5º Distrito), as temperaturas médias anuais são superiores a 18°C
(graus centígrados), em todas as regiões, exceto nos planaltos mais elevados do centro-sul do
estado, onde, no inverno, as temperaturas médias são inferiores a 18°C (INMET/5º Distrito).
O estado tem 85,3% de urbanização e 9,94 milhões de pessoas economicamente ativas
(MINAS GERAIS, 2021).
O território mineiro é ocupado por dois biomas que possuem dimensões proporcionais,
são eles: a Mata Atlântica e o Cerrado. Uma pequena parte ao norte contém um terceiro
bioma, a Caatinga. A perda de vegetação nativa afeta os três biomas. Segundo o IEF, em 2015
ainda restavam 57,44% da Caatinga, 39,44% do Cerrado e apenas 23,26% da Mata Atlântica
original (DULCI, 2018).
O Estado de Minas Gerais possui uma área conhecida como o Quadrilátero Ferrífero,
uma estrutura geológica de forma que se assemelha a um quadrado, que perfaz uma área de
aproximadamente 7000 km2 e estende-se entre o sudeste da cidade de Ouro Preto e a noroeste
da cidade de Belo Horizonte, a famosa capital mineira. Nesta localidade ocorrem as jazidas de
ouro em sua paragênese clássica de sulfetos. O supergrupo Minas que possui até 6000 m de
espessura é composto principalmente de metassedimentos pelíticos e quartzosos e coloca-se
discordante acima do cinturão verde Rio das Velhas. Dentre os seus quatro grupos, o de
Itabira é o mais significativo em termos econômicos, contendo os minérios de ferro,
42

localmente denominados itabiritos, internacionalmente conhecidos como banded Iron


Formations (BIF´s), minérios bandeados do tipo lake superior. O grupo Itacolomy é
basicamente composto de quartzitos (ROESER; ROESER, 2010).

Figura 1 — Mapa e bandeira do estado de Minas Gerais

Fonte: Site Estudo Prático (2018).

O estado de Minas Gerais, o qual é popularmente conhecido como ―algo de cada‖, se


faz extremamente fiel ao que o denominam suas minas de ferro e de manganês que assistem à
indústria siderúrgica, a bauxita à produção de alumínio, o calcário abastece a indústria de
cimento, e rochas fosfáticas normalmente são utilizadas em fertilizantes, rochas ornamentais
como serpentinito e quartzito são empregues na construção civil (ROESER & ROESER,
2010).
No nordeste do estado são constatados outros tipos de "atrativos" como o pegmatitos
industriais dos quais se ganha os minerais de muscovita e quartzo, na cidade de Ouro Preto
além do popular ouro registraram-se também a ocorrência de topázios imperiais e desde o fim
43

dos anos setenta são exploradas esmeraldas no nordeste do Quadrilátero Ferrífero. O rei das
gemas deu mesmo seu nome a uma cidade no centro de Minas Gerais: Diamantina. Pode-se
assim considerar o estado de Minas Gerais como um paraíso mineralógico. Isto se aplica
especialmente para o Quadrilátero Ferrífero. Até hoje, mais de cento e cinquenta minerais
puderam ser identificados nas vizinhanças diretas de Ouro Preto (ROESER; ROESER, 2010).
Estão relacionadas de alguma forma os impactos negativos ao meio ambiente com a
exploração de recursos, atividades minerais são sem sombra de dúvidas a inicial, dada a
riqueza geológica regional. Assim sendo dois tipos de impactos, são aqueles tidos como
principais os físicos e os de natureza química (ROESER & ROESER, 2010).
Pela legislação brasileira recente, as empresas de mineração devem recuperar as áreas
degradadas, mas isso raramente é feito já que nas palavras de Zhouri (2019, p.15):
A mineração é uma amputação da natureza. Ela é uma atividade primitiva
que não traz nenhum desenvolvimento para o lugar onde é realizada. Ela se resume a
cavar buraco para extrair pedra a ser enviada para outros lugares. Ela extrai a terra e
a água e não deixa nada no lugar. Na natureza, os ecossistemas não se recompõem.
Por isso a mineração é uma amputação, uma verdadeira mutilação.

