GEORGE SOROS E A

METAMORFOSE DO PT

RELATÓRIO SEMANAL

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 RESUMO
RESUMO
O presente relatório busca demonstrar as
convergências entre o Partido dos
Trabalhadores (PT) e a linha adotada pelo
Partido Democrata americano e a
esquerda internacional, bem como a
diferença de atuação entre seus primeiros
governos (2003-2016) e o futuro governo
Lula.
Ao que tudo indica, o PT vai abandonar o
modelo clássico de esquerda tradicional
sindicalista latino-americana para adotar
uma práxis semelhante à esquerda
americana e europeia, que exerce uma
certa ortodoxia econômica, ao mesmo
tempo que emplaca teses divisivas na
sociedade, como o famigerado discurso
politicamente correto, pautas identitárias,
cultura woke, agenda trans e LGBT+,
racismo estrutural, entre outras.
Nota-se a diferença de comportamento na
esquerda brasileira a partir da campanha
eleitoral e equipe de transição do PT,
mesclando nomes tradicionais da
economia (Pérsio Arida, Edmar Bacha) e
incendiários do identitarismo (Boulos,
Silvio Almeida). Os financiadores da
campanha de Lula também se assemelham
aos magnatas que doaram para o Partido
Democrata nos EUA, contendo nomes
fortes do setor bancário e do alto
empresariado.
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O projeto de abandono da linguagem da
esquerda tradicional latino-americana e
adoção de métodos presentes na Europa e
nos Estados Unidos por parte do PT vai de
encontro aos objetivos da Open Society
Foundation (fundada pelo bilionário
George Soros), que pretende
internacionalizar e fortalecer a esquerda
ao redor do mundo.
Entre diversos fatores que justificam essa
aliança, nota-se a contratação do advogado
Pedro Abramovay para a equipe de
transição de Lula, bem como sua possível
nomeação para o Ministério das Relações
Exteriores em janeiro de 2023.
Abramovay é advogado de esquerda e
diretor da Open Society Foundation na
América Latina.
Além disso, nota-se um possível abandono
por parte da direita brasileira da defesa
extremada do mercado financeiro.
Atualmente, no Brasil, a direita se
encontra em uma tradicional postura
pró-mercado, refletindo o neo-liberalismo
tatcherista de outrora. Entretanto, nos
Estados Unidos e Europa, percebe-se um
claro afastamento por parte da direita no
sentido de denunciar o apoio que o setor
bancário e o alto empresariado promovem
em relação às mais diversas pautas
esquerdistas.
Esse reflexo pode (e deve) chegar no Brasil
em breve.
25 de Novembro de 2022
 ANÁLISE PÁGINA 3

ANÁLISE

A direita brasileira sempre denunciou a Entretanto, apesar dos absurdos

interferência da fundação Open Society
Foundation, fundada pelo magnata
George Soros, na esquerda ao redor do
mundo.
Com a ascensão de Jair Bolsonaro ao poder,
essa tese foi descartada junto às centenas
de teorias conspiratórias absurdas
promovidas por aliados do governo.
“denunciados” pela patota bolsonarista,
não se pode deixar de levar em
consideração o investimento maciço que a
Open Society realiza em setores da
esquerda ao redor do mundo. Afinal, qual
é o verdadeiro objetivo dessa organização
misteriosa, e o que o governo Lula
representa para esses planos?

QUEM É
GEORGE SOROS?

Investidor bilionário e filantropo

húngaro-americano;

Patrimônio líquido: US$ 8 bilhões,

tendo doado US$ 32 bilhões para
sua própria agência filantrópica, a
Open Society Foundation;

Maior financiador do Partido

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organizações
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in vulputate velit esse ao
redor do mundo.

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 ANÁLISE PÁGINA 4

Nota-se que o PT que chegou ao poder com
as eleições de 2022 não é exatamente o
mesmo partido que governou o Brasil
entre 2003 e 2016.
Agora que venceram sua quinta eleição
presidencial, o Partido dos Trabalhadores
deve escolher uma entre duas
possibilidades: adotar uma nova
roupagem aos moldes da esquerda
americana e europeia, ou manter a
comunicação e trajetória clássica da
tradicional esquerda sindicalista
latino-americana – a segunda opção
aparenta ser bem mais improvável.
para o Ministério das Relações Exteriores
e, atualmente, participa da equipe de
transição do governo Lula. Atualmente,
Abramovay é diretor da Open Society
Foundation na América Latina, sendo um
braço importante para o projeto de
internacionalização da esquerda.
QUEM É
PEDRO ABRAMOVAY?

