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Saudações cursistas!
Sejam bem-vindas e bem-vindos à Unidade II do nosso curso sobre a área de Ciências Humanas
da etapa do Ensino Fundamental e da área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas da etapa
do Ensino Médio.
Nesta unidade iremos explorar como os conteúdos de Ciências Humanas podem ser
trabalhados em sala de aula de forma significativa para o estudante – contribuindo para o seu
engajamento, protagonismo e autonomia. Assim, abordaremos nesta unidade as metodologias
ativas, os principais tipos de planejamento no âmbito educacional, algumas características da
Taxonomia de Bloom e como todos esses elementos podem confluir e aperfeiçoar o trabalho
com os conteúdos dos componentes curriculares da área de Ciências Humanas. Ao final desta
unidade apresentaremos um exemplo prático de como elaborar um plano de aula alinhado aos
elementos citados acima, tendo a articulação e o desenvolvimento de competências como
foco principal.
Bons estudos!
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Aula 1 – As Metodologias Ativas de aprendizagem
Para lograr sucesso nessa nova empreitada educacional proposta no CRMG, é necessário ter
sempre em mente que
Para tanto, é importante que a escola valorize os saberes prévios e as histórias pessoais dos
estudantes, uma vez que “o percurso da vida é marcado por começos, interrupções e
recomeços, fazendo com que cada sujeito trace trajetórias singulares. Cada sujeito responde e
age diante dessas situações de maneira diferente, construindo percursos e identidades
diferentes” (VILLAS & NONATO, 2014, p. 15).
Devemos tratar os estudantes de modo justo, entendendo que “lidar com as juventudes é lidar
com questões que se manifestam no presente e exigem reflexões e respostas agora, mas que
também impõem a necessidade de preparar estratégias que só poderão ser desempenhadas
adiante” (CRMG-EM, p. 312). Além de compreender quem são os sujeitos-alvo das práticas
educacionais e acolher as suas demandas existenciais, os educadores precisam conhecer e se
apropriar de metodologias que levem em consideração o fato de que
Em suma, toda a dinâmica educacional deve priorizar uma aprendizagem significativa, ou seja,
“um processo pelo qual uma nova informação se relaciona, de maneira substantiva (não literal)
e não arbitrária, a um aspecto relevante da estrutura cognitiva do indivíduo” (MOREIRA, 2006,
p. 14-15). Logo, uma educação que almeja o desenvolvimento de competências deve propiciar
uma interação significativa entre o conteúdo a ser aprendido e as experiências que os
estudantes trazem consigo. Através desse intercâmbio de conhecimentos prévios e novos os
estudantes reconhecem o sentido e a importância do processo de formação escolar – situação
que estimula o engajamento e o prazer no ato de aprender.
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AS METODOLOGIAS ATIVAS DE APRENDIZAGEM
Nesse processo os estudantes passam a agir com intencionalidade, dedicando-se com prazer
aos processos de ensino-aprendizado visto que estes “se convertem em processos de pesquisa
constantes, de questionamento, de criação, de experimentação, de reflexão e de
compartilhamento crescentes, em áreas de conhecimento mais amplas e em níveis cada vez
mais profundos” (BACICH & MORAN, 2018, p. 39).
E por sua vez, “o professor como orientador ou mentor ganha relevância. O seu papel é ajudar
os alunos a irem além de onde conseguiriam ir sozinhos, motivando, questionando,
orientando” (BACICH & MORAN, 2018, p. 40). Para desempenhar essa tarefa com eficácia, o
trabalho docente deve prezar pela liberdade de cátedra, pela escuta ativa, pela produção
autoral e/ou curadoria de materiais pedagógicos de qualidade, pela comunicação não violenta,
pela criação e experimentação de novas linguagens. Tudo isso enseja um tutor de excelência
para esse novo contexto. Por fim, “estudos revelam que quando o professor fala menos,
orienta mais e o aluno participa de forma ativa, a aprendizagem é mais significativa” (BACICH
& MORAN, 2018, p. 40).
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Ensino Híbrido
Visto que o modelo híbrido de ensino possui uma grande dependência das tecnologias da
informação para ser colocada em prática, é comum que a sua adoção enquanto estratégia
pedagógica seja ainda pouco comum em nossas instituições de ensino. Infelizmente ainda
vivemos em um contexto no qual muitas escolas não estão adaptadas para essa nova
conjuntura tecnológica que a educação vem assumindo. Do mesmo modo, a “formação
continuada do professor nas escolas brasileiras [...] pouco foi desenvolvido em relação às novas
habilidades, sobretudo aquelas necessárias para o uso intencional de tecnologias digitais, o
que reflete diretamente na continuidade de práticas pedagógicas ultrapassadas” (BACICH,
NETO & TREVISIANI, 2015, p. 128).
Apesar das dificuldades que nos fazem frente, não se pode perder de vista os benefícios que o
ensino híbrido pode oferecer. A atual pandemia de COVID-19, por exemplo, trouxe mudanças
substanciais para o âmbito da educação, evidenciando o quanto essas tecnologias são
importantes para a manutenção das relações de ensino-aprendizado.