Outro Autor que contribui para esta narrativa é Wisnik (2018, p 22) ele traz em sua
obra a seguinte afirmativa: o grande buraco geral que a mineração cavou no território de
Minas, multiplicado por outras tantas Itabiras e Itabiritos, e que em Belo Horizonte fez da
serra do curral uma paisagem de fachada que esconde uma ruína mineral, está exposto em
Itabira de maneira exemplar e obscena, de tão real e tão próximo.
Embora diferentes, o acontecimento catastrófico de Mariana em 2015, com tudo que
teve de letal, pode ser visto como raio que ilumina o que há de silencioso e invisível na
catástrofe de Itabira. Ambos envolvem a mesma região, a mesma empresa, e fazem parte da
mesma história, que começa na altura de 1910 com a corrida de empresas inglesas, norte-
americanas, alemãs e francesas ao quadrilátero ferrífero mineiro, prossegue-se por um longo
período de disputas travadas sobre as condições dessa exploração mineral até o final dos anos
1930, tomando impulso com a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, em 1942,
ficando responsável pela exportação do minério de ferro itabirano para a indústria bélica
aliada, acelerando-se exponencialmente, com a articulação dessas jazidas à produção mundial
do aço no pós-guerra. Ambos expõem as maquinações sem obstáculos que vão convertendo
compactas montanhas de minério em precárias e arriscadas montanhas de rejeitos (WISNIK,
2018).
Tal Passagem deixa claro que esta exploração incansável não vem sendo executada há
pouco tempo. Dado que além dos crimes já mencionados, houve outros rompimentos nesta
44

região que não foram tão divulgados quanto os crimes já citados, são estes: Mineração Rio
Verde em Nova Lima - MG (2001), Mineração Rio Pomba Cataguases em Miraí (2007) e a
Mineração Herculano em Itabirito (2014) (PINHEIRO, 2019).
O apelo por proteção, assim como a exploração, também não é realizado há pouco
tempo, Carlos Drummond de Andrade, relido por Wisnik (2018, p.104) trás um poema
totalmente delator.

Minas Gerais
Minerais
minas de Minas
demais,
de menos?
minas exploradas
no duplo, no múltiplo
sem-sentido,
minas esgotadas
a suor e ais,
minas de mil
e uma noite presas
do fiasco, do fausto,
da farra; do fim.
(...)

Desde os tempos remotos vem acontecendo dilacerações sem igual nos recursos
minerais mineiros, e desde esses tempos também, que ocorrem as denúncias e as súplicas por
proteção. Não tem sido fácil a tarefa de lidar com tamanha exploração, desde ouro no século
XVIII até o nióbio.
O nióbio é um metal refratário altamente resistente ao calor e ao desgaste e juntamente
com o tântalo, tungstênio, molibdênio e rênio, compõem o grupo dos metais especiais,
também conhecido como o grupo dos metais refratários. As principais características dos
metais refratários são: Elevado ponto de fusão; baixa pressão de vapor; baixo coeficiente de
expansão térmica; alta condutividade elétrica e térmica; alta resistência à corrosão; facilmente
transformados em óxidos. As propriedades refratárias do nióbio, aliadas a sua ductilidade
(capacidade de estirar-se sem se romper, transformando-se em um filamento), são
responsáveis por inúmeras aplicações na metalurgia moderna. Esse elemento vem sendo
anunciado como promissor na economia nacional, mas por se tratar de um minério, sua
atividade de extração provavelmente irá degradar o local onde se encontra suas jazidas e este
local por incrível que pareça fica no complexo carbonatítico de Araxá-MG, ou seja, o estado
continuará sofrendo os prejuízos dos impactos negativos da mineração (ALMEIDA, BARROS,
MONTEIRO, 2019).
45

