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1.INTRODUÇÃO

Falaremos à seguir da interferência de grupos sociais, na manutenção,


transformação e influencia no âmbito político e social. Essas organizações são
denominadas de ‘’Grupos de Pressão’’ e pelo contrário do que a maioria pensa, eles
estão presentes em praticamente todo o mundo. 
Serão apresentados conceitos e exemplos sobre tal assunto, abrangendo diversos
pontos em uma perspectiva sociais, políticas e econômica formando assim, um
assunto contextualizado e atual.
Temos como objetivo, aprofundar alunos e docentes em tal assunto, formando uma
opinião inteligente, baseada em fatos. Além de criar diversos debates que nos levem
a refletir sobre a importância desses grupos na sociedade Brasileira e mundial.

2.RESUMO

GRUPOS DE PRESSÃO

Um grupo de pressão é um grupo de interesse que exerce uma pressão, que passa
do mero estágio da articulação e da agregação de interesses e trata de influenciar e
pressionar o decisor político, saindo do âmbito do mero sistema social e passando a
atuar no interior do sistema político. A pressão pode ser aberta ou oculta, pode atuar
diretamente sobre o decisor ou, indiretamente, atuando sobre a opinião pública.
Entre as pressões abertas, destaca-se a ação de informação, a de consulta, bem
como a própria ameaça. As duas principais formas de pressão oculta, isto é, não
publicitada, são as relações privadas e a corrupção. As relações privadas passam
pelo clientelismo e pelo nepotismo. A corrupção, como processo de compra de
poder, tanto pode ser individual como coletiva, nomeadamente pelo financiamento
dos partidos. Entre as ações dos grupos de pressão sobre a opinião pública, temos
tanto o constrangimento como a persuasão. Na primeira, temos a greve, as
manifestações, os boicotes ou os cortes de vias de comunicação. A persuasão tem
sobretudo a ver com a propaganda e a informação. 
Um interesse é o que faz o homem atuar, o fim que o movimenta, a relação de um
homem com uma coisa ou com outro homem que lhe permite satisfazer uma
necessidade.
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No Brasil tivemos como exemplo de grupo de pressão aberta que realmente


conquistou seu objetivo os “Caras Pintadas”. Foi um movimento estudantil brasileiro
realizado no decorrer do ano de 1992 e tinha como objetivo principal o impeachment
do Presidente do Brasil Fernando Collor de Melo e sua retirada do posto. O
movimento baseou-se nas denúncias de corrupção que pesaram contra o presidente
e ainda em suas medidas econômicas, e contou com milhares de jovens em todo
o país. O nome "caras-pintadas" referiu-se à principal forma de expressão, símbolo
do movimento: as cores verde e amarelo pintadas no rosto.

Outro exemplo de grupo de pressão,porém oculta, veio a tona no Brasil em 2005, o


mensalão. O mensalão era um esquema de compra de votos parlamentares, ou
seja, pagava-se uma proprina para o parlamentar, para que este,quando ouvesse
uma votação de interesse de quem o corrompeu, votasse de acordo com o
combinado, o chamado lobby.

3.CONCEITOS

Os grupos de pressão, segundo J. H. Kaiser, são organizações da esfera


intermediária entre o indivíduo e o Estado, nas quais um interesse se incorporou e
se tornou politicamente relevante. Ou são grupos que procuram fazer com que as
decisões dos poderes públicos sejam conformes com os interesses e as idéias de
uma determinada categoria social.1

Sanchez Agesta e M. André Mathiot tratam com mera semelhança os grupos de


pressão. Escreve o primeiro em 1967: “Os grupos de pressão não são outra coisa
senão as forças sociais, profissionais, econômicas e espirituais de uma nação,
enquanto aparecem organizadas e ativas”.2 E em 1952 o publicista francês M.
André Mathiot afirmara também: “Eles (os grupos de pressão) não são outra coisa
senão as forças sociais, econômicas e espirituais da nação, organizadas e
atuantes”.3

Estes dois conceitos de Agesta e Mathiot englobam mais os chamados grupos de


interesses do que os grupos de pressão, entretanto os grupos de pressão são
derivados destes. O grupo de pressão se define em verdade, pelo exercício de
influência sobre o poder político, para obtenção eventual de uma determinada
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medida de governo que lhe favoreça os interesses, e os grupos de interesses podem


existir organizados e ativos sem contudo exercerem a pressão política.

Burdeau é confiante em afirmar que os grupos de pressão sempre existiram e


sempre pressionaram os governos, com a diferença de que ontem eram exteriores
ao poder, “parasitas” ou “clientes” e “hoje são o próprio poder” ou “o modo natural de
expressão da vontade do povo real”. De último, “os grupos não exploram o poder,
mas o exercem”, são “poderes de fato”.4

Na contemporaniedade os grupos de pressão já são tratados como um governo


invisível, um estado dentro do estado. Nos Estados Unidos os grupos de pressão
estão implantados de um forma que Bonavides (2005) conclui que:

Hoje a importância dos grupos tomou tal dimensão que não viu
nenhum exagero em afirmar que são parte da Constituição viva ou da
Constituição material tanto quanto os partidos políticos e independente
de toda institucionalização ou reconhecimento formal nos textos
jurídicos. (BONAVIDES, 2005 p. 559).

