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UNIVERSIDADE DE LUANDA

POLO UNIVERSITÁRIO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

TRABALHO ACADÊMICO DE SOCIOLOGIA POLÍTICA

OS ACTORES DA VIDA POLÍTICA:


PARTIDOS POLÍTICOS, GRUPOS DE PRESSÃO, SOCIEDADE CIVIL,
ELITES POLÍTICAS, COMUNICAÇÃO SOCIAL E FORÇAS ARMADAS

2º Ano
Turma: T2.1
Período: Tarde

LUANDA/2021
INTEGRANTES

Abraão L. Silva Mateus


Benevides Clara Capango
Emílio Nhinguica Manuel
Francisco E. Q. Cinco Reis
Jadilson R. Inácio Muxabata
Osvaldo Catarino Lourenço
ÍNDICE

INTRODUÇÃO.....................................................................................................1
PARTIDOS POLÍTICOS......................................................................................2
Conceito.............................................................................................................2
Funções dos Partidos Políticos...........................................................................3
OS GRUPOS DE PRESSÃO................................................................................5
Conceito.............................................................................................................5
Espécies de grupos de pressão...........................................................................6
Formas de actuação............................................................................................7
SOCIEDADE CIVIL.............................................................................................9
Conceito.............................................................................................................9
O papel da Sociedade Civil..............................................................................10
COMUNICAÇÃO SOCIAL...............................................................................11
Conceito...........................................................................................................11
Sua influência na vida política dos Estados.....................................................11
O papel da comunicação na sociedade contemporânea...................................12
FORÇAS ARMADAS........................................................................................14
As forças armadas............................................................................................14
A polícia...........................................................................................................14
O exército revolucionário.................................................................................15
O exército pretoriano........................................................................................16
ELITES POLÍTICAS..........................................................................................18
Conceito...........................................................................................................18
A Teoria das Elites e do Elitismo Pluralista.....................................................18
CONCLUSAO.....................................................................................................21
INTRODUÇÃO

1
PARTIDOS POLÍTICOS

Conceito

Os partidos políticos “são organizações burocráticas que visam à


conquista do Estado e buscam legitimar esta luta pelo poder através da ideologia
da representação e expressam os interesses de uma ou outra classe ou fração de
classe existentes” (Viana, 2003, p. 12). Assim, os quatro elementos principais
que caracterizam os partidos políticos são: a) organização burocrática; b)
objetivo de conquistar o poder do Estado; c) ideologia da representação como
base de sua busca de legitimação; e d) expressão dos interesses de classe ou
fração de classe.

Uma organização burocrática se caracteriza por funcionar através da


relação dirigentes-dirigidos. Aqueles que dirigem, os burocratas, tomam as
decisões e controlam os dirigidos. Na sociedade contemporânea, existem
diversas organizações burocráticas além dos partidos políticos, tais como: os
sindicatos, as igrejas, as escolas, o próprio Estado, etc.

Usando a técnica de Sauer, de formular tipos normativos dos agentes


sociais, tem de reconhecer-se que a ambição de ocupar o Poder é uma
característica essencial do político. O partido reflecte este comportamento
individual, e soma as energias dos que entendem que só a ocupação do Poder
lhes permitirá executar um projecto que, na sua forma autêntica, diz respeito ao
futuro da totalidade da comunidade política.

Usando o método da análise do comportamento para definir um conceito


operacional de partido, La Palombara e Weiner reduziram a extensão do
conceito com a proposta de uma série de características.

O interesse deste conceito operacional é sobretudo o de procurar fornecer


critérios que ajudem a sistematizar a realidade política de cada modelo. A
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vontade de exercer o Poder é o que distingue o partido dos grupos de interesses
e de pressão. Vamos ver, numa perspectiva funcionalista, a origem e
comportamento gerais dos partidos.

