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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

INTRODUÇÃO À TEORIA DEMOCRÁTICA

ANDRÉ FIGUEIREDO FILARDI

AUGUSTO FERNANDES DE ALMEIDA

GABRIEL FERNANDES GONÇALVES

LAURA SOARES SIVIERO ANTUNES

MATHEUS ROCHA DE ALMEIDA COSTA

REPRESENTAÇÃO POLÍTICA

BELO HORIZONTE - MG

2021
ANDRÉ FIGUEIREDO FILARDI

AUGUSTO FERNANDES DE ALMEIDA

GABRIEL FERNANDES GONÇALVES

LAURA SOARES SIVIERO ANTUNES

MATHEUS ROCHA DE ALMEIDA COSTA

REPRESENTAÇÃO POLÍTICA

Atividade avaliativa apresentada ao Curso Engenharia Civil da


UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais para a
disciplina de Introdução à Teoria Democrática da turma TG.

Professor: Breno Cypriano

BELO HORIZONTE - MG

2021
O que é Representação Política

A representatividade política não é apenas uma organização que busca representar e


garantir seus interesses, mas o mais importante, faz parte da formação das pessoas que o
constituem. Isso mostra que, por exemplo, quando uma mulher ocupa o cargo mais alto no
governo de um país - a Presidente da República - ela se permite criar uma subjetividade na
identidade feminina que outras mulheres podem alcançar. Da mesma forma, quando uma
série de TV atribui atrizes negras a papéis que servem aos brancos, como empregadas
domésticas, elas também vão criar a subjetividade da comunidade negra a partir de suas
manifestações, ou seja, seu status quase não tem prestígio social, e elas são para os outros
Serviços.

Na política, a representação descreve como certas pessoas agem por outras ou por um
grupo em um determinado período. Representante político é a relação entre um grupo de
cidadãos e os seus representantes que constituem a comunidade política de um país. Os
primeiros atuam como eleitores, e os segundos estão autorizados a tomar decisões, para que
todos tenham uma força vinculativa comum e universal, e concordam com eles por meio de
expectativas e suposições. Todas as consequências normativas da decisão de cada agência
representativa são como se as tivesse passado de forma efetiva e pessoal. Por outro lado, cada
representante prometeu efetivar a agência na legislação, e ao mesmo tempo os valores básicos
e comuns da ordem política bem como o interesse público deste grupo especial de eleitores e
o conceito especial de interesse público.

Podemos ressaltar o processo de democratização ocorrido ao longo do século XIX


que consistia basicamente na ampliação dos direitos do povo de eleger representantes e
membros das instituições do Estado. Na representação política se consiste na forma como o
povo e quem está no poder agem ou reagem ao governante e ao voto.

Tipos de Representação Política

Dentro dessa temática, é possível distinguir a representação política em algumas


concepções de acordo com a autora Hannah Pitkin. Dentre elas, é válido destacar a
representação descritiva, e substantiva, a formalística e a simbólica, as quais serão explicadas
a seguir.
A representação substantiva, abordada nos textos de Hannah Pitkin, relaciona o
interesse da população com a ação dos governantes. Para a autora, os representantes devem
ter liberdade e autonomia para tomar as decisões políticas. Entretanto, as ações tomadas
devem convergir com os desejos de quem está sendo representado, ou seja, é de
responsabilidade de quem está no poder de adequar suas decisões para atender, da melhor
forma, o povo.

Já na representação descritiva, também conhecida como representação espelho ou


microcósmica, as características e a identidade dos representantes são semelhantes às
descrições da população. Dessa forma, as decisões políticas são tomadas a partir do interesse
do governante que, teoricamente, correspondem aos desejos do povo. Entretanto, a
problemática desse modelo é que por mais estreita as vontades entre ambos, elas nunca serão
totalmente as mesmas.

Nessa perspectiva, a representação formalística se divide em duas dimensões, a


autorização e a accountability. Nela, os representantes são autorizados pela população a
agirem em nome do coletivo, ou seja, eles têm um alto grau de liberdade de ação, além do
poder de escolher qual aspecto será decidido. Entretanto, os governantes têm a
responsabilidade de assumir suas decisões e informá-las ao povo.

