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ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO

ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL Nº 929


Arguente: Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos
Arguidos: Secretária Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 –
SECOVID/MS e Presidente da República
Relatora: Ministra CÁRMEN LÚCIA
Saúde pública. Ato da Secretária Extraordinária de
Enfrentamento à Covid-19 – SECOVID/MS que determinou a
realização da Consulta Pública SECOVID/MS no 1, acerca da
vacinação contra a Covid-19 das crianças de 5 a 11 anos.
Suposta omissão do Poder Executivo Federal em determinar a
imediata vacinação de crianças e adolescentes. Alegada
violação aos preceitos fundamentais expressos nos artigos 5º;
6º; 7º, inciso IV; 194; 196; 197; 208, inciso VII; e 227, § 1º, da
Constituição de 1988. Preliminares. Ausência de interesse de
agir. Ilegitimidade ativa. Inobservância ao requisito da
subsidiariedade. Mérito. Ausência de fumus boni iuris. A
realização de consulta pública cumpre a função de agregar o
conhecimento técnico com aquele proveniente de
representantes da administração pública, legislativo,
sociedades científicas e sociedade civil. Após a ANVISA
aprovar a ampliação do uso da vacina Comirnaty
(Pfizer/Wyeth) para imunização de crianças com idade entre 5
e 11 anos, as medidas necessárias à atualização do Plano
Nacional de Vacinação, inclusive no que diz respeito à
aquisição do imunizante, estão sendo tomadas pelo Ministério
da Saúde. A definição e a implementação das políticas públicas
relacionadas ao combate à pandemia de Covid-19 encontram-
se no rol de atribuições conferidas pelo legislador ao Poder
Executivo, o qual tem atuado de forma responsável e lastreada
em análises técnico-científicas da Pasta competente. Ausência
de periculum in mora. Manifestação pelo não conhecimento da
arguição e, quanto ao pedido de medida cautelar, pelo seu
indeferimento.

Egrégio Supremo Tribunal Federal,

O Advogado-Geral da União vem, em atenção ao despacho proferido


pela Ministra Relatora em 30 de dezembro de 2021, manifestar-se quanto à
presente arguição de descumprimento de preceito fundamental.
I – DA ARGUIÇÃO

Trata-se de arguição de descumprimento de preceito fundamental,


com pedido de medida cautelar, proposta pela Confederação Nacional dos
Trabalhadores Metalúrgicos, tendo por objeto (i) ato da Secretária Extraordinária
de Enfrentamento à Covid-19 – SECOVID/MS, que determinou a realização da
Consulta Pública SECOVID/MS no 1, a partir de 23 de dezembro de 2021 até 02
de janeiro de 2022, acerca da vacinação contra a Covid-19 das crianças de 5 a 11
anos; e (ii) a suposta omissão do Poder Executivo Federal em determinar a
imediata vacinação de crianças e adolescentes.

De acordo com a narrativa traçada na inicial, a alegada omissão da


União em vacinar crianças e adolescentes, bem como a realização de Consulta
Pública sobre o tema, resultariam em cenário de violação dos direitos
fundamentais à vida e à saúde (artigos 5º; 6º; 7º, inciso IV; 194; 196; 197; 208,
inciso VII; e 227, § 1º, da Constituição Federal)1. A arguente invoca, ainda, outros

1
“Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:”

“Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma
desta Constituição.”

“Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição
social:
(...)
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas
e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência
social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer
fim;”

“Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e
da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.”

“Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que
visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços
para sua promoção, proteção e recuperação.”

ADPF nº 929, Rel. Min. Cármen Lúcia 2


preceitos fundamentais, como a cidadania, a dignidade da pessoa humana e o
pluralismo político; a harmonia entre os Poderes da República; e a construção de
uma sociedade livre, justa e solidária (artigos 1º, 2º e 3º da Carta de 1988)2.

A autora argumenta que a imunização de crianças e adolescentes


seria essencial para a redução do número de casos graves e mortes decorrentes da
infecção pelo vírus SARS-CoV-2. Nesse panorama, afirma que a realização de
Consulta Pública constituiria medida “absurda, infundada, ilegítima e até mesmo
criminosa” (fl. 05 da petição inicial), cuja intenção, de acordo com a arguente,
seria protelar a vacinação da referida faixa populacional.

Argumenta, a propósito, que “não cabe, pois, no presente caso,


depois de 650 MIL mortes e de estudos mundialmente acatados, inclusive diante
de recomendação da OMS e tendo em vista a autorização por parte da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, em 16/12/2021, da utilização da

“Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos
da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através
de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.”

“Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
(...)
VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares
de material didáticoescolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.”

“Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura,
à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda
forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
(...)
§ 1º - O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança e do adolescente, admitida a
participação de entidades não governamentais e obedecendo os seguintes preceitos: (...)”

2
“Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
(...)
III – a dignidade da pessoa humana;”

“Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.”

“Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:


I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;”

ADPF nº 929, Rel. Min. Cármen Lúcia 3


vacina Comirnaty, pretender o Poder Executivo adiar a imposição de vacina à
população entre 5 e 11 anos a pretexto de querer ouvir a população a respeito”
(fl. 4 da petição inicial).

A arguente pleiteia, ainda, seja imposta ao Poder Executivo a


obrigação de imediata vacinação das crianças e adolescentes. Afirma, a propósito,
que as recomendações da ANVISA se direcionariam à urgente imunização da
referida faixa etária, tendo em vista os benefícios individuais e para a coletividade.

Destaca que, conquanto crianças e adolescentes apresentem baixo


índice de letalidade ou baixa gravidade de saúde quando acometidos pelo
Coronavírus, indiscutivelmente são vetores da doença, o que deveria ser levado
em conta diante do iminente retorno às aulas presenciais. Informa, outrossim, que
a vacina Cominarty (Pfizer/Wyeth) fora aprovada para imunização de crianças de
5 a 11 anos de idade em diversos países.

Com fulcro nas razões acima expostas, a arguente requer a concessão


de medida cautelar, para “declarar a nulidade da Consulta Pública SECOVID/MS
nº 1/2021 e de todos os atos dela decorrentes, bem como determinar que a União
Federal adote as medidas recomendadas pela OMS e pela ANVISA, em especial,
torne obrigatória a vacinação de crianças e adolescentes, incluindo-os com
urgência no Plano Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde
(PNI/MS)”. No mérito, pede a confirmação do pedido cautelar.

O processo foi despachado pela Ministra Relatora CÁRMEN LÚCIA,


que, nos termos do rito previsto no artigo 5º, § 2º, da Lei nº 9.882/1999, solicitou
informações ao requerido e, em seguida, a manifestação da Advocacia-Geral da
União e da Procuradoria-Geral da República, no prazo comum de 05 (cinco) dias.