A própria campanha do então candidato

Lula foi bem semelhante à linha adotada
pelo Partido Democrata nos últimos anos.
Enquanto se aproximava de nomes mais
ortodoxos da política e economia
brasileiras, como Geraldo Alckmin,
Henrique Meirelles, Armínio Fraga,
Pérsio Arida, entre outros, o PT aproveitou Advogado formado pela USP, mestre
a oportunidade para marcar presença em em Direito Constitucional pela UnB,
praticamente todos os principais debates doutor em Ciências Políticas pelo
IESP-UERJ;
envolvendo pautas identitárias, cultura
woke, agenda trans e LGBT+ etc. Secretário de Assuntos Legislativos
Essa nova linha de atuação da esquerda no Ministério da Justiça no governo
brasileira vai de encontro aos valores e Lula;
estratégias promovidas pela Open Society
Foundation, que financia diversos setores Possível futuro Ministro das
da esquerda por todo o mundo. Relações Exteriores;

Um dos redatores da decisão que

Após vencer o pleito de 2022, Lula
manteve o terrorista italiano Cesare
começou a anunciar os nomes que Battisti Refugiado no Brasil;
pretende indicar para os ministérios do
seu governo, que começa em janeiro de Diretor da Open Society Foundation
2023. Um destes nomes foi o advogado na América Latina.
Pedro Abramovay, que está sendo cotado

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 ANÁLISE PÁGINA 5

É evidente que o interesse da Open Society
em investir na esquerda brasileira só
aumenta. Inclusive, Jean Wyllys, ex-BBB e
ex-deputado federal pelo PSOL, é financiado
pela instituição, que também bancou a
Fundação Marielle, no Rio de Janeiro.
Tal interesse não é de hoje: a Open Society
doou US$ 10 milhões para “incentivar a
presença e protagonismo de mulheres
negras na política brasileira”, apoiou mais de
100 grupos brasileiros na região Amazônica
que “representam as comunidades negras
urbanas, quilombolas e indígenas”,
investiram no setor brasileiro de
comunicações, adquirindo a operadora de
TV paga Sunrise, de São Paulo e da On
Telecom, que oferece acesso à internet de
banda larga no interior paulista, entre
outros.
Seus eventos, sediados nos Estados
Unidos, contam com participantes dos
mais diversos setores da esquerda
brasileira, como o MST (Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra), MTST
(Movimento dos Trabalhadores Sem
Teto), Apib (Articulação dos Povos
Indígenas no Brasil), Greenpeace Brasil,
Conaq (Coordenação Nacional de
Articulação de Quilombos), entre outros.
Entre seus embaixadores, encontram-se
figuras clássicas da esquerda brasileira,
como Wagner Moura, Sônia Guajajara,
Daniela Mercury, Gregório Duvivier e
Jean Wyllys.

Também é importante ressaltar a

participação da WBO – Washington Brazil
Office, instituição de esquerda financiada
pela Open Society, no processo de captação
de agentes da esquerda brasileira. Trata-se de
mais um braço de George Soros para
promover pautas identitárias, cultura woke,
agenda trans e teses de racismo estrutural ao
redor do mundo, mas, principalmente, para
servir de elo entre a esquerda americana e a
brasileira.

Segundo descrição do site da WBO, a

instituição se especializa em “pensar sobre o
Brasil e apoiar ações que fortaleçam o papel
da sociedade civil e instituições dedicadas à
promoção da defesa da democracia, direitos
humanos, liberdades, e desenvolvimento
socioeconômico e ambiental sustentáveis do
país”.