Os primeiros partidos modernos nasceram em relação com o ambiente


parlamentar, das sociedades políticas liberais ocidentais; nasceram em relação
com o ambiente das sociedades ocidentais industrializadas, independentemente
do ambiente parlamentar; nasceram em relação com o desmantelamento do
aparelho de intervenção estadual, em geral gasto na guerra; nasceram no
ambiente da luta armada ou subversiva contra os poderes coloniais.

No seu trabalho, geralmente citado, Les Partis Politiques, Duverger utiliza


a distinção entre partidos de criação eleitoral e partidos de criação exterior: Os
primeiros são realmente aqueles que nasceram relacionados com o ambiente
parlamentar das sociedades liberais; os segundos, que nasceram relacionados
com outros ambientes, não parece que fiquem suficientemente caracterizados
radicando-os no desenvolvimento de organismos exteriores à mecânica
parlamentar, porque não se explicam assim as exigências do ambiente a que
procuraram dar resposta.

Funções dos Partidos Políticos

Um dos principais papéis dos partidos políticos é representar os interesses


dos grupos sociais junto ao poder público. Além disso, são responsáveis por
angariar recursos e promover a imagem dos candidatos junto ao eleitorado.

Ao discutirem a questão das funções executadas pelos partidos políticos,


os autores Almond & Powell Jr. (1972), consideram que a articulação de
interesses também é uma atividade exercida por eles, além de que. Sartori
(1982) concorda com Almond & Powell Jr. ao afirmar que os partidos são
agências que exprimem para o governo as reivindicações e os desejos do povo.

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O mesmo se pode dizer de Bonavides (1983: 538), para quem “o partido
político, do mesmo modo que o grupo de pressão, conduz os interesses de seus
membros até as regiões do poder aonde vão em busca de uma decisão política
favorável”. Segundo Almond & Powell Jr., os partidos também realizam outras
atividades além da articulação de interesses, tais como a agregação de interesses
(a transformação das demandas de segmentos específicos da sociedade em
alternativas política gerais), o recrutamento de candidatos que pretendem ocupar
cargos públicos e a socialização política dos membros.

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OS GRUPOS DE PRESSÃO

Conceito

De acordo com Diogo Freitas do Amaral, os grupos de pressão são todas


as entidades, públicas ou privadas que, no quadro de uma Democracia livre e
pluralista, têm interesses a defender junto dos Poderes públicos (centrais,
regionais ou locais) e procuram activamente fazê-lo pelos meios de influência,
ou «pressão», ao seu alcance, desde que não sejam contrários à lei.

Entende-se também por Grupo de Pressão como sendo o grupo de


interesses dotados de meios humanos e materiais necessários e suficientes – e da
vontade de utilizá-los activamente – para a promoção dos seus objetivos, até vê-
los atingidos. Atua perante toda a sociedade, ou parte dela, ou ainda, diante de
órgãos do Estado – Legislativo ou Executivo.

Os partidos políticos, as Forças Armadas, Igreja, etc., não são «grupos de


pressão», pois não existem para pressionar os Poderes públicos. Às vezes,
fazem-no: mas não é essa a sua função institucional.

Pelo contrário, os grupos de pressão são entidades, públicas ou privadas,


cuja função principal é a defesa de interesses dos seus associados, ou daqueles
que eles representam, junto dos Poderes públicos – Parlamento, Governo,
autarquias locais, etc. Por exemplo: são grupos de pressão os sindicatos, as
entidades patronais, as associações de magistrados ou de diplomatas.

A motivação deste grupo de pessoas nada tem a ver com ocupar cargos de
poder, eles simplesmente lutam para influenciar as decisões tomadas por
algumas organizações governamentais ou privadas.

Os grupos de pressão distinguem-se de todas as outras instituições


existentes em casa Estado, pois, o seu objectivo principal não é o exercício de

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uma actividade económica, social ou cultural, mas sim a defesa dos interesses
legítimos de quem exerce tais actividades.