Em atendimento à solicitação, a Presidência da República suscitou,


em sede preliminar, a ilegitimidade ativa da arguente; a inadequação da via eleita;

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a ausência de pressupostos processuais válidos para exame da ADPF; e a ausência
de ato praticado pelo Chefe do Poder Executivo. Nesses termos, requereu o não
conhecimento da presente arguição.

Por sua vez, o Ministro de Estado da Saúde suscitou, de igual modo,


a ilegitimidade ativa da autora, bem como a perda de objeto da ADPF, tendo em
vista que o período estabelecido para participação na consulta pública terá se
encerrado quando decorrido o prazo para manifestação daquela Pasta.

No mérito, salientou que a consulta pública não constitui medida para


evitar a vacinação, sendo, em realidade, mais um mecanismo que aumenta a
segurança para que seja tomada a decisão final de alterar o Plano Nacional de
Imunização, além de robustecer a publicidade do processo. Destacou, nessa linha,
que a aprovação de determinado fármaco pela Anvisa não esgota o complexo
processo decisório para a adoção de política pública de saúde.

Afastou a alegação de omissão do Ministério da Saúde, na medida


em que, desde a manifestação técnica da Anvisa sobre o tema, os atos necessários
para conferir segurança à formulação da política de vacinação para crianças de 5
a 11 anos estão sendo praticados pelo órgão, estando próxima a data em que será
proferida decisão final a respeito do pleito em questão.

Por fim, destacou que a controvérsia relativa à vacinação de crianças


de 5 a 11 anos já está sendo analisada incidentalmente nas ADPFs nº 754 e 756.

Na sequência, vieram os autos para manifestação do Advogado-


Geral da União.

II – PRELIMINARES

II.I – Da ausência de interesse processual

ADPF nº 929, Rel. Min. Cármen Lúcia 5


Como visto, a presente arguição de descumprimento de preceito
fundamental tem por objeto a realização da Consulta Pública SECOVID/MS no 1
acerca da vacinação contra a Covid-19 das crianças de 5 a 11 anos; e a suposta
omissão do Poder Executivo Federal em determinar a imediata vacinação de
crianças e adolescentes.

Sucede, todavia, que a autora não possui interesse de agir na espécie.

Em primeiro lugar, a Consulta Pública SECOVID/MS no 1 iniciou-


se no dia 23 de dezembro de 2021, estabelecendo como data limite para
contribuições o dia 02 de janeiro de 2022. Desse modo, no presente momento a
consulta pública já foi realizada, tendo sido devidamente colhidas as contribuições
da população sobre o tema em análise.

Por outro lado, como adiante se demonstrará em mais detalhes, estão


sendo tomadas todas as providências necessárias à inclusão de crianças no
público-alvo do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a
Covid-19. Exatamente por esse motivo, o Ministro Relator RICARDO
LEWANDOWSKI, em decisão proferida no último dia 6 de janeiro, declarou a perda
superveniente de objeto dos pedidos de tutela provisória de urgência na ADPF no
756, por meio dos quais se pretendia a vacinação de crianças entre 5 e 11 anos
contra a Covid-19, bem como a inclusão do imunizante Comirnaty para tal
finalidade3.

Nota-se, portanto, que os pedidos da arguente carecem de


necessidade concreta da tutela jurisdicional pleiteada, o que revela a ausência de
interesse processual.

Assim, nos termos do artigo 485, inciso VI, do Código de Processo

3
Disponível em < http://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=15349332750&ext=.pdf > Acesso em
10.01.2022.

ADPF nº 929, Rel. Min. Cármen Lúcia 6


Civil4, a presente arguição de descumprimento de preceito fundamental não
comporta conhecimento.

II.II – Da ilegitimidade ativa

Cumpre registrar, ademais, que a requerente não logrou demonstrar


sua legitimidade para o ajuizamento da presente ação direta de
inconstitucionalidade.

De fato, segundo a jurisprudência desse Supremo Tribunal Federal,


a legitimidade de confederações sindicais para a instauração de processo de
fiscalização normativa abstrata está condicionada ao preenchimento do requisito
da pertinência temática, ou seja, da relação de pertinência entre o objeto da ação
e as atividades institucionais da autora. Confira-se:

AGRAVO REGIMENTAL EM AÇÃO DIRETA DE


INCONSTITUCIONALIDADE. PROVIMENTO INTERNO DO TRT
DA 5ª REGIÃO. CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE.
AUSÊNCIA DE LEGITIMIDADE DA AUTORA. INEXISTÊNCIA
DE PERTINÊNCIA TEMÁTICA ENTRE O OBJETIVO
INSTITUCIONAL DA POSTULANTE E O CONTEÚDO DA
NORMA IMPUGNADA. 1. A jurisprudência desta Corte é firme no
sentido de que o reconhecimento da legitimidade ativa das
confederações para incoar o controle concentrado de
constitucionalidade demanda a comprovação da pertinência
temática entre os objetivos institucionais da postulante e o conteúdo
da norma impugnada. Precedentes. 2. Agravo regimental a que se
nega provimento.
(ADI nº 5919 AgR, Relator: Ministro EDSON FACHIN, Órgão Julgador:
Tribunal Pleno, Julgamento em 07/08/2018, Publicação em
22/08/2018; grifou-se);

AGRAVO REGIMENTAL EM ARGUIÇÃO DE


DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL.
ENTIDADE DE CLASSE. ASSOCIAÇÃO NACIONAL DAS
EMPRESAS DE TRANSPORTES URBANOS - NTU.

4
“Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
(...)
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;”

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PERTINÊNCIA TEMÁTICA. AUSÊNCIA. ILEGITIMIDADE
ATIVA AD CAUSAM. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO.
1. A jurisprudência do STF exige, para a caracterização da
legitimidade ativa das entidades de classe e das confederações
sindicais para as ações de controle concentrado, a existência de
correlação entre o objeto do pedido de declaração de
inconstitucionalidade e os objetivos institucionais da associação. 2.
No caso, não há pertinência temática entre as normas impugnadas,
que cuidaram de inaugurar e disciplinar o veto popular como
instrumento de participação popular no processo legislativo no âmbito
do Município de Aracaju, e os objetivos institucionais perseguidos pela
autora (NTU), que estão voltados para a proteção dos interesses de
empresas de transportes urbanos. O liame mediato, indireto, não
satisfaz o requisito da pertinência temática. Precedentes: ADI 5.023-
AgR, Rel. Min. ROSA WEBER, Pleno, DJe 6/11/2014; ADI 4.722, Rel.
Min. DIAS TOFFOLI, Pleno, DJe de 14/2/2017. 3. Agravo regimental
a que se nega provimento.
(ADPF nº 385 AgR, Relator: Ministro ALEXANDRE DE MORAES, Órgão
Julgador: Tribunal Pleno, Julgamento em 16/10/2017, Publicação em
25/10/2017; grifou-se).