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 QUEM É
ANÁLISE
PEDRO ABRAMOVAY?Em 27 de setembro de 2022, pouco antes
Fora do Brasil, o discurso esquerdista
“antimercado” arrefeceu. Afinal, é o
mercado que está financiando e
impulsionando a agenda woke e pautas
identitárias. Foram banqueiros os maiores
doadores da campanha de Lula. Nos
Estados Unidos, o maior investidor do
Partido Democrata é George Soros, que
enriqueceu com especulação financeira.
Nas eleições brasileiras de 2022, figuras
importantes do mercado financeiro
bancaram a campanha do ex-presidente
Lula. Entre eles, a magnata Beatriz
Bracher, herdeira do Itaú, que doou R$
150 mil para o petista. Sua colega de Itaú,
Neca Setúbal, integra a equipe de
transição. O presidente do grupo Cartão
de Todos, Altair Vilar, se tornou o
maior doador individual da campanha de
Lula ao investir R$ 600 mil.
MAIORES DOADORES DAS ELEIÇÕES
AO CONGRESSO AMERICANO DE 2022
DEMOCRATA
George Soros
Elizabeth & Richard Uihlein
Kenneth Griffin
Jeffrey Yass
Sam Bankman-Fried
Stephen Schwarzman
Timothy Mellon
Larry Ellison
Fonte: Federal Election Commission via The Washington Post
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das eleições, Lula organizou um encontro
com grandes figurões do empresariado e
do setor bancário, como Abilio Diniz
(Península e Carrefour), André Esteves
(BTG Pactual), Benjamin Steinbruch
(CSN), Josué gomes (Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo), Luiz
Carlos Trabuco Cappi (Bradesco), Rubens
Ometto Silveira Mello (Cosan), entre
outros. A reunião contou até mesmo com
apoiadores de Jair Bolsonaro, como Flávio
Rocha (Riachuelo), Daniel Goldberg
(Lumina) e Isaac Sidney (Febraban).
Nos Estados Unidos, o movimento de
bilionários investindo nas campanhas dos
democratas nas eleições legislativas de
2022 foi semelhante: Sam
Bankman-Fried, fundador da corretora
FTX, despejou US$ 40 milhões em
candidatos do partido, ficando atrás
REPUBLICANO
$128.5 M
$70.2 M
$65.9 M
$48.2 M
$39.2 M
$32.7 M
$32.5 M
$31 M
25 de Novembro de 2022
 QUEM É
ANÁLISE
PEDRO ABRAMOVAY?
Ao redor do mundo, o mercado financeiro
impulsiona e investe na propagação de
pautas identitárias e cultura LGBT+. Isso
pode demonstrar uma mudança no
cenário político brasileiro: atualmente, a
direita no Brasil se encontra numa posição
pró-mercado, mas, em países mais
desenvolvidos, a direita já enxerga no
mercado um rival que pretende injetar na
sociedade as mais absurdas teses
esquerdistas.
Em campanha da multinacional Calvin Klein, um homem trans grávido
estreou a publicidade de Dia das Mães em maio de 2022.
Como exemplo, a nova premiê da Itália e
principal líder da direita italiana, Giorgia
Meloni, antes mesmo de tomar posse já
denunciava a participação do mercado na
destruição de valores sociais tradicionais e
na promoção de pautas identitárias:
“Agora eles atacam a identidade nacional,
eles atacam a identidade religiosa, eles
atacam a identidade de gênero, eles
atacam a identidade familiar. Eu não
posso definir a mim mesma como italiana,
cristã, mulher, mãe. Não. Eu devo ser
‘cidadão x’, ‘gênero x’, ‘genitor 1’, ‘genitor
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2’. Eu devo ser um número. Porém,
quando eu sou apenas um número,
quando eu não possuo mais uma
identidade, uma origem, então eu serei
uma perfeita escrava a mercê dos
especuladores financeiros. O consumidor
perfeito”, afirmou.
Com o forte financiamento do mercado
financeiro e apoio de organizações como a
Open Society, conclui-se, portanto, que a
esquerda pretende se internacionalizar
para se fortalecer. O movimento adotado
pelos socialistas brasileiros, vale ressaltar,
não é muito diferente da tentativa que Jair
Bolsonaro teve de se aproximar de Steve
Bannon, principal estrategista da direita
americana, em 2022.
A diferença é que o projeto da Open
Society é mais bem-financiado,
estruturado e já vem sendo realizado há
anos. Nos próximos anos de governo Lula,
veremos um fortalecimento do elo entre a
esquerda brasileira e americana, bem
como a internacionalização deste setor,
cada vez mais unido em promover pautas
identitárias ao redor do mundo.
Além disso, nota-se que a aproximação do
PT ao modelo do Partido Democrata
americano, bem como o apoio de setores
grandes do mercado financeiro e do
empresariado às esquerdas, mudará a
perspectiva que a direita brasileira tem em
relação ao mercado. Caso a direita também
siga a tendência mundial, será cada vez
mais comum vermos ataques de direitistas
contra os banqueiros e empresários que
apoiarem as pautas identitárias.
25 de Novembro de 2022
 CONCLUSÃO
CONCLUSÃO
Grande parte da análise política e
econômica feita pelos grandes jornais ou
bancas de investimento parte de premissas
superadas, como a ideia de que o
esquerdismo do PT estagnou-se nos anos
90 e, portanto, que qualquer ortodoxia
econômica viria através de uma disputa
via pressão dos agentes de mercado e uma
acomodação junto ao governo de
esquerda, como vimos na “Carta aos
brasileiros” de 2002.
A não compreensão deste novo fenômeno
de esquerda — a cultura woke —,
massivamente financiado (aqui no Brasil
também) por grandes empresas,
conglomerados familiares, fundações e
ONG’s, faz com que o entendimento
básico do que é a esquerda hoje não seja
premissa em seus relatórios e artigos.
George Soros pode bem ser Neca Setúbal e
a família Bracher; pode muito bem ser
Guilherme Leal da Natura; pode muito
bem ser a família Marinho. A base da nova
esquerda não são mais os sindicatos e
movimentos ligados a causas materiais,
RELATÓRIO PRODUZIDO POR:
Renan Santos
Fundador do MBL e
camisa 14 do Escrotos
Futebol Clube.
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como salários e condições de vida.
E o PT — surgido neste seio superado —
também se adapta aos novos tempos.
Isso não significa que as tensões junto à
histórica tradição heterodoxa e
anti-liberal estejam encerradas. O PT terá
que lidar com essas contradições. Mais: é
possível que acomode tais forças
heterogêneas num modelo brasileiro —
obtendo ainda assim a aprovação de
validadores internacionais do mercado.
O processo de transformação do partido, já
claro nessas eleições, é também questão de
sobrevivência: caso não o faça, outras
forças à esquerda farão em seu lugar. PSB,
setores do PSDB e o próprio PSOL estão aí
pra isso. O PT está tomando o campo pra si
antes que outro o surpreenda.
Nesse sentido, o representante maior desta
esquerda no mundo, George Soros, ter seu
representante cativo no novo governo, diz
muito. Aguardemos os próximos meses
para a consumação de tal transformação.
Lucas Mehero
Advogado mestrando
Direito Político e
Econômico
25 de Novembro de 2022