1. Vejam-se esses conceitos em Wilhelm Bernsdorf, “Pressure Groups”, in: Staat und
Politik, pp. 270-283.
2. Luís Sanchez Agesta, Princípios de Teoria Política, p. 204.
3. M. André Mathiot, “Les pressure groups aux États-Unis”, Revue Française de
Science Politique, setembro, 1952.
4. Georges Burdeau, Droit Constitutionnel et Institutions Politiques, 7ª ed. pp. 141-147.

4.GRUPOS DE PRESSÃO PELO MUNDO

No Brasil tivemos como exemplo de grupo de pressão aberta que realmente


conquistou seu objetivo os “Caras Pintadas”. Foi um movimento estudantil brasileiro
realizado no decorrer do ano de 1992 e tinha como objetivo principal o impeachment
do Presidente do Brasil Fernando Collor de Melo e sua retirada do posto. O
movimento baseou-se nas denúncias de corrupção que pesaram contra o presidente
e ainda em suas medidas econômicas, e contou com milhares de jovens em todo
o país. O nome "caras-pintadas" referiu-se à principal forma de expressão, símbolo
do movimento: as cores verde e amarelo pintadas no rosto.

Outro exemplo de grupo de pressão,porém oculta, veio a tona no Brasil em 2005, o


mensalão. O mensalão era um esquema de compra de votos parlamentares, ou
seja, pagava-se uma proprina para o parlamentar, para que este,quando houvesse
uma votação de interesse de quem o corrompeu, votasse de acordo com o
combinado, o chamado lobby.
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4.1 LOBBY

Lobby é um vocábulo de origem americana, que tem no Brasil certa conotação


criminosa, pois nas entrelinhas representa propina. Em verdade, o lobby político é
plenamente legal, desde que não haja vantagem de parte a parte, mas que se
defenda interesses de uma coletividade. Por isso as ONGs não só podem, como
também devem promover o lobby, ou seja, exigir o cumprimento das promessas de
campanha, para que seja incluída na lei do orçamento, que acontece anualmente,
verba direcionada a determinada instituição, visando auxiliá-la na manutenção de
seus propósitos.

5- MODALIDADES DOS GRUPOS E SUA ORGANIZAÇÃO

Não é fácil estabelecer uma tipologia para os grupos de pressão, uma vez que eles
não se enquadram em uma classificação rígida. Alguns autores dão preferência à
identificação segundo a ordem dos interesses que esposam.
Esses primeiros são as organizações patronais e obreiras, as entidades rurais, bem
como as associações profissionais das chamadas classes liberais (associações
médicas, ordem dos advogados, etc.);
Já outros autores não aceitam essa classificação, valendo-se de outros critérios
como o da técnica de ação, dos métodos empregados pelos grupos para alcançar os
resultados a que se propõem.
Outra tipificação de grupos de pressão contempla os grupos nacionais públicos e
privados, e os estrangeiros. a doutrina qualifica os grupos de pressão públicos em
duas categorias: os pertinentes aos serviços público e os alusivos aos interesses do
corpo de funcionários. Os grupos de pressão estrangeiros buscam interferir, de
maneira simbólica, através de manifestações e protesto, na vida política de certos
Estados.
No Congresso Nacional Brasileiro atuam vários grupos de pressão, os quais podem
ser divididos nos seguintes subgrupos:O primeiro subgrupo, aquele interno ao
Governo e ao Parlamento, possui como alguns de seus principais grupos de
pressão, os seguintes: 1.1) a Bancada Feminina, 1.2) a Frente Parlamentar da
Pequena e Micro Empresa, 1.3) a Bancada da Amazônia Legal, 1.4) a Frente
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Parlamentar de Habitação e Desenvolvimento Urbano, 1.5) a Bancada da Agricultura


Familiar, 1.6) a Bancada Sindical, 1.7) a Bancada Evangélica, 1.8) a Bancada dos
Empresários, 1.9) a Bancada da Saúde, 1.10) A Bancada Ruralista, dentre outras.
Estes grupos de interesses que agem como grupo de pressão quando vêem seus
interesses ameaçados, possuem como característica principal o multipartidarismo de
seus membros. Atualmente, algumas bancadas perderam força devido a sua falta de
organização, com exceção das bancadas evangélica, sindical e feminina.O segundo
grupo, classificado como Interno ao Governo mas externo ao Parlamento, é formado
pelo lobby dos Ministérios e outros órgãos ligados ao Governo.Já o terceiro grupo,
os externos ao Governo, são os lobbies de empresas privadas ou de organismos
internacionais que tentam influenciar o poder Legislativo a aprovar projetos que os
beneficiem ou a rejeitar aqueles que possam vir a lhes prejudicar.