Eles têm por objectivo influenciar ou pressionar os Poderes políticos para


que adoptem ou não certas normas jurídicas, ou para que as alterem; para que
atribuam ou recusem determinadas licenças ou contratos; para que concedam ou
não determinados benefícios, subsídios ou regalias, etc.

Mas os grupos de pressão só podem ou devem utilizar o seu jogo de


influência por meios legítimos como: apresentação de relatório ou pareceres,
argumentação oral ou em power point, demonstração das vantagens de certas
medidas ou dos inconvenientes de outras, fornecimento de informações úteis
para a compreensão dos problemas, entre outros.

Tem-se assistido muitas vezes uma tendência para alguns grupos de


pressão de utilizarem, junto de alguns titulares de cargos públicos, meios de
influência ilegítimos, como prémios, viagens, prendas de elevado valor, ou até
mesmo melhorias de condições de vida. Nesses casos, já não se está dentro dos
limites da pressão legítima, nem, aliás existe qualquer pressão: o que há é, na
verdade, uma influência indevida, um acordo ilícito, ou mesmo um crime como
corrupção, associação criminosa, peculato, abuso de autoridade ou falsificação
de documentos, etc.

Espécies de grupos de pressão

Existem várias classificações dos grupos de pressão de acordo com a


literatura da especialidade, iremos destacar apenas as principais:

a) Quanto à nacionalidade, os grupos de pressão podem ser internos


(ordens, sindicatos, associações patronais) ou internacionais (que
podem ser de ordem económica – como as associações da banca
europeia, da indústria aeronáutica, das agências de viagens – ou de
6
ordem social – como a Caritas Internacionais, os Médicos sem
Fronteiras, a Amnistia Internacional, etc);
b) Quanto à natureza jurídica, os grupos de pressão podem ser privados
(associações de bancos, confederações da agricultura, do comércio ou
da indústria, sindicatos) ou públicos (ordens profissionais);
c) Quanto à estrutura, os grupos de pressão podem ser corporativos
(sindicatos, associações patronais, associações nacionais de
municípios) ou empresariais (grupos económicos, multinacionais);
d) Quanto ao fim prosseguido, os grupos de pressão podem ser de fim
egoísta, quando procuram obter vantagens de qualquer tipo para os
seus associados (associações patronais, sindicatos), ou de fim altruísta,
quando procuram promover causas e ideias em que acreditam
(movimento dos sufragistas, que defendiam o direito de voto para
todas as mulheres, ou pretendem obter apoios de várias espécies,
inclusive financeiros, para auxílio humanitário.

Formas de actuação

Os grupos que se apresentam como endógenos ao Estado, possuem uma


característica distinta. Esses grupos actuam através dos aspectos legais do
Estado, ou seja, actuam sobre o consentimento do próprio Estado. Por
consentimento de Estado, tem-se que inúmeros cargos políticos que são da
ordem de indicação do Poder Executivo. Um determinado ministro ou secretário
de Estado pode ser ligado a um determinado grupo de pressão e ser nomeado
pelo Poder Executivo.

Os grupos de pressão não agem somente através dos partidos políticos,


não que houvesse ou haja uma receita para a atuação de um determinado grupo
de pressão, cada grupo delineia a sua própria forma de atuar, seja junto ao
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Executivo de forma direta, ou mesmo sobre o Poder Legislativo ou sobre o
Poder Judiciário.

O grupo de pressão pode atuar de várias formas quanto à abordagem do


objetivo a ser alcançado. Pode lutar para a inclusão de seus membros na
Assembleia Legislativa e através deles apresentar propostas que lhe beneficiem
de forma direta, ou mesmo financiando campanhas de deputados que
compartilham o mesmo ideal.

Os grupos de pressão agem sobre um determinado alvo (instituição


pública), que pode ser o Poder Executivo, o Poder Legislativo ou o Poder
Judiciário, para atingir determinados objetivos, muitas vezes agem sobre o Poder
Executivo por ele possuir prerrogativa muito forte de poder de influência.

