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AULA DE CAMPO: UM JEITO DIVERTIDO DE SE APRENDER GEOGRAFIA.

Marcos Régis Matheus1


helecopinho1@hotmail.com

INTRODUÇÃO

O presente artigo tem a finalidade demonstrar o desenvolvimento


de uma pesquisa realizada junto ao PDE – Programa de Desenvolvimento
Educacional.

Dedicamos a primeira parte deste artigo para tratar das questões


relacionadas as metodologias de ensino de Geografia e as transformações que
vem ocorrendo no processo ensino e aprendizagem.

Na segunda parte, tratamos da elaboração e proposta de uma


unidade didática que seria apresentada e desenvolvida com alunos do
Segundo Ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Professora Maria José
Balzanelo Aguilera. A unidade didática em questão trouxe como metodologia a
realização de duas aulas de campo.

Na terceira parte, relatam-se as discussões ocorridas no GTR –


Grupo de Trabalho em Rede. Trata-se de um curso oferecido aos professores
da Rede Estadual de Educação do Estado do Paraná, onde através de uma
plataforma on line, os mesmos podem relatar suas experiências, tirar dúvidas a
respeito de metodologias e debaterem a importância da temática apresentada
pelo professor PDE.

Na quarta parte deste artigo, dedicou-se a relatar as experiências


relacionadas aos fatos que ocorreram durante a realização das duas aulas de
campo pré-determinadas pelo projeto da Unidade Didática. Este debate fez

1
MARCOS RÉGIS MATHEUS – Professor de Geografia no Colégio Estadual
Professora Maria José Balzanelo Aguilera, no município de Londrina, Pr. Graduado em
Licenciatura de Geografia pela UEL – Universidade Estadual de Londrina, com
especialização em Administração, Supervisão e Orientação Educacional pela
UNOPAR – Universidade Norte do Paraná e Especialista em Educação Para Alunos
Com Necessidades Educacionais Especiais pela ESAP. Também Bacharel em Direito
pela Faculdade Catuai. Ingressado na Oitava Turma PDE no ano 2016.
questão de demonstrar os pontos positivos e os pontos que devem ser
repensados em termos metodológicos.

Por fim, terminamos o artigo relatando a importância do PDE em


nossa formação/capacitação profissional tendo sido avaliado como
extremamente positivo e, neste sentido, defendemos a necessidade da
manutenção e até mesmo a expansão deste projeto.

1 A IMPORTÂNCIA DA GEOGRAFIA E AS DIVERSAS POSSIBILIDADES


METODOLÓGICAS QUE PODEM SER ADOTADAS NO PROCESSO
ENSINO E APRENDIZAGEM:

Quando falamos em educação, nos referimos ao ato de ensinar


as crianças, adolescentes, jovens e adultos dentro de uma concepção que nos
exige métodos.

Várias metodologias são utilizadas nas escolas pelos professores


de diversas disciplinas, entretanto, o que tem se percebido é que a escola não
tem acompanhado o tempo de evolução desta nova geração.

De acordo com Campos, “a Geografia tem muito a contribuir na


formação dos alunos ao fornecer um conjunto de saberes que lhes serve de
instrumental teórico de interpretação do mundo para melhor aprendê-lo e nele
atuar.” (2010. p.9).

Estamos diante de uma geração ligada ao mundo das


tecnologias, das relações virtuais e, por conta disso, tem se percebido
mudanças significativas no comportamento das pessoas.

A escola, por sua vez, tem se mostrado bastante atrasada quando


se propõe uma educação bancária, na qual o professor é o transmissor de
conhecimento e o aluno é aquele que se apresenta como uma “tábua rasa” ao
qual deverá absorver os conhecimentos passados pelo professor.

Atualmente, de acordo com Campos, “a aprendizagem só faz


sentido para o aluno se ela for realmente significativa e estiver contextualizada
com a realidade”. (2010, p. 11)
É visível que a escola tradicional tenha ficado para trás, não se
suporta mais os modelos de educação que tivemos em tempos outrora no
quais os professores falavam de seus conteúdos e os alunos eram tidos como
expectadores do saber. Os tempos mudaram e, por isso, os professores se
viram obrigados a buscar novas metodologias de ensino que atendessem as
demandas desta nova geração, a chamada geração “Y” ou geração “Z”.

As gerações denominadas Y ou Z são destas crianças que já


nascem praticamente inseridas no mundo das tecnologias e das informações
rápidas. Isso nos faz crer que avançamos por um lado, de outro, a sociedade
retroagiu, porque perdemos a paciência, a humanização das relações. Desta
maneira, Campos assegura:

A metodologia não deve ser vista como instrumento que


leva ao conhecimento, mas como conhecimento que
instrumenta o professor no seu fazer cotidiano. Neste
sentindo, se exige dos professores um comprometimento
ético e contextualizado da organização do espaço e de
seu processo de produção/reprodução desigual. (2010. p.
10)

Estamos vivendo um período da história educacional em que os


alunos querem respostas rápidas, tais quais podem simplesmente serem
buscadas no “Google”, todavia, informação e formação não são palavras
sinônimas ainda que reconheçamos que uma coisa depende da outra.

Quando falamos em informações podemos associar a noticiários


transitórios que passam, são ouvidos por todos, armazenados em nossas
mentes somente aquilo que nos interessa num determinado momento. Por
outro lado, quando falamos em formação, estamos tratando de algo muito mais
abrangente, isto é, de algo que cela os caracteres do nosso ser.

A formação diz respeito àquilo que modela o nosso caráter, nos


direcionam para o bem viver em sociedade, nos impõe uma obediência a uma
série de valores éticos, morais, sociais. A formação é aquilo que nos formata
como pessoas, como pais de famílias, como bons profissionais, nas palavras
de Singer:

A visão civil democrática da educação não vê contradição


entre a formação do cidadão e a formação do
profissional, da futura mãe ou pai de família, do
esportista, do artista e assim por diante. O laço que une
os procederes educativos é o respeito e a preocupação
pela autonomia do educando. (1995. p. 5)

Onde está o problema da escola? O problema da escola,


sobretudo da escola pública, é vencer o desafio de formar cidadãos, cumprir
uma demanda que salta aos olhos da sociedade, a demanda da falta de
humanidade, da falta de respeito, da valorização do que é público, do
rompimento com o preconceito, do reconhecimento do valor do trabalho, entre
outras.

Os debates em torno das demandas da escola não cessam, neste


sentido, Singer revela que:

Mais do que nunca, a educação está hoje em debate, no


Brasil e em todo do mundo. O universo dos educadores,
educandos, administradores de aparelhos educacionais,
políticos e gestores públicos está dividido e polarizado
em duas visões opostas dos fins da educação e de como
atingi-los. (1995. p. 5)

Entretanto, moldada e trilhando os mesmos caminhos da década


de 1960, a escola não conseguirá superar este desafio, daí a necessidade de
se repensar a escola para o século XXI.

É importante saber que os professores devem ter uma nova


metodologia para ensinar, a estrutura física da escola deve apresentar um
modelo novo, as disposições das carteiras (bancos escolares) devem ser
reestruturadas, mudadas de posição, as cores das salas de aulas devem ser
repensadas, pois a cor utilizada no ambiente promove mudanças
comportamentais e, por fim, as aulas devem ser repensadas em termos de
didática e metodologias aplicadas no processo ensino e aprendizagem.