O uso de recursos tecnológicos na educação, quando bem planejado, pode “otimizar o tempo
do professor, do aluno e também da gestão escolar”; no entanto, “quando se constata que a
introdução de tecnologia está gerando sobrecarga de trabalho, algo está errado: é provável
que alguma coisa não tenha sido planejada corretamente” (BACICH, NETO & TREVISIANI, 2015,
p. 327). Assim sendo, devemos ficar atentos para que a inclusão digital e tecnológica no
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contexto educacional seja um ganho para toda a comunidade escolar, e não um fardo para os
educadores e demais profissionais dessa área.
Portanto, o ensino híbrido deve ser um suporte para a promoção de atividades mais
engajadoras e, consequentemente, motivar tanto estudantes quanto professores. Mesmo
sendo um grande desafio, hoje já podemos perceber como os recursos tecnológicos podem
transformar a educação. Romper fronteiras e
Para entender um pouco melhor como o ensino híbrido pode contribuir para o
desenvolvimento de competências, vejamos abaixo como ele pode servir de apoio para outras
metodologias ativas.
Como isso pode acontecer na prática? Para as ações a serem realizadas em casa, o professor
pode gravar aulas ou fazer uma curadoria de vídeos para serem disponibilizados aos
estudantes. Geralmente é no momento da aula expositiva que o estudante se defronta com
dúvidas, podendo, ali, fazer perguntas ao professor e eliminar suas incertezas. Como essa
etapa do processo de ensino-aprendizado é realizada em casa, individualmente, os estudantes
precisam de uma disciplina maior para se focar nos vídeos e textos, fazer resumos, mapas
mentais e registrar suas dúvidas para serem discutidas pelo professor posteriormente.
Em sala de aula, o professor utiliza uma pequena parcela do tempo com uma atividade de
aquecimento, retomando o conteúdo assistido nos vídeos pelos estudantes. Na sequência, é
proposto um momento para perguntas e respostas sobre o vídeo assistido, permitindo ao
professor resolver possíveis controvérsias e equívocos apresentados pelos estudantes. A partir
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do contato com essas questões levantadas em sala de aula, o professor também pode avaliar
se os vídeos estão cumprindo sua função didática de modo eficiente, possibilitando um
aprimoramento no planejamento ou curadoria dos mesmos (BERGMANN & SAMS, 2016, p.
12).
Por fim, a última etapa proposta na Sala de Aula Invertida são as práticas orientadas. Essas
tarefas podem ser de tipos distintos, condizentes com a programação geral constante no
planejamento do professor: pesquisas, avaliações, laboratórios etc. Durante a realização
dessas atividades o professor circula pela sala orientando aqueles que apresentam dúvidas e
colaborando para a compreensão dos conceitos fundamentais para a efetivação dos exercícios.
Nesse contexto, a postura do professor em sala de aula se transforma, desempenhando o
papel de tutor e abandonando a função de transmissor do conhecimento. Do mesmo modo, a
qualidade do tempo em sala de aula se modifica, favorecendo um ritmo e um aprendizado
mais personalizado aos estudantes, à medida que o professor pode dedicar a atenção
necessária às demandas apresentadas nesse momento de atividades.
Nas práticas propostas na Sala de Aula Invertida podemos perceber a importância do ensino
híbrido para a realização das tarefas. Esse elemento não é determinante, na medida em que o
professor pode se planejar e abrir mão dele ao elaborar as etapas que compõem a
metodologia da Sala de Aula Invertida. No entanto, cada vez mais, quando falamos de
metodologias ativas, avançamos na direção que nos é ditada pela revolução tecnológica que
molda nossas sociedades contemporâneas. Por isso, as
Dando ênfase no trabalho colaborativo, a instrução por pares se assemelha bastante à Sala de
Aula Invertida, concebendo o papel do professor, do livro, da aula expositiva e da interação em
sala de aula de modo diverso ao que estamos habituados. Geralmente a instrução por pares é
composta pelos seguintes passos:
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1. Uma curta apresentação oral sobre os elementos centrais de um dado
conceito ou teoria é feita por cerca de 20 minutos.
2. Uma pergunta de múltipla escolha, geralmente conceitual, denominada
Teste Conceitual, é colocada aos alunos sobre o conceito (teoria)
apresentado na exposição oral.
3. Os alunos têm entre um e dois minutos para pensarem silenciosamente
sobre a questão apresentada.
4. Os estudantes registram suas respostas individualmente e as mostram ao
professor usando algum sistema de respostas (por ex., clickers ou
flashcards).
5. De acordo com a distribuição de respostas, o professor pode passar para
o passo seis (quando a frequência de acertos está entre 35% e 70%), ou
diretamente para o passo nove (quando a frequência de acertos é superior a
70%).
6. Os alunos discutem a questão com seus colegas por um a dois minutos.
7. Os alunos registram sua resposta revisada e as mostram ao professor
usando o mesmo sistema de respostas do passo 4.
8. O professor tem um retorno sobre as respostas dos alunos a partir das
discussões e pode apresentar os resultados para os alunos.