No caso, a requerente congrega e representa entidades sindicais e


trabalhadores das “indústrias metalúrgicas, mecânicas e de material elétrico,
eletrônico e informática” (documento nº 3 do processo eletrônico). Entretanto, os
atos sob invectiva não tratam de tema relacionado a tal categoria profissional,
tampouco de seus direitos ou interesses, mas sim de supostos atos omissivos e
comissivos do poder público relacionados ao combate à pandemia do vírus
COVID-19, matéria que diz respeito a todos os cidadãos brasileiros,
indistintamente.

Ocorre que essa Suprema Corte considera que o vínculo de afinidade


temática somente se configura caso o objeto da ação seja de interesse específico
e próprio da categoria profissional ou econômica representada pela confederação.
Caso não envolva interesse direto e de caráter corporativo da categoria
respectiva, como ocorre no presente caso, a entidade sindical carece de
legitimidade ativa.

Esse entendimento foi acolhido, em mais de uma ocasião, pelo

ADPF nº 929, Rel. Min. Cármen Lúcia 8


Plenário desse Supremo Tribunal Federal, para recusar legitimidade à
Confederação dos Servidores Públicos do Brasil quanto ao ajuizamento de ações
diretas que tinham por objeto normas que não se relacionavam, de modo
específico e direto, a interesses de servidores públicos representados pela
entidade. Vejam-se, a propósito, os seguintes precedentes:

AGRAVO REGIMENTAL EM AÇÃO DIRETA DE


INCONSTITUCIONALIDADE. LEIS 3.309/2006, 3.398/2007,
3.686/2009, 3.687/2009 DO ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL.
PLANO DE CARGOS E DE CARREIRA DO QUADRO DE
PESSOAL DO PODER JUDICIÁRIO DAQUELE ESTADO.
CONFEDERAÇÃO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO BRASIL -
CSPB. PERTINÊNCIA TEMÁTICA. AUSÊNCIA. ILEGITIMIDADE
ATIVA AD CAUSAM. LIAME INDIRETO. REPRESENTAÇÃO
AMPLA E HETEROGÊNEA. AGRAVO REGIMENTAL
CONHECIDO E NÃO PROVIDO. 1. A jurisprudência do STF exige,
para a caracterização da legitimidade ativa das entidades de classe e das
confederações sindicais em ações de controle concentrado, a existência
de correlação direta entre o objeto do pedido de declaração de
inconstitucionalidade e os objetivos institucionais da associação. 2. No
caso, não há pertinência temática entre as normas impugnadas, que
cuidaram de disciplinar a organização administrativa do quadro
funcional de servidores do Poder Judiciário do Estado do Mato
Grosso do Sul, e os objetivos institucionais perseguidos pela
Requerente (CSPB), voltados, genericamente, à proteção dos
interesses dos servidores públicos civis de todos os Poderes e níveis
federativos do País. O liame mediato, indireto, não satisfaz o
requisito da pertinência temática. Precedentes: ADI 5.023-AgR, Rel.
Min. ROSA WEBER, Pleno, DJe 6/11/2014; ADI 4.722, Rel. Min.
DIAS TOFFOLI, Pleno, DJe de 14/2/2017. 3. O caráter amplo e
heterogêneo da Requerente não serve à demonstração do atingimento
de interesses típicos de determinado quadro funcional, afetado pela
legislação impugnada. 4. Agravo Regimental conhecido e não provido.
(ADI nº 4302 AgR, Relator: Ministro ALEXANDRE DE MORAES, Órgão
Julgador: Tribunal Pleno, Julgamento em 16/03/2018, Publicação em
04/04/2018; grifou-se);

AGRAVO REGIMENTAL. AÇÃO DIRETA DE


INCONSTITUCIONALIDADE. ENTIDADE SINDICAL.
LEGITIMAÇÃO ATIVA ESPECIAL. PERTINÊNCIA TEMÁTICA
ENTRE O CONTEÚDO DO ATO IMPUGNADO E A FINALIDADE
INSTITUCIONAL DA ENTIDADE SINDICAL. AUSÊNCIA.
ILEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM. AGRAVO REGIMENTAL
CONHECIDO E NÃO PROVIDO. À falta de estreita relação entre o
objeto do controle e os interesses específicos da classe profissional
representada, delimitadores dos seus objetivos institucionais,

ADPF nº 929, Rel. Min. Cármen Lúcia 9


resulta carecedora da ação a confederação sindical autora, por
ilegitimidade ad causam. Agravo regimental conhecido e não provido.
(ADI nº 5023 AgR, Relatora: Ministra ROSA WEBER, Órgão Julgador:
Tribunal Pleno, Julgamento em 16/10/2014, Publicação em
06/11/2014; grifou-se).

No caso em análise, de modo semelhante, a autora, que representa


trabalhadores das indústrias metalúrgicas, mecânicas e de material elétrico,
eletrônico e de informática, pretende impugnar atos do poder público relativos ao
combate ao novo coronavírus. Trata-se, como se nota, de ato que não versa sobre
tema de interesse específico ou corporativo dos trabalhadores industriais, mas
que, em tese, afetaria a coletividade como um todo.

Em julgado recente, essa Suprema Corte não conheceu de arguição


de descumprimento de preceito fundamental ajuizada pela Confederação
Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos, apontando a ausência do requisito da
pertinência temática. Confira-se:

ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO


FUNDAMENTAL. REQUERIMENTO DE MEDIDA CAUTELAR.
ALEGADA IMPOSSIBILIDADE DE REALIZAÇÃO DA COPA
AMÉRICA 2021 NO PAÍS EM SITUAÇÃO DE PANDEMIA DE
COVID-19. ILEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM: AUSÊNCIA
DE PERTINÊNCIA TEMÁTICA ENTRE O OBJETO DA AÇÃO E
AS FINALIDADES DA AUTORA. PRECEDENTES. INÉPCIA DA
PETIÇÃO INICIAL: AUÊNCIA DE INDICAÇÃO DE ATO DO
PODER PÚBLICO QUESTIONADO. ARGUIÇÃO NÃO
CONHECIDA.
1. Confederação sindical autora: impertinência temática entre o
objeto do pedido de declaração de inconstitucionalidade e os fins
institucionais da entidade. Precedentes. O vínculo indireto não
satisfaz o requisito da pertinência temática, pelo qual se legitimaria
a autora à propositura da presente ação direta. Precedentes.
2. Ausência expressamente assumida pelo arguente de indicação de ato
do Poder Público.
3. Faltantes os requisitos constantes do inc. III e parágrafo único do art.
3º, da Lei n. 9.882/99 tem-se por inepta a petição inicial.
4. Arguição de descumprimento de preceito fundamental não
conhecida.