6- TÉCNICA DE AÇÃO E COMBATE

Os grupos querem uma decisão favorável a suas causas e utilizam de vários meios
para alcançar esse fim. Aperfeiçoaram uma técnica de ação que compreende desde
a simples persuasão até a corrupção e, se necessário, a intimação. O trabalho dos
grupos tanto se faz de maneira direta e ostensiva como indireta e oculta. A pressão
deles recai principalmente sobre o opinião pública, os partidos, os órgãos
legislativos, o governo e a imprensa.
Dentro os grupos de pressão, destacam-se as organizações exclusivas ou lobistas,
que atuam, no domínio político, interferindo sobre determinado projeto de lei ou
medida governamental juntos aos poderes públicos, especialmente o parlamento.
Freqüentemente, dispõem de somas econômicas consideráveis, obtidas por meio de
contribuições voluntárias ou cotas obrigatórias para seus membros.
A opinião pública acaba sendo manipulada, através da utilização dos veículos de
comunicação de massa, para dar apoio ou legitimidade à pretensão do grupo de
pressão. O grupo mobiliza rádio, imprensa, televisão, exterioriza a propaganda de
seus objetivos pela publicidade remunerada, ou através da simpatia dos que
dominam os meios de comunicação, produzindo assim, o clima de apoio para efeitos
favoráveis a seus interesses.No entanto, se esses recursos falharem, utilizam meios
mais extremos que vão do suborno à intimação.
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Quando os grupos acometem o governo podem fazê-lo em alguns casos


abertamente, através de manifestações de massa que variam da greve com
distúrbios e violência, a passeatas de protesto, desfile nas ruas, obstrução e
paralisação do tráfego, fechamento de casas comerciais, formas de boicote, entre
outros.

7.ASPECTOS NEGATIVOS

Ao redor dos grupos de pressão, existe uma desconfiança e suspeita que vê nesses
organismos intermediários, permanente ameaça ao Estado, ao governo, à
democracia, à ordem representativa.
A crítica se fundamenta no argumento de que eles sacrificam o interesse geral, o
chamado bem comum, patrocinando privilégios, empregando a intimação, o suborno
e a corrupção em todas as possíveis variantes. Eles não fazem, na maioria das
vezes pela razão e o bom senso, porém os interesses do mais forte, apoiados no
poder do dinheiro.
Para alguns autores a forte atuação dos grupos de pressão “constituirá já forte
sintoma de crise ou insuficiência do sufrágio, dos partidos e dos mecanismos
constitucionais, com sobejas provas de que a democracia estaria às vésperas do
colapso e da morte.”(BONAVIDES, 2005 p. 438)
Enfim, se existe grupos de pressão que comandam um governo que deveria ser
democrático, do que adianta haver eleições, políticos corruptos e congresso
nacional,se quem realmente move a política está no anonimato, devido ao poder do
dinheiro e influência.

8. ASPECTOS POSITIVOS

Devido a complexidade de lidar com o ramo da política, é que se defende a


formação de grupos, para que uma certa comunidade ou população reúnam-se para
colocar em pauta reinvidicações para o governo. Não se poderia, portanto, impugnar
o fim legítimo que os grupos buscam numa democracia pluralista.
Os autores que ressaltam as qualidades positivas dos grupos, dizem que nem
sempre eles atuam de má-fé, pois existem grupos altamente competentes que
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podem constituir valioso subsídio à elaboração legislativa. Tem-se somente a


necessidade de disciplinar-lhes tanto quanto possível a ação. Eles estariam sendo
úteis à coletividade dando vazão a sentimento e aspirações que ficam a parte das
decisões políticas.
Os grupos são canais necessários de comunicação a uma sociedade complexa que
gradualmente estreita as possibilidades de participação efetiva do povo no processo
decisório.

9.CONCLUSÃO
Conforme BONAVIDES: “o destino das instituições democráticas parece estar de
modo indissolúvel vinculado às organizações de interesse que formam o grande
mosaico do pluralismo político e social dos Estados ocidentais. O tratamento
científico e racional dos grupos, sua institucionalização inevitável poderá ocasionar
novas formas de equilíbrio, que preservem todavia os fundamentos democráticos do
sistema e retirem todo o peso de pessimismo que recai teoricamente sobre a ação
desses grupos.”(BONAVIDES, 2003 p. 436)
Os próprios abaixo assinados que freqüentemente chegam aos gabinetes, os
telefonemas, são técnicas de lobby bastante comuns e legítimas, muito diferentes de
tráfico de influência ou de corrupção.
A solução mais razoável para lidar com o fenômeno no regime democrático é
reconhecê-lo como legítimo e colocá-lo dentro das rotinas do trabalhado
parlamentar.Melhor reconhecer que a sociedade é viva e encontra seus caminhos
no choque de opiniões, reconhecendo a existência dos grupos de pressão e
colocando-os formalmente dentro do parlamento, reduzindo assim, a taxa de
corrupção, contribuindo ainda para a maior transparência do governo.
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REFERÊNCIA
BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. 10ª ed., São Paulo: Malheiros, 2003

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