Os professores, a todo tempo devem repensar suas práticas


pedagógicas, isto posto, de acordo com Campos:

O educador crítico reconhece que a realidade é mutável e


não se satisfaz com as aparências, discutindo com seus
educandos os princípios autênticos de causalidade.
(2010. p. 12)
Os alunos devem ser desafiados a aprender, a gerar soluções
para problemas reais. Devem entender que sua formação deverá servir para
fazer um mundo melhor para se viver. É preciso despertar lideranças, criar
consciências mais humanas, justas e solidárias. O sentido de aprender deve ter
um significado prático. Na esteira deste raciocínio, vejamos as colocações de
Libâneo:
Uma das características profissionais do professor
consiste em atuar na zona de desenvolvimento proximal,
isto é, ajudar os alunos na resolução de problemas que
estão fora do seu alcance, desenvolvendo estratégias
para que, pouco a pouco, possam resolvê-los de modo
independente. Isso supõe uma boa capacidade de
conversação do professor para fazer interagir na mente
da criança aquilo que ela já sabe e aquilo que ele próprio
vai introduzindo, de modo a criar formas de interação
cognitiva que ampliem o desenvolvimento mental dos
alunos. (2010, p. 575)

Pensando nos problemas da escola e nos desafios que temos a


enfrentar, é que tomamos a liberdade de escolher trabalhar com metodologias
de ensino, no nosso caso, ensino de Geografia.
Defendemos que só uma metodologia de ensino adequada
contribuirá para se ver solucionadas as demandas relacionadas às
desigualdades sociais, combate ao racismo e qualquer forma de discriminação.
Asseguramos que se os conteúdos que ensinamos são
importantes, mais importantes ainda, são os métodos que utilizamos para
debatê-los em sala de aula. Neste sentido:

Uma das questões fundamentais de serem trabalhadas


no cotidiano escolar, na perspectiva da promoção de uma
educação atenta à diversidade cultural e à diferença, diz
respeito ao combate à discriminação e ao preconceito,
tão presentes na nossa sociedade e nas nossas escolas.
(MOREIRA; CANDAU, 2003, p. 163)

De nada adiantaria a escola trabalhar com maestria todos os


conteúdos, vencer todos os programas de ensino, mas não formar um sujeito
ativo, capaz de compreender as diferenças, respeitar e prestar solidariedade a
todos os que necessitam.
A escola tem o dever de se apresentar como um espaço
democrático, liberto e acessível a todos, jamais pode se conceber uma escola
fria, pautada somente em conteúdos pelos conteúdos sem se verificar
diariamente o valor humano. Assim, ao tratar de conteúdos e metodologias,
Campos afirma:

É preciso advertir que as metodologias não são meras


formas neutras nas quais se depositam conteúdos. Os
conteúdos em suas especificidades pedem coerência nas
suas formas de produção – transmissão – produção. As
metodologias são evidentemente formuladas mediante
concepção de homem, de mundo e de educação e,
portanto, veiculam alguma base teórica. (2010, p. 10)

Assim, para começar bem o nosso trabalho precisamos saber que


existem algumas perguntas que temos que responder, entre elas: Por que os
alunos devem aprender Geografia? Como a Geografia poderá contribuir com a
qualidade de vida destes alunos? Qual é o objeto de estudo da Geografia?
Respondidas as questões acima, devemos, enquanto
professores, também nos perguntar: Como ensinar Geografia? Qual a
importância do conteúdo da Geografia que ensinamos para a vida dos alunos?
Quais são os instrumentos metodológicos possíveis de serem utilizados para
ensinar Geografia com a qualidade que queremos?
Diante das análises acima mencionadas é que daremos um start
para a produção de um trabalho significativo para os alunos. Se nosso trabalho,
nossa metodologia, nossos objetivos e o objeto da nossa ciência estiverem
claros para nós, certamente já teremos boa parte do caminho andado em
busca de uma solução aos conflitos do processo ensino x aprendizagem.
No sentido de municiar nossas pretensões do bem ensinar,
investimentos contínuos em formação do professor se fazem extremamente
necessárias, cursos e programas continuados de capacitação profissional para
professores devem estar no plano politico do estado.
Não se pode pensar em capacitação profissional como um
programa de governo, mas sim como um programa de Estado, isto é, passe o
governo que passar ou passe o partido político que passar, mas o programa de
capacitação profissional do professor sempre deve ser mantido e ampliado.
Lamentamos as interrupções dos cursos de formação para
professores, da mesma forma, é motivo de lamentação a falta de investimentos
no setor da educação, entretanto, constatam-se os professores, fazendo o que
podem no sentido de se preparar com a finalidade de atender as demandas
que para nós são propostas.
As demandas que chegam à escola não são poucas, percebe-se
que a escola tornou-se nos últimos anos um local que se resolve mais do que
simplesmente o fazer pedagógico, resolvem-se uma série de problemas
sociais, conflitos familiares, drogas, problemas de ordem psicológica, entre
outros.
Resolver as demandas acima, não se trata de uma escolha que a
escola tenha a prerrogativa de fazer ou não, tratam-se de problemas que nos
chegam e temos que dar soluções a fim de abrir caminhos para o processo
ensino x aprendizado com qualidade.
O aluno que nos chega muitas vezes com fome, não tem
condições de aprender, o aluno que nos chega perturbado com seus conflitos
pessoais ou familiares, não apresentará bons resultados, o aluno que foi vítima
do tráfico de drogas e se drogou, não tem capacidade intelectual completa para
aprender, portanto, ainda que tais fatos sejam criticados por diversos
professores que entendem que a escola não devesse abraçar esses
problemas, é razoável pensar que tais fatos afetam diretamente a relação de
ensino e aprendizagem em sala de aula e por isso, como profissionais da
educação temos que buscar meios de solucionar tais problemas.
Convenhamos que a escola esteja vivendo um novo tempo e, por
isso, temos mesmo que nos adaptar a tais mudanças. O PDE – Programa de
Desenvolvimento Educacional é uma forma de oferecer aos professores uma
formação continuada necessária para o enfrentamento dos novos desafios
educacionais.
Fazer parte deste programa é ter a oportunidade de enxergar a
escola de fora, ver os problemas da escola sem estar inseridos no contexto da
correria do dia a dia, por isso, justifica-se o afastamento total durante um ano
no desenvolvimento do programa.
O professor ao ingressar no PDE, deve escolher uma linha de
estudo, no nosso caso, escolhemos a linha que trata das metodologias de
ensino de Geografia e a partir de tal escolha, tem que se desenvolver um
Projeto de Estudo e um Projeto de Ensino, além disso, tem que coordenar um
GTR – Grupo de Trabalho em Rede, no qual compartilhamos nossos projetos e
nossas experiências com colegas professores de várias cidades e várias
regiões do Estado do Paraná, tem ainda que desenvolver com os alunos o
Projeto de Ensino, que no nosso caso foi formatada e proposta uma Unidade
Didática, composta por várias atividades aplicadas aos alunos do segundo ano
do Ensino Médio, e, por fim, escrever o artigo final que fecha todo o
desenvolvimento do programa em tela. Vale dizer que o artigo final é uma
forma de socializar aquilo que aproveitamos da nossa formação.
Quanto aos direcionamentos da nossa formação, conforme
descrito anteriormente, trabalhamos com metodologia de ensino. Essa escolha
deveu-se a uma série de fatores, dentre eles podemos citar: controle da
indisciplina em sala de aula, valorização da escola, da disciplina e do professor
por parte dos alunos e também por parte da comunidade, (professores, pais,
funcionários, etc.).
Esperávamos debater meios para fazer com que o espaço escolar
se tornasse mais agradável aos alunos a fim de fazer com que os mesmos
dessem mais valor àquilo que têm.
Repensar metodologias de ensino é uma forma de responder a
um quesito anteriormente tratado neste artigo, qual seja: Como ensinar
Geografia?
A maneira como ensinamos pode fazer com que os alunos
sintam-se apaixonados pela disciplina ou passem a detestá-la, dai a
importância de se ter uma metodologia de ensino adequada. Conforme
Campos, 2010:
Um professor que apresenta os conteúdos de sua
disciplina com criticidade conseguirá desenvolver o senso
crítico em seus alunos desde que esteja disposto também
a exercer sua autocrítica, reavaliando constantemente
suas práticas e estratégias. (2010. p.11)