Por fim, a representação simbólica relaciona os sentimentos, o emocional do


representante com o representado por meio de símbolos. Esses símbolos evocam uma
referência, uma resposta psicológica irracional, e não propriamente uma representação. Um
exemplo é a bandeira e o hino nacional que representam apenas uma nação. Além disso, a
base desse modelo é a crença que a população tem em seus governantes para a escolha
simbólica.
Contribuição de autores e suas concepções sobre a representação
política

É de suma importância para entendermos o contexto inserido dentro da representação


política a leitura e debate sobre diversos autores contemporâneos que se aprofundaram no
assunto. Essa complementação de conteúdo nos possibilita ter embasamento teórico
suficiente para discutir, opinar e defender algum tipo de representação, já que inúmeros
filósofos e sociólogos dedicaram grande parte de suas vidas buscando dentre suas vivências e
estudos científicos para comprovar suas teses.

Segundo a filósofa americana Iris Marion Young, em sua obra “Representação


política, identidade e minorias”, nos Estados Unidos estão em curso discussões sobre a
representação específica de minorias raciais ou étnicas. O país, muito marcado por
manifestações anti racistas, é cercado por debates composto por propostas de distritos
eleitorais ou processos de votação ajustados para aumentar a probabilidade de eleição de
candidatos afro-americanos ou latino-americanos. Tanto a ideia quanto a prática de promover
a representação específica de minorias são controversas, mas de fato a pauta se encontra há
alguns anos na agenda pública do estado americano. Young, que faleceu em meados de 2006,
certamente perceberia uma maior diversificação, mesmo que lenta, de etnias no Congresso
nos últimos anos, como mostra o gráfico a seguir:
Muitos outros países possuem ou discutem esquemas de representação de grupos
sociais específicos, na forma de conselhos corporativos, cadeiras parlamentares reservadas,
regras para listas partidárias, comissões etc.

Por fim, a filósofa destaca que as políticas, propostas e argumentos acerca da


representação especial de grupos são vítimas de várias objeções. Dentre elas, pode-se
destacar um posicionamento que cria diferenças sociais em vez de reduzi-las. Essa objeção
pode ser descrita como um certo sucateamento da importância e diferenciação dos interesses
das minorias. Diferenças de raça e de classe perpassam o gênero, diferenças de gênero e etnia
perpassam a religião e assim por diante, nunca tendo uma equidade entre elas e ao mesmo
tempo uma preocupação dos interesses individuais de cada classe. Os membros de um grupo
de gênero, racial etc. possuem histórias de vida que os tornam muito diferentes entre si, com
diferentes interesses e diferentes posicionamentos ideológicos, o que comprova que, segundo
a autora, seriam facilmente representados por parlamentares únicos.

Para elucidar a questão da representação política, é possível se utilizar da ideia do autor


Bernard Manin. Ele, em “AS METAMORFOSES DO GOVERNO REPRESENTATIVO”
debate sobre a crise da representação política que, por sua vez, parecia estar fundamentada
em uma forte e estável relação de confiança entre o eleitorado e os partidos políticos mas que
atualmente, porém, o eleitorado tende a votar de modo diferente de uma eleição para a outra,
e as pesquisas de opinião revelam que tem aumentado o número dos eleitores que não se
identificam com partido algum.Manin diz que nos últimos dois séculos, o governo
representativo passou por importantes modificações, especialmente durante a segunda metade
do século XIX. A mudança mais evidente, que mais chamou a atenção dos historiadores do
governo representativo, diz respeito ao direito de voto: a propriedade e a cultura deixaram de
ser representadas e o direito ao sufrágio foi ampliado.

Essa mudança ocorreu paralelamente a uma outra: a emergência dos partidos de


massa. O aparecimento dos partidos de massa e de seus programas veio transformar a própria
relação de representação. A existência de partidos organizados aproximava os representantes
dos representados. Os candidatos passaram a ser escolhidos pela organização partidária, na
qual militantes de base tinham a oportunidade de se manifestar. A massa do povo podia,
assim, ter uma certa participação na seleção de candidatos e escolher pessoas que
compartilhassem de sua situação econômica e de suas preocupações. Uma vez eleitos, os
representantes permaneciam em estreito contato com a organização pela qual se elegeram,
ficando, de fato, na dependência do partido. Isso permitia aos militantes, ou seja, aos
cidadãos comuns, manter um certo controle sobre seus representantes fora dos períodos
eleitorais. Apresentando-se diante dos eleitores com um programa, os partidos pareciam dar
aos próprios cidadãos a possibilidade de determinar a política a ser seguida.