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SOCIEDADE CIVIL

Conceito

O conceito de Sociedade Civil tem uma longa história no debate filosófico


e político, apesar de não se saber com exactidão quando surgiu. Ao longo dos
séculos, muito antes do seu ressurgimento no decorrer da década de 1980, o
conceito de Sociedade Civil sofreu diversas alterações e adoptou múltiplas
significâncias que reflectem o momento histórico, a base cultural, a localização
geográfica, o contexto social e individual, bem como as perspectivas teóricas ou
as convicções políticas daqueles que o moldaram.

Os primeiros pensadores da teoria da Sociedade Civil começam por


revisitar a definição dos estudos clássicos e medievais de São Tomás de Aquino,
do homem como animale sociale et politicum, que tinham a “finalidade de
corrigir com o humanismo medieval cristão, as teorias compactas da polis
helénica e da civitas romana que faziam assentar a plena cidadania, reservada
apenas a alguns, na dura relação do senhor com o servo, e do paterfamilias com
a sua gente” (Castro Henriques, 1999).

John Locke, filósofo inglês, é um dos autores ligados à origem e


desenvolvimento do conceito de Sociedade Civil. Refere-se a esta como
sinónimo de sociedade política e elabora os direitos individuais, apesar de ter
sobre estes uma visão claramente embebida em pensamento religioso.

Neste domínio, a Sociedade Civil é entendida como uma associação


política, instituída por vários homens, organizada em oposição ao estado de
natureza que, ao ser analisado, deixa a descoberto as suas insuficiências no
domínio da reciprocidade do contrato e do consentimento. Com base nisso, estes
homens constituem-se com o intuito de conseguirem preservar, promover e/ou
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aumentar os seus próprios interesses civis, nomeadamente a vida e a segurança,
a liberdade, a igualdade, e a posse de bens externos (dinheiro, terra, etc.) que
são, segundo Locke, em conjunto com o estado de natureza e o estado de
Sociedade Civil, a “vontade de Deus”.

Hegel funda o conceito moderno de Sociedade Civil. Define-o como


sendo uma associação legalmente constituída por indivíduos iguais e livres que
perseguem os seus objectivos, e que se caracteriza pela liberdade subjectiva,
autonomia pessoal, direitos individuais, reconhecimento e respeito mútuo,
satisfação das necessidades, sistema de trocas, normas legais racionais,
moralidade abstracta e uma estrutura mínima de autoridade pública. E torna,
entretanto, o Estado à condição de realização da Sociedade Civil ou "sociedade
burguesa", que considerou inerentemente instável e capaz de aguçar contrastes,
tensões e conflitos que ela própria não podia resolver e que, por isso, o Estado
racional hegeliano tinha o papel de regular e vigiar, de modo a manter
equilibradas as suas forças espontâneas de auto-organização e a evitar que estas
considerassem apenas a satisfação dos seus próprios interesses sem contribuir
para a prossecução do bem comum.

O papel da Sociedade Civil

Para Tocqueville, sem uma participação activa por parte dos cidadãos em
instituições igualitárias e associações civis, assim como em organizações
politicamente relevantes, não haverá maneira de manter o carácter democrático
da cultura política ou das instituições políticas e sociais. Por este motivo,
considerou as associações civis um contributo chave para a eficácia e
estabilidade do governo democrático, devido à torrente de efeitos positivos
causados a nível interno sobre os seus próprios membros individuais e a nível
externo em toda a política. Tocqueville está certo de que uma Sociedade Civil

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pluralista, auto-organizada e independente do Estado é uma condição
fundamental da democracia.

COMUNICAÇÃO SOCIAL

Conceito

Comunicação Social é o Processo pelo qual se podem exprimir ideias,


sentimentos e informações, visando a estabelecer relações e somar experiências.
Compreende as atividades de Relações Públicas, Assessoria de Imprensa e
Divulgação Institucional. É um campo de conhecimento acadêmico que busca
aperfeiçoar o relacionamento entre os seres humanos como indivíduos ou como
integrantes de um grupo social.