Ao longo da nossa experiência no magistério, pudemos constatar


que muitas metodologias aplicadas por diversos professores eram rechaçadas
pela Direção, pelas Pedagogas e até mesmo por outros colegas que entendiam
que, o professor, ao levar os alunos para assistirem a um vídeo, estaria
enrolando aula, que se levassem músicas para a sala de aula, o professor
estaria enrolando ou fazendo “festinha”.
Muitos entendiam que levar os alunos para uma aula de campo
ou para um trabalho de campo, estaria tendo um lazer com os alunos e diziam
que aquilo era passeio e jamais esta atividade era entendida como uma aula.
Os fatos acima listados, sempre nos trouxeram inquietação, pois
de um lado, há cobranças para que os professores se adequem aos novos
tempos vividos pelos alunos, e, por outro lado, o rechaçar por parte daqueles
que se acomodavam no tradicionalismo de uma educação bancária criticada
por Paulo Freire. Assim, as colocações de Campos nos faz pensar:

Se nosso objetivo geral, como professores de Geografia,


é auxiliar na formação do cidadão consciente e crítico, é
preciso que os alunos apreendam a pensar sua
participação na construção dos espaços geográficos
desde cedo. Para isso é fundamental entrar em contato
com as experiências sociais tecidas no seu fazer
cotidiano. (2010. p.11)

Sugere-se pensar que no contexto da prática educacional não há


consenso sobre quais linhas seguir nem mesmo entre os educadores.
Correntes distintas de pensamentos relacionados a métodos de ensino
colocam em prática metodologias de ensino antagônicas e, desta forma, gera-
se para os alunos uma verdadeira confusão que certamente atrapalham o
desenvolvimento.
Não significa que tenhamos que falar uma linguagem única,
porém, faz-se necessário que sigamos uma corrente metodológica comum
entre todos os professores.
É importante que no PPP (Projeto Político Pedagógico) das
escolas esteja estampada a linha filosófica que se pretende adotar, as
correntes metodológicas, as regras que devem ser seguidas por todos a fim de
garantir o bom desempenho dos trabalhos. Não basta pensar na estrutura
física de uma escola, é preciso pensar mais no pedagógico, a estrutura física
da escola é o suporte que assegura a propositura de um trabalho frutífero e
próspero que resulta no melhor desempenho dos alunos.
Após essa breve explanação relacionada às nossas posições
acerca dos métodos de ensino, estrutura educacional e desafios
contemporâneos na educação, além da tratativa da importância da formação
continuada dos professores e das análises relacionadas à importância do PDE
– Programa de Desenvolvimento Educacional seguir-se-á para as análises
mais específicas do nosso projeto.
A fim de demonstrar a importância de se ter uma metodologia de
ensino de Geografia diferenciada tratou das possibilidades que uma aula de
campo ou um trabalho de campo oferecem como positivas ao desenvolvimento
cognitivo dos alunos.

2 APRESENTAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA INTITULADO AULA DE


CAMPO: PROPOSTA METODOLÓGICA PARA ENTENDIMENTO DOS
CONHECIMENTOS GEOGRÁFICOS

O título do projeto: Aula de Campo: Proposta Metodológica Para


Entendimento dos Conhecimentos Geográficos sugere a aula de campo como
mais uma possiblidade para se ensinar Geografia, entende-se que a partir de
uma visita ao campo e das análises que professores e alunos possam fazer, o
processo de construção de conhecimento se torna mais efetivo.
O que justifica esta temática é o fato de que a Geografia é uma
ciência de grande importância para as pessoas. Viver em sociedade seja no
espaço rural ou no espaço urbano, as pessoas devem perceber a Geografia
presente na sua vida, no seu dia a dia. Conforme Silva (1995. s/p)

A aula de campo é quando se vai ao campo para fazer a


observação da paisagem, e se debater in loco os
assuntos que seriam tratados em sala de aula, quando se
confrontam informações teóricas e práticas que ocorrem
no espaço geográfico.

Segundo as concepções da Geografia Crítica que se baseia no


materialismo histórico e dialético, é a ciência que tem como objeto de estudo o
espaço geográfico, isto é, o espaço construído, dominado e também apropriado
pelo homem.
A partir das análises geográficas, é possível fazer uma leitura
aplicada aos fatos que ocorrem na sociedade em várias dimensões, sejam elas
políticas, econômicas, religiosas, sociais, entre outras.
Os professores de Geografia têm em sua profissão, a
responsabilidade de fazer com que os alunos realizem uma leitura de mundo
de forma crítica, mas, sobretudo, com um olhar sistematizado, isto é,
organizado no sentido de se perceber o que outras pessoas sem o mesmo
olhar não conseguiriam ver, por exemplo: pessoas que não fazem leituras
analíticas a respeito dos fatos que ocorrem na sociedade, as pessoas que
vivem alienadas pelas mídias, pelas falsas informações, que por muitas vezes,
tem o condão de mantê-las enganadas ou que requerem delas uma
passividade acerca da realidade que os cercam. Como uma função pedagógica
do professor, Tomita, (1999) afirma:

É importante reconhecer que a aprendizagem do aluno,


ocorre sob orientação do professor, trabalhando,
operando, executando, analisando, comparando,
explicando, debatendo sobre o assunto. (1999. p. 13)

Têm se percebido que grande parte dos conteúdos trabalhados


pela disciplina de Geografia nas salas de aulas está relacionada a pelo menos
sete conceitos, a saber: Espaço, Lugar, Paisagem, Região, Território, Ambiente
e Rede.
Todos estes conceitos estão diretamente ligados às construções
humanas e a forma de como o homem administra, domina e ocupa este espaço
que chamamos e Espaço Geográfico.
Tomando por base que o homem é o construtor do espaço
geográfico, é necessário fazer com que os alunos se vejam inseridos neste
contexto de construção.
Entretanto, o que se percebe, é que as análises, a descrição do
espaço tem ficado por muitas vezes, restritos a leitura de textos, de imagens, e
quiçá de mapas, visualização de alguns vídeos, audição de músicas que
retratem o espaço, porém, nem sempre os alunos dão conta de se enxergar
como partícipes, agentes ativos desta construção.
Desta forma, esta pesquisa se justifica pela necessidade de
apresentar aos professores e aos alunos a proposta da metodologia de aula de
campo como uma possibilidade viável para o ensino de Geografia.
Acredita-se que ao levar os alunos ao campo a fim de observar,
representar, analisar, relatar o que virem ou sentirem, é uma maneira de
permitir que o aprendizado saia do campo abstrato e se torne concreto. Desta
maneira, os tornariam pessoas mais críticas acerca da realidade que as
cercam.
Em campo, os alunos podem demonstrar maior facilidade para a
aprendizagem, é possível que deem maior significado aos conteúdos. Neste
sentido, terão mais clareza a respeito dos conceitos basilares da Geografia:
Espaço, Lugar, Paisagem, Região, Território, Ambiente e Rede.
Mais do que simplesmente se reconhecer no espaço, é importante
que os alunos saibam também se situar no espaço geográfico, por isso,
defendemos a relação do espaço geográfico real com a representação
cartográfica, na qual, através de mapas, cartas, croquis os alunos se situarão
no espaço. Entende-se a cartografia como um instrumento extremamente
eficaz para satisfazer o entendimento dos conteúdos geográficos. Geografia e
cartografia devem possuir laços estreitos.
Cabe-nos salientar que, neste caso, não estamos entendendo a
cartografia como um conteúdo e muito menos como uma categoria da
Geografia, porém, entendemos que a cartografia é uma linguagem capaz de
servir de leitura para o melhor entendimento do espaço geográfico.
Assegurando nossa afirmação, temos nas palavras de Pandin (2006):