ADPF nº 929, Rel. Min. Cármen Lúcia 10


(ADPF no 849, Relatora: Ministra CÁRMEN LÚCIA, Órgão Julgador:
Tribunal Pleno, Julgamento em 11/06/2021, Publicação em 30/09/2021
– grifou-se).

Destarte, por não existir vínculo específico e direto entre o objeto da


arguição e as atividades institucionais da autora, constata-se a ausência de
pertinência temática e, por conseguinte, de legitimidade ativa ad causam, o que
impõe o não conhecimento da arguição.

II.III – Da inobservância ao requisito da subsidiariedade

Por fim, o processamento da presente arguição de descumprimento


de preceito fundamental igualmente encontra óbice no princípio da
subsidiariedade, previsto pelo artigo 4º, § 1º, da Lei nº 9.882, de 03 de dezembro
de 1999, in verbis:

Art. 4o A petição inicial será indeferida liminarmente, pelo relator,


quando não for o caso de argüição de descumprimento de preceito
fundamental, faltar algum dos requisitos prescritos nesta Lei ou for
inepta.

§ 1o Não será admitida argüição de descumprimento de preceito


fundamental quando houver qualquer outro meio eficaz de sanar a
lesividade. (Grifou-se).

Ao interpretar referido dispositivo de lei, essa Corte Suprema


concluiu que a arguição de descumprimento de preceito fundamental somente é
cabível no caso de não existir outro meio processual apto a sanar, de forma efetiva,
suposta lesão a preceito fundamental. Veja-se:

DIREITO CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL


CONSTITUCIONAL. AGRAVO EM ARGUIÇÃO DE
DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL.
DESATENDIMENTO AO REQUISITO DA SUBSIDIARIEDADE.
DESPROVIMENTO. 1. Agravo interno contra decisão que indeferiu a
petição inicial da arguição de descumprimento de preceito fundamental,
em razão do não preenchimento do requisito da subsidiariedade. 2. É
inadmissível a ADPF quando houver qualquer outro meio eficaz de

ADPF nº 929, Rel. Min. Cármen Lúcia 11


sanar a suposta lesividade a preceito fundamental, em razão da
subsidiariedade pela qual se rege este meio processual. Precedentes.
3. Agravo interno a que se nega provimento.
(ADPF nº 157 AgR, Relator: ROBERTO BARROSO, Órgão Julgador:
Tribunal Pleno, Julgamento em 23/08/2019, Publicação em
09/09/2019; grifou-se).

O atendimento da cláusula da subsidiariedade é mandatório não


apenas em arguições que tenham por objeto atos normativos, mas, igualmente,
naquelas que se voltam contra atos concretos, conforme também tem sido
enfatizado em precedentes dessa Suprema Corte:

AGRAVO REGIMENTAL. INDEFERIMENTO DE ARGUIÇÃO DE


DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL.
MÚLTIPLOS FUNDAMENTOS. REVOGAÇÃO DO ATO
CONCRETO IMPUGNADO. PREJUÍZO DO RECURSO.
SUBSISTÊNCIA DOS DEMAIS FUNDAMENTOS DA DECISÃO
AGRAVADA. 1. Após a interposição do recurso, sobreveio a extinção
do ato de nomeação que motivou, no particular, o ajuizamento da
arguição de descumprimento de preceito fundamental. Em decorrência
disso, a ADPF perdeu o elemento concreto que dava lastro ao interesse
processual, tornando-se prejudicada. 2. A ADPF será cabível desde
que não exista, para a hipótese in concreto, qualquer outro meio
eficaz de sanar a lesividade, tais como o habeas corpus, habeas
data; mandado de segurança individual e coletivo; mandado de
injunção; ação popular; ADI estadual, entre outros meios. No caso,
a decisão recorrida demonstrou a viabilidade de acionamento, com
igual proveito, de diversas outras ações constitucionais, evidenciando a
inobservância da regra da subsidiariedade. 3. Agravo regimental a que
se nega provimento.
(ADPF nº 390 AgR, Relator: Ministro ALEXANDRE DE MORAES, Órgão
julgador: Tribunal Pleno; Julgamento em: 30/06/2017, Publicação em:
08/08/2017; grifou-se).

A fim de analisar, por essa vertente, o cabimento da presente


arguição, cumpre examinar se a eventual lesão a preceitos fundamentais
supostamente causada pelas omissões ou condutas provenientes do ente central
pode ser solucionada por outro meio igualmente eficaz.

Isso porque, na medida em que o âmbito cognitivo da ADPF é


polivalente, é necessário evitar que o seu emprego seja explorado de forma

ADPF nº 929, Rel. Min. Cármen Lúcia 12


artificiosa, de modo a servir como atalho para supressão de instâncias, impedindo
o exercício da ampla defesa e o amadurecimento do debate judicial de temas
complexos.

No particular, tem-se um claro exemplo de uso da arguição de


descumprimento de preceito fundamental de modo não subsidiário.

Como visto, a pretexto de combater a alegada ofensa aos artigos 5º;


6º; 7º, inciso IV; 194; 196; 197; 208, inciso VII; e 227, § 1º da Carta, a arguente
pretende, através da presente causa, que o Governo Federal seja compelido a
incluir, com urgência, crianças de 5 a 11 anos no Programa Nacional de
Imunizações do Ministério da Saúde. Assim, o requerente formula pedido
concreto passível de ser viabilizado por instrumentos judiciais alternativos –
inclusive com amplitude para eventual análise de conflito de legalidade – aptos a
sanar a suposta ofensa a preceitos fundamentais.

Com efeito, as mesmas providências postuladas na presente ação


poderiam ser veiculadas, com idêntica abrangência e sem qualquer desvantagem
processual, por vias distintas daquelas inerentes ao controle concentrado de
constitucionalidade, mas igualmente eficazes para sanar a alegada lesividade.