A necessidade da comunicação surge pela ideia-força de integração entre


os seres humanos. A comunicação pode ser descrita como o processo por meio
do qual o emissor transmite estímulos para intencionalmente influenciar ou
modificar o comportamento do receptor, suscitando-lhe uma determinada
reação.

Sua influência na vida política dos Estados

Em ditadura, a Comunicação Social ou é toda possuída e controlada pelo


Poder, convertendo-se em mero instrumento de propaganda oficial do Partido
único e de seu Governo, ou só em parte é propriedade do Estado, ficando então
os meios privados sujeitos a censura (imprensa, rádio, televisão, obras literárias,
etc.).

Em democracia, passa-se o contrário: não há, ou quase não há órgão de


comunicação social do Estado; e, tanto nestes como nos privados, que são a

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maioria, não existe qualquer espécie de censura oficial, embora possa haver
alguma censura interna em vários medias que não são totalmente neutros.

A liberdade de imprensa é um elemento essencial de qualquer sociedade


livre e democrática. Para além do papel infirmativo dos meios de comunicação
social, tem de se considerar ainda as seguintes funções positivas: a) permitir a
expressão fluente e regular as principais ideias e correntes de opinião, quer
provenham dos partidos políticos, quer de outras organizações ou de
personalidade independentes; b) promover o debate quotidiano de opiniões, quer
entre Governo e Oposição, quer no âmbito da sociedade civil, pois é verdade
que «da discussão nasce a luz» c) revelar ou denunciar factos e situações
incômodos para os vários poderes estabelecidos, poder político, poder
económico, poder sindical, etc. (é chamado «jornalismo de investigação»).

O desempenho destas funções será tanto mais benéfico quanto maior for a
qualidade dos jornalistas e das individualidades entrevistadas ou participantes
em debates. Nas peças jornalísticas em que não haja contraditório simultâneo, é
indispensável que os meios de comunicação pratiquem, por princípio, a
distinção entre informação e comentário: uma coisa é relatar os factos em si
mesmo, a maior objectividade possível; outra coisa, muito diferente, é apreciá-
los positiva ou negativamente.

O papel da comunicação na sociedade contemporânea

Desde a Antiguidade, a Comunicação exerceu um papel importante na


vida do Homem e da Sociedade, constituindo um dos campos sociais para a
construção do indivíduo como sujeito social. A comunicação não é apenas um
objeto de pesquisa ou um conceito de conhecimento: Ela é um fenómeno que
estrutura o desempenho social em qualquer campo ou nível de atividade. Estudar
comparativamente os media, os discursos, as linguagens, a recepção, é de suma
importância para o entendimento do complexo processo comunicativo em

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qualquer sociedade. Se comparados os diversos estágios da comunicação, esta
passou por várias etapas de desenvolvimento e evolução de periodicidade até
aos dias de hoje.

Ainda que não seja o único meio de transmissão da Ideologia, a


comunicação de massa tornou-se um dos seus principais veículos, criando desta
forma um novo conjunto de parâmetros para a operação da ideologia nas
sociedades modernas. Os meios de comunicação de massa não são,
simplesmente, um entre muitos mecanismos para a inculcação da ideologia
dominante; ao contrário, esses meios são parcialmente constitutivos do próprio
fórum dentro do qual os indivíduos agem e reagem ao exercer o poder e
responder ao exercício de poder de outros (Thompson, 2011: 128).

Por conseguinte, os meios de comunicação assumem papel relevante


como suportes tecnológicos de informação e comunicação que através de
mediações – viabilizam o agir coletivo, a mudança cultural e a reprodução
social, articulando certo quadro de oportunidades e respectivas utilizações por
diferentes atores e instituições sociais (Barreiros, 2012: 72). Por outro lado,
segundo Sena (2002: 36), “a comunicação política assegura a adequação entre
governantes e governados através de um intercâmbio permanente de
informação: expressão das decisões soberanas dos governantes sobre os
governados, ela assegura a legitimação de autoridade dos governantes sobre os
governados”.

