Você está na página 1de 6

Os desafios do ensino híbrido no processo de ensino-aprendizagem

na actualidade

Faculdade de Educação e Comunicação

Ana Paula Xavier Matusse


Nº 703210106
Email: apaulamatusse@iscisa.ac.mz

Professor José Lagarto

Resumo
O presente trabalho de aprofundamento intitulado “os desafios do ensino híbrido no processo de ensino-aprendizagem
na actualidade” versa reflectir sobre as potencialidades tecnológicas do ensino hibrido no processo de ensino-
aprendizagem socorrendo-se do estagio actual dessa modalidade de ensino no mundo, mais concretamente em
Moçambique. Para a concretização desse objectivo realizou-se um estudo de revisão bibliográfica buscando subsídios
para compreender “até que ponto o ensino híbrido pode impulsionar a dinâmica de aprendizagem na actualidade,
uma vez que este combina vários recursos tecnológicos?”. Assim sendo, a discussão teórica será em torno do ensino
hibrido, das tecnologias e do papel dos docentes.

Palavras-chave: ensino hibrido, tecnologia, processo de ensino-aprendizagem.

INTRODUÇÃO

O trabalho que se propõe apresentar é de aprofundamento temático e serve como avaliação parcial
para o módulo de Educação e TIC. Para o cumprimento deste requisito a proposta aqui trazida
intitula-se “os desafios do ensino híbrido no processo de ensino-aprendizagem na actualidade”.

Pensar nesta modalidade de ensino nos remete a uma abordagem inovadora e que não parece
dispensar o uso de tecnologias. Assim sendo, o ensino hibrido exige do professor habilidades
tecnológicas que se acentuam cada vez mais com o imperativo do advento da tecnologia no
processo de ensino-aprendizagem.

Partindo do pressuposto acima levanta-se a seguinte questão “até que ponto o ensino híbrido pode
impulsionar a dinâmica de aprendizagem na actualidade, uma vez que este combina vários
recursos tecnológicos?”. Com vista a dar resposta a esta questão fez-me uma revisão bibliográfica
e a discussão incidiu sobre a mesma.

1
DISCUSSÃO TEÓRICA

Costumeiramente o termo híbrido designa um cruzamento genético entre duas espécies, raças,
variedades ou gêneros distintos, vegetais ou animais, que geralmente não podem ter descendência.
No sentido figurado o termo “híbrido” é caracterizado por aquilo que foi composto por elementos
diferentes (Castro et al., 2015).

Ao importar a abordagem do hibrido para educação, (Spinardi & Both, 2018), destacam que com
o avanço das TIC, também foi possível o desenvolvimento do ensino híbrido. Além de reunir o
uso de diversos recursos e formas de ensinar, este tem como foco aliar características do ensino
presencial e do ensino a distância; em geral, os alunos estudam através de um AVA (ambiente
virtual de aprendizagem) e realizam atividades práticas em sala de aula, de acordo com o conteúdo
estudado.

O ensino híbrido surgiu nos Estados Unidos e na Europa como forma de resolver o problema da
evasão escolar de alunos de cursos à distância, gerada pela sensação de abandono que eles sentiam.
E foi por isso que a intenção nos diversos modelos nascentes à época era a de oportunizar aos
alunos da EAD (educação a distância) maior contato com os docentes, proporcionando-lhes maior
motivação e acolhimento, a partir do maior volume de interações presenciais (Macdonald, 2008
cit. Por Brito, 2020)

Para (Weber & Olgin, 2020), a metodologia de ensino híbrido é uma abordagem que combina
actividades presenciais e actividades realizadas por meio das tecnologias digitais de informação e
comunicação. (Oliveira et al., 2021) concordam com os autores e enfatizam, mais uma vez, que a
tecnologia é a ferramenta essencial e indispensável para que ocorra este tipo de ensino.

Para (Miranda, Moret, E Silva, & Perpetua Simão, 2020) a proposta do ensino híbrido surgiu para
contribuir com um novo olhar pedagógico, que apresenta aos educadores formas de integrar o uso
das tecnologias digitais no currículo escolar que, por sua vez, combina com as interações
presenciais.

Os autores (Miranda et al., 2020; Oliveira et al., 2021; Spinardi & Both, 2018; Weber & Olgin,
2020) são unanimes em mencionar que o ensino hibrido faz a combinação de duas modalidades, o
presencial e a distância. E o mais importante, é que este ensino busca subsídios nos recursos
tecnológicos.