9. O professor então explica a resposta da questão aos alunos e pode ou
apresentar uma nova questão sobre o mesmo conceito ou passar ao
próximo tópico da aula, voltando ao primeiro passo. (MÜLLER et all., 2017,
p. 3)
Um grande aliado para a adaptação dos professores a essa nova era tecnológica são os
próprios estudantes. Visto que eles estão inseridos de modo intenso nesse contexto, por
fazerem parte de uma geração já nascida em meio a uma realidade moldada pela dinâmica
tecnológica e virtual, os estudantes podem estabelecer parcerias com os professores,
desenvolvendo pesquisas e trocando informações sobre aplicativos e outras ferramentas que
possam vir a auxiliar nas práticas educativas e incentivar o uso responsável das novas
tecnologias. Esse tipo de parceria fortalece os vínculos entre docentes e discentes,
estimulando e inspirando os estudantes a se envolverem intencionalmente com as propostas
apresentadas pelo professor.
Gamificação
A gamificação é uma metodologia ativa que facilmente cativa os estudantes, uma vez que se
utiliza de práticas e conceitos que geralmente lhes são familiares. De um modo geral,
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gamification abrange a utilização de mecanismos e sistemáticas de jogos
para a resolução de problemas e para a motivação e o engajamento de um
determinado público. Sob um ponto de vista emocional, gamification é
compreendida como um processo de melhoria de serviços, objetos ou
ambientes com base em experiências de elementos de jogos e
comportamento dos indivíduos. (BUSARELLO, 2016, p. 13)
De um modo mais simples, podemos resumir a gamificação como o uso de elementos de jogos
em ambientes que não sejam de jogos, de modo a estimular e engajar o público nas atividades
a serem realizadas a partir de recursos motivacionais.
Agora, de modo bem preliminar, basta fazermos as devidas alterações: substituir jogador por
estudante e jogo por aula. Esse é o início de um processo de gamificação que pode ser um
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grande diferencial na escola. Adiante veremos um exemplo de como é possível utilizar
elementos de gamificação na prática.
Outra alternativa interessante para desenvolver competências específicas das área de Ciências
Humanas utilizando metodologias ativas é o emprego de práticas baseadas em investigação,
em problemas e em projetos.
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As três metodologias ativas apresentadas podem ser trabalhadas separadamente ou em
conjunto. Elas são uma grande oportunidade para desenvolver atividades interdisciplinares
com os conteúdos dos componentes curriculares que integram as áreas do conhecimento
presentes no CRMG. Pensando nas alternativas oferecidas pela parte flexível do novo currículo
(os Itinerários Formativos), o emprego de práticas pedagógicas baseadas em investigação,
problemas e/ou projetos são fundamentais para a elaboração de projetos integradores que
estimulem o desenvolvimento de competências pelos estudantes.
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Aula 2 – O planejamento de aula e a construção de relações de ensino-aprendizado
significativas na área de Ciências Humanas / Ciências Humanas e Sociais Aplicadas
Uma aula é parte de algo maior. Ela integra um todo que deve ser bem arquitetado e
executado, cada aula funcionando como uma engrenagem que, encadeada sequencialmente a
outras aulas, possibilita que o planejamento de ensino seja efetivado. Nesse sentido, para que
uma aula seja significativa é importante que ela faça sentido dentro de um planejamento mais
amplo e bem definido.
E ainda que uma aula por si só possa cumprir sua finalidade tendo um início, um meio e um fim
bem delineados, é fundamental que o professor tenha consciência do objetivo dessa aula
dentro do planejamento de ensino proposto para todo o ano letivo. É importante também que
toda essa construção pedagógica seja compartilhada com a turma de modo que cada
momento vivido em sala de aula seja compreendido pelos estudantes como uma etapa que,
mesmo podendo ter um fim em si mesma, também está submetida a um propósito maior.
Planejamos a todo o momento, de modo que podemos afirmar que “a capacidade de projetar
pode ser identificada como o traço mais característico da atividade humana” (MACHADO,
2016, p. 7-8). Capazes de compreender a passagem do tempo de modo elaborado, podemos
articular passado, presente e futuro com vistas a satisfazer outra necessidade tipicamente
humana: a educação. Seres incompletos por natureza, só realizamos a nossa natureza humana
através da educação. E quanto melhor o planejamento por trás do nosso processo de
formação educacional, mais apuradas as nossas reflexões e ações enquanto seres humanos.
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interpretando e respeitando as demandas particulares da escola – de modo a favorecer o
desenvolvimento de competências a partir do processo de ensino-aprendizado.
Plano de Aula: O Plano de Aula descreve em detalhes como cada aula presente no
Planejamento de Ensino deve transcorrer. Nele deve constar o tema, o conteúdo/objetos de
conhecimento, objetivos e justificativas, estratégias didático-metodológicas, recursos a serem
empregados, procedimentos de avaliação, competências e habilidades a serem trabalhadas,
descrição do desenvolvimento da aula, duração de suas etapas previstas, bibliografia. Em
suma, o professor deve se atentar em responder as seguintes perguntas para compor seu
Plano de Aula: o que ensinar? Para que ensinar? Como ensinar? Com o que ensinar?
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É importante que esses planejamentos sejam elaborados diligentemente, com a devida
atenção à construção das partes que compõem o todo pedagógico e em observância à
coerência entre cada ação educacional proposta. Também é fundamental que o professor
esteja sempre atualizado a respeito dos conteúdos dos documentos educacionais oficiais
(federais, estaduais e municipais) no intuito de conseguir elaborar seus planejamentos e
planos em conformidade com os preceitos legais e pedagógicos que regem o trabalho docente.