A respeito da importância exercida pelos media na sociedade moderna,


assim como nos dias de hoje, Sena (2002: 35) atesta que a “comunicação
política serve de esteio à atividade política e serve de impulso à atividade
jornalística, desempenhando funções de constituição e restabelecimento da
própria sociabilidade, de tal forma que ela representa uma mudança significativa
na informação por canais de transmissão estruturados ou informais”.

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FORÇAS ARMADAS

As forças armadas pertencem ao conjunto de instituições que se denomina


forças de defesa e segurança. Estas são instituições que monopolizam os
principais instrumentos de violência e coerção no sistema político. As forças
armadas são uma instituição do estado e, porque pertencem ao estado, o chefe de
estado é simultaneamente o comandante em chefe das forças armadas. Todas as
forças de defesa e segurança são instituições do estado, que, em princípio,
devem ser apolíticas e apartidárias. Os órgãos de defesa e segurança do estado
são constituídos pelas: 1, Forças armadas; 2, a Polícia e; 3, os órgãos de
segurança do estado.

As forças armadas

Esta instituição contempla todo o conjunto de forças militares no estado.


Ela é composta pelo exército regular, a força aérea, a marinha de guerra, as
forças especiais, e todo o conjunto de tropas, coordenadas a partir de um estado-
maior general das forças armadas. Em termos específicos, quando se diz
exército refere-se o ramo das forças armadas que contém as tropas de infantaria
e artilharia. Utiliza-se o termo para distingui-las da força aérea ou da marinha de
guerra, etc., em termos gerais, utiliza-se o termo exército para se referir a todo o
conjunto de tropas nacionais ou como sinónimo de forças armadas. Portanto,

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quando se fala do exército americano, ou exército nacional, refere-se todo o
conjunto de forças armadas desse país.

A polícia

E também um órgão do estado que, em princípio, deve ser apolítico e


apartidário. Possui capacidade e autoridade no uso e gestão de mecanismos de
violência. A sua principal função é a de manter a lei e ordem dentro do espaço
físico do estado. O seu espaço normal de acção é dentro do território nacional,
não actua fora das fronteiras do estado como as forças armadas (excepto em
raras Ocasiões). As forças armadas detêm os principais meios e recursos de
violência, possuem maior tecnologia e perícia na gestão de violência em relação
à polícia. A polícia utiliza meios coercivos em menor escala, e emprega
tecnologias menos sofisticadas. A polícia emprega meios não convencionais
(como cacetes, bastões, algemas, etc.) e emprega meios convencionais de baixa
tecnologia (como armas de fogo). Mas não possui autoridade no uso de meios
convencionais de alta tecnologia (como tanques, aeronaves de combate, armas
nucleares, etc.)

Os órgãos de segurança do estado, as instituições cuja função é a de


proteger os interesses do estado e os dirigentes do estado. Preocupam-se com a
segurança pessoal do chefe de Estado e de outros dirigentes contra interesses
hostis domésticos e estrangeiros. Estes órgãos operam com um sigilo absoluto,
as suas actividades possuem um caracter secreto. Desenvolvem, na essência,
serviços de inteligência em benefício do estado. Alguns exemplos são a CIA
(Agência Central de Inteligência), o SISE (Serviços de Informação e Segurança
do Estado), etc.

Papel e significado das forças armadas para melhor percebermos o papel e


significado das forças armadas no sistema político, é necessário que, primeiro,
compreendamos a natureza das forças armadas. Por natureza, refiro-me as

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características, motivações e comportamentos das forças armadas, e o que se
verifica é que a força armada não tem uma natureza uniforme em todo o mundo,
portanto a natureza das forças armadas contemporâneas variam, mas podemos
identificar três tipos de instituições militares:1,0 exército profissional 2, 0
exército pretoriano, e 3,

O exército revolucionário.