A Cartografia é um instrumento necessário para o


indivíduo em relação ao seu cotidiano. É por meio de seu
estudo que este passa a desenvolver as noções de
orientação e localização no espaço. Saber localizar-se e
entender a dinâmica construtiva do espaço refere-se
assim um desafio metodológico para sua definição.
(2006. p. 10)

A aula de campo em Geografia permite ao aluno estabelecer


relação entre os assuntos trabalhados teoricamente em sala de aula e a
prática. Faz com que construam valores acerca da realidade que o cercam e
lhes permitem um aprendizado de modo autônomo.
Através das visitas de campo, amplia-se o vínculo social entre os
alunos e destes com os professores, pode se perceber que a aplicação desta
metodologia estreita os vínculos afetivos.
Facilmente se percebe manifestação e reações de felicidade por
poder participar de uma metodologia de ensino focada na responsabilidade de
se levar o conhecimento a partir da prática.
No sentido de selar a defesa desta metodologia, podemos afirmar
que a aula de campo é uma proposta motivadora, que, aos olhos dos alunos,
contribui para o bom andamento do processo de ensino e aprendizagem.
Verifica-se que estes se fazem protagonistas da sua própria aprendizagem.
Nas palavras de Assis e Oliveira, (2009) se pode confirmar:

A aula em campo é um corpo didático que não tem


como ser separado da sensação de lazer, ansiedade,
angústia e novidades. Entretant o , n ã o d e i x a d e s e r
a u l a , r e q u i s i t a n d o , a o s docentes e discentes,
preocupação com o objet i v o d e e s t a r e m c a m p o :
u m a c o n s t r u ç ã o e legitimação do pedagógico
processo de formação humana dos alunos e dos próprios
professores em sua trajetória profissional. A aula em
campo não é um simples passeio, um dia de ócio fora da
escola, o momento de alívio e brincadeiras, um caminhar
para relaxar as mentes „bagunçadas‟ das crianças e
jovens do mundo moderno. (2009. p. 198.)

Desta forma, as aulas de campo se mostram favoráveis para o


professor que têm o interesse em ensinar e também para os alunos que devem
ter o desejo e a motivação de aprender.
Certamente, todos, devem ter clareza dos objetivos das visitas de
campo a fim de focar os seus olhares para o que se pretendem analisar e,
desta forma, uma vez focados, os resultados provavelmente serão satisfatórios.
Por isso, o objetivo maior do projeto foi refletir sobre a viabilidade
dos professores proporem mais aulas de campo no rol de suas metodologias
de ensino de Geografia.
A propositura de uma pesquisa, sua elaboração e a execução da
mesma, parte de uma problemática latente, neste caso, a problemática que se
levantou foi o fato de se reconhecer que a Geografia é a ciência que tem como
objeto de estudo o espaço geográfico, então, por quais razões muitos
professores não propõem aulas de campo com mais frequência, se o espaço é
algo concreto, palpável porque muitos professores relutam em propor aulas de
campo, quais os receios, quais são os “medos”.
Diante dos problemas levantados buscou-se responder aos
quesitos levantados e oferecer aos professores e alunos diversas
possibilidades para a propositura de mais aulas de campo.

3 O TRANSCORRER DA PESQUISA ONDE SE EXPLICA OS PASSOS


DADOS NO DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO

O objetivo geral da pesquisa foi refletir sobre a viabilidade dos


professores de Geografia propor aos alunos trabalhos de campo e aulas de
campo como metodologia de ensino viável ao ensino de Geografia de modo
que os coloquem frente às realidades concretas dos conhecimentos
geográficos.
Para atingir os objetivos propostos, buscou-se apresentar a
importância das aulas de campo para o entendimento dos conteúdos
geográficos, isso ocorreu a partir de discussões com alunos e com professores
a fim de demonstrar a importância da aula de campo no ensino de Geografia.
Desenvolveram-se diálogos com os professores de Geografia do Colégio
Estadual Professora Maria José Balzanelo Aguilera sobre a pertinência da
propositura de aulas de campo no ensino de Geografia.
No ano de 2016, durante a formatação do GTR – (Grupo de
Trabalho em Rede), buscou-se formular questões que levassem os professores
a enxergarem e terem o reconhecimento da importância da aula de campo e do
trabalho de campo, tais questões preocupou-se em detectar as angústias, os
receios, e as dificuldades dos participantes para proporem aulas de campo.
Durante a execução do GTR, já no ano de 2017, os debates e
reflexões foram extremamente importantes para sanar dúvidas, trazer dicas
relacionadas, sobretudo ao modo de se fazer um bom planejamento de aulas
de campo e exposições de experiências bem sucedidas de aulas de campo
desenvolvidas pelos professores nas mais diversas cidades e regiões do
Estado do Paraná.
Iniciou-se o GTR com vinte integrantes, o que significa adesão
máxima permitida pela plataforma disponível. De nossa parte, havia
preocupação em manter os participantes inscritos até o final do curso, neste
caso, tivemos êxito por ter ocorrido somente três baixas, portanto, terminamos
o curso com dezessete participantes ativos.
As experiências de aulas de campo demonstradas pelos
professores cursistas deste GTR, são riquíssimas, demonstravam-se sempre
muito bem planejadas.
Entretanto o que se percebeu é que estávamos num grupo de
professores que se inscreveram neste curso devido a afinidade sobre a
temática, todavia, por esta pesquisa, não seria possível afirmar o número de
professores que de fato propõem esta metodologia para os alunos.
Por fim, na sequência da nossa formação, ainda no ano de 2016,
elaboramos um projeto de ensino que foi aplicado em 2017 para os alunos que
foram apontados como público alvo.
Optamos por elaborar uma Unidade Didática composta pela
propositura de duas aulas de campo, a primeira, no entorno do colégio, onde
teríamos como comprovar a possibilidade de realizar pequenos trabalhos e a
segunda, não mais importante, porém, um pouco mais elaborada que exigiu um
mais planejamento tendo em vista o custo de transportes, alimentação e mais
contatos com empresários que abriram suas portas à nossa visita técnica.
Identificamos nossa Unidade Didática como: “Aula de Campo:
Um jeito divertido de se aprender Geografia”. O título sugere que aprender
pode ser uma atividade divertida e sabemos que a diversão e os desafios são
atrativos para a juventude. Escolhemos os alunos do segundo ano do ensino
médio como público alvo deste projeto.
A Unidade Didática foi constituída por doze atividades divididas
em duas aulas de campo, preparações para o campo (pré-campo) e atividades
pós-campo.
O tempo de contato direto com o público alvo para cumprir toda
programação ultrapassou cinquenta horas de trabalhos, foi sem dúvidas, uma
parceria e tanto.
Dentre as atividades desenvolvidas com os alunos,
apresentaremos os resultados obtidos em algumas ações que consideramos
relevantes para análise do leitor.
O primeiro passo foi escolher a turma, e, o fato de termos
escolhido o segundo ano do ensino médio, deveu-se ao fato de entendermos
que nesta série, há bastante maturidade por parte dos alunos, além disso,
trata-se de uma turma empenhada que demonstrou bastante interesse sobre a
nossa proposta.
Uma vez escolhida a turma, a eles foram apresentados os
detalhes do projeto e, sabendo que para retirar os alunos de dentro da escola
há necessidade de autorização dos pais, e ainda como sabíamos que teríamos
que arcar com custos dos transportes, alimentação e materiais, optamos por
realizar uma reunião com os pais de todos os alunos.
Na reunião, participaram os pais, os alunos, o professor autor da
proposta e a pedagoga Marcia Ribeiro, e, nesta oportunidade, o professor fez
questão de expor a importância do PDE, o valor dos alunos para o projeto e
também, ressaltou a importância do apoio dos familiares para o sucesso deste
trabalho.
No sentido de custear a execução do projeto, sabendo das
carências financeiras dos alunos, do momento de crise financeira em que vive
o país, o professor solicitou à direção da escola a liberação de um prêmio para
que pudesse ser rifado.
Por sua vez, a direção da escola, na pessoa do Professor
Norberto Giacominni nos repassou um Playstation 2 que em tempos outrora
teria sido repassado para a escola através de um Convênio com a Receita
Federal.
Com os números de rifas prontas (imagem 1), cada aluno viu-se
condicionado a vender vinte números, neste sentido, todos teriam dinheiro
suficiente para custear o transporte, materiais e a alimentação, tendo em vista
que estava planejado um almoço de confraternização num restaurante rural
que nós iriamos visitar em virtude do planejamento do trabalho.
A venda das rifas foi realizada dentro do próprio espaço familiar e
também do espaço escolar. Percebeu-se que muitos números de rifas foram
adquiridos pelos familiares dos alunos e outros números foram adquiridos por
diversos professores do Colégio que ao serem abordados pelos alunos,
acabaram contribuindo. Neste sentido, não se percebeu muita dificuldades para
se levantar o dinheiro para custear o projeto pedagógico.
Imagem 1 – Rifa vendida pelos alunos