Nos termos do entendimento firmado por essa Suprema Corte no


julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 141, o
exame acerca da existência de “outros meios processuais, capazes de fazer cessar
a lesividade ou a potencialidade danosa dos atos (...) questionados” deve levar
em consideração, também, os instrumentos processuais de índole subjetiva. Veja-
se:

CONSTITUCIONAL. AGRAVO REGIMENTAL. ARGUIÇÃO DE


DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL.
INOBSERVÂNCIA DO ART. 212 DO TEXTO CONSTITUCIONAL.
PREFEITO MUNICIPAL. PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE.
AUSÊNCIA DE DOCUMENTOS COMPROBATÓRIOS DA

ADPF nº 929, Rel. Min. Cármen Lúcia 13


ALEGADA LESÃO. AGRAVO IMPROVIDO. I - Aplicação do
princípio da subsidiariedade. A argüição de descumprimento de
preceito fundamental somente pode ser utilizada quando houver o
prévio exaurimento de outros meios processuais, capazes de fazer
cessar a lesividade ou a potencialidade danosa dos atos omissivos
questionados. II - A Lei 8.429/1992 e o Decreto-lei 201/1967, dentre
outros, abrigam medidas aptas a sanar a ação omissiva apontada.
III - Não está evidenciado, ademais, documentalmente, o
descumprimento de preceito fundamental, seja na inicial da ADPF, seja
no presente recurso. IV - Agravo improvido.
(ADPF nº 141 AgR, Relator: Ministro RICARDO LEWANDOWSKI, Órgão
Julgador: Tribunal Pleno, Julgamento em 12/05/2010, Publicação em
18/06/2010; grifou-se).

Ao optar pelo endereçamento direto da controvérsia apresentada


nesses autos ao Supremo Tribunal Federal, a presente arguição desloca
indevidamente a competência para tratamento da matéria, impede o exercício da
ampla defesa pela União e suprime etapas do debate judicial do tema que seriam
essenciais ao amadurecimento do debate público dentro das balizas do devido
processo legal.

Nesse contexto, a cláusula da subsidiariedade funciona como


anteparo para evitar supressão de instâncias e o acionamento indevido da arguição
de descumprimento de preceito fundamental, o que tem sido reiterado por várias
decisões monocráticas dessa Suprema Corte, dentre as quais as mencionadas
abaixo:

ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO


FUNDAMENTAL. INSTRUÇÃO NORMATIVA. ATO DE
NATUREZA INFRALEGAL. DESCUMPRIMENTO DO
REQUISITO DA SUBSIDIARIEDADE. PRECEDENTES.
ARGUIÇÃO NÃO CONHECIDA.
(...)
In casu, o autor apresenta como objeto da ação Instrução
Normativa editada pelo Ministério da Justiça e pela FUNAI, ato
normativo infralegal que poderiam ser questionados por outros
meios processuais adequados, a exemplo do Mandado de
Segurança. Dessa forma, não é possível afastar a cláusula de
subsidiariedade, sob pena de, expandindo indevidamente o escopo
de admissibilidade da arguição de descumprimento de preceito

ADPF nº 929, Rel. Min. Cármen Lúcia 14


fundamental, banalizar a própria ação constitucional e
obstaculizar o controle de constitucionalidade exercido pelos
Tribunais inferiores.
Nesse mesmo sentido, outras ADPFs que impugnavam atos
administrativos infralegais também não foram conhecidas por esta
Corte (v.g.: ADPF 87, rel. Min. Ellen Gracie; ADPF 450, rel. Min.
Cármen Lúcia; ADPF 41, rel. Min. Ellen Gracie; ADPF 247, rel. Min.
Luiz Fux).
Com efeito, ainda que se trate de um “ato do poder público”, não é
irrestrita e genérica sua impugnação pela via da ADPF, sob pena
de se legitimar uma judicialização excessiva e universal.
Ex positis, NÃO CONHEÇO a presente arguição de descumprimento
de preceito fundamental, com fundamento no art. 4º da Lei 9.882/1999
e do art. 21, § 1º, do Regimento Interno do STF.
(ADPF 679, Relator: Ministro LUIZ FUX, julgado em 06/05/2020,
publicado em 08/05/2020; grifou-se).

Assim, diante da existência de outros meios processuais dotados de


idêntica eficácia para a persecução da finalidade objetivada por esta arguição, não
pode ser ela conhecida, dada a cláusula de subsidiariedade a que está submetida.

III – DA AUSÊNCIA DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS À CONCESSÃO


DA MEDIDA CAUTELAR

III.I – Da ausência de fumus boni iuris

Conforme relatado, o autor sustenta que haveria omissão do Governo


Federal em determinar a vacinação imediata de crianças de 5 a 11 anos, o que
violaria os preceitos fundamentais inscritos nos artigos 5º; 6º; 7º, inciso IV; 194;
196; 197; 208, inciso VII; e 227, § 1º, da Constituição Federal. Aponta, ainda, o
suposto intuito protelatório da realização de Consulta Pública sobre o tema.

Nesse passo, requer provimento jurisdicional que determine ao


Governo Federal que inclua, com urgência, as crianças e adolescentes no Plano
Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde.

As razões aduzidas na peça exordial, no entanto, não merecem

ADPF nº 929, Rel. Min. Cármen Lúcia 15


acolhimento, haja vista que se amparam no equivocado pressuposto de que a
União não teria tomado qualquer medida para disponibilizar os imunizantes
aprovados pela ANVISA à mencionada faixa etária.

Inicialmente, cumpre desde logo destacar que a Secretaria


Extraordinária de Enfrentamento à COVID-19 (SECOVID) emitiu a Nota Técnica
nº 02/2022 (ANEXO I), em que recomenda a inclusão da vacinação, de forma não
obrigatória com o referido imunizante, para esta faixa etária, naqueles que não
possuam contraindicações, no Plano Nacional de Operacionalização da
Vacinação contra a COVID-19 (PNO).

A mesma Nota Técnica trata também de outros aspectos relevantes


para a vacinação, como a estratégia a ser adotada para distribuição das doses de
vacinas. Nesse particular, destaca-se que “considerando que a gestão do SUS é
Tripartite, bem como o atual cenário da vacinação e as pactuações já realizadas
no decorrer do ano de 2021, e também as solicitações realizadas em Audiência
Pública de envio de doses de forma proporcional ao quantitativo destas crianças
até a completude total desta faixa etária, com vistas a realizar uma distribuição
de doses igualitária para todos os Estados tal distribuição será feita com base na
projeção da Estimativa IBGE para população de 5 a 11 anos distribuídas por
Estados, e indígenas conforme dados da SESAI”.