O exército profissional De acordo com o famoso cientista politico norte-


americano Samuel P. Huntington's, autor de vários livros e um académico de
destaque nas áreas de defesa e segurança e relações internacionais, o exercito
profissional possui as seguintes caracteristicas Conhecimento, técnica e
especialização(no uso e gestão de mecanismos de violência) Servitude (portanto
servem o seu patrão, que é o estado) Espirito de corpo (uma consciência e
identidade de grupo e uma organização burocrática) Cultura (uma cultura
institucional própria, uma ideologia, e um conjunto de valores) A politicidade (a
lealdade do exército é para com o estado e não para com o partido)Huntington
sublinhou que o exercito profissional surge quando os políticos CIVIS possuem
ou adquirem autoridade politica sobre os militares. Principalmente, quando tal
ascensão é tida como legitima por uma maioria popular, através de eleições. Os
governos legítimos e democráticos permitem a formação de exércitos
profissionais, onde o exército com os seus 'conhecimentos profissionais de uso e
gestão da violência, passa a ser o principal protector do estado na sua função
militar.

A profissionalização dos exércitos contemporâneos deveu- -se,


principalmente aos desenvolvimentos económicos e sociais que ocorreram na
Europa Ocidental nos fins do milénio. E de destacar que o fim do feudalismo, a
secularização das sociedades, e a natureza racionalista e legalística dos sistemas
económicos modernos, como o capitalismo, trouxeram novas priorizações

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centradas na eficiência, no racionalismo, hierarquia, legalidade e coerção. Estes
valores e que moldaram as burocracias contemporâneas e o exército também foi
afectado por estes princípios.

Os principais exemplos são os exércitos da América do Norte e Europa


Ocidental.

O exército pretoriano

O exército pretoriano, segundo Huntington, é um exército cuja lealdade


não é para com o estado como um todo, mas serve uma certa elite, um certo
grupo, simbolizado por uma figura autoritária. Algumas das principais
características do exército pretoriano são: Politização dos oficiais (os oficiais
superiores tendem a participar diretamente no processo político)
Intervencionismo (através de golpes e operações militares, o exército tem
tendência a intervir para defender os interesses da elite/grupo, em nome da
ordem) a Lealdade (O exercito é leal a um grupo ou individuo e não ao estado
como um todo) Subjetividade dos critérios de recrutamento e promoção (a
possibilidade de atingir os escalões máximos do exército depende de lealdades
individuais e de outros aspectos subjectivos para além do mérito). Segundo
Huntington, o pretorianismo surge quando do fracasso de regimes populares
revolucionários, quando se dá o fracasso de políticas sociais económicas
modernizadoras, que mergulham o estado numa crise de identidade e de
objectividade.

Em sociedades com crises e conflitos de identidade e divididas em termos


de etnia, raça, região, classe, religião, etc., desenvolvem-se facilmente exércitos
pretorianos, pois o regime vigente e o seu líder têm que governar num clima de
desconfiança e suspeita. Em geral, segundo Palmutter (1977), as condições
pretorianas diminuem os níveis de profissionalismo do exército.

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A lealdade baseada na base identitária da pessoa (família, etnia, região,
etc.) e a capacidade de engendrar golpes, fazem com que o soldado pretoriano
seja diferente do soldado profissional. Exemplos são exércitos africanos como
os da Nigéria, Gana, Chade, Burundi, Zaire, etc., todos eles marcados por
conflitos internos, uma alta frequência de golpes de estado e ditaduras militares.
O antigo exército da Africa do Sul, nos tempos do apartheid é um exemplo de
um exército com qualidades profissionais ou tecnicamente profissional, mas de
natureza pretoriana os principais exemplos são os exércitos da Africa Ocidental
e Central (Nigéria, Gana, Burundi, Chade, etc.), e alguns exércitos da América
Latina nas décadas antes de 90 (como o Brasil, Chile, etc.)