001 AÇÃO ENTRE AMIGOS


Nome: ______________________
001
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Telefone: ___________________ Os amigos são convidados a colaborar com R$ 3,00


(três Reais) para custear os gastos de uma atividade
SORTEIO DIA 26/04/2017 pedagógica importante que acontecerá com alunos
do Segundo Ano do Ensino Médio.
Horário: 10:00 h É um jeito divertido de se aprender Geografia.

Local: dependências do Colégio Est. Colaborando você concorrerá a um Playstation 2


Prof.ª Maria J. B. Aguilera que será sorteado nas dependências do Colégio Est.
Prof. Maria José B. Aguilera.
Data do Sorteio: 26/04/2017.
Organizador: Marcos Régis Matheus

A reunião marcada com os pais foi de fundamental importância


para o sucesso do trabalho. O estreitamento das relações entre família e
escola é fundamental para o melhor aproveitamento das oportunidades de
ensino que podemos propor. Os pais, ao aconselharem seus filhos e
apontarem-lhes os melhores caminhos a serem seguidos, tornam-se
responsáveis pelo sucesso dos mesmos, nas palavras de Nogueira, (2006)
temos que:
Os pais tornam-se, assim, os responsáveis pelos
êxitos e fracassos (escolares, profissionais) dos filhos,
tomando para si a tarefa de instalá-los da melhor forma
possível na sociedade. Para isso, mobilizam um conjunto
de estratégias visando elevar ao máximo a
competitividade e as chances de sucesso do filho,
sobretudo face ao sistema escolar – o qual, por sua vez,
ganha importância crescente como instância de
legitimação individual e de definição dos destinos
ocupacionais. (2006. p. 161)

4 INICIANDO O TRABALHO DE FATO: TODOS ACOMPANHANDO PASSO


A PASSO CADA ETAPA A SER TRABALHADA

Feito os encaminhamentos iniciais, deu-se sequência a


implementação do projeto de ensino. Os alunos foram informados dos passos
que o projeto deveria seguir, com efeito, tratou-se de uma apresentação geral
das atividades que posteriormente seriam desenvolvidas.
Neste primeiro momento de contato com a proposta, debateu-se
em sala de aula a importância da Geografia na vida cotidiana dos alunos.
Definiram-se alguns conceitos basilares como: Espaço, Paisagem, Lugar,
Território, Região, Ambiente e Rede.
Os alunos foram direcionados ao laboratório de informática da
escola onde se utilizando do programa Google Earth fez uma viagem livre
sobre o espaço virtual apresentado pelo programa, de forma virtual, viajaram
por vários lugares, identificaram alguns espaços que se quer os tenham pisado.
Esta atividade teve o condão de associar o mundo das tecnologias no processo
de ensino e aprendizagem.
Na sequência, alocados no salão nobre da escola, os alunos
foram convidados a assistirem ao vídeo da série o “Mochileiro”. O vídeo em tela
apresenta todos os preparativos de um viajante que se interessa em conhecer
a Chapada da Diamantina, segue o link:

“O mochileiro – Temporada Brasil – Chapada da Diamantina”. (2º Episódio)


https://www.youtube.com/watch?v=gNF665kBE0Q

O objetivo do vídeo foi demonstrar aos alunos que antes de sair


para uma aula de campo, é necessário que tenhamos preparação em sala de
aula para que possamos estudar previamente o lugar que será visitado, deve
se prever as vestimentas que serão mais adequadas àquele espaço e também
prever posturas e comportamentos que deverão ser apresentado a fim de
tornar a visita mais produtiva, ética e não sofrer e tão pouco oferecer
constrangimentos.
Aos professores que vão propor aulas de campo, é muito
importante ficar atentos a todos os detalhes, sobretudo no tocante a segurança
dos alunos, a um bom planejamento pedagógico, nas palavras da professora
Tomita (1999), vê-se a necessidade de se fazer um check list para que nenhum
detalhe seja esquecido.
Uma vez tratado das questões burocráticas e também das
questões metodológicas, os alunos foram divididos em oito grupos de trabalhos
para a saída de campo.
Os mesmos foram orientados a sair para o campo no entorno da
escola, localizada no Conjunto Cafezal, Acapulco e imediações esta saída teve
como finalidade fotografar os espaços por eles vividos.
Cada dois grupos assumiu fazer a análise do local sob uma dada
dimensão, sendo eleito para este trabalho, um olhar pelo bairro sob as
dimensões: política, econômica, social e religiosa.