A TAXONOMIA DE BLOOM
No CRMG a educação integral é um dos elementos primordiais, visto que essa concepção de
educação permite organizar o currículo “desconsiderando a hierarquização dos saberes,
garantindo a construção do conhecimento a partir das diversas dimensões humanas” e
apoiado na ideia de “que a centralidade das aprendizagens seja o estudante” (CRMG-EM, p.
21). Alinhada a essas diretrizes, sabemos que
Nesse sentido, é importante que o professor utilize estratégias que possibilitem uma conexão
com o estudante, de modo que este se sinta motivado a se engajar com as atividades
propostas. O uso de jogos, a experiências de vida, a proposta de práticas contextualizadas,
dentre outras atividades que tornam os conteúdos de Filosofia, Geografia, História e Sociologia
mais significativas favorecem o desenvolvimento das competências gerais e específicas da área
de Ciências Humanas.
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No entanto, para explorar essas e outras possibilidades de ações pedagógicas é importante
que saibamos como organizar as competências e habilidades dentro do Planejamento de
Ensino e do Plano de Aula. E uma das ferramentas que pode nos ajudar nessa tarefa é a
Taxonomia de Bloom, que auxilia na hierarquização dos processos cognitivos fundamentais
relativos às competências a serem desenvolvidas, na organização da progressão de
competências e habilidades, na compreensão da estrutura de metas curriculares, no
alinhamento entre propostas de ensino-aprendizado e avaliação, dentre outras atividades.
6. Criar: Significa colocar elementos junto com o objetivo de criar uma nova
visão, uma nova solução, estrutura ou modelo utilizando conhecimentos e
habilidades previamente adquiridos. Envolve o desenvolvimento de ideias
novas e originais, produtos e métodos por meio da percepção da
interdisciplinaridade e da interdependência de conceitos. Representado
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pelos seguintes verbos no gerúndio: Generalizando, Planejando e
Produzindo. (FERRAZ & BELHOT, 2010, p. 429)
As seis categorias cognitivas elencadas acima compõem uma estrutura hierarquizada em níveis
progressivos de complexidade, ou seja, “para adquirir uma nova habilidade pertencente ao
próximo nível, o aluno deve ter dominado e adquirido a habilidade do nível anterior” (FERRAZ &
BELHOT, 2010, p. 424). Compreender a natureza dessas categorias é fundamental para
determinar de modo eficiente quais competências devem figurar no Planejamento de Ensino.
E não é só isso! O professor precisa definir a sequência de encadeamento de competências de
modo que o desenvolvimento do processo cognitivo do estudante seja efetivado
satisfatoriamente.
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âmbito da Filosofia, da Geografia, da História e da Sociologia – e na inter-relação entre todos
esses saberes.
Filosofia
A Filosofia, mãe de todas as ciências, “estabelece-se como um dos fundamentos primeiros das
diversas competências que o Ensino Médio visa desenvolver nos jovens e adultos em processo
de formação, buscando sua melhor inserção na sociedade e do pleno exercício da cidadania”
(CRMG-EM, p. 212). Com uma identidade bem definida desde seu surgimento na Grécia antiga,
a Filosofia contribui de modo significativo para a proposição de ações interdisciplinares, visto
estar na base das muitas ciências e dispor de conceitos universais que favorecem o debate e a
compreensão da realidade à nossa volta.
o conceito comporta a relação entre três elementos: com o real, ao qual seu
conteúdo se refere, com o pensamento, porque é uma ideia ou
representação mental, com a linguagem, pela qual ele é concebido e
expresso. Assim, o trabalho de elucidação e compreensão dos conceitos
deve dar-se de forma concomitante ao esclarecimento do vocabulário
empregado (RODRIGO, 2009, p. 60)
Ademais,
Pensando em sua disposição enquanto fundamento do real e de seu lugar cativo dentro do
CRMG, “enquanto componente curricular, uma das especificidades da Filosofia está em
problematizar os saberes constituídos historicamente e se apropriar dessas provocações para
que seja possível pensar e agir criticamente no mundo” (CRMG-EM, p. 213). Desse modo, a
Filosofia permite uma reflexão digna sobre a composição de uma arte de viver, assunto que diz
respeito a todos – e, por isso mesmo, “talvez o lugar, ou um dos lugares da Filosofia no ensino
médio seja exatamente pensar filosoficamente a própria estrutura do ensino, isto é, pensar o
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que dificulta o trato filosófico das questões referentes à própria formação do sujeito” (BODART
& ROGÉRIO, 2020, p. 87).
Geografia
Nesse contexto, por exemplo, “a Cartografia no referencial curricular será considerada uma
linguagem, um sistema de código de comunicação importante para o ensino da Geografia,
articulando fatos, conceitos e sistemas conceituais que permitem ler e escrever as
características do território” (CRMG-EF, p. 790). Portanto, não é possível tratar de Geografia
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Escolar sem se dedicar a práticas socioespaciais que respeitem o fator humano e suas
dimensões distintivas em relação com os elementos físicos e os fenômenos naturais que
singularizam a dinâmica da superfície terrestre.