Além disso, entre outros pontos, a referida Nota Técnica veicula


orientações sobre o intervalo a ser observado entre a aplicação da primeira e da
segunda doses da vacina. Desse modo, na referida manifestação, a SECOVID/MS
recomendou o uso da vacina Comirnaty para crianças de 05 a 11 anos de idade,
nos seguintes termos:

9.1. Diante do deferimento do pedido de ampliação de uso do


imunizante Comirnaty para crianças de 05 a 11 anos de idade, cuja
segurança e eficácia foi atestada pela Anvisa, a Secretaria
Extraordinária de Enfrentamento à COVID-19 (SECOVID) recomenda

ADPF nº 929, Rel. Min. Cármen Lúcia 16


a inclusão da vacina Conirnaty, de forma não obrigatória, para esta faixa
etária, naqueles que não possuam contra-indicações, no Plano Nacional
de Operacionalização da Vacinação contra a COVID-19 (PNO) nos
seguintes termos, priorizando-se:
a) crianças com 5 a 11 anos com deficiência permanente ou com
comorbidades (art. 13, parágrafo quinto da Lei nº 14.124, de 10
de março de 2021);
b) Crianças indígenas (ADPF 709) e Quilombolas (ADPF 742).
c) Crianças que vivam em lar com pessoas com alto risco para
evolução grave de COVID-19;
d) Crianças sem comorbidades, na seguinte ordem sugerida:
c.1 crianças entre 10 e 11anos;
c.2 crianças entre 8 e 9 anos;
c.3 crianças entre 6 e 7 anos;
c.4 crianças com 5 anos.
9.2. Os pais ou responsáveis devem estar presentes manifestando sua
concordância com a vacinação. Em caso de ausência de pais ou
responsáveis, a vacinação deverá ser autorizada por um termo de
assentimento por escrito.

9.3. As vacinas devem ser aplicadas seguindo integralmente as


recomendações da Anvisa, conforme já descritas no tópico 6. A
farmacovigilância, por sua vez, deve obedecer aos requisitos da Lei n.
9.782, de 26 de janeiro de 1999 (art. 7º, inciso XVIII).

9.4. Por fim, cabe esclarecer que há cobertura contratual vigendo no


âmbito da União (Contrato de Fabricação e Fornecimento n. 281/2021)
para atender a recomendação deste documento, com possíveis entregas
a partir de 10.01.2022.

A NOTA TÉCNICA Nº 2/2022-SECOVID/GAB/SECOVID/MS foi


aprovada por Despacho do Ministro de Estado da Saúde (Anexo II), a seguir
transcrito:

1. Faço referência a NOTA TÉCNICA n° 2/2022-


SECOVID/GAB/SECOVID/MS (0024704791), que conclui pelo
“deferimento do pedido de ampliação do uso do imunizante Comirnaty
para crianças de 05 a 11 anos de idade, cuja segurança e eficácia foi
atestada pela Anvisa”, de acordo com as especificidades constantes do
item 9.1 da manifestação técnica, ora aprovada.

2. Por oportuno e em atenção aos deveres de transparência e informação


aos destinatários do imunizante, notadamente, aos seus responsáveis
legais, ressalta-se que a fabricante da vacina não se responsabiliza por
eventuais efeitos adversos, conforme consignado no item 4.20 da
NOTA TÉCNICA n° 2/2022- SECOVID/GAB/SECOVID/MS, além

ADPF nº 929, Rel. Min. Cármen Lúcia 17


das seguintes passagens da Resolução RE n° 4.678, de 16 de dezembro
de 2021, da ANVISA:

“8. que os profissionais de saúde, antes de aplicarem a vacina,


informem ao responsável que acompanha a criança sobre os principais
sintomas locais esperados (por exemplo, dor, inchaço, vermelhidão no
local da injeção) e sistêmico (por exemplo, febre, fadiga, dor de cabeça,
calafrios, mialgia, artralgia) outras reações após vacinação, como
linfadenopatia axilar localizada no mesmo lado do braço vacinado foi
observada após vacinação com vacinas de mRNA COVID-19.

9. que os pais ou responsáveis sejam orientados a procurar o médico se


a criança apresentar dores repentinas no peito, falta de ar ou palpitações
após a aplicação da vacina;”

Ainda sobre a matéria tratada na presente ação, o DESPACHO


GAB/SE 0024697110 (ANEXO III) informa que o Ministério da Saúde adotou e
tem adotado, “de forma tempestiva, todas as medidas de sua competência, com a
finalidade de disponibilizar à população brasileira imunizantes para mitigar os
impactos da pandemia e em defesa da vida, sempre buscando a aquisição de
vacinas de forma célere conforme o surgimento de novas evidências científicas,
conhecimentos acerca das vacinas, cenário epidemiológico da covid-19, e em
conformidade aos normativos legais para a aquisição dos imunizantes, uma vez
aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa”. No referido
ato constam informações atualizadas referentes às providências já em curso para
a aquisição das vacinas para crianças. Confira-se, a propósito, o seguinte excerto:

10. Em 29/11/2021, o Contrato 281/2021 foi celebrado entre as partes.


Em 16/12/2021, a Diretoria Colegiada da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária ANVISA autorizou o uso das vacinas da Pfizer
contra a covid-19 em crianças a partir de 5 anos.

11. Ainda no dia 16/12/2021, considerando os termos do contrato


vigente, a entrega de vacinas para crianças a partir de 5 anos, ocorreria
mediante notificação do MS à Pfizer sobre o interesse em receber estas
vacinas, o MS encaminhou a referida notificação e ainda solicitou à
empresa o envio de cronograma de entrega para o fornecimento de
10 milhões de doses pediátricas (público de 5 a 11 anos), devendo
as entregas ocorrerem ainda no primeiro trimestre de 2022.

12. Em 17/12/2021, em continuidade às tratativas com o laboratório, o

ADPF nº 929, Rel. Min. Cármen Lúcia 18


MS solicitou que fosse informado o quantitativo máximo de doses
pediátricas que poderiam ser fornecidas no primeiro trimestre de 2022,
no âmbito do Contrato 281/2021. No mesmo dia a Pfizer confirmou a
possibilidade de alocação de um quantitativo máximo de 15 milhões de
doses para o público de 5 a 11 anos, com entrega estimada para o
primeiro trimestre de 2022, sinalizado ainda a possibilidade de início
das entregas a partir de janeiro de 2022. Para tanto, solicitava a
confirmação para a celebração de aditamento contratual, a fim de
ajustar o cronograma de entrega, bem como as especificações relativas
à vacina com ampliação de faixa etária (5 a 11 anos). Também informou
que, para fins de planejamento interno, havia estimado uma quantidade
adicional de até 20 milhões de doses da vacina com ampliação de faixa
etária para possível entrega estimada no segundo trimestre de 2022.
Porém, para garantir a disponibilidade dessas doses junto aos times
globais da Pfizer, precisava receber uma confirmação de interesse por
essas doses adicionais da vacina com ampliação de faixa etária (5 a 11
anos) até o dia 20 de janeiro de 2022.

13. Também em 17/12/2021, o MS confirmou o interesse na alocação


do quantitativo máximo de 15 milhões de doses para público de 5 a 11
anos, com entrega estimada para o primeiro trimestre de 2022, e que,
quanto às doses para o segundo trimestre de 2022, informou que
sinalizará o interesse até o dia 10/01/2022.