5 PRIMEIRA AULA DE CAMPO: UM OLHAR DIRECIONADO NAS


ADJACENCIAS DO COLÉGIO NO BAIRRO CAFEZAL, ACAPULCO,
CONJUNTO DAS FLORES, ALTO DO CAFEZAL E IMEDIAÇÕES

Em visita de campo realizada no dia 05 de Abril de 2017, os


alunos circulando livremente pelo bairro estavam com a missão de fotografar o
espaço com o olhar direcionado da forma como segue:
As equipes 1 e 2 estavam encarregadas de fazer uma releitura do
bairro a partir da dimensão econômica. Em campo, os alunos fotografaram
elementos da paisagem que ilustrassem a forma como se organiza o comércio
do bairro, a forma como as pessoas trabalham, os movimentos do comércio
local, os tipos de empreendimentos que existe no bairro.
As equipes 3 e 4 encarregaram-se de fazer uma releitura
fotográfica do bairro com os olhares voltados para a dimensão religiosa, para
tanto, fotografaram elementos da paisagem que ilustrassem a forma de como
se organizam as diferentes maneiras das pessoas professarem sua fé.
Focaram seus olhares nas diferentes religiões professadas pelos moradores do
bairro, os formatos dos templos religiosos, a localização de cada um deles.
Interessante perceber que no bairro há um crescimento significativo das
religiões cristãs protestantes (evangélicas). Os alunos perceberam também a
existência de muitas “igrejas domésticas”, algumas delas denominadas
“células”.
As equipes 5 e 6 foram ao campo com seus olhares voltados para
as questões sociais. Fotografaram elementos da paisagem que ilustrassem a
forma como vivem as pessoas, o formato das construções, a maneira como as
pessoas se locomovem pelo espaço geográfico (a pé, de bicicleta, de ônibus,
de moto, de carro próprio, taxi, uber, etc), as diferenças entre as classes
sociais dentre os moradores do bairro. Interessante perceber que em uma
parte do bairro, concentram-se pessoas que representam a classe média, em
outras partes, famílias mais carentes, casas que ainda mantém o formato
original de quando foram entregues as moradias populares, etc.
Por fim, as equipes 7 e 8, saíram para o campo encarregados de
fazer uma releitura do espaço geográfico baseado na dimensão política do
bairro. Fotografaram elementos da paisagem que demonstrava a forma como
se desenvolvem as ações políticas no bairro, tais como se organizam os
equipamentos públicos como escolas, postos de saúde, ponto de parada de
ônibus, quadras poliesportivas, praças, ambientes de lazer e cultura.
Na execução desta aula de campo, cada aluno, de modo
individual, fez cinco fotografias, as quais foram reveladas e, no chamado
momento pós-campo, os alunos elaboraram um caderno temático de campo.
A elaboração do caderno de campo consistiu numa leitura da foto
real em três planos de análise, primeiro plano, segundo plano e terceiro plano,
isto é, dividiram-se as imagens das fotos em três planos diferentes para se
analisar.
Uma vez feita esta leitura, os alunos, baseados na foto,
construíram uma paleta de cores e posteriormente desenharam um croqui do
espaço no qual representaram os elementos postos na foto. Em ato contínuo,
redesenharam o mesmo croqui, porém, desta vez, tiveram como desafio, a
missão de acrescentar no seu croqui uma proposta de intervenção possível
para aquele espaço.
A atividade foi avaliada como bastante produtiva, pois todos os
dias são comuns, as pessoas passarem pelos mesmos lugares, seguirem os
mesmos itinerários e não observar vários aspectos da paisagem.
Diante da proposta desta atividade, coube aos alunos fazer uma
observação direcionada e mais minuciosa do espaço vivido, além disso, foi
interessante o objetivo de fazer com que os mesmos propusessem uma
intervenção possível ao espaço de modo que os fizeram pensar num espaço
que certamente melhoraria a qualidade de vida das pessoas.
Na formatação dos croquis e também na releitura das fotos, foi
solicitado aos alunos que fizessem uma paleta de cores. O objetivo de
confeccionar esta paleta foi fazer com que os mesmos pudessem perceber as
cores que aparecem no conjunto das paisagens, desta forma conclui-se que a
atividade em tela despertou o senso crítico dos alunos no que tange a releitura
do espaço geográfico.
Depois de confeccionados os cadernos de campo, cada aluno
apresentou o seu caderno para os colegas de sala e para o professor, a
exposição teve como objetivo a valorização da produção dos alunos.