Como disse a ambientalista e membro do movimento pelas Serras e Águas de Minas


Maria, Teresa Corujo, em entrevista à revista Manuelzão em março de 2019 ―No caso da
barragem que se rompeu em Brumadinho, o complexo minerário sempre foi considerado
como empreendimento de classe 61. Porém, ele passou a ser considerado classe 41, devido a
mudanças na classificação por meio de deliberações normativas‖.
Fica evidente que o negligenciamento do LA é uma realidade no estado de Minas
Gerais, é por isso a importância de repensar alternativas que possam fazer deste instrumento
de fato uma ferramenta a favor de que ―todos tenha direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações‖ como exposto no art. 225 da Constituição Federal de 1988.

5.3 PAPEL DO PODER PÚBLICO E SUA RESPONSABILIDADE NOS CASOS DE


MARIANA E BRUMADINHO

A tragédia também coloca em questão qual a relação que poder público pode e deve
exercer em relação à iniciativa privada, a fim de minimizar os danos que aconteceram e evitar
os que podem acontecer. O crime ambiental que ocorreu de maneira semelhante faz sobressair
à violência implícita que vem ocorrendo em prol do lucro e da manutenção do capital privado.
O ambiente fica inviável para a fauna e flora local e os seres humanos e apto somente para a
exploração comercial de minerais. As tragédias seguidas demonstram que há brechas para
burlar a legislação discretamente ou uma iniciativa para ganhar tempo e dinheiro diante da
lentidão dos processos de desapropriação e indenizações associadas (CAETANO, CASTRO,
RESENDE, 2019).
Diante das negociações e discursos semelhantes às práticas participativas do LA são
comprovadas as manifestações de violência institucional do estado e empresarial. Esse ato
tem a finalidade de evidenciar como o Estado atua engajado aos interesses de empresas
representando-a em seus discursos homogeneizantes fundados na modernização e no
desenvolvimento (SANTOS, DA SILVA, MARÍN, 2021). O que reafirma a importância do

1
Empreendimentos minerários são classificados, de 1 a 6, de acordo o porte produtivo e o potencial poluidor. Os
que são que são classificados até nível 4 podem solicitar Licenciamento Concomitante, que é quando a Licença
prévia, a de instalação e a de operação são concedidas de uma só vez. Já os projetos de grande porte,
classificados como 5 e 6, devem requerer licenciamento trifásico, em que as três licenças são dadas
separadamente. Além disso, é exigida a elaboração de estudo de impacto Ambiental.
46