História
O ensino de História é tão dinâmico quanto a dimensão temporal humana sobre a qual esse
componente curricular se debruça. Este saber trata das diversas narrativas acerca do mundo e
dos sujeitos que dão significado à realidade a partir de suas relações humanas. Tipicamente
associada ao passado, “a História é um conhecimento em constante construção e reconstrução
feita pelos homens do presente e para os homens do presente e, portanto, carrega em si as
marcas, experiências e valores de cada época” (CRMG-EF, p. 830). Nesse sentido,
Desse modo, a História como componente curricular não pode estar a serviço de uma pura
análise ou legitimação de eventos passados. Ela deve mobilizar competências que permitam
ao estudante utilizar gráficos, tabelas, textos, conceitos e outros elementos para compreender
as diferentes épocas e suas particularidades, conseguir compará-las criticamente e apreender
de que modo podemos protagonizar de modo consciente os eventos que se sucedem e
adquirem sentido por meio de nossas ações. Em suma,
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por todas as razões apresentadas, espera-se que o conhecimento histórico
seja tratado como uma forma de pensar, entre várias; uma forma de indagar
sobre as coisas do passado e do presente, de construir explicações,
desvendar significados, compor e decompor interpretações, em movimento
contínuo ao longo do tempo e do espaço. Enfim, trata-se de transformar a
história em ferramenta a serviço de um discernimento maior sobre as
experiências humanas e as sociedades em que se vive. (CRMG-EF, p. 833)
Sociologia
A Sociologia Escolar evidencia ao estudante como nos inserimos no meio social a partir da
compreensão da articulação entre os elementos fundamentais que compõem e moldam nossa
sociedade. A partir disso, “o conhecimento sociológico pode ser instrumento de emancipação
social ao auxiliar o estudante a reconhecer seu lugar no mundo social e seus direitos, assim
como despertá-lo para a sua necessidade de fala, compreendendo as disputas pelas definições
de ‘verdade’” (BODART & ROGÉRIO, 2020, p. 29-30).
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crítico e transformá-las em análises reflexivas da realidade social, visando a
ouvir a as diferentes vozes envolvidas. (CRMG-EM, p. 229-230)
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o protagonismo voltados para o bem comum e preocupado, sobretudo com
a superação das desigualdades sociais e do preconceito, garantindo a
inclusão de diferentes pessoas, sendo elas respeitadas em suas
especificidades. (CRMG-EF, p. 780)
De modo a consolidar uma nova rotina de trabalhos orientada pelas premissas acima, é
necessário partir do princípio de que “essa nova forma de organizar o currículo exigirá que os
professores responsáveis por cada componente curricular contextualizem as competências e
habilidades da Área de Conhecimento das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas” (CRMG-EM,
p. 210). Logo, todo esse processo “requer um alto grau de autoria e protagonismo dos
professores e, ainda, um expressivo conhecimento da realidade histórica, socioeconômica,
geográfica e cultural do território onde está situada a escola” (CRMG-EM, EM, p. 211). Dessa
maneira, o professor deve se desvencilhar da fobia do erro e assumir que
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ousar criar é também importante. Experimentar novas linguagens é também
se forçar a ver as coisas de uma nova maneira. É evidente, contudo, que
para se aventurar à criação de uma nova linguagem sem cair na gratuidade,
que se converteria em mera presunção, é útil conhecer antes as linguagens
de observação já existentes, dominá-las com igual fluência. (BARROS, 2018,
p. 45)
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Aula 3 – Práticas educacionais centradas na autonomia e no protagonismo dos estudantes:
metodologias ativas, engajamento e o prazer nas relações de ensino-aprendizado
Específica 2:
Analisar a formação de territórios e fronteiras em diferentes tempos e
espaços, mediante a compreensão dos processos sociais, políticos,
econômicos e culturais geradores de conflito e negociação, desigualdade e
igualdade, exclusão e inclusão e de situações que envolvam o exercício
arbitrário do poder.
Habilidades EM13CHS204: Comparar e avaliar os processos de ocupação do espaço e a
formação de territórios, territorialidades e fronteiras, identificando o papel de
diferentes agentes (como grupos sociais e culturais, impérios, Estados
Nacionais e organismos internacionais) e considerando os conflitos
populacionais (internos e externos), a diversidade étnico-cultural e as
características socioeconômicas, políticas e tecnológicas.
Objetos de Perspectivas filosóficas do Ocidente e do Oriente
Conhecimento Violência e Política
Polemologia e Irenologia
Filosofias da não-violência
Ahimsa na Filosofia e na Política
O que pode ser feito O estudante pode elaborar e apresentar um breve relatório contendo sua
para personalizar o percepção sobre os elementos necessários para a manutenção do conflito até
processo de ensino- alcançar a vitória no jogo 7 Wonders Duel. As impressões advindas dessa
aprendizado? atividade realizada em casa após o término do jogo podem servir de base para
aprimorar a abordagem dos conceitos filosóficos durante a aula.
Recursos Em casa:
- Computador
- Acesso à internet
- Registro gratuito no site boardgamearena.com para jogar 7 Wonders Duel. O
jogo trata sobre conflito entre nações em busca de hegemonia militar,
científica ou cultural.
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- Livro didático Temas de Filosofia (ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS,
Maria Helena Pires. Temas de Filosofia. 3 ed. São Paulo: Moderna, 2005, p.