6 SEGUNDA AULA DE CAMPO: AS ATIVIDADES RURAIS QUE


DESENVOLVEM ATIVIDADES NÃO AGRÍCOLAS

Encerradas as atividades relacionadas a primeira aula de campo,


foi dado início aos preparativos da segunda aula de campo e, conforme
recomendado, tivermos algumas aulas pré-campo, reforçando a necessidade
de fazer com que os alunos entendessem previamente alguns conceitos e
tivessem uma preparação adequada para direcionar seus olhares ao que se
objetivava durante a visita de campo.
A segunda aula de campo teve como objetivo estudar as
atividades rurais não agrícolas. Trata-se de atividades que são desenvolvidas
no meio rural, porém, não tem relação direta com a agricultura.
Para que pudéssemos ofertar esta aula de campo, dependemos
da disponibilidade de vários empresários rurais que gentilmente abriram suas
portas e nos concedeu parte do seu tempo para nos apresentar o
desenvolvimento de suas atividades econômicas.
Tivemos dificuldades para fechar oito pontos para visitação, foi
uma tarefa bastante árdua porque tivemos que conciliar a nossa agenda com a
agenda de cada um dos nossos pretensos anfitriões, mas, apesar do grande
trabalho, conseguimos agendar a aula de campo para ocorrer no dia cinco de
Junho de 2017.
Nossa saída ao campo contou com a presença e parceria do
professor de Geografia Rogério Martinez que, ao ser convidado, prontamente
se dispôs a nos acompanhar, isso também foi muito interessante visto que
esse professor concomitantemente à nossa visita de campo estava realizando
conosco o GTR – Grupo de Trabalho em Rede e, por isso, estávamos
discutindo constantemente as diversas possibilidades de se trabalhar com
aulas de campo.
Como não poderia ser diferente, debatemos em sala de aula um
texto que trata das atividades rurais não agrícolas, após a leitura e o debate
relacionado ao texto, os alunos foram orientados a elaborar em seu caderno,
de modo individual uma relação de atividades econômicas rurais que não são
diretamente ligadas à prática da agricultura.
Depois que todos fizeram esta atividade, expusemos no quadro
as diversas atividades lembradas pelos alunos, e, para cada atividade
elencada, promovemos uma análise um pouco mais aprofundada no sentido de
fazer com que os alunos pensassem sobre a lógica da atividade econômica e a
sua viabilidade.
A atividade restou muito frutífera porque a partir da leitura do
texto, mas, sem a intervenção do professor, os alunos se lembraram de
diversas possibilidades de se desenvolver atividades rurais não agrícolas.
A partir de então, foi comunicado aos alunos os pontos que
iríamos visitar, sendo oito lugares: Restaurante Rural Rancho do Gaúcho,
Restaurante Tortas Alemãs, Engenho de Pinga, Pesque Pague Bom Peixe,
Laticínio Deleite, Restaurante do Polaco, Defumados Strass e Pousada
Conquista.
Antes de sairmos para o campo propriamente dito, debatemos em
sala as questões relacionadas a importância da metodologia de aula de campo
e trabalho de campo, diferenciamos os termos: aula de campo, trabalho de
campo e passeios escolares. Consideramos importante que os alunos
soubessem as diferenças conceituais da metodologia que eles seriam
submetidos, pois, entender o que está se fazendo, é um bom caminho para se
possa fazer cumprir os objetivos traçados.
Ainda no debate relacionado a importância da metodologia,
focamos na importância da aula de campo no ensino de Geografia, tratamos
dos materiais que deveriam ser levados ao campo e o que não se poderia
levar, tratamos da adequação do traje ideal para ida ao campo e por fim a
relação de respeito e solidariedade que deve haver no grupo.
O debate relacionado a metodologia foi muito importante porque
fez com que os alunos dessem o verdadeiro valor a aula, compreendessem o
que estariam fazendo e o porque estavam fazendo. Este debate nada mais foi
do que a preparação do grupo para uma saída ao campo de forma mais
consciente.
No sentido de organizar nossa saída ao campo, dividimos mais
uma vez, a sala em oito grupos de alunos, cada grupo com quatro alunos que
ficaram responsáveis por elaborar questões a serem levadas para um dos
pontos que seriam visitados.
Várias atividades antecederam a visita de campo, uma das
atividades condicionou os alunos fazerem uma “explosão de ideias”, isto é, a
partir de uma palavra chave, o aluno, de forma individual, confeccionou um
mapa conceitual no qual inseriu livremente uma série de outras palavras que
estivessem relacionadas ao tópico chave.
Depois de realizada a explosão de ideias e o mapa conceitual
individual, os alunos reuniram-se em seus respectivos grupos de trabalho e
confeccionaram de forma coletiva um mapa conceitual por equipe. Esta
construção coletiva buscou aproveitar a produção anterior de cada um e
sistematizar tudo em único mapa conceitual coletivo.
Outra atividade realizada de forma coletiva, foi a partir dos
debates e dos mapas conceituais desenvolvidos coletivamente, os alunos
foram orientados a formularem dez questões por grupo. As questões por eles
elaboradas iriam subsidiar o roteiro de visita que seria realizada logo mais na
sequência dos trabalhos.
Percebe-se que os alunos, ao prepararem mapas conceituais,
debaterem previamente a respeito dos lugares que seriam visitados, abriram os
caminhos para elaborar questões para serem debatidas em campo, os mesmos
já iam adquirindo conhecimento prévio sobre os lugares e treinando como se
fazer uma entrevista sem colocar seus valores pessoais e suas ideologias.
Os mapas conceituais foram apresentados em sala e deram aos
alunos a oportunidade de opinar um sob outro de modo que as demais equipes
pudessem apreciar e apontar novos fatos que contribuíssem com a melhoria
dos trabalhos.
A partir da avaliação coletiva dos mapas conceituais, foi
proporcionado um tempo para reflexão relacionada às impressões de cada
aluno, e tão logo, foi solicitado que os alunos elaborassem as questões que
norteariam as entrevistas que seriam aplicadas no campo.
Por último, os alunos foram orientados sobre o comportamento
que cada um deveria se apresentar no campo, também receberam orientações
a respeito dos materiais que seriam necessários levarem ao campo e por
óbvio, o que não poderia ser levado, tratamos da necessidade de todos
apresentarem comportamentos, gentis, educados e solidários. Nesta
oportunidade, os alunos receberam informações a respeito do cronograma de
visitas, horários, entre outras questões de ordem para a realização de um bom
trabalho.
Em campo, no dia cinco de junho de 2017, os alunos conheceram
o restaurante rural Rancho do Gaúcho, neste ponto, puderam conhecer as
características do restaurante e o senhor Pedro, proprietário do restaurante
contou-lhes a história de como tudo começou.
O espirito empreendedor de quatro irmãos que começaram a
vender jabuticabas na beira da estrada e com o passar o tempo esta atividade
os fizeram empresários, fez com que muitos alunos pudessem pensar a
respeito do que eles podem fazer para se inserir no mercado de trabalho de
forma ousada, com livre iniciativa.
O nosso segundo ponto de visita foi outro restaurante rural, desta
vez, os alunos puderam conhecer o Restaurante Strassberg, as Tortas Alemãs,
gerenciado pela senhora Ingrid.
Trata-se de um restaurante rural famoso por oferecer aos clientes
pratos típicos alemães. A família Strass, pioneira na cidade de Londrina,
através deste restaurante, dá ao cliente um “pedacinho” da Alemanha no Brasil,
óbvio que reconhecemos que tal slogan faz parte de uma armadilha do sistema
capitalista que leva os empresários, seja do espaço urbano ou rural a adotar
todos os meios para atrair clientes.
Desta forma, buscando estratégias mercadológicas reguladas
pelo sistema capitalista, as funcionárias que atendem as mesas do restaurante
trabalham com trajes alemães o que certamente torna-se um fator atrativo aos
clientes que visitam o local.
Na sequência das visitas, conhecemos uma Usina de cana de
açúcar. Trata-se de um Engenho de Pinga de propriedade do senhor José
Primo. O senhor José, gentilmente nos atendeu e nos mostrou todos os passos
para produção da pinga, desde o plantio da cana, a colheita e todo processo de
produção da pinga.
Os alunos tiveram a oportunidade de conhecer máquinas que nos
remetem ao século XVIII, grandes engrenagens que moem a cana, o caldo de
cana correndo numa enorme esteira, depois armazenado em grandes docas
onde é fermentado e posteriormente levado a uma piscina aquecida de onde
por bombeamento o caldo da cana em alta temperatura é levado para um
destilador e posteriormente para um condensador onde o líquido se transforma
em vapor que elevado nas paredes frias do condensador começa a pingar, daí
o nome “pinga”.
Um detalhe muito importante, é que a maior parte do maquinário
da usina funciona com energia produzida a vapor que é gerado a partir da
queima do bagaço da cana dentro de uma caldeira inglesa datada do ano
1945.
Ao sair do Engenho de Pinga, fomos para o Pesqueiro Bom Peixe
de propriedade da senhora Sônia. Os alunos tiveram a oportunidade de
conhecer diversas espécies de peixes que são criados neste pesqueiro,
conheceu também o sistema de produção dos peixes, o local de abate e
limpeza dos mesmos. No pesque e pague, também funciona um restaurante
rural que oferece uma comida caseira com peixes frescos criados pelo próprio
pesqueiro.
O pesque e pague Bom Peixe atende os clientes nas quintas,
sextas, sábados e domingos, sendo os domingos o dia de maior movimento.
Além das represas de criação de peixe, o espaço tem áreas para descanso,
estacionamentos, restaurante e parque para recreação e lazer infantil.
Os clientes do Pesque e Pague tem a opção de almoçar no
restaurante, somente comprar o peixe, ou pescar e levar o peixe para casa.
Ainda cabe ressaltar que tem à sua livre escolha, levar o peixe inteiro ou
solicitar a limpeza e o corte do peixe que será feita por funcionários do
pesqueiro.
O próximo ponto de visitação foi o restaurante do Alemão, neste
restaurante, tivemos a oportunidade de apreciar um excelente almoço.
Contatamos com o proprietário antecipadamente para que o mesmo servisse
comida para todos os alunos e professores. Acertados os valores e cardápio,
os alunos puderam experimentar um saboroso almoço típico caseiro rural.
Após o almoço, o “Alemão” relatou-nos a história do restaurante.
Falou das dificuldades encontradas para manter o seu negócio. Como
alternativa, o local conta com quiosques com churrasqueiras que são alugadas
para grupos, além disso, há dois campos de futebol que também são alugados.
O proprietário do restaurante, ao falar da crise para manter seu
negócio em funcionamento, afirmou só ser possível graças aos alugueres dos
campos e das churrasqueiras porque se fosse viver somente com a renda do
restaurante, já teria fechado as portas, neste mesmo sentido, afirmou que tem
estudado novos meios para acrescentar algo que contribua no aumento dos
lucros no seu negócio, porém não nos revelou o que seria, afirmando ser
planejamento para o futuro.
Outro ponto que visitamos foi o laticínio De Leite de propriedade
do senhor Aldeir que prontamente nos apresentou todo processo de produção
e empacotamento de leite.
Neste ponto os alunos conheceram os animais no pasto, a
higienização dos animais para a retirada do leite, a ordenha e posteriormente a
pasteurização e empacotamento deste produto.
Seguindo com nossas visitas, fomos para os Defumados Strass
de propriedade do Senhor Marcos Strass que nos apresentou como funciona o
processo de defumação de carnes e embutidos.
Os alunos tiveram a oportunidade de conhecer a madeira que é
queimada para processar a defumação, os fornos por fim, os produtos
defumados.
Gentilmente, o senhor Marcos ofereceu-nos um petisco de
defumados para que todos degustassem os produtos por ele processado.
A última propriedade que conhecemos foi a Pousada Conquista.
Localizada num conjunto de Chácaras, esta pousada oferece estrutura para
eventos religiosos, empresariais e também descanso familiar.
A propriedade conta com uma lanchonete, alojamentos,
apartamentos para casal ou apartamentos triplos. No ambiente coletivo, tem
um parque infantil, piscina adulta e infantil, além de um auditório para duzentas
pessoas.
O proprietário, senhor Edson nos informou que a lotação da
pousada se faz constante tendo em vista a existência de diversas atividades
empresariais e encontros de igrejas, sobretudo das igrejas evangélicas.
Ao terminar as visitas nos oito pontos previamente programados,
na aula subsequente, os alunos participaram de um debate no qual
apresentaram suas impressões de campo, isto é, individualmente cada aluno,
relatou suas experiências no campo. Esta atividade restou muito frutífera
porque estávamos fechando o conteúdo e, desta forma, foi possível constatar o
crescimento dos alunos, para isso, comparamos o discurso dos mesmos no
início dos trabalhos e o discurso do fechamento dos trabalhos.
Cada equipe dispôs para o professor um total de dez fotos do
ponto visitado, e, de posse destas fotos, o professor as revelou e devolveu para
os grupos que deveriam produzir um painel fotográfico apresentando a
propriedade visitada em uma sequência lógica da produção.
Os painéis produzidos mostrando a sequência fotográfica da
produção rural não agrícola de cada ponto visitado seriam apresentados numa
mostra fotográfica. As imagens demonstram os resultados que obtivemos e a
dinâmica utilizada para apresentar nosso trabalho para a comunidade escolar.