LA como já descrito no capítulo I. Este seve servir para proteção de direitos, previstos na
Constituição Federal de 1988, estes serviços devem ser realizada de maneira responsável e
comprometida com o interesse de todos, e não apenas de uma pequena parte. Por isso faz-se
necessário uma reestruturação de corpo técnico em algumas instâncias dos órgãos ambientais,
além de uma composição de equipe técnica realmente multidisciplinar, e qualificação efetiva
destas equipes.
Importante também garantir que as etapas descritas no capítulo IV deste trabalho
sejam realizadas de maneira rigorosa, uma vez que, se o empreendimento necessita de LA, ele
deve arcar com danos que irá proporcionar a todos que pertence aquele ecossistema.
Independente de serem humanos, fauna ou flora. Empreendimentos do tipo minerário, em
especial, deve haver um cuidado mais aprofundado, principalmente nesse momento em que
textos presidenciais vêm modificando o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).
A respeito dessas alterações Rodrigues (2019) salienta a determinação 9806/19 que
reduz o número de membros do Conama. Um exemplo da redução, é que os trabalhadores e
representantes da sociedade civil possuíam 22 assentos para todo país com a determinação em
vigor passar a ter apenas quatro. Outra alteração exposta pelo autor é a de número 9760/19
que implanta duas mudanças relacionadas às multas do IBAMA: instituiu os chamados
―Núcleos de conciliação‖ e alterou o programa de conversão de multas em restauração
florestal. Os núcleos recentemente arquitetados funcionam como uma instância inicial de
análise de multas, podendo inclusive perdoar os multados. Para o ato de conversão de multas,
as ações de compensação ambiental solicitadas pelos infratores poderão ser realizadas pelas
próprias empresas multadas, exaurindo a ação daqueles que de fato se interessam em resgatar
os danos cometidos por estas (RODRIGUES, 2019).
Princípios como do poluidor pagador poderiam ter sido efetivados para o caso de
Mariana, em 2015. Caso as responsabilidades tivessem sido imputadas e a empresa autuada de
maneira rigorosa, talvez o desastre em Brumadinho tivesse sido evitado. Entretanto, em
ambos os casos, assistimos um processo que se estende e medidas que não são tomadas.
Espera-se que com pontos demonstrados ao longo do trabalho evidencie-se a importância do
LA e como ele pode ser relevante, se aplicado de maneira correta. Quantos aqueles que
passaram por esta tragédia é necessário que a reparação aconteça de fato, que as famílias
sejam compensadas, que as áreas sejam recuperadas e que as pessoas possam ter novamente
esses espaços, e que seja realizada fiscalização adequada também para pontos como estes.
47

Um último ponto importante para ser discutido antes de findado o capítulo, porém não
menos importante, é a utilização de barragens a montante. Esta que se sabe ser um dos
métodos mais baratos e menos seguros. Isso ocorre pelo método ter uma velocidade maior na
execução e ser de fácil operação, porém possui seu ônus já que está sujeito a um número
maior de problemas, como aqueles que desencadearam os casos de Mariana, em 2015 e
Brumadinho em 2019. Então é esperado que barragens como estas fossem impedidas de
serem empreendidas, que o LA que têm este tipo de barragem não passe para a próxima fase e
que empresas como a Vale e a Samarco — que possuem dividendos bilionários — invistam
em projetos que não somente por serem pouco onerosos, mas que principalmente que sejam
seguros para o meio ambiente e para a sociedade em torno e no geral.
Barragens jusantes, por exemplo, são apresentadas por Duarte (2008) como aquelas
que possuem como vantagens, o controle do lançamento e compactação, de acordo com
técnicas padronizadas de construção. Além de nenhuma parte ou alteamento da barragem ser
construída por cima de rejeito anteriormente depositado, os sistemas de drenagem interna
podem ser inseridos durante a construção da barragem e ampliado durante seu alteamento,
aumentando sua estabilidade. A barragem também pode ser projetada e construída indicando a
resistência necessária ou requerida, inclusive resistir a qualquer tipo de forças sísmicas, desde
que projetadas para isso, já que há a possibilidade de atendimento integral das especificações
de projeto. Entretanto, barragens alteadas pelo método de jusante necessitam de maiores
volumes de material para construção, apresentando um alto valor de implantação.
Por fim, aspira-se que todos os anos que levaram a construção de uma política
ambiental, não sejam desperdiçados. Espera-se também que os pontos negativos dos LA
sirvam como aprendizagem para que, sejam efetuadas alterações e melhorias visando sempre
preservar os recursos naturais e proteger a saúde humana, reduzindo os danos causados ao
meio ambiente pelas atividades humanas. Já que o rio devastado e as vidas perdidas não será
mais possível de salvar, faz-se tais melhorias então em memória destes.
Cabe ressaltar, que a mineração — apesar de defendida por grupos ligados aos
empresários do ramo — não é o principal recurso econômico do estado. Visto que, de acordo
com dados da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) do Instituto
Brasileiro de Mineração (IBRAM) e da Fundação João Pinheiro a atuação da indústria
extrativista mineraria representa entre 1 e 2 % do PIB do estado, o que demostra a total
"superfluidade" da atividade no estado (MANUELZÃO, 2019).
48