280-295)
Em sala:
- Livro didático Temas de Filosofia (ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS,
Maria Helena Pires. Temas de Filosofia. 3 ed. São Paulo: Moderna, 2005).
ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS
Espaços Atividade Duração Papel do Papel do
estudante Professor
Em casa Assistir ao vídeo com 15 minutos Compreender e Disponibilizar
a apresentação das problematizar as vídeo e
ideias principais abordagens contextualizar
presentes nas páginas filosóficas sobre brevemente o
280 a 285 do livro os tipos de conteúdo a ser
didático Temas de violência e os estudado pelos
Filosofia e fazer um valores alunos.
fichamento por subjacentes às
tópicos (Tópicos do ações de guerra e
vídeo: 1. Natureza paz.
humana e os tipos de
violência; 2. Guerra e
violências extremas;
3. Concórdia e
filosofia da não-
violência).
[Recompensa: 1
medalha].
Em casa Jogar 7 Wonders Duel 30 minutos Analisar o tema e Disponibilizar link
no site o contexto do para acessar o
boardgamearena.com jogo, associando jogo e orientar
e registrar e registrando sobre acesso ao
sucintamente os suas impressões seu conteúdo e
aspectos relativos ao da partida de 7 sobre o registro
desenvolvimento do Wonders Duel das impressões
conflito no jogo levando em do jogo
(recursos necessários consideração o associadas ao
para a manutenção texto do livro conteúdo lido em
da guerra; papel do didático. casa.
militarismo, da
ciência e da cultura
para a obtenção da
vitória etc). [Resumo
opcional –
Recompensa: 1
medalha].
Em casa Assistir ao filme 3 horas e 28 Assistir ao filme Indicar e
“GANDHI” (Richard minutos GANDHI e fazer contextualizar o
Attenborought, uma resenha filme em relação
Estados Unidos, Índia, crítica levando aos temas
Reino Unido. em consideração estudados.
Goldcrest Films, o texto do livro
1982) e fazer uma didático.
resenha crítica.
[Atividade opcional –
Recompensa: 1
medalha]
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Sala de Aula Apresentação das 10 minutos Debater Recolher e
impressões sobre o brevemente com analisar junto aos
vídeo, o jogo e o os colegas e o estudantes as
filme. professor sobre suas impressões
as impressões do sobre o vídeo, o
vídeo, do jogo e jogo e o filme.
do filme e a
relação deles com
os elementos
constitutivos
relacionados ao
tema da
violência, da
guerra e da paz.
Sala de Aula Apresentação e 15 minutos Analisar Orientar o debate
debate sobre os conceitos éticos sobre a relação
conceitos filosóficos importantes para entre ações
do âmbito da ética compreender a éticas, guerra, paz
relevantes para a cultura humana a e cultura humana.
compreensão da partir do debate
cultura humana a sobre os valores
partir da análise dos inerentes às
temas da guerra e da práticas de
paz. violência, guerra
e paz.
Sala de Aula Realização da 25 minutos Responder por Auxiliar os
avaliação da aula, da escrito a estudantes
autoavaliação e da avaliação da aula, individualmente a
atividade de a autoavaliação e sanar dúvidas,
encerramento – as questões equívocos e
(Questões do livro proposta pelo impasses
didático a serem professor. relacionados às
respondidas: perguntas de
1. O conflito faz parte encerramento da
do convívio humano. aula.
Quando degenera em
violência? Como
enfrentá-lo em
concórdia?
2. Dê as possíveis
causas de uma guerra
justa. Em seguida,
explique quais são as
piores consequências
de qualquer guerra.
3. Explique por que o
genocídio é um crime
contra a
humanidade?
4. Após analisar as
possíveis causas da
violência urbana,
indique quais seriam
as soluções
repressivas e as
soluções preventivas
a serem tomadas pelo
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poder público para
conter a escalada de
violência.)
AVALIAÇÃO
O que pode ser feito para Analisar o feedback dos Perguntar aos estudantes qual
observar se os objetivos da aula estudantes – escritos e orais – é a sua avaliação da aula e a
foram cumpridos? sobre o vídeo, o jogo e o debate sua autoavaliação com relação
desenvolvido em sala de aula de às propostas feitas pelo
modo a verificar a apreensão de professor (aspectos negativos e
conceitos como justiça, guerra, positivos). Avaliar as respostas
virtude, paz, violência, da atividade escrita realizada
tolerância e a capacidade de antes do encerramento da aula.
argumentação a partir do
emprego desses conceitos.
Recursos de personalização pós- O feedback dos estudantes sobre o vídeo, a aula e o jogo (temática
avaliação (opcional) e mecânica, elementos narrativos que mais chamaram a atenção,
pontos desinteressantes, relevância e relação com os conceitos
estudados) podem auxiliar em uma possível reorientação da
abordagem pedagógica nas aulas subsequentes de modo a
consolidar conceitos e competências relativas ao tema explorado.
O debate e a atividade escrita sobre ética, guerra e paz podem
servir para averiguar se os estudantes compreenderam e
operaram com os conceitos por meio da argumentação filosófica
ou se será necessário dedicar mais tempo e elaborar novas
estratégias pedagógicas para desenvolver melhor as competências
ainda não consolidadas.