Foto 1 - Alunas apresentando os cadernos de campo confeccionados


pela turma na Primeira Aula de Campo

Organização: Marcos Régis Matheus


Foto 2 – Painéis confeccionados utilizando-se de papel Paraná e colagem
das fotos produzidas pelos alunos em seus grupos de trabalho. As fotos
em tela apresentam a sequencia das produções rurais não agrícolas.

Organização: Marcos Régis Matheus.

Foto 3 – Painéis confeccionados utilizando-se de papel Paraná e colagem


das fotos produzidas pelos alunos em seus grupos de trabalho. As fotos
em tela apresentam a sequencia das produções rurais não agrícolas.

Organização: Marcos Régis Matheus.

A exposição foi aberta para a comunidade escolar de modo que


todas as salas foram convidadas para apreciar a mostra. Ao chegar à
exposição, havia para cada painel, um grupo de alunos plantonistas que tinham
a incumbência de apresentar aos visitantes os resultados dos trabalhos por
eles desenvolvidos.
Alguns visitantes depuseram em favor do trabalho, reconhecendo
a importância da aula de campo no ensino de Geografia.
A professora Luciana, de Arte, depois de levar seus alunos de
oitavos anos à mostra fotográfica, aplicou aos seus alunos um questionário
relacionado às impressões a respeito daquilo que os mesmos viram na
exposição e, ao responderem ao questionário, os alunos atestaram pleno
entendimento do processo produtivo das atividades rurais não agrícolas e
reconheceram a importância das aulas de campo no ensino de Geografia.
Depois de desenvolvidas inúmeras atividades, antes do campo e
pós-campo, deu-se encerrada as atividades com a mostra fotográfica e a
apresentação dos alunos.
Concluiu se tratar de uma atividade exitosa que cooperou muito
com o crescimento dos alunos participantes deste projeto de ensino. Desta
forma, conforme hipótese inicialmente defendida ficou evidenciada a eficácia
desta metodologia e a necessidade de se propor mais aulas de campo no
ensino de Geografia.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em tempo, as conclusões que tivemos deste projeto é que se


trata de uma experiência muito importante para o professor que realiza o PDE,
trata-se de um ano em que o professor fica fora de sala de aula e tem maior
disponibilidade de realizar leituras que se em sala estivessem, lhes faltaria
tempo.
As aulas realizadas na Universidade Estadual de Londrina, foram
de extrema importância para aprimoramento da nossa carreira profissional,
nelas, revisamos vários conceitos e metodologias que levem aos alunos no ano
sequencial um novo jeito de ensinar.
O PDE também nos permitiu realizar grande troca de experiências
entre professores de várias escolas. Pudemos constatar o projeto de ensino
proposto por cada professor e, desta forma, aproveitamos muitas metodologias
que, independentemente do nosso projeto, poderão ser levadas para as nossas
salas de aulas e desenvolvidas com nossos alunos.
O GTR – Grupo de Trabalho em Rede, também é um formato de
trabalho muito interessante. Através deste grupo de trabalho, podemos ter
contato com professores da rede em todas as regiões do Estado do Paraná e,
portanto, conhecemos várias realidades e diversas formas de se trabalhar com
o ensino de Geografia.
Através da plataforma e do formato utilizado para a realização do
GTR, pudemos compartilhar com vários professores nossas experiências. Além
disso, os participantes do grupo puderam opinar a respeito do nosso trabalho,
apresentaram críticas construtivas que nos fizeram repensar determinados
pontos de vista e também, recebemos vários elogios que nos incentivaram a
seguir ainda mais firmes na caminhada em busca de um modelo de ensino que
vise o bem dos alunos.
Por fim, a realização deste artigo também se apresenta como algo
muito necessário por ser um material que se publica e disponibiliza para todos
os interessados através do site dia a dia educação.
Neste sentido, aqueles que não tiveram acesso aos nossos
debates durante o decorrer do processo, continuarão com a oportunidade de a
qualquer momento consultar e refletir a respeito daquilo que outrora estudamos
e desenvolvemos.
Por fim, como professor concluinte do PDE, testemunhamos o
quão caro é este programa de capacitação e aperfeiçoamento profissional.
Destacamos a importância que se faz pela continuidade do programa,
defendemos o afastamento integral do professor durante o primeiro ano para
que este possa, além de ter mais tempo para leituras, tenha uma visão de fora
da escola e assim construa um projeto de ensino pautado na qualidade da
aprendizagem do aluno.
Passe o governo que passar, o PDE deve ser um programa de
Estado, um programa que garanta aos professores aptos a realizar, a
oportunidade de produzir ciência e relatar experiências verdadeiramente
vividas em sala de aula.
Os materiais produzidos pelos professores PDE são riquíssimos
de experiências por se tratar de produção feita por quem de fato conhece a
sala de aula, neste sentido, é uma perfeita combinação entre teoria e prática.
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CAMPOS, Antônio Carlos. Metodologia de Ensino de Geografia. São


Cristovão: Universidade Federal de Sergipe. CESAD, 2010. Disponível em:
http://www.cesadufs.com.br/ORBI/public/uploadCatalago/17554416022012Met
odologia_do_Ensino_de_Geografia_Aula_1.pdf. Acessado em 21/09/2017.

LIBÂNEO, José Carlos. O ensino da Didática, das metodologias específicas


e dos conteúdos específicos do ensino fundamental nos currículos dos
cursos de Pedagogia. R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 91, n. 229, p. 562-583,
set./dez. 2010. Disponível em:
http://www.rbep.inep.gov.br/index.php/rbep/article/view/630/610 Acessado em
15/10/2017.

MOREIRA, Antônio Flavio Barbosa; CANDAU, Vera Maria. Educação escolar


e cultura(s): construindo caminhos. Maio/Jun/Jul/Ago 2003 Nº 23. Disponível
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NOGUEIRA, Maria Alice. Família e Escola na Contemporaneidade: Os


meandros de Uma Relação. Educação & Realidade. 2006. n. 31 Julho a
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http://www.redalyc.org/html/3172/317227044010/. Acessado em 20/10/2017.
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OLIVEIRA, Christian Dennys Monteiro de; ASSIS, Raimundo Jucier Sousa de.
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Para Além da Fábula. Red. Revistas Científicas de América Latina y el Caribe,
España y Portugal. UFCE. Fortaleza. Educação e Pesquisa, São Paulo. V, 35,
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PANDIM, Andréia Rodrigues. Oficina Pedagógica de Cartografia: Uma proposta


metodológica para o ensino de Geografia. 2006. Trabalho de Conclusão de
Curso. Curso de Graduação em Geografia – Universidade Estadual de
Londrina. Disponível em:
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metodologicaparaoensinodegeografia_2006.pdf.pdf Acessado em 19/10/2017.

SILVA, Ana Maria Radelli Da. Trabalho de Campo: A Prática Andante de Fazer
Geografia. 1995. Disponível em:
http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/geografia/0003.html Acessado em
13/06/2016 e 20/10/2017.

TOMITA, Luzia M. Saito. Trabalho de Campo como Instrumento de Ensino em


Geografia. Geografia, Londrina, V. 8, nº 1 p. 13 a 15, Janeiro/Junho. 1999.

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