Os princípios do governo representativo Examinando-se as origens do governo


representativo à luz de sua história posterior, percebe-se a existência de um certo número de
princípios, formulados no final do século XVIII, que praticamente nunca foram postos em
questão desde essa época. Ao me referir a "princípios" não estou falando de meras abstrações
ou ideais, e sim de idéias que se traduziram em práticas e instituições concretas. Quatro
princípios, entendidos dessa maneira, foram formulados nos primeiros tempos do governo
representativo moderno.

● Os representantes são eleitos pelos governados:

Eleições periódicas não têm como consequência uma identidade rousseauniana entre
governantes e governados por duas razões principais: Em primeiro lugar, as eleições não
eliminam a diferença de status e função entre o povo e o governo. Em um sistema eletivo o
povo não governa a si mesmo. O processo eletivo resulta na atribuição de autoridade a
determinados indivíduos para que governem sobre outros: o poder não é conferido por direito
divino, nascimento, riqueza ou saber, mas unicamente pelo consentimento dos governados.
Em segundo lugar, um sistema eletivo não requer que os governantes sejam semelhantes
àqueles que eles governam. Os representantes podem ser cidadãos ilustres, social e
culturalmente diferentes dos representados, contanto que o povo consinta em colocá-los no
poder.

● Os representantes conservam uma independência parcial diante das preferências


dos eleitores:

Embora sejam escolhidos, e possam ser destituídos, pelos governados, os


representantes mantêm um certo grau de independência em suas decisões. O povo somente
adquire força política por intermédio da pessoa do representante, que, a partir do momento
em que chega ao poder, substitui completamente aqueles que representa. Os representados
não têm outra voz senão a dele.

● As decisões políticas são tomadas após debate:


Como os representantes não estão submetidos à vontade de seus eleitores, o
Parlamento pode ser um local de deliberação no sentido pleno da palavra, ou seja, um lugar
onde os políticos definem suas posições através da discussão e onde o consentimento de uma
maioria é alcançado através da troca de argumentos. Uma discussão só pode gerar um acordo
entre participantes que têm, de início, opiniões divergentes, se estes puderem mudar de idéia
no transcorrer das argumentações. Se, em determinadas circunstâncias, essa mudança for
impossível, a discussão não se prestará à construção do consentimento da maioria.
Exatamente para permitir a deliberação é que, no parlamentarismo clássico, os deputados não
estão presos à vontade de seus eleitores.

Outro autor, Luis Felipe Miguel enumera alguns elementos também dessa crise:
Declínio do comparecimento eleitoral: aumento na quantidade das abstenções,
comparativamente às duas ou três primeiras décadas do pós- guerras. Ampliação da
desconfiança em relação às instituições: baixa confiança nas instituições representativas
medida por pesquisas de opinião (percepção). Esvaziamento dos partidos políticos: os
partidos deixam de ser o principal instrumento de representação política – burocratização,
estreitamento das pautas, papel da mídia, emergência de líderes carismáticos. Diante da
concepção restrita de democracia e representação política, Miguel aponta caminhos para
ampliá-la. Considera:

1. A representação em 3 dimensões – 3D: o poder exercido na tomada de decisões, na


construção da agenda pública e na formação de preferências;
2. O papel desempenhado pela informação e pelos meios de comunicação de massa;
3. A inclusão substantiva de grupos diversos no debate público – formação de uma
esfera pública. Uma boa representação política é a representação de preferências
formuladas autonomamente.

É necessário que os agentes coletivos possam produzir suas próprias preferências, a


partir do entendimento compartilhado sobre sua situação no mundo, num processo dialógico.
Conceito de esfera pública de Habermas – não é suficiente; não reconhece desigualdades.
Conceito de contrapúblicos subalternos – contradiscursos de dominados; garantia de esferas
públicas concorrentes. Segundo pesquisa do instituto Ipsos, apenas 6% dos eleitores se
sentem representados pelos políticos em quem já votaram. Quando os eleitores são
questionados especificamente sobre o modelo brasileiro de democracia, a taxa de apoio é
ainda mais baixa: 38% consideram que é o melhor regime, e 47% discordam. Para 94%, os
políticos que estão no poder não representam a sociedade. Apenas 4% acham o contrário.

Quem está na oposição também é alvo de desconfiança. Quando a pergunta é sobre os


políticos em quem os entrevistados já votaram em algum momento, 86% dizem não se sentir
representados. “Segundo a opinião pública, os eleitos não representam os eleitores”, observa
Rupak Patitunda, um dos responsáveis pela pesquisa Ipsos. “A democracia no Brasil, desta
forma, não é representativa.” Somente um em cada dez cidadãos veem o Brasil como um país
onde a democracia é respeitada. Para 86%, isso não acontece. “A própria democracia, o que
se espera de seu conceito, não é respeitada”, avalia o pesquisador. “Existe uma expectativa
sobre o regime que não é atendido pelos seus clientes.” A percepção de desrespeito às normas
democráticas pode estar relacionada à ideia de desigualdade. Para 96% dos entrevistados,
todos devem ser iguais perante a lei, mas somente 15% consideram que essa regra é
devidamente observada no Brasil. É quase consensual a noção de que a corrupção é um
entrave para que o país alcance um nível mais avançado de desenvolvimento. Nove em cada
dez eleitores concordam com as avaliações de que “o Brasil tem riquezas suficientes para ser
um país de primeiro mundo”, de que “o Brasil poderia ser um país de primeiro mundo se não
fosse a ação da corrupção” e de que “o Brasil ainda pode ser um país de primeiro mundo
quando acabar com a corrupção”.

Os dados do Ipsos mostram que, após um ciclo de acirramento da polarização política


no país, há uma ânsia por iniciativas de conciliação. Nada menos do que 88% dos
entrevistados concordam com a afirmação de que “as pessoas deveriam se unir em torno das
causas comuns, e não brigar por partido A ou partido B”. Parcela similar considera que
“brigar por partido A ou B faz com que as pessoas não discutam os reais problemas do
Brasil”.

O cientista político afirma que “as pessoas querem restaurar o princípio da


representação política e querem eleger representantes que de fato estejam conectados às
causas comuns”. Ele diz também que o desejo da população é por mecanismos de
aproximação com os representantes. “Os políticos estão legislando distantes da população. A
impressão que eles acabam passando é de que defendem apenas os próprios interesses. Esse
comportamento é entendido como um problema da nossa democracia.”
É possível destacar também, as recentes manifestações contra o presidente da
república, como um fato político que reforça a crise de representatividade pela qual o país
passa. O Instituto Datafolha divulgou em maio de 2021, uma pesquisa pela qual se conclui
que apenas 24% dos brasileiros aprovam o governo, o menor grau de aprovação desde o
início do mandato do presidente.

Por fim, diante desta observação, importa pontuar que, a baixa aprovação do governo
reflete em uma representação política fraca, oque aumenta ainda mais a insatisfação do povo
com o modelo democrático adotado no país. Para resolução desse problema, cabe aos líderes
e governos democráticos serem receptivos aos cidadãos, o que não ocorre no atual governo.

Refêrencias Bibliograficas:

CANCIAN, Renato. Representação política - Três modelos de representação política.


Disponível em: <
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/sociologia/representacao-politica-tres-modelos-de-rep
resentacao-politica.htm> Acesso em: 23 ago. 2021

GAZETA DO POVO. O significado da representação política. Disponível em:


<https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/nossas-conviccoes/osignificado-da-representacao
-politica-4m9u1sbf02yvrmhhtyxx2u7mc/> Acesso em: 23 ago. 2021

HIDRA EDUCACIONAL. Política #3: A Representação Política. 5 min 49s. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=Bpyq3Epyw1k> Acesso em: 23 ago. 2021

MIGUEL, Luis Felipe. Representação política em 3-D: elementos para uma teoria ampliada
da representação política. Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 18, núm. 51, febrero,
2003 FILGUEIRAS, Fernando. História da democracia no Brasil. In: __. (orgs.) Introdução à
teoria democrática: conceitos, histórias, instituições e questões transversais.
SACCHET, Teresa. Representação política, representação de grupos e política de cotas:
perspectivas e contendas feministas. Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/ref/a/GjpMXFGjwnfzZYbxpvR3zCC/?lang=pt> Acesso em: 23 ago.
2021

TAVARES, Joelmir. Datafolha: Aprovação a Bolsonaro recua seis pontos e chega a 24%, a
pior marca do mandato; rejeição é de 45%. . Disponível em: <
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2021/05/datafolha-aprovacao-a-bolsonaro-recua-seis-po
ntos-e-chega-a-24-a-pior-marca-do-mandato-rejeicao-e-de-45.shtml> Acesso em: 23 ago.
2021

YOUNG, Iris Marion. Representação política, identidade e minorias. In: Lua Nova, São
Paulo, n. 67, p.170, 2006

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