BIBLIOGRAFIA
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de Filosofia. 3 ed. São Paulo:
Moderna, 2005.
(Modelo de plano de aula inspirado na proposta de BACICH, NETO & TREVISIANI, 2015, p. 303)
O plano de aula acima, do componente curricular Filosofia, foi elaborado para uma turma de
2º Ano do Ensino Médio com 40 estudantes e tem como tema central o estudo da ética. A
ideia é explorar o tema a partir da análise de conflitos moldados por ações de violência e não-
violência. Há atividades propostas para dois espaços distintos: antes (em casa) e durante a aula
(escola), de modo a otimizar o desenvolvimento das competências exploradas junto aos
estudantes.
Três foram as propostas indicadas para serem realizadas em casa. A primeira delas é assistir a
um vídeo gravado pelo professor sobre o capítulo do livro didático cujo tema é “Violência e
Concórdia”. O intuito desse vídeo é favorecer que o estudante acesse de modo preliminar os
conceitos básicos sobre o tema, perceba a construção dos argumentos referentes ao
desenvolvimento das ideias apresentadas e se posicione criticamente diante do conteúdo
estudado.
O segundo momento a ser realizado em casa é participar de uma partida online do jogo 7
Wonders Duel. Com uma natureza mais lúdica esse momento tem como objetivo incentivar o
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engajamento do estudante com a atividade a ser desenvolvida sem o auxílio presencial do
professor. O jogo pode ser acessado gratuitamente no site boardgamearena.com mediante um
rápido e simples registro. 7 Wonders Duel é um jogo para duas pessoas e tem como temática o
embate militar, científico e cultural entre duas civilizações. No jogo, a vitória é conquistada
assim que um dos jogadores alcança a hegemonia em um dos três domínios explorados ao
longo da partida.
O terceiro momento proposto como atividade anterior à aula é assistir ao filme Gandhi. O
filme é baseado em eventos importantes ocorridos na vida de Mohandas Karamchand Gandhi,
mais conhecido como Mahatma Gandhi. O filme tem como pano de fundo o contexto de lutas
da Índia pela independência do Reino Unido e apresenta as ideias de desobediência civil e de
resistência não-violenta como alternativas ao embate direto e hostil na resolução de conflitos
violentos.
Para cada uma das atividades a serem realizadas pelo estudante em casa é solicitada uma
resenha ou fichamento. Apenas o fichamento sobre os tópicos do vídeo constitui uma
atividade obrigatória, sendo as resenhas do jogo e do filme opcionais. No entanto, todas as
três atividades por escrito estão relacionadas a uma recompensa: as medalhas (badges). Esse
elemento simples de gamificação funciona como um incentivo e um símbolo do envolvimento
do estudante com o processo de ensino-aprendizado.
Do mesmo modo, o professor pode disponibilizar bimestralmente, por exemplo, uma lista de
Recompensas Únicas que podem ser reivindicadas por aqueles que conquistem um
determinado número de medalhas, como no exemplo abaixo:
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A quantidade de medalhas acumuladas e suas respectivas recompensas podem ser propostas
pelo professor do modo que julgar pertinente, mas sempre tendo em vista o engajamento dos
estudantes com as propostas escolares, a consolidação dos conteúdos explorados e o
desenvolvimento de competências gerais e específicas. Vale ressaltar que todas as
Recompensas Únicas devem ser muito bem explicitadas aos estudantes de modo a não
corroborar mal-entendidos durante o ano letivo. Uma alternativa interessante é definir quais
serão as Recompensas Únicas junto com os estudantes.
A aula descrita no plano acima foi elaborada levando em consideração metodologias como o
Ensino Híbrido e a Sala de Aula Invertida. Como o professor disponibilizou um vídeo versando
sobre o tema da aula, o estudante necessita de recursos tecnológicos que permitam acessar o
seu conteúdo. O vídeo poderia ser disponibilizado pelo youtube, plataforma digital escolar,
computadores da sala de informática da escola ou em arquivo para que os estudantes
repliquem entre si e consigam consultar o material mesmo offline. O ideal é que todos tenham
acesso ao conteúdo da aula através do vídeo (em último caso, o livro didático pode suprir essa
demanda, apesar de ser uma alternativa menos atrativa dentro da presente proposta
metodológica). Hoje encontramos com relativa facilidade cursos, tutoriais e outras orientações
sobre gravação e disponibilização de vídeos pedagógicos – o que pode auxiliar o professor a
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desenvolver competências sobre o assunto (confira, por exemplo, BERGMANN & SAMS, 2016,
p. 33-42).