ELITES POLÍTICAS

Conceito

Teorias sobre elites políticas emergem na Europa no final do século XIX.


A segunda metade do século tem sido caracterizada por toda a Europa pelas
grandes mudanças económicas, sociais e políticas. A palavra elite refere-se a
uma minoria selecionada e proeminente num ambiente social ou numa
actividade. Em termos de Ciência Política, a elite seria aquele grupo de
indivíduos que em qualquer uma das esferas da actividade humana, pela posse
de certos recursos escassos, detêm uma parte do poder muito superior a todos
aqueles que formam o campo e que exerce algum tipo de influência sobre ele.

Dentro da elite política podem ser incluídos aqueles que estão envolvidos
em atividades políticas em diferentes contextos ou áreas: nacionais, regionais,
locais. Mas, ao mesmo tempo, esta elite política é constituída por altos cargos na
administração pública cujas nomeações dependem de uma decisão política e não
apenas de uma carreira burocrática (por exemplo, aqueles que ocupam cargos de

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poder na administração nacional-regional-local de um país e no quadro de
espaços como a União Europeia, as Nações Unidas.

A Teoria das Elites e do Elitismo Pluralista

O problema que se levanta procurar saber quem é que realmente detém o


poder político nas sociedades modernas. Logo, Maquiavel, que foi o fundador da
ciência política, ao sustentar a autonomia do factor político, que hoje adoptada
por todos os escritores que genericamente são chamados de maquiavélicos,
definiu o critério que domina do ponto de vista elitista da estrutura do Poder.
Uma noção pessimista da vida política, talvez cínica no sentido clássico da
palavra, leva-nos a admitir que, em toda a parte, a desigualdade política é a
regra, e o poder é exercido por um grupo restrito. A distinção básica, no exame
da estrutura do poder, é entre massas e elites.

Maquiavel entendia que a política não era um problema das massas, mas
sim de grupos diferentes em conflito, e notava que o Direito não era o método
que resolvia, mas sim a força, como entre os animais. Por isso estabeleceu uma
tipologia sumária de políticos, comparando-os a lobos e leões. Interpretando a
corrente, o citado Burnham, com inaceitável simplismo, sustentou que o elitismo
compreendia as seguintes teses: todos os processos sociais traduzem um conflito
entre massas e elites; o objectivo da elite é manter o Poder, usando a violência e
o engano, com pouco lugar para a ética e para a coerência.

No Tratado de Sociologia Geral, Vilfredo Pareto (1848-1923), veio tomar


uma posição contra o critério marxista da luta de classes e adianta a tese de que
a história se traduz numa circulação de elites, de tal modo que há uma
substituição contínua de uma elite por outra concorrente e vitoriosa.

No Tratado, Pareto escreve que «a noção principal do termo elite é a de


superioridade… Em sentido amplo, entendo por elite uma sociedade das pessoas

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que possuem em grau elevado as qualidades de inteligência, de carácter, de
perícia, de capacidade de todas as espécies».

Esta elite divide-se em duas categorias: a elite governamental que directa


ou indirectamente participa do poder; a elite não governamental que
compreende as restantes.

As elites não são hereditárias, necessariamente, e as camadas inferiores da


sociedade vão fornecendo as novas elites que substituem as antigas, e assim
determinaram o fenómeno da mudança social.

Toda a elite se esgota, decai, e é substituída, num movimento incessante


que permite compreender o fenómeno das transformações sociais e políticas.
Esta substituição cíclica implica uma constante luta, na qual o maquiavelismo
tem o seu lugar.

Essa circulação das elites é socialmente benéfica, porque assegura a


mobilidade ascensão das novas forças e o restabelecimento dos equilíbrios
sociais.

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CONCLUSAO

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