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Vacinação é a prática de inserir corpos estranhos enfraquecidos em um corpo

para que o sistema imunológico do organismo vacinado seja capaz de estudar e combater
o corpo estranho em seu estado natural. Essa prática é comum em doenças como
poliomielite, febre amarela, HPV e até mesmo o mais recente COVID-19. A pergunta de
fato a ser feita é: “Deveria ser obrigatória mesmo a vacinação?”.
Naturalmente é comum acreditar que um organismo seja capaz de neutralizar
um corpo estranho por conta própria, porém o sistema imunológico de um recém nascido
não possui o mesmo efeito de um sistema imunológico de uma pessoa de 21 anos, por
exemplo, causando assim situações onde crianças com paralisia infantil (que não foram
vacinadas) não conseguem neutralizar a doença até o fim da própria vida (há um
consenso geral de que crianças não vacinadas não passam de 10 anos de idade). Zagaja,
et al. (2018) cita que “De acordo com a Comissão Europeia, vacinações previnem
aproximadamente 2,5 milhões de morte no mundo anualmente, e reduzem custos de
tratamentos específicos de doenças”, o que já é um bom argumento para analisar os
efeitos positivos que a vacinação traz, além de prevenir a contaminação em massa de
doenças contagiosas, como o próprio COVID-19 previamente mencionado.
Além do ponto de ser obrigatória a vacinação para prevenir que bebês e
crianças contraiam doenças que na respectiva idade possuem efeitos mortais, ainda há o
fato de que a vacinação propulsionada por Oswaldo Cruz no início do século XX (cuja
propulsionou a Revolta da Vacina no Rio de Janeiro em 1904) extinguiu a varíola e a
peste bubônica, duas doenças que em séculos anteriores não possuíam cura e tinham
efeitos letais, frisando o detalhe que o primeiro antibiótico, a penicilina, foi criado
posteriormente, então a vacina era o ponto chave essencial para tanto prevenir viroses
como outras doenças que fossem causadas por formas de vida microscópicas (bactérias,
protozoários, fungos, etc.).
Porém, apesar das provas científicas sobre a eficácia da vacina, ainda há
pessoas que discordem da mesma, com o exemplo mais visível sendo a “campanha”
antivacinação promovida por Jair Bolsonaro e seus aliados políticos durante os anos de
2020 a 2022, sob a afirmação de que o composto hidroxicloroquina era capaz de tratar o
COVID-19, inclusive exonerando Ministros da Saúde, como Luiz H. Mandetta e Nelson
Teich, por não concordarem com seu ponto de vista, indo até mesmo contra a ANVISA e a
OMS, organizações que estão sempre em contato com a saúde da população.
Em contraponto, Zagaja, et al. (2018) também cita que “No caso de uma
vacinação obrigatória (cuja será o foco principal em pauta), a autonomia individual é
enfrentada contra as regras e regulações do Estado, e um embate entre direitos do
indivíduo e saúde pública se torna aparente. [...]”, que é o ponto principal da pergunta
acima, até onde o Estado poderá passar por cima da autonomia do indivíduo com uma
vacinação. Um dos aliados de Jair Bolsonaro, Paulo Kogos, foi ferrenhamente contra a
vacinação obrigatória por acreditar que o corpo do cidadão não é propriedade do Estado
para que seja vacinado contra sua vontade, porém o mesmo se apresenta de forma
estranhamente insana em seus vídeos no YouTube quando aborda o tema.
O leitor deve estar se perguntando se a vacinação obrigatória de fato deve ser
aplicada. A princípio, a vacinação não é obrigatória em território nacional, porém uma
criança que não esteja vacinada é uma situação onde é possível denunciar ao conselho
tutelar para aplicar a vacina e então retirar dos pais a tutela da criança, o que é facilmente
confundível com obrigatoriedade de vacinação, o que de fato é, porém implícita. Ademais
a vacinação contra o COVID-19 foi um caso específico onde uma pessoa não vacinada
tem acesso restrito/negado caso não apresente cartão de vacina ou apresente com doses
faltando, caracterizando um interesse do governo nacional pela vacinação, e assim
gerando a obrigatoriedade da vacina. O ponto é que a vacinação serve tanto para
proteger as pessoas de se infectarem como de infectarem as outras, além das mesmas
serem mais eficientes que o tratamento, assim sendo possível dissertar sobre ser
necessário que o governo enfoque na vacinação ser obrigatória aos subordinados da
nação. Nos casos em questão, a não vacinação compromete a saúde pública e
indiretamente a economia, já que são menos pessoas trabalhando, gerando assim menos
capital. Dito isso, não é uma opção a defesa da não vacinação, afinal ela não afeta
somente um círculo seleto e restrito de pessoas próximas ao não vacinado, como afeta os
outros “ecossistemas” urbanos que possuem conexão direta ou indireta com as pessoas
daquele círculo em específico, e ainda mais sabendo que não se trata de somente um
círculo, mas vários círculos espalhados em regiões diferentes, fato que necessariamente
implica em uma contaminação mais descentralizada e rápida.
Um exemplo da necessidade que o governo aplique a vacinação obrigatória
são os dados da OMS sobre mortos por COVID-19 nos EUA e no Brasil, que somados
resultaram em quase 2 milhões de mortes (registradas aproximadamente em junho de
2022, de acordo com dados oficiais), e cujo elemento em comum era a frequência de
aparições no âmbito virtual de pessoas que se recusaram a tomar a vacina e seguir as
instruções para evitar contaminação pela doença, sugeridas pela própria OMS. Nos piores
casos, pessoas afirmavam que o “Coronavirus é uma invenção política” ou “da mídia”,
efetivamente negando os efeitos causados pela doença e questionando até mesmo sua
existência, o que obviamente pode ser contrariado baseado na situação pandêmica de
2020 a 2022.
Em outras palavras, a conclusão desse debate a respeito da vacina obrigatória
é que a população em geral que vai contra a vacinação obrigatória cai em uma concepção
enganosa e falaciosa sobre a vacina não ser confiável e sobre sua saúde não ser assunto
de interesse do governo, mecanismo esse que é propulsionado por influenciadores cujo
conhecimento a respeito do assunto é mínimo ou nulo, e que é necessário para o
funcionamento geral do país que o governo aplique a vacinação obrigatória, afinal a
autonomia do corpo do cidadão fere o princípio dos interesses do Estado. É necessário
que sejam informados corretamente os cidadãos a respeito da importância de ser
vacinado contra as doenças para prezar pela própria saúde e das pessoas próximas, e
também sobre como a não vacinação de crianças pode ser denunciada para o Conselho
Tutelar, e como consequência a guarda da criança é retirada dos pais, além de ser
necessário fazer campanhas mais frequentes de vacinação e publicações no âmbito
virtual, já que a entrega de cartilhas físicas não surte efeito na população, ao que se pode
perceber.

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