Ainda em relação ao momento anterior à aula realizado pelo estudante em casa, cabe algumas
observações. O jogo 7 Wonders Duel proposto no plano de aula, na verdade, é um jogo de
tabuleiro que foi adaptado para ser utilizado online. No atual mundo conectado, os jogos
digitais têm muito a contribuir com a educação – sejam eles jogos educacionais ou não. No
entanto, vale destacar que o jogo analógico também pode desempenhar um papel importante
para desenvolver competências diversas. A criação de jogos analógicos na escola, se bem
planejada, é uma atividade barata, engajadora e que favorece o desenvolvimento de muitas
competências, como a descrita na Competência Geral 9:
Do mesmo modo, podemos considerar o filme indicado no plano de aula, Gandhi. A uma
primeira vista, esse filme geralmente se configura como uma atividade maçante aos olhos dos
estudantes: tema aparentemente distante de suas realidades, sem os apelos estéticos de
produções cinematográficas contemporâneas e muito longo se comparado aos filmes e séries
que habitualmente a juventude consome nos dias de hoje. No entanto, se o professor
consegue criar conexões entre o contexto do filme e a atualidade, além de propor o filme não
como uma tarefa escolar estrita, mas como uma atividade formativa a ser desenvolvida em
família, talvez esse panorama possa se alterar – e contribuir para a consolidação de
competências socioemocionais importantes.
É claro que para conseguir encantar e convencer os estudantes, o professor precisa possuir
muita didática e competências persuasivas à disposição. No final das contas, um trabalho de
curadoria geralmente possibilita encontrar filmes com teor equivalente àquele do filme
presente no plano de aula, mas que sejam mais condizentes com a faixa etária e os interesses
dos estudantes... No mais, o filme sugerido no plano de aula acima, apesar de muito
pertinente ao contexto a ser estudado, é uma opção que poderia ser excluída da programação
sem comprometer seus objetivos gerais.
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Com relação ao segundo espaço proposto no plano de aula, temos também três momentos
distintos: Uma sondagem inicial das percepções dos estudantes sobre o vídeo, o jogo e o filme
(oral e escrita); uma breve apresentação/debate mediado pelo professor sobre os conceitos
importantes do contexto da ética (violência, guerra, paz etc.) realizado de modo dialógico, com
a participação ativa dos estudantes; por fim, uma atividade escrita a ser entregue ao professor
sobre o tema da aula.
Todos esses três momentos são importantes para o professor perceber o domínio ou
defasagem do estudante com relação ao assunto explorado individualmente em casa. A partir
do feedback inicial dos alunos, o professor pode se antecipar e reordenar a sua
apresentação/debate acerca dos conceitos principais de ética que se seguirá às impressões
sobre o vídeo, o jogo e o filme. Esse processo favorece a personalização do ensino e a
realização satisfatória da atividade escrita proposta para o último momento da aula, uma vez
que o professor já sabe qual estudante provavelmente precisará de uma maior atenção para
dar continuidade ao processo de apreensão dos conceitos e aplicá-los de forma bem-sucedida
na atividade escrita.
Ainda desdobrando esse segundo momento – caso ainda haja tempo e seja possível se manter
fiel à programação do plano de aula – o professor pode extrapolar os contextos grego e
indiano e fazer provocações a partir de questões clássicas da Filosofia, como contrapor as
ideias de Maquiavel (“é bem mais seguro ser temido que amado”) e Guicciardini (“a esperança
pode mais que o medo”), apresentar e explicitar a máxima de Clausewitz (“a guerra é a
continuação da política por outros meios”) ou comentar os artigos presentes no ensaio À Paz
Perpétua de Kant (no qual o filósofo encara a guerra como condição natural dos Estados, mas
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que na medida em que essa condição não se mostra justa nem moral, deve ser abolida em prol
do estabelecimento da paz).
Com relação ao último momento a ser desenvolvido em sala de aula, é necessário frisar que
ele também deve prezar pelo envolvimento ativo do estudante. O professor deve se mostrar
presente e disponível para auxiliar aqueles que ainda não compreenderam definitivamente os
conceitos estudados, permitindo que eles reflitam por si mesmos e consigam elaborar
respostas pertinentes e interessantes para as questões apresentadas. A avaliação da aula e a
autoavaliação dos estudantes permitem ao professor avaliar se a sua programação pedagógica
consegue conjugar satisfatoriamente ou não os anseios dos alunos com os conteúdos a serem
explorados fora e dentro de sala de aula. No que diz respeito às quatro perguntas propostas no
plano de aula deixaremos para explorá-las ao final da Unidade III do nosso curso.
Enfim, reconhecemos que todas as propostas apresentadas acima precisam ser construídas
progressivamente e com muito zelo, de modo que escolas, educadores e estudantes
compreendam que é possível efetivar essas práticas, tal como o novo currículo mineiro
determina. É fato que, sem uma formação adequada, instrumentos de trabalho disponíveis e
imersos em um contexto educacional desfavorável,
Logo, para lograr sucesso nessa empreitada, Secretaria de Educação e comunidade escolar
precisam se aliar para oferecer condições para a efetivação do CRMG. Os educadores em geral
precisam de suporte adequado para se apropriarem das novas metodologias ativas de
aprendizagem para que, assim, contribuam para a construção de um ambiente educacional no
qual alunos se interessem pelos estudos e professores se contagiem pelo interesse dos
estudantes. Esse investimento nos docentes se faz necessário uma vez que, além de
“enriquecer materiais prontos com metodologias ativas: pesquisa, aula invertida, integração
na sala de aula e atividades on-line, projetos integradores e jogos”,
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REFERÊNCIAS:
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personalização e tecnologia na educação. Porto Alegre: Penso, 2015.
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abordagem téorico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018.
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2018.
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metodologias ativas de ensino: uma abordagem teórica. Revista Thema, v. 14, n. 1, p. 268-
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