6 CONCLUSÃO

De tudo o que foi visto, espera-se ter alcançado o objetivo geral deste trabalho de
conclusão de curso, que era discutir o papel do LA na redução de ocorrências ambientais
como as de Brumadinho e Mariana em Minas Gerais, de forma preventiva e apontar os
desafios no contexto atual, reconhecendo as lacunas no processo do LA de modo a garantir a
efetivação deste em conformidade com o artigo 225 da Constituição Federal de 1988.
Nesse sentido, foram travadas discussões baseadas em uma revisão de literatura acerca
do papel do Estado e da sociedade civil a partir da Constituição Federal de 1988,
representando um marco na nova ordem democrática no Brasil, revestindo-os de uma série de
prerrogativas e obrigações, mas para que seja capaz de cumprir todos esses objetivos. Tais
atribuições são dotadas de ―poderes-deveres‖, entre eles, a cooperação por um meio ambiente
limpo e equilibrado e da realização do LA em todas as esferas: municipal, estadual e federal.
Também incumbe à Agência Nacional de Mineração, a fiscalização do cumprimento
das normas específicas pelos detentores de direitos minerários também fica a cargo da
Agência outorgar as autorizações de pesquisa, expedir licenças, além de gerir requerimentos e
realizar a fiscalização de lavras ativas ou não. Tais atividades estão intrinsecamente ligadas à
redução, ou erradicação, de acidentes e desastres como os de Brumadinho e Mariana, em
Minas Gerais, bem como com a manutenção do meio ambiente limpo, equilibrado, como
direito fundamental das atuais e futuras gerações.
Além disso, a fim de proteger o meio ambiente e minimizar a ocorrência de danos
ambientais, sociais e econômicos decorrentes de desastres como os supramencionados, cabe,
ainda a responsabilização do Estado quando a atividade de fiscalização da atividade
potencialmente poluidora, como dever inerente ao seu Poder de Polícia.
A erradicação de ocorrências como as de Mariana ou Brumadinho passam pela
necessidade de uma maior fiscalização do Estado e da sociedade civil sobre o LA, o que deve
se dar pela edição de leis mais rígidas ou pelo exercício mais comum de instrumentos como a
Ação Civil Pública e outras medidas constitucionalmente previstas.
Outra questão a ser abordada quando se trata do LA é que a Resolução nº 237 do
CONAMA define as competências da União, Estados e Municípios e determina que o
licenciamento deva, sempre, ser feito em um único nível de competência. Caso trate-se de
empreendimento cujas atividades sejam desenvolvidas em mais de um estado do Brasil, ou
cujos impactos ambientais extrapolem os limites estaduais ou mesmo nacionais, a
49

competência será federal, cabendo ao IBAMA o licenciamento. Apesar disso, estados podem
delegar suas funções de licenciamento ao município, quando entender necessário, sendo que
nem sempre estes municípios estarão preparados para esta demanda, sobretudo, por falta de
um quadro de servidores preparados para este fim.
Para que os interesses do progresso social, econômico e urbanístico sejam atendidas,
com a proteção ambiental para as presentes e futuras gerações, o poder público deve lançar
mão de instrumentos mais rigorosos de controle e fiscalização das atividades de potencial
poluidor, classificando-as conforme sua grandeza e alcance, e burocratizando a emissão de
licenças ambientais que regulam seu funcionamento. Outra medida que se torna urgente é a
penalização e responsabilização dos servidores ou órgãos públicos nos casos flexibilização
das regras ambientais não permitidas em lei e que possam gerar danos ao meio ambiente e ao
próprio processo de LA.
Se de um lado a atividade mineradora é importante economicamente para estados e
municípios, como os tratados neste trabalho, por outro é papel do poder público manejar
corretamente instrumentos como o Licenciamento Ambiental de forma preventiva, a fim de
assegurar uma mineração mais responsável social e ambientalmente.
50

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