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Inclusão de vacinas contra covid para crianças de até cinco anos no Programa
Anual de Imunização do Ministério da Saúde para 2024 revive o pesadelo
negacionista antivacina da pandemia; Nísia Trindade é convocada para
esclarecimentos
Mesmo depois da longa CPI da covid, que concluiu pelo descaso do governo de
Jair Bolsonaro na pandemia e pediu seu indiciamento por crime contra a
humanidade, o discurso do bolsonarismo radical ainda apresenta se mostra
impermeável à racionalidade, às evidências científicas e adesão da maioria da
população à vacinação e aos programas de imunização. Pesquisa recente
conduzida pela Rede de Pesquisa Solidária e pela USP revelou que 98% dos
pais e mães de filhos menores de 14 anos são favoráveis à vacinação de seus
filhos. Além disso, mais de 83% dizem que já levaram seus filhos para serem
vacinados.
Ainda assim, os números indicam que a vacinação infantil contra a covid ainda
está abaixo do esperado. Segundo o boletim Observa Infância, produzido pelo
Icict (Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em
Saúde), da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), só 11,4% das crianças abaixo de
cinco anos apresentam o esquema vacinal completo, o que equivale a pouco
mais de 5,29 milhões de crianças imunizadas. A população estimada no país
para 2023, nesta faixa etária, é de 13.122.252 crianças. E, ao contrário do que
propala o bolsonarismo negacionistas, a covid tem um alto risco nas crianças
menores.
O pesquisador do Icict e coordenador do Observa Infância, Cristiano Boccolini,
aponta o negacionismo e os movimentos antivacina entre os resposnáveis pela
baixa cobertura vacinal nessa faixa etária: "Existe uma potencialização do
movimento antivacina, que ganhou espaço e voz, inclusive com um ex-
presidente que liderava o movimento e um ministro da Saúde que colocou
várias restrições à vacinação, uma falsa sensação de segurança dos pais que as
crianças seriam menos atingidas por Covid e o medo de efeitos colaterais.
Tudo isso prejudica a vacinação. "Foi veiculado que criança não morria ou não
pegava Covid, mas isso não é verdade. O que infelizmente observamos é que
nos dois primeiros anos da pandemia morreram cerca de duas crianças por dia
com menos de cinco anos por Covid"
Além das crianças até 5 anos, fazem parte do grupo prioritário idosos,
imunocomprometidos, gestantes, puérperas, trabalhadores da saúde, pessoas
com comorbidades, indígenas, ribeirinhos, quilombolas, pessoas vivendo em
instituições de longa permanência e seus trabalhadores, pessoas com
deficiência permanente, privados de liberdade maiores de 18 anos,
adolescentes e jovens cumprindo medidas socioeducativas, funcionários do
sistema penitenciário e pessoas em situação de rua.
Pessoas que não estejam em nenhum dos grupos prioritários poderão tomar a
vacina, depois que forem atendidos os mais vulneráveis. De acordo com Esther
Maciel, desde que a vacinação contra covid foi iniciada em em 2021, os dados
apontam sua eficiência: “Temos já elementos muito robustos e contundentes
que indicam a segurança e a efetividade da vacina. No Brasil, tínhamos 4 mil
pessoas morrendo todos os dias por Covid. Hoje, temos 42. Essa é a maior
prova da efetividade da vacina.”