2
Contudo, (Brito, 2020), afirma que o ensino presencial e o ensino a distância sempre foram
híbridos em si mesmos, uma vez que sempre foi possível apontar a não-homogeneidade das acções
pedagógicas nos seus processos de construção do conhecimento. No mesmo raciocínio, (Camillo,
2017) acrescenta que no ensino híbrido ou blended learning nem todas as actividades são
realizadas a distância, a separação geográfica e temporal não são características fundamentais do
ensino híbrido.

As tecnologias no ensino híbrido

O ensino híbrido é uma inovação que vem seguindo uma tendência de mudanças que vem
acontecendo alinhada a grande demanda de recursos tecnológicos digitais, que estão sendo
inseridos na sociedade (Weber & Olgin, 2020).

(Rodrigues, 2016) lembra que a tecnologia não é uma obrigatoriedade em sala de aula. Em grande
medida, ela é um factor complementar, algo que pode colaborar para um avanço nas formas de
ensino e aprendizagem na escola.

Ademais, pensar que apenas o uso das TDIC (tecnologias digitais de informação e comunicação)
em sala de aula consiste numa metodologia inovadora, por se opor ao ensino tradicional, é um
equivoco. Os benefícios que a tecnologia traz para o ensino é integrar espaços e tempos,
possibilitando que o ensinar e o aprender aconteçam numa interligação simbólica de dois mundos,
ou espaços, físicos e digitais (Silva, 2017).

Além disso, (Miranda et al., 2020) citando Pires (2012), reforça que a tecnologia facilita a
comunicação, o ensino híbrido pode facilitar a interação em adquirir conhecimentos nos diversos
e distintos espaços educacionais, isto é, ao incluir as ferramentas tecnológicas a escola pode ser
ampliada com a troca de experiências entre os mais diversos e distintos espaços evitando reduzi-
la aos limites das salas de aulas e seu entorno.

(Rodrigues, 2016) traz uma visão holista sobre as possibilidades ou formas nas quais a tecnologia
deve ser vista no contexto do processo de ensino-aprendizagem:

Portanto, a tecnologia é vista como um meio de alcançar uma forma personalizada de


aprendizagem que considere as trajetórias de cada estudante e seus avanços e dificuldades
em cada tema. Isso se dá precisamente porque as plataformas e recursos disponíveis para a
área de educação, combinadas às técnicas propostas no Ensino Híbrido, permitem que as

3
tarefas desenvolvidas sejam utilizadas como diagnóstico da apreensão alcançada por cada
aluno (Rodrigues, 2016, p. 24).

As abordagens trazidas por (Miranda et al., 2020; Rodrigues, 2016; Silva, 2017; Weber & Olgin,
2020) mostram que as tecnologias devem ser olhadas, efectivamente, como um suporte no ensino
híbrido e abrem inumeras possibilidades para a aprendizagem diferenciada, criando desta forma
cada vez mais autonomia nos estudantes, em que o professor passa a servir de elo entre os recursos
tecnologicos e os alunos.

Papel do professor/docente no ensino híbrido

É mister envolver os professores com as tecnologias no que diz respeito ao ensino híbrido. Jenkins
(2006) citado por (Martins, 2016), afirma ainda que as ferramentas por si só não estabelecem
muitas mudanças; apesar de expandir nossas capacidades de pesquisa e comunicação, não
possibilitam, sozinhas, novas capacidades de criar e de compartilhar.

(Miranda et al., 2020) repisa, para que se tenha um bom resultado com o Ensino Híbrido, é
fundamental que os professores busquem novos papéis no ambiente escolar - não apenas como
facilitadores da aprendizagem, mas principalmente por meio de novas abordagens pedagógicas, e
seu uso deve ser intencional e planejado, com foco sempre na melhoria do aprendizado, de modo
que a tecnologia possa interferir no cognitivo das crianças e jovens (Garofolo, 2019).

Em linhas gerais, o Ensino Híbrido permite que a tecnologia seja uma ferramenta que dê ao aluno
autonomia para controlar parte do tempo e momento em que se concentra na aprendizagem de um
novo tema, liberando o professor de grande parte de seu papel de transmissor de conteúdo e
gerando condições para que ele ocupe a posição de mediador das possibilidades e necessidades de
seus alunos sobre as questões práticas de reflexão e análise sobre cada novo tema (Rodrigues,
2016).

