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MANDADO DE SEGURANÇA
Com pedido de liminar
contra ato omissivo do Senhor Governador do Distrito Federal e de seu Secretário de Estado de
Saúde por, até o momento, não terem divulgado o plano distrital de vacinação contra a
pandemia causada pelo COVID-19.
I – DO AMPARO LEGAL
2. A presente pretensão não está amparada por habeas corpus, nem por habeas data.
Todas as provas são pré-constituídas. E a falta de um plano distrital de vacinação, de
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Ana Beatriz Fernandes Willemann
abwillemann@outlook.com | Advogada | (61) 99962-2719
responsabilidade das autoridades coatoras, acarreta o justo receio do impetrante de não ser
vacinado contra a COVID-19, por o Distrito Federal não estar tomando as providências
necessárias para adquirir as vacinas, armazená-las e distribuí-las à população, tendo em vista
que a procura pela vacina atingiu escala mundial, e os próprios laboratórios vêm informando a
impossibilidade de atender a todos.
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Doc 02 - G1 DF falta plano de vacinação.
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11. No Brasil, o Governo Federal tem sido omisso no papel que lhe cabe de coordenar
o enfrentamento da pandemia, tendo o Supremo Tribunal Federal buscado remediar essa
omissão, com a concessão de diversas medidas judiciais para obrigar a União a agir. Em
9/12/2020, o Painel de Ações Covid-19 do STF registrou a tomada de 7.587 decisões em 6.387
processos.
12. Atualmente, está em discussão, com previsão de serem votadas ainda neste mês,
duas Ações de Descumprimento de Preceito Fundamental contra o Governo Federal, as de nº
754 e 756, de relatoria do Ministro Ricardo Lewandowski, que, inclusive, já divulgou seu voto
no sentido de:
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14. No Distrito Federal, porém, o Governo encontra-se silente, sem criar estratégias
para vacinar a sua população, conforme divulgado pelos meios de comunicação. E isso inquieta
os moradores da Capital Federal, entre os quais está o impetrante, que correm o risco de ficar
sem a vacina, porque o Governo do Distrito Federal está ficando para trás nessa busca pela
vacinação, que tem mobilizado diversos outros governantes.
16. Isso evidencia o atraso do Distrito Federal na adoção de providências para vacinar
sua população e caracteriza o justo receio de não haver vacina disponível, se não forem adotadas
providências imediatas para a questão.
IV – DO DIREITO
4. 1 – Do direito à vida
17. Nas suas disposições sobre a saúde, a Constituição Federal determina ao Poder
Público adoção de políticas capazes de reduzir o risco de doença, com atividades preventivas:
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e
ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e
recuperação.
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e
hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes
diretrizes:
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem
prejuízo dos serviços assistenciais;
III - participação da comunidade.
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18. No Distrito Federal, sua Lei Orgânica traz várias atribuições ao Poder Público com
o intuito de identificar e se antecipar aos fatores que podem causar prejuízos à saúde individual
ou coletiva de sua população:
Art. 207. Compete ao Sistema Único de Saúde do Distrito Federal, além de outras
atribuições estabelecidas em lei:
I – identificar, intervir, controlar e avaliar os fatores determinantes e condicionantes
da saúde individual e coletiva;
XIX – executar a vigilância sanitária mediante ações que eliminem, diminuam ou
previnam riscos à saúde e intervir nos problemas sanitários decorrentes da
degradação do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de
serviços de interesse da saúde;
XX – executar a vigilância epidemiológica, mediante ações que proporcionem o
conhecimento, detecção ou prevenção dos fatores determinantes e
condicionantes de saúde coletiva ou individual, adotando medidas de prevenção
e controle das doenças ou agravos;
19. A Lei do Sistema Único de Saúde (Lei nº 8.080, de 19/9/1990), por sua vez, também
determina ao Poder Público distrital a adoção de medidas necessárias e urgentes para enfrentar
situações como da pandemia advinda com a COVID-19:
22. A vacinação contra a COVID-19 passou a ser um direito público subjetivo de todo
cidadão, cabendo aos governos a adoção das providências para sua efetivação. Parte
significativa das pessoas atendeu aos apelos do Governo local para ficar em casa. Tem ela agora
o direito de exigir do mesmo Governo a sua vacina.
23. Diante desse cenário, fica claro o direito de todo o cidadão de cobrar das autoridades
públicas, especialmente do Governador do DF e do seu Secretário de Saúde, a adoção de um
plano distrital de vacinação.
24. Por isso, assim como votou o Ministro Ricardo Lewandowski no STF em relação
ao Governo Federal, também cabe a esse Eg. Tribunal determinar que o Governo do Distrito
Federal apresente, com urgência, um plano para vacinar os habitantes da Capital da República.
25. Como visto, a assistência à saúde é um direito básico de todo cidadão, baseado na
dignidade da pessoa humana. Em casos de pandemia, como esta que causa sofrimento em toda
a humanidade, a vacinação em massa tem sido apresentada pelos mais renomados especialistas
em infectologia e pela OMS como solução para evitar o contágio pela COVID-19.
26. Não cabe às autoridades distritais aguardar a boa vontade do Governo Federal. Elas
exercem um múnus público e têm o dever de agir segundo esse múnus, expresso nos princípios
e normas que asseguram à população o direito de receber o tratamento recomendado pela
ciência.
27. A falta de um plano claro e bem definido sobre a vacinação contra a COVID-19
pode deixar o Distrito Federal sem vacina para sua população, o que é inconcebível, ante o
cristalino direito à preservação da saúde e das medidas eficazes de prevenção a doenças.
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esperança da vacina. Não é concebível que outros entes da federação, com menos recursos
orçamentários e financeiros, consigam vacinar sua população, deixando o Distrito Federal para
trás.
VI – DO PEDIDO