14. No dia 20/12/2021, a Pfizer encaminhou minuta do 1º aditamento


ao Contrato 281/2021, o qual estabelece a alocação de um quantitativo
de 15 milhões de doses da vacina com ampliação de faixa etária
(especificamente, público de 5 a 11 anos), com entrega estimada para o
primeiro trimestre de 2022.

15. Em 23/12/2021 o MS recebeu da Pfizer correspondência eletrônica


comunicando a disponibilidade de entregar mais 5 milhões de doses de
vacinas pediátricas para o 1º trimestre de 2022. Ainda no dia 23/12, o
MS confirmou o interesse na oferta dessas 5 milhões de doses
adicionais para a faixa etária de 5 a 11 anos, perfazendo um total de 20
milhões de doses a serem entregues no primeiro trimestre de 2022, com
a primeira remessa ocorrendo já no mês de janeiro.

16. No dia 28/12/2021, portanto dentro do prazo necessário para


assegurar as entregas previstas contratualmente, o Ministério da
Saúde e a Pfizer assinaram o Termo Aditivo para entrega de 20
milhões de doses exclusivas para assegurar a imunização do público
de 5 a 11 anos de idade. Ademais, cabe reforçar que todas as entregas
previstas no Contrato 281/21 para o primeiro trimestre de 2022 serão
exclusivamente destinadas ao público da referida faixa etária. (Grifou-
se)

Nesse contexto, ademais, é imperioso destacar que, ao contrário do

ADPF nº 929, Rel. Min. Cármen Lúcia 19


que pretende fazer crer a arguente, a realização de consulta pública cumpre a
função de agregar o conhecimento técnico com aquele proveniente de
representantes da administração pública, legislativo, sociedades científicas e
sociedade civil, aumentando a segurança conferida ao processo decisório.

A propósito, confira-se os esclarecimentos prestados pela SECOVID


quanto à realização da consulta pública (informações prestadas pelo Ministério da
Saúde – documento eletrônico no 28, fl. 7):

(...) importante esclarecer que Consulta Pública e a Audiência Pública


são instrumentos democráticos de transparência utilizados pela
Administração Pública quando de assuntos de relevância social, temas
pertinentes e que afetam a Sociedade como um todo ou em particular.
Estes mecanismos têm como objetivos incentivar a participação da
população nas questões de interesse coletivo, ampliar a discussão sobre
o assunto e embasar as decisões sobre formulação e definição de
políticas públicas.

Tal relevância no que se refere ao tema de vacinação de crianças nesta


faixa etária se dá, como evidenciado na manifestação da ANVISA
justificando a sua adoção de uma estratégia diferente para as análises
técnicas dos estudos clínicos para o público infantil, onde buscou o
envolvimento de diversas entidades, por se tratar de público em pleno
desenvolvimento e com lacunas ainda no que se refere a custo benefício
desta vacinação considerando o cenário epidemiológico e regulatório
atual.

A consulta pública também teve a função de conferir publicidade ao


processo de ampliação do Plano Nacional de Vacinação, tendo em vista a
recomendação da ANVISA na Nota Técnica no
496/2021/SEI/GGMED/DIRE2/ANVISA5:

Salientamos a importância que sejam realizadas campanhas com


informações claras e objetivas sobre as vacinas, envolvendo os
desenvolvedores das vacinas, os profissionais de saúde e os provedores
das políticas públicas para recomendação de uso as vacinas.

Destaca-se que autorização da Anvisa para incluir na bula da vacina


Comirnaty a indicação de uso para crianças de 5 a 11 anos, não tem o

5
Vide informações prestadas pelo Ministério da Saúde.

ADPF nº 929, Rel. Min. Cármen Lúcia 20


condão de obrigar a vacinação das crianças. A Agência ao cumprir a
sua atribuição legal prevista da Lei 9.782/1999, a qual seja, avaliar os
quesitos de qualidade, eficácia e segurança da vacina permite que a
vacina seja disponibilizada a população, após uma rigorosa análise
técnica. Por oportuno, a concessão dessa autorização favorece o direito
ao acesso, em especial, dos pais que tanto desejam a imunização dos
seus filhos com uma vacina aprovada pela autoridade sanitária do Brasil
e de diversos países.

Mais uma vez reiteramos que os pais de crianças de 5 a 11 anos devem


ser claramente informados dos benefícios da vacinação e respeitados
em suas decisões, quaisquer que sejam as decisões que tomem, quanto
a aplicação da vacina contra a COVID-19 em seus filhos.

Como se vê, não encontram qualquer amparo na realidade fática as


premissas em que se assentam as argumentações contidas na petição inicial, no
sentido de que o Governo Federal estaria deixando de providenciar a extensão da
campanha de imunização para crianças de 05 (cinco) a 11 (onze) anos. Ao revés,
foram tomadas as devidas providências em relação à vacinação dessa faixa etária.

Com essas considerações, constata-se que não se está, de nenhum


modo, diante de cenário de violações a preceitos fundamentais, muito menos a
justificar a intervenção do Poder Judiciário. Ao revés, a consulta pública, somada
às medidas práticas que estão sendo tomadas pelo Ministério da Saúde para
disponibilização das vacinas aprovadas pela ANVISA a crianças de 5 a 11 anos,
conferem concretude aos preceitos fundamentais relativos à vida e à saúde.

Por fim, tendo-se em vista que o pedido formulado envolve ações


materiais a serem efetivadas pela União, é preciso ressaltar que as atribuições
concernentes à implementação de políticas públicas, como as ora demandadas do
Poder Judiciário, inserem-se, em sua totalidade, na margem de atuação do Poder
Executivo, de modo que eventual intervenção judicial no referido mister
representaria afronta indiscutível ao basilar princípio da separação dos Poderes.

ADPF nº 929, Rel. Min. Cármen Lúcia 21


O quadro acima declinado aponta, portanto, para a necessidade de
que a jurisdição constitucional observe o espaço de conformação assegurado aos
agentes públicos eleitos, em deferência à sua legitimidade político-democrática e
ao princípio da separação dos Poderes, como afirmou o Ministro LUIZ FUX no
seguinte trecho do voto condutor do julgamento da Ação Direta de
Inconstitucionalidade nº 50626:

Em uma democracia, a Constituição é o documento fundante, mas não


exauriente do Estado. Isso significa que a resposta para a maioria
dos dilemas sociais, embora balizada, não está predefinida na Lei
Maior. Cabe a cada geração, através de seus representantes eleitos,
disciplinar, com significativa margem de conformação, os conflitos
intersubjetivos. Nesse cenário, toda inflação semântica dos
enunciados constitucionais implica supressão de espaço de escolha
das maiorias eleitas. Bem por isso já advertia o Chief Justice Marshall,
da Suprema Corte Norte-americana, que "We must never forget that it
is a constitution we are expounding" (McCulloch v. Maryland - 1819).

Trata-se não apenas de deferência pela escolha dos representantes


eleitos, mas também do reconhecimento de que outros Poderes podem ter maior
aptidão para decidir sobre determinados assuntos, como ocorre no presente caso.
Afinal, há que se reconhecer a primazia da atuação do Poder Executivo na
elaboração e implementação de políticas públicas de saúde.

A necessidade de autocontenção do Poder Judiciário e, em especial


do Supremo Tribunal Federal, no julgamento de temas essencialmente técnicos
foi diversas vezes defendida em doutrina do Ministro ROBERTO BARROSO,
consoante se observa das seguintes lições por ele desenvolvidas, in verbis:

(...) 6. Quando tenha havido atuação do Legislativo ou do Executivo, o


Judiciário deve ser deferente. O Poder Legislativo e o Poder
Executivo, cujos membros são eleitos, têm uma preferência geral
prima facie para tratar de todas as matérias de interesse do Estado
e da sociedade. Decisão política em uma democracia, como regra, deve
ser tomada por quem tem voto. E quando tenham atuado, os órgãos

6
ADI nº 5062, Relator: Ministro LUIZ FUX, Órgão Julgador: Tribunal Pleno, Julgamento em 27/10/2016,
Publicação em 21/06/2017; grifou-se.

ADPF nº 929, Rel. Min. Cármen Lúcia 22


judiciais devem preservar as escolhas legislativas ou
administrativas feitas pelos agentes públicos legitimados pelo voto
popular. A jurisdição constitucional somente deve se impor, nesses
casos, se a contrariedade à Constituição for evidente, se houver afronta
a direito fundamental ou comprometimento dos pressupostos do Estado
democrático7. (Grifou-se)

Percebe-se que, em se tratando de decisões relacionadas à definição


e implementação de políticas públicas complexas como as necessárias ao combate
de uma pandemia, não dispõe o Poder Judiciário da indispensável capacidade
institucional para substituir a escolha técnico-política do Poder Executivo.

As providências aqui discriminadas demonstram que o Poder


Executivo da União, longe de manter-se inerte frente aos desafios da atual
pandemia, tem atuado de forma coordenada em inúmeras frentes de ação, de modo
que os pedidos da inicial devem ser indeferidos.

Ante todo o exposto, fica evidenciada a falta de verossimilhança do


direito alegado pela arguente, eis que não demonstrada violação aos preceitos
constitucionais suscitados na petição inicial.

III.II – Da ausência de periculum in mora

Ademais, constata-se a inexistência do requisito do periculum in


mora, igualmente necessário ao deferimento da medida cautelar pleiteada na
inicial.

A esse respeito, a arguente defende a urgência da providência


judicial reclamada, nos termos seguintes:

Oportuno repisar que, conquanto crianças e adolescentes apresentem


menor índice de letalidade ou baixa gravidade de saúde quando

7
BARROSO, Luís Roberto (2015). Constituição, direito e política: o Supremo Tribunal Federal e os poderes
da República. Revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, v. 270, p. 377-391, 2015, p. 389.

ADPF nº 929, Rel. Min. Cármen Lúcia 23


acometidos pelo Coronavírus, indiscutivelmente são vetores da doença,
fator ainda mais agravante à saúde da população, considerando-se o
momento de iminente retorno às aulas presenciais.

O perigo de dano também fica ainda mais aparente considerando a


descoberta da nova variante Ômicron, que vem se espalhando pelo
mundo, com centenas de casos confirmados nos mais variados países
da Europa e com a recente confirmação da sua entrada em território
brasileiro.

No mais, com a retomada cada vez mais exponencial das atividades


regulares e com o mencionado retorno às aulas presenciais, crescerá o
número de crianças e adolescentes infectados, de modo que quanto mais
tempo se estender até a obrigatoriedade da vacinação, maior a
possibilidade de aumento do risco de disseminação do Covidi-19 e de
novas variantes do vírus, além de criar o perigoso risco do Brasil se
tornar uma das localidades favoritas daqueles que recusam a vacinação
de menores.

É inegável que a pandemia em curso já vitimou milhares de


brasileiros, restando evidenciada a gravidade da crise existente por conta do
Covid-19. Não obstante, o Poder Público brasileiro tem diligenciado ativamente
para estabelecer as melhores orientações relativas às condutas médicas, adotando
recomendações embasadas por evidências científicas, bem como por diretrizes
nacionais e internacionais sobre o cuidado crítico dos pacientes com COVID-19.
Ainda que a execução da política administrativa não seja infalível ou imune a
críticas, ela certamente não é inconstitucional, e enquadrá-la dessa forma pode
criar mais dificuldades do que soluções.

Como antes ressaltado, o acolhimento do pleito formulado pelo


autor, em sede de cognição sumária, interferiria sobremaneira no andamento da
política pública já traçada e em execução pelo Poder Executivo federal, a revelar
a possibilidade, inclusive, de caracterização de periculum in mora inverso na
hipótese.

Evidencia-se, pois, a ausência de periculum in mora, o que impede o


acolhimento do pleito cautelar veiculado na inicial.

ADPF nº 929, Rel. Min. Cármen Lúcia 24


IV – CONCLUSÃO

Ante o exposto, o Advogado-Geral da União manifesta-se,


preliminarmente, pelo não conhecimento da arguição e, quanto ao pedido de
medida cautelar, pelo seu indeferimento.

São essas, Excelentíssima Senhora Relatora, as considerações que se


tem a fazer no presente momento, cuja juntada aos autos ora se requer.

Brasília, 11 de janeiro de 2022.

IZABEL VINCHON NOGUEIRA Assinado de forma digital por IZABEL VINCHON


NOGUEIRA DE ANDRADE:63569043134
DE ANDRADE:63569043134 Dados: 2022.01.11 11:59:36 -03'00'

IZABEL VINCHON NOGUEIRA DE ANDRADE


Advogada-Geral da União Substituta

RODRIGO PEREIRA MARTINS RIBEIRO


Advogado da União

THAÍS RANGEL DA NÓBREGA


Advogada da União

DOCUMENTOS ANEXOS:

I - NOTA TÉCNICA Nº 2/2022-SECOVID/GAB/SECOVID/MS


II - DESPACHO DO MINISTRO DA SAÚDE – APROVA NOTA TÉCNICA N° 2/2022-
SECOVID/GAB/SECOVID/MS
III - DESPACHO GAB/SE 0024697110

ADPF nº 929, Rel. Min. Cármen Lúcia 25

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