É possível afirmar, com base nos pressupostos acima, que o professor deve se engajar no uso das
tecnologias, pois elas sem o conhecimento adequado das mesmas de nada servem no processo de
ensino aprendizagem. É preciso que se requalifique o trabalho docente e isso envolve se
aperfeiçoar no cerne do uso e manuseio de ferramentas tecnológicas.

4
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após leitura e discussão efectuadas constatou-se que o ensino híbrido leva consigo características
do ensino presencial e a distância, mas não se limita a isso. Busca uma aproximação entre alunos
e professores por meio de tecnologias. No fundo, trata-se de uma metodologia activa de ensino-
aprendizagem (uma outra abordagem que abre espaço para um outro estudo) que visa dar cada vez
mais autonomia ao estudante.

Outra constatação é que, ainda que não seja obrigatório o uso das tecnologias, elas têm vindo a
mostrar-se cada vez mais indispensáveis no processo de ensino-aprendizagem, o que obriga que
todos se adaptem a elas, até no contexto curricular. Nesse momento o papel do professor é chamado
e com isso vêm os questionamentos sobre suas habilidades de planificação e selecção de recursos
e/ou ferramentas tecnológicas para garantir que haja aprendizagem por parte dos alunos, mais do
que isso, surge a necessidade desses mesmos professores se tornarem autodidactas para lograr os
benefícios tecnológicos.

Referências bibliográficas

Brito, J. M. da S. (2020). A Singularidade Pedagógica do Ensino Híbrido. EaD em Foco, 10(1),


1–10. https://doi.org/10.18264/eadf.v10i1.948

Camillo, C. M. (2017). <em>Blended learning</em>: uma proposta para o ensino híbrido. EaD &
Tecnologias Digitais na Educação, 5(7), 64. https://doi.org/10.30612/eadtde.v5i7.6660

Castro, E. A., Coelho, V., Soares, R., Sousa, L. K. S., Pequeno, J. O. M., & Moreira, J. R. (2015).
Ensino Híbrido: Desafio Da Contemporaniedade? Periódico Científico Projeção e Docência,
6, 47–58. Obtido de
http://revista.faculdadeprojecao.edu.br/index.php/Projecao3/article/view/563/506

Martins, L. C. B. (2016). Implicações da organização da atividade didática com uso de


tecnologias digitais na formação de conceitos em uma proposta de Ensino Híbrido. 317.
Obtido de http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-19092016-102157/pt-
br.php

Miranda, R. V., Moret, A. de S., E Silva, J. C., & Perpetua Simão, B. (2020). Ensino Híbrido:
Novas Habilidades Docentes Mediadas pelos Recursos Tecnológicos. EaD em Foco, 10(1),

5
1–12. https://doi.org/10.18264/eadf.v10i1.913

Oliveira, M. B. de, Silva, L. C. T., Canazaro, J. V., Carvalhido, M. L. L., Souza, R. R. C. D., Neto,
J. B., … Pelegrini, J. F. de M. (2021). O Ensino Híbrido No Brasil Após Pandemia Do Covid-
19 / Hybrid Teaching in Brazil After Covid-19 Pandemic. Brazilian Journal of Development,
7(1), 918–932. https://doi.org/10.34117/bjdv7n1-061

Rodrigues, E. F. (2016). Tecnologia, inovação e ensino de história: o ensino híbrido e suas


possibilidades. 97. Obtido de https://app.uff.br/riuff/bitstream/1/4604/1/Tecnologia%2C
Inovação e Ensino de História o Ensino Híbrido e suas possibilidades.pd

Silva, J. B. da. (2017). O contributo das tecnologias digitais para o ensino híbrido: O rompimento
das fronteiras espaço-temporais historicamente estabelecidas e suas implicações no ensino.
ARTEFACTUM - Revista de estudos em Linguagens e Tecnologia, 15(2), 11. Obtido de
http://www.artefactum.rafrom.com.br/index.php/artefactum/article/view/1531

Spinardi, J. D., & Both, I. J. (2018). Blended learning: o ensino híbrido e a avaliação da
aprendizagem no ensino superior. Boletim técnico do senac, 44(1), 12.

Weber, E. L., & Olgin, C. D. A. (2020). Metodologia De Ensino Híbrido No Ensino Superior :
Uma Revisão. 1–10.